desejos íntimos

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Em três histórias eróticas, as autoras Maya Banks, Karin Tabke e Sylvia Day, best-sellers do The New York Times, revelam os sentimentos mais quentes sobre homens de farda. Os personagens desta antologia sexy e ardente são homens da lei, mas quando eles estão de folga e entre quatro paredes, são experts em quebrar regras. “Aguente a pressão”, de Sylvia Day, é repleto de medo, excitação e paixão. A química entre Layla e Brian é intensa, e as cenas de sexo são fora de série. “Posse da alma”, de Maya Banks, é um explosivo conto erótico. Rick e Truitt querem Jessie, uma garçonete. Eles são possessivos, mas decidem que podem dividi-la e os três acabam na cama. “Procura-se”, de Karin Tabke, apresenta muito romance, ação e suspense. A dupla romântica Colin Daniels e Sophia Gilletti tem algumas tragédias e inseguranças com que lidar, mas eles aproveitam o melhor um do outro, por meio de uma atração avassaladora.

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Maya Banks | Kar in Tabke | Sy lv ia Day

DESEJOSÍNTIMOSTradução de Carolina Caires Coelho,

Petê Rissatti e Érika Lessa

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Direitos cedidos para esta edição àEditora Figurati Ltda.

Alameda Araguaia, 2190 – Conj. 1110Alphaville Industrial – CEP 06455-000

Barueri – SP – BrasilTel.: 55 11 3699-7107

E-mail: [email protected] nosso site: www.editorafigurati.com.br

2014Impresso no Brasil

Printed in Brazil

Esta obra foi editada com cuidado e de acordo com as normas gramaticais da língua portuguesa. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual.

Em qualquer dessas hipóteses, pedimos sua colaboração a fim de esclarecermos e encaminharmos a questão. Envie um e-mail para [email protected].

Título original: Men out of uniformCopyright © 2011 by Penguin Group (USA) Inc.

“Soul Possession” Copyright © 2011, by Maya Banks.“Wanted” Copyright © 2011, by Karin Tabke.

“Taking the Heat” Copyright © 2011, by Sylvia Day.Copyright © 2014, by Editora Figurati Ltda.

Todos os direitos reservados.Nenhuma parte deste livro poderá ser utilizada ou reproduzida sem a prévia autorização por escrito da editora, sejam quais forem os suportes utilizados.

Coordenação Editorial: Equipe Editora FiguratiTradução: Carolina Caires Coelho, Petê Rissati e Érika Lessa

Preparação de texto: Camila FernandesCapa e projeto gráfico: Alberto Mateus

Produção editorial, diagramação e revisão: Crayon Editorial

TexTo de acordo com as normas do novo acordo orTográficoda Língua PorTuguesa (1990), em vigor desde 1o janeiro de 2009.

Banks, MayaDesejos íntimos / Maya Banks, Karin Tabke, Sylvia Day; tradução

de Carolina Caires Coelho, Petê Rissatti, Érika Lessa. – 1. ed. – São Paulo : Figurati, 2014.

Título original: Men out of uniform.ISBN 978 -85 -67871 -15-8

1. Ficção erótica. 2. Ficção norte-americana. I. Tabke, Karin. II. Day, Sylvia. III. Título.

14 -08047 CDD: 813

dados inTernacionais de caTaLogação na PubLicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:1. Ficção : Literatura norte-americana 813

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Sumário

7Posse da alma

Maya Banks

157Procura ‑se

Kar in Tabke

261Aguente a pressão

Sy l v i a Day

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Posse da almaMaya Banks

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A minha agente maluca, mas incrível, Kim Whalen, que queria muito ser uma assassina em série em um de meus livros.A Kirsten, uma leitora fabulosa que desempenha um papel excelente nesta história.A Vicki Lane e Laurie Kap, duas amigas maravilhosas que tive muita sorte de conhecer.Obrigada por serem quem são e por serem reais.

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Capítulo

— Este caso está me irritando — Rick disse a seu parceiro ao pegar a garrafa de cerveja e beber metade do conteúdo.

Truitt fez uma careta e bebericou sua cerveja, observando o ambiente. Rick sabia quem ele observava. Era um ritual que ele e Truitt haviam adotado há semanas.

Jessie Callahan. Uma gata de olhos castanhos com o sorriso mais lindo já visto em uma mulher. Cachos cor de mel tão bem definidos, que ele desejava encaixar os dedos neles.

Os dois flertavam com ela e deixavam claro seu interesse sem‑pre que entravam no bar; ela retribuía todas as vezes mas, depois, dava um fora em ambos.

Ela não parecia muito chocada por saber que o convite incluía os dois homens. Na verdade, corava de um modo encantador sem‑pre que eles prometiam a ela uma noite inesquecível. A questão é que ela aparentava estar totalmente a fim, por isso eles insistiam. Ela cederia, Rick e Truitt sabiam disso. E era muito divertido, en‑quanto isso não acontecia, aumentar as chances a cada vez.

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— Esse maldito tem que cometer um erro, mais cedo ou mais tarde — Truitt disse, dando as costas a Jessie para encarar o par‑ceiro. — Que tipo de doente imbecil sai ileso depois de torturar mulheres, soltá ‑las na mata e depois assassiná‑las? Eu quero pe‑gar esse filho da puta. Quero muito.

Rick assentiu. As imagens das vítimas ainda estavam vivas em sua mente. Cortes, hematomas, sangue. Muito sangue. Cobertas por lama e terra, arranhões da cabeça aos pés. Elas corriam às cegas pela mata densa até o maldito que as perseguia encerrar a macabra caça com um tiro de um rifle poderoso.

Elas não tinham a menor chance, mas, ainda assim, ele lhes dava esperança ao soltá ‑las depois de infligir terror e torturar por só Deus sabia quanto tempo. Sem roupas e sangrando, elas cor‑riam para tentar se salvar.

A polícia não tinha conseguido estabelecer uma ligação entre as mulheres. Não havia fatores comuns. Tudo era assustadora‑mente aleatório, o que deixava Rick, Truitt e todo o departamen‑to de investigação muito frustrados.

A imprensa havia dado ao desgraçado o apelido de O Assassi‑no da Mata. Não era muito original, mas era adequado. Não havia pistas. A investigação forense tinha sido um fracasso até então. O cara era meticuloso – ou sortudo.

A polícia só conseguia saber que precisava procurar um corpo porque, depois de cada assassinato, o filho da puta arrogante avi‑sava. E dava até as coordenadas no GPS.

Não havia como saber quantas mulheres aquele psicopata já ha‑via matado antes de decidir se revelar. Quantas ousadias ele já teria feito antes de avançar com seu jogo e desafiar a polícia a procurá ‑lo?

Rick bebeu o resto da cerveja e voltou a pousar a garrafa na mesa com força. Aquela era a primeira noite de folga deles, de‑pois de muitos dias. Tinham um registro de casos e ainda procu‑ravam o assassino em série. Ele detestava esperar o maldito voltar

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a agir. Quantas outras mulheres inocentes perderiam a vida até que eles o encontrassem?

— Esquece, cara — Truitt disse, interrompendo seus pensa‑mentos. — Pelo menos hoje.

Rick olhou para a frente, procurando Jessie entre as pessoas. Às vezes, os imbecis frequentadores do pub se divertiam perturbando‑‑a, e ele gostava de ficar de olho nela quando ele e Truitt chegavam. Gostaria de poder ir ao local com mais frequência, mas, ultima‑mente, as noites de folga estavam cada vez mais escassas.

Ela era uma bela mulher, porém, mais do que beleza, ela ti‑nha uma personalidade radiante que aquecia quem a observava. E quando ela sorria... cara, o sorriso dela causava boas sensações em seu peito e em outras partes do corpo.

Ele não a encontrou logo de cara. Talvez ela tivesse ido à parte dos fundos para buscar alguma coisa.

— Vamos levá ‑la para casa hoje — anunciou Rick.Truitt ergueu as sobrancelhas.— Está ficando impaciente? E se ela não estiver pronta?— Ela está pronta. Tem retribuído há semanas. É adoravelmente

tímida, mas está a fim. Ela olha para a gente tanto quanto a gente olha para ela. Acho que só precisamos insistir um pouco mais. Estou can‑sado de ficar aqui, esperando. Não somos os únicos que entram aqui e babam por ela, e, se não nos mexermos, ela vai embora com outro.

— Bom, falando desse jeito... — Truitt hesitou. — Não quero assustá ‑la, mas com certeza não quero vê ‑la na cama de outro cara.

Rick franziu a testa quando finalmente a localizou.— Ela parece irritada com alguma coisa. Faça um sinal para ela

vir aqui, como se a gente quisesse mais uma cerveja. Quero ter cer‑teza de que tudo está bem e daí a gente descobre a que horas ela sai.

Truitt acompanhou o olhar de Rick e estreitou os olhos. Le‑vantou a mão quando eles se entreolharam e fez um sinal com o dedo, chamando ‑a.

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Jessie saiu do escritório de Merriam com os lábios contraídos e a fúria tomando conta do corpo. Queria arrancar os cabelos de Merriam pelas raízes. A maldita tivera coragem de acusá ‑la de pegar dinheiro da caixa registradora e a demitira.

De modo muito “generoso”, ela disse a Jessie que ela podia terminar a noite. Se Jessie não precisasse do dinheiro desespe‑radamente, teria mandado Merriam enfiá ‑lo bem naquele lugar.

Jessie nem chegava perto da caixa registradora. Como dia‑bos estaria roubando? Denise, a bartender, cuidava da caixa como uma namorada ciumenta e olhava de modo acusador para quem se aproximasse dela.

E, ainda assim, Jessie levaria a culpa por alguns dólares que Merriam dizia que tinham desaparecido misteriosamente?

Estava tão irritada, que queria jogar uma cadeira do outro lado da sala. Não costumava ser o tipo de pessoa vingativa, mas, naquele momento, queria que o carma pegasse Merriam de jeito, e ela havia dito isso com todas as letras.

Merriam era uma vaca durona e entojada com quem era um pesadelo trabalhar. Mas ela pagava bem e Jessie conseguia boas gorjetas no bar, que era muito frequentado. Os clientes sempre cuidavam muito bem dela. O dinheiro fizera com que a merda que ela tinha de enfrentar valesse a pena.

Seus ombros estavam encolhidos e as mãos ainda tremiam de‑pois de discutir com Merriam. O bar estava com poucos funcio‑nários e Jessie queria muito mandar todo mundo para o inferno e sair dali, porque assim Merriam teria que sair de onde estava e ajudar a atender, e ela detestava ser tirada de seu escritório por qualquer motivo que fosse.

Jessie se sentia levemente melhor por ter dito a Merriam exa‑tamente o que pensava dela. Saíra dizendo que torcia para que a ex ‑chefe fosse atropelada por um ônibus. Certo, talvez aquele não fosse o modo mais elegante de sair, mas, pensando bem, ser

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gentil também não ajudaria muito. Ela não reaveria o emprego se decidisse ser educada.

— Algum problema, Jessie? — Denise perguntou atrás do bal‑cão. — Há clientes esperando. Mexa ‑se.

— Vá se danar — Jessie rebateu. Caramba, dizer aquilo era bom. Ela quase riu ao ver a expres‑

são chocada de Denise.Ela se virou e viu Truitt Cavanaugh pedindo mais uma rodada

de cerveja. Seus lábios se entreabriram quando ela percebeu que aquela seria a última noite em que serviria os dois investigadores sensuais. Sentiria falta de flertar com eles e também dos olhares quentes que eles lançavam em sua direção quando pensavam que ela não estava vendo. Ou talvez soubessem que ela estava vendo.

Há semanas eles vinham tentando levá ‑la para a cama e ela sempre recusava. Pensar em fazer sexo a três era chocante, mas interessante e excitante, ai, meu Deus, mas ela não conseguia reu‑nir coragem para aceitar.

Ela não era virgem, mas estava muito desatualizada no quesito experiência no sexo e, de certo modo, sabia que eles estavam tão lon‑ge de seu alcance, que ela não tinha a menor chance de satisfazê ‑los.

Eles eram bad boys e ela era totalmente doce e gentil, e, se isso não bastasse para afastá ‑la, então ela não sabia o que a afastaria. Mas, apesar disso, não fugiria do “curso de sexo”, se tivesse a chance.

Rick era moreno e retraído, mais calado do que Truitt. Seus ca‑belos chegavam aos ombros, lisos e pretos, perfeitos para os dedos de uma mulher. Ela se sentia encantada por um homem que ostentava as palavras Coragem, Honra e Coração tatuadas ao redor do pulso, como uma pulseira. Fazia com que ela tentasse imaginar todo tipo de coisa so‑bre como ele era, de fato, e no quanto gostaria de conhecê ‑lo melhor.

Truitt era igualmente durão e, em certos aspectos, parecia mais rígido do que Rick. Era grande e tinha ombros largos, alguns cen‑tímetros mais alto do que Rick, com um corpo de fisiculturista. Ele

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usava um brinco em uma das orelhas, mas ela havia se aproximado o bastante para saber que as duas orelhas eram furadas.

Círculos espiralados com pontas afiadas e bordas contínuas envolviam seus braços e parte deles se escondia sob as mangas. Ela sempre tentava imaginar até onde chegavam as tatuagens e tam‑bém quais outros segredos se escondiam por trás das camisetas e das calças jeans que ele costumava vestir.

Os dois juntos provocavam fantasias muito ousadas. E Jessie sa‑bia ser ousada. Quando provocada da maneira certa, sabia ser muito ousada, e eles causavam um forte desejo de ser muito atirada.

Ela suspirou. Um dia. Talvez. Mas por que não naquela noite?Pegou algumas garrafas e passou entre as pessoas, tentando sor‑

rir, apesar da vontade de chorar. Odiava procurar emprego. Detes‑tava entrar nos estabelecimentos e pedir uma ficha para preencher. Detestava chamar atenção nessas situações, e sempre tinha a im‑pressão de que todas as pessoas do mundo a observavam e julgavam.

E, agora, ela teria que começar aquele processo todo de novo, não podia se dar ao luxo de ficar desempregada. O dinheiro estava curto e ela não podia faltar às aulas. Não com o fim do semestre se aproximando.

No caminho, alguém trombou com Jessie e ela apoiou o peso do corpo todo no joelho machucado, que não aguentou, e ela caiu no chão, mas conseguiu manter as garrafas de cerveja no alto, fato que a deixou absurdamente contente.

Sentiu a dor percorrer sua perna e mordeu o lábio para não gritar. O rapaz que a derrubou rapidamente se abaixou, expres‑sando arrependimento sincero. Mas, antes que pudesse se ofere‑cer para ajudá ‑la a se levantar, Truitt e Rick já estavam abaixados, com os olhos tomados de preocupação.

— Jessie, você está bem? — Truitt perguntou.Envergonhada por ser o centro das atenções no bar lotado,

ela assentiu, sentindo o rosto quente.

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— Vou ajudar você a se levantar, querida — Rick disse enquan‑to a erguia com delicadeza.

Seu joelho não se firmou e Truitt a segurou até ela se estabili‑zar. Ela abriu um sorriso hesitante e ergueu as cervejas.

— Pelo menos, não derramei a cerveja — disse em tom brincalhão.— Não estou nem aí para a cerveja — Truitt resmungou. — Ve‑

nha se sentar, você se machucou.Eles a ajudaram a se sentar em uma das cadeiras da mesa que eles

ocupavam. Rick se apoiou em um dos joelhos e passou as mãos pela perna nua dela. Franziu o cenho ao ver uma das cicatrizes no joelho.

— O que aconteceu aqui?Ela tentou afastar as mãos dele, mas ele as manteve firmes.

Seus dedos foram delicados, mas ele não deixou que ela escapasse.— Um acidente de carro — ela murmurou. — Meu joelho ain‑

da me dá trabalho às vezes.— Por que diabos você mantém um emprego no qual é obri‑

gada a ficar de pé o tempo todo se tem problema no joelho? — Truitt perguntou.

Desta vez, Rick parou de pressionar quando ela tentou afastá‑‑lo. Ela enfiou as duas pernas embaixo da mesa e olhou rapida‑mente ao redor, aliviada ao ver que todas as pessoas tinham voltado a conversar, esquecendo ‑a.

— Está com dor, linda? — Rick perguntou com uma voz que fez Jessie derreter. Ele tinha um jeito sensual de usar as palavras que mexia com ela, sempre. Mas, agora, estava sendo menos sen‑sual e mais preocupado, o que fez com que ela adorasse o jeito dele ainda mais.

— Vou ficar bem — ela respondeu, abrindo um sorriso con‑formado. — Só apoiei peso demais no joelho de uma vez.

— Não se preocupe. Rick e eu estamos pensando em levar você para casa conosco, quando você sair. Vamos te mimar até você se es‑quecer totalmente do joelho — Truitt disse com uma voz baixa e rouca.

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As pernas de Jessie tremeram, e ela enfiou as mãos embaixo da mesa para que eles não vissem como estava nervosa. O que era ridículo, porque eles a paqueravam, ela os paquerava, mas nada nunca acontecia. Mas naquela noite... bem, seria uma noite to‑talmente diferente.

Ela ficou olhando para Rick, esperando que ele risse ou pis‑casse, mas ele parecia extremamente sério e isso fez com que ela se sentisse ainda mais alerta.

A verdade é que ela precisava de mimos e do que mais eles quisessem lhe dar depois daquela noite horrorosa. Não conseguiu pensar em nenhum motivo para recusar o convite.

Para saber se eles estavam falando sério, só havia uma maneira de descobrir. Se fizesse papel de tola, nunca mais os veria.

— Na verdade, posso sair quando quiser — ela disse. — Esses mimos que você está prometendo incluem uma massagem nos pés?

Os olhos de Rick de repente ganharam um brilho intenso e ela estremeceu por dentro. Truitt ficou calado e as tatuagens em seus braços tremeram com os espasmos de seus músculos.

— Incluem um monte de outras coisas — Truitt disse. — Você disse sim? Não brinque, Jessie. Estamos esperando há muito tempo que você acabe com o nosso sofrimento.

O coração de Jessie parecia prestes a saltar para fora. Sentiu‑‑se zonza, mas de um modo gostoso.

Eles não estavam provocando. Falavam muito sério, e, agora, os dois a olhavam de um jeito tão intenso, que ela se sentiu derre‑ter. Esperavam que ela acabasse com o sofrimento deles.

Droga, aquilo fez com que ela risse.— Vou passar o cartão e pegar minhas chaves — conseguiu di‑

zer. — Encontro vocês no estacionamento.

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Procura ‑seKar in Tabke

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Para todas as garotas que só querem se divertir!

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Capítulo

Duas coisas mudariam a vida do policial à paisana Colin Daniels naquele dia. Não era a loira que envolvia seu pau com os lábios ou a ruiva que esfregava a vagina úmida no seu rosto. O que mudaria sua vida seria um golpe que o renderia. Ele não veria de onde viria e não reconheceria quando acontecesse, porque a segunda coisa que mudaria irremediavelmente sua vida naquele dia faria o impossível para garantir que a primeira nunca cru-zasse seu caminho.

Charlie Sheen talvez tivesse o dna de Adônis e um sangue de tigre, mas, aos 34 anos, Colin tinha a libido de um garoto de 16 e a força de um búfalo brâmane. Além disso, desfrutava dessas duas características com uma deusa diferente por noite. Naquela noite, a sobremesa dupla foi quase suficiente para fazê ‑lo esquecer da ligação que esperava.

Investia nos lábios suculentos da loira e apertava a bundinha deliciosa da ruiva com os dedos, ao mesmo tempo que sua língua

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penetrava outro par de lábios suculentos. Enquanto a cabeça da loira subia e descia no pau, ele deslizou a mão da bunda da ruiva e enterrou os dedos nos cabelos da outra para fazê ‑la reduzir a velocidade. Ele gostava de boquetes lentos, profundos e firmes. A loira gemeu, apoiou as bolas com a mão por baixo e, como numa reverência, engoliu ‑o até encostar nas amígdalas.

Ele grunhiu, um som áspero de prazer. Um grunhido do qual a ruiva não gostou.

Imediatamente, ela se pôs atrás da outra e tentou tirar a mão dele da loira, mas a loirinha segurou a mão, rosnando ao redor do pau. A ruiva rosnou de volta.

E aquilo era exatamente por que, para ele, a variedade era o tempero da vida.

Ele amava sexo. Adorava as mulheres. Amava todas as formas, tamanhos, cores e cheiros. Adorava que pudesse amá ‑las a noite toda, sem restrições. Nunca levara uma mulher à sua casa, nunca ficava para o café da manhã na dela. Era como ele agia.

No seu ramo profissional, compromissos complicariam o trabalho — se ele ainda tivesse um.

— Vaca — sibilou a ruiva.O xingamento e um surto intenso de movimentos alertou

Colin que a briga começara. Com cuidado, ele tirou seu time de campo e rolou para fora da cama, escapando por pouco antes de a ruiva girar e voar sobre a loirinha.

Ele sacudiu a cabeça e separou a ruiva da loirinha, apesar de as unhas estarem cravadas uma na outra. Assim que ele as separou, pegou a calça jeans e a vestiu. Para ele, havia terminado.

— Agora ele está indo embora! — a loirinha gritou para a rui‑va. E a briga recomeçou. Era hora de ir. Chiando e sibilando como dois gatinhos enfurecidos, as mulheres rolaram da cama para o chão.

— Meninas! — ele gritou. — Parem com isso.

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Como crianças culpadas, elas voltaram para a cama.— Vamos nos comportar, Colin — disse a loira, fazendo bei‑

cinho. A ruiva assentiu com vigor. Para provar que falava sério, correu a mão pelas ancas da ruiva, puxando ‑a para mais perto. A ruiva curvou ‑se e correu os dedos pela barriga da loira até sua boceta raspada. O pau de Colin reconsiderou sua saída iminente. As garotas sorriram juntas. Ele se lembrou dos gatos siameses de A dama e o vagabundo. Só que aquelas gatinhas ronronavam.

Estimulada pela hesitação do policial, a ruiva empurrou a loi‑ra com força, de costas na cama, e abriu as coxas dela. Olhou para trás, encarou Colin e sorriu como se dissesse: estou a ponto de atacar o pássaro. O pau dele endureceu.

Então, ela mergulhou, com a bundinha empinada na direção dele e os lábios róseos e úmidos que fechavam e abriam. Era uma oferta tentadora.

A loira miava e gemia, e ele sabia que não era por ele. A ruiva era uma perfeita provocação para todos os gostos. Seu pau doía só de pensar naquilo.

Malditas mulheres!Ele pegou uma camisinha do bolso traseiro da calça, baixou

a calça jeans até as coxas, abriu o pacotinho de papel laminado e se encapou. Puxou a bundinha linda da ruiva na sua direção e se embrenhou. Ela gemeu, esfregando ‑se contra ele. A loira gritava enquanto a outra a fodia com a boca e ele comia a ruiva com o pau. Ele apertou os dentes, fechou os olhos e deixou rolar.

Ele se curvou ao penetrar a ruiva e gozou num jorro violento. Ao mesmo tempo, o tema “tã ‑taran ‑tã” do seriado Dragnet tocou no seu celular. Seu corpo todo ficou tenso.

Estava prestes a conseguir uma resposta à pergunta que o as‑sombrava havia meses. Fora ou não fora reintegrado?

Ele se desencaixou da boceta possessiva da ruiva, pegou o tele‑fone no bolso da calça e apertou o botão para atendê ‑lo.

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— Daniels — atendeu com voz rouca.— Parece que você gastou outra daquelas suas vidas, sargento — 

disse o capitão, pelo visto nada feliz com a sorte do sargento. Não era de se surpreender. Desde que Colin ingressara na força ‑tarefa triestatal, quatro anos antes, era a terceira vez que o capitão pre‑cisava ligar para dizer que ele havia se esquivado de outro projé‑til disparado com seu nome marcado nele. Desta vez, fora uma acusação fraudulenta de agressão. Que diabos ele tinha que fazer quando o bandido resistisse? Cantar uma musiquinha? Colin nunca havia derrubado um bandido que não merecesse. Tirando, claro, aquela investigação errada. Era o irmão do cara. Ele pediu desculpas. Não foi o suficiente, o cara quis arrancar seu distinti‑vo. E quase conseguiu.

Colin deu um sorrisinho, um tapa na bunda da ruiva, e cam‑baleou na direção do que ele pensou ser o banheiro.

— Boa‑noite para o senhor também, capitão Moriarty.— Vai se foder, Daniels. Quero você no meu gabinete às seis

horas, entre pela porta dos fundos e não diga a ninguém que eu liguei ou detalhes desta ligação, inclusive para o seu representante do sindicato — ele desligou.

Colin subiu o zíper, botou o celular no bolso e voltou para o quarto, onde as deusas ofegantes aguardavam. Abriu um sorriso, pegou a camisa do chão e enfiou ‑se nela.

— O dever me chama, meninas.— Não! — elas gritaram, pulando da cama na direção dele. Ele

saiu às pressas, ignorando os pedidos para que ficasse.

O Sol havia acabado de despontar no horizonte quando Colin entrou num prédio discreto do Bronx, onde ficava a FIST, a Equipe Federal de Ataque sob Investigação. A FIST era uma força ‑tarefa combinada de policiais experientes e federais

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das antigas na área triestatal de Nova York, Connecticut e Nova Jersey, especificamente designada para arrancar nacos de carne dos ossos das famílias criminosas que floresciam nas maiores ci‑dades da área. Não eram mais apenas os Tonys Sopranos; eram os irlandeses, os cubanos e os russos. O crime na área triestatal estava nas alturas.

O capitão M lançou um olhar de raiva do seu gabinete para a esquerda, quando Colin entrou assobiando “Dixie”.

— Ah, o filho pródigo à prova de balas voltou — o agente espe‑cial Jackson Davies disse de sua baia, erguendo a mão para cum‑primentar Colin.

— Estou mais para o boi de piranha — Colin disse. A FIST tinha diversas exigências inegociáveis antes que um

candidato potencial pudesse ao menos ser considerado para um posto nesse time altamente treinado e secreto: era preciso ter trabalhado com narcóticos, marginalidade e homicídios. Os agentes de campo deveriam ser e permanecer solteiros. Inclusive sem família, para não ter de explicar as longas ausências. Nem mesmo um animalzinho de estimação. Se compensava? Eles bo‑tavam fora de circulação gente realmente da pesada por um bom tempo. Colin vivia para aquela porcaria.

Jackson assentiu.— Você deve estar certo, mas melhor verificar antes se o pró‑

ximo desgraçado que for derrubar é realmente bandido.Colin riu e serviu ‑se de uma xícara de café, a única coisa de‑

cente no escritório da força ‑tarefa.— Não vou me acusar. Está na quinta emenda da Constituição.— Daniels, no meu gabinete! — O capitão berrou da porta.Colin ergueu a xícara para outro agente, Teague, e para o recruta

Dimarco, e caminhou até o gabinete de paredes de vidro do capitão.— Feche a maldita porta, campeão — ele grunhiu.Colin obedeceu e esparramou ‑se na única cadeira disponível.

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O capitão Moriarty encarou ‑o com raiva. Nunca gostou de Colin e o sentimento era mútuo. Teria algo a ver com o fato de Colin ter comido a mulher dele — antes de se tornar mulher de Moriarty — de muitos jeitos, por muitos dias. Lisa Delveccio‑‑Moriarty era uma das poucas mulheres com quem ele ficara pela segunda, terceira vez…

— Finalmente, o rei da mulherada vai enfrentar alguém à al‑tura — o capitão disse, empurrando uma pasta de prontuário par‑da sobre a mesa.

Colin deixou a xícara de café no chão e esticou a mão para pegar o prontuário. Ao tocá ‑lo, o punho de Moriarty bateu com tudo sobre a pasta. Seus olhos azuis metálicos encontraram os de Colin.

— Se você foder com isso, eu juro por tudo que é mais sagrado que vou te foder tão fundo, que você vai me pagar um boquete ao mesmo tempo.

Colin ignorou a ameaça do capitão. Já tinha entendido. En‑tendia que o capitão não conseguia lidar com o fato de ele ter comido sua mulher. Via aquilo todas as vezes que Moriarty o en‑carava, formando imagens de Lisa e Colin rasgando os lençóis. E, embora Moriarty lançasse mão daquilo para tornar a vida de Colin um inferno, Colin também tinha o seu orgulho.

Podia ser um mulherengo, mas não era um canalha que esfre‑gava suas conquistas na cara de outro homem.

— Mensagem recebida — Colin disse sem baixar os olhos.O capitão recostou ‑se na cadeira.Colin abriu o prontuário e encontrou uma única foto.

Pegou ‑a e meneou a cabeça. Muito impressionante. Uma sensa‑ção estranha percorreu seu corpo. E… familiar. O rosto surpreso, mas não tão feliz, de uma mulher o encarava no silêncio sombrio de uma foto colorida de oito por dez centímetros. Uma juba de leão de cabelos dourados grossos adornava o rosto classicamente

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estruturado. Grandes olhos verdes encaravam ‑no de cima de um nariz arrogante. E um conjunto de lábios brilhantes, carnudos, fazendo um beicinho que chamava atenção, lábios que poderia imaginar engolindo ‑o — tirando seu leite gota a gota.

Um jorro de sangue despertou seu cacete. Era uma reação vis‑ceral. A mulher da foto emanava sensualidade, porém, algo mais mexeu com ele e fez seu sangue gelar.

Um fogo raivoso queimava por trás daqueles olhos imensos, vivos, emoldurados pelos cílios mais longos e pretos que ele já vira. Sentiu o mesmo fogo arder no estômago. Alguém ferira esta mulher. Embora tentasse disfarçar com maquiagem, havia uma cicatriz visível que corria do canto esquerdo da boca até atrás da orelha. Ele ergueu os olhos para o capitão.

— Sophia Gilletti. Em breve, ex ‑mulher de Angelo Gilletti.— O que aconteceu no rosto dela?— Ele cortou a cara dela por falar com outro homem.Colin balançou a cabeça, contrariado. Podia ser um cara do

tipo “foi muito bom, minha cara, até logo”, mas sempre deixava as mulheres com um sorriso no rosto e um orgasmo ou dois para mantê ‑las aquecidas. Não uma cicatriz.

— Desgraçado.— Desgraçado mesmo. Por isso ela fugiu. E por isso você vai

até a Califórnia para levá ‑la a um lugar seguro, onde ela vai con‑tar tudo para o promotor público.

Então, ela não era uma vadia que ele derrubaria, mas uma testemunha que precisava proteger. A perspectiva de encontrar a mulher fez seu sangue esquentar novamente.

— Onde está o Gilletti?— Não sabemos. Ele saiu do nosso radar faz quatro dias. Foi

visto pela última vez entrando no Scalias’s, em Little Italy, de onde nunca saiu. Fugiu da cidade pelo sistema de esgoto.

— Lugar perfeito para o cara.

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— Ele conseguiu um contrato milionário com ela. Vá até ela e traga ‑a de volta. Ela vai ficar no apartamento aqui em cima, onde vai ter proteção 24 horas.

Colin ergueu os olhos para o capitão.— Quem vai comigo?— Você vai sozinho. Espalhamos por aí que sua carreira aqui,

como policial, acabou, e que um mandado vai ser expedido para sua prisão. Vai parecer que você está fugindo. Ninguém vai pensar que você vai resgatar a testemunha mais cobiçada da história do estado.

Algo naquele plano não caía bem para Colin.O capitão o perfurou com um olhar penetrante.— Preciso do seu distintivo e da arma.Ele se abaixou e ergueu uma pequena mochila de trás da mesa,

deixando ‑a na frente de Colin.— Aqui tem cem balas, duas pistolas Sig com números de série ras‑

pados, um silenciador e três mil dólares em notas marcadas. Você tem 24 horas para trazê ‑la de volta antes que o mandado seja oficialmente executado. Se passar disso, vai ter que lidar com as consequências.

Colin puxou a bolsa e inspecionou o conteúdo. Estava tudo ali, contado, exatamente como o capitão dissera. Colin hesitou para entregar o distintivo e a arma. Embora a FIST trabalhasse à margem, aquilo estava indo um pouco longe demais. Moriarty o odiava tanto que estava armando uma contra ele? Olhou nova‑mente para a fotografia. Os olhos verdes o assombravam. Por ela, ele iria. Por ele, uma vez que a missão estivesse concluída, desa‑fiaria Moriarty e cuidaria dele de uma vez por todas.

— O tempo está correndo, Daniels.Colin tirou a Glock do coldre de ombro e a deslizou sobre

a mesa para o comandante, então puxou o distintivo da carteira e o deixou ao lado da pistola. Tirou uma das Sigs da mochila, carregou ‑a e encaixou a arma no coldre vazio.

— Onde ela está?

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— Numa casa no Lago Tahoe — o capitão entregou para Colin uma folha dobrada. — Ela não sabe que você está indo até lá. Vai ter que convencê ‑la a voltar com você.

— Como é que eu vou fazer isso?— Jogue seu charme em cima dela.Colin carregou a segunda semiautomática e disse:— Ela também não sabe que vai virar testemunha do estado —

ele olhou para o capitão. — Sabe?Moriarty apertou os lábios e balançou a cabeça.— Ela está fugindo para se salvar. Tivemos sorte de tropeçar

no paradeiro dela. Um federal aposentado que trabalhou para derrubar o Gilletti‑pai a reconheceu, apesar do disfarce, num posto de gasolina em Placerville, onde ele mora. Por ser um cara desconfiado, seguiu a mulher até Tahoe e deu a letra.

— Então, vou ter que aparecer na porta da mulher, me apre‑sentar e dizer: “Estou aqui para levar você até Nova York para testemunhar contra seu marido que mandou alguém te matar”?

— Reforce que podemos protegê ‑la e, assim que tudo acabar, ela vai ser incluída num programa de proteção a testemunhas.

— E o senhor quer que eu faça isso em 24 horas ou menos?— Por isso você é sargento — Moriarty provocou enquanto se

levantava. — Use os meios que forem necessários para convencê‑‑la a falar com o promotor. O Gilletti é um cachorro louco e está fora de controle. É responsável por dúzias de mortes no Brooklyn, duas delas de policiais. A mulher do cara é nossa única esperança. Volte com ela para cá.

Colin se levantou, olhou para o endereço no papel e, em se‑guida, dobrou ‑o.

— Quem mais tem esse endereço?— Ninguém, além das duas pessoas neste gabinete e o federal

aposentado. Agradeci a ele pelas informações, mas dei a entender que não era algo sério.

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Colin pegou seu isqueiro e queimou o pedaço de papel, ob‑servando as cinzas caírem sobre a mesa.

—  Me mantenha informado sobre os seus passos, Daniels. Quero saber onde você está em todos os momentos.

Aquela era outra novidade. Embora os relatórios de avanço fossem parte da burocracia, ficava a critério de cada um na unidade como e quando os relatórios de avanço em campo seriam expe‑didos. Colin nunca precisou informar passo a passo, jogada por jogada. Nunca haviam lhe pedido para entregar arma ou distintivo.

— Mando notícias quando puder — ele disse, então agarrou a mochila, pendurou ‑a no ombro e saiu do gabinete e do prédio.

Ficou no meio ‑fio, aquecendo ‑se ao sol da manhã. Apesar da sensação desconfortável sobre Moriarty, o entusiasmo corria pelo seu corpo. Os federais estavam atrás de Gilletti Jr. havia anos. Era um gângster perverso que pensava ser um astro do rock. Pegaram o pai alguns anos antes, mas ele morrera em Rikers antes que seu julga‑mento começasse. Descobrir o paradeiro do filho seria algo grande.

Colin riu quando pensou nos olhos grandes e verdes e nos lábios carnudos da mulher. Encontrar Sophia Gilletti seria um prazer.

Ele saiu do meio ‑fio quando um Lincoln partiu descontrola‑do direto para cima dele, atirando.

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Aguente a pressão Sy l v i a Day

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Dedicado a Cindy Hwang.Adoro escrever contos.Obrigada, Cindy, por acabar com minha abstinência.

Meu agradecimento vai para Cynthia D’Alba, que avaliou este conto enquanto celebrava sua pri-meira venda. Isso que é amiga!E abraços às queridas amigas Maya Banks e Karin Tabke. É uma honra dividir um livro com vocês. Estou pronta para nosso próximo retiro, meninas!

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Capítulo

Duas explosões abalaram o agente federal Brian Simmons no dia 15 de agosto, às 16h32: a primeira foi a visão de seu sonho de sem-pre, Layla Creed; a segunda foi a detonação de uma granada.

Brian ouviu o assobio de aproximação do explosivo um se‑gundo depois de o projétil atingir uma das três picapes que aguardavam para transportar Layla do abrigo para o aeroporto de Baltimore. Pulando para a frente, conseguiu jogá ‑la no chão, protegendo ‑a com apenas alguns segundos de antecipação.

A explosão irradiou do ponto de impacto, espalhando uma onda de calor que se propagou sobre eles, fazendo o corpo da moça agitar. Ele a envolveu, prendendo ‑a em um abraço aper‑tado. O zumbido em seu ouvido era ensurdecedor, abafando o barulho dos gritos de Layla. Mas ele os sentia. Sentia a vibração.

Caiu uma chuva de estilhaços. O fogo lambeu a sola do seus sapatos. Ficou em pé rapidamente, puxando ‑a de volta ao edifício.

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Parecia que o ouvido estava cheio de algodão, e sua atenção se vol‑tou para a necessidade instintiva de proteger Layla.

Layla.Sacando a arma de serviço, Brian a conduziu segurando fir‑

me pelo cotovelo. Passaram pelo elevador e foram até a escada. Olhou para cima, considerando por um instante a viabilidade de voltar para o quarto ocupado na noite anterior. Depois, levou ‑a para a garagem no subsolo.

O abrigo estava danificado. Pelo menos dois agentes tinham morrido, e um deles era um amigo de longa data. Não sabia di‑reito em quem podia confiar e com Layla como alvo, ele não se arriscaria. Era movido por uma possessividade incontrolável. Ela mantinha o ritmo, seus dedos bem entrelaçados aos dele en‑quanto desciam a escada.

Passaram correndo pela porta de metal que dava para a ga‑ragem. Um Honda verde ‑musgo estava saindo de marcha a ré de uma vaga à esquerda deles e Brian, sacando a identificação e o distintivo do bolso, abordou o automóvel.

Encarou a motorista, que olhou de volta pelo espelho retrovisor.— Preciso que saia do carro, senhora – ordenou, enquanto se

aproximava.Uma morena com cara de apavorada saiu de detrás do volante,

olhos arregalados pousados na Glock. Ela levantou as mãos com a bolsa pendurada na dobra do braço.

Brian guardou a arma e lhe entregou seu cartão.— Ligue para este número e eles vão resolver tudo para a senhora.Lívida, Layla sentou no banco do passageiro sem pensar.Brian saía da garagem quando ouviu as sirenes anunciando as

autoridades locais e os caminhões dos bombeiros chegando. Quan‑do chegou à rodovia, viu a nuvem escura provocada pela explosão.

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Capítulo

Layla agarrou -se às beiradas do assento do carro e olhou para o homem que não via pessoalmente há cinco longos anos. Parecia diferente de como o via em seus sonhos. Mais forte. Mais magro. Ainda perigoso. Uma pessoa precisava estar querendo morrer para mexer com Brian Simmons.

Mas isso não a impedira de entregar sua virgindade a ele…— Está machucada? — ele a encarou com seus olhos verdes

cristalinos.— Não. E… E… — ela pigarreou a garganta seca. — Sam? E

os outros?Ele meneou a cabeça negativamente.Jesus. O aperto no estômago foi tamanho, que achou que fi‑

caria enjoada. Sam Palmer havia se tornado um amigo ao longo dos três anos que ela passara no programa de proteção à teste‑munha. Além de seu trabalho, o inspetor se tornara a única liga‑ção que tinha com o mundo real. Seus telefonemas mensais para

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saber se ela estava bem eram a única lembrança de que ainda era Layla Creed sob a identidade que assumira: Layla Cunningham.

Levava uma vida normal. Morava na mesma cidade em que nascera e onde tinha amigos que a conheciam o suficiente para apoiar seu relacionamento com o cara que estava sentado a apenas alguns centímetros dela neste momento. Perdera tudo em um fim de semana fatídico em Tijuana, tentando provar a si mesma que superara Brian Simmons completamente.

Puxando o celular do bolso, Brian acionou um número de ligação programada.

— Estamos sendo perseguidos — disse ele sem rodeios para quem atendeu ao telefone. — Atingiram o comboio com a porra de um lançador de granadas.

No meio do pesadelo, a voz grave e ligeiramente rouca de Brian era tranquilizadora e familiar. Ela sonhava com aquela voz, revivendo seus gemidos de prazer e as palavras sensuais bem pi‑cantes que dizia. Ele gostava de falar durante a transa e sua entrega a fazia perder o pudor. Não tinha nenhuma inibição ao seu lado. Nenhuma reserva ou hesitação. Nada para proteger seu coração de um homem que vivia sob a linha de fogo.

Ele poderia ter morrido hoje, bem na sua frente. O maior pesadelo de todos.

— Não — prosseguiu ele —, tenho que tirá ‑la da cidade de outra maneira… Não dá para fazer isso também. Alguém dei‑xou vazar a informação do abrigo. Não sei em quem confiar… Posso garantir que ela não teve nada a ver com esse vazamento… É a Layla, Jim. Sim, aquela Layla. Olha, preciso de um favor. Pe‑gue tudo o que puder da picape, coloque um colete e as coisas de acampamento que puder arranjar na parte de trás e vá até o posto de combustível na Principal com a Sétima. Deixe a chave no cin‑zeiro e vá dar uma volta… Obrigado, cara. Te devo essa.

Desligou.

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Layla piscava em meio às lagrimas. Não perguntou nada. Se tinha alguém a quem pudesse confiar sua vida, esse alguém era Brian. Foi a maneira como ele cuidava de seu próprio disfarce que provocou o final do relacionamento.

Pararam no estacionamento de uma loja. Ele procurou uma vaga bem no fundo, perto do canteiro de flores. Deixou a chave no cinzeiro e o fechou. Tirou a bateria do celular e jogou as par‑tes separadas no banco de trás. Como se fosse a deixa, o celular de Layla começou a tocar. Ela o retirou da mochilinha que trazia e passou para Brian, que aguardava com a mão estendida.

Enquanto desmontava o telefone de Layla, disse:— Tem um banco lá dentro. Nós dois temos que sacar o má‑

ximo de dinheiro possível no caixa eletrônico. Quando sairmos, vamos viajar para a Califórnia só com dinheiro. Gasolina, ali‑mentação, hospedagem, essas coisas, e não poderemos sacar mais. Vamos precisar comprar roupas e artigos de higiene pessoal en‑quanto estivermos lá dentro, e temos que ser rápidos.

Ela concordou com a cabeça, analisando rapidamente os ócu‑los escuros destruídos dentro da bolsa antes de descartá ‑los no console do carro.

— Vamos nos esconder dos caras bons também?— Por enquanto — jogou o telefone no banco traseiro.

— Vamos.Layla saiu do carro com o coração acelerado. As mãos estavam

suadas e a respiração curta. Quando passou pelo porta ‑malas do carro, ele a pegou pela mão e ditou o ritmo. Entraram na loja e pareceu que todos os olhos pousaram sobre eles. Os ouvidos ain‑da zuniam, pela explosão ou pelo pulsar do sangue nas veias, ela não sabia bem. Apertou ainda mais a mão na dele.

Brian se aproximou, apertando a mão para reconfortá ‑la. Ela mais leu seus lábios do que conseguiu escutar as palavras.

— Está tudo bem, amor. Estou aqui com você.

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Foi a mesma coisa que disse quando ela teve seu primeiro or‑gasmo, com o hálito úmido contra as curvas macias de sua vagi‑na. Um tremor veio junto com as recordações, ainda muito vivas apesar do passar dos anos. Desvencilhou ‑se da mão dela e passou o braço sobre os ombros, tendo o cuidado de manter a camisa de flanela folgada sobre o coldre desabotoado.

— Você está em choque — murmurou com os lábios em sua orelha, causando ‑lhe mais tremor no corpo. — Se segure em mim.

O calor de seus músculos invadiu ‑a pela lateral do corpo e ela o absorveu, abraçando ‑o pela cintura. Ele estava de botina, calça jeans folgada e uma camiseta de malha branca supermacia. A camisa de flanela verde, azul ‑piscina e canela era tão bonita, que teria roubado dele se ainda estivessem juntos.

Brian pegou um carrinho e a levou pela loja com rapidez e eficiência, pensando em tudo, de roupas íntimas a escovas de dente, passando por celulares descartáveis e duas malinhas com rodas. Afastaram ‑se rapidamente enquanto ela pegava roupas e ele, lâminas de barbear. Chegaram à fila para pagar em menos de vinte minutos. O caixa eletrônico foi o passo seguinte, onde sacaram juntos um total de mil e quinhentos dólares. Saíram pela porta da frente em vez de sair pelo canteiro e pararam em um banco próximo da porta principal para colocar a maior parte das roupas na mala de mão e o restante dos itens na outra.

— Vamos atravessar a rua e parar naquela loja de conveniên‑cia — ele esticou a mão para pegar as malas, mas parou, olhando para ela.

Vira algo nela que o fez parar e abraçá ‑la. Ele colocou a mão na nuca e a outra no quadril e a puxou para perto. Suas testas se encostaram.

— Está sendo tão corajosa, amor. Estou orgulhoso de você.Os olhos dela faiscaram:— Não sou mais uma garotinha, Brian.

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— Eu sei disso, Layla. Pode acreditar — ele a soltou, tirou dois bonés de beisebol da sacola e colocou um deles nela. Seus de‑dos correram pelos cachos escuros sobre os ombros, como se não pudesse resistir. — Quando chegarmos no carro, quero que você troque de camisa e prenda o cabelo.

— Tá.Ele pegou as malas e partiram em direção ao carro que tinha

solicitado. Atravessaram a rua, o passo dele era suave e calmo, mas ela sabia que ele estava prestando atenção nos arredores. Ele era sempre assim, alerta, mas tinha a tendência de ser supervigilante com ela. Não apenas porque era uma testemunha sob proteção, mas por ser a irmã mais nova de seu melhor amigo e a mulher que um dia amara.

Foi em direção à picape estacionada na lateral da loja de con‑veniência e jogou as malas pela janela que estava aberta.

— Entre.Quando sentou no banco do motorista, entregou ‑lhe o cole‑

te à prova de balas que tirou do compartimento de carga.Estavam na I ‑70 em menos de cinco minutos.

Brian tirou o boné e jogou no chão do carro, atrás do banco de Layla. Ela então tirou a camiseta de malha, revelando um sutiã de renda esverdeado que combinava perfeitamente com a cor de seus olhos. Essa visão impediu que Brian, por alguns momentos, prestasse atenção na estrada.

— Esse cara, dono desse carro… — ela começou a dizer. — É um agente? Ou um agente da Marinha?

— Não pode ser apenas um civil?— Não com você. Você vive e respira trabalho. Estando de ser‑

viço ou não.Esse tinha sido o motivo pelo qual o deixara.

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— Agente.Ela meteu a mão na sacola de plástico com roupas que tinha

entre os pés.— O que vamos fazer agora?Agora que estavam na estrada, a tensão de Brian diminuíra

um pouco, embora soubesse que não ficaria completamente re‑laxado até que Layla prestasse o depoimento. Olhando para ela, viu a cicatriz deixada nas suas costas pela bala e o hematoma, já aparente, por tê ‑la jogado no chão. Rangeu os dentes outra vez.

— Vamos de carro direto até San Diego. Quatorze horas por dia na estrada são o bastante para você chegar a tempo. Sei que não vai sobrar muito para você repassar seu depoimento com a promotoria.

— Bem… — ela suspirou e endireitou a postura. — Perder a preparação para o depoimento é melhor do que morrer.

Curta e grossa, mas era a cara dela. Filha e irmã de agentes da força especial da Marinha, os SEALs, ela havia sido criada para ser direta. Em sua festa de aniversário de 18 anos, ela o abordou e lançou o desafio na sua cara: Acabou o joguinho, Bri. Ou dá ou desce. Não estou procurando um namorado.

Antes desse dia, ele dissera a si mesmo que deveria esperar um pouco mais. Deixá ‑la entrar na faculdade, botar as asinhas de fora. Sabia que, quando a tivesse, o futuro deles estaria unido para sempre. Ela seria sua e ele seria dela, até que a morte os separasse. Mas só de imaginá ‑la com outros caras, rindo, brincando e trepando com eles…

Apertou as mãos no volante.— Me conta o que aconteceu.Ela olhou para ele e vestiu a camisa nova. Passou o colete por

cima da cabeça com movimentos impacientes, porém repletos de prática.

— Do que você está falando?— Me conta como se meteu nesta confusão.Recostou ‑se outra vez e colocou o cinto de segurança.

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— Steph e eu fomos para Rosarito e Tijuana na Semana da Primavera. Ela saiu com um cara que conheceu no Papas and Beer e, como estava bêbada e determinada a ficar com ele, tive que acompanhar. Ela catou um amigo dele lá, entramos em um Ca‑maro e voltamos para Tijuana.

Lutando para relaxar a mandíbula trincada, ele disse:— Pensei que tivesse juízo!— Qual é o problema, oficial? Viver perigosamente só se apli‑

ca ao senhor?— Nem venha comparar essa zoeira irresponsável com o tra‑

balho que faço. Layla olhava pela janela do carona, sentindo a frustração pulsar

em seu corpo magro. Sua profissão sempre foi um problema para ela. Ele entendia que perder o irmão e o pai tinham feito com que ela se voltasse contra os militares, por isso largara o serviço naval e conseguiu um emprego como agente federal. Ela não gostava, mas tolerava. Até que ele começou a fazer parte dos Patrulheiros das Sombras.

— Continua — disse ele com firmeza.— Para quê? Para você se divertir me tratando como criança?— Layla — ele passou a mão no próprio cabelo. — Não consigo

controlar minha reação quando você está em perigo. Ela o encarou com uma frieza que o revirou por dentro:— Agora você sabe como é. Brian sentiu o golpe. Cometera o maior erro da vida acredi‑

tando que ela acabaria aceitando ‑o como era. Em vez disso, ela havia sido baleada e precisou entrar para o programa de proteção à testemunha antes mesmo que ele piscasse. Foi a pior das ironias ela fazer parte de seu mundo e, em vez de aproximá ‑los, isso a afastou ainda mais.

— Voltamos para Tijuana — ela continuou. — Estávamos perto da fronteira, não muito longe daquela praça com o touro mecânico, quando reduzimos para fazer uma curva. Dois caras

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apareceram do nada e atiraram em nós. Parecia que disparavam de todas as partes. O cara que tinha vindo com a gente saiu pela porta do carona engatinhando e eu fui junto. Foi aí que me atin‑giram. Ele também, mas se jogou sobre mim. Acho que eles o queriam vivo, pois pararam de atirar. Acho que ele também sabia disso, por isso fez o que fez. Para me salvar…

Sua voz foi suavizando a cada palavra, sendo que a última foi muito difícil de ouvir.

— Ele era o agente infiltrado da Divisão de Entorpecentes? Sandoval?

Layla anuiu com a cabeça.— Ricardo Sandoval. Mas isso eu só descobri depois. O cara

armado, de pé olhando para a gente… Lembro de ter olhado por sobre o cano da semiautomática e ter visto uma felicidade doentia no rosto dele.

— Angel Martinez.Era o depoimento dela contra Martinez, um dos tenentes

mais proeminentes do cartel, que colocava sua vida em perigo. O cartel não se arriscaria na ofensiva de hoje, em solo americano, por ninguém menos que ele.

— Sim, Martinez. O agente Sandoval cravou uma faca na coxa dele. Espirrou sangue por todo lado, e Martinez caiu como uma tonelada de tijolos. O outro atirador voltou a disparar, mas foram tiros para o nada. Foi um caos com toda a gritaria do Martinez. Sandoval me arrastou de volta para a traseira do Camaro e fomos para uma viela que dava em outra rua. Tinha uns caras falando in‑glês e fazendo festa por ali. Gritei por socorro. Descobri que eram fuzileiros navais de Pendleton, e eles nos ajudaram a chegar na fronteira. O agente Sandoval morreu um pouco mais tarde.

A morte de Sandoval foi notícia em todo país. O ataque es‑palhafatoso atingira o ápice com a tortura e o assassinato de Enrique Camarena pelo mesmo cartel. Layla era a “testemunha não

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identificada” mencionada nas reportagens. Embora Brian já tivesse ouvido a história antes, escutar dos lábios dela, percebendo sua voz falhar e tremer enquanto falava… Foda ‑se, ela deveria estar com ele, estaria se ele não fosse tão teimoso.

— Ainda tem pesadelos, amor? — perguntou ele com suavidade.Ela olhou para ele, tirando o cabelo jogado no rosto pelo vento.— Como sabe?— Conheço você — ele esticou a mão e pegou a dela. — Você

leva sua dor a ferro e fogo.Ela baixou os olhos para as mãos unidas.— Você também — disse, baixinho.Brian não sabia se ela se referia à morte do irmão ou ao fim

do relacionamento.— Às vezes.—Já vi você sorrir e cuspir marimbondo, mas nunca te vi cho‑

rar — ela puxou a mão. — Quando disse que estava tudo termi‑nado entre nós, você nem piscou. Eu devia ter imaginado. Era jovem e ingênua demais, acho.

O punho dele cerrou, a palma doía pela falta do toque dela. O maldito orgulho já tinha sido um obstáculo antes e agora fe‑chava a garganta, impedindo ‑o de proferir as palavras que acaba‑riam com ele caso ela as jogasse de volta na sua cara.

Ainda assim, teve que dizer:— Você sabia o que significava para mim, Layla.— Sabia que não era o bastante pra você. Tínhamos Jacob e

um sexo maravilhoso em comum. Só.— Bobagem — verificou o espelho pela milionésima vez, ten‑

tando identificar se eram seguidos. — O sexo era maravilhoso por que tínhamos algo especial.

— E por que você não foi atrás de mim quando fui embora?Aí estava. Primeiro erro colossal.— Achei que você precisava se acalmar.

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— Não — retrucou ela —, você achou que eu precisava crescer. Que um dia eu veria as coisas do seu jeito, o que serve pra mostrar que tudo aquilo foi um erro. Pra você, sempre serei a irmãzinha do Jacob. Meus peitos cresceram e sou maior de idade, mas você nunca vai me tratar como uma mulher que merece ser ouvida.

— Você está começando a me irritar.— Estou mexendo na ferida? — provocou ela com um sorriso

dissimulado que fez seu pau ficar duro.— Não, meu bem. Está muito longe disso. Pelo menos no que dizia respeito aos seus sentimentos por

ela. É, o sexo entre os dois sempre fora superquente. Nesse as‑pecto do relacionamento nunca tiveram problema. Mas ele tam‑bém a amava. Era o que o corroía por dentro. Algumas vezes, nos últimos anos, ele quase enlouquecera com a necessidade de vê ‑la, ouvir sua voz, abraçá ‑la, sentir suas mãos em seu corpo.

O silêncio pairou entre os dois, pesado com tudo aquilo que precisava ser dito. A cada quilômetro percorrido, ele se aproxi‑mava ainda mais do ponto de perdê ‑la. Assim que testemunhasse no tribunal, ela voltaria para o programa de proteção à testemu‑nha. Uma nova identidade, novo paradeiro e outra profissão, um novo inspetor para ficar de olho nela. Tinha três dias para escla‑recer e tentar consertar o desentendimento entre eles. Três dias para lembrar a ela de como era bom quando estavam juntos. Ela era plateia cativa, não havia ninguém ao redor para estragar tudo.

Exceto ele mesmo. Infelizmente, poderia muito bem ferrar com tudo sozinho.

Ele tinha pouco tempo, e isso não o impedia de ficar ali sen‑tado, rangendo os dentes e com a sensação de estômago revirado. Estava apavorado com a possibilidade de que ela não gostasse mais dele. Ela crescera desde que ele a deixara partir, e ele ainda era o mesmo cara de antes: casca grossa e incapaz de dizer como se sen‑tia a respeito do que lhe era mais importante no mundo.

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