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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS TCCG – GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DERMATOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS Mariana Brito Lobo Orientadora: Prof. M.Sc. Alana Flávia Romani JATAÍ 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS JATAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

TCCG – GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

DERMATOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS

Mariana Brito Lobo

Orientadora: Prof. M.Sc. Alana Flávia Romani

JATAÍ 2006

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MARIANA BRITO LOBO

DERMATOLOGIA DE PEQUENOS ANIMAIS

Trabalho de Conclusão de Curso de

Graduação apresentado para obtenção do

título de Médica Veterinária junto à

Universidade Federal de Goiás-

Campus Jataí

Orientadora: Prof ª. M.Sc. Alana Flávia Romani

Supervisora:

M. V. MSc. Severiana Cândida Carneiro Cunha

JATAÍ 2006

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MARIANA BRITO LOBO

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação defendido e aprovado em 30 de

novembro de 2006, pela seguinte banca examinadora:

_______________________________________________________________

Prof.ª M. Sc. Alana Flávia Romani

Presidente da banca

_______________________________________________________________

Prof.ª Drª Carla Afonso da Silva Bitencourt Braga

Membro da banca

_______________________________________________________________

M. V. Vanessa Marques Vanin

Membro da banca

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AGRADECIMENTOS

À Deus por estar sempre ao meu lado me abençoando, dando saúde,

sabedoria e por ter colocado pessoas maravilhosas na minha vida.

À minha querida mamãe Maryleide por me ensinar a viver a vida com

honestidade, alegria e fé. Com certeza é a pessoa que mais agradeço, pois

esteve sempre do meu lado, nos momentos bons e ruins. Graças à minha mamãe

conquistei um dos meus sonhos.

À minha vovó Zuleide e aos meus irmãos Marquinho e João que me

apoiaram e acreditaram em mim.

Ao meu namorado Pedro (Razão), que esteve sempre do meu lado

cuidando de mim com muito amor e muito carinho.

À minha amiga, Profª e orientadora Alana pela amizade, paciência e por

ter me adotado durante a faculdade.

À minha madrinha, a minha tia Leidinha e ao meu tio Davilson pela

atenção e preocupação que tiveram comigo.

Às minhas titias do coração Alzira e Risoleta que me trataram como

filha.

À minha amiga Carol morena pela amizade verdadeira e eterna que

conquistei durante a graduação.

Aos meus colegas do estágio curricular em especial a Andréa, a

Giorgia, o José Henrique que me ajudaram e ensinaram muito. Aos residentes,

Filipe, Ygor, Rogério e Paula pela amizade e pelos momentos de aprendizado que

tive com eles. À minha supervisora Vera e ao médico veterinário Luciano Marra

pela paciência e atenção.

Aos meus colegas de sala em especial a Carol, a Thaizinha e a

Cynthia, pela amizade e pelos momentos de risadas, lágrimas e estudos.

Aos professores do curso de medicina veterinária da UFG - Campus de

Jataí que foram fundamentais para minha formação acadêmica em especial à

Profª Carla e à profª Vera Fontana pela paciência, atenção e simpatia sempre.

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“Na verdade, todo problema depois de resolvido

parece muito simples. A grande vitória que hoje

parece fácil foi resultado de uma série de

pequenas vitórias que passaram desapercebidas”.

Paulo Coelho

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 01

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO...................................................... 02

3 DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS DURANTE O

ESTÁGIO......................................................................................................

03

4 DESCRICÃO DOS CASOS CLÍNICOS........................................................ 06

4.1 Piodermite bacteriana profunda................................................................... 06

4.1.1

4.1.2

4.1.3

4.1.4

4.1.5

4.1.6

4.1.7

4.1.8

Resenha.......................................................................................................

Anamnese.....................................................................................................

Exame físico.................................................................................................

Suspeita clínica.............................................................................................

Exame complementar...................................................................................

Diagnóstico...................................................................................................

Protocolo de tratamento...............................................................................

Evolução do caso clínico..............................................................................

06

06

06

07

07

08

08

09

4.1.9 Revisão de literatura..................................................................................... 09

4.1.10 Discussão e conclusão................................................................................. 15

4.2 Dermatite alérgica à picada de pulgas......................................................... 20

4.2.1

4.2.2

4.2.3

4.2.4

4.2.5

4.2.6

4.2.7

Resenha.......................................................................................................

Anamnese....................................................................................................

Exame físico................................................................................................

Suspeita clínica............................................................................................

Exame complementar..................................................................................

Diagnóstico..................................................................................................

Prognóstico..................................................................................................

20

20

21

21

21

24

24

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4.2.8

4.2.9

Protocolo de tratamento...............................................................................

Evolução do caso clínico..............................................................................

24

25

4.2.10 Revisão de literatura..................................................................................... 27

4.2.11 Discussão e conclusão................................................................................. 34

5 CONCLUSÃO GERAL.................................................................................. 38

6 REFERÊNCIAS............................................................................................ 39

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Cadela da raça Poodle com suspeita de dermatopatia alérgica.

A) Seborréia intensa e áreas de alopecia na região do glúteo e abdômen ventral.

B) Área de alopecia e hipotricose na região peitoral e abdominal, além de

hiperpigmentação e liquenificação.

C) Pavilhão auricular externo com hiperpigmentação, liquenificação, crostas e hipotricose.

D) Região periocular direita com alopecia, edema e secreção purulenta. E) Região ventral do pescoço com áreas de alopecia, hipotricose, hiperpigmentação,

liquenificação e crostas.

F) Animal tosado após sete dias de tratamento revelando redução significativa das

crostas e melhora discreta na liquenificação. ............................................................ 22

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Registro de casos clínicos acompanhados no HV/UFG, no período de 17 de

julho a 06 de outubro de 2006....................................................................... 03

Tabela 2 - Registros dos casos cirúrgicos acompanhados no HV/UFG, no período de 17

de julho a 06 de outubro de 2006................................................................. 05

Tabela 3 - Procedimentos radiológicos acompanhados no HV/UFG, no período de 17 de

julho a 06 de outubro de 2006...................................................................... 05

Tabela 4 - Vacinações acompanhadas no HV/UFG, no período de 17 de julho a 06 de

outubro de 2006........................................................................................... 05

Tabela 5 - Eritrograma da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, alergia alimentar e

atopia......................................................................................................... 23

Tabela 6 - Leucograma da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, alergia alimentar e

atopia............................................................................................................ 23

Tabela 7 - Pesquisa de hematozoários da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, alergia

alimentar e atopia......................................................................................... 23

Tabela 8 - Perfil de bioquímica sérica da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, alergia

alimentar e atopia.......................................................................................... 24

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LISTA DE ABREVIATURAS

ALT – Alanina aminotransferase

bpm - Batimentos por minuto

DAPP - Dermatite alérgica à picada de pulgas

EV - Escola de veterinária

HA – Hipersensibilidade alimentar

HV - Hospital veterinário

IM - Intramuscular

Kg - Kilograma

mg - miligramas

ppm - Pulsação por minuto

rpm - Respiração por minuto

UFG - Universidade Federal de Goiás

VO - Via Oral

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1 INTRODUÇÃO

A Medicina Veterinária está vivendo uma evolução considerável do

conhecimento em dermatologia veterinária. Os proprietários estão cada vez mais

exigentes desejando meios de diagnósticos eficientes e tratamento das

dermatoses com qualidade.

Dificilmente os profissionais que trabalham na clínica de pequenos

animais têm um dia de atividade em que não se deparam com algum animal com

problema dermatológico.

A dermatologia como especialidade apresenta certa vantagem, pelo menos em alguns

aspectos, sobre as demais. Não há necessidade de utilizar sofisticados equipamentos

eletrônicos, ópticos ou de imagens. Raspado de pele, exame micológico direto, exame

citológico, cultura fúngica e bacteriana são os exames complementares mais

freqüentemente utilizados e apresentam a mais baixa relação custo/benefício. Sendo a

observação a olho nu e o raspado de pele, os instrumentos mais importantes para o

diagnóstico dermatológico.

Atualmente, os proprietários de animais de companhia consideram o

animal como um membro da família. O ser humano, a partir do momento em que

adquire um animal de estimação, se torna responsável pelo bem-estar do

bichinho. O fato então, de ter que cuidar, dar atenção e preocupar preenche

vazios e afasta a solidão. Com isso o mercado “pet” está expandindo cada vez

mais com novas rações, novos medicamentos, acessórios e produtos de estética

para os animais.

O Estágio Curricular Supervisionado é o momento em que colocamos

em prática os conhecimentos teóricos que tivemos nos últimos cinco anos de

graduação. É a hora de aprender e não ter vergonha de errar. O presente trabalho

tem como finalidade descrever dois casos de dermatologia em cães, selecionados

entre os demais acompanhados no decorrer do estágio, bem como revisá-los em

literatura, devido à sua importância na clínica de pequenos animais.

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2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal

de Goiás (HV/UFG), no período de 17 de julho a 06 de outubro de 2006, na área

de clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, com carga horária de 360

horas.

O HV/UFG está localizado no Campus II (Campus Samambaia), dentro

da Escola de Veterinária (EV). Presta serviços na área de clínica médica e

cirúrgica, tanto de pequenos, quanto de grandes animais.

As atividades realizadas constituíram-se de acompanhamento e auxílio

em consultas e retornos, acompanhamento ambulatorial dos animais internados;

acompanhamento e auxílio antes, durante e após os procedimentos cirúrgicos.

administração de medicamentos e vacinas; troca de curativos; transfusões

sanguíneas; colheita de material para a realização de exames laboratoriais e

interpretação de seus resultados e acompanhamento de exames radiológicos,

ultrassonográficos e eletrocardiográficos.

O HV/UFG é composto de sala de recepção, amplo estacionamento,

cinco consultórios todos com um computador para preenchimento e acesso às

fichas clínicas. Um laboratório de patologia clínica, um centro cirúrgico de

pequenos animais (com três salas equipadas para a realização de procedimentos

cirúrgicos) sendo uma, com equipamento para anestesia inalatória, sala de

preparação dos animais, sala de preparação do cirurgião, sala de recuperação;

um centro cirúrgico de grandes animais, uma farmácia, uma enfermaria para

internações em geral e outra sala para animais com doenças infecto-contagiosas.

O atendimento é feito por ordem de chegada, dando preferência a

casos de urgência, das 07h30min às 17h30min, sendo o animal cadastrado na

recepção. Após o preenchimento da ficha, o animal é encaminhado para o

atendimento, que é realizado por três médicos veterinários, sendo que um atende

pela manhã e os outros dois na parte da tarde e quatro residentes que trabalham

em tempo integral e se revezam a cada dois meses, sendo dois na clínica e dois

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na cirurgia. O HV/UFG está equipado com aparelho de raio-X, eletrocardiograma,

aparelho de anestesia inalatória e terceiriza os exames ultrassonográficos.

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3 DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO

Os casos acompanhados durante o período de estágio estão descritos nas tabelas 1, 2, 3 e 4.

TABELA 1 – Registro de casos clínicos acompanhados durante o Estágio Curricular no HV/UFG, no período de 17 de julho a 06 de outubro de 2006.

Casos Espécie N°de casos Freqüência (%)

Ascite Canina 03 1,96 Abscesso Canina 01 0,65 Babesiose Canina 08 5,23 Berne Canina 01 0,65 Broncopneumonia Canina 02 1,31 Cinomose Canina 12 7,84 Catarata Canina 01 0,65 Colapso de traquéia Canina 01 0,65 Constipação intestinal Canina 03 1,96 Consulta de rotina Canina 01 0,65 DAPP Canina 04 2,61 Demodicose Canina 04 2,61 Dermatofitose Canina 01 0,65 Dermatofitose Felina 01 0,65 Dermatose marginal da orelha Canina 01 0,65 Diagnóstico de gestação Canina 04 2,61 Endocardiose Canina 01 0,65

Efusão do saco pericárdico Canina 01 0,65 Ehrlichiose Canina 11 7,19 Fístula perianal Canina 02 1,31 Foliculite bacteriana superficial Canina 04 2,61 Fratura rádio e ulna Canina 01 0,65 Fratura do fêmur Canina 02 1,31 Fratura dentária Canina 02 1,31 Gastrite Canina 02 1,31 Gastroenterite viral Canina 06 3,92 Glaucoma Canina 01 0,65

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Haemobartonelose Felina 02 1,31 Hérnia perianal Canina 01 0,65 Hérnia umbilical Canina 01 0,65 Hiperplasia mamária Canina 06 3,92 Hiperplasia mamária Felina 01 0,65 Infecção no trato urinário inferior Canina 02 1,31 Infecção no trato urinário inferior Felina 01 0,65

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TABELA 1 - Registro de casos clínicos acompanhados durante o Estágio

Curricular no HV/UFG, no período de 17 de julho a 06 de outubro

de 2006. (continuação)

Casos clínicos Espécie N°de casos Freqüência (%)

Ingestão de corpo estranho Canina 02 1,31 Intoxicações diversas Canina 03 1,96 Labirintite Canina 01 0,65 Luxação patelar Canina 02 1,31 Maceração fetal Canina 01 0,65 Mastite Canina 01 0,65 Megaesôfago Canina 01 0,65 Miíase Canina 05 3,27 Neoplasia pulmonar Canina 01 0,65 Obesidade Canina 02 1,31 Otite externa/média Canina 04 2,61 Otohematoma Canina 03 1,96 Pneumonia por falsa via Canina 01 0,65 Piodermite bacteriana profunda Canina 05 3,27 Piometra Canina 06 3,92 Pseudogestação Canina 01 0,65 Pododermatite Canina 04 2,61 Quilotórax Canina 01 0,65 Seborréia oleosa Canina 03 1,96 Seborréia seca Canina 02 1,31 Torção do baço Canina 01 0,65 Traumatismo da coluna vertebral Canina 02 1,31 Tumor venéreo transmissível Canina 02 1,31 Uveíte Canina 02 1,31 Urolitíase com obstrução uretral Felina 01 0,65 Verminose Canina 01 0,65

TOTAL 153 100

Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006).

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TABELA 2 – Registros dos casos cirúrgicos acompanhados no HV/UFG, no

período de 17 de julho a 06 de outubro de 2006.

Procedimento cirúrgico Espécie Quantidade Freqüência (%) Caudectomia Canina 06 30 Dermorrafia Canina 02 10 Exerése da 3ª pálpebra Canina 01 5 Exerése de tumor na córnea Canina 01 5 Mastectomia Canina 03 15 Ovariosalpingohisterectomia Canina 04 20 Cirurgias ortopédicas Canina 03 15 TOTAL 20 100 Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006).

TABELA 3 – Procedimentos radiológicos acompanhados no HV/UFG, no período

de 17 de julho a 06 de outubro de 2006.

Local Quantidade Freqüência (%) Abdome 06 19,35 Coluna 02 6,45 Membro torácico 06 19,35 Membro pélvico 05 16,12 Pelve 04 12,9 Tórax 08 25,8 TOTAL 31 100 Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006).

TABELA 4 – Vacinações acompanhadas no HV/HV/UFG no período de 17 de

julho a 06 de outubro de 2006.

Vacina Quantidade Óctupla 12 TOTAL 12

Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006).

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4 DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS

4.1 Piodermite bacteriana profunda

4.1.1 Resenha

Foi atendido no HV/UFG um cão macho chamado Chocó, da raça Pit

Bull, com quatro anos de idade, pelagem branca e pesando 36 kg.

4.1.2 Anamnese

Segundo a proprietária, o animal apresentava lesões de pele há

aproximadamente dois anos. Foram usados alguns medicamentos comprados em

casa agropecuária sem prescrição profissional (antibióticos, antiinflamatório e um

sabonete para sarna), mas não recordava dos nomes. Atualmente estava

utilizando spray repelente, mas as lesões só estavam piorando. O prurido era

moderado e ninguém da casa tinha lesões na pele.

O cão alimentava-se de ração e comida caseira. Vivia em ambiente

cimentado e com cerâmica, não convivia com outros animais e não tinha livre

acesso à rua. Tomava banhos em casa pelo menos uma vez por mês com

sabonetes sarnicidas.

A proprietária relatou que o animal não tinha pulgas e carrapatos e que

a vacina óctupla foi aplicada apenas quando filhote. Desverminou pela última vez

há seis meses.

4.1.3 Exame físico

O animal apresentava-se com temperatura 39,7oC, freqüência cardíaca

de 128 bpm e frequência respiratória de 32 rpm.

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O cão encontrava-se em estado geral bom, com mucosas

normocoradas e linfonodos normais. No exame dermatológico verificou-se que os

pêlos estavam sem brilho e quebradiços. Detectaram-se lesões em alvo

alopécicas generalizadas com pápulas, pústulas, colaretes epidérmicos, manchas

teciduais crostas, eritema, edema e nódulos íntegros e ulcerados com exsudação

serosanguinolenta a purulenta. As áreas mais acometidas eram o dorso, o tronco

e as regiões de maior pressão, como cotovelos e jarretes. Não apresentava

ectoparasitas.

4.1.4 Suspeita clínica

Diante da anamnese e dos resultados do exame físico, suspeitou-se de

demodicose e piodermite bacteriana profunda.

4.1.5 Exame complementar

Procedeu-se o raspado de pele superficial e profundo para realização

do parasitológico de pele e exame citológico.

O raspado de pele coletado para exame dermatológico foi feito em

lesões distintas e de preferência não manuseadas. Foram feitos raspados

profundos de pele, até obter sangramento. A pele acometida foi pressionada entre

o polegar e o indicador, com auxílio de uma lâmina de bisturi, o objetivo desse

procedimento era colocar para fora os ácaros dos folículos pilosos. Em seguida, o

raspado de pele foi colocado em uma lâmina com uma gota de óleo mineral.

Posteriormente, acrescentou-se solução de hidróxido de Potássio (KOH) a 10%

por 5 minutos com o intuito de amolecer a ceratina. Em seguida, uma lamínula foi

colocada sobre o material. Realizado tais procedimentos a amostra foi observada

em microscópio óptico com lente 10X de aumento.

O diagnóstico de enfermidade parasitária não foi confirmado, pois não

foi visualizado nenhum ácaro adulto (Demodex canis) ou ovos do ácaro. Assim,

descartou-se a suspeita de Demodicose canina.

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As técnicas de colheita utilizadas para exame citológico foram decalque

por extensão, que consiste em escorregar a lâmina sobre uma pústula

previamente rompida e decalque por impressão, que consiste em aplicar

firmemente uma lâmina de vidro desengordurada sobre uma lesão cutânea

ulcerada.

O material colhido e seco foi corado com o corante Diff-Quick. Após a

coloração, a lâmina foi seca com papel absorvente. Realizado tais procedimentos,

a amostra foi observada em microscópio óptico com objetiva de imersão (x100).

Na visualização do material coletado para a citologia, pôde-se observar

vários neutrófilos, muitos cocos e fagocitose bacteriana distribuídos pela lâmina.

Confirmando o diagnóstico de piodermite bacteriana profunda.

4.1.6 Diagnóstico

Com base na anamnese, exame físico e resultado dos exames

complementares foi possível diagnosticar piodermite bacteriana profunda.

4.1.7 Protocolo de tratamento

Foi prescrita Cefalexina (Celesporin 600mg - Ouro Fino Pet Saúde

Animal - Ribeirão Preto - SP) - na dose de 30mg/kg por via oral, a cada 12 horas

por 40 dias. Recomendou-se também banhos com xampu a base de peróxido de

benzoíla (Peroxydex Spherulites 3,5% - Virbac Saúde Animal - São Paulo – SP),

duas vezes por semana durante 30 dias.

O veterinário responsável orientou que ao dar o banho o proprietário

deveria massagear a pele do animal durante 15 minutos e em seguida, enxaguar

bem.

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4.1.8 Evolução do caso clínico

O retorno e a reavaliação do quadro clínico ocorreram após 30 dias do

início do tratamento medicamentoso, sendo observado melhora significativa.

Pôde-se observar que o animal não apresentava febre e os pêlos estavam

brilhantes, ausência de eritema, edema e de secreções serosanguinolentas.

As regiões mais acometidas ainda apresentavam alopecia e cicatrizes.

Em outras regiões inicialmente menos acometidas como abdômen, face e glúteo

foi possível observar crescimento de pêlos.

O veterinário solicitou que o cliente retornasse, caso houvesse recidiva

após o término do protocolo terapêutico, o que não ocorreu.

4.1.9 Revisão de literatura

a) Introdução

A pele é o maior órgão do corpo e a barreira anatômica e fisiológica

entre o animal e o meio ambiente, fornecendo proteção contra injúrias físicas,

químicas e microbiológicas. É sensível ao calor, frio, dor, prurido, toque e

pressão. A pele é um espelho que reflete o meio interno e ao mesmo tempo, o

mundo ao qual está exposta (Scott et al. 1996).

Podem-se relacionar várias funções ligadas à pele, como proteção

contra perda de água, eletrólitos, macromoléculas, injúrias químicas, físicas ou

microbiológicas. Produção de estruturas queratinizadas, termorregulação,

flexibilidade, reservatório, imunorregulação, pigmentação e secreção (Scott et al.

1996).

A pele se insere ou dá continuidade às mucosas em todos os orifícios

do organismo (digestivo, respiratório, ocular e urogenital). A superfície cutânea

dos mamíferos é levemente ácida, sendo que o pH cutâneo dos carnívoros

domésticos varia de 5,5 a 7,5. A pele compõe-se essencialmente de três grandes

camadas de tecidos: uma camada superior - a epiderme; uma camada

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intermediária - a derme; e uma camada profunda - hipoderme ou tecido celular

subcutâneo (Lucas et al., sd).

Justamente por ser um órgão tão exposto, o tegumento sofre várias

agressões, refletindo na casuística das clínicas e hospitais veterinários grande

parte do atendimento destinado aos casos de dermatologia. Doenças parasitárias,

alergias, problemas cutâneos bacterianos, infecções fúngicas e tumores são os

distúrbios mais comumente observados (Willemse, 1998).

Segundo Romani et al. (2006), em estudo preliminar realizado no

período de julho de 2005 a fevereiro de 2006, no município de Jataí, foram

trazidos para o atendimento clínico 422 animais. Noventa e nove animais

apresentaram distúrbios dermatológicos e, portanto a prevalência observada foi

de 23,4%. Lucas et al. (s.d) considera a prevalência de aproximadamente 30 a

75% de dermatopatias dentre todos os atendimentos na prática clínica de

pequenos animais.

A dermatologia como especialidade apresenta certa vantagem, pelo

menos em alguns aspectos, sobre os demais. Não há necessidade de utilizar

sofisticados equipamentos eletrônicos, ópticos ou de imagem. A observação a

olho nú é o mais importante instrumento para o diagnóstico dermatológico.

Múltiplos raspados de pele, exame micológico direto, exame citológico, cultura

fúngica e bacteriana são os exames complementares mais frequentemente

realizados (Conceição et al. 2004).

A microbiota normal da pele é constituída por bactérias residentes,

transitórias e fungos. Nos cães as bactérias residentes encontradas são

Micrococcus sp., estafilococos coagulase positivos (especialmente

Staphylococcus intermedius e Staphylococcus epidermitis), estafilococos

coagulase negativos, Streptococcus -hemolítico (Cavalcanti & Coutinho 2005).

Bactérias do gênero Staphylococcus constituem-se em membros residentes da

microbiota cutânea e das mucosas de humanos e animais, Todavia, várias

espécies também são patógenos oportunistas que podem causar doenças graves

da pele. As espécies coagulase-positivas que tem sido reconhecidas e

documentadas como patógenos são: Staphylococcus aureus, S. intermedius, S.

hyicus e S. schleiferi (Morris et al. 2006).

Os microrganismos transitórios do cão incluem Corynebacterium spp.,

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Escherichia coli, Bacillus spp., Pseudomonas spp. e Proteus mirabilis. Em

infecções bacterianas da pele é necessário que haja aderência bacteriana e

conseqüente colonização. A aderência está relacionada com a virulência,

tropismo tecidual e suscetibilidade do hospedeiro aos agentes infectantes (Scott

et al. 1996).

b) Etiologia

As piodermites podem ser definidas como processos infecciosos

cutâneos causados por bactérias (Cavalcanti & Coutinho 2005; Salzo, 2005).

O patógeno cutâneo de maior importância bacteriana de cães é o S.

intermedius. Em cerca de 90% das piodermites o agente infeccioso isolado é este

estafilococo coagulase positivo. (Lucas et al., sd; Mueller, 2003; Salzo, 2005).

As piodermites podem ser classificadas em primárias e secundárias

segundo a etiologia. Dentre as dermatopatias primárias, que levam à piodermite

secundária, os distúrbios de queratinização e os quadros alérginos são os mais

comumente encontrados. Porém, as dermatopatias parasitárias, fúngicas,

endócrinas, nutricionais, auto-imunes, além das neoplasias podem predispor o

animal a infecções bacterianas secundárias (Cavalcanti & Coutinho 2005).

Infelizmente, em muitas ocasiões não se consegue determinar, apesar

de exaustiva pesquisa, diagnosticar por parte do clínico e cooperação do

proprietário, um fator etiológico específico para a piodermite. Nestes casos, a

piodermite será considerada idiopática (Salzo, 2005).

c) Classificação das Piodermites

Além da classificação etiológica em primária e secundária, as

piodermites podem ser classificadas segundo a profundidade. Com base nesse

critério, as piodermites podem ser divididas em externas ou pseudo-piodermites

sendo a colonização bacteriana somente na superfície epidérmica; superficiais, as

quais invadem a epiderme e o epitélio folicular e as profundas, que invadem a

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derme e em alguns casos o tecido subcutâneo (Lucas et al., sd).

d) Diagnóstico

O diagnóstico preciso da piodermite inclui uma anamnese completa

podendo auxiliar o diagnóstico em cerca de 50%. Ao exame físico devem-se

identificar as lesões compatíveis e, se possível, diferenciar os processos

superficiais dos profundos (Salzo, 2005).

O diagnóstico diferencial inclui a demodicose, alergias (pulgas,

alimento, contato e atopia), dermatofitose e doenças endócrinas. O animal

acometido pela enfermidade parasitária pode apresentar lesões semelhantes

como na piodermite bacteriana profunda, com presença de pápulas, pústulas,

crostas, edema, exsudato e prurido variável. Os sintomas sistêmicos incluem

também febre, depressão e anorexia. O diagnóstico de Demodicose canina é feito

através da microscopia do raspado profundo da pele e vários parasitas adultos

e/ou ovos de Demodex canis são visualizados (Medleau & Hnilica 2003).

O raspado de pele é um dos exames a ser feito sistematicamente, de

preferência em duas ou três lesões de idades diferentes. Deve-se evitar as zonas

liquenificadas ou que sofreram erosão, privilegiando as lesões recentes não

manuseadas, como por exemplo, as pápulas, os comedões ou as zonas

escamosas e escamocrostosas (Carlotti & Pin 2004).

A pele acometida deve ser pinçada firmemente para expelir os ácaros

dos folículos pilosos e os raspados cutâneos devem ser profundos e extensos

(Scott et al. 1996).

O material recolhido é depositado dentro de uma gota de óleo mineral,

posicionado entre a lâmina e a lamínula e observado ao microscópico, com

objetivas 4 x ou 10 x. Para facilitar o exame, é conveniente diluir e deixar o

produto do raspado no líquido de clareamento (lactofenol), a fim de poder

estendê-lo em uma camada bem fina. Um excesso de sangue impede uma boa

observação do material colhido (Carlotti & Pin 2004).

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O exame citológico é indispensável para o diagnóstico das doenças

bacterianas, parasitárias, fúngicas, na região cutânea ou auricular (Mueller, 2003;

Carlotti & Pin 2004).

Segundo Codner & Rhodes (2005), a citologia diferencia piodermatites

de pênfigo foliácio (ceratinócitos acantolíticos) e infecções fúngicas profundas

(blastomicose, criptococose). Para Salzo (2005), em uma amostra cutânea com

piodermite os elementos figurados e células observadas serão cocos, neutrófilos

degenerados e imagens de fagocitose bacteriana o que comprova a presença de

infecção e não apenas colonização.

O hemograma e a bioquímica sérica são importantes complementos

para o diagnóstico diferencial das endocrinopatias com reflexos cutâneos (Salzo,

2005).

O hipotireoidismo e o hiperadrenocorticismo (Doença de Cushing) são

as enfermidades de origem endócrina que incluem como características clínicas

comuns às alterações dermatológicas. No hipotireoidismo, os animais podem

apresentar alopecia do tronco bilateralmente simétrica, de modo geral a alopecia

não é pruriginosa, a menos que haja uma piodermite secundária ou outra

dermatite pruriginosa; pelagem freqüentemente é seca, sem brilho, os pêlos são

removidas com facilidade, mixedema, hiperpigmentação, liquenificação e

seborréia. Freqüentemente ocorre piodermite bacteriana superficial secundária e

piodermite profunda, sendo menos comum (Tyler, 2005).

No hiperadrenocorticismo as características clínicas dermatológicas são

perda de pêlo, comedões, hiperpigmenteção, calcinose cutânea, pele atrófica e

piodermite bacteriana secundária (Kintzer, 2005).

De acordo com Medleau & Hnilica (2003), na cultura bacteriana o

agente patogênico primário geralmente é o Staphylococcus, porém isolam-se,

ocasionalmente, Pseudomonas. É comum a ocorrência de infecções bacterianas

mistas gram-positivas e gram-negativas.

Para Cavalcanti & Coutinho (2005) sobre a presença de bactérias do

gênero Staphylococcus em 22 animais sadios o microrganismo foi isolado em 20

(90,9%) cães. Em relação aos animais com piodermite, a bactéria foi isolada em

20 animais dos 21 pesquisados (95,2%). Estatisticamente, observou-se influência

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da piodermite no isolamento do S. intermedius, pois este microrganismo foi

isolado com maior freqüência nos animais da afecção do que naqueles sadios.

Para Morris et al. (2006) a piodermite bacteriana e a otite são

extremamente comuns em cães e as infecções estafilocócicas são usualmente

tratadas de forma empírica. É recomendável que ao suspeitar de piodermites,

otites e infecções do trato urinário por estafilococos, seja feita cultura caso a

primeira terapia empírica falhar.

e) Tratamento

O tratamento das piodermites pode ser tópico e sistêmico. Geralmente,

a associação das duas modalidades terapêuticas deve ser utilizada (Lucas, sd).

As piodermites superficiais devem ser tratadas com antibiótico

sistêmico durante, no mínimo, de três a quatro semanas, enquanto que as

piodermites profundas requerem, no mínimo, de seis a oito semanas de

antibioticoterapia sistêmica. É recomendável que após a cura das lesões o clínico

estenda o tratamento, pois a ausência de lesões após a antibioticoterapia não

significa a cura da piodermite (Salzo, 2005).

Segundo Cavalcanti & Coutinho (2005) os antibióticos de eleição para o

tratamento sistêmico da piodermite são cefalexina, cloranfenicol e gentamicina,

pois as cepas de Staphylococcus apresentaram 100% de sensibilidade “in vitro”

em amostras clínicas de cães com piodermite frente a 14 antibacterianos

testados.

A cefalexina na dose de 22-30 mg/kg a cada 12 horas por via oral tem

apresentado ótimos resultados (Salzo, 2005; Lucas et al., sd).

A cefradina, o monoidrato de cefalexina e o cefadroxil são as

cefalosporinas de primeira geração disponíveis para administração oral. As

cefalosporinas são amplamentte distribuídas por todo o organismo, alcançando

elevadas concentrações no sangue, urina, bile, fluido pleural, fluido pericárdico,

fluido sinovial, osso cortical e osso esponjoso. As cefalosporinas de primeira

geração não atravessam a barreira hematoencefálica e possuem má penetração

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no tecido prostático e nos humores aquoso e vítreo. A principal via de excreção

da maioria das cefalosporinas é a filtração renal (Vaden & Riviere, 2003).

O tratamento tópico com xampu visa remover os restos celulares e

reduzir a população bacteriana superficial. Os agentes mais comumente utilizados

incluem: clorexidine, peróxido de benzoíla, triclosan e iodo povidine, entre outros.

Dentre os agentes citados o peróxido de benzoíla pode ser utilizado em

concentrações de 2,5% a 3,5% na pele, sendo que é o tratamento de escolha

para as piodermites profundas (Lucas et al., sd).

Segundo Yu (2005) o peróxido de benzoíla está incluído entre os

agentes anti-seborréicos, mas o produto tem também atividade antimicrobiana

superior, com efeitos residuais de 48 horas, possui também propriedades

ceratolíticas e desengordurante. A excelente atividade secante dos xampus de

peróxido de benzoíla frequentemente necessita do uso de emolientes ou de

tratamentos alternados, com produto mais fraco. Ao prescrever tratamento

dermatológico tópico com xampu é de máxima importância fornecer as instruções

ao cliente, que incluem o tempo de contato, cerca de cinco a 15 minutos, para

permitir hidratação de epiderme e propiciar tempo suficiente para penetração e

ação do xampu. Deve-se comentar também com o cliente da freqüência dos

banhos com o xampu e da importância de toda pelagem ser enxaguada para

retirar todo produto do corpo do animal.

Scott et al. (1996) comentaram que os agentes ceratolíticos facilitam a

coesão diminuída entre os corneócitos, a descamação e a queda de pêlos,

resultando num estrato córneo mais amolecido e na remoção das caspas. Eles

não dissolvem a ceratina. Já os agentes ceratoplásticos melhoram a ceratinização

e a epitelização anormal presente nos distúrbios da ceratinização. O peróxido de

benzoíla (2,5 a 5%) é ceratolítico, antibacteriano, desengordurante,

antipruriginoso e realiza a lavagem folicular.

4.1.10 Discussão e Conclusão

Foram atendidos no Hospital Veterinário da EV/UFG no período de

julho a outubro 2006, 27 animais com problemas dermatológicos, sendo cinco

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com piodermite bacteriana profunda e três com piodermite superficial. Salzo

(2005) e Cavalcanti & Coutinho (2005) afirmaram que a piodermite é uma das

mais freqüentes enfermidades cutâneas em cães.

Neste caso o paciente era da espécie canina, Pit Bull, quatro anos de

idade, macho. De acordo com Medleau & Hnilica (2003) e Salzo (2005) a

piodermatite profunda é comum em cães e rara em gatos. Segundo Codner &

Rhodes (2005) raças com pelagem curta, como no animal atendido; dobras de

pele ou calosidades de pressão são históricos de animais com piodermatite

bacteriana. Para Willemse (1998) a desordem ocorre mais frequentemente em

raças de grande porte e em Bull terriers, que é uma das raças de origem do Pit

Bull.

Willemse (1998) afirmou que além dos sintomas dermatológicos, o cão

pode estar anoréxico e letárgico, e pode apresentar uma temperatura corporal

elevada e linfadenopatia. No caso acompanhado no HV/EV/UFG, o animal

apresentava apenas hipertermia.

Codner & Rhodes (2005) afirmaram que as piodermatites profundas

acometem frequentemente queixo, ponte do focinho, pontos de pressão e patas;

podendo ser generalizadas. No exame físico do paciente observaram-se lesões

anulares alopécicas generalizadas, mas as regiões mais acometidas foram o

dorso, o tronco e as regiões de maior pressão como cotovelos e jarretes. As

lesões encontradas foram pápulas, pústulas, colaretes epidérmicos, eritema,

nódulos íntegros e ulcerados, crostas e edema.

Scott et al. (1996) citaram que a progressão das lesões iniciais é

variável e que lesões papulares ficam macias para formar pústulas profundas que

se ulceram centralmente e geralmente se recobrem de crostas. Antes da

ulceração, bolhas hemorrágicas podem ser observadas e as lesões maiores

tornam-se inflamadas com coloração escura e geralmente desenvolvem fístulas

que drenam o exsudato para a superfície e formam crostas. No animal atendido

não havia presença de bolhas hemorrágicas antes da ulceração.

Os raspados de pele superficiais e profundos foram feitos em várias

lesões com idades diferentes e de preferência recentes não manuseadas. Tais

manobras basearam-se nas recomendações de Carlotti & Pin (2004). O raspado

profundo, até obter sagramento foi feito para pesquisar ácaro adulto (Demodex

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canis) ou ovos do ácaro, pois a Demodicose é um dos principais diagnósticos

diferenciais de piodermite bacteriana profunda, já que a enfermidade causa

também sintomas semelhantes na pele, concordando com Medleau & Hnilica

(2003).

O exame citológico da amostra cutânea do animal revelou vários cocos

e muitos neutrófilos degenerados e fagocitose bacteriana, também descritos por

Salzo (2005). As técnicas de colheita do material citológico foram decalque por

extensão em pústulas e por impressão nas lesões ulceradas, conforme

recomendado por Carlotti & Pin (2004).

Segundo Carlotti & Pin (2004), os exames complementares com

resultados imediatos só necessitam, em geral, de um pouco de material, o que é

fácil de ser obtido. Raspados de pele, exame direto dos pêlos e exames

citológicos permitem estabelecer o diagnóstico definitivo num grande número de

casos. Pode-se verificar, no caso em questão, que tais exames citados e com o

auxílio do exame clínico foram suficientes para fechar o diagnóstico definitivo.

Após anamnese, exame físico e exames complementares não foi

possível determinar um fator etiológico específico. Portanto, neste caso, a

piodermite será considerada idiopática. Salzo (2005) citou que em muitas

ocasiões não se consegue determinar um fator etiológico específico para a

piodermite.

Não foi possível classificá-la em primária e secundária, como foi

descrito por Lucas et al. (sd), pois não foi possível determinar o fator etiológico da

piodermite bacteriana profunda. Nesse caso a piodermite do paciente foi

classificada como profunda, pois invadiu a derme e o tecido subcutâneo em

algumas áreas lesionadas, segundo o mesmo autor.

Medleau & Hnilica (2003) afirmaram que o tratamento deve incluir uma

tricotomia ao redor das lesões, remoção crostas e exsudato com banho morno

diário contendo solução anti-séptica. Deve-se administrar antibiótico sistêmico de

longa duração durante seis a oito semanas, mantendo a medicação por duas

semanas após a cura das lesões. Não foi necessário realizar a tricotomia porque

o animal apresentava alopecia nas lesões e pelagem bem curta. Foi prescrito

para o animal como tratamento tópico, banhos com xampu a base de peróxido de

benzoíla (Peroxidex - Virbac Saúde Animal - São Paulo – SP), para remover

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resíduos da superfície, duas vezes por semana, durante 30 dias e não

diariamente. Não foi recomendado banho com água morna para o animal, pois iria

dar muito trabalho para a proprietária. O antibiótico sistêmico prescrito para o

paciente foi a cefalexina por via oral na dose de 30mg/kg a cada 12 horas durante

cinco semanas. O animal após a terapêutica recomendada obteve cura das

lesões.

Cavalcanti & Coutinho (2005) citaram que as drogas mais eficientes

para o tratamento das piodermites são amoxicilina associada ao ácido

clavulânico, cefalexina, cloranfenicol e gentamicina. A cefalexina foi escolhida,

pois tem apresentado ótimos resultados, conforme citado por Salzo (2005) e

Lucas et al. (sd). Outro fator considerado foi o custo, por ser um medicamento de

preço mais acessível do que a amoxicilina com ácido clavulânico, além de

apresentar menos efeitos colaterais que o cloranfenicol Não foi indicado a

gentamicina porque é nefrotóxica, o que impede seu uso sistêmico prolongado.

Morris et al. (2006) afirmaram que se a primeira terapia falhar deve-se

fazer cultura e antibiograma. No paciente não foi preciso fazer cultura dos

microrganismos porque o tratamento prescrito culminou em recuperação do

animal.

Scott et al. (1996) afirmaram que o tempo da recidiva é importante. Se

novas lesões aparecerem dentro sete dias após o término do tratamento, é

provável que a infecção não tenha sido resolvida. No caso clínico descrito pôde-

se observar que o animal, após quatro semanas de tratamento, houve cura das

lesões com cicatrizes, alopecia e que não houve recidiva.

Segundo Medleau & Hnilica (2003), o prognóstico é bom, porém em

casos graves ou crônicos a fibrose, cicatriz e alopecia podem ser seqüelas

permanentes, fato observado no paciente.

Medleau & Hnilica (2003) citaram no mínimo seis semanas de

antibioticoterapia sistêmica para cura das lesões em animais com piodermite

bacteriana profunda. No paciente a evolução do caso clínico foi muito satisfatória,

visto que apresentou melhora clínica após quatro semanas de tratamento

sistêmico e tópico, sendo que faltava apenas uma semana para encerrar a

terapêutica prescrita pelo médico veterinário responsável.

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Diante do caso clínico descrito e discutido, percebeu-se que a

dermatologia de pequenos animais ainda é uma área pouco explorada pelos

clínicos veterinários. E que dificilmente os clínicos veterinários não se deparam

com algum caso dermatológico durante um dia de atividade. Pode-se observar

que geralmente para se obter um diagnóstico dermatológico são necessários

apenas exames complementares rápidos e de baixo custo, como por exemplo,

raspado de pele e citologia.

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4.2 Dermatite alérgica a picada de pulga (DAPP)

4.2.1 Resenha

Foi atendida no HV/UFG uma cadela chamada Ingrid, da raça Poodle,

com oito anos de idade, pelagem preta e pesando 7 kg.

4.2.2 Anamnese

Segundo a proprietária, já havia aproximadamente um ano que o animal

apresentava queda de pêlos e coçava todo corpo o tempo inteiro. Foram usados

alguns medicamentos ao início dos sintomas (mas não recordava os nomes), não

verificou melhora, mas o agravamento progressivo do quadro.

No dia da consulta o animal apresentava muito prurido, vários locais do

corpo estavam com alopecia, inclusive ao redor dos olhos, odor muito forte e

presença de muitas caspas, verrugas e secreção amarelada no olho direito.

A alimentação da cadela era à base de ração e comida caseira. Vivia

em ambiente cimentado e com cerâmica, tinha contato eventual com terra.

Convivia com outros animais, um cão e um gato, que estavam começando a

apresentar os mesmos sinais clínicos. Não tinha livre acesso à rua. Ninguém da

casa havia apresentado lesões na pele.

A proprietária relatou que o animal tinha pulgas e carrapatos e que a

vacina óctupla foi aplicada apenas quando filhote. O animal foi desverminado pela

última vez há um ano. As fezes e a urina estavam com coloração e aspectos

normais.

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4.2.3 Exame físico

O animal apresentava-se com temperatura de 38,6oC, freqüência

cardíaca de 120 bpm e frequência respiratória de 36 rpm. Encontrava-se em

estado geral bom, com mucosas normocoradas e linfonodos normais.

No exame dermatológico verificou-se que os pêlos estavam sem brilho

e quebradiços, com intensa seborréia oleosa (Figura 1A). Detectaram-se lesões

agrupadas com alopecia, pústulas, pápulas, crostas, eritema, escoriações,

liquenificação, hipotricose e hiperpigmentação nas regiões abdominal, pescoço,

axilas e virilha. (Figuras 1B e 1E).

No pavilhão auricular foram detectadas crostas, eritema e

hiperpigmentação (Figura 1C). O animal apresentava alopecia ocular bilateral e

presença de secreção purulenta no olho direito (Figura 1D). Presença de

carrapatos e muitas pulgas.

4.2.4 Suspeita clínica

Diante da anamnese e dos resultados do exame físico, suspeitou-se de

dermatite alérgica à picada de pulgas (DAPP), hipersensibilidade alimentar e

atopia.

4.2.5 Exame complementar

Procedeu-se o raspado de pele superficial e profundo para realização

do parasitológico de pele. Foi solicitado hemograma com pesquisa de

hematozoários e perfil de bioquímica sérica (dosagem de ALT e creatinina), cujos

resultados podem ser evidenciados nas tabelas 5, 6, 7 e 8

No eritrograma foi observada uma anemia normocítica normocrômica.

No leucograma nenhuma alteração digna de nota, o perfil bioquímico apresentou

resultados dentro dos valores referenciais e o exame do parasitológico de pele

apresentou amostra negativa.

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TABELA 5 - Eritrograma da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, atopia canina e hipersensibilidade alimentar.

Figura 1 – Cadela da raça Poodle com suspeita de dermatopatia alérgica. A) Seborréia

intensa e áreas de alopecia na região do glúteo e abdomem ventral. B) Áreas de alopecia e hipotricose na região peitoral e abdominal, além de hiperpigmentação e liquenificação. C) Região ventral do pescoço com áreas de alopecia, hipotricose, hiperpigmentação, liquenificação e crostas. D) Pavilhão auricular externo com hiperpigmentação, liquenificação, crostas e hipotricose. E) Região periocular direita com alopecia, edema e secreção purulenta. F) Animal tosado após sete dias de tratamento revelando redução significativa das crostas e melhora discreta na liquenificação.

A B

C D A

E F

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Eritrograma Resultado Valores de referência

Canina Unidade Hemácias 4,66 5,5-8,5 tera/L Hematócrito 31,1 36-54 % Hemoglobina 10,0 12-18 g/dL VGM 67 60-77 fL HGM 21,5 19-23 g/dL VCHGM 32,2 32-36 pg Eritoblastos 0 0-1,5 /100 leucócitos Plaquetas 481 200-900 giga/L

Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006)

TABELA 6 - Leucograma da cadela Ingrid com suspeita de DAPP, atopia canina e

hipersensibilidade alimentar.

Leucograma Relativos %

Absoluto Valores de referência Relativo Absoluto Unidade

Leucócitos 100 15,7 100 6-17 %103/mm3 Mielócitos 0 0 0 0 %103/mm3 Metamielócitos 0 0 0 0 %103/mm3 Bastonetes 07 1099 0-3 0-510 %103/mm3 Segmentados 71 11147 60-77 3600-13090 %103/mm3 Eosinófilos 05 785 2-10 120-1700 %103/mm3 Basófilos 0 0 raro raro %103/mm3 Linfócitos 15 2355 12-30 720-5100 %103/mm3 Linfócitos atípicos

0 0 0 0 %103/mm3

Monócitos 02 314 3-10 180-1700 %103/mm3 Plasmócitos 0 0 0 0 %103/mm3

Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006)

TABELA 7 - Pesquisa de hematozoários da cadela Ingrid com suspeita de DAPP,

atopia canina e hipersensibilidade alimentar.

Hematozoários Resultado Valor de referência Pesquisa de Hematozoários Ausente Ausente

Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006)

TABELA 8 - Perfil de bioquímica sérica da cadela Ingrid com suspeita de DAPP,

atopia canina e hipersensibilidade alimentar.

Testes Resultados Valores de referência/canina Unidade Creatinina 0,9 0,5-1,5 mg/dL

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ALT 41,0 10-50 UI/L Fonte: Banco de dados do HV/UFG (2006)

4.2.6 Diagnóstico

Diante da anamnese, do exame físico e dos resultados dos exames

laboratoriais não foi possível fechar o diagnóstico.

Para fechar o diagnóstico foi feito um plano diagnóstico, que consiste

em eliminar primeiramente as pulgas e os carrapatos do animal e do ambiente. Se

o prurido persistir, obrigatoriamente haverá uma outra causa de base pruriginosa.

Portanto o próximo passo seria instituir uma dieta terapêutica para descartar uma

hipersensibilidade alimentar. Após a dieta estabelecida pelo veterinário, se o

animal ainda persiste com o prurido, deve-se descartar as duas causas de base

pruriginosa e o diagnóstico de atopia canina pode ser firmado.

4.2.7 Prognóstico

O prognóstico foi reservado.

4.2.8 Protocolo de tratamento

O protocolo de tratamento estabelecido baseou-se nas três suspeitas

(DAPP, atopia e hipersensibilidade alimentar), portanto, o primeiro passo foi

eliminar as pulgas e carrapatos a fim de diagnosticar a DAPP.

Foi prescrita Predinisona (Meticorten Veterinário 5mg - Schering-Plough

Coopers Veterinária - São Paulo - SP) na dose de 1mg/kg por via oral, a cada 24

horas por 10 dias, pela manhâ. Banhos com xampu a base de peróxido de

benzoíla (Peroxydex Spherulites 3,5% Virbac Saúde Animal - São Paulo – SP),

duas vezes por semana durante um mês. O veterinário responsável orientou que

ao dar o banho o proprietário deveria massagear a pele do animal durante 15

minutos e em seguida, enxaguar bem.

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Recomendou-se também a aplicação do Fipronil (Frontline Topspot 01

pipeta de 0,67 ml/cão com 1 a 10 Kg - Merial Saúde Animal Ltda – Fazenda São

Francisco – Paulínia – SP), a cada 15 dias, até completar seis aplicações. O

veterinário responsável orientou que fosse afastado o pêlo do animal na região da

nuca até aparecer a pele. Aplicar o produto em vários pontos entre a região da

nuca e as escápulas, para evitar que o animal se lambesse. Foi recomendado

também tosar o animal antes de iniciar o tratamento tópico e explicou-se que após

a aplicação do Frontline, deveria esperar 48 horas para dar o banho com xampu,

para não inibir a ação do produto.

Para a limpeza dos olhos recomendou-se Solução Fisiológica (Halex

Star – Goiânia-GO), três vezes ao dia, durante 15 dias.

Para o ambiente foi prescrito Permetrina (Decaplus Ce 25 – União

Química Farmacêutica Nacional S/A – Agemoxi La.), uma unidade diluída em

quatro litros de água para pulverização, três por semana, durante dois meses.

4.2.9 Evolução do caso clínico

O retorno e a reavaliação do quadro clínico ocorreram após sete dias

de tratamento, sendo observado melhora significativa. O animal havia diminuído o

prurido, o olho já não estava apresentando secreção, a pele não apresentava

pápulas, pústulas, eritema e crostas (Figura 1F). Ausência de carrapatos e

pulgas. Apresentava ainda hiperpigmentação, hipotricose e alopecia nas regiões

acometidas inicialmente. No pavilhão auricular ausência de eritema, crostas,

presença de hiperpigmentação e hipotricose. A seborréia ainda estava presente

em todas as regiões inicialmente acometidas, mas não tão intensa.

O veterinário solicitou que o cliente retornasse após 30 dias de

tratamento, mas a proprietário não compareceu. Pelo telefone a proprietária

relatou que a cadela estava bem melhor e que só retornaria se o animal voltasse

a ter as lesões de pele.

Terminado o Estágio Curricular foi informado pelo veterinário que após

aproximadamente dois meses a proprietária retornou com a cadela. Apesar do

combate rigoroso às pulgas, que livrou o animal dos ectoparasitas, houve

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recidiva, com reaparecimento das lesões de forma ainda mais grave do que visto

inicialmente. Assim, o veterinário seguiu com o plano diagnóstico a fim de

diagnosticar possível hipersensibilidade alimentar ou atopia. Foi prescrita uma

dieta terapêutica para a cadela, contento somente, arroz integral, carne de

coelho, óleo de canola e água mineral, durante 40 dias.

4.2.10 Revisão de literatura

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a) Introdução

A hipersensibilidade à picada de pulgas ou dermatite alérgica à picada

de pulgas (DAPP) é uma dermatite pruriginosa, papular em cães que se tornam

sensibilizados aos alérgenos produzidos pelas pulgas. É o distúrbio de pele

hipersensível mais comum em cães (Scott et al., 1996).

A DAPP é a dermatopatia alérgica de maior ocorrência em caninos em

nosso meio, sendo responsável por mais de 50% dos casos. Não há

predisposição sexual ou etária, normalmente acomete animais adultos jovens,

sendo que a maioria dos casos ocorre entre dois e cinco anos de idade (Lucas,

2006).

Estima-se que 15% da população canina sofre de alergia, contexto no

qual a HA ocupa o terceiro lugar de incidência, antecedida pelas alergias

inalatórias (atopia) e pelas picadas de pulgas (DAPP) (Cavalcanti et al., 2006).

b) Causa e Patogenia

A hipersensibilidade à picada de pulga é causada por um hapteno de

baixo peso molecular e dois alérgenos de alto peso que ajudam a iniciar a reação

alérgica. Alérgenos de alto peso molecular aumentam a ligação ao colágeno da

derme, quando ligados, formam um antígeno completo, necessário para o

surgimento da DAPP. A saliva da pulga contém compostos tipo histamina que

irritam a pele, a exposição intermitente favorece o surgimento da enfermidade, a

exposição contínua tem menor chance de resultar em hipersensibilidade (Kuhl &

Greek, 2005).

De acordo com Willemse (1998) a alergia à picada de pulga é uma

reação de hipersensibilidade mista (tipos I e IV) a componentes antigênicos

existentes na saliva da pulga. Para Scott et al. (1996) a alergia à picada de pulga

inclui também as reações de hipersensibilidade imediata de fase tardia (LPR) e a

as reações de hipersensibilidade basofílica cutânea.

Segundo Scott et al. (1996, p.459-460),

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“...as reações de hipersensibilidade do tipo I são descritas como aquelas que envolvem predileção genética, produção de anticorpos, (IgE) reagínicos e degranulação de mastócitos. Esta reação ocorre dentro de minutos e desaparece gradualmente dentro de uma hora. Os exemplos clássicos de doenças que envolvem reações de hipersensibilidade do tipo I em cães e gatos são urticária, angioedema, anafilaxia, atopia, hipersensibilidade alimentar, hipersensibilidade à picada de pulgas e algumas erupções por drogas. As reações de hipersensibilidade imediata de fase tardia (LPR) foram identificadas e estudadas. O estabelecimento destas reações celulares dependentes dos mastócitos ocorre de quatro a oito horas após o desafio (neutrófilos e eosinófilos encontrados histologicamente). Persistem por até 24 horas, em contraste com as reações do tipo I, que terminam dentro de 60 minutos. Essas reações são suspeitas de desempenhar um papel na hipersensibilidade à picada de pulgas. Reações de hipersensibilidade do tipo IV classicamente não envolvem lesão mediada por anticorpos. Um antígeno interage com uma célula apresentadora de antígeno (CAA). Na pele, a CCA é a célula de Langerhans. Exemplos clássicos de reações de hipersensibilidade do tipo IV em cães e gatos são a hipersensibilidade à picada de pulgas, a hipersensibilidade por contato e algumas erupções a drogas. A hipersensibilidade basofílica cutânea pode ser mediada por células T ou anticorpos (IgE e IgG). Caracteriza-se por infiltrado basofílico e deposição de fibrina acentuada. É considerada importante no desenvolvimento da imunidade aos carrapatos e na patogenia da hipersensibilidade à picada de pulgas.”

c) Ciclo das pulgas

Há mais de 2000 espécies e subespécies de pulgas pelo mundo, sendo

as Ctenocephalides spp. de maior preocupação clínica. A C. felis felis é a espécie

mais comum, com valores de prevalência superiores a 92% em cães e 97% em

gatos. As pulgas desenvolvem-se por metamorfose completa do ovo ao adulto

mediante três estágios larvários e um estágio pupal. A fêmea deposita seus ovos

no hospedeiro, os ovos caem do hospedeiro no ambiente, onde seu ciclo se

completa. Os ovos de pulgas tipicamente eclodem em um a 10 dias. As larvas

recém-eclodidas movimentam-se para áreas protegidas da luz, onde se

alimentam de debris orgânicos e de fezes de pulgas adultas.

Duas mudas completam-se antes que o terceiro estágio larvário adentre

a fase de pupa. No fim do estágio larvário, o terceiro estágio produz um casulo

sedoso, no qual ocorre a pupação. Com 80% de umidade de 27ºC, as pulgas

adultas podem começar a emergir em cinco dias. Sem estímulo adequado as

pupas podem permanecer no casulo por até 140 dias. Os adultos recém-

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emergidos necessitam de um hospedeiro para sobrevivência a longo prazo. O

número de 72 fêmeas de pulgas pode consumir um total de 1 mL de sangue por

dia. Além da perda sanguínea e da lesão de pele que as pulgas provocam, elas

são hospedeiras intermediárias da tênia Dipylidium caninum e podem ser vetores

de vários agentes infecciosos (Scott et al., 1996).

d) Características clínicas

As lesões em cães incluem erupções pruriginosas, pápulas, crostas,

eritema, seborréia, alopecia, escoriações, piodermite, hiperpigmentação e/ou

liquenificação (Mendleau & Hnilica, 2003).

O prurido é a sensação que provoca o desejo de coçar, esfregar,

mastigar, ou lamber; um indicador de pele inflamada. Mais de uma doença pode

estar contribuindo para o prurido; se o tratamento para uma doença identificada

não resultar em melhora, considerar outras causas (Gram, 2005).

As lesões se concentram em uma área triangular da região

lombossacra-dorso-caudal, geralmente estando envovidas a face caudal das

coxas, a região inferior do abdômen, a região inguinal e a região cranial dos

antebraços. As lesões secundárias (hiperpigmentação, liquenificação, alopecia e

descamação) são comuns em DAPP não controlada; podem ser observadas

foliculites secundária e furunculose (Greek & Karen, 2005).

e) Diagnóstico

O diagnóstico definitivo baseia-se na história, exame físico, teste

intradérmico usando antígeno de pulga e resposta ao tratamento. A presença de

pulgas ou sujeira de pulgas em um cão com prurido não significa que o animal

apresente hipersensibilidade pulgas (Willemse 1998; Scoot et al. 1996 e Greek &

Kuhl 2005).

O teste intradérmico para alergia com antígeno de pulga – revela

reações imediatas positivas em 90% dos animais alérgicos a pulga; reações

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tardias (24-48 horas) podem, às vezes, ser observadas em animais alérgicos que

não apresentam reação imediata (Kuhl & Greek 2005).

Quando as pulgas não são vistas de modo consistente nos cães com

hipersensibilidade a pulgas, e o cliente realizou o controle adequado das mesmas,

a persistência do prurido deve levar o clínico a prestar atenção a uma

hipersensibilidade concomitante, como atopia ou hipersensibilidade alimentar. A

eosinofilia está frequentemente presente (Scott et al., 1996).

O diagnóstico diferencial inclui Sarna Sarcóptica, Hipersensibilidade

Alimentar (HA) e Atopia. O teste mais preciso para definir o diagnóstico é a

resposta ao tratamento apropriado e amostra do parasitológico de pele negativa

para sarna sarcóptica (Kuhl & Greek 2005).

A HA pode provocar a mesma distribuição de lesões e idênticos

achados no exame físico de um animal com atopia, portanto a diferenciação é

feita pela observação de resposta à dieta hipoalergênica (Plant & Reedy, 2005).

Nascente et al. (2006) afirmaram que não há um sinal patognomônico

para HA no cão ou no gato, mas diversas lesões primárias e secundárias são

observadas nessa patologia, incluindo pápulas, pústulas, urticárias, eritema,

escoriações, escamas, colarinhos epidérmicos, pododermatite, desqueratinização

e otite externa bilateral. O prurido ótico é uma característica significativa em

alguns cães.

A dieta de eliminação é o teste definitivo para HA, é feita sob medida

para cada indivíduo em particular. A dieta precisa ser restrita a uma proteína e um

carboidrato aos quais o animal tenha tido exposição prévia limitada ou nenhuma

exposição anterior. Pode levar até 13 semanas para a melhora máxima dos sinais

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clínicos. Se o paciente for sensível a um ou mais alimentos, notável melhora será

obseravada na quarta semana de dieta (Mueller, 2003 e Duclos, 2005).

A sarna sarcóptica ocorre frequentemente em cães jovens ou

abandonados; geralmente provoca prurido grave na região ventral do peito, na

lateral dos cúbitos e jarretes e nas margens das orelhas. Múltiplos raspados de

pele e/ou resposta completa a uma tentativa de tratamento acaricida com

ivermectina 0,2-0,4mg/kg SC ou VO a cada 1-2 semanas, por 2-4 tratamentos,

são indicados para que se descarte sarna sarcóptica (Plant & Reedy, 2005).

Qualquer cão com prurido não-sazonal, que responde mal a esteróides,

deverá ser tratado com um escabicida (mesmo quando os resultados de raspados

de pele derem negativos), para descartar definitivamente a sarna sarcóptica. A

resposta favorável ao tratamento com escabicida é o método mais comum de

diagnostificar por tentativa a Escabiose (Medleau & Hnilica, 2005).

A atopia é uma predisposição do animal para torna-se alérgico à

substância normalmente inócua, tais como pólens (gramas, plantas, árvores),

mofos, poeira de ácaros domésticos, alérgenos epiteliais e outros alérgenos

ambientais. As áreas mais frequentemente afetadas são os espaços interdigitais,

as áreas de carpo e tarso, focinho, a região periocular, axilas, virilhas e as

orelhas. É comum os animais acometidos com a enfermidade apresentarem

infecções secundárias, bacterianas e por leveduras, otite externa crônica

recidivante e conjuntivite (Plant & Reedy, 2005).

Enquanto até 40% da população de cães normais em áreas endêmicas

de pulgas podem apresentar reações positivas ao teste alérgico intradérmico ao

antígeno de pulgas, até 80% dos cães atópicos na mesma área podem ser

positivos. Este achado sugere que o estado atópico pode predispor os cães ao

desenvolvimento de hipersensibilidade alérgica a pulgas. Outro estudo, todavia,

indicou que apenas 36% dos cães atópicos eram também hipersensíveis a pulgas

(Scott et al., 1996).

f) Tratamento

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Conforme Scott et al. (1996), Willemse (1998), Medleau & Hnilica

(2003) e Kuhl & Greek (2005) o tratamento da hipersensibilidade a pulgas pode

incluir completo controle de pulgas e glicocorticóides sistêmicos.

Mais de uma doença pode estar contribuindo para o prurido; se o

tratamento para uma doença identificada não resultar em melhora deve-se

considerar outras causas (Gram, 2005).

Para controle de pulgas e carrapatos no animal, o fipronil tem sido o

medicamento mais eficiente no momento. O tratamento mensal para cães em

“spo”’ ou ”spray”, resiste à remoção com água e excelente perfil de segurança e

eficácia (Kuhl & Greek, 2005).

Para Blagburn & Lindsay (2003) o fipronil é um ectoparasiticida que

exerce seu efeito primariamente nos estágios de desenvolvimento dos insetos e

de outros artrópodes. O fipronil está relacionado, no modo de ação, com as

avermectinas, por agir como bloqueador dos canais de íon cloreto regulados pelo

GABA nas membranas celulares nervosas. O longo período de atividade residual

do fipronil após a administração tópica é devido ao seu acúmulo nos óleos da pele

e nos folículos pilosos dos animais tratados. É liberado por certo período de

tempo, permitindo intervalos relativamente longos entre os tratamentos.

O tratamento dentro de casa inclui nebulizações e sprays que

geralmente contêm organofosforados, piretrinas e/ou reguladores do crescimento

de insetos, deve ser aplicado de acordo com a recomendação do fabricante. Toda

área da casa deve ser tratada, podendo o produto ser aplicado pelo dono do

animal. O tratamento fora da casa deve incluir produtos que contêm piretróides

ou organofosforados e um regulador do crescimento de insetos, os pós

geralmente são organofosforados e os produtos contendo nematódeos

(Steinerma carpocapsae) são seguros e livres de substâncias químicas (Kuhl &

Greek 2005).

As piretrinas, devido a sua excelente propriedade derrubadora e baixa

toxicidade para os mamíferos, levaram o seu desenvolvimento e uso extenso

como ectoparasiticidas. Os piretróides sintéticos são análogos sintéticos das

moléculas do protótipo piretrina. Os piretróides retêm a atividade derrubadora das

piretrinas, mas são moléculas mais estáveis com atividade residual mais

prolongada. A permetrina, piretróide de terceira geração, ocorre como um pó

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cristalino incolor ou líquido viscoso, amarelo-pálido. A permetrina é um piretróide

amplamente utilizado. É um ingrediente ativo de colares sprays, xampus, banhos

e concentrados tópicos para controle de pulgas e carrapatos em cães e gatos

(Blagburn & Lindsay 2003).

De acordo com Medleau & Hnilica (2003), para auxiliar na cura do

prurido deve-se considerar a possibilidade de tratamento com glicocorticóide.

Pode-se administrar 0,5mg/kg (cães) VO de prednisona, em intervalos de 12

horas, durante três a sete dias, seguido de intervalos de 24 horas por três a sete

dias e a cada 48 horas durante mais três a sete dias.

Os glicocorticóides diminuem a formação da histamina induzida, (histamina produzida

pelas células durante a lesão), cuja ação não é bloqueada pelos anti-histamínicos. Eles

também antagonizam as toxinas e as cininas, reduzindo a inflamação resultante. Os

glicocorticóides são usados para tirar vantagem da supressão tanto do número de células

como das ações do sistema imune. Os efeitos supressores da imunidade mediada por

células predominam sobre aqueles da imunidade humoral. A produção de anticorpos

geralmente não é acometida com doses moderadas dos glicocorticóides, ficando inibida

apenas com altas doses e com tratamento por longo prazo. Eles causam linfopenia e

eosinopenia, efeitos estes secundários à redistribuição e/ou lise celular, e levam a um

aumento da desmarginalização vascular de neutrófilos a partir do leito vascular para o

tecido linfóide (Ferguson & Margarethe 2003). Os glicocorticóides devem ser evitados

em condições como doenças infecciosas, devido à sua natureza imussupressora

(Andrade, 2002).

Anti-histamínicos podem ser administrados em conjunto com corticosteróides, para que

seja reduzida a dose de esteróide necessária para controle do prurido (Willemse, 2003).

Os clientes devem ser informados que não existe cura para a DAPP e

que animais alérgicos a pulgas frequentemente se tornam mais sensíveis às

picadas à medida que envelhecem. Atualmente a única forma de terapia é

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controlar exposição à pulgas. A diminuição do prurido indica que a DAPP está

sendo controlada, animais muito sensíveis e a ausência de pulgas ou fezes de

pulga nem sempre é um indicador confiável de tratamento bem sucedido (Greek &

Kuhl).

A seborréia decorrente da afecção crônica, também requer tratamento e

Scott et al. (1996) afirmaram que os ingredientes mais comuns dos produtos anti-

seborréicos são alcatrão, enxofre, ácido salicílico, peróxido de benzoíla e sulfeto

de selênio. São geralmente aplicados em formulações de xampu. O peróxido de

benzoíla (2,5 a 5%) é ceratolítico, antibacteriano, desengordurante,

antipruriginoso e realiza a lavagem folicular. É metabolizado na pele a ácido

benzóico, que lisa a substância intercelular na camada córnea para ter efeito

ceratolítico. Por causa de sua poderosa ação desengordurante, o peróxido de

benzoíla resseca excessivamente a pele normal com o uso prolongado e

geralmente está contra-indicado na presença de pele seca.

4.2.11 Discussão e conclusão

Dentre os animais com dermatopatias de origem imunológica atendidos

durante o estágio curricular supervisionado no HV/EV/UFG, todos apresentaram

DAPP. A elevada representação de DAPP na esfera das enfermidades

imunológicas da pele foi mencionada por Lucas (2006).

Segundo Lucas (2006) não há predileção sexual ou etária, normalmente

são acometidos animais adultos jovens, sendo que a maioria dos casos ocorre

entre dois e cinco anos de idade. No caso acompanhado no HV/EV/UFG, o

animal não era jovem e apresentava oito anos de idade.

Um dos principais motivos pelo qual a proprietária trouxe o cão para

atendimento clínico foi o prurido muito intenso. Gram (2005) afirmou que mais de

uma doença pode estar contribuindo para o prurido; se o tratamento para uma

doença identificada não resultar em melhora, deve-se considerar outras causas.

Medleau & Hnilica (2005) afirmaram que as lesões em cães com DAPP

incluem erupções pruriginosas, pápulas, crostas, eritema, seborréia, alopecia,

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escoriações, piodermite, hiperpigmentação e/ou liquenificação. No animal

atendido as lesões observadas no exame físico foram semelhantes às descritas.

Greek & Karen (2005) afirmaram que as lesões se concentram em uma

área triangular da região lombossacra-dorso-caudal, geralmente estão envolvidas

a face caudal das coxas, a região inferior do abdômem, a região inguinal e a

região cranial dos antebraços. No exame físico do paciente observou-se que as

regiões acometidas eram as regiões abdominal, pescoço, axilas, virilhas, dorso,

flanco e cabeça.

Para Werner (2005) o tratamento para a otite externa inclui

medicamentos sistêmicos com corticóides para reduzir a tumefação e dor.

Prednisona 0,25-0,5mg/kg a cada 12 horas, somente por curto período.

Tratamento tópico incluindo limpeza cuidadosa da orelha todos os dias, depois

uma vez curados os sinais, a cada 3-7 dias com produtos anti-sépticos,

adstringentes e ceruminolíticos. Antibióticos, antifúngicos, e/ou parasiticidas deve

ser utilizados somente quando for confirmada a presença dos microorganismo(s).

A cadela atendida no HV/EV/UFG apresentava otite externa com presença de

eritema, hiperpigmentação, liquenificação e secreção, mas o tratamento não foi

prescrito pelo médico veterinário responsável.

A otite externa bilateral e a conjuntivite presentes na cadela atendida no

HV/EV/UFG não foram citadas na literatura consultada como característica de

DAPP, mas sim como característica de atopia canina segundo (Plant & Reedy,

2005).

Para Willemse (1998), Scott et al. (1996) e Greek & Kuhl (2005) o

diagnóstico baseia-se na história, exame físico, teste intradérmico usando

antígeno de pulga e resposta ao tratamento. No paciente não foi feito o teste

intradérmico e o diagnóstico baseou-se principalmente na resposta do animal ao

tratamento terapêutico estabelecido pelo veterinário responsável.

Kuhl & Greek (2005) afirmaram que o diagnóstico diferencial inclui

hipersensibilidade alimentar, atopia e sarna sarcóptica. Para descartar a

escabiose foram feitos vários raspados de pele superficiais e profundos em vários

locais diferentes da pele do animal. Tais exames foram negativos, além disso a

paciente não possuía histórico compatível com escabiose.

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Scott et al. (1996), Willemse (1998), Medleau & Hnilica (2003) e Kuhl &

Greek (2005) afirmaram que o tratamento da DAPP pode incluir completo controle

de pulgas e glicocorticóides sitêmicos. No paciente atendido no HV/EV/UFG o

tratamento prescrito incluiu completo controle das pulgas, glicocorticóides

sistêmicos e tratamento tópico com xampu.

Para o controle das pulgas e carrapatos no animal prescreveu-se o

fipronil, mas com intervalos quinzenais e não mensais como conforme

recomendado por Kuhl & Greek (2005).

Para controle das pulgas e carrapatos do ambiente, Scott et al. (1996)

citaram os produtos que contêm organofosforatos, piretrinas e/ou reguladores do

crescimento de insetos. Para o controle externo da casa indicaram piretróides,

organofosforados e também um regulador de crescimento de insetos. Para o

proprietário do animal atendido no HV/UFG foi prescrito a permetrina tanto para o

ambiente interno com para o ambiente externo da casa.

Medleau & Hnilica (2003) afirmaram que no tratamento deve-se

administrar glicorcoticóide sistêmico para auxiliar na cura do prurido, na dose de

0,5 mg/kg VO de prednisona, em intervalos de 12 horas, durante três a sete dias.

Foi prescrito para a cadela prednisona 0,5mg/kg, mas apenas uma vez ao dia,

pela parte da manhã, durante dez dias.

Como o animal apresentava seborréia oleosa intensa, foi prescrito

banhos com xampu de peróxido de benzoíla 3,5%, como recomendado por Scott

et al. (1996).

No animal atendido o veterinário prescreveu um tratamento para o

controle das pulgas e dos carrapatos no animal e no ambiente. Houve melhora

dos sintomas após sete dias de tratamento. Observou-se diminuição das crostas,

redução significativa do prurido e do eritema e ausência de pulgas e carrapatos.

Scott et al. (1996) afirmaram que quando as pulgas não são vistas nos cães com

DAPP, e o cliente realizou o controle adequado das pulgas, a persistência do

prurido deve levar o clínico a prestar a atenção a uma hipersensibilidade

concomitante, como atopia e hipersensibilidade alimentar.

O proprietário não trouxe a cadela ao segundo retorno marcado. Após

aproximadamente dois meses, já encerrado o estágio curricular obrigatório, foi

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informado que o animal foi levado novamente à consulta, pois os sintomas

voltaram de uma forma ainda mais grave do que inicialmente.

Gram (2005) citou que mais de uma doença pode estar contribuindo

para o prurido; se o tratamento para uma doença identificada não resultar em

melhora, deve-se considerar outras causas. No caso clínico descrito pôde-se

observar que o tratamento prescrito não resultou em resolução definitiva dos

sinais clínicos. Portanto, optou-se pelo emprego da dieta terapêutica. Pode-se

destacar ainda que o cão atendido apresentava padrão de lesões e algumas

alterações clínicas sugestivas de HA e atopia, como otite externa e conjuntivite,

conforme citado por Plant & Reedy, (2005) e Nascente et al. (2006).

Para Duclos (2005) a dieta precisa ser restrita a uma proteína e um

carboidrato ao qual o animal tenha tido exposição prévia limitada ou nenhuma

exposição anterior. Para a cadela, o veterinário prescreveu arroz integral, carne

de coelho, óleo de canola e água mineral, durante 40 dias.

Diante do caso clínico descrito e discutido, percebeu-se que a

dermatologia veterinária exerce um papel importante na clínica de pequenos

animais. Os sinais clínicos de várias dermatopatias são bastante semelhantes e

que às vezes só é possível fechar um diagnóstico com um plano diagnóstico para

descartar as possíveis enfermidades suspeitas pelo médico veterinário. Portanto,

para obter sucesso em um caso dermatológico, o proprietário deve estar disposto

a cumprir rigorosamente o plano de tratamento, pois muitas vezes este é longo e

requer muita paciência e dedicação.

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5 CONCLUSÃO GERAL

O estágio curricular supervisionado foi de fundamental importância para

completar o aprendizado adquirido durante a graduação.

Tive a oportunidade de vivenciar práticas da profissão, assim como as

suas dificuldades, as perdas a as vitórias do dia-a-dia. Aprendeu-se que além de

veterinários tem que ser também um pouco psicólogo para aprender a lidar com

os proprietários e que ninguém sabe tudo, mas que os erros também são de

grande valia, pois eles nos ensinam como não cometê-los novamente.

A experiência obtida no HV/EV/UFG foi muito gratificante, todos os

casos acompanhados foram de grande importância, principalmente os descritos

neste trabalho de conclusão de curso.

Foram descritos dois casos dermatológicos porque além de gostar

muito dessa área percebi que todos os dias os veterinários se deparavam com

algum problema dermatológico. O melhor de tudo isso é que todos os dias

chegava em casa me sentindo realizada por mais um dia de trabalho.

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