deputado betinho gomes
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Discurso realizado pelo Deputado Betinho Gomes, no dia 08 de Fevereiro de 2011.TRANSCRIPT
Exmo. Sr. Presidente Guilherme Uchôa, Exmas. Sras.
Deputadas e Exmos. Srs. Deputados, há quatro
anos, aproximadamente, utilizei esta tribuna para
me despedir dos meus pares. Naquele momento, o
sentimento que me tomava era o da certeza do
dever cumprido e a convicção de que, na derrota
sofrida na eleição de 2006, muitos ensinamentos
iriam surgir. Não me abati, aceitei com humildade o
resultado das urnas, nada de lamentações, nada de
arrependimentos.
Percebi, rapidamente, que a luta política se dá para
além dos gabinetes ou dos mandatos, ela acontece
no dia a dia, nas esquinas, nas ruas, nos bairros e,
principalmente, no contato direto com o povo. Foi
nessa vivência que busquei forças para entender
que minha missão deveria ser construída mesmo
sem a representação do cargo. Entendi que o mais
importante era a força das idéias e dos sonhos que
deve sempre nos mover rumo ao futuro e que, para
construir o futuro, era necessário continuar lutando
pela defesa dos meus ideais.
Ainda fragilizado politicamente depois da derrota
de 2006, fui convocado pelo meu partido e por
amigos e amigas do Cabo de Santo Agostinho para
disputar o mandato de prefeito de minha cidade em
2008. Para muitos, uma eleição impossível de se
ganhar, mas o verdadeiro líder não deve pensar só
nas vitórias eleitorais, o líder tem que lutar sempre,
mesmo quando o desafio se apresente
intransponível. Foi o que fiz. Aceitei a convocação,
fui ao debate, com escassos recursos e sem grandes
apoios, lutando contra um poderosíssimo esquema
de poder, que a todo custo tentou nos esmagar.
Com humildade, firmeza e disposição, alcançamos
um resultado surpreendente. Com mais de 40 mil
votos, emergimos das urnas como uma força que se
firmaria na cena política do Cabo de Santo
Agostinho.
Depois deste processo de reconstrução de nossas
forças seria mais do que natural tentar novamente
retornar ao mandato de Deputado Estadual. Um
novo chamado veio e me coloquei à disposição do
eleitor pernambucano para que meu nome fosse
apreciado. Apresentei minhas propostas e
compromissos para que o cidadão desse seu
veredito. Andei por vários lugares e encontrei várias
pessoas em meses de uma exaustiva campanha. Ao
seu final, veio o resultado positivo, fruto de muito
trabalho e dedicação que se expressou na confiança
de milhares de pessoas. Foram mais de 65 mil votos
conquistados em meio a muitas adversidades, e é a
estes cidadãos que agora dedico meu muito
obrigado. Particularmente, quero agradecer ao
povo de minha cidade do Cabo de Santo Agostinho,
onde obtive mais de 21 mil votos. Agradeço
também ao povo de Jaboatão dos Guararapes que,
generosamente, me deu mais de 23 mil votos, aos
recifenses que me deram quase 7 mil votos, aos
bom Jardinenses pelos mais de 6 mil votos, aos
morenenses que contribuíram com quase 3mil
votos.
Mas queria fazer um agradecimento especial a
algumas pessoas que foram decisivas neste
processo, agradeço ao Prefeito de Jaboatão dos
Guararapes, Elias Gomes, meu líder e orientador.
Agradeço ao melhor Prefeito da história de Bom
Jardim, João Lira. Também agradeço ao ex-Prefeito
de Moreno, Vavá Rufino, e à Vereadora do Recife
Aline Mariano. Agradeço ao companheiro de chapa,
Sérgio Guerra, um dos mais competentes
parlamentares do País. Finalmente, um
agradecimento especial aos meus familiares e à
minha esposa e aos meus filhos.
Também quero dirigir meus agradecimentos aos
Vereadores do Cabo, de Jaboatão, Moreno e Bom
Jardim. Enfim, agradeço a todos que, junto comigo,
construíram essa robusta vitória, que me consagrou
como o Deputado Estadual mais votado da
oposição.
Agora, é chegada uma nova etapa, é hora de
concretizar os compromissos assumidos e
representar com dignidade o povo de Pernambuco.
É hora de buscar a comunhão das boas idéias para
ajudar nosso Estado na superação de seus desafios.
Neste sentido, entendo que o Parlamento estadual
deve buscar um papel que vá além da mera
homologação dos projetos de lei, que supere o seu
papel de fiscalizador do Executivo, e de uma certa
submissão a este outro poder.
O parlamento estadual deve recompor suas forças e
ter uma postura de vanguarda, apresentando à
nossa sociedade uma agenda própria, que nos
engrandeça enquanto poder e nos aproxime dos
que por nós são representados. E, para começar a
construção desta agenda parlamentar, é que
proponho que o Presidente desta Casa reúna os
líderes partidários para iniciar este processo de
formulação de nossa agenda para que a mesma seja
apresentada aos pernambucanos.
Pernambuco cresce de forma acelerada e novas
oportunidades surgem, entretanto, velhos
problemas persistem mesmo reconhecendo os
esforços dos vários Governos em superá-los. A
qualidade dos serviços de saúde, educação,
segurança, saneamento, entre outros são questões
que merecem toda nossa atenção. Não devemos
nos satisfazer apenas com o progresso econômico e
industrial do Estado, devemos querer mais do que
isso, devemos trabalhar pela qualidade de vida do
nosso cidadão.
Enquanto aqui estiver, quero afirmar que
contribuirei para que o bom debate seja travado,
sempre respeitando os meus pares sem,
entretanto, abrir mão do contraditório e, ao mesmo
tempo, articulando parcerias para implementar
soluções para o bem de Pernambuco. Irei priorizar
em minha atuação alguns temas, entre eles
destacaria à luta por uma educação de qualidade e
mais investimentos em qualificação profissional, e
sobre a educação faço uma reflexão inicial:
Pernambuco, a partir do seu crescimento nos
últimos anos, entrou, sem dúvida, na rota do
desenvolvimento mundial, o que requer uma base
sólida de conhecimento com assento nos processos
educacionais, através do atendimento
universalizado com qualidade, na educação básica,
no investimento em escolas técnicas e no
fortalecimento de suas universidades
Alguns dados referentes à educação em nosso
estado merecem atenção especial.
Registramos, ainda, indicadores negativos
referentes ao analfabetismo no Estado. Das crianças
e adolescentes de 10 a 14 anos que deveriam estar
cursando o ensino fundamental, 5,9% são
analfabetas, ou seja, nunca tiveram acesso à sala de
aula. Da população acima de 15 anos, 17,6% são
considerados também analfabetos.
O abandono e a reprovação dos alunos em nossas
escolas públicas somam 23%, o que significa
desperdício de anos de vida, dado que o acúmulo
dessas reprovações prejudica o desenvolvimento
das crianças e adolescentes, contribuindo para o
difícil acesso à empregabilidade e, porque não
dizer, ao exercício pleno da cidadania. Devemos
acrescentar o desperdício de recursos públicos, uma
vez que ao investimento que é feito não
corresponde o resultado esperado, que seja a
progressão permanente dos nossos alunos aliada
aos ciclos de vida e ao bom desempenho escolar.
Parte dos nossos jovens estão fora da escola. É
preciso dotar os municípios de escolas estaduais
voltadas para o ensino médio, responsabilidade da
rede estadual.
Embora o Estado apresente uma evolução de 0,4%,
respectivamente, nos últimos dois anos de
avaliação do IDEB, precisamos avançar mais para
corresponder ao que está projetado para o
desenvolvimento com sustentabilidade, em
Pernambuco, no Nordeste e no Brasil.
Avançar na melhoria da qualidade do ensino não é
possível sem que se promova, em vários aspectos
da política educacional, a valorização do professor.
Segundo a CNTE (Confederação Nacional dos
trabalhadores em Educação), os salários dos
professores da nossa rede estadual é o mais baixo
entre os estados brasileiros, o que contribui
decisivamente para o desestímulo, para a
fragilização profissional e para o não engajamento
efetivo dos nossos educadores.
Estudos do UNICEF indicam que países que
investiram em educação infantil tiveram, em médio
prazo, a sua capacidade de investimento econômico
ampliada.
O nosso mestre Pernambucano Paulo Freire já dizia
que a “Educação sozinha não muda o mundo, mas
sem a educação o mundo não se transforma”.
O governo de Pernambuco, neste segundo
mandato, tem uma grande tarefa: mobilizar a
sociedade para enfrentar o desafio educacional em
nosso estado, colocando efetivamente todas as
crianças na escola, rompendo assim a barreira do
analfabetismo. E, juntamente com os Municípios e
o governo federal, poder dotar o poder público de
recursos necessários à melhoria da qualidade da
educação em nosso estado. Tal qual temos o Pacto
pela vida na área da segurança, é hora de
Pernambuco implantar o seu Pacto pela Educação!
Outro tema que merecerá nossa atenção é a
segurança pública, irei fazer um permanente
esforço para cobrar mais recursos para o combate à
violência, pois, apesar da meta de redução de
homicídios proposto pelo Pacto pela vida ter sido
alcançada, ainda estamos muito longe de sermos
um Estado seguro, nossa taxa de homicídios, em
2009, era de 46,18/100 mil habitantes enquanto o
índice nacional é de 24,5/100 mil e a de São Paulo é
de 10/100 mil habitantes. Observando estes
números, nota-se como nosso desafio é imenso.
Devemos também ter um olhar especial para o tipo
de desenvolvimento que queremos. Devemos
buscar a conciliação entre desenvolvimento
econômico e a sustentabilidade. Nosso PIB irá
continuar avançando, mas devemos ter a
capacidade de crescer sem destruir nossos recursos
naturais.
Nosso partido está na oposição ao Governo do
Estado, mas isso não significa que faremos oposição
a Pernambuco, muito pelo contrário, queremos
ajudar neste processo que pertence a todos nós e,
por isso, nossa postura na Alepe será, quando
possível e necessário, de cooperação e diálogo,
nunca de intransigência ou mesquinharia. Vamos
agir com independência e fiscalizar o Governo para
que ele corrija seus erros ou dando sugestões para
que o Governo otimize seus recursos e ações
naquilo que acharmos relevante.
Finalmente, quero dedicar minhas últimas palavras
ao povo do Cabo de Santo Agostinho. Nosso
município está na rota do desenvolvimento e,
naturalmente, os efeitos da prosperidade
econômica são bem recebidos pelo nosso povo.
Entretanto, temos que nos preocupar com as
conseqüências deste crescimento em ritmo
alucinante antes que percamos as condições de
interferir no processo, pois, já estamos sentindo na
pele o recrudescimento de problemas
estruturadores que podem comprometer nossa
qualidade de vida, tais como:
� Mobilidade e habitabilidade
� Violência urbana, Drogas, Prostituição
� Degradação dos bens públicos e Problemas
ambientais
� Baixa qualificação da mão de obra local
� Comprometimento do potencial turístico
Para que essas e outras questões não
comprometam o nosso futuro é que precisamos
agir com rapidez e canalizar este processo de
crescimento econômico para uma diretriz que
esteja focada na construção de oportunidades, e,
sobretudo, na qualidade de vida do povo de
Pernambuco e da região do território estratégico de
Suape e em particular do Cabo de Santo Agostinho.
Devemos apostar na educação e no conhecimento
como chaves para este novo futuro que nos espera.
Temos que saber tirar o melhor proveito deste
momento e buscar no diálogo com o povo do Cabo
a construção de um projeto para a Cidade onde as
diversas variáveis sociais e econômicas estejam
compreendidas na perspectiva de fazer do Cabo de
Santo Agostinho a cidade com a melhor qualidade
de vida do Estado. Isso é possível desde que
comecemos já a construção deste pacto em favor
de nossa Terra.
Agradeço a todos e todas pela atenção e me
empenharei firmemente para que esta legislatura,
que começa marcada pelo signo da jovialidade e
experiência, possa contribuir para o bem do nosso
povo e do nosso Estado.
Por esta oportunidade que me é concedida por
Deus, e pelo povo do meu Estado, o meu muito
obrigado!
Betinho Gomes.