depois de 30 anos, rio custo da linha 4 está ganha nova ... · até ipanema, a viagem vai durar...

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Desde 1981, quando a Linha 2 do Metrô foi inaugurada, co- nectando a Zona Norte ao Centro, o Rio de Janeiro pratica- mente não avançou na expansão do seu sistema metroviário. De lá pra cá, a população aumentou de 5.1 milhões para 6.6 milhões e os engarrafamentos se tornaram tão frequentes e intensos que a cidade maravilhosa ganhou outro título: o de uma das cidades mais congestionadas do mundo, de acordo com pesquisas internacionais. A chegada da Olimpíada de 2016 touxe a possibilidade de construir a Linha 4 do Metrô, ligando a Barra da Tijuca a Ipanema. De acordo com estudo de demanda desenvolvido pela Fun- dação Getúlio Vargas (FGV), a Linha 4 vai transportar dia- riamente cerca de 300 mil passageiros. Com a nova linha, o passageiro vai levar 34 minutos entre a Barra e o Centro da cidade, algo impensável para os dias atuais. Até Ipanema, a viagem vai durar somente 13 minutos. “O estudo mostrou ainda que a migração de usuários de ou- tros meios de transporte para a Linha 4 permitirá redução de aproximadamente 40% nas viagens de automóveis no eixo Barra - Zona Sul. Estes usuários representam cerca de 28% da demanda total da Linha 4. Para os ônibus, a redução prevista é de cerca de 48%, contribuindo com 72% da demanda total da Linha 4. Serão menos 4 mil carros por hora/pico circu- lando diariamente nesse trecho”, afirma Luiz Carlos Duque, coordenador de projetos da FGV. Com isso, espera-se, além da diminuição no trânsito, uma redução também no número de acidentes e de doenças rela- cionadas às poluições sonora e do ar. Os benefícios devem im- pactar também o comércio, pois a chegada do metrô aumenta a circulação de pessoas e a valorização dos bairros. Segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e o Conselho Em- presarial de Comércio de Bens e Serviços da Associação Co- mercial do Rio de Janeiro (ACRio), espera-se um aumento de 10% nas vendas dos estabelecimentos no entorno das cinco novas estações: Nossa Senhora da Paz, em Ipanema; Jardim de Alah e Antero de Quental, no Leblon; São Conrado e Jardim Oceânico, na Barra. Proprietário de uma loja de tecidos na Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, Oscar Ferman, de 52 anos, viu subir o tapume em frente ao seu comércio e agora comemora. “Estava preocupado com os clientes, mas a construção do metrô é fundamental para a mobilidade e o desenvolvimento de qualquer cidade”, afirma ele. FGV prevê redução de 4 mil veículos por hora/pico entre Barra e Ipanema Para o secretário de Estado de Transportes, Rodrigo Vieira, este é o maior legado em mobilidade que o Rio de Janeiro ganha com os Jogos Olímpicos. “A Linha 4 do Metrô está pronta para começar a operar, entre Barra da Tijuca e Ipane- ma, encurtando distâncias para melhorar a qualidade de vida da população. São pessoas que ganharão mais tempo para o lazer e para a família”, diz o secretário. MetrôRio assume operação Com a inauguração da Linha 4 hoje, dentro do cronograma previsto pela engenharia - antes dos Jogos Olímpicos -, o novo trecho do sistema metroviário passa a ser operado pela Conces- sionária MetrôRio. A concessionária também é responsável pela operação das Linhas 1 e 2. Em julho deste ano, o sistema já atendia a 850 mil usuários por dia. Com a operação plena da Linha 4, mais 300 mil passageiros serão transportados diariamente. O novo trecho também permitirá que o passageiro possa se deslocar entre a Barra e a Pavuna pagando apenas uma passagem. A Linha 4 fecha o anel de alta performance de transportes na cidade, conectando-se às demais linhas de metrô e ao sistema de ônibus articulados BRT, na Zona Oeste. A construção de uma obra deste porte be- neficia moradores e trabalhadores do Rio, mas também produz um impacto relevante na cadeia produtiva de todo o país. Desde 2010, quando as obras começaram, foram gerados cerca de 30 mil postos de trabalho e distribuídos R$ 3 bilhões em salários aos profissionais envolvidos na obra. No pico da construção havia 9.717 colaboradores - 40% deles vindos de 23 dos 26 estados brasileiros e Distrito Federal. Ao longo dos seis anos, os consórcios cons- trutores pagaram cerca de R$ 3 bilhões em impostos municipais, estaduais e federais (31% do valor do empreendimento), refor- çando os cofres públicos. Durante o projeto, a Concessionária Rio Barra, responsável pela implantação da Linha 4, preocupou-se em proporcionar um ambiente de qualificação e desenvolvi- mento profissional. Assim, com o fim das obras, o efetivo estaria mais preparado para o mercado de trabalho. Entre os programas havia capacitação, cursos técnico, de inglês, informática e alfabetização. Aproxima- damente 15% dos funcionários entraram como ajudantes ou serventes e saíram pro- fissionais como pedreiros e carpinteiros. O pedreiro Cícero Cândido do Nascimen- to foi um desses. Na infância, a necessidade de ajudar em casa o afastou da escola. Com 55 anos, empenhado em recuperar o tempo perdido, participou do Estação do Saber, voltado aos colaboradores que cursaram até o 5° ano do Ensino Fundamental, com aulas no contraturno do trabalho. “Eu não sabia escrever nem ler. Não escrevia meu nome direito, me perdia nas letras. As aulas foram uma benção”, conta “seu” Cícero. Construção impactou economia da cidade A rapidez do transporte do metrô será fundamental para o bairro, que sofre muito com os engarrafa- mentos. Outro dia, demorei uma hora para atraves- sar o túnel e chegar ao Leblon. Com o metrô, chegar ao Centro e Copacabana será muito mais fácil”. No coração do Leblon, Estação Antero de Quental vai beneficiar 35 mil pessoas por dia Arquitetura da Estação Jardim Oceânico, na Barra, privilegia iluminação natural Lucy Justen, 74 anos, aposentada, moradora de São Conrado Trabalhei com muita dedicação porque a Linha 4 vai beneficiar milhares de pessoas, inclusive a minha comunidade. Estou ansioso para poder usar e levar meus filhos para passear”. Leandro Santos, 31 anos, operário, morador da Rocinha Ouvi alguém dizer que metrô é bom. Isso acabou ficando na minha cabeça. É um meio de transporte que só traz benefícios. É mobilidade para todos. Já deixei de ir a lugares por não ter metrô onde moro”. Evelyn Rosenzweig, 61 anos, advogada e pres. da Associação de Moradores do Leblon do valor do empreendimento em impostos 31% em salários R$ 3 bi postos de trabalho 30 mil Kaptimagem FVD Studio Tempos de viagem Nossa Senhora da Paz - Jardim Oceânico 13 minutos Jardim Oceânico – Botafogo 23 minutos Jardim Oceânico – Carioca 34 minutos Antero de Quental – São Conrado 3 minutos Jardim Oceânico – Uruguai 50 minutos Antero de Quental - Jardim Oceânico 9 minutos Jardim Oceânico – Pavuna 1h20, com transbordo Antero de Quental – Carioca 24 minutos São Conrado – Carioca 27 minutos Depois de 30 anos, Rio ganha nova linha de metrô CUSTOS DE OBRAS DE METRÔ NO MUNDO - MILHÕES R$ / KM 0 500 1.000 1.500 2.000 2.202,45 1.468,74 984,73 878,58 847,2 763,08 730,37 656,93 589,5 587,5 541,43 530,75 530,39 479,34 478,68 465,99 459,32 439,29 421,93 421,26 406,58 399,9 394,56 379,87 373,86 363,85 292,41 178,25 107,49 ALEMANHA - HANNOVER U-BAHM ESPANHA - MADRI EXTENSION MÉXICO - MEXICO CITY LINE B SINGAPURA - SINGAPORE FRANÇA - LILLE VAL RT ALEMANHA - HANNOVER U-BAHM EXTENSION FRANÇA - MARSEILLE LINE 1 -2 ÍNDIA - CALCUTTA FRANÇA - TOULOUSE VAL LINE A FRANÇA - LONDON VICTORIA LINE FRANÇA - TOULOUSE VAL LINE B COREIA DO SUL - SEOUL FRANÇA - MARSEILLE LINES 1 EXTENSION DINAMARCA - COPENHAGEN METRO PHASES 1 - 3 ITÁLIA - TURIN METRO PHASE I CHILE - SANTIAGO LINE 5 EXTENSION BRASIL - RIO LINHA 4 FRANÇA - LYON LIGNE D FRANÇA - TOULOUSE VAL LINE EXTENSION EUA - ATLANTA MARTA ALEMANHA - BERLIN U-BAHN VENEZUELA - CARACAS LINE 3 EUA - SAN FRANCISCO BART EXTENSION EUA - WASHINGTON DC METRO EUA - ATLANTA NORTH LINE EXTENSION EUA - LOS ANGELES NORTH HOLLYWOOD EXTENSION EUA - BALTIMORE METRO SECTION A&B FRANÇA - PARIS METEOR PHASE I INGLATERRA - LONDON JUBILEE LINE EXTENSION O projeto da Linha 4 do Metrô, para ligar a Zona Oeste à Zona Sul, ficou engavetado por mais de 30 anos. Em 2010, começou, enfim, a sair do papel. Construída no coração de uma cidade densamente povoada, a obra teve desafios imen- sos. Após seis anos de construção, a nova linha fica pronta e é considerada por especialistas a maior obra de infraestrutura urbana da América Latina executada nos últimos anos. Justa- mente por sua complexidade técnica, contou com o que há de mais moderno na engenharia e seguiu normas internacionais como a mais rigorosa para construção e operação de metrôs no mundo, a americana NFPA-130. Apesar do incômodo causado por uma obra deste porte, com interdições de ruas e ruídos, a construção ocorreu dentro da média de tempo internacional para obras de metrô subterrâneo. O investimento de cerca de R$ 530 milhões por quilômetro construído está dentro da média mundial. A avaliação, feita por quilômetro, como indica a tabela acima, destaca exemplos como a Linha 3 de Caracas, o metrô Marta de Atlanta, nos Estados Unidos, e a Linha D de Lion, na França. Para a execução da Linha 4 do Metrô, mais de 200 especia- listas, consultores nacionais e internacionais, e 340 empresas trabalharam no projeto, com desafio logístico de coordenar 365 equipamentos de grande porte, 22 canteiros de obra e cerca de 10 mil colaboradores no pico da obra. Ao longo destes seis anos de obra, os canteiros passaram por auditorias externas e a cons- trução recebeu a certificação de gestão de qualidade ISO 9001. A Linha 4 utilizou soluções de engenharia inovadoras no Brasil e tecnologia de ponta, como o ‘Tatuzão’ - máquina alemã que escavou túneis na Zona Sul -, que chegou nas estações do Leblon debaixo d’água, para equilibrar as pressões do terre- no; e a manta impermeabilizante que envelopou a Estação Jardim Oceânico, na Barra, por causa da presença de lençol freático e alto nível de salinidade. O material é o mesmo utilizado no Ground Zero de Nova York, onde foram re- construídos os prédios do World Trade Center. Maior bitúnel do mundo No trecho entre a Barra e o Leblon, escavado em rocha por detonações controladas, os túneis foram construídos sob a Pedra da Gávea, com cobertura de rocha de 840 metros (al- tura de Nova Friburgo) e sob a comunidade da Rocinha, a 13 metros abaixo das casas, sem danos aos imóveis. Os avanços chegaram a variar entre 40 centímetros e quatro metros de escavação por dia, dependendo da qualidade do maciço. As rochas, aliás, são da era neoproterozóica, com idades entre 1 bilhão e 541 milhões de anos, mesmo tipo que formam o Morro do Pão de Açúcar. Neste trecho está o maior bitúnel escavado em rocha entre es- tações de metrô do mundo, com cinco quilômetros, ligando a Barra a São Conrado. Cumprindo exigência das normas interna- cionais de segurança, de lá até a Gávea, há 28 interligações com portas corta-fogo e ventilação e exaustão a cada 244 metros, para casos de emergência durante a operação da nova linha. Ainda na Barra, a arquitetura em curva e a altura da ponte estaiada também têm um motivo: não há fundações dentro do canal da Barra, o que preserva o ecossistema e a navega- bilidade de embarcações. Assim, também foi possível man- ter a circulação de veículos e o gabarito nas ruas localizadas Obra seguiu normas internacionais para construção e operação de metrô sob a sua estrutura, como a Estrada da Barra da Tijuca e a ponte nova do Itanhangá. Ao longo dos anos de construção, mais de mil estudantes e profissionais estrangeiros visitaram os canteiros para conhe- cer de perto a execução e os desafios da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, mostrando que a complexidade desta obra deixa um legado técnico e de conhecimento para a Academia e engenharias brasileira e mundial. ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA: Cerca de 220 milhões de litros tratados e reaproveitados, o que daria para abastecer quase 20 mil casas em um mês QUANTIDADE DE EXPLOSIVOS UTILIZADOS: réveillons em Copacabana 1.640.400 toneladas 152 QUANTIDADE DE MATERIAL ESCAVADO: 2.840.026 m 3 1.136 piscinas olímpicas QUANTIDADE DE CONCRETO UTILIZADO: 665.346 m 3 8 estádios do Maracanã Entre São Conrado e Barra, bitúnel tem cinco quilômetros Informe Publicitário Kaptimagem Custo da Linha 4 está dentro da média mundial

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Desde 1981, quando a Linha 2 do Metrô foi inaugurada, co-nectando a Zona Norte ao Centro, o Rio de Janeiro pratica-mente não avançou na expansão do seu sistema metroviário. De lá pra cá, a população aumentou de 5.1 milhões para 6.6 milhões e os engarrafamentos se tornaram tão frequentes e intensos que a cidade maravilhosa ganhou outro título: o de uma das cidades mais congestionadas do mundo, de acordo com pesquisas internacionais. A chegada da Olimpíada de 2016 touxe a possibilidade de construir a Linha 4 do Metrô, ligando a Barra da Tijuca a Ipanema.

De acordo com estudo de demanda desenvolvido pela Fun-dação Getúlio Vargas (FGV), a Linha 4 vai transportar dia-riamente cerca de 300 mil passageiros. Com a nova linha, o passageiro vai levar 34 minutos entre a Barra e o Centro da cidade, algo impensável para os dias atuais. Até Ipanema, a viagem vai durar somente 13 minutos.

“O estudo mostrou ainda que a migração de usuários de ou-tros meios de transporte para a Linha 4 permitirá redução de aproximadamente 40% nas viagens de automóveis no eixo Barra - Zona Sul. Estes usuários representam cerca de 28% da demanda total da Linha 4. Para os ônibus, a redução prevista é de cerca de 48%, contribuindo com 72% da demanda total da Linha 4. Serão menos 4 mil carros por hora/pico circu-lando diariamente nesse trecho”, afirma Luiz Carlos Duque, coordenador de projetos da FGV.

Com isso, espera-se, além da diminuição no trânsito, uma redução também no número de acidentes e de doenças rela-cionadas às poluições sonora e do ar. Os benefícios devem im-pactar também o comércio, pois a chegada do metrô aumenta a circulação de pessoas e a valorização dos bairros. Segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) e o Conselho Em-presarial de Comércio de Bens e Serviços da Associação Co-mercial do Rio de Janeiro (ACRio), espera-se um aumento de 10% nas vendas dos estabelecimentos no entorno das cinco novas estações: Nossa Senhora da Paz, em Ipanema; Jardim de Alah e Antero de Quental, no Leblon; São Conrado e Jardim Oceânico, na Barra.

Proprietário de uma loja de tecidos na Avenida Ataulfo de Paiva, no Leblon, Oscar Ferman, de 52 anos, viu subir o tapume em frente ao seu comércio e agora comemora. “Estava preocupado com os clientes, mas a construção do metrô é fundamental para a mobilidade e o desenvolvimento de qualquer cidade”, afirma ele.

FGV prevê redução de 4 mil veículos por hora/pico entre Barra e Ipanema

Para o secretário de Estado de Transportes, Rodrigo Vieira, este é o maior legado em mobilidade que o Rio de Janeiro ganha com os Jogos Olímpicos. “A Linha 4 do Metrô está pronta para começar a operar, entre Barra da Tijuca e Ipane-ma, encurtando distâncias para melhorar a qualidade de vida da população. São pessoas que ganharão mais tempo para o lazer e para a família”, diz o secretário.

MetrôRio assume operaçãoCom a inauguração da Linha 4 hoje, dentro do cronograma previsto pela engenharia - antes dos Jogos Olímpicos -, o novo trecho do sistema metroviário passa a ser operado pela Conces-sionária MetrôRio. A concessionária também é responsável pela operação das Linhas 1 e 2.

Em julho deste ano, o sistema já atendia a 850 mil usuários por dia. Com a operação plena da Linha 4, mais 300 mil passageiros serão transportados diariamente. O novo trecho também permitirá que o passageiro possa se deslocar entre a Barra e a Pavuna pagando apenas uma passagem.

A Linha 4 fecha o anel de alta performance de transportes na cidade, conectando-se às demais linhas de metrô e ao sistema de ônibus articulados BRT, na Zona Oeste.

A construção de uma obra deste porte be-neficia moradores e trabalhadores do Rio, mas também produz um impacto relevante na cadeia produtiva de todo o país. Desde 2010, quando as obras começaram, foram gerados cerca de 30 mil postos de trabalho e distribuídos R$ 3 bilhões em salários aos profissionais envolvidos na obra. No pico da construção havia 9.717 colaboradores - 40% deles vindos de 23 dos 26 estados brasileiros e Distrito Federal.

Ao longo dos seis anos, os consórcios cons-trutores pagaram cerca de R$ 3 bilhões em

impostos municipais, estaduais e federais (31% do valor do empreendimento), refor-çando os cofres públicos.

Durante o projeto, a Concessionária Rio Barra, responsável pela implantação da Linha 4, preocupou-se em proporcionar um ambiente de qualificação e desenvolvi-mento profissional. Assim, com o fim das obras, o efetivo estaria mais preparado para o mercado de trabalho. Entre os programas havia capacitação, cursos técnico, de inglês, informática e alfabetização. Aproxima-damente 15% dos funcionários entraram

como ajudantes ou serventes e saíram pro-fissionais como pedreiros e carpinteiros.

O pedreiro Cícero Cândido do Nascimen-to foi um desses. Na infância, a necessidade de ajudar em casa o afastou da escola. Com 55 anos, empenhado em recuperar o tempo perdido, participou do Estação do Saber, voltado aos colaboradores que cursaram até o 5° ano do Ensino Fundamental, com aulas no contraturno do trabalho. “Eu não sabia escrever nem ler. Não escrevia meu nome direito, me perdia nas letras. As aulas foram uma benção”, conta “seu” Cícero.

Construção impactou economia da cidade

A rapidez do transporte do metrô será fundamental para o bairro, que sofre muito com os engarrafa-mentos. Outro dia, demorei uma hora para atraves-sar o túnel e chegar ao Leblon. Com o metrô, chegar ao Centro e Copacabana será muito mais fácil”.

No coração do Leblon, Estação Antero de Quental vai beneficiar 35 mil pessoas por dia Arquitetura da Estação Jardim Oceânico, na Barra, privilegia iluminação natural

Lucy Justen, 74 anos, aposentada, moradora de São Conrado

Trabalhei com muita dedicação porque a Linha 4 vai beneficiar milhares de pessoas, inclusive a minha comunidade. Estou ansioso para poder usar e levar meus filhos para passear”.

Leandro Santos, 31 anos, operário, morador da Rocinha

Ouvi alguém dizer que metrô é bom. Isso acabou ficando na minha cabeça. É um meio de transporte que só traz benefícios. É mobilidade para todos. Já deixei de ir a lugares por não ter metrô onde moro”.

Evelyn Rosenzweig, 61 anos, advogada e pres. da Associação de Moradores do Leblon

do valor do empreendimentoem impostos

31%

em saláriosR$ 3 bi

postos de trabalho30 mil

Kapt

imag

em

FVD

Stu

dio

Tempos de viagemNossa Senhora da Paz - Jardim Oceânico 13 minutos

Jardim Oceânico – Botafogo 23 minutos

Jardim Oceânico – Carioca 34 minutos

Antero de Quental – São Conrado 3 minutos

Jardim Oceânico – Uruguai 50 minutos

Antero de Quental - Jardim Oceânico 9 minutos

Jardim Oceânico – Pavuna 1h20, com transbordo

Antero de Quental – Carioca 24 minutos

São Conrado – Carioca 27 minutos

Depois de 30 anos, Rio ganha nova linha de metrô

CUSTOS DE OBRAS DE METRÔ NO MUNDO - MILHÕES R$ / KM

0 500 1.000 1.500 2.000

2.202,451.468,74

984,73878,58

847,2763,08

730,37656,93

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541,43530,75530,39

479,34478,68

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379,87373,86

363,85292,41

178,25107,49ALEMANHA - HANNOVER U-BAHM

ESPANHA - MADRI EXTENSION MÉXICO - MEXICO CITY LINE B

SINGAPURA - SINGAPOREFRANÇA - LILLE VAL RT

ALEMANHA - HANNOVER U-BAHM EXTENSIONFRANÇA - MARSEILLE LINE 1 -2

ÍNDIA - CALCUTTAFRANÇA - TOULOUSE VAL LINE A

FRANÇA - LONDON VICTORIA LINEFRANÇA - TOULOUSE VAL LINE B

COREIA DO SUL - SEOULFRANÇA - MARSEILLE LINES 1 EXTENSION

DINAMARCA - COPENHAGEN METRO PHASES 1 - 3ITÁLIA - TURIN METRO PHASE I

CHILE - SANTIAGO LINE 5 EXTENSIONBRASIL - RIO LINHA 4

FRANÇA - LYON LIGNE DFRANÇA - TOULOUSE VAL LINE EXTENSION

EUA - ATLANTA MARTAALEMANHA - BERLIN U-BAHN

VENEZUELA - CARACAS LINE 3EUA - SAN FRANCISCO BART EXTENSION

EUA - WASHINGTON DC METRO EUA - ATLANTA NORTH LINE EXTENSION

EUA - LOS ANGELES NORTH HOLLYWOOD EXTENSIONEUA - BALTIMORE METRO SECTION A&B

FRANÇA - PARIS METEOR PHASE IINGLATERRA - LONDON JUBILEE LINE EXTENSION

O projeto da Linha 4 do Metrô, para ligar a Zona Oeste à Zona Sul, ficou engavetado por mais de 30 anos. Em 2010, começou, enfim, a sair do papel. Construída no coração de uma cidade densamente povoada, a obra teve desafios imen-sos. Após seis anos de construção, a nova linha fica pronta e é considerada por especialistas a maior obra de infraestrutura urbana da América Latina executada nos últimos anos. Justa-mente por sua complexidade técnica, contou com o que há de mais moderno na engenharia e seguiu normas internacionais como a mais rigorosa para construção e operação de metrôs no mundo, a americana NFPA-130.

Apesar do incômodo causado por uma obra deste porte, com interdições de ruas e ruídos, a construção ocorreu dentro da média de tempo internacional para obras de metrô subterrâneo. O investimento de cerca de R$ 530 milhões por quilômetro construído está dentro da média mundial. A avaliação, feita por quilômetro, como indica a tabela acima, destaca exemplos como a Linha 3 de Caracas, o metrô Marta de Atlanta, nos Estados Unidos, e a Linha D de Lion, na França.

Para a execução da Linha 4 do Metrô, mais de 200 especia-listas, consultores nacionais e internacionais, e 340 empresas trabalharam no projeto, com desafio logístico de coordenar 365 equipamentos de grande porte, 22 canteiros de obra e cerca de 10 mil colaboradores no pico da obra. Ao longo destes seis anos de obra, os canteiros passaram por auditorias externas e a cons-trução recebeu a certificação de gestão de qualidade ISO 9001.

A Linha 4 utilizou soluções de engenharia inovadoras no Brasil e tecnologia de ponta, como o ‘Tatuzão’ - máquina alemã que escavou túneis na Zona Sul -, que chegou nas estações do

Leblon debaixo d’água, para equilibrar as pressões do terre-no; e a manta impermeabilizante que envelopou a Estação Jardim Oceânico, na Barra, por causa da presença de lençol freático e alto nível de salinidade. O material é o mesmo utilizado no Ground Zero de Nova York, onde foram re-construídos os prédios do World Trade Center.

Maior bitúnel do mundo No trecho entre a Barra e o Leblon, escavado em rocha por detonações controladas, os túneis foram construídos sob a Pedra da Gávea, com cobertura de rocha de 840 metros (al-tura de Nova Friburgo) e sob a comunidade da Rocinha, a 13 metros abaixo das casas, sem danos aos imóveis. Os avanços chegaram a variar entre 40 centímetros e quatro metros de escavação por dia, dependendo da qualidade do maciço. As rochas, aliás, são da era neoproterozóica, com idades entre 1 bilhão e 541 milhões de anos, mesmo tipo que formam o Morro do Pão de Açúcar.

Neste trecho está o maior bitúnel escavado em rocha entre es-tações de metrô do mundo, com cinco quilômetros, ligando a Barra a São Conrado. Cumprindo exigência das normas interna-cionais de segurança, de lá até a Gávea, há 28 interligações com portas corta-fogo e ventilação e exaustão a cada 244 metros, para casos de emergência durante a operação da nova linha.

Ainda na Barra, a arquitetura em curva e a altura da ponte estaiada também têm um motivo: não há fundações dentro do canal da Barra, o que preserva o ecossistema e a navega-bilidade de embarcações. Assim, também foi possível man-ter a circulação de veículos e o gabarito nas ruas localizadas

Obra seguiu normas internacionais para construção e operação de metrô

sob a sua estrutura, como a Estrada da Barra da Tijuca e a ponte nova do Itanhangá.

Ao longo dos anos de construção, mais de mil estudantes e profissionais estrangeiros visitaram os canteiros para conhe-cer de perto a execução e os desafios da Linha 4 do Metrô do Rio de Janeiro, mostrando que a complexidade desta obra deixa um legado técnico e de conhecimento para a Academia e engenharias brasileira e mundial.

ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA:

Cerca de 220 milhões de litros tratados e reaproveitados, o que daria para abastecer quase 20 mil casas em um mês

QUANTIDADE DE EXPLOSIVOS UTILIZADOS:

réveillons em Copacabana

1.640.400 toneladas 152

QUANTIDADE DE MATERIAL ESCAVADO:

2.840.026 m3 1.136 piscinas olímpicas

QUANTIDADE DE CONCRETO UTILIZADO:

665.346 m3 8 estádios do Maracanã

Entre São Conrado e Barra, bitúnel tem cinco quilômetros

Informe Publicitário

Kapt

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em

Custo da Linha 4 está dentro da média mundial