descarte de resíduos sólidos

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Pesquisa de Percepção 2013 Parte 2 – Descarte de Resíduos Sólidos

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Page 1: Descarte de Resíduos Sólidos

Pesquisa de Percepção 2013 Parte 2 – Descarte de Resíduos Sólidos

Page 2: Descarte de Resíduos Sólidos

Apresentação

Esta é a quarta pesquisa de percepção da cidade encomendada pela Rio Como Vamos. Anteriormente, já havia sido realizada nos anos de 2008, 2009 e 2011. A pesquisa de 2013 é composta por três partes. A primeira, e mais extensa, apresenta o resultado de pesquisa quantitativa com mais de 1.500 moradores da cidade. Foram abordados temas como educação, saúde, segurança, transporte, entre outros. Diante dos grandes eventos que a cidade está e estará sediando e das manifestações populares por mudanças e melhores condições de vida, esta pesquisa se mostra de extrema importância para identificar os atuais desafios da sociedade carioca. Pela primeira vez, fez-se necessário aprofundar dois temas além da pesquisa quantitativa: percepções e descarte de resíduos sólidos e mobilidade urbana. Esses dois temas formam a segunda e terceira partes da Pesquisa de Percepção do Rio de Janeiro 2013. Os próximos slides apresentam as análises sobre a produção e descarte de resíduos sólidos por diferentes famílias na cidade. A descrição da situação atual na cidade é o ponto de partida para uma discussão ampla envolvendo as autoridades, especialistas e organizações representativas da sociedade civil. É importante ressaltar que as ideias apresentadas são percepções dos entrevistados e não refletem necessariamente a visão do Rio Como Vamos.

Page 3: Descarte de Resíduos Sólidos

Índice

O documento está dividido nos capítulos abaixo. Para facilitar a navegação e busca de informações, foi criado um sistema de links que permite a fácil navegação dentro do relatório. Ao clicar nas opções abaixo o leitor será direcionado para os slides do tópico desejado.

Objetivo

Metodologia

Perfil dos entrevistados

Perfil dos especialistas

Lixo (definição, produção e descarte)

Percepções sobre resíduos sólidos

Responsabilidades

Conclusão

Page 4: Descarte de Resíduos Sólidos

Objetivo

Conhecer hábitos e atitudes dos moradores da cidade do Rio de Janeiro em relação à produção e ao descarte de resíduos sólidos, bem como identificar o grau de conhecimento da população sobre esse tema e sua importância. Foram abordadas questões como: • A percepção dos interlocutores sobre o que consideram “lixo”;

• Hábitos e atitudes em relação à produção e ao descarte de resíduos sólidos nas residências;

• Até que ponto a questão dos resíduos sólidos está presente de forma consciente na cabeça dos

cidadãos;

• A divisão de responsabilidades entre sociedade, governo e empresas no tratamento dos resíduos;

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Page 5: Descarte de Resíduos Sólidos

Metodologia

A pesquisa foi realizada utilizando abordagem qualitativa. Foram realizadas 15 entrevistas em profundidade com roteiros semiestruturados com moradores da cidade do Rio de Janeiro e responsáveis pelos afazeres ou organização doméstica. As entrevistas ocorreram nas casas dos entrevistados (“home visit”) para que fosse possível observar a dinâmica do lixo e complementar ou checar a veracidade dos discursos. Além disso, foram realizadas 6 entrevistas em profundidade com especialistas no assunto. As entrevistas e visitas foram realizadas entre os dias 05 e 15 de maio de 2013 (exceto com catadores de lixo, que foram realizadas entre 22 de julho e 01 de agosto).

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Page 6: Descarte de Resíduos Sólidos

Perfil dos entrevistados – moradores da cidade

13 moradores, maioria do sexo feminino, distribuídos em diversas áreas da cidade e perfis de classe social, idade e escolaridade.

Sexo Idade Classe Social Grau de Escolaridade Bairro de residência

F 79 C1 Fundamental I completo Copacabana

F 55 B1 Ensino médio Taquara

F 53 B2 Fundamental II completo Pavuna

F 52 B2 Ensino médio Campo Grande

F 50 C1 Superior incompleto Complexo do Alemão (Morro do Adeus)

F 48 B2 Superior completo Campo Grande

F 47 A2 Superior completo Pechincha

M 38 D Fundamental I incompleto Rocinha

F 35 C1 Ensino médio Manguinhos (MCMV – Mandela)

F 35 B2 Ensino médio Bangu

M 32 B2 Superior completo Campo Grande

F 26 A2 Superior completo Laranjeiras

F 21 C1 Ensino médio Taquara

F 35 C1 Ensino médio Tijuca

M 35 B2 Ensino superior Glória

Page 7: Descarte de Resíduos Sólidos

Perfil dos entrevistados – especialistas

6 especialistas em temas relacionados à pesquisa para complementar as observações e análise dos discursos dos moradores entrevistados.

Instituição Função do entrevistado Tempo de experiência

com a questão

Ciclus Ambiental Gerenciamento da Central de

Tratamento de resíduos sólidos 15 anos

Ciclus Ambiental Responsabilidade social 2 anos

Comlurb Coordenador de coleta seletiva 28 anos

FAETEC e INEA

Professora de Gestão Ambiental

Recuperação de áreas degradadas na

região Serrana do RJ

12 anos

- Catador de lixo (atua na região do

Centro e Tijuca) -

- Catador de latas e alumínio

(atuação em todo o Rio de Janeiro) -

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Page 8: Descarte de Resíduos Sólidos

Lixo: definição – produção – descarte

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Page 9: Descarte de Resíduos Sólidos

Para os entrevistados, lixo é qualquer coisa que não possui mais utilidade, que não pode ser reaproveitado e não pode ficar no mesmo ambiente que as pessoas.

Existe diferença no que é considerado lixo dependendo do local onde foi realizada a entrevista e da classe social da família entrevistada.

Para as entrevistas realizadas em lares com maior poder aquisitivo, lixo vai do orgânico até embalagens, papelão, latas, etc.

Nos lares de menor poder aquisitivo, a possibilidade de vender ou trocar os resíduos sólidos restringe o que é considerado lixo.

Lixo é considerado problema para as famílias enquanto está dentro ou no entorno das residências. Após o descarte, não se pensa mais no assunto e o destino e consequências daquele lixo não são importantes.

O acúmulo e descarte dos resíduos estão relacionados a questões de higiene e saúde. A preocupação com o meio ambiente não foi mencionada espontaneamente pelos entrevistados.

A separação dos resíduos, quando esta existe na residência, é geralmente realizada pela dona de casa, que encontra certa resistência dos outros moradores, principalmente dos jovens.

Análise*

*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.

Page 10: Descarte de Resíduos Sólidos

As principais barreiras para a separação dos resíduos sólidos e correto descarte pelas famílias entrevistadas são:

A falta de tempo

A falta de hábito

Os hábitos, principalmente o que e como se faz para cuidar da casa, são passados de geração para geração (de pai / mãe para os filhos). Como as gerações anteriores não se preocupavam com a separação dos resíduos sólidos, a geração atual não recebeu essa educação dos pais.

É necessário que a nova geração quebre esse ciclo e inicie o processo de educação de seus filhos para que a falta de costume e de tempo deixem de ser encaradas como um problema. A escola é fundamental para esse processo.

Análise*

Além da falta de tempo e de hábito, outros dois problemas foram mencionados :

A falta de informação: principalmente dúvidas sobre a higienização dos resíduos para reciclagem e o que se deve fazer com pilhas e baterias usadas.

A falta de coleta seletiva: percepção de que todo o lixo vai para o mesmo caminhão e o desconhecimento dos pontos de descarte de pilhas e baterias.

Quanto maior o capital cultural das famílias, maior a conscientização do que pode ou não ser reciclado, o que não significa, necessariamente, que essa conscientização se transforme em hábito ou prática de separação de resíduos.

*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.

Page 11: Descarte de Resíduos Sólidos

• É tudo aquilo que é descartado porque não tem mais utilidade para as pessoas.

• É tudo aquilo que não serve mais para o uso e nem pode ser reaproveitado de jeito nenhum.

• É aquilo que não dá para ser utilizado mais e que não pode ficar no mesmo ambiente que as pessoas.

Definições dos entrevistados

LIXO é ...

Page 12: Descarte de Resíduos Sólidos

Resíduos sólidos - percepções

1) Cascas de frutas, legumes e verduras, restos de alimentos, papel higiênico, ou seja, são esses os tipos de resíduos que aparecem em primeiro lugar de forma espontânea. Em alguns casos, é a própria definição do que é lixo.

2) Embalagens de comida, tais como bandejas de isopor e embalagens de congelados pronto para consumo são lembradas na sequência. Possivelmente porque ficam impregnadas de restos de alimentos.

3) Vidros e garrafas PET, também são mencionados de forma espontânea.

A primeira coisa mencionada quando se pergunta qual o tipo de lixo produzido na residência é o

lixo produzido no ambiente da cozinha. A ideia de lixo está relacionada à impureza e à matéria

orgânica que se decompõem e se transformam, sendo prejudiciais à saúde das pessoas.

Page 13: Descarte de Resíduos Sólidos

A citação dos resíduos sólidos descritos acima como lixo é menor nas classes sociais mais baixas e em moradores de favelas.

Por que? A falta de recursos econômicos faz com que os resíduos sólidos se convertam em possibilidade de aumento da renda familiar ou moeda de troca.

Os outros tipos de resíduos sólidos produzidos na residência, tais como embalagem de produtos longa vida,

papel, papelão, pilhas, baterias e latas não são lembrados de forma espontânea.

(...) Juntei, porque eu falei assim: “Ah, esse lixo aqui é

um lixo limpo”. Aí o quê acontece com o lixo limpo?

Você consegue guardar mais tempo, de repente pra

trocar. Entendeu?

Mulher - 50 anos – moradora do Complexo do Alemão (sobre embalagem de desodorante)

(...) mora com o lixo, e recicla, e usa o próprio lixo pra fazer sua

própria casa, pedaços de madeira, de papelão... pra fazer

a sua própria casa. E muitas vezes o lixo do rico veste os

pobres. A camisa, o cobertor, a meia. E assim por diante, então

ele convive muito de perto com o lixo.

Homem - 32 anos – morador de Campo Grande (sobre a

relação dos mais pobres com os resíduos sólidos)

Resíduos sólidos - percepções

Page 14: Descarte de Resíduos Sólidos

Para as famílias cariocas, o correto descarte dos resíduos é muito importante.

65% dos entrevistados na pesquisa quantitativa (parte 1 da pesquisa de

“Percepção do Rio de Janeiro 2013”) atribuíram notas 9 ou 10 para a

importância da coleta seletiva na cidade.

Resíduos sólidos - percepções

Como você classificaria a importância da coleta seletiva de lixo? Considere a escala de 1 a 10,

em que 1 significa NADA IMPORTANTE e 10 significa MUITO IMPORTANTE. / Em seu domicilio, você e

sua família costumam separar o lixo para coleta seletiva? / Por que você e sua família não

costumam separar o lixo? Marque até 3 opções.

* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.

Page 15: Descarte de Resíduos Sólidos

Barreiras para a separação

Os principais entraves apontados pelos interlocutores em relação à separação dos resíduos sólidos são: a falta de tempo (pressa do dia a dia) e a falta de hábito. A correta separação dos resíduos implica em maior gasto de tempo, o que, segundo os interlocutores, se converte

muitas vezes em fator impeditivo. Mesmo aqueles que costumam fazer algum tipo de separação declaram que muitas vezes não conseguem separar tudo e acabam jogando fora o que poderia ser reciclável.

(...) Às vezes eu misturo as coisas... às vezes a cabeça tá tão a mil por

horas, que acabo colocando garrafa no lixo comum, que

ninguém é de ferro né? Ai quando viu... Já foi!

Mulher – 47 anos – moradora do Pechincha

*Esses dados não têm qualquer valor estatístico.

Entre os 13 interlocutores ouvidos nesse estudo, 7 fazem separação constante de algum tipo de resíduo. Dentre eles, 5 também fazem o descarte de forma seletiva, sendo 2 pela Comlurb e o restante vendendo ou trocando.*

Page 16: Descarte de Resíduos Sólidos

Os principais entraves apontados pelos interlocutores em relação à separação dos resíduos sólidos são: a falta de tempo (pressa do dia a dia) e a falta de hábito. O hábito de separar os resíduos não foi passado pelos pais. Para todos, a educação passada através da família é

fundamental. Dessa forma, os hábitos são perpetuados através das gerações.

Na verdade, eu acho que vai muito da criação também, né? Os nossos pais não faziam isso. A gente morou durante um

tempo com uma tia que também não fazia isso, então a gente não lidou com essa

situação, então, por isso, isso não foi tão importante pra gente. Atualmente isso não é

uma coisa que faz parte da nossa vida.

Mulher – 21 anos – moradora da Taquara

Barreiras para a separação

Page 17: Descarte de Resíduos Sólidos

Outros entraves apontados pelos interlocutores que desestimulam a separação: a falta de informação e a

falta de coleta seletiva nas localidades onde residem.

A falta de informação do que fazer com o que é separado, como óleo de cozinha, pilhas, CDs e DVDs, componentes eletrônicos e outros objetos que se convertem mais raramente em resíduos, é considerado um fator de entrave. Outra dúvida se refere à higienização das embalagens antes do descarte seletivo. Os restos de alimentos dentro de embalagens podem

gerar contaminação e mau cheiro enquanto permanecem acondicionados até o momento do descarte.

É que, às vezes, no pique da cozinha, você tem que separar pra não sujar, não ficar com resíduo de comida. Aí fica complicado. Até pra chegar lá na reciclagem, lavar o produto pra poder reciclar... é meio complicado, né? E às vezes... Papelão não tem jeito: molhou, ferrou. Então, assim, no pique do dia, você está atrasada, tem compromisso, (...) acabou misturando o lixo todo.

A falta de coleta pública seletiva é outro fator relevante. Alguns interlocutores não veem sentido em separar os resíduos, pois serão misturados nos caminhões de coleta da Comlurb.

Mulher – 47 anos – moradora do Pechincha

Barreiras para a separação

O prédio em si não separa. A gente só separa o vidro para não machucar o porteiro. (...) Pelo pouco que eu sei, aqui no Rio tem algumas coletas seletivas, em alguns lugares você pode solicitar que venha, mas eu não sei se, de fato, na hora que vai para o lixão geral essa separação é respeitada. Então, me parece uma coisa meio Fake.

Homem – 35 anos – morador da Glória

Page 18: Descarte de Resíduos Sólidos

Barreiras para a separação

Principais motivos para não separar o lixo 2103

Não tem coleta seletiva na minha rua 61%

O lixo será misturado novamente dentro do

caminhão

36%

Não tenho o hábito 32%

Não tenho espaço em casa para separar 24%

Não tenho tempo 16%

Não sei como devo separar o lixo 15% Principais motivos

Pratica a coleta

seletiva?

A pesquisa quantitativa apresentou os principais motivos para as famílias não

separarem o lixo em seu dia a dia, corroborando com os argumentos mencionados

nos 3 slides anteriores.

* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.

Page 19: Descarte de Resíduos Sólidos

Descarte

O descarte do óleo de cozinha separadamente dos outros resíduos é o mais comum dentre os descartes

seletivos.

O óleo de cozinha, geralmente, é armazenado em vidros ou garrafas PET. Na maioria dos casos, o descarte é realizado em locais onde funcionam ONGs.

• Foi citado por uma interlocutora o caso em que o óleo foi trocado em uma escola da rede estadual de ensino e se converteu em combustível destinado ao transporte dos estudantes em viagem para a Argentina.

• Outra interlocutora, residente em uma favela, armazena e guarda o óleo de cozinha junto com outros vizinhos. Quando alcançam 60 litros, acionam um vendedor de produtos de limpeza que troca o óleo usado por produtos.

• Outras pessoas que armazenam o óleo de cozinha em garrafas, acabam por descartá-lo no lixo comum. Porém, dessa forma, não sujam as lixeiras da casa ou do prédio.

Armazenamento de óleo de cozinha usado, em diferentes residências visitadas na pesquisa:

Page 20: Descarte de Resíduos Sólidos

Porém… A maior parte dos entrevistados costuma descartar junto

com o lixo comum, sem qualquer tipo de separação.

Alguns guardam por um tempo, mas acabam desistindo quando não encontram o local apropriado para jogar fora.

Somente aqueles que estão mais envolvidos com a separação dos resíduos guardam até encontrar um local apropriado para o descarte.

O mesmo destino das pilhas é dado a outros objetos como baterias, CDs e DVDs.

Descarte de pilhas: existe a percepção, ainda que pequena, que a pilha não deve ser descartada misturada

com outros resíduos.

Não jogo no lixo... estou procurando lugares para descartar (...) Estou com as pilhas e baterias., celular antigo... Eu tenho duas baterias que já estão

“mixando”. Eu estou com medo.. Sei lá, de estourar (...) Não tem muito ponto

pra descartar.

Mulher – 35 anos –moradora de Manguinhos

Descarte

Page 21: Descarte de Resíduos Sólidos

Vidros: são enrolados em papel e acondicionados em sacolas

individuais para evitar acidentes. Depois se misturam aos outros

resíduos.

Produtos em embalagem longa vida: confusão, não sabem se as

embalagens só poderão ser reutilizadas se forem higienizadas

antes do descarte.

Outros resíduos: latas de alumínio, metal em geral, papel, papelão,

roupas velhas e embalagens plásticas de produtos de limpeza e de

alimentos são descartados junto com o lixo orgânico para aqueles

que não possuem nenhum tipo de coleta seletiva.

Fezes de animais domésticos: são separadas em uma sacola

plástica e descartadas junto ao lixo comum.

Roupas descartadas junto com restos de alimentos.

Saco separado com as fezes de animais.

Descarte

Page 22: Descarte de Resíduos Sólidos

Foi percebido que a questão dos resíduos é relevante enquanto o lixo encontra-se na residência ou em suas imediações. Uma vez descartado, não se pensa mais nele.

Lixeira fora da parte interna da casa

(1) congelar restos de comida e descartar congelado,

evitando o mau cheiro e a atração de animais entre o

tempo que o lixo orgânico permanece no quintal até ser

recolhido pela Comlurb.

(2) Mesmo não separando resíduos orgânicos de

resíduos sólidos na hora do descarte, um dos

interlocutores lava as embalagens de comida para

retirar restos de alimentos, evitando atrair insetos e

roedores para dentro de casa.

Táticas do dia a dia:

Descarte

Page 23: Descarte de Resíduos Sólidos

Formas de armazenamento de resíduos sólidos destinados à coleta seletiva ou reutilização do lixo: (imagens da casa dos entrevistados)

Separação de vidros e garrafas para coleta seletiva.

Separação de papel , papelão e embalagem longa vida higienizada.

Resíduos de plástico separados para troca por artesanato produzido através de

material reciclado em ONG no Complexo do Alemão.

Descarte

Page 24: Descarte de Resíduos Sólidos

Formas de armazenamento de resíduos sólidos destinados à coleta seletiva ou reutilização do lixo: (imagens da casa dos entrevistados)

Aproveitamento de restos de alimentos para adubar plantas.

Armazenamento de resíduo sólido para a venda.

Papelão e latas acondicionados em saco próprio para resíduos.

Descarte

Page 25: Descarte de Resíduos Sólidos

Percepções sobre resíduos sólidos

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Page 26: Descarte de Resíduos Sólidos

A preocupação com a redução da produção de resíduos sólidos através da escolha de produtos com embalagens mais corretas do ponto de vista ecológico não está presente no imaginário das pessoas.

Sacolas plásticas: são insubstituíveis. Apesar da aprovação do uso de ecobags, resistentes e bonitas, o uso das sacolas plásticas faz parte do ritual de higiene nas residências. Sem elas, as pessoas se sentem lesadas, pois teriam que dispender dinheiro para a compra de sacos plásticos de lixo.

Locais limpos e organizados induzem ao comportamento coletivo. Ou seja, é mais fácil jogar lixo na rua quando ela já está suja do que em locais muito limpos.

Maior percepção de sujeira nas ruas dos subúrbios tem origem no descaso das autoridades:

Análise*

Zona Norte e

Oeste

Percepção dos

entrevistados:

descaso das

autoridades

Comportamento: não se

importam em manter

limpo

Percepção dos entrevistados em relação às lixeiras nas ruas: são poucas e o formato delas é ruim

Maior concentração no Centro, Zona Sul e Barra

Não são higienizadas e não recebem manutenção

Possuem a abertura estreita

Estão sempre cheias de lixo *Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.

Page 27: Descarte de Resíduos Sólidos

A preocupação, no momento da compra (qualquer tipo de produto), em relação ao descarte da embalagem após uso não

foi evidenciada por nenhum dos interlocutores desse estudo. Quando questionados sobre o que levam em consideração ao

escolher os produtos:

MARCA CONFIÁVEL

QUALIDADE PREÇO

Mesmo estimulados, apenas alguns interlocutores demonstraram alguma apreensão em relação às embalagens. Porém, essa preocupação não impede a compra.

Espontaneamente ...

(...) a comida semipronta, ela vem com duas embalagens ou mais, né? Porque ela precisa sair praticamente

fechada. (...) Eu acho que tem exagero na embalagem, embora eu ache necessário pra não haver contaminação

(...) então eu fico pensando quando olho, “Pô, quanto lixo, cara!”.

Mulher - 47 anos – moradora do Pechincha.

Estimulados ...

Eu prefiro até um pote de plástico, porque não tem risco de cair e quebrar (...) para transportar aquilo tudo, pode

ser que tenha algum impacto e quebrar, então.... até prefiro potes de plástico.

Mulher - 35 anos – moradora de Manguinhos.

Embalagens

Page 28: Descarte de Resíduos Sólidos

A principal característica das ecobags é a resistência e não a função ecológica. De qualquer forma, não substituem as

sacolas plásticas oferecidas pelos supermercados.

Sacolas plásticas

Ecobags X Sacolas plásticas

Ecobags: a maioria possui, mas acaba esquecendo de usar.

A maioria não gostaria que as sacolas plásticas deixassem de ser oferecidas nos locais de compra.

Afirmam que se as sacolas plástica deixassem de existir, comprariam sacos de lixo plásticos para acondicionar os

resíduos, não reduzindo o impacto do plástico na natureza.

A dinâmica de se desfazer do lixo várias vezes por dia estimula o uso das sacolas plásticas.

Page 29: Descarte de Resíduos Sólidos

Mulher - 21 anos – moradora da Taquara.

Mulher - 26 anos – moradora das Laranjeiras.

Eu tenho algumas ecobags (...) já usei mais na mala do carro e tal, e hoje nem tanto. Eu, usando saco de mercado, uso como saco de lixo. Não utilizando as sacolas (plásticas) eu tenho que comprar uns sacos de lixo no mercado. Vou estar consumindo plástico do mesmo jeito.

É uma preocupação, mas não uma coisa que se tornou um hábito... mas tenho sempre dentro do carro. Eu me lembro que quando eu era criança, as pessoas tinham o hábito de ficar andando com o carrinho quando iam fazer compra. Acho que isso é uma questão mesmo de hábito.

(...) é que o saco plástico, no caso, demora para se decompor, então, de certa forma a gente não vai estar utilizando o saco plástico. Isso vai trazer benefício ao meio ambiente. O ponto negativo é que vai fazer falta (sacolas plásticas), porque a gente vai ter que comprar aqueles saquinhos de lixo. Enfim, vai complicar um pouquinho mais, vai fazer a gente mudar um hábito que já está aí há muitos anos.

Homem - 32 anos – morador de Campo Grande.

(...) eu até falo: “eu tenho que andar com uma sacola (ecobag) dessas dentro da bolsa”, mas acabo esquecendo. Porque eu já comprei em vários mercados essa sacola. Só que agora, eu não sei, acho que o negócio não estava fluindo muito. Eu gosto dessas sacolas, eu tenho até umas aí guardadas. Eu acho que suporta melhor o peso das compras. Um dia, quando eles resolverem não oferecer mais pra gente (sacolas plásticas), a gente vai ser obrigada a comprar... Até porque aqui em casa eu não junto muito lixo. A sacolinha (plástica) dá bem!

Mulher - 53 anos – moradora da Pavuna.

Sacolas plásticas

Page 30: Descarte de Resíduos Sólidos

Lixo na rua

Todos os interlocutores afirmaram que não costumam descartar resíduos sólidos nas ruas.

Todos declararam ficar indignados quando presenciam esse tipo de comportamento

Outros acreditam que quanto mais próximo do lixo você vive, mais você se acostuma com a presença dele.

A maioria percebe a falta de lixeiras públicas espalhadas pela cidade. E essa situação piora nos bairros das

Zonas Norte e Oeste. A lógica apontada pelos entrevistados é:

quanto mais pobre a região, maior o descaso do poder público e,

consequentemente, menor atenção à questão do lixo nas ruas pela

população.

Alguns associam esse tipo de comportamento à falta de civilidade.

Noção de público e privado é diferente nas zonas mais ricas e mais pobres da cidade. É lembrado que muita gente trata a questão do lixo de forma diferente na residência e na rua. *

*Interpretação a partir dos discursos dos

entrevistados.

Page 31: Descarte de Resíduos Sólidos

Lixo na rua

Parte dos interlocutores acredita que o hábito de jogar lixo na rua está relacionado com a falta de educação das pessoas.

1) Parte dos interlocutores acredita que quanto maior o nível de educação formal, mais “civilizado” é o comportamento em relação ao descarte de resíduos.

Mulher - 47 anos – moradora do Pechincha

Mulher - 35 anos – moradora de Bangu

É falta de civilidade jogar lixo no chão, pela janela do carro, sujar as ruas. Isso aí é completa falta de civilidade, de educação do

povo que joga lixo na rua, é um povo muito pouco evoluído.

Homem - 32 anos – morador de Campo Grande

Eu acho que a classe rica, ela tem mais cultura com as coisas de limpeza. Todo mundo tem, tipo assim, o canto certo de colocar os lixos e tem muitas pessoas que respeitam. Já na

favela onde eu moro, aqui na Rocinha, (...) a pessoa não tem cultura, chega e deixa o lixo em qualquer lugar e não separa.

(...) Porque eu já vi pessoas com carros luxuosíssimos jogando lixo pela janela. Então, você não compra uma educação

pelo seu dinheiro, isso vem de berço.

Homem - 38 anos – morador da Rocinha

2) Para outro grupo, a educação que influencia em jogar lixo nas ruas é a educação que vem do “berço”.

Acho que o pai e a mãe fizeram isso, acham que é normal fazer isso. E,

tipo, “se alguém encrencar comigo, está mexendo com os meus valores”

(...) É questão de educação.

Page 32: Descarte de Resíduos Sólidos

A falta de educação, bem como a falta de lixeiras e de garis já havia sido comprovada na parte 1

(quantitativa) da Pesquisa de Percepção do Rio 2013.

Principais motivos 2013

As pessoas são mal-educadas 77%

Não há lixeiras suficientes 28%

Não há garis para varrer as ruas

regularmente

25%

Não fazem coleta de lixo com frequência

adequada

11%

Dentre os 16% que afirmaram que o

serviço de limpeza urbana piorou

nos últimos 12 meses, 77% acham

que a falta de educação é um dos

principais motivos, seguido da falta

de lixeiras e de garis.

Em relação à limpeza urbana da cidade e do seu bairro, você diria que melhorou, permaneceu igual ou piorou no último ano? / Qual o principal motivo que você atribui para as ruas ficarem sujas?

Lixo na rua

* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.

Page 33: Descarte de Resíduos Sólidos

Lixo na rua

Por que alguns acreditam que classe social influencia o comportamento em relação ao descarte inapropriado de lixo em

lugares públicos?

*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.

Existe a percepção, entre os entrevistados, de que os bairros “nobres” da cidade recebem mais investimentos em

conservação e limpeza das ruas. O lugar limpo e organizado induz a um comportamento coletivo mais consciente em

relação ao descarte inapropriado de lixo na rua. *

Alguns entrevistados acreditam que o meio onde a pessoa vive induz ao comportamento negativo. Ou seja, quanto

mais sujo for o lugar de moradia ou passagem, maior a chance de alguém jogar lixo nas ruas. *

Eu acho que, às vezes, não tem nem a ver com a classe social. Acho que a própria

prefeitura já trata com diferença. Por que nos bairros que tem uma classe social mais alta tem que ser tudo impecável. Já nos bairros

mais pobres, pode ser de qualquer jeito. (...) Por exemplo, você vai lá na baixada e você vê

lixo na rua o tempo todo. Já aqui na Tijuca você não vê tanto lixo na rua. (...) em comunidades carentes,

a pessoa convive com o lixo com mais facilidade, né? Começa a andar descalço em

cima do próprio lixo (...), a pessoa já não sente o cheiro, já não vê estranheza, já não

vê feiura, pois mora com o lixo (...).

Homem - 32 anos – morador de Campo Grande

Mulher - 35 anos – moradora da Tijuca

O rico, ele não faz isso, ele num pega o sofá dele e joga lá em qualquer lugar, ele não faz isso. Quando ele vai desfazer daquele

sofá, já tem uma pessoa ali já querendo aquele sofá, que ele vai dar, né? Agora o pobre não, ele vai jogar lá, que ele não vai usar mais, ai

não tem como aproveitar, ai é prático pegar e jogar lá no quintal.

Mulher - 55 anos – moradora de Jacarepaguá

Page 34: Descarte de Resíduos Sólidos

Apesar das entrevistas mostrarem que os cariocas das Zonas Norte e Oeste acham que existe

um tratamento diferente no Centro e na Zona Sul (melhores serviços de coleta e limpeza

urbana), os moradores dessas áreas não concordam. Na pesquisa quantitativa mostrou-se que

os maiores índices de insatisfação com a limpeza urbana ocorrem na AP2 (Zona Sul e Tijuca).

Principais motivos 2013

As pessoas são mal-educadas 42%

Não há lixeiras suficientes 52%

Não há garis para varrer as ruas

regularmente

41%

Não fazem coleta de lixo com frequência

adequada

11%

Em relação à limpeza urbana da cidade e do seu bairro, você diria que melhorou, permaneceu igual ou piorou no último ano? / Qual o principal motivo que você atribui para as ruas ficarem sujas?

Lixo na rua

% Piorou ou

Piorou muito

AP1

(Centro)

AP2 (Zona

Sul e

Tijuca)

AP3 (Zona

Norte)

AP4 (Barra /

Jacarepaguá)

AP5 (Zona

Oeste)

% 26% 24% 13% 12% 14%

Para os moradores da AP2, a

falta de lixeiras é mais grave

do que a falta de educação

da população.

* Pesquisa quantitativa com 1.521 moradores do Rio de Janeiro realizada pelo Rio Como Vamos e M.Sense em junho de 2013.

Page 35: Descarte de Resíduos Sólidos

Lixo na rua

Para os interlocutores, o problema do lixo nas ruas da cidade está muito mais conectado à ideia de higiene do que a uma

questão ecológica.

Resíduos sólidos nas ruas: entopem os bueiros e causam enchentes; atraem roedores e insetos; remetem à ideia de pobreza e abandono.

O problema de lixo nas ruas também está conectado com a forma de diferenciação entre o público e o privado,

resultado da fraca incorporação dos valores sociais ligados ao coletivo. *

Os brasileiros são muito higiênicos dentro de casa. A percepção que eu tenho é que, dentro da residência, a gente tem o critério elevado quanto à higiene, à separação de lixo e isso não se estende à rua. Acho que é mais essa

falta de percepção de que o lado externo também é nossa residência.

A favela tende a ser um ambiente muito sujo, como um todo. Ela não tem preocupação

nenhuma. Acho que, não só o lixo, mas como toda a prestação de serviço público, ela tende

a ser mais presente nas classes mais favorecidas.

Mulher - 26 anos – moradora das Laranjeiras *Interpretação a partir dos discursos dos

entrevistados.

Page 36: Descarte de Resíduos Sólidos

Lixo na rua

Existe ainda a ideia, entre as pessoas das classes mais baixas, de que se a população parar de jogar lixo nas ruas, os garis

deixam de ser necessários e podem perder o emprego.

Eu acho que é porque as pessoas não se conscientizam de que o lixo faz mal. Que ela pensa que se ela não jogar o lixo ali, o gari comunitário não vai ter emprego. O gari, que faz o trabalho na rua, que limpa a rua, ele vai ficar sem emprego, ele vai ficar desempregado.

Mulher - 50 anos – moradora do Complexo do Alemão.

Page 37: Descarte de Resíduos Sólidos

Lixeiras seletivas em locais públicos

Segundo os interlocutores, existem poucas lixeiras desse tipo espalhadas pela cidade. Quando existem, estão localizadas no Centro ou em bairros da Zona

Sul da cidade.

As lixeiras seletivas em locais públicos são consideradas de fácil compreensão pelos entrevistados.

É de vidro, mas e a parte de metal?

No entanto, existem dúvidas sobre a lixeira correta para alguns tipos de materiais ou mistura de materiais.

Copos de papel, molhados por líquidos, jogo na lixeira de papel?

Pacote de biscoite é para jogar na lixeira para plástico, papel ou metal?

Às vezes eu me confundo: “o que eu tenho que colocar em qual lixeira?”. Por exemplo, que tipo de papel? Às vezes, é um papel que tem laminado junto com papel ou, às vezes, tem materiais duplos, que tem papel e plástico juntos. Não sei se é pra separar, quer dizer, algumas vezes não dá nem pra separar porque é um troço só. Ai eu fico confuso e acabo jogando na lixeira normal.

Home - 35 anos – Morador da Glória

Page 38: Descarte de Resíduos Sólidos

Lixeiras em locais públicos

Percepções comuns aos entrevistados:

Estão presentes em maior número no Centro, em bairros da Zona Sul ou na Barra.

Possuem abertura estreita que dificulta o depósito de resíduos maiores.

Não é difícil encontrar lixeiras abarrotadas de lixo.

Não recebem manutenção, não são lavadas ou higienizadas periodicamente. Estão sempre sujas, impregnadas

de matéria orgânica

Lixeiras públicas comuns: além de percebidas em número insuficiente, são consideradas pequenas, pouco práticas e não recebem manutenção constante.

Page 39: Descarte de Resíduos Sólidos

Responsabilidades

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Page 40: Descarte de Resíduos Sólidos

Governo, empresas e sociedade possuem responsabilidades no descarte correto dos resíduos. Porém, o governo é o

ponto de partida e o que pode mover os outros dois lados.

Análise*

O poder público tem que fazer a parte dele para que as empresas e a sociedade se mobilizem.

Para a sociedade, é importante que o governo:

Melhore a educação formal (nas escolas) e projetos educativos

Faça propaganda informando o que é correto usando mídias de massa

Melhore a coleta seletiva abrangendo todas as regiões da cidade

Para as empresas cumprirem seu papel, é importante que o governo:

Fiscalize e puna os infratores

*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.

Page 41: Descarte de Resíduos Sólidos

O termo educação ambiental é familiar às pessoas. Mesmo aqueles que possuem baixo grau de escolaridade associam a

palavra educação com aprender e a palavra ambiental com proteção ao meio ambiente.

As pessoas se sentem desinformadas sobre as práticas corretas de descarte de resíduos. Gostariam de receber mais

informação de forma objetiva, principalmente através da mídia televisiva ou mídias de massa.

Existe a percepção de que as regiões da cidade recebem tratamento diferenciado do poder público em relação à coleta de

lixo e à limpeza urbana. Parte dos entrevistados acredita que se todos fossem tratados da mesma forma, a situação

(educação, conservação das ruas e hábitos de separação dos resíduos) entre as regiões seria mais igualitária.

Todos (governo, empresas e sociedade) possuem responsabilidades no descarte correto e na proteção ao meio ambiente,

porém o poder público tem a maior parcela. Empresas e sociedade só se mobilizarão a partir do incentivo do governo,

seja através de multas e fiscalização ou projetos de educação.

Análise*

*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.

Page 42: Descarte de Resíduos Sólidos

Os especialistas ressaltaram a importância das novas leis que tratam do descarte dos resíduos sólidos. Porém, o baixo percentual

de coleta seletiva nas grandes cidades e a falta de alinhamento entre as esferas federais, estaduais e municipais são os maiores

entraves para que as novas regras entrem em prática.

Outras cidades do país encontram-se em vantagem ao Rio de Janeiro no tratamento de resíduos sólidos (principalmente as

capitais do Sul do Brasil). Por ter sediado eventos importantes sobre meio ambiente e os grandes eventos esportivos que

ocorrerão em 2014 e 2016, o Rio de Janeiro tem discutido a questão do lixo com maior intensidade que outras cidades.

A conscientização da população parece ser um fator positivo para toda a sociedade com exceção dos catadores de lixo. Eles já

percebem uma redução no descarte de lixo reciclável junto com o lixo comum. Isso afeta diretamente sua fonte de renda.

Outro fator levantado pelos catadores é que a conscientização, o conhecimento sobre reciclagem e programas de benefícios na

entrega de resíduos fizeram aumentar o número de pessoas que catam resíduos nas ruas, principalmente latinhas.

Não foi percebido um movimento de mudança, profissionalização ou de se associar à instituições pelos catadores entrevistados.

Mesmo com o aumento no números de pessoas catando e na redução dos resíduos disponíveis, eles continuarão com as mesmas

práticas.

Análise*

*Interpretação a partir dos discursos dos entrevistados.

Page 43: Descarte de Resíduos Sólidos

Educação ambiental – nem todos os interlocutores souberam dizer o que significa, principalmente aqueles com menor escolaridade.

Mulher - 21 anos – moradora da Taquara

Acho que tem que partir da gente mesmo, educar o outro! Entendeu? Eu, fazendo a

minha parte, tentando pelo menos fazer.... Pelo menos não jogando o bendito do lixo na

rua, eu acho que é uma forma de estar educando.

Mulher - 53 anos – moradora da Pavuna

Eu acho que é o processo de ensino. (...) , sobre como separar o lixo na sua casa, se você não fizer, o que vai

acontecer com o meio ambiente? Acho que todo mundo tem que saber, mas depois do ensino fundamental, se

isso não ficar na nossa cabeça, se não houver uma fiscalização, a gente acaba deixando de lado, entendeu? Então eu acho que ela é fundamental, ela é importante não só no início da vida, mas ao longo dela, entendeu?

Educação ambiental

Para os entrevistados, é através da educação

ambiental que se aprende a cuidar do meio

ambiente de forma responsável, podendo

deixar um legado para as gerações futuras.

Page 44: Descarte de Resíduos Sólidos

Responsabilidades

Segundo os entrevistados, o poder público deve:

fornecer educação de qualidade para que as pessoas tenham mais consciência sobre a questão;

informar melhor aos cidadãos através de projetos educativos voltados especificamente para essa questão;

fazer mais propagandas em mídias de massa chamando as pessoas à conscientização sobre o problema;

legislar de forma mais efetiva, não só através da criação de leis, mas também, cobrando efetivamente quem

descumpre a lei: empresas e cidadãos;

disponibilizar um serviço de coleta seletiva que abranja todas as regiões da cidade;

cumprir o seu papel, oferecendo uma prestação de serviço de limpeza igualitária entre todas as regiões da cidade.

O principal responsável pela resolução da questão dos resíduos sólidos, na opinião dos entrevistados, é o poder público. As empresas e os cidadãos teriam menor responsabilidade.

Page 45: Descarte de Resíduos Sólidos

Responsabilidades

Devem ser responsabilizadas pelos resíduos que serão gerados a partir do consumo dos produtos que produzem (logística reversa).

As empresas e os cidadãos, cada um deve fazer a sua parte.

Cada um deve fazer a sua parte: separando os resíduos sólidos antes do descarte; não descartando nos espaços públicos e pensando e praticando um consumo mais consciente, evitando produtos com curto período de obsolescência.

O que só será possível com uma atuação mais eficaz do poder público, não só em fiscalizar efetivamente, mas

principalmente, através da educação e da informação.

As empresas ... Os cidadãos ...

Page 46: Descarte de Resíduos Sólidos

Responsabilidades

(...) a coleta da pilha, o poder público não precisa estar em

cima da empresa. Ela não sabe a responsabilidade que ela tem?

Então ela assuma.

Mulher - 47 anos – moradora do Pechincha

Mulher - 21 anos – moradora da Taquara

Mulher - 35 anos – moradora de Bangu

E esse primeiro passo, ele tem que ser dado pelo governo, porque dessa forma, eles vão impelir a sociedade a mudar de hábito. (...)

Por exemplo, na lei seca, eles não fizeram a lei seca? Eles não multam, não pegam quase 2mil reais pra quem for pego dirigindo alcoolizado? Porque eles não multam também quem jogar

lixo no chão e for visto? Porque eles não multam os condomínios que não possuem

coleta seletiva?

Porque eles (poder público) não ficam no pé das empresas responsáveis pela

coleta para elas serem mais responsáveis, pra haver um maior

investimento e pra que todos os lugares sejam alcançados de forma igual? Porque tem que haver equilíbrio.

Investir em coleta seletiva, campanhas de esclarecimento... O poder público ele tem

que atuar junto a saúde e à educação. E ele não está fazendo isso! Na hora que tem

enchente ele diz: “Ah, porque a população jogou lixo”, mas você fez campanha

suficiente?

(...) se não tiver coleta na minha casa, eu vou jogar o lixo onde? (...) tem que ter uma parceria, mas tem

que vir de cima pra baixo: o governo dando incentivo, as

empresas colaboram e a sociedade faz a parte dela.

Mulher - 48 anos – moradora de Campo Grande

As empresas deveriam fazer embalagens, que vão virar lixo no futuro, recicláveis.

Por exemplo, a embalagem de óleo é tudo de plástico, acho que as empresas

deveriam mudar isso. Os pacotes de açúcar, de farinha, é tudo saco plástico e

eu acho que não deveria ser saco plástico, deveria ser tudo saco de papel.

Mulher - 35 anos – moradora da Tijuca

Page 47: Descarte de Resíduos Sólidos

Campanhas lembradas pelos entrevistados:

Comercial de rádio: um rap cantado por Martinho da Vila

para uma campanha da CEDAE

“Se liga

Se usar fio dental depois de uma feijoada

Jogue o lixo na lixeira

E não dentro da privada”.

Comercial Coca-Cola: Reciclar Positivamente Rock in Rio

2011.

Campanha do Sujismundo da década de 1970

Campanhas da Natura e do sabão Ipê sobre a preservação

do meio ambiente.

(...) Porque eu achei saudável mostrar a pessoa de uma forma digna,

desmistificando. Tirar essa ideia de que quem está coletando lixo é uma pessoa suja, que não tem cultura, que não tem

outra opção na vida.

Mulher - 26 anos – moradora de Laranjeiras (sobre o comercial da Coca-Cola com catadores de lixo)

Olha só, eu lembro quando eu era pequena, que tinha a propaganda do “Sujismundo”. Que ele criticava as pessoas que jogavam lixo na rua. (...) Ah, era um

bonequinho andando na rua... cheio de mosquito ... A cabeça cheia de mosquito e falando, todo sujo, falando para as pessoas não jogarem lixo na rua. Eu acho que

deveria voltar... Marcou a minha infância. E eu sempre tive esses cuidados de não jogar lixo na rua... ele [o

comercial] ajudou.

Mulher - 52 anos – moradora de Campo Grande

Campanhas

Page 48: Descarte de Resíduos Sólidos

Manaus, Blumenau, Porto Alegre, Curitiba e Florianópolis podem servir de modelos de implementação para outras

cidades brasileiras, inclusive o Rio de Janeiro.

A campanha do Governo Federal intitulada “Saco é um saco” para divulgar a lei das sacolas plásticas teve um início

muito promissor, mas não teve continuidade. A própria lei sucumbiu às pressões da iniciativa privada.

As iniciativas de alguns grupos privados são positivas, como um banco que recebe o descarte de pilhas e uma cadeira

de lojas de departamento que recebe aparelhos celulares para a reciclagem.

Segundo os especialistas entrevistados, as campanhas de conscientização sobre resíduos no Brasil não são continuadas. Sem a continuidade não se muda o comportamento das pessoas.

Campanhas

Page 49: Descarte de Resíduos Sólidos

Campanhas

Em substituição às campanhas não duradouras, os especialistas recomendam o investimento em educação para introduzir o hábito da separação dos resíduos.

A educação é um processo geracional, uma coisa que eu

acredito firmemente. Então, sempre que eu trabalho, eu penso que estou

educando, que eu estou jogando uma semente pra daqui a 20 anos.

É educação e é educação na escola! Eu, como professora, é meu espaço, é meu

lobby!

Você vai à Europa, você não vê educação ambiental. Não existe educação ambiental. É igual a informática,

antigamente as pessoas tinham aula de informática, agora não têm isso. Você sabe usar o computador. Eu

acho que é a mesma coisa. Eu acho que vai chegar num ponto que a gente não vai ter aula de educação

ambiental. As pessoas já vão ser educadas desde pequenas, e vão saber aquilo ali. Então é uma mudança de cunho mais conceitual, talvez política de gestão, que vai naturalmente com que as pessoas estejam sabendo

mais para buscar seus direitos.

Page 50: Descarte de Resíduos Sólidos

Campanhas

Iniciativas positivas mencionadas pelos especialistas:

Dentre as iniciativas apontadas pelos especialistas, a ONG DOE SEU LIXO foi a

mais elogiada pela sua simplicidade e funcionalidade.

O trabalho informativo da revista Envolverde

O trabalho da empresa VideVerde de compostagem de resíduos orgânicos

A ONG CDI, que através do trabalho de inclusão digital, evita que muitos

computadores se tornem lixo eletrônico.

O Lixometro implantado pela prefeitura, mas que não foi continuado.

Os Ecopontos do Rio de Janeiro.

Page 51: Descarte de Resíduos Sólidos

Futuro

Não há uma preocupação explícita com o futuro.

Os impactos do acúmulo dos resíduos sólidos no meio ambiente e

nos problemas cotidianos não são preocupações presentes no dia

a dia dos entrevistados.

Não se vive hoje a escassez de recursos e nem se acredita em

previsões catastróficas para os próximos anos.

A população acredita que essa será uma preocupação das

futuras gerações.

As futuras gerações saberão lidar com a questão porque hoje

aprendem na escola (educação).

As futuras gerações estão crescendo ouvindo cotidianamente

sobre a questão na mídia.

Porque eu não acredito que as coisas vão se acabar, que as pessoas falam “Não, que daqui a pouco vai acabar tudo”. Não, eu não tenho essa

ilusão de que a gente vai zerar, entendeu? Não acredito nisso, mas eu acredito que vai haver uma escassez desnecessária, porque a

gente está no egoísmo de não pensar pra frente. (...) antes quando eu era criança, eu tinha o

entendimento que o mundo ia acabar no ano 2000.

Mulher - 50 anos – moradora do Complexo do Alemão

Page 52: Descarte de Resíduos Sólidos

O principal avanço apontado pelos especialistas em resíduos foi a aprovação da PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos em 2010.

Fechamento de todos os “lixões” do país até 2014

Os lixões serão substituídos por aterros sanitários ou CTR - Centros de Tratamento de Resíduos

O que ela tem de mais positivo:

Futuro

Page 53: Descarte de Resíduos Sólidos

A quantidade de resíduos produzidos em um país emergente é muito menor do que nos países desenvolvidos, mesmo com o

aumento do consumo pela chamada “nova classe média”.

Em relação a outros países emergentes, como a China, o Brasil possui uma legislação mais completa.

A discussão sobre a PNRS fez com que as pessoas passassem a pensar mais sobre a questão.

O fato do Brasil e, particularmente, a cidade do Rio de Janeiro ter sediado eventos relacionados ao meio ambiente aproxima o

país e a cidade da questão.

A atenção aos problemas de infraestrutura dos depósitos de resíduos

faz parte da preparação e planejamento para os grandes eventos

que a cidade do Rio de Janeiro irá sediar (principalmente a

Copa do Mundo e as Olímpiadas)

A não adoção do método de incineração de resíduos, por

motivo de elevado custo e exigência de instalação de filtros adequados.

O que temos a nosso favor ...

Porque existe um interesse também da prefeitura, dos governadores, que isso seja feito. E no Rio existe

uma pressão muito grande, com relação a esses encerramentos dos lixões, não é? Principalmente

pelos eventos, principalmente por toda visibilidade que tem, acho que é uma particularidade que a gente

tem que é muito interessante, positiva.

Segundo os especialistas, a LNRS – Lei Nacional de Resíduos Sólidos, em termos de legislação, está à frente de outros países.

Especialistas Resíduos sólidos no Brasil

Page 54: Descarte de Resíduos Sólidos

Não existe coleta seletiva na grande maioria dos

municípios brasileiros, isso gera um contrassenso.

A falta de coleta seletiva encurta o tempo de vida

útil tanto dos aterros sanitários como dos Centros

de Tratamento de Resíduos.

A crítica comum a todos os especialistas ouvidos é a falta de estrutura no país para suportar a LNRS.

Fatores que inviabilizam a LNRS na prática :

Entraves burocráticos: os planos de coleta, de

uma forma geral, pertencem aos governos

municipais, enquanto a política é feita pela esfera

Federal.

Os entraves no repasse de verbas federais para os

municípios para a implementação de Centros de

Tratamento de Resíduos e para a execução de

projeto destinados às cooperativas de catadores.

Especialistas Resíduos sólidos no Brasil

Page 55: Descarte de Resíduos Sólidos

Especialistas Resíduos sólidos no Brasil

O principal entrave da cidade do Rio de Janeiro é o baixíssimo nível de operação de coleta seletiva:

Apesar da coleta seletiva estar presente em muitos bairros da cidade, a cobertura é parcial e a maioria das ruas não

são atendidas por este serviço.

Um percentual muito baixo de resíduos recicláveis está sendo destinado corretamente na cidade. A previsão da Comlurb é de atingir volumes maiores até o final do ano e crescer ainda mais até meados de 2014.

A forma que o cidadão encontra de descartar os resíduos recicláveis de forma correta está fracionada pela cidade, fator que explicaria a baixa adesão das pessoas a esses hábitos: pilha em banco, óleo em algumas escolas, bateria de celular em lojas, etc.

O Rio de Janeiro, segundo os especialistas, se encontra bem atrás de Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e São Paulo na questão da gestão dos resíduos sólidos.

Page 56: Descarte de Resíduos Sólidos

Especialistas - Catadores Resíduos sólidos no Brasil

Entre os catadores, tanto de latinhas de alumínio, quanto de papel e papelão, é clara a noção de que os resíduos sólidos são fontes de sustento e não lixo.

Isso aqui (latinha de alumínio) não é lixo, não! Você que está falando que é lixo, isso aqui não é lixo!

Catador de latas e alumínio

Três fatores norteiam a escolha do material a ser recolhido pelos catadores: - Preço de venda - Disponibilidade do material nas ruas e no lixo doméstico - Volume do material coletado (para o papelão, por exemplo, é necessário usar um carrinho)

Latinha X Papelão

Papelão o preço é baixo, R$ 0,15 o quilo, e para você levar é um peso! Isso pra chegar e ganhar R$ 3,00. Daí é melhor catar latinha!

É o que aparece mais. Alumínio é difícil aparecer, papelão aparece toda hora.

Catador de latas e alumínio

Catador de papelão, morador de Caxias, trabalha na região do Centro e Tijuca

Page 57: Descarte de Resíduos Sólidos

Especialistas - Catadores Resíduos sólidos no Brasil

As pessoas separam mais e isso afeta a gente. Por que, antes, ninguém sabia o que era reciclagem, depois, começaram a falar e tem muita gente que está reciclando e está ficando mais fraco para a gente. Catador de papelão, morador de Caxias,

trabalha na região do Centro e Tijuca

A maior conscientização da população sobre reciclagem é vista como uma ameaça, pois a coleta seletiva da Comlurb ou de outras instituições e cooperativas reduzem a quantidade de resíduos que podem ser reciclados no lixo comum (onde atuam). Essa é uma preocupação entre os 2 catadores entrevistados e já existe a percepção de que o material que pode ser reciclado no lixo comum está diminuindo a cada dia.

Do jeito que tem um monte de catador, eu acho que no futuro eu vou encontrar menos latas.

O conhecimento sobre reciclagem também faz com que apareçam novos catadores (“profissionais” ou pessoas que fazem para complementar a renda). O aumento do número de pessoas catando o lixo reciclável é outra ameaça ao trabalho dos catadores.

Eu não cato por que eu quero catar, eu cato por necessidade. Além da gente, que cata por necessidade, um monte de gente está passando a catar. Tem os camelôs, o próprio pessoal da COMLURB, trocadores de ônibus!

Catador de latas e alumínio

Page 58: Descarte de Resíduos Sólidos

Conclusões e Recomendações

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Page 59: Descarte de Resíduos Sólidos

As pessoas estão carentes de informações.

Essas informações devem respeitar os diferentes níveis de capital cultural da população do Rio de Janeiro.

Tanto os cidadãos entrevistados como os especialistas acreditam que a educação é a melhor maneira de inserir hábitos

e práticas sustentáveis para as crianças e jovens. Essa nova geração será responsável pela transformação na sociedade.

Além da educação formal (escolas), podem ser realizadas campanhas claras e práticas, preferencialmente através de

mídias de massa.

Os principais entraves para a separação correta dos resíduos é a falta de tempo e hábito, barreiras que demoram para

serem vencidas.

É clara, entre os entrevistados, uma percepção de que a cidade é dividida entre uma área com melhor serviço de coleta

(Centro, Zona Sul e Barra) e uma área com serviço mais precário (Zona Norte e Oeste).

O governo não é o único responsável, mas tem o papel de iniciar a mudança. A percepção do descaso em algumas áreas

da cidade faz com que as pessoas deem menos importância ao descarte correto. Um ciclo vicioso, pois quanto mais lixo

no entorno, menor é a vontade de mudar a situação (as pessoas se acostumam com o problema).

Conclusões

Page 60: Descarte de Resíduos Sólidos

Pesquisa realizada em parceria pela Consumoteca e M.Sense:

Responsável: Bruno Maletta – [email protected] Equipe envolvida no projeto: Eliana Vicente Lídia Canellas Tais Queiroz Natalia Fazzioni Beatriz Brandão Camila Rolim Thais Eletherio Rafael Dyer Paulo Cardoso Karen Costa

Page 61: Descarte de Resíduos Sólidos