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CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL COMISSÃO ESPECIAL - PEC 353-A/01 - NUMERO DE VEREADORES EVENTO: Audiência Pública N°: 0313/04 DATA: 13/04/04 INÍCIO: 10h43min TÉRMINO: 12h20min DURAÇÃO: 01h37min TEMPO DE GRAVAÇÃO: 01h36min PÁGINAS: 31 QUARTOS: 20 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO SEBASTIÃO MISIARA - Presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo — UVESP SUMÁRIO: Debate sobre acatamento, pelo Tribunal Superior Eleitoral, de decisão do Supremo Tribunal Federal relativa ao número de Vereadores dos Municípios brasileiros. OBSERVAÇÕES

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

COMISSÃO ESPECIAL - PEC 353-A/01 - NUMERO DE VEREADORESEVENTO: Audiência Pública N°: 0313/04 DATA: 13/04/04INÍCIO: 10h43min TÉRMINO: 12h20min DURAÇÃO: 01h37minTEMPO DE GRAVAÇÃO: 01h36min PÁGINAS: 31 QUARTOS: 20

DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO

SEBASTIÃO MISIARA - Presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo — UVESP

SUMÁRIO: Debate sobre acatamento, pelo Tribunal Superior Eleitoral, de decisão do SupremoTribunal Federal relativa ao número de Vereadores dos Municípios brasileiros.

OBSERVAÇÕES

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereadoresComissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereaNúmero: 0313/04 Data: 13/04/04

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Declaro aberta a quarta

reunião da Comissão Especial destinada a proferir parecer à PEC nº 353-A, de

2001, do Sr. Augusto Nardes e outros, que dá nova redação ao inciso IV do art. 29

da Constituição Federal, que dispõe sobre a composição das Câmaras de

Vereadores e dá outras providências; e às PECs nº 452, de 2001, do Sr. Pompeo de

Mattos e outros, e nº 71, de 2003, do Sr. Ivan Ranzolin e outros, apensadas.

Colegas integrantes da Comissão e Deputados que aqui comparecem para

prestigiar esta quarta reunião ordinária, vamos dar início aos nossos trabalhos, sem

exigência prévia de quorum, porque se trata de audiência pública. Provavelmente

apreciaremos requerimentos, se alcançarmos o quorum.

O convidado desta audiência pública é o Sr. Sebastião Misiara, Presidente da

União dos Vereadores do Estado de São Paulo, que comporá a Mesa junto com o

nosso Relator, Deputado Jefferson Campos, do PMDB de São Paulo.

Encontram-se sobre as bancadas cópias da ata da terceira reunião ordinária

realizada no dia 6 de abril de 2004.

O SR. DEPUTADO JEFFERSON CAMPOS - Peço a dispensa da leitura da

ata.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tendo em vista a

distribuição antecipada da ata, o nobre Deputado Jefferson Campos requer a

dispensa da sua leitura.

Sem oposição, considero dispensada a leitura da ata, que está em discussão.

(Pausa.)

Não havendo quem queria discuti-la, coloco-a em votação.

Os Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)

Aprovada a ata.

Expediente.

Comunico aos Srs. Deputados o recebimento das seguintes

correspondências: Ofício nº 72, de 2004, do Deputado Pastor Amarildo, Líder do

PSC, que indica seu nome para integrar, na qualidade de titular, esta Comissão

Especial, e do Deputado Carlos Willian, na condição de membro suplente.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereadoresComissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereaNúmero: 0313/04 Data: 13/04/04

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Ofício nº 265, de 2004, do Deputado José Carlos Aleluia, Líder do PFL, que

indica o Deputado Marcos Abramo para integrar, na qualidade de membro suplente,

esta Comissão Especial.

Comunico ainda que a Comissão tem recebido inúmeros telefonemas e

algumas correspondências de todo o País, que manifestam apoio à aprovação das

PECs aqui analisadas.

Lembro aos nobres colegas que esta Comissão está na sétima sessão do

decurso de prazo para apresentação de emendas. O total é 10 sessões, e a

previsão para seu término é o dia 16 de abril.

Lembro ainda o compromisso estabelecido entre nós informalmente de, na

medida do possível, apresentarmos sugestões, respeitando a prerrogativa de cada

Parlamentar.

Até o momento não foram apresentadas emendas.

Ordem do Dia.

Destina-se a reunião a ouvir em audiência pública o Sr. Sebastião Misiara,

Presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo, que já compõe a

Mesa.

Para o melhor andamento dos trabalhos, esclareço que adotaremos os

seguintes critérios ou procedimentos: disporá o convidado de até 20 minutos para

sua exposição, não podendo ser aparteado nessa fase. O tempo da exposição

poderá ser prorrogado a juízo da Comissão. Encerrada a exposição, os Deputados

interessados em interpelar o convidado deverão fazê-lo estritamente sobre o assunto

da exposição, pelo prazo de 3 minutos, tendo o expositor igual tempo para

responder. Aos Deputados são facultadas a réplica e a tréplica, pelo prazo de 3

minutos.

Os que desejarem participar dos debates devem inscrever-se junto à

Secretaria. Peço seja distribuída a lista de inscrição para que os nobres colegas se

inscrevam, caso queiram.

Com a palavra o Sr. Sebastião Misiara. Peço à Secretaria que faça o registro

do tempo.

O SR. SEBASTIÃO MISIARA - Sr. Presidente, Deputado Jairo Carneiro, a

quem, em nome da direção da Rede Vida, da qual participo, agradeço publicamente

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o empenho e a ajuda na instalação da emissora no Estado da Bahia; Sr. Deputado

Jefferson Campos, do PMDB do meu Estado, Relator da Comissão Especial;

senhores membros da Comissão; Sras. e Srs. Deputados; representações do Estado

de São Paulo, que saúdo na figura do Presidente da Câmara Municipal de Barretos,

Ângelo José Duarte; representantes da Associação Brasileira de Municípios e da

Associação Paulista de Municípios, inicialmente peço vênia a V.Exas. para uma

apresentação biográfica.

Represento hoje 8 mil e 32 Vereadores do Estado de São Paulo. A UVESP

nasceu em 1977 e assumi sua presidência em 1996. Exerci 5 mandatos legislativos

seguidos, deixando de disputar a última eleição. Os companheiros de São Paulo

entenderam conveniente mudar o estatuto da UVESP para que um ex-Vereador,

porém municipalista de formação política e universitária, continuasse presidente.

A entidade não cobra absolutamente nada de seus associados. É a única

entidade brasileira que realiza seminários gratuitos mensalmente e, às vezes,

quinzenalmente nas regiões administrativas. A UVESP produz livros, cartilhas e

oferece assistência legislativa gratuita. Trouxemos, para ilustração, um modelo de

cartilha para os Srs. Deputados: a Cartilha do Vereador.

São nossos parceiros a Associação Paulista de Municípios, a Associação

Brasileira de Municípios, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, a

Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, a Associação Paulista do Ministério

Público e a Fundação Prefeito Faria Lima, da qual honrosamente participei na

qualidade de membro do quadro diretivo.

A UVESP é mantida por parceiros patrocinadores. Como sou jornalista,

mantemos um programa de televisão em rede nacional que dá amplo destaque ao

municipalismo e ao trabalho dos agentes políticos, principalmente na elaboração das

políticas públicas.

Srs. Deputados, feita esta apresentação, manifesto minha satisfação de falar

nesta Comissão Especial, convite que nos honra sobremaneira. Eu poderia traçar

um gráfico para mostrar o que acontecerá no Brasil, a prevalecer o entendimento do

Supremo Tribunal Federal, mas efetivamente não quero cansá-los com os números

que sobejamente conhecem.

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Mas não é por demais dizer que há discrepâncias na mais primitiva das

análises. Um município como Águas de São Pedro, no Estado de São Paulo, com

1.940 habitantes, pode ter 9 Vereadores; um outro, como Capão Bonito, que

desponta como a Capital ecológica do Estado, com 46.821 habitantes, tem o mesmo

número de Vereadores; e uma cidade como Leme, a primeira a implantar o cartão

SUS no Brasil, tem 10 Vereadores.

Vou transmitir a V.Exas. o pensamento reinante entre os agentes políticos do

Estado de São Paulo. Aprendemos em nossa vivência que na vida política

democrática o respeito aos procedimentos é fundamental. Por melhor que seja a

decisão, a legitimidade de uma medida é duramente atingida se existem dúvidas

quanto à autoridade de quem decide e o time da decisão. Neste momento, repito

apenas o óbvio: não cabe ao Supremo Tribunal Federal intervir onde a competência

é claramente do Congresso Nacional. A teoria da tripartição dos Poderes do Estado

remonta ao livro O Espírito das Leis, editado em 1748 por Charles-Louis de

Secondat:

“Não existe liberdade se a autoridade de julgar não

está separada da autoridade legislativa e da executora.

Se ela estivesse ligada à autoridade legislativa, o poder

sobre a vida e a liberdade dos cidadãos seria arbitrário,

pois o juiz seria legislador. Tudo estaria perdido se o

mesmo homem, ou o mesmo corpo das autoridades, ou

dos nobres, ou do povo exercessem estes 3 poderes — o

de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de

julgar os crimes ou questões entre particulares”.

E finaliza, meu caro Deputado Ivan Ranzolin, o livro francês:

“Para que não se possa abusar do poder, é

necessário que pela disposição das coisas o poder

contenha o poder”.

Ao Recurso Extraordinário nº 197.917, interposto pelo Ministério Público de

São Paulo contra dispositivo da Lei Orgânica de Mira Estrela (art. 6º), que fixa o

número de Vereadores daquele Município, caberia apenas a sentença específica,

em nossa modestíssima visão.

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É de se observar que em 2 momentos o Plenário do mais alto tribunal do País

já decidira que cada Município é competente para dispor sobre a composição das

Câmaras Municipais. Por exemplo: Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno) -

Agravo Regimental em Reclamação nº 408. Relator: Ministro Carlos Velloso.

Decisão unânime: julgamento em 20 de junho de 1996.

Já em 24 de março de 1997, pelo Recurso Extraordinário nº 172.004, do Rio

Grande do Sul, entendeu-se que compete à Lei Orgânica do Município a fixação do

número de membros da Câmara Municipal. Trata-se de manifestação, Srs.

Deputados, meu caro Presidente Jairo Carneiro, do Supremo Tribunal Federal.

Por último, senhores membros da Comissão, um argumento substantivo.

Devemos nos perguntar se a reforma via Supremo toca o problema fundamental do

nosso sistema de representação. A resposta infelizmente é “sim”. A questão crucial

do nosso sistema de representação não reside na eleição para o Executivo, mas,

sim, nas eleições proporcionais para cadeiras legislativas.

Além disso, não é certo que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, seguindo

o que estabelece o Supremo Tribunal Federal, fornecerá consistência ao

comportamento dos partidos, tanto que o seu Presidente deixa claro em suas

manifestações — como não poderia deixar de ser — que será respeitada na sua

plenitude a decisão do Congresso Nacional.

No atual status é bem provável que o efeito da medida seja exatamente o

inverso do pretendido. Em vez de assistirmos à reafirmação do princípio

democrático, meu caro Deputado Jefferson Campos, veremos o fim dos pequenos

partidos e o controle dos poderosos sobre a política municipal, com reflexos

incontestáveis nas eleições maiores.

Finalmente, quero dizer aos senhores membros da Comissão que São Paulo

elegeu para apoiar a Emenda nº 71/2003, do Deputado Ivan Ranzolin, do PP de

Santa Catarina, sem prejuízo do respeito, é evidente, às emendas propostas pelo

nobres Deputados Augusto Nardes e Pompeo de Mattos, pelo princípio

determinativo, imperativo, claro, sem deixar margem a interpretação em qualquer

ação do Ministério Público, pronto a agir como guardião da sociedade em caso de

dúvidas.

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O pior que pode acontecer para um Vereador, homem que representa sua

comunidade, é sofrer uma ação, independentemente do resultado, porque tem de se

explicar. E explicar, para o homem público, é estar no prejuízo.

Aliás, se me permitem, esclareço que minha formação é municipalista. O

municipalismo tem como rumo e bússola o fato de que o homem nasce, produz,

reproduz, vive e morre no Município. É no Município, na igreja, na reunião de seu

clube associativo, com seus amigos, que o Vereador vive o dia-a-dia de sua

comunidade. Geralmente, é alguém que tem o umbigo enterrado na sua terra, que é

conhecido não por número, mas por nome e sobrenome, mas também pode se

transformar até em parteiro nos pequenos Municípios.

O cidadão, quando tem alguma reclamação a fazer ao Presidente da

República, aos Governadores, procura o Vereador, que está ali onde ele pode

mostrar sua indignação, onde ele pode também levar sua esperança por uma

decisão favorável àquilo que legitimamente quer, por parte dos Poderes Municipais,

das Câmaras de Vereadores, seus representantes. O pior que pode acontecer,

portanto, para o homem público é se explicar.

O Deputado Ivan Ranzolin teve sua emenda apoiada por cerca de 2.500

Vereadores, no 48º Congresso Estadual de Municípios, realizado em Campos do

Jordão, no mesmo dia em que o Supremo se manifestava, ou seja, no dia 24 de

março. Os que não estiveram presentes — 8.032 Vereadores, totalizados —

enviaram à direção da UVESP e-mails, cartas e telegramas em apoio ao Deputado,

que, por sua vez, disse no plenário do Congresso Nacional que retira o nome da sua

emenda e a transforma em emenda dos Vereadores do Brasil. E, segundo matéria

publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição do último dia 11, página 4-a, o

Relator Jefferson Campos proporá a unificação das emendas.

Senhores, ao concluir, peço que tenham em relação às reivindicações dos

Vereadores do Brasil a mesma generosidade com que me ouviram. Sabemos que a

luta é contra o tempo, mas sabemos também que 3 ingredientes na vida pública

produzem um bom resultado: a vontade política, a visão solidária e a visão

estratégica. Vontade política para aprovar tudo até o dia 6 de junho; visão solidária

para apoiar o pedido de 60 mil Vereadores; e visão estratégica, que os senhores

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demonstram a cada dia, de que o regime democrático assegura igualdade de

oportunidades e enseja o gozo dos direitos fundamentais do homem.

E, de acordo com a visão estratégica, lembro aos Srs. Deputados que o

atendimento não é a 60 mil Vereadores do Brasil, mas à população brasileira, que se

sentirá excluída com a diminuição do número de Vereadores, porque todos os

demais Poderes e os seus tentáculos só falam em aumentar. Somente o Poder

Legislativo é visto como vítima da diminuição do número de membros, como se a

medida fosse diminuir as despesas dos Municípios.

A grande verdade é que duas variantes ordenam o número de Vereadores,

estabelecido pelo art. 29 da Constituição Federal. E, se Deus quiser, será

complementado pela emenda do Deputado Ivan Ranzolin, que estabelece

claramente, sem margem a interpretação diversa, o número de Vereadores no

Brasil. A Emenda nº 24 estabelece a despesa.

Cito o exemplo da Câmara Municipal de Barretos, minha sede natal, a 428

quilômetros de São Paulo, ao norte do Estado — o Presidente da instituição está

presente a esta reunião —, em que 17 Vereadores recebem R$ 3.000,00 por mês,

50% do que recebem os Deputados Estaduais. Poderiam receber R$ 4.850,00 por

mês. Se for reduzido para 6 o número de Vereadores da cidade de Barretos, como

quer o Supremo Tribunal Federal, os R$ 18.000,00 mensais serão rateados entre os

11 Vereadores, que poderão receber R$ 4.850,00 por mês, a título de subsídio. Isso

se entendermos que antes haverá campanha política, que será elitizada e

representará verdadeira briga de foice no escuro.

Para a soberania nacional, Srs. Deputados, certamente o futuro que

queremos está subordinado à expressa condição de que as massas democráticas

adquirirão pela educação e pela prática das instituições livres a clarividência

necessária para discernir, nas suas fileiras, elementos mais sãos, inteligentes e

solidários para lhes conferir o poder.

Sem dúvida, há injustiças a corrigir, desigualdades a remover, mas para isso

há de se encarregar a prática democrática, dentro da ordem constitucional.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Agradeço ao Sr. Sebastião

Misiara a lúcida exposição. Estão registradas as merecidas homenagens ao nobre

Deputado Ivan Ranzolin.

Estão inscritos 3 Parlamentares: Eduardo Gomes, Ivan Ranzolin e Isaías

Silvestre. As inscrições continuam em aberto. O Relator falará no momento mais

adequado.

Concedo a palavra ao nobre Deputado Eduardo Gomes por 3 minutos.

O SR. DEPUTADO EDUARDO GOMES - Sr. Presidente, Sr. Relator, Sr.

Sebastião Misiara, Presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo, de

reconhecidos serviços prestados aos Vereadores do Brasil, fico muito satisfeito

porque na exposição de V.Sa. ficou claro aquele quadro observado no dia-a-dia do

Município brasileiro. O Vereador é aquele agente político que apanha duas vezes:

na rua, porque não consegue dar ao povo tudo o que quer, e em casa, da mulher,

porque distribuiu tudo o que tinha para o povo. No Município brasileiro essa é a

realidade.

Fui Vereador por 2 mandatos e Presidente da Câmara de Vereadores de

Palmas. Aproveito a oportunidade para saudar V.Sa. e deixar claro a esta Comissão

e à comunidade brasileira que a estratégia adotada por mim na discussão desta

PEC está ligada à absoluta confiança que tenho nas biografias políticas dos

Deputados Jairo Carneiro e Jefferson Campos, ao senso de realidade que possuo

na qualidade de Parlamentar e de ex-Vereador e à necessidade de tempo para

resolver esse problema, criado de maneira absolutamente inoportuna pelo Supremo

Tribunal Federal.

Na discussão interna sobre aceitar ou não a reforma do Judiciário e o tão

questionado controle externo, impõe o Supremo Tribunal Federal, muitas vezes sem

a consciência devida, o controle externo do Poder Legislativo Municipal.

Entendemos que nossa melhor estratégia é não apresentar nenhuma

emenda, nenhum requerimento e estar prontos nesta Comissão, à disposição do

Presidente, do Relator, dos membros, dos presidentes das entidades representativas

de Vereadores, presentes a esta reunião, da militância do plenário, das Lideranças e

mostrar a necessidade de corrigir o mais rapidamente possível essa atitude

inoportuna.

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Entendemos que a emenda do Deputado Ivan Ranzolin contempla bem a

regulamentação do art. 29. Compreende, com senso de justiça, algo mais próximo

da realidade brasileira, tão complexa. A cidade de Palmas, Capital do Estado de

Tocantins, uma das que mais crescem no Brasil, tem dificuldade de acompanhar

termos técnicos de proporção populacional, até pela cadência do IBGE e pelo tempo

que espaça um Censo do outro. Palmas tem 15 Vereadores. Agiu com prudência e

responsabilidade. Poderia, por ser Capital, eleger 21 Vereadores. Aumentamos de

duas em duas vagas. Este ano, a previsão é de serem eleitos 17 Vereadores,

conforme proposta aprovada e incluída na Lei Orgânica do Município, com o risco de

esse número cair para 11. No entanto, o bom senso reza que o Município de Palmas

pode contar com até 19 Vereadores.

Algumas verdades precisam ser adicionadas a esse processo. Primeira: a

imprensa precisa entender como verdade absoluta que a Câmara de Vereadores

funciona com recurso próprio, independente de qualquer discussão sobre economia

processual e funcionamento de uma casa legislativa. A segunda: a sociedade

brasileira precisa saber que nos últimos anos os Vereadores exerceram atribuições

fundamentais à boa gestão pública, ou seja, análise em audiências públicas da Lei

de Responsabilidade Fiscal; interpretação responsável do Estatuto das Cidades;

elaboração de várias leis; fiscalização e controle específico sobre os conselhos que

administram os recursos federais aplicados no Município.

Nos últimos anos, as Câmaras Municipais do Brasil receberam mais

atribuições e mais restrições orçamentárias, que se pretendem corrigir na PEC nº

574. Participamos do Fórum Permanente de Presidentes de Câmaras de Capitais

Brasileiras. Na época, apresentamos trabalho aprovado por Comissão Especial

desta Casa que se encontra em vias de ir a plenário.

A minha estratégica, na qualidade de ex-Vereador, é conversar com os

colegas desta Casa; confiar absolutamente nesse trabalho, feito com muita

prudência para corrigir os erros, sem criar crise institucional, mas revelando essa

situação inoportuna que quebra a expectativa de direito de Secretários que já se

descompatibilizaram do cargo, de cidades que já têm planejamento e de famílias e

partidos que planejaram a disputa de cargo eletivo. Mas essa expectativa é

quebrada até pelo assombro, pelo terrorismo veiculado por boa parte da mídia.

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Parte desta Comissão está pronta para, no momento certo, discutir a melhor

redação do texto e ajudar o Relator e o Presidente na condução dos trabalhos; outra

parte entende que é melhor ir a todos os gabinetes de Vereadores, conversar com

esse agente político que concentra toda a expectativa política e a transfere para

Deputados Estaduais e Federais. É o Vereador que informa à população o que

Deputados Estaduais e Federais pretendem fazer pela cidade, qual será o melhor

Governador e o melhor Prefeito.

Portanto, Sr. Sebastião Misiara, com a tranqüilidade de saber que temos

representantes a sua altura, que tem prestado bons serviços à sociedade brasileira,

defendendo aquilo que ela tem de mais caro e que muitas vezes não percebe por

falta de condições de divulgação, trabalharemos com estratégia absolutamente clara

e transparente para corrigir eventuais injustiças contra o processo democrático e

defender o Vereador brasileiro.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Lembro aos nobres colegas

que realizaremos seguintes audiências públicas com o Ministro Sepúlveda Pertence,

amanhã, às 10h; com o Ministro Nelson Jobim, dia 19, às 14h30min; e na quinta-

feira, encontro em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Creio que todos receberam

telegrama em sua residência.

Após esta reunião, em caráter informal, vamos procurar fazer alguns ensaios,

alguns testes sobre como concebermos possível proposta de consenso entre nós.

Vamos definir o local?

O SR. DEPUTADO EDUARDO GOMES - Sr. Presidente, pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Por favor.

O SR. DEPUTADO EDUARDO GOMES - Sr. Presidente, a mim foi feita a

solicitação de que informasse a V.Exa. e ao Relator sobre o desejo de comparecer à

reunião de amanhã, mesmo que em horário diferente, para expor à Comissão a

opinião da Associação Nacional de Câmaras Municipais, o Vereador Rogério

Rodrigues da Silva. Eu gostaria que V.Exa. levasse em consideração a possibilidade

de ouvi-lo por alguns minutos.

Muito obrigado.

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Está feito o registro.

Oportunamente vamos apreciar a solicitação.

Hoje, provavelmente após esta reunião, vamos nos reunir em outro local, para

trocar algumas idéias. O Deputado Bismarck está sugerindo a sala da Presidência

da Comissão de Economia. E mais tarde, ainda hoje, voltaremos a nos encontrar.

Precisamos buscar uma fórmula consensual, com base na realidade da composição

das Câmaras do Brasil.

Vamos ouvir o próximo inscrito, Deputado Ivan Ranzolin.

O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Obrigado, Sr. Presidente. Em primeiro

lugar, quero cumprimentar V.Exa., que tem sido diligente e extremamente cuidadoso

na condução dos trabalhos desta Comissão, encaminhando a todos os

Parlamentares o cronograma das nossas atividades, o que nos dá muita segurança.

Cumprimento também o Relator, Deputado Jefferson Campos, que tem ouvido

vários Parlamentares a fim de elaborar um relatório que seja o reflexo do trabalho de

todos e tenha, portanto, mais possibilidades de reunir votos numa deliberação

qualificada no plenário da Casa.

Saúdo o Sr. Sebastião Misiara, Presidente da União dos Vereadores de São

Paulo, entidade que detém o maior número de Vereadores do Brasil. Parabenizo-o

pela forma eloqüente como apresentou seus argumentos e também por ter

distribuído aos Parlamentares a Cartilha do Vereador, na minha opinião, muito bem

elaborada, uma orientação aos Vereadores de São Paulo, com informação sobre os

eventos lá realizados. Tive a oportunidade de participar indiretamente de um desses

eventos e pude perceber a forte união daqueles Vereadores.

Minhas saudações a todos os Deputados desta Comissão.

Sou autor de uma das PECs que está em discussão. Ela foi aprovada por

unanimidade na Comissão de Justiça. Estamos debatendo também a PEC do

Deputado Augusto Nardes, a mais antiga, e a do Deputado Pompeo de Mattos. São

3 as propostas.

Devo dizer aos Srs. Parlamentares que a proposta que apresentei a esta

Casa teve inspiração no Estado de Santa Catarina. Fui Constituinte estadual. No

momento em que nos reunimos para estabelecer o número de Vereadores, ficamos

num impasse: qual deveria ser esse número? A Constituição Federal, em seu art.

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29, inciso IV, diz que o número de Vereadores é proporcional à população do

Município: no mínimo 9, para aqueles com até 10.000 habitantes, no máximo 21,

para aqueles com até 1 milhão de habitantes. Ora, consideradas as leis orgânicas

dos Municípios, como determina o próprio texto constitucional, fica uma dúvida, pois

é facultado a cada Município estabelecer seu número de Vereadores de acordo com

a lei orgânica.

Os Constituintes estaduais entenderam por bem aprovar emenda de minha

autoria, que vigorou na Constituição de Santa Catarina, exatamente a mesma que

apresentei aqui, porém determinativa, pois não deixa margem a que o Ministério

Público ou qualquer cidadão ingresse com uma ação questionando esse número.

Desde os primórdios dos bancos escolares da faculdade de Direito, sempre

entendi que a lei tem de ser clara, para que todos possam entendê-la, concisa, para

que não fique complicada, e determinativa, imperativa.

A lei não pode ser facultativa, tem de determinar. Quando legislamos, todos

que vamos acolher os ditames da lei precisamos saber que eles têm imperatividade.

Por isso apresentamos esta emenda, uma repetição da que apresentamos em Santa

Catarina. A emenda determina, não estabelece máximo nem mínimo, não dá

margem a que as leis orgânicas escolham um número, maior ou menor. Todas as

vezes que isso aconteceu houve questionamento, e o Congresso Nacional, que tem

o dever de legislar, tem a prerrogativa e a obrigação de fazer com que, em todo o

Brasil, observada a proporcionalidade, haja uniformidade.

Não podemos permitir que haja falta de sintonia entre Câmaras de

Vereadores de Municípios com mesmo número de habitantes em Estados diferentes,

como acontece hoje. Há Municípios no Rio de Janeiro com mais de 21 Vereadores e

população de 40.000, 50.000, 70.000, 80.000 habitantes, porque as leis orgânicas

fixaram esse número. Eles vão obedecer aos ditames constitucionais?

Relativamente, pois lhes foi dada essa possibilidade.

O que temos em mãos agora, Sr. Relator, é a responsabilidade de

estabelecer uma norma coerente para todo o País. Todas as Câmaras de

Vereadores do Brasil, que já estão na expectativa das eleições e da abertura das

convenções, no próximo dia 10 de junho, estão vivendo uma verdadeira angústia,

porque o Congresso Nacional não fixou a regra de modo determinativo, permitindo

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assim que decisão do Supremo Tribunal Federal, sem abrangência nem

auto-aplicabilidade, proferida na votação de uma ADIN contra o Município Mira

Estrela, fosse tomada como regra geral.

Tanto isso é verdade que amanhã teremos aqui o Presidente do TSE, Ministro

Sepúlveda Pertence, um homem democrático que tem pautado sua vida e o

exercício da sua atividade profissional no Poder Judiciário pela coerência e, acima

de tudo, pela busca de resultados positivos. S.Exa. tem a grande responsabilidade

de executar as eleições. O Tribunal Superior Eleitoral tem de fixar uma norma para

as eleições. Como, historicamente, as eleições no Brasil têm tido ordem e resultado

positivos, com tempo recorde de apuração, S.Exa. baixou a Resolução nº 21.702,

para estabelecer uma regra para todo o Brasil. Essa regra decorre de decisão que

não tem auto-aplicabilidade, do Supremo, mas é uma regra.

Numa conversa que teve com vários Deputados, o Ministro disse que, se o

poder político, que é o Poder Legislativo, não decide a questão, eles têm de decidir,

porque não podem ficar num impasse os Municípios deste País. Mas S.Exa. teve

também o cuidado democrático de inserir no art. 3º que, advindo uma alteração

constitucional no art. 29, evidentemente o Tribunal a acatará.

Temos uma grande responsabilidade. Esta Comissão precisa levar ao

Plenário um resultado que possa ser acolhido pela Casa.

Já deixei claro, e quero repetir, agradecendo as palavras elogiosas do

Sebastião Misiara, que temos de elaborar uma emenda que possa ser aprovada no

Plenário, daí a grande responsabilidade do Relator. Eu já disse que a emenda de

minha autoria pode deixar de ser da minha autoria, pois traz apenas uma

colaboração, para ser de autoria de todos os Parlamentares. Assim, todos daremos

nossa contribuição.

Vamos apresentar no plenário uma emenda que tenha a participação dos

Deputados Augusto Nardes, Pompeo de Mattos, Ivan Ranzolin, mas que seja fruto

de um entendimento a ser levado aos partidos políticos, para que todos se sintam

autores. Esta é a emenda dos Vereadores do Brasil, mas teve nascedouro no

Congresso Nacional.

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Na realidade, se eu brigar pela minha emenda, não estarei brigando pela

causa maior, que é a dos Vereadores. O que queremos é que o Congresso Nacional

delibere, que este assunto não fuja das nossas prerrogativas.

Tenho profundo respeito pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Poder

Judiciário, porque a ele compete a guarda da Constituição e das leis. Nos dissídios

entre os homens, quando procuramos nossos direitos, temos de ir ao Poder

Judiciário, contudo o ato de legislar é do Congresso Nacional. Compete ao

Congresso Nacional, única e exclusivamente, a tarefa que lhe está sendo exigida,

agora mais do que nunca.

Sr. Presidente, já fui a vários Estados do Brasil participar de congressos, a

convite dos Vereadores. Só não votamos, no ano passado, este assunto porque a

ação do Supremo Tribunal Federal está atingindo todos os Estados e todos os

Vereadores, que estão reunidos hoje à tarde em Pernambuco. Amanhã haverá uma

reunião em Cuiabá e já há outra aprovada para acontecer no Rio Grande do Sul.

Antes de encerrar, Sr. Presidente, peço vênia a V.Exa. para solicitar a

votação de 2 requerimentos constantes da pauta. Assim oficializaríamos as reuniões

programadas para serem realizadas nesses Estados.

Encerro minha participação repetindo, mais uma vez, que o art. 29-A da

Constituição, emenda que teve nascedouro no Senado, estabelece rigorosamente

os percentuais que as Câmaras de Vereadores perceberão, de acordo com as suas

populações, não dando nenhuma margem à especulação de que o maior ou o

menor número de Vereadores ensejará maior ou menor gasto financeiro para o

Município.

Agradeço a V.Exa. Não tenho indagação a fazer ao nosso palestrante, mas

cumprimento-o pela veemência do discurso e pelo conhecimento do assunto, sinal

de que realmente está articulado com os Vereadores do seu Estado.

Obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Obrigado, nobre colega Ivan

Ranzolin.

Tem a palavra o Deputado Isaías Silvestre.

O SR. DEPUTADO ISAÍAS SILVESTRE - Sr. Presidente, Sr. Relator, meus

cumprimentos. Agradeço ao nosso palestrante, Sr. Sebastião Misiara, a presença.

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Nada temos a perguntar. Ficamos satisfeitos com a exposição e com a

contribuição valorosíssima dada à Comissão.

Solidarizo-me com o Deputado Ivan Ranzolin pela emenda apresentada, que

acredito dará resposta a toda a população brasileira, especialmente aos legisladores

municipais.

Meu Estado tem 853 Municípios. Por onde passamos, vemos a angústia dos

candidatos a Vereador com a proximidade da data de 10 de junho. Não temos até o

presente momento uma resolução, um encaminhamento produzido nesta Comissão,

mas acredito que, com a posição firme do nosso Presidente, Deputado Jairo

Carneiro, e do Relator, Deputado Jefferson Campos, haveremos de produzir uma

resposta para essa angústia dos Vereadores brasileiros, que esperam seja feita

justiça. Quando há recessão e crise no Município, é imputada aos Vereadores a

responsabilidade de solucionar o problema.

Solidarizo-me com o Deputado Ivan Ranzolin. Acredito que encontraremos a

melhor saída no tempo. Não é preciso emendar mais. Temos, sim, de procurar uma

solução o mais rápido possível para contemplar os candidatos que passam por essa

angústia às portas da eleição.

Agradeço pela presença ao Sr. Sebastião Misiara, que nos dá uma grande

contribuição. Os Municípios paulistas têm dado ao Brasil um grande exemplo de

legislação de Câmaras Municipais.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Informo aos senhores que já

há quorum para deliberação.

Com a palavra o Deputado Almeida de Jesus.

O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, Sr. Relator, Sr.

Sebastião Misiara, colegas Parlamentares, as observações feitas por alguns

companheiros retratam a realidade de todo o Brasil. No Ceará, uma enxurrada de

liminares tem diminuído o número de Vereadores nos Municípios. Após a decisão

para o Município de Mira Estrela, já são 31 os Municípios que tiveram o número de

Vereadores reduzido por meio de liminares. O Ministério Público do Estado do Ceará

apenas copia o primeiro texto e muda o nome do Município. Daí os companheiros

podem imaginar a amargura dos Vereadores e pré-candidatos a Vereador. Quem

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tinha planejado disputar uma eleição não sabe sequer quantos candidatos poderá

haver no Município. Sou Presidente do Partido Liberal no Estado do Ceará. Estamos

vivendo a angústia de não saber quantos candidatos vamos poder lançar a

Vereador.

Nossa responsabilidade nesta Comissão é muito grande. A emenda do

Deputado Ivan Ranzolin tem sido discutida no nosso Estado, bem como as outras a

ela apensadas. Temos realizado seminários pelo interior, e a primeira pergunta é

sempre sobre a solução que daremos a esta situação. Não podemos ficar parados.

Preocupa-me ver requerimentos solicitando mais audiências, fora da Câmara. Acho

que devemos correr para elaborar um texto consensual com o Relator e com os

membros da Comissão.

Não temos perguntas a fazer aos palestrantes. Os que aguardam a decisão

desta Comissão e do Plenário estão muito ansiosos, e o tempo é curto. No plenário

da Câmara dos Deputados teremos de votar em 2 turnos; no Senado, em mais 2

turnos. Se não houver nenhuma mudança naquela Casa, só aí a matéria vai à

sanção.

Como disse o Deputado Ivan Ranzolin, contamos com uma atenuante, que é

a disposição do STF e do TSE, quando dizem que acatarão a decisão do Congresso

Nacional. Isso é bom. Agora cabe a nós resolver o caso.

Quero dar o exemplo de uma liminar concedida hoje no Ceará, no Município

de Caucaia, de quase 260.000 habitantes. Estavam previstos 21 Vereadores, mas,

segundo a liminar, esse número será reduzido para 14. Vejam a arbitrariedade como

as decisões estão sendo tomadas.

Conclamo os companheiros a partirem para um ato consensual, como sugere

o Presidente, uma vez que já há 3 PECs bastante detalhadas. A PEC nº 89/95

também tem muito a oferecer como exemplo. Se promovermos um ato consensual

com o Relator, muita coisa pode ser aproveitada, para realizarmos um bom e rápido

trabalho.

Por fim, quero parabenizar o nobre palestrante, Sebastião Misiara, pela

exposição e pelas informações oferecidas. Meus parabéns também à UVESP, pela

cartilha. Tenho certeza de que os Vereadores não ficam com dúvida depois de ler

esse texto. Se houve exagero no aumento do número de Vereadores de alguma

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Câmara Municipal, isso só aconteceu porque não leram a cartilha de São Paulo, que

detalha bem como se comportar em relação ao art. 29 da Constituição.

Como disse o nobre colega Ivan Ranzolin, não houve um trabalho terminativo.

O Congresso foi omisso, e não podemos deixar que essa omissão perdure. É hora

de resolver a situação, senão vamos deixar que o Judiciário o faça, como quando

impôs a verticalização, na eleição passada. É a mesma coisa. Deixamos tudo solto,

e felizmente o Judiciário é o guardião da Constituição. Cabe a nós dar uma resposta

logo a esse impasse, do contrário pagaremos caro aos Vereadores e ao eleitorado

brasileiro.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Como diria o velho Ulysses,

temos pressa, vamos votar. E vamos fazê-lo, com a solidariedade de todos, no dia

20, terça-feira, nesta Comissão. Dia 19, segunda-feira, estará aqui o Ministro Jobim.

Hoje ainda vamos trabalhar, logo após esta reunião, na sala da Presidência da

Comissão de Economia. Estão convidados todos os que queiram comparecer, sejam

da Comissão ou não. Iremos desenvolver as idéias sugeridas. No fim do dia nos

reencontraremos novamente.

O SR. DEPUTADO GILBERTO NASCIMENTO - Sr. Presidente, peço a

palavra pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Com a palavra o Deputado

Gilberto Nascimento.

O SR. DEPUTADO GILBERTO NASCIMENTO - Sr. Presidente, inicialmente

quero saudar V.Exa. e o Deputado Jefferson Campos, nosso Relator, pelo belo

trabalho que vêm desenvolvendo na Comissão. Cumprimento também nosso

palestrante, Sr. Sebastião Misiara, por quem tenho muito respeito. Fui Vereador na

Capital de São Paulo por 12 anos. Caminhamos juntos em muitas ocasiões. Depois

fui para a Assembléia, onde fiquei mais 8 anos, mas nunca nos perdemos de vista.

Querido Misiara, neste momento os Vereadores estão vivendo uma aflição

muito grande, por não saberem como ficará esta situação. Já foi dito pelos

companheiros que me antecederam que houve uma omissão realmente muito

grande por parte da Câmara dos Deputados. Mas há outras matérias pendentes de

regulamentação nesta Casa. Daqui a pouco o Judiciário as regulamentará. É seu

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papel, porque, de qualquer forma, ele é consultado diariamente, e, para responder

às demandas, acaba tendo de tomar uma posição. Não acho que se trata de erro do

Judiciário. O Judiciário cumpriu seu papel.

Neste momento, se existisse em todos os Estados uma entidade tão bem

organizada quanto a União de Vereadores do Estado de São Paulo — conheço o

trabalho por eles desenvolvido para pressionar esta Casa a regulamentar esse

dispositivo —, talvez não estivéssemos agora passando por esta situação.

Estou plenamente à disposição, pronto a lutar nessa trincheira. Espero ver

esta situação resolvida o mais breve possível. Quem está a 180 dias de concorrer a

uma eleição deve estar muito aflito, porque não sabe se concorrerá ou não. Há

Câmaras em que o quadro cairá de 17 para 14, de 14 para 9, ficando muito mais

apertada a disputa.

Este é um momento muito interessante. Acredito nesta Comissão, que tem à

frente os Deputados Jairo Carneiro e Jefferson Campos e é composta de muitos de

Deputados que já foram Vereadores e conhecem bem este problema. O Deputado

Jefferson Campos, por exemplo, foi Vereador e ficou na suplência em razão de uma

interpretação do Judiciário do seu Município.

Estou à disposição. Mais uma vez parabenizo a Mesa.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Há mais um inscrito, o

Deputado Leônidas Cristino. Logo após, se houver concordância, vamos apreciar 2

requerimentos.

Tem a palavra o Deputado Leônidas Cristino.

O SR. DEPUTADO LEÔNIDAS CRISTINO - Sr. Presidente, quero fazer uma

indagação à Mesa. Eu estive no Ceará, onde a preocupação e a angústia dos

Vereadores são muito grandes. A dúvida maior diz respeito ao tempo. Não é

consenso nosso não apresentar emendas ou retirar requerimentos. Estamos todos

conscientes desse problema, mas o tempo está trabalhando contra nós.

Quero fazer 2 perguntas a V.Exa., Sr. Presidente. Se esta Comissão aprovar

a matéria no dia 20, terça-feira, ato contínuo poderá acontecer a votação no plenário

da Câmara, em primeiro turno? E podemos votar o segundo turno também

imediatamente? Faço as perguntas porque já aconteceu na Câmara dos Deputados

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de votarmos matéria constitucional num dia em primeiro turno e no outro dia em

segundo turno.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tivemos o cuidado de

consultar a Secretaria das Comissões Especiais, e o Sr. Silvio nos informou que, se

houver entendimento entre as Lideranças e a Presidência da Casa, e se

deliberarmos no dia 20, poderemos votar os 2 turnos até o fim deste mês de abril. A

idéia é trabalhar hoje e, se pudermos produzir uma solução de consenso, ir ao

Presidente da Casa. Isso pode acontecer hoje ou amanhã. Também devemos

envolver nesse trabalho de audiência as Lideranças; se não todas, pelo menos

algumas, entre elas a do Governo. Num diálogo informal mas consistente, temos de

despertar a consciência dos colegas.

Somos municipalistas, somos legisladores e temos de defender o

fortalecimento do Poder Legislativo em todos os seus âmbitos, mas temos de

reconhecer que existem distorções, que há excessos. Não podemos, por solidarismo

ou espírito de corpo, preservar situações como essas.

Tenho comigo algumas planilhas, que porei sobre a mesa na reunião que

acontecerá logo após esta. Poderemos verificar — eu não queria dizer isto assim —

que um certo contingente de Municípios não tinha condições de ser emancipado

como comunidade política. Há Municípios com 1.000 habitantes. Como não

podemos modificar essa situação, temos de regulamentar um tamanho para a

composição da Câmara que seja adequado com essa dimensão. Na mesma

situação estão 1.365 Municípios com até 5.000 habitantes. São 12.517 Vereadores,

havendo situações em que tem mais de 9. Vamos conversar a respeito.

Temos também a planilha da distribuição por faixas. Nosso sentimento é que

existe um extrato composto de Municípios de porte médio — a estrutura fundamental

do municipalismo na Federação, por sua contribuição para a geração da riqueza

nacional — que têm também de manter uma representação condizente com sua

população e com sua importância política, social e econômica.

Esses raciocínios devem nortear nossos trabalhos. Devemos fazer algo

lógico, racional, com equilíbrio e bom senso, apesar das perdas. A proposta do

nobre colega Augusto Nardes eleva quantitativamente o número de Vereadores para

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aproximadamente 5 mil, e a proposta do Deputado e Ivan Ranzolin, salvo engano,

em 1.356.

Vamos discutir a questão e possivelmente redimensionaremos para mais em

alguns casos e para menos em outros. Não estou me antecipando, porque não

tenho esse direito, mas apenas externando minha preocupação como Deputado. No

final das contas, haverá redução, que pode não ser grande, se houver sensibilidade,

comunhão com o que estou pensando e também com nosso Relator. Já dialogamos

um pouco a respeito desse assunto. Por isso, é importante a presença de todos.

Há sobre a mesa 2 requerimentos: o de nº 8, de 2004, de autoria do Deputado

Ivan Ranzolin, que solicita seja realizada audiência pública no Estado do Mato

Grosso; e o Requerimento nº 9, de autoria também de S.Exa., que requer seja

realizada audiência pública no Estado de Pernambuco.

Como temos pressa, precisamos nos reunir hoje e amanhã, porque na quinta-

feira estaremos em Porto Alegre, conforme já deliberado. Seria, portanto,

conveniente chegarmos a um entendimento nesse prazo, além de mantermos

conversa com o Presidente da Casa e com os Líderes dos partidos, porque

deveremos ter uma decisão no dia 20. Não sei se haverá tempo para os

Parlamentares comparecem em Pernambuco e em Mato Grosso.

Dessa forma, apreciaremos as proposições sob 2 enfoques: primeiro,

conforme proposto originalmente; segundo, como autorização da Comissão para

comparecimento de seus representantes a esses 2 importantes encontros. O

Deputado Ivan Ranzolin seria um dos credenciados a representar a Comissão, e

mais alguém que também queira se nominar. Não seria propriamente uma audiência

pública, diante da premência do tempo, da urgência e do trabalho que requer a

presença dos colegas ininterruptamente hoje e amanhã.

Com a palavra o autor do requerimento, Deputado Ranzolin.

O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Sr. Presidente, a Assembléia

Legislativa de Pernambuco promove hoje audiência pública com a participação dos

Deputados Federais daquele Estado, demais convidados e a União dos Vereadores

de Pernambuco, além de vários Deputados do Estado do Ceará e de outros Estados

do Nordeste. Inicialmente, havia me comprometido a participar dela, no entanto, em

razão desta audiência e também da reunião extra-oficial que V.Exa. acabou de

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marcar, deixei de ir porque vamos tomar as decisões nesta Comissão. Os

Deputados Federais, em especial o Presidente da Assembléia Legislativa,

solicitaram que déssemos conotação oficial àquele evento.

Assim, apresentei esse requerimento, porque o encontro será realizado hoje

de qualquer maneira.

A meu ver, para nossa Comissão, seria oportuno S.Exas. divulgarem que a

Comissão Especial da Câmara dos Deputados autorizou a Assembléia Legislativa de

Pernambuco a realizar essa sessão de caráter oficial.

Como ao evento comparecerá toda a imprensa, pedimos vênia para dar

conotação oficial ao encontro, por meio desse requerimento, e que o mesmo seja

encaminhado ainda hoje para lá, caso deliberemos a favor.

Por outro lado, o Líder da nossa bancada, Deputado Pedro Henry, garantiu

que faria o possível para estar conosco hoje, informando ainda sua participação no

encontro em Mato Grosso, na Assembléia Legislativa, com vários Deputados

Federais e Estaduais. S.Exa. deve ter comunicado pessoalmente ao Presidente

desta Comissão, convidando inclusive V.Exa. e o Relator para estarem presentes

nesse encontro, que será realizado amanhã, às 18h. Comprometi-me a estar

presente, independente de a Comissão definir ou não o caráter oficial.

Se forem aprovados os 2 requerimentos, não teremos problema de prazo

porque eles já se organizaram. O único que temos aprovado e possui caráter oficial

será o encontro a ser realizado no Rio Grande do Sul.

Sr. Presidente, evidentemente não poderíamos abrir outras reuniões em data

posterior, visto que V.Exa. já marcou o dia para votação do relatório. Cumprimento,

portanto, V.Exa. pelo cronograma, faço essa justificativa e peço vênia a esta

Comissão para que as 2 reuniões tenham caráter oficial.

Era o que tinha a dizer.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - A Presidência registra a

presença do ilustre Líder do PT, Deputado Pedro Henry, de quem recebeu convite

para o encontro estadual a se realizar amanhã, em Mato Grosso. S.Exa. o julga da

maior importância e o menciona e intitula como suprapartidário, em defesa das

Câmaras de Vereadores do Brasil.

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Se bem compreendi, o ilustre Deputado Ranzolin informou que não

comparecerá ao encontro de Pernambuco.

O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Exatamente, porque hoje não haverá

mais tempo e temos de trabalhar.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Se algum membro desejar

comparecer a esse encontro, a Presidência autoriza oficialmente que represente a

Comissão. Caso haja aquiescência do Plenário, deliberaremos desse modo em

relação a Pernambuco.

Com a palavra o nobre Líder Deputado Pedro Henry.

O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,

agradeço enormemente a oportunidade de estar aqui e poder trocar algumas idéias.

Sem dúvida alguma, esse assunto, que ora se discute com muita propriedade,

está mexendo com as hostes políticas do País. A decisão do Supremo,

acompanhada pela resolução, mexe na base política brasileira e causa reboliço em

todo o País. Inúmeros Municípios brasileiros terão alterados seus quadros de

representatividade há muitos anos estabelecidos. E temos sentido certa

intranqüilidade.

Tenho certeza e confiança de que esta Comissão, com tão ilustres e

experientes Parlamentares, cujo trabalho diário conhecemos, haverá de encontrar

uma equação em tempo hábil para que essa lacuna legislativa seja suprida e, assim,

tenhamos a devida solução.

O ilustre Deputado Ivan Ranzolin apresentou requerimento, na verdade, a

meu pedido. Vamos fazer uma reunião que denominamos suprapartidária.

Obviamente, se a Comissão for benevolente e entender que essa reunião pode ser

transformada em audiência pública desta Comissão, para ter caráter formal, a fim de

ouvirmos as lideranças estaduais, os Vereadores, a representação do Parlamento

Municipal daquele Estado, e com isso trazer alguma contribuição para enriquecer o

debate na hora em que V.Exas. tiverem de decidir sobre tão importante matéria,

ficarei enormemente agradecido.

Isso é importante não só para o Mato Grosso, como também para mim,

representante daquele Estado, que pretendo levar essa discussão para lá e trazer

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alguma contribuição para solucionarmos esse grave problema criado por essa

lacuna.

Se os ilustres Parlamentares puderem nos dar o privilégio de sediarmos essa

audiência pública no meu querido Estado do Mato Grosso, terei enorme prazer em

receber a todos. Espero seja aprovado o requerimento do Deputado Ivan Ranzolin.

Sr. Presidente, Sr. Relator, agradeço a V.Exas. a oportunidade de discutir

este assunto. Desejo contribuir, mesmo não sendo membro titular desta Comissão,

pois já indicamos nossos companheiros, e essa questão mexe com todos os

Deputados do País e com qualquer político que tenha interesse nela. Tenho certeza

de que esta Comissão vai chegar a um final feliz e, dentro do prazo legal, terá

solução para esse desfecho.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Muito obrigado, nobre

Deputado Pedro Henry.

Com a palavra o Deputado Almeida de Jesus.

O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, colegas

Parlamentares, preocupa-me a aprovação dos 2 requerimentos em virtude do tempo.

Logicamente, devemos ter responsabilidade de discutir o assunto com toda a

amplitude necessária.

No entanto, louvo a prudência de V.Exa., antes de o nobre Líder Pedro Henry

fazer suas ponderações de transformar a ida dos Parlamentares nas audiências que

se realizarão nos Estados de Pernambuco e Mato Grosso.

A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará realizou também audiência

pública na qual encaminhou documento com sugestões assinado por todos os

Parlamentares e pelos presentes, inclusive eu estive presente. Então, sugiro aos

companheiros que façamos um estudo, seguindo a orientação do Presidente quanto

às presenças.

O Deputado Ivan Ranzolin, por exemplo, esteve em uma reunião no Ceará e,

posteriormente, o Presidente da Assembléia Legislativa também convocou audiência

pública. Posiciono-me, portanto, contrário à aprovação do requerimento, mas a favor

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de os Parlamentares se deslocarem até lá espontaneamente para prestigiar o

evento.

Em Pernambuco, a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará vai estar

representada, mas, como está prevista votação para o dia 20, temos de acelerar os

trabalhos. Aprovarmos os requerimentos de audiências públicas externas talvez nos

causará alguns transtornos. O requerimento não prevê data, e as audiências

públicas amanhã são da maior importância. O mais prudente seria não aprovarmos o

requerimento e a Comissão, de forma administrativa, autorizar os Parlamentares a

se deslocarem até o Estado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - A matéria está em

discussão.

Com a palavra a Deputada Marinha Raupp.

A SRA. DEPUTADA MARINHA RAUPP - Sr. Presidente, sou favorável à

aprovação do requerimento pelo fato de hoje já estar sendo realizada audiência em

Pernambuco. Por isso, não precisamos deliberar sobre ele e devemos retirá-lo de

pauta, se o Deputado Ivan Ranzolin assim concordar.

Com relação ao Estado do Mato Grosso — está presente o Deputado Pedro

Henry, que já se mobilizou para a realização de audiência pública amanhã —, sou

favorável à aprovação do seu requerimento. Inclusive o Deputado Ivan Ranzolin já

se colocou à disposição para comparecer. Dessa forma, não ficariam prejudicados

os trabalhos desta Comissão.

Em relação ao Estado de Rondônia, nem apresentamos o requerimento

porque entendemos que poderíamos fazer um encontro naquele Estado sem que,

necessariamente, fosse uma audiência pública.

Parabenizo o Estado do Ceará, onde já foi realizado o encontro, já se

deliberou com a oportuna presença dos Vereadores e da Assembléia Legislativa em

tão importante decisão.

Portanto, manifesto meu apoio ao requerimento de audiência pública no Mato

Grosso e solicito ao Deputado Ivan Ranzolin que retire o requerimento de realização

de audiência pública em Pernambuco, visto que ela já está sendo realizada hoje.

O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Presidente, faço um esclarecimento.

No entusiasmo, esqueci de mencionar que a reunião já está marcada para amanhã

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à noite e estão mobilizados todos os segmentos da sociedade no Mato Grosso.

Parece-me que nosso Relator, Deputado Jefferson Campos, e os Deputado Ivan

Ranzolin e Pompeo de Mattos, também autor de uma PEC, já confirmaram suas

presenças. No final da tarde, poderíamos nos deslocar para a audiência pública em

Mato Grosso e, no outro dia, quinta-feira de manhã, os Parlamentares se

deslocariam para Porto Alegre, onde haverá outra audiência pública. Isso não

prejudicaria em nada a programação já estabelecida pela Comissão, nem haveria

interrupção do seu fluxo de ações.

Em face disso, peço a aprovação do meu requerimento.

O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, peço a palavra

pela ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, tendo em vista as

considerações do nobre Líder Pedro Henry, retiro meu voto contrário e manifesto-me

a favor da audiência em Mato Grosso, já que vamos ter outra posteriormente no Rio

Grande do Sul.

A SRA. DEPUTADA MARINHA RAUPP - Sr. Presidente, após

esclarecimento do Deputado Ivan Ranzolin sobre a audiência em Pernambuco,

retifico meu pedido de retirada do requerimento, visto que já existem Parlamentares

desta Comissão naquele Estado aguardando sua aprovação e a indicação para

participar da audiência pública.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Com a palavra o Deputado

Aracely de Paula.

O SR. DEPUTADO ARACELY DE PAULA - Sr. Presidente, as 2 reuniões

propostas não interferem no andamento dos trabalhos da Comissão. Pelo contrário,

elas acrescem e demonstram o interesse desta Comissão em ouvir de perto os

representantes dos Estados. Isso aumenta a abrangência da atuação da Comissão.

Somos inteiramente favoráveis à aprovação do requerimento.

O Deputado, ao estar lá representando a Comissão, faz com que ela cresça

na sua importância, o que é perfeitamente louvável.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Com a palavra o Deputado

Leônidas Cristino.

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereadoresComissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereaNúmero: 0313/04 Data: 13/04/04

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O SR. DEPUTADO LEÔNIDAS CRISTINO - Sr. Presidente, V.Exa. decidiu

que na terça-feira votaremos em primeiro turno.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Na Comissão é um único

turno.

O SR. DEPUTADO LEÔNIDAS CRISTINO - Isso posto, não há problema

algum em haver audiências públicas em Pernambuco, no Rio Grande do Sul, no

nosso querido Mato Grosso, para onde quero ir, pois faz tempo que não como um

peixe assado à beira do Rio Cuiabá, ou em Rondônia. O importante é esta Comissão

votar essa matéria na terça-feira.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - É importante estarmos

presentes na segunda-feira para receber o Ministro Nelson Jobim.

Informo ainda que esta Comissão se manifestará favoravelmente ao

requerimento e, infelizmente, não poderei comparecer à audiência pública em

Pernambuco, pois hoje trabalharemos intensamente. Se possível, iremos a Mato

Grosso, após conversar com o Deputado Ivan Ranzolin sobre o esquema da viagem,

bem como sobre a situação do Relator.

Conversaremos com o Presidente da Casa e com as Lideranças, em face do

que produziremos de hoje até amanhã pela manhã. É importante ter uma estrutura

de trabalho e sentir como sensibilizar as instâncias partidárias. Por isso, ainda não

posso assegurar, de plano, a presença em Mato Grosso, mas farei todo o possível

para estar lá.

Em votação o Requerimento nº 8, que trata da audiência pública amanhã de

Mato Grosso.

Aqueles que estiverem de acordo, permaneçam como se encontram. (Pausa.)

Aprovado.

Em votação o Requerimento nº 9, que trata da audiência pública hoje em

Pernambuco.

Aqueles que estiverem de acordo, permaneçam como se encontram. (Pausa.)

Aprovado.

O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tem V.Exa. a palavra.

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O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Presidente, agradeço aos ilustres

membros presentes a aprovação do meu requerimento. Será um prazer recebê-los

em Mato Grosso, inclusive para os que estiverem presentes à discussão será

especialmente preparada uma peixada mato-grossense.

Agradeço a todos a atenção.

Muito obrigado.

O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Sr. Presidente, peço a palavra pela

ordem.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tem V.Exa. a palavra.

O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Sr. Presidente, não fiz contato com os

Deputados de Pernambuco, mas parece-me, por informação do Vice-Presidente da

Assembléia, que 2 Deputados daquele Estado ainda estariam lá pela manhã. Não

contatei antes porque não tínhamos o resultado da votação do requerimento.

Assim, sugiro a V.Exa. determine a assessoria que comunique a aprovação

do requerimento aos Deputados Federais de Pernambuco, membros da Comissão.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Peço a Secretaria que entre

em contato, por telefone, de imediato, com a Presidência da Assembléia Legislativa

e transmita a aprovação do requerimento aos Parlamentares — solicito a V.Exa. que

forneça os nomes dos membros da Comissão que lá se encontram.

Com a palavra o Relator, Deputado Jefferson Campos.

O SR. DEPUTADO JEFFERSON CAMPOS - Sr. Presidente, inicialmente,

cumprimento V.Exa., que, de forma brilhante, tem traduzido o sentimento da

Comissão e da Casa e agradeço ao Sr. Sebastião Misiara, querido Presidente da

União dos Vereadores do nosso Estado de São Paulo, a presença.

Estamos realmente imbuídos no sentimento de regulamentar essa questão

que tem causado grande aflição em todos os Vereadores do Brasil. Agradeço

também ao nosso querido Líder, Pedro Henry, por nos ter ligado e convidado para a

reunião em Mato Grosso, transformada agora em audiência pública pela aprovação

do requerimento de sua autoria. Faremos todo o esforço para estar lá e priorizar o

relatório que iremos apresentar. O Presidente, de forma brilhante, traduziu o

sentimento de todos de que algo tem de ser feito. Se há excessos, têm de ser

regulamentados e até diminuídos. O espírito corporativo não pode ser maior do que

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o espírito de luta pelo País e pela Nação, e também por aqueles que estão no dia-a-

dia sofrendo as angústias do nosso povo, assim como os Vereadores, muito mais

próximos. Fui Vereador por um mandato e meio e já pude sentir isso na pele.

Como bem disse o primeiro Deputado que se manifestou, o Vereador é o

agente político que realmente sofre a aflição de não poder contemplar sua base

eleitoral, além de sua mulher pensar que todo o dinheiro que ele ganha é destinado

a atender à população, o que não ocorre porque não há recursos. Em casa todos

pensam que ele gasta tudo na política.

Temos feito levantamentos com a ajuda dos assessores designados pela

Presidência e pela Assessoria Legislativa da Casa: o Léo e o Márcio Fernandes.

Inclusive já fizemos a composição do quadro de Vereadores por Município. O

Presidente adiantou, e vou também adiantar alguns números. No Brasil há 1.365

Municípios, como já disse o Presidente Jairo Carneiro, com até 5 mil habitantes.

Temos 1.314 Municípios no Brasil com até 10 mil habitantes. Portanto, são

aproximadamente 2.700, dos 5.554 Municípios brasileiros, com menos de 10 mil

habitantes. Temos 20 Municípios entre 500 mil e 1 milhão de habitantes. Isso

permaneceu praticamente inalterado com a decisão do TSE. Esse o grande nó, no

nosso entendimento. Há pelo menos 3 PECs, além de diversas propostas recebidas

de Deputados. Vamos tentar elaborar o relatório no sentido de expressar a vontade

da maioria da Comissão, da liderança e dos Parlamentares. Não adianta

apresentarmos um relatório não consensual. Por isso, estamos à disposição de

todos e os convidamos para participar dessa elaboração. Inclusive o Presidente já

marcou reunião na sala da Presidência da Comissão de Economia.

Recebemos inúmeras manifestações de todo o Brasil, de Vereadores, de

Associações de Vereadores, de juristas, de pessoas preocupadas com esse

momento, que entendem ser realmente necessário fazer algo, porque é competência

do Poder Legislativo traduzir o art. 29 da Constituição.

Passei por experiência similar quando fui Vereador na cidade de Sorocaba,

que possui aproximadamente 550 mil habitantes, onde houve redução de 21 para 14

Vereadores. No final de semana tive o cuidado de fazer um levantamento em

relação aos gastos da Câmara Municipal de Sorocaba, em face da redução

propalada pela imprensa, que faz o seguinte cálculo: se for reduzido o número de

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Vereadores o Governo poderá construir mais creches, mais postos de saúde e

asfaltar mais ruas. Em 1999, havia 21 Vereadores e a Câmara Municipal de

Sorocaba gastou 6 milhões e 800 mil reais aproximadamente. Nesse mesmo ano foi

construída a nova Câmara Municipal da cidade, orçada em 2 milhões e 700 mil reais.

Em 2000, ainda havia 21 Vereadores, e o gasto da Câmara foi de 6 milhões e 93 mil

reais. E, pasmem, em 2001, o número de Vereadores reduziu de 21 para 14, e a

Câmara gastou 7 milhões e 797 mil reais. Ou seja, 1 milhão e 700 mil reais a mais,

com 7 Vereadores a menos. Em 2002, ainda com 14 Vereadores, a Câmara gastou

7 milhões e 800 mil reais. Os 2 anos que a Câmara permaneceu com 7 Vereadores

a menos, gastou 1 milhão e 800 mil reais a mais por ano. Criou-se mais um cargo de

assessoria para cada Vereador, porque o trabalho aumentou, e assim por diante.

Esse cálculo divulgado pela imprensa de quantas creches e hospitais a mais

seriam construídos com a redução, não traduz essa realidade, já que mais de 50%

dos Municípios brasileiros possuem menos de 10 mil habitantes.

O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS - Sr. Relator, V.Exa. tem a lista

completa?

O SR. DEPUTADO JEFFERSON CAMPOS - Sim, foi um trabalho da

assessoria. Devido ao tempo não iremos apresentá-la hoje, mas estará à disposição

dos senhores e daqueles que participarem da reunião.

Externo nosso desejo de elaborarmos um relatório consensual. Conversei

com o Deputado Pedro Henry, que nos ajudará, juntamente com as Lideranças. Já

conversei com o Presidente da Comissão, e notei inclusive boa vontade por parte

do Presidente da Casa, que entende, como nós, que essa competência é legislativa,

e S.Exa. tudo fará para que, dentro do prazo legal, essa PEC seja aprovada.

Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Vamos ouvir as

considerações finais do convidado, Sr. Sebastião Misiara, e, logo após encerrarmos

a reunião, iremos para o gabinete do Presidente da Comissão de Economia, onde

teremos encontro com os Parlamentares.

O SR. SEBASTIÃO MISIARA - Muito obrigado. Sr. Presidente, Srs.

Deputados, reitero meus agradecimentos à Comissão pela oportunidade de, como

convidado, expor a posição da União de Vereadores do Estado de São Paulo.

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O sentimento reinante é o de que a Câmara dos Deputados, segundo

demonstrado por V.Exas., está tomando posição não na defesa — repito — dos

Vereadores brasileiros, mas da ordem democrática e constitucional. Inclusive, digo a

V.Exas. que vamos transmitir esta reunião a São Paulo e ao Brasil por todos os

meios de comunicação, especialmente pela Rede Vida de Televisão.

Mostraremos aos Vereadores como funciona esta Comissão Especial, para

que eles tenham clara noção da posição de cada um de seus membros,

principalmente dos que se pronunciaram.

No Estado de São Paulo, Estado dos Deputados Gilberto Nascimento e

Jefferson Campos, a emenda do Deputado Ivan Ranzolin diminui para 417 o número

de Vereadores. Mais generosa do que — anteriormente a essa decisão — o

proposto pela UVESP, exatamente para corrigir as distorções expostas pelo

Presidente da Comissão. A nosso ver, o número em São Paulo deveria ser reduzido

para 850 Vereadores, o dobro do proposto pelo Deputado Ivan Ranzolin.

O Estado de São Paulo é composto por 522 Municípios com até 50 mil

habitantes, 411 com até 20 mil habitantes. Mas, a esta altura dos acontecimentos, já

não é prioritário o número de cada Legislativo, e sim, o respeito aos Poderes

constituídos. Por isso, pedimos que essa invasão de competência seja reparada

pelo Congresso Nacional, porque sabemos as conseqüências que advirão dessas

medidas, a capitis diminutio que sofrerá o Poder Legislativo. Na conceituação

popular, vamos tentar mostrar que isso não acontecerá pela posição da Comissão

Especial.

Deputado Ivan Ranzolin, estamos profundamente agradecidos pela

generosidade com que V.Exa. se posiciona para que tudo seja composto numa

emenda só, a fim de que haja uma aglutinação. Isso nos remete a 1983, quando o

Senador Passos Porto apresentou emenda de aumento da participação dos

Municípios na arrecadação do bolo tributário. O próprio Governo revolucionário, à

época, não acreditava na força dos municipalistas, e estes tomaram o Palácio do

Planalto, e o Governo teve de entender que a base está em cada Município. O

Senador Passos Porto, tão emocionado pela presença de mais de 5 mil

municipalistas brasileiros, agentes políticos do interior, retirou a denominação de

CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereadoresComissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereaNúmero: 0313/04 Data: 13/04/04

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Emenda Passos Porto, que passou a ser denominada Emenda dos Municípios. A

partir daí, o Fundo de Participação dos Municípios foi aumentado em 17%.

Sr. Presidente, também fomos contra a instalação de novos Municípios. Havia

a distribuição da riqueza, a divisão da riqueza e o aumento da pobreza. A criação de

novos Municípios em nada alterou a República Federativa do Brasil, nem ampliou a

capacidade do municipalismo como ente federado. Éramos contra na época, somos

contra agora. Não podemos entender que os pecados devam ser pagos agora pela

representação popular. Diminuir o número é excluir. Evidentemente, há injustiça e

distorções, mas V.Exas., por serem agentes políticos submetidos ao voto, saíram do

seio da população e, sem dúvida, saberão, com muita sabedoria, traçar o destino

correto.

Muito obrigado.

O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Agradeço a V.Sa. a

colaboração.

Antes de encerrar os trabalhos, convoco reunião para amanhã, dia 14, às

10h, no plenário 11, quando receberemos o Presidente do TSE, Ministro Sepúlveda

Pertence, para falar sobre o tema “Composição da Câmara de Vereadores”. Logo

após nos reuniremos na sala da Presidência da Comissão de Economia.

Agradeço a todos a presença.

Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada a presente reunião.

Está encerrada a reunião.