(depois de) antes da queda - 2009/2010

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E COMPANHIA PERDIDA (Depois de) Antes Da Queda A Companhia Perdida é o “braço” do trabalho de criação em grupo da coreógrafa Juliana Moraes, que considerou ser importante manter a distinção entre seus solos e duetos e essa nova etapa de investigação. As bailarinas que aceitaram o desafio inicialmente foram Maristela Estrela, Carolina Callegaro e Isabel Monteiro, e mais recentemente Érica Tessarolo e Beatriz Sano. Atualmente a companhia se constitui de cinco bailarinas e a diretora Juliana Moraes, mais a produtora Stella Marini, seu assistente César Ramos e os artistas convidados Jonas Tatit (trilha sonora), Márcia de Moraes (desenhos e cenário), Paulo Babboni (figurinos) e André Boll (iluminação). Em 2008 foi criada a peça “Antes da Queda”, financiada pelo 3° Edital da Lei de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, inspirada nas fotografias da artista americana Francesca Woodman (1958-1981). Essa peça teve temporada de 23 apresentações (Galeria Olido, Sala Jardel Filho do Centro Cultural São Paulo e Teatro Viga) e foi vista por 1.088 pessoas. Agora a companhia inicia uma segunda etapa de trabalho, apoiada pelo 6° Edital da Lei de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, na qual aprofundará a pesquisa em assuntos recorrentes nas peças de sua diretora. Os temas “o feminino”, “o espaço de afetação” e “repetição e dramaturgia” serão tratados em ciclo de palestras abertas ao público, e o uso do sistema Laban para fins coreográficos será abordado em curso de 25 horas para pessoas selecionadas por currículo e carta de interesse.

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Informações sobre a peça (Depois de) Antes da Queda, da Companhia Perdida. Contém release, ficha técnica, currículos, depoimentos e fotos.

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E COMPANHIA PERDIDA

(Depois de) Antes Da Queda A Companhia Perdida é o “braço” do trabalho de criação em grupo da coreógrafa Juliana Moraes, que considerou ser importante manter a distinção entre seus solos e duetos e essa nova etapa de investigação. As bailarinas que aceitaram o desafio inicialmente foram Maristela Estrela, Carolina Callegaro e Isabel Monteiro, e mais recentemente Érica Tessarolo e Beatriz Sano.

Atualmente a companhia se constitui de cinco bailarinas e a diretora Juliana Moraes, mais a produtora Stella Marini, seu assistente César Ramos e os artistas convidados Jonas Tatit (trilha sonora), Márcia de Moraes (desenhos e cenário), Paulo Babboni (figurinos) e André Boll (iluminação).

Em 2008 foi criada a peça “Antes da Queda”, financiada pelo 3° Edital da Lei de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, inspirada nas fotografias da artista americana Francesca Woodman (1958-1981). Essa peça teve temporada de 23 apresentações (Galeria Olido, Sala Jardel Filho do Centro Cultural São Paulo e Teatro Viga) e foi vista por 1.088 pessoas.

Agora a companhia inicia uma segunda etapa de trabalho, apoiada pelo 6° Edital da Lei de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, na qual aprofundará a pesquisa em assuntos recorrentes nas peças de sua diretora. Os temas “o feminino”, “o espaço de afetação” e “repetição e dramaturgia” serão tratados em ciclo de palestras abertas ao público, e o uso do sistema Laban para fins coreográficos será abordado em curso de 25 horas para pessoas selecionadas por currículo e carta de interesse.

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A partir das descobertas feitas ao longo do processo, a peça “Antes da Queda” será retomada e reestruturada para serem aprofundadas questões de vocabulário de movimentos, dramaturgia e espaço cênico que merecem ser revisadas. Uma nova temporada do trabalho está prevista para abril/maio de 2010.

Assim como no ano passado, todo o processo será documentado e divulgado no site www.companhiaperdida.com.br através de ensaios fotográficos, desenhos, textos e vídeos que mapearão a produção ao longo do tempo. O site se constitui como importante veículo de comunicação com o público e uma maneira eficaz de registrar e difundir o processo criativo da companhia.

O título “Antes da Queda” é uma referência à queda de Adão e Eva do paraíso por conta do pecado feminino de morder a maçã proibida. Desta vez as bailarinas e sua diretora embarcam numa aventura em terras não mais virgens, mas que por isso mesmo se tornam ainda mais saborosas.

Na descoberta antes, durante e depois da queda.

FICHA TÉCNICA

Concepção, direção e criação: Juliana Moraes

Criação e interpretação: Carolina Callegaro, Isabel Monteiro, Maristela Estrela*, Érica Tessarolo, Beatriz Sano e Flávia

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Scheye.

Trilha sonora: Jonas Tatit

Figurinos: Paulo Babboni

Projeto de luz: André Boll

Cenário: Marcia de Moraes, Stella Marini e Juliana Moraes

Técnico de luz e som: Bruno Natale

Cenotécnica: Lázaro Batista e Gerson Manon

Projeto visual: Laika Design Fotos: Cris Lyra

Desenhos: Marcia de Moraes

Treinamento de kempo indiano na primeira montagem: Ciro Godoy

Músicos (música da cena "Carruagem"):

Violino: Luiz Amato

Viola: Emerson De Biaggi

Violoncelo: Adriana Holtz

Flauta: Marta Ozzetti

Fagote: Fabio Cury

Trilha gravada nos estúdios:Pratápolis, por Jonas Tatit

Estúdio 185, por Beto Mendonça

Assessoria de imprensa: Marcia de Moraes ([email protected])

Assistentes de Produção: César Ramos e Teresa Sanches

Produção: Stella Marini

www.companhiaperdida.com.br

[email protected]

Agradecimentos: Viviane Varela Damasceno, Patrícia Mara, Bruno Moreschi, Laura Vinci, Alessandra Domingues, Márcio Seligmann, Cassiano Quilici, Lucia Romano, Miriam Chnaiderman, Clara Gouvêa, Gustavo Sol, Anderson Gouvêa, Alexandra Itacarambi

*Agradecemos imensamente a dedicação e o trabalho da bailarina Maristela Estrela, que precisou ser substituída.

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APRESENTAÇÕES (depois de) Antes da Queda

10-26 de maio (terça a quinta), 2011. Fora do Palco. 4° subsolo do SESC Pinheiros, São Paulo.

19 de agosto, 2010. SESC Bauru.

18 de agosto, 2010. SESC São Carlos.

17 de julho, 2010. SESC Santo André.

28 de julho, 2010. SESC Ribeirão Preto.

12-23 de maio (quarta a domingo), 2010. Espaço Cênico Ademar Guerra, Centro Cultural São Paulo.

TEXTOS SOBRE A PEÇA Em lugar nenhum

Bruno Moreschi (*)

Em 1981, aos 22 anos, após o término de um namoro, a fotógrafa norte-americana Francesca Woodman jogou-se da janela de seu apartamento. Como legado, deixou mais de 100 fotografias, a maioria até então ignorada pelos galeristas de Nova York.

Uma dessas imagens é certamente um dos mais fantásticos autorretratos já produzidos por um artista. Aos trezes anos, Francesca abusou da longa exposição da câmera e clicou a si mesma. Sentada num banco, vestia um suéter de lã com detalhes em alto-relevo e segurava um pedaço de madeira, o responsável por acionar o clique da máquina. O registro foi de seu rosto inteiramente tampado por longos fios de cabelo.

Poucos anos antes de sua morte, Francesca escutou de um crítico de arte algo sobre essa imagem que lhe agradou muito. O de que esse autorretrato que se nega em expor o rosto da fotografada seja uma síntese interessante da posição dúbia que a mulher ocupa no mundo contemporâneo.

Por alguma razão, que assumo não ser capacitado em precisar, a luta por direitos e deveres iguais entre homens e mulheres desvirtuou-se para uma busca perversa entre a igualdade dos gêneros. Como se feminino fosse masculino.

Por medo de serem taxados de misóginos, poucos se atrevem a questionar essa absurda simplificação. O diretor de cinema

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dinamarquês Lars von Trier mostrou em seu terror Anticristo as forças telúricas que atuam sobre a mulher. E recebeu severas críticas, em grande parte curiosamente vindas da plateia feminina.

(depois de) Antes da queda possui uma coragem semelhante – com o mérito de não ter apelado para o misticismo juvenil de bruxas e lobos falantes utilizados por von Trier em sua película. A diretora e coreógrafa Juliana Moraes preferiu movimentos mais sutis e, certamente, mais complexos. Nos cenários e nos movimentos das criadoras-intérpretes Carolina Callegaro, Isabel Monteiro, Érica Tessarolo, Beatriz Sano e Flávia Scheye, estão as cadeiras, as mãos retorcidas e os fios de cabelo emaranhados tão presentes nas fotografias de Francesca Woodman.

“Trabalhamos uma dramaturgia que se constrói por repetições de imagens que vão se diferenciando de si mesmas a cada nova vez que reaparecem, através de distorções, deslocamentos e condensações. Buscamos a repetição na diferença e isso vai dando forma temporal e espacial ao trabalho. No momento, chamo isso de 'dramaturgia do inconsciente'”, diz Juliana.

Ela completa que “no início, aprendemos uma a uma todas as formas do corpo da Francesca. Depois desse começo árduo, quando as poses demoravam pra chegar do cérebro para o resto do corpo, elas acabaram por se tornar naturais e pudemos manipulá-las livremente, juntando duas ou três numa mesma ação e imaginando desdobramentos para além das imagens sugeridas pela artista”.

A música composta por Jonas Tatit utiliza os barulhos de talheres, de móveis se arrastando e de portas se abrindo numa alusão ao apartamento quase vazio em que a artista costumava trabalhar. A fotógrafa Cris Lyra registrou os ensaios numa série de imagens branco e preto, enquanto o iluminador André Boll usa como inspiração pinturas surrealistas e renascentistas para criar a iluminação do espetáculo, dialogando com os elegantes figurinos de Paulo Babboni. A produção é coordenada por Stella Marini. A artista plástica Marcia de Moraes assistiu a alguns ensaios da peça e produziu um conjunto de desenhos de poucos e leves traços que ilustram esse material de divulgação. Como na peça, a sugestão prevalece.

O título do trabalho é uma referência assumida dos segundos que antecederam a queda de Adão e Eva, quando essa última mordeu a maçã proibida do paraíso – e, é claro, ao instante antes de Francesca se jogar da janela. O antes de qualquer salto é um confuso instante. Não se está no chão. Nem livre no ar. Uma desordem entre a racionalidade de permanecer na segurança do plano e a instintividade de se deixar levar pela gravidade.

(*) Bruno Moreschi é jornalista especializado em artes plásticas.

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Entrevista com Juliana Moraes

por Márcia Dutra (Centro Cultural São Paulo). Edição de Paula Bassi.

O casamento entre a fotografia de Francesca Woodman e a dança da Companhia Perdida é ambíguo: um é estático, o outro, movimento, um, preto e branco, outro, rico em cores. A diretora Juliana Moraes conta, nesta entrevista, como foi conciliar os dois mundos. A artista também fala sobre

outras ocasiões em que esteve no Centro Cultural São Paulo, onde apresentou o espetáculo predecessor a este, Antes da Queda.

Fale um pouco sobre o trabalho da Francesca Woodman e por que ela foi escolhida.

A fotografia de Francesca tem algo de muito especial. Ela trabalhava a foto quase de maneira performática. Em vez de fazer uma ou duas fotos, ela fez mais de cem imagens dela mesma. Ela se fotografou dos 13 aos 22 anos, antes de se matar. Na grande maioria dessas fotografias ela utiliza seu próprio corpo. Como eu tenho treino na análise de movimento, pude ver nessas centenas de imagens certa coerência em termos de movimentação. O trabalho fotográfico dela é que sugeriu isso. Se eu utilizasse outra fotógrafa, a abordagem seria diferente. São fotos estáticas, mas o fato de serem tantas já é um convite para fazer com que se mexam, já que elas formam quase uma animação.

Como foi trabalhar as posturas dessas fotografias?

Quando colocamos essas imagens em movimento, começamos aprendendo as posturas. Foram 133 fotos e levou um tempão para decorar. Agora que já internalizamos, fazemos quatro ou cinco fotografias de uma vez - braço de uma com a perna de outra e a cabeça de uma terceira. Também inventamos algumas. O trabalho da Francesca tem sempre um corpo e uma postura específica, então ficou bastante fácil fazer a apropriação.

Em algum momento as fotografias aparecem “fisicamente”?

Algumas são sugeridas, outras delineadas com mais lentidão e cuidado, mas não existe uma imitação pura e simples. Uma coisa que distancia muito do universo da Francesca é o fato do espetáculo ser colorido, porque as fotos são todas em preto e branco. A gente assumiu uma iluminação inspirada no pintor italiano barroco Caravaggio. A Francesca foi muito influenciada pelo Renascimento e Barroco porque ela morou na Itália uma

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época. Eu fui para lá também, visitei a Basílica de Veneza, cujo chão inspirou o cenário. Tem outras imagens, como de René Magritte, um grande artista plástico Surrealista. Nós refazemos em cena um quadro dele, porque as imagens de Fransesca Woodman têm elementos surrealistas. (depois de) Antes da Queda não é só uma ilustração do trabalho dela, a gente usa isso como uma inspiração livre. A partir daí, a nossa criatividade ganhou asas.

É a primeira vez que você se apresenta no Espaço Cênico Ademar Guerra. Como é a experiência, já que ele é distinto das demais salas?

É um espaço fantástico. A gente sai do palco teatral tradicional, e o porão oferece a possibilidade de usar o espaço de maneira alternativa e também, se quisermos, fazer a relação de frontalidade. Em (depois de) Antes da Queda, o público circula na primeira cena e depois senta na arquibancada. Daí em diante construímos uma relação frontal mas continuamos a usar as vigas, os buracos e reentrâncias que o lugar oferece.

Qual a evolução de (depois de) Antes da Queda e seus trabalhos anteriores?

A grande mudança, para mim, é que eu não danço. É a primeira vez que não vou estar no palco. Em Antes da Queda, eu dançava também e me sentia muito perdida ao dirigir um grupo e dançar junto com ele. Apesar de gostar do espetáculo, não conseguia vê-lo de fora. Eu senti que precisava me desapegar profissionalmente. É uma etapa muito difícil para um bailarino, abrir mão de estar no palco, mas achei que só fazendo isso poderia crescer como diretora. No final, adorei a experiência, sinto-me muito íntima das bailarinas e das pessoas com quem trabalho. Eu me sinto no palco, apesar de não estar lá.

E qual foi o reflexo disso no espetáculo?

O fato de eu ter saído e poder olhar de fora fez com que o trabalho melhorasse imensamente. Tenho certeza de que é muito superior ao anterior. Eu fiz vários solos e duetos, dançava e dirigia (com exceção de Na Dobra do Tempo, solo coreografado para a bailarina Lavínia Bizzotto). Sinto que dava conta até, mas eram trabalhos menores, que exigiam muito menos de mim. Agora temos um trabalho muito mais aprofundado com relação às fotografias da Francesca Woodman. A dramaturgia está mais articulada, a movimentação também, porque estou trabalhando com as bailarinas de forma artesanal. Eu diria que o espetáulo anterior, Antes da Queda, não existe mais, ele foi completamente engolido, comido, digerido neste novo trabalho.

(depois de) Antes da Queda tem começo, meio e fim?

Sim, nós assumimos uma narrativa, mas ela não é causal, como tradicionalmente no teatro. Outra coisa acontece a partir disso,

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que eu chamo de uma dramaturgia do inconsciente. São cenas, imagens e movimentos que aparecem, desaparecem e se desenvolvem em outras imagens. Nenhuma se perde, elas ficam em suspensão para depois serem agarradas por uma nova imagem. A partir daí, a dramaturgia se constrói por meio de reiterações, repetições, apagamentos. Para que isso funcione, a gente precisa da atenção do público do começo ao fim.

O espetáculo (depois de)Antes da Queda é o resultado do aprofundamento da pesquisa sobre o universo visual das fotografias da norte-americana Francesca Woodman (1958-1981). Essa pesquisa já tinha dado origem a Antes da Queda, reelaborado neste espetáculo.

Aos 22 anos de idade, após o término de um namoro, Woodman jogou-se da janela de seu apartamento em Nova York, deixando como legado mais de cem fotografias até então ignoradas por críticos e galeristas. Suas fotos, a maioria autorretratos, serviram como ponto de partida para a criação de um vocabulário coreográfico que busca transformar elementos das imagens em gestos, movimentos e cenários. Cadeiras, mãos retorcidas e fios de cabelo emaranhados, tão presentes nas fotografias de Woodman, constituem os principais motivos desenvolvidos na peça. A transformação das imagens em coreografia é uma tentativa de interpretação tanto do destino trágico da artista quanto do universo visual estampado em sua obra e centrado, sobretudo, em seu corpo e em figurações da intimidade feminina. Assim, ao basearem a criação de seus movimentos nas fotos de Woodman, as intérpretes-criadoras mergulharam no mundo da artista, como se tivessem emprestado a câmera de Francesca para ensaiar gestos e movimentos.

O processo de criação levou em consideração, além das fotografias de Woodman, referências importantes da obra da artista. Por isso, pode-se notar também citações a imagens célebres do Surrealismo e do Renascimento no espetáculo.

(depois de) Antes da Queda foi realizado graças ao apoio do 3º e 6º Editais de Fomento à Dança da Cidade de São Paulo.

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DEPOIMENTOS Ao terminar a temporada de 2008, ficou muito claro para mim que era necessário ficar de fora para poder assistir ao trabalho e conseguir ter a noção do todo. Foi o que fiz e mergulhamos num processo de redescoberta da peça para aprofundamentos de vocabulário e dramaturgia. Havia momentos pouco resolvidos em termos de movimentação, outros necessitavam de complementação narrativa (cenas coadjuvantes para criar contrapontos). Ficar de fora me deu a possibilidade de ver as fragilidades do que havia criado. Coloquei-me como bailarina substituta, no caso de algum problema durante a temporada (que aconteceu no ano passado e acabamos dançando com elenco machucado, exausto e com gripe). Entretanto, a cada dia que passa vou trabalhando as habilidades particulares de cada bailarina, tirando o máximo delas dentro de suas próprias qualidades (a incrível variação dinâmica da Bia, as torções da Bel, o corpo "dobrável" da Cacé, a leveza e extensão da Érica e o sequenciamento da Estelinha) - e passo a duvidar da minha capacidade de substituir qualquer uma delas... O curso que oferecemos sobre Laban para fins coreográficos fez com que nosso vocabulário se afinasse, e agora posso falar sobre qualquer um dos conceitos que anteriormente guardava só pra mim. Esse também foi um passo muito importante: para que as bailarinas pudessem se aperfeiçoar dentro da pesquisa, era necessário que entendessem a maneira como me aproprio do que aprendi de Laban na Inglaterra. Além de palavras e conceitos que dão conta de nomear movimentos, suas dinâmicas e construções espaciais, sinto que o curso fez com que afinássemos nossos olhares também. Eu preciso que elas vejam, analisem e identifiquem as características dos movimentos que estamos criando, assim como identifiquem suas preferências dinâmicas e espaciais para as aperfeiçoar e também expandi-las. Aos poucos vamos complicando nossa relação com as imagens fotográficas do corpo da Francesca Woodman, e agora juntamos pernas de uma foto com braços de outra, olhos de outra e assim sucessivamente. Parece-me que o exercício constante fez com que criássemos uma enorme intimidade com as posturas, a ponto de termos conquistado a liberdade para complicá-las exponencialmente. As fotos anexas documentam esse processo: se comparadas às fotografias do processo de 2008, é possível identificar o aumento de complexidade nos corpos. É um exercício interessante olhar para os registros do processo e observar os corpos ganhando novas formas... No começo tive muito medo de sair do trabalho e me colocar de frente, mas não é que estou curtindo?

Juliana Moraes, 25 de outubro

***

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Meu primeiro contato com “Antes da Queda” foi através do site, acompanhando as postagens sobre o processo de criação. Quando fui assisti-la no CCSP, em 2008, me sentia familiarizada com ela e por isso não imaginava encontrar muitas surpresas. Engano meu, claro. A peça pronta e ao vivo transcendia os textos, as fotografias e os desenhos do

site. Era reconhecível a influência anunciada do surrealismo, especialmente de Magritte, mas também eram perceptíveis as de Caravaggio, Klimt, Schiele, Meredith Monk, a meu ver, artistas representativos de temas como feminino arquetípico, sensualidade, melancolia e ausência, compartilhados, evidentemente, pelas fotografias de Francesca. Fui pega pela barriga! O que quer dizer que a peça não me deu brecha para racionalizações durante seu decorrer, ao mesmo tempo em que me proporcionou inúmeras sensações, como um frio na boca do estômago.

Com o telefonema da Juliana dizendo que estava com um projeto de retomada e aprofundamento de “Antes da Queda”, e que tinha o propósito de estudar questões particulares e recorrentes em suas criações e, para minha surpresa, que gostaria da minha participação nessa etapa, fiquei muito feliz, enxergando uma rica oportunidade de troca e crescimento.

Com o início dos ensaios, muito bem acolhida pela Cia Perdida, e ao lado da Bia na empreitada de “pegar o bonde andando”, fui entendendo qual era a dinâmica de trabalho do grupo, constatando também que se fazia urgente o mergulho no universo fotográfico da Francesca e, sobretudo, no universo coreográfico da Juliana. Vídeos, livros, fotos, reuniões, encontros, conversas e mais conversas foram muito importantes nessa fase. O workshop sobre Laban ministrado pela Juliana no início do projeto e as palestras dos artistas convidados a falarem sobre temas relacionados aos trabalhos da Juliana só vieram a somar nesse sentido.

Coreograficamente era claro que a Juliana buscava uma complexidade maior dos movimentos da peça em relação à primeira montagem. Queria se libertar um pouco das fotografias, estudadas minuciosamente para a transposição de suas formas, embaralhá-las, misturar configurações de braços de uma com as de pernas de outra. Sem ter ainda todas as fotografias de cor, Bia e eu íamos naturalmente fazendo estas misturas nos momentos de improviso que compuseram os primeiros ensaios. Houve momentos em que fechamos seqüências de movimentos e compartilhamos umas com as outras, aprendendo os passos e reproduzindo. Aliás, este foi um grande momento de quebra de padrões corporais, foi quando

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percebi que fazer o que as outras bailarinas tinham criado estimulava meu corpo a se movimentar de uma maneira diferente da habitual. Particularmente senti um ganho nas movimentações de coluna e de centro em detrimento do meu padrão de ação pelas extremidades. Além de passar a compreender um pouco melhor conceitos como assimetria e polirritmia – no que dizem respeito ao corpo e a dança – e mergulhar nas direções da Juliana para deixar “o coração vir para o rosto”, fazer do meu “olho uma perna” que pode se movimentar conscientemente, ou ainda não dançar “muito dança” fugindo de padrões estéticos reconhecíveis e investigando uma expressividade particular.

Vivenciar a peça “Antes da Queda”, entre tantas coisas, tem me desafiado a lidar com emoções e estados corporais internos de forma que se configurem também em recursos de criação e expressividade. É... muito trabalho feito e muito ainda por vir. E que venham! Trabalhos assim são mais que bem vindos.

Érica Tessarolo, janeiro de 2010.

***

Meu olhar

Entrar no universo imagético de Francesca Woodman foi perceber uma infinidade de olhares possíveis sobre sua vida e deparar com as profundezas de ser mulher. Confesso que entrar num projeto que envolvia suas fotos e já seguia um caminho bem demarcado em relação a estas não foi nada fácil. A companhia já havia trabalhado com esse tema há um ano quando eu e Érica fomos convidadas a participar do aprofundamento do espetáculo e do universo de Woodman. No início dos ensaios ocorreram improvisações mais livres a partir das poses das fotos, e apesar da diferença de sintonia dos corpos, os encontros possibilitaram uma movimentação menos presa às poses de Francesca e mais próximas das qualidades de cada uma. Além disso, criamos novas maneiras de manusear os objetos, esses pertenciam cada vez mais ao corpo. Um meio corpo, meio cadeira; meia mulher; uma cabeça; um corpo também cadeira; só pernas; duas cabeças; muitas cadeiras.

A partir dessa aproximação, a análise de movimento foi mais minuciosa. Pensar o corpo com vários eixos, ser multifocado, diminuir o impulso, não ter micropausa, pouco impacto, se o movimento se inicia do dedinho da mão ou da cabeça foram

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exigências propostas pela Juliana que me proporcionaram um outro modo de pensar o movimento.

O aprofundamento nas imagens levantadas, principalmente nas improvisações e no decorrer do processo nos permitiu certo distanciamento das poses e do universo da Francesca para nos permitir criar o nosso próprio universo e complexidades de movimentos. Assim inventamos as pernas de pinça, o corpo de garça, o corpo dobrável, o corpo arejado, o reflexo de si e de todas, as amazonas, o centauro, o entrelaçar dos braços, as brincadeiras de irmãs, um estado suspenso, um corpo que se deixa levar, o deslizar no espaço, um infinito profundo, outros e vários olhos, um corpo exaurido e belo, um corpo também cadeira, o recolher para se juntar, um beijo, meia mulher, duas cabeças, meio bicho e meio mulher, a preparação para morte, um eterno suspiro, a iminência da queda.

É nessa permeabilidade de mulheres e imagens que foi possível nos deixar levar. Além.

Beatriz Sano, 23 de favereiro.

***

Entre os meses de novembro e fevereiro nos afastamos um pouco da forte influência das fotografias de Francesa Woodman e mergulhamos numa pesquisa menos referenciada a um estímulo externo e mais centrada em questões internas do nosso próprio processo de criação. Esse distanciamento se mostrou altamente produtivo para que depois, no mês de março, pudéssemos retornar às fotografias e dialogar com as imagens com olhares e questões renovadas.

Atualmente há cenas e movimentos que não se justificam diretamente pela influência das fotografias, mas pelo processo que lhes deu forma. Desta maneira, observo que o processo começa a gerar resultados que se justificam

pelo próprio processo e não mais exclusivamente pelo estímulo inicial. Essa percepção se dá somente pela possibilidade de se trabalhar com cuidado e profundidade as complexidades de uma criação em grupo, quando as intérpretes, juntamente com a

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direção, passam a perceber e compreender as estruturas do processo criativo e este deixa de ser somente um fluxo contínuo inconsciente para se tornar um sistema consciente de reconhecimento dos caminhos trilhados.

Entretanto, acredito firmemente que as estruturas que no momento passam a ser mais visíveis fazem parte DESTE processo de criação, e que num próximo trabalho novas estruturas devem ser encontradas. Talvez essa seja uma ética pessoal de trabalho, mas acredito que cada processo deva se permitir criar suas próprias complexidades ao invés de emprestar estruturas solidificadas de processos anteriores. Construir uma fórmula de criação que se repita em todas as peças simplesmente não me interessa como criadora. Saber por onde se pisou é fundamental também para se permitir criar outras pegadas.

Entretanto, visualizar as estruturas que deram origem ao trabalho como um mapa da própria criação denota que um processo esteja maduro. Agora é mais possível falar, escrever, discutir e comentar a peça pois há maior distanciamento. A análise permite que a relação passional com a obra que experimento quando ela acaba de estrear seja substituída por uma amor maduro e menos visceral. Atualmente posso reconhecer as escolhas que foram feitas e assumi-las mesmo que elas sejam criticadas por outros. Entendo os caminhos e por isso compreendo melhor o que resultou deles.

Esse processo de auto-reconhecimento foi sempre feito junto com as bailarinas, de maneira que elas também puderam se ver e reconhecer o que haviam criado e o que estão criando (pois a peça já se modificou enormemente no decorrer desse processo e ainda se modificará mais até sua temporada em maio). Isso fez com que suas interpretações também amadurecessem, pois elas têm uma intimidade muito grande com o material e se permitem continuar a pesquisar variações. Percebo que meu desejo de descobrir novas nuances depende de um elenco que não se entedie neste tipo de processo minucioso. Criamos cenas novas, elaboramos passagens menos visíveis de uma cena à outra (pois a dramaturgia se pauta em transições pouco perceptíveis), transformamos imagens, pesquisamos exaustivamente qualidades diferentes para os mesmos movimentos no espaço. Desta forma, sou grata ao elenco que se formou em torno deste projeto pois dependo delas para que a peça não se engesse, para que novas variações sejam encontradas e trabalhadas a cada novo ensaio.

Percebo também que a entrada em agosto de duas bailarinas novas, Érica Tessarolo e Beatriz Sano, deu um novo gás para o processo e para a peça. O fato delas não terem participado do processo anterior fez com que pudessem trazer suas próprias interpretações a respeito das fotografias de Francesca, e procurei estimular isso o quanto pude. Durante o primeiro mês de ensaios fizemos somente improvisações a partir das imagens e assim elas puderam propor abordagens novas em seus corpos, menos

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viciadas pelos processos que haviam se estabilizado da criação anterior. A generosidade com que entraram no trabalho, sempre propondo e dialogando às suas maneiras com o que já possuíamos foi em grande medida encampada pela direção e pelo elenco mais antigo, que se permitiu incorporar esses dois corpos novos e se transformar a partir dessas novas informações. Cito como resultado um dueto lindo dançado por uma bailarina do primeiro elenco (Carolina Callegari) e uma bailarina nova (Érica Tessarolo): o corpo da Carolina incorporou o corpo da Érica que incorporou o corpo da Carolina.

No mês de fevereiro, tivemos que dar início a uma dura etapa dentro do processo, pois a bailarina Maristela Estrela, que está conosco desde o primeiro processo, precisou ser substituída por problemas de agenda com as datas que conseguimos para a temporada da peça no espaço Ademar Guerra do Centro Cultural São Paulo (de 12 a 23 de maio, de quarta a domingo às 19 horas, totalizando 10 apresentações). Por essa razão convidei a bailarina Flávia Scheye, que vem trabalhando conosco desde o início do mês de fevereiro para aprender o máximo possível da Maristela antes que ela se retirasse do processo em março.

Desta maneira, estamos com uma nova integrante a menos de três meses da temporada, e novamente tive que decidir a abordagem a ser tomada nesse procedimento. Devido ao tempo curto, não é possível abrir totalmente o processo como fizemos em agosto do ano passado, entretanto eu detesto a idéia dela simplesmente copiar tudo que foi criado pela Maristela. Acabei optando por um procedimento intermediário, no qual onde há espaço para mudanças elas serão feitas na tentativa de incorporar as novidades trazidas pela Flávia, mas algumas partes terão que ser aprendidas e a estrutura geral da peça não será modificada.

Estamos adaptando o trabalho para que ela possa trazer suas próprias qualidades de movimento e de interpretação, ao invés de esperar que ela incorpore as qualidades da bailarina que está saindo. Isso transforma também as qualidades das bailarinas que dançam com ela, mas até o momento essas mudanças têm sido feitas sem nenhum problema. Felizmente, observo que essa abordagem parece fazer sentido também para a Flávia, que aos poucos vai se integrando e trazendo novas nuances ao trabalho. Saliento que seus questionamentos, sempre muito claros, ajudam-me da tarefa de perceber os próprios processos que deram/dão origem à criação, já que ela tem olhos frescos e consegue ver no trabalho coisas que já não conseguimos mais de tão dentro que estamos. Assim, esses olhares diferentes vão dialogando para conseguirem enxergar formas reconhecíveis para ambos.

Juliana Moraes, 22 de março de 2010.

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Quando a Juliana me convidou para integrar o elenco da Companhia Perdida no fim do ano passado, eu estava terminando um ano bastante complexo, cheio de descobertas e questionamentos.

Era mais um desafio. Um bom desafio! Aceitei o convite entusiasmada, mas sabendo que seria um trabalho árduo, pois teria um pouco mais de três meses para entrar num processo que já existia há uns dois anos e, ainda por cima, meu papel seria substituir a bailarina Maristela Estrela, que é uma mestra pra mim.

Comecei logo a estudar. Assisti as palestras que a companhia organizou e o trabalho da Francesca Woodman se tornou meu livro de cabeceira. O DVD do ensaio da peça se tornou o filme que assisti muitas e muitas e muitas vezes...

Mesmo assim, como fazer parte, efetivamente, de um universo construído a partir de um processo longo e detalhado do qual não participei? Tive que ser paciente comigo. Assumir que enquanto a companhia desenvolvia um aprofundamento nesse processo, eu vivia um momento de total descoberta desse trabalho.

Observava a dinâmica da companhia e percebi que a experiência e intimidade das outras pessoas com o trabalho poderiam ser mais um material de apoio nessa minha pesquisa. Resolvi apostar no meu olhar e na minha sensibilidade como as principais ferramentas desse processo.

Olhei as fotos da Francesca mais inúmeras vezes. Vi uma menina-mulher, anjo caído, que se mistura nos objetos e estruturas da sua casa, na natureza, no próprio corpo, se emaranha nos próprios cabelos a fim de se conhecer, se mostrando e se perguntando pro mundo.

Assisti a filmagem do ensaio outras milhares de vezes. Vi meninas-mulheres se misturando com cadeiras, se escondendo em pedaços de papéis que se tornavam olhos, tão expressivos que olhavam como se estivessem vivos! Meninas-amigas-irmãs-namoradas se descobrindo meninas-amigas-irmãs-namoradas, poses, mais poses, poses de quadros, pessoas caminhando para um fim. A construção de um final.

Fui observando e conhecendo a Juju, a Bebel, Cacá, Bia e Érica aos poucos. Do mesmo jeito que eu venho me conhecendo. Aos poucos, meu corpo começou a dialogar com os delas. E foi também aos poucos que me reconheci em alguns elementos do trabalho: a descoberta de ser mulher, a intensidade e delicadeza da vida, a

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presença da morte. A não linearidade, a simultaneidade, a pluralidade.

Recebi um final para construir e um “vestido molde”. Dancei, cheia de medo e coragem, num chão vermelho cheio de flores.

Ufa.....

Agora eu quero mais!

Acho que se é possível identificar-me com a Francesca, além de admirar seu trabalho, o caminho é por esse impulso. De querer sempre mais de mim. Mais tempo para mergulhar nisso tudo, mais tempo para descobrir a mulher que sou, o bicho que sou, o ser humano que sou. Mais tempo para entender a morte e o que é caminhar pra ela. Perceber que as coisas se misturam o tempo todo e que, talvez, quando nós conseguirmos olhá-las verdadeiramente, nós percebemos que também fazemos parte dessas coisas...

ARTISTAS

André Boll iluminador cênico

André Boll iniciou seus estudos em iluminação em 1989 no Curso de Arte Dramática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul onde cursou Artes Cênicas. Desde então projeta luz para espetáculos de teatro, música e especialmente dança contemporânea. Eventualmente ministra cursos de iluminação a convite de instituições e faz direção técnica de festivais e turnês de companhias internacionais no Brasil. Em 2006 recebeu o prêmio APCA de iluminação para dança.

Beatriz Sano criadora-intérprete Beatriz Sano é graduada em dança pela UNICAMP. Integra o grupo “Voluta”, com colaboração de Angela Nolf. Participou da mostra “Solos, Duos e Trios 2007” do Centro Cultural São Paulo com a coreografia “Tempo Branco”. Em 2008 e 2009 apresentou-se no evento “O Feminino na Dança”, do Centro Cultural São Paulo, com as peças “Irregularidades Coerentes” e “Outro Lugar”, respectivamente. Com a coreografia “a.fluir” o grupo “Voluta” foi premiado na Mostra Estímulo do Festival de Dança de Londrina em 2007 e recebeu o primeiro

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lugar no Festival de Dança de Joinville em 2009. Fez parte do projeto “Alto mar de todas as coisas” da “Key e Zetta Cia” em 2009.

Carolina Callegaro

criadora-intérprete

Carolina Callegaro é criadora, intérprete e pesquisadora de dança formada pela UNICAMP. Dedica-se atualmente à pesquisa do contato improvisação e das relações entre teatro, literatura, música e dança. Entre seus trabalhos como criadora-intérprete, destacam-se “Jardim de rosas mudas” (Grupo “Wasu.cia”, direção de Gisele Petty), “Ponto de Fuga” e “Puntear” (Cia. Damas em Trânsito e os Bucaneiros, direção de Alex Ratton), “Um corpo que não agüenta mais” (direção de Marta Soares) e “Antes da Queda” (Companhia Perdida, direção de Juliana Moraes).

César Ramos

assistente de produção

César Ramos é graduado em Comunicação Social no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Atuou no Departamento de Arte do Núcleo de Dramaturgia do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Trabalhou com assistência de arte nos curtas metragens “Ernesto, no país do futebol” (direção de Thaís Bologna) e “Mea Culpa” (direção de André Queirós). Fez a produção audiovisual do espetáculo “Querida Senhorita O.,” de Juliana Moraes.

Atualmente faz assistência de produção para a Companhia Perdida e para a Bendita Trupe.

Érica Tessarolo

criadora-intérprete

Érica Tessarolo é graduada em Artes Plásticas e em Dança pela UNICAMP. Atua profissionalmente desde 2002. Trabalhou com as diretoras Daniele Calichio, Viviane Procópio, Raquel Gouvêa e Angela Nolf. Em 2007, foi estagiária da “Cia Borelli” e ingressou na “Cia Fragmento”, dirigida por Vanessa Macedo, da qual ainda é intérprete. Desenvolveu, em parceria de Marisa Lambert, os solos “Tu não te moves de ti” e “Quimera”, apresentando-se em eventos como a “Conferência Internacional LABAN 2008”, no Rio de

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Janeiro, e “O Feminino na Dança 2008”, em São Paulo. Em 2009 trabalhou com Key Sawao e Ricardo Iazzetta na performance “Noiva Despedaçada” e na peça “alto mar de todas as coisas”.

Isabel Monteiro

criadora-intérprete

Isabel Monteiro é graduada em Dança pela UNICAMP e integra a Companhia Perdida desde 2008 com a qual atuou como intérprete-criadora do projeto “Antes da Queda”. Em 2009, participou do grupo orientado por Key Sawao e Ricardo Iazzetta no projeto de pesquisa e encenação “Alto Mar de Todas as Coisas” através do "PROAC" -programa estatal de apoio para produção de espetáculo de dança. É co-fundadora e integrante do grupo de pesquisa “in vitro grupo de dança”, com o qual realizou o projeto “3 olhares sobre a dança” em 2008, também com apoio do "PROAC".

Jonas Tatit

compositor e instrumentista

O paulistano Jonas Tatit é músico, compositor e violonista formado pela UNICAMP e já desenvolveu diversos trabalhos em colaboração com artistas como Manu Lafer, Danilo Caymmi, Luiz Tatit, Ná Ozzetti, Gonzaga Leal e Ana Costa. É autor de “Palavra Cantada Tocada” (2008), CD que contém arranjos instrumentais de violão para diversas canções infantis do selo Palavra Cantada, distribuído pela MCD. É responsável pelos arranjos e pela direção musical dos álbuns “Ouvidos Uni-vos” e “Rodopio” (este último com versão em DVD), de Luiz Tatit, lançados respectivamente em 2005 e 2007 pela gravadora Dabliú. Criou ainda as trilhas sonoras dos espetáculos “Antes da Queda” e “Querida Senhorita O.,” ambos concebidos por Juliana Moraes.

Flávia Scheye

Criadora-intérprete

Flávia Scheye se formou em dança pela Faculdade de Comunicação das Artes do Corpo (PUC/SP) em 2006. Co-idealizou o núcleo de pesquisa em dança contemporânea

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Giselle Conversível em 2007, do qual ainda é integrante. É bailarina clássica desde 1996. É assistente de Zélia Monteiro nas aulas de dança clássica ministradas na Sala Crisantempo. Participou do Núcleo de Improvisação dirigido por Zélia Monteiro em 2003 e 2004. Atua também como professora de dança para crianças e como preparadora corporal, tendo como último trabalho a preparação do Projeto D.R. no trabalho “Ensaio”, contemplado pela V Edição da Lei de Fomento à Dança em 2009.

Juliana Moraes

diretora, coreógrafa e intérprete

Juliana Moraes cursou o Professional Diploma in Dance Studies e o Master in Dance Studies no Laban Centre de Londres e é graduada em Dança pela UNICAMP. Entre suas criações, destacam-se: "Querida Sra. M.,", "Corpos Partidos", "2 e ½", "Querida Senhorita O.,", "Um Corpo do Qual se Desconfia" e “Na Dobra do Tempo”. Entre prêmios e bolsas que recebeu, destacam-se: APCA de criadora-intérprete, Bolsa Vitae, UNESCO-Aschberg Bursaries for Artists e Rumos Dança de Obras Coreográficas.

Juliana é doutoranda em Artes Cênicas na UNICAMP e professora do curso de Artes Visuais do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

Atualmente, dirige a Companhia Perdida (www.companhiaperdida.com.br), com a qual criou o espetáculo "Antes da Queda".

Marcia de Moraes

desenhos e cenário

Marcia de Moraes é Bacharel e Mestre em Artes pela UNICAMP. Faz parte do Ateliê Fidalga em São Paulo, sob orientação de Sandra Cinto e Albano Afonso. Em 2008, criou o cenário e os desenhos do espetáculo “Antes da Queda” e fez a capa e os desenhos do CD “Palavra Cantada Tocada” (do selo Palavra Cantada) de Jonas Tatit. Desde 2006, escreve os textos das exposições da Galeria Fortes Vilaça e também é responsável pela comunicação e relações institucionais da galeria. Em 2006 e 2007, ministrou aulas de desenho para o curso de especialização em

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Artes do Centro Universitário Maria Antonia – USP. Participa regularmente de exposições nacionais e internacionais, entre as quais destaca-se a Mostra Individual no Maria Antonia em 2009.

www.marciademoraes.blogspot.com

Maristela Estrela criadora-intérprete Maristela Estrela é Bacharel e Licenciada no Curso Dança e Movimento da Universidade Anhembi Morumbi. Profissional desde 1989, estudou com importantes mestres de São Paulo, como Klauss Vianna, Maria Duschenes e Lu Favoretto. Integra as premiadas Cia. Oito Nova Dança (desde 2001) e Balangandança Cia. (desde 2006), com as quais faz trabalhos de criação artística e arte-educação. Desde 2002 desenvolve pesquisa de linguagem artística/educativa intitulada “cinema do corpo” no Núcleo Cinematográfico de Dança, em parceria com Mariana Sucupira. Integra a Companhia Perdida desde 2008 com a qual atuou como intérprete-criadora do projeto “Antes da Queda”. Paulo Babboni

figurinista e aderecista

Paulo Babboni é formado pela FAU-USP, com cursos complementares em moda e desenho na FAAP, Sesi, Senac, ECA-USP e Casa Rhodia, com Marie Rucki, do Studio Berçot, Paris. Autônomo, tem extensa experiência como consultor e prestador de serviços em figurinos e adereços para tv, cinema, teatro, dança, eventos e publicidade para várias mídias.

Participou de três projetos com Juliana Moraes, criando o figurino dos espetáculos “Querida Senhorita O.,”, “Querida Senhora M.,” e colaborando com a Companhia Perdida no espetáculo “Antes da Queda”.

www.paulobabboni.wordpress.com

Stella Marini produtora

Nasceu e vive em São Paulo onde estudou teatro e artes plásticas. Trabalhou como atriz na peça

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“Rancor”, de Otavio Frias Filho, e fez estágio de direção para o espetáculo “Apocalipse”, do Teatro da Vertigem.

Produziu os espetáculos “Re-bentos” (Cia Pessoal do Faroeste) e “A Queda” (direção de Aury Porto). Há três anos trabalha com a Cia Bendita Trupe, tendo produzido os espetáculos “Miserê Bandalha”, “Estrada”, “Tesouro de Balacobaco” e “Espiral do Tempo”.

Desde 2006 faz a produção dos espetáculos de Juliana Moraes.