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CÂMARA DOS DEPUTADOS
DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO
NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES
TEXTO COM REDAÇÃO FINAL
COMISSÃO ESPECIAL - PEC 353-A/01 - NUMERO DE VEREADORESEVENTO: Audiência Pública N°: 0313/04 DATA: 13/04/04INÍCIO: 10h43min TÉRMINO: 12h20min DURAÇÃO: 01h37minTEMPO DE GRAVAÇÃO: 01h36min PÁGINAS: 31 QUARTOS: 20
DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO
SEBASTIÃO MISIARA - Presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo — UVESP
SUMÁRIO: Debate sobre acatamento, pelo Tribunal Superior Eleitoral, de decisão do SupremoTribunal Federal relativa ao número de Vereadores dos Municípios brasileiros.
OBSERVAÇÕES
CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ COM REDAÇÃO FINALNome: Comissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereadoresComissão Especial - PEC 353-A/01 - Numero de VereaNúmero: 0313/04 Data: 13/04/04
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Declaro aberta a quarta
reunião da Comissão Especial destinada a proferir parecer à PEC nº 353-A, de
2001, do Sr. Augusto Nardes e outros, que dá nova redação ao inciso IV do art. 29
da Constituição Federal, que dispõe sobre a composição das Câmaras de
Vereadores e dá outras providências; e às PECs nº 452, de 2001, do Sr. Pompeo de
Mattos e outros, e nº 71, de 2003, do Sr. Ivan Ranzolin e outros, apensadas.
Colegas integrantes da Comissão e Deputados que aqui comparecem para
prestigiar esta quarta reunião ordinária, vamos dar início aos nossos trabalhos, sem
exigência prévia de quorum, porque se trata de audiência pública. Provavelmente
apreciaremos requerimentos, se alcançarmos o quorum.
O convidado desta audiência pública é o Sr. Sebastião Misiara, Presidente da
União dos Vereadores do Estado de São Paulo, que comporá a Mesa junto com o
nosso Relator, Deputado Jefferson Campos, do PMDB de São Paulo.
Encontram-se sobre as bancadas cópias da ata da terceira reunião ordinária
realizada no dia 6 de abril de 2004.
O SR. DEPUTADO JEFFERSON CAMPOS - Peço a dispensa da leitura da
ata.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tendo em vista a
distribuição antecipada da ata, o nobre Deputado Jefferson Campos requer a
dispensa da sua leitura.
Sem oposição, considero dispensada a leitura da ata, que está em discussão.
(Pausa.)
Não havendo quem queria discuti-la, coloco-a em votação.
Os Deputados que a aprovam permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada a ata.
Expediente.
Comunico aos Srs. Deputados o recebimento das seguintes
correspondências: Ofício nº 72, de 2004, do Deputado Pastor Amarildo, Líder do
PSC, que indica seu nome para integrar, na qualidade de titular, esta Comissão
Especial, e do Deputado Carlos Willian, na condição de membro suplente.
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Ofício nº 265, de 2004, do Deputado José Carlos Aleluia, Líder do PFL, que
indica o Deputado Marcos Abramo para integrar, na qualidade de membro suplente,
esta Comissão Especial.
Comunico ainda que a Comissão tem recebido inúmeros telefonemas e
algumas correspondências de todo o País, que manifestam apoio à aprovação das
PECs aqui analisadas.
Lembro aos nobres colegas que esta Comissão está na sétima sessão do
decurso de prazo para apresentação de emendas. O total é 10 sessões, e a
previsão para seu término é o dia 16 de abril.
Lembro ainda o compromisso estabelecido entre nós informalmente de, na
medida do possível, apresentarmos sugestões, respeitando a prerrogativa de cada
Parlamentar.
Até o momento não foram apresentadas emendas.
Ordem do Dia.
Destina-se a reunião a ouvir em audiência pública o Sr. Sebastião Misiara,
Presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo, que já compõe a
Mesa.
Para o melhor andamento dos trabalhos, esclareço que adotaremos os
seguintes critérios ou procedimentos: disporá o convidado de até 20 minutos para
sua exposição, não podendo ser aparteado nessa fase. O tempo da exposição
poderá ser prorrogado a juízo da Comissão. Encerrada a exposição, os Deputados
interessados em interpelar o convidado deverão fazê-lo estritamente sobre o assunto
da exposição, pelo prazo de 3 minutos, tendo o expositor igual tempo para
responder. Aos Deputados são facultadas a réplica e a tréplica, pelo prazo de 3
minutos.
Os que desejarem participar dos debates devem inscrever-se junto à
Secretaria. Peço seja distribuída a lista de inscrição para que os nobres colegas se
inscrevam, caso queiram.
Com a palavra o Sr. Sebastião Misiara. Peço à Secretaria que faça o registro
do tempo.
O SR. SEBASTIÃO MISIARA - Sr. Presidente, Deputado Jairo Carneiro, a
quem, em nome da direção da Rede Vida, da qual participo, agradeço publicamente
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o empenho e a ajuda na instalação da emissora no Estado da Bahia; Sr. Deputado
Jefferson Campos, do PMDB do meu Estado, Relator da Comissão Especial;
senhores membros da Comissão; Sras. e Srs. Deputados; representações do Estado
de São Paulo, que saúdo na figura do Presidente da Câmara Municipal de Barretos,
Ângelo José Duarte; representantes da Associação Brasileira de Municípios e da
Associação Paulista de Municípios, inicialmente peço vênia a V.Exas. para uma
apresentação biográfica.
Represento hoje 8 mil e 32 Vereadores do Estado de São Paulo. A UVESP
nasceu em 1977 e assumi sua presidência em 1996. Exerci 5 mandatos legislativos
seguidos, deixando de disputar a última eleição. Os companheiros de São Paulo
entenderam conveniente mudar o estatuto da UVESP para que um ex-Vereador,
porém municipalista de formação política e universitária, continuasse presidente.
A entidade não cobra absolutamente nada de seus associados. É a única
entidade brasileira que realiza seminários gratuitos mensalmente e, às vezes,
quinzenalmente nas regiões administrativas. A UVESP produz livros, cartilhas e
oferece assistência legislativa gratuita. Trouxemos, para ilustração, um modelo de
cartilha para os Srs. Deputados: a Cartilha do Vereador.
São nossos parceiros a Associação Paulista de Municípios, a Associação
Brasileira de Municípios, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, a
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, a Associação Paulista do Ministério
Público e a Fundação Prefeito Faria Lima, da qual honrosamente participei na
qualidade de membro do quadro diretivo.
A UVESP é mantida por parceiros patrocinadores. Como sou jornalista,
mantemos um programa de televisão em rede nacional que dá amplo destaque ao
municipalismo e ao trabalho dos agentes políticos, principalmente na elaboração das
políticas públicas.
Srs. Deputados, feita esta apresentação, manifesto minha satisfação de falar
nesta Comissão Especial, convite que nos honra sobremaneira. Eu poderia traçar
um gráfico para mostrar o que acontecerá no Brasil, a prevalecer o entendimento do
Supremo Tribunal Federal, mas efetivamente não quero cansá-los com os números
que sobejamente conhecem.
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Mas não é por demais dizer que há discrepâncias na mais primitiva das
análises. Um município como Águas de São Pedro, no Estado de São Paulo, com
1.940 habitantes, pode ter 9 Vereadores; um outro, como Capão Bonito, que
desponta como a Capital ecológica do Estado, com 46.821 habitantes, tem o mesmo
número de Vereadores; e uma cidade como Leme, a primeira a implantar o cartão
SUS no Brasil, tem 10 Vereadores.
Vou transmitir a V.Exas. o pensamento reinante entre os agentes políticos do
Estado de São Paulo. Aprendemos em nossa vivência que na vida política
democrática o respeito aos procedimentos é fundamental. Por melhor que seja a
decisão, a legitimidade de uma medida é duramente atingida se existem dúvidas
quanto à autoridade de quem decide e o time da decisão. Neste momento, repito
apenas o óbvio: não cabe ao Supremo Tribunal Federal intervir onde a competência
é claramente do Congresso Nacional. A teoria da tripartição dos Poderes do Estado
remonta ao livro O Espírito das Leis, editado em 1748 por Charles-Louis de
Secondat:
“Não existe liberdade se a autoridade de julgar não
está separada da autoridade legislativa e da executora.
Se ela estivesse ligada à autoridade legislativa, o poder
sobre a vida e a liberdade dos cidadãos seria arbitrário,
pois o juiz seria legislador. Tudo estaria perdido se o
mesmo homem, ou o mesmo corpo das autoridades, ou
dos nobres, ou do povo exercessem estes 3 poderes — o
de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de
julgar os crimes ou questões entre particulares”.
E finaliza, meu caro Deputado Ivan Ranzolin, o livro francês:
“Para que não se possa abusar do poder, é
necessário que pela disposição das coisas o poder
contenha o poder”.
Ao Recurso Extraordinário nº 197.917, interposto pelo Ministério Público de
São Paulo contra dispositivo da Lei Orgânica de Mira Estrela (art. 6º), que fixa o
número de Vereadores daquele Município, caberia apenas a sentença específica,
em nossa modestíssima visão.
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É de se observar que em 2 momentos o Plenário do mais alto tribunal do País
já decidira que cada Município é competente para dispor sobre a composição das
Câmaras Municipais. Por exemplo: Supremo Tribunal Federal (Tribunal Pleno) -
Agravo Regimental em Reclamação nº 408. Relator: Ministro Carlos Velloso.
Decisão unânime: julgamento em 20 de junho de 1996.
Já em 24 de março de 1997, pelo Recurso Extraordinário nº 172.004, do Rio
Grande do Sul, entendeu-se que compete à Lei Orgânica do Município a fixação do
número de membros da Câmara Municipal. Trata-se de manifestação, Srs.
Deputados, meu caro Presidente Jairo Carneiro, do Supremo Tribunal Federal.
Por último, senhores membros da Comissão, um argumento substantivo.
Devemos nos perguntar se a reforma via Supremo toca o problema fundamental do
nosso sistema de representação. A resposta infelizmente é “sim”. A questão crucial
do nosso sistema de representação não reside na eleição para o Executivo, mas,
sim, nas eleições proporcionais para cadeiras legislativas.
Além disso, não é certo que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, seguindo
o que estabelece o Supremo Tribunal Federal, fornecerá consistência ao
comportamento dos partidos, tanto que o seu Presidente deixa claro em suas
manifestações — como não poderia deixar de ser — que será respeitada na sua
plenitude a decisão do Congresso Nacional.
No atual status é bem provável que o efeito da medida seja exatamente o
inverso do pretendido. Em vez de assistirmos à reafirmação do princípio
democrático, meu caro Deputado Jefferson Campos, veremos o fim dos pequenos
partidos e o controle dos poderosos sobre a política municipal, com reflexos
incontestáveis nas eleições maiores.
Finalmente, quero dizer aos senhores membros da Comissão que São Paulo
elegeu para apoiar a Emenda nº 71/2003, do Deputado Ivan Ranzolin, do PP de
Santa Catarina, sem prejuízo do respeito, é evidente, às emendas propostas pelo
nobres Deputados Augusto Nardes e Pompeo de Mattos, pelo princípio
determinativo, imperativo, claro, sem deixar margem a interpretação em qualquer
ação do Ministério Público, pronto a agir como guardião da sociedade em caso de
dúvidas.
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O pior que pode acontecer para um Vereador, homem que representa sua
comunidade, é sofrer uma ação, independentemente do resultado, porque tem de se
explicar. E explicar, para o homem público, é estar no prejuízo.
Aliás, se me permitem, esclareço que minha formação é municipalista. O
municipalismo tem como rumo e bússola o fato de que o homem nasce, produz,
reproduz, vive e morre no Município. É no Município, na igreja, na reunião de seu
clube associativo, com seus amigos, que o Vereador vive o dia-a-dia de sua
comunidade. Geralmente, é alguém que tem o umbigo enterrado na sua terra, que é
conhecido não por número, mas por nome e sobrenome, mas também pode se
transformar até em parteiro nos pequenos Municípios.
O cidadão, quando tem alguma reclamação a fazer ao Presidente da
República, aos Governadores, procura o Vereador, que está ali onde ele pode
mostrar sua indignação, onde ele pode também levar sua esperança por uma
decisão favorável àquilo que legitimamente quer, por parte dos Poderes Municipais,
das Câmaras de Vereadores, seus representantes. O pior que pode acontecer,
portanto, para o homem público é se explicar.
O Deputado Ivan Ranzolin teve sua emenda apoiada por cerca de 2.500
Vereadores, no 48º Congresso Estadual de Municípios, realizado em Campos do
Jordão, no mesmo dia em que o Supremo se manifestava, ou seja, no dia 24 de
março. Os que não estiveram presentes — 8.032 Vereadores, totalizados —
enviaram à direção da UVESP e-mails, cartas e telegramas em apoio ao Deputado,
que, por sua vez, disse no plenário do Congresso Nacional que retira o nome da sua
emenda e a transforma em emenda dos Vereadores do Brasil. E, segundo matéria
publicada no jornal O Estado de S.Paulo, edição do último dia 11, página 4-a, o
Relator Jefferson Campos proporá a unificação das emendas.
Senhores, ao concluir, peço que tenham em relação às reivindicações dos
Vereadores do Brasil a mesma generosidade com que me ouviram. Sabemos que a
luta é contra o tempo, mas sabemos também que 3 ingredientes na vida pública
produzem um bom resultado: a vontade política, a visão solidária e a visão
estratégica. Vontade política para aprovar tudo até o dia 6 de junho; visão solidária
para apoiar o pedido de 60 mil Vereadores; e visão estratégica, que os senhores
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demonstram a cada dia, de que o regime democrático assegura igualdade de
oportunidades e enseja o gozo dos direitos fundamentais do homem.
E, de acordo com a visão estratégica, lembro aos Srs. Deputados que o
atendimento não é a 60 mil Vereadores do Brasil, mas à população brasileira, que se
sentirá excluída com a diminuição do número de Vereadores, porque todos os
demais Poderes e os seus tentáculos só falam em aumentar. Somente o Poder
Legislativo é visto como vítima da diminuição do número de membros, como se a
medida fosse diminuir as despesas dos Municípios.
A grande verdade é que duas variantes ordenam o número de Vereadores,
estabelecido pelo art. 29 da Constituição Federal. E, se Deus quiser, será
complementado pela emenda do Deputado Ivan Ranzolin, que estabelece
claramente, sem margem a interpretação diversa, o número de Vereadores no
Brasil. A Emenda nº 24 estabelece a despesa.
Cito o exemplo da Câmara Municipal de Barretos, minha sede natal, a 428
quilômetros de São Paulo, ao norte do Estado — o Presidente da instituição está
presente a esta reunião —, em que 17 Vereadores recebem R$ 3.000,00 por mês,
50% do que recebem os Deputados Estaduais. Poderiam receber R$ 4.850,00 por
mês. Se for reduzido para 6 o número de Vereadores da cidade de Barretos, como
quer o Supremo Tribunal Federal, os R$ 18.000,00 mensais serão rateados entre os
11 Vereadores, que poderão receber R$ 4.850,00 por mês, a título de subsídio. Isso
se entendermos que antes haverá campanha política, que será elitizada e
representará verdadeira briga de foice no escuro.
Para a soberania nacional, Srs. Deputados, certamente o futuro que
queremos está subordinado à expressa condição de que as massas democráticas
adquirirão pela educação e pela prática das instituições livres a clarividência
necessária para discernir, nas suas fileiras, elementos mais sãos, inteligentes e
solidários para lhes conferir o poder.
Sem dúvida, há injustiças a corrigir, desigualdades a remover, mas para isso
há de se encarregar a prática democrática, dentro da ordem constitucional.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Agradeço ao Sr. Sebastião
Misiara a lúcida exposição. Estão registradas as merecidas homenagens ao nobre
Deputado Ivan Ranzolin.
Estão inscritos 3 Parlamentares: Eduardo Gomes, Ivan Ranzolin e Isaías
Silvestre. As inscrições continuam em aberto. O Relator falará no momento mais
adequado.
Concedo a palavra ao nobre Deputado Eduardo Gomes por 3 minutos.
O SR. DEPUTADO EDUARDO GOMES - Sr. Presidente, Sr. Relator, Sr.
Sebastião Misiara, Presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo, de
reconhecidos serviços prestados aos Vereadores do Brasil, fico muito satisfeito
porque na exposição de V.Sa. ficou claro aquele quadro observado no dia-a-dia do
Município brasileiro. O Vereador é aquele agente político que apanha duas vezes:
na rua, porque não consegue dar ao povo tudo o que quer, e em casa, da mulher,
porque distribuiu tudo o que tinha para o povo. No Município brasileiro essa é a
realidade.
Fui Vereador por 2 mandatos e Presidente da Câmara de Vereadores de
Palmas. Aproveito a oportunidade para saudar V.Sa. e deixar claro a esta Comissão
e à comunidade brasileira que a estratégia adotada por mim na discussão desta
PEC está ligada à absoluta confiança que tenho nas biografias políticas dos
Deputados Jairo Carneiro e Jefferson Campos, ao senso de realidade que possuo
na qualidade de Parlamentar e de ex-Vereador e à necessidade de tempo para
resolver esse problema, criado de maneira absolutamente inoportuna pelo Supremo
Tribunal Federal.
Na discussão interna sobre aceitar ou não a reforma do Judiciário e o tão
questionado controle externo, impõe o Supremo Tribunal Federal, muitas vezes sem
a consciência devida, o controle externo do Poder Legislativo Municipal.
Entendemos que nossa melhor estratégia é não apresentar nenhuma
emenda, nenhum requerimento e estar prontos nesta Comissão, à disposição do
Presidente, do Relator, dos membros, dos presidentes das entidades representativas
de Vereadores, presentes a esta reunião, da militância do plenário, das Lideranças e
mostrar a necessidade de corrigir o mais rapidamente possível essa atitude
inoportuna.
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Entendemos que a emenda do Deputado Ivan Ranzolin contempla bem a
regulamentação do art. 29. Compreende, com senso de justiça, algo mais próximo
da realidade brasileira, tão complexa. A cidade de Palmas, Capital do Estado de
Tocantins, uma das que mais crescem no Brasil, tem dificuldade de acompanhar
termos técnicos de proporção populacional, até pela cadência do IBGE e pelo tempo
que espaça um Censo do outro. Palmas tem 15 Vereadores. Agiu com prudência e
responsabilidade. Poderia, por ser Capital, eleger 21 Vereadores. Aumentamos de
duas em duas vagas. Este ano, a previsão é de serem eleitos 17 Vereadores,
conforme proposta aprovada e incluída na Lei Orgânica do Município, com o risco de
esse número cair para 11. No entanto, o bom senso reza que o Município de Palmas
pode contar com até 19 Vereadores.
Algumas verdades precisam ser adicionadas a esse processo. Primeira: a
imprensa precisa entender como verdade absoluta que a Câmara de Vereadores
funciona com recurso próprio, independente de qualquer discussão sobre economia
processual e funcionamento de uma casa legislativa. A segunda: a sociedade
brasileira precisa saber que nos últimos anos os Vereadores exerceram atribuições
fundamentais à boa gestão pública, ou seja, análise em audiências públicas da Lei
de Responsabilidade Fiscal; interpretação responsável do Estatuto das Cidades;
elaboração de várias leis; fiscalização e controle específico sobre os conselhos que
administram os recursos federais aplicados no Município.
Nos últimos anos, as Câmaras Municipais do Brasil receberam mais
atribuições e mais restrições orçamentárias, que se pretendem corrigir na PEC nº
574. Participamos do Fórum Permanente de Presidentes de Câmaras de Capitais
Brasileiras. Na época, apresentamos trabalho aprovado por Comissão Especial
desta Casa que se encontra em vias de ir a plenário.
A minha estratégica, na qualidade de ex-Vereador, é conversar com os
colegas desta Casa; confiar absolutamente nesse trabalho, feito com muita
prudência para corrigir os erros, sem criar crise institucional, mas revelando essa
situação inoportuna que quebra a expectativa de direito de Secretários que já se
descompatibilizaram do cargo, de cidades que já têm planejamento e de famílias e
partidos que planejaram a disputa de cargo eletivo. Mas essa expectativa é
quebrada até pelo assombro, pelo terrorismo veiculado por boa parte da mídia.
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Parte desta Comissão está pronta para, no momento certo, discutir a melhor
redação do texto e ajudar o Relator e o Presidente na condução dos trabalhos; outra
parte entende que é melhor ir a todos os gabinetes de Vereadores, conversar com
esse agente político que concentra toda a expectativa política e a transfere para
Deputados Estaduais e Federais. É o Vereador que informa à população o que
Deputados Estaduais e Federais pretendem fazer pela cidade, qual será o melhor
Governador e o melhor Prefeito.
Portanto, Sr. Sebastião Misiara, com a tranqüilidade de saber que temos
representantes a sua altura, que tem prestado bons serviços à sociedade brasileira,
defendendo aquilo que ela tem de mais caro e que muitas vezes não percebe por
falta de condições de divulgação, trabalharemos com estratégia absolutamente clara
e transparente para corrigir eventuais injustiças contra o processo democrático e
defender o Vereador brasileiro.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Lembro aos nobres colegas
que realizaremos seguintes audiências públicas com o Ministro Sepúlveda Pertence,
amanhã, às 10h; com o Ministro Nelson Jobim, dia 19, às 14h30min; e na quinta-
feira, encontro em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Creio que todos receberam
telegrama em sua residência.
Após esta reunião, em caráter informal, vamos procurar fazer alguns ensaios,
alguns testes sobre como concebermos possível proposta de consenso entre nós.
Vamos definir o local?
O SR. DEPUTADO EDUARDO GOMES - Sr. Presidente, pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Por favor.
O SR. DEPUTADO EDUARDO GOMES - Sr. Presidente, a mim foi feita a
solicitação de que informasse a V.Exa. e ao Relator sobre o desejo de comparecer à
reunião de amanhã, mesmo que em horário diferente, para expor à Comissão a
opinião da Associação Nacional de Câmaras Municipais, o Vereador Rogério
Rodrigues da Silva. Eu gostaria que V.Exa. levasse em consideração a possibilidade
de ouvi-lo por alguns minutos.
Muito obrigado.
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O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Está feito o registro.
Oportunamente vamos apreciar a solicitação.
Hoje, provavelmente após esta reunião, vamos nos reunir em outro local, para
trocar algumas idéias. O Deputado Bismarck está sugerindo a sala da Presidência
da Comissão de Economia. E mais tarde, ainda hoje, voltaremos a nos encontrar.
Precisamos buscar uma fórmula consensual, com base na realidade da composição
das Câmaras do Brasil.
Vamos ouvir o próximo inscrito, Deputado Ivan Ranzolin.
O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Obrigado, Sr. Presidente. Em primeiro
lugar, quero cumprimentar V.Exa., que tem sido diligente e extremamente cuidadoso
na condução dos trabalhos desta Comissão, encaminhando a todos os
Parlamentares o cronograma das nossas atividades, o que nos dá muita segurança.
Cumprimento também o Relator, Deputado Jefferson Campos, que tem ouvido
vários Parlamentares a fim de elaborar um relatório que seja o reflexo do trabalho de
todos e tenha, portanto, mais possibilidades de reunir votos numa deliberação
qualificada no plenário da Casa.
Saúdo o Sr. Sebastião Misiara, Presidente da União dos Vereadores de São
Paulo, entidade que detém o maior número de Vereadores do Brasil. Parabenizo-o
pela forma eloqüente como apresentou seus argumentos e também por ter
distribuído aos Parlamentares a Cartilha do Vereador, na minha opinião, muito bem
elaborada, uma orientação aos Vereadores de São Paulo, com informação sobre os
eventos lá realizados. Tive a oportunidade de participar indiretamente de um desses
eventos e pude perceber a forte união daqueles Vereadores.
Minhas saudações a todos os Deputados desta Comissão.
Sou autor de uma das PECs que está em discussão. Ela foi aprovada por
unanimidade na Comissão de Justiça. Estamos debatendo também a PEC do
Deputado Augusto Nardes, a mais antiga, e a do Deputado Pompeo de Mattos. São
3 as propostas.
Devo dizer aos Srs. Parlamentares que a proposta que apresentei a esta
Casa teve inspiração no Estado de Santa Catarina. Fui Constituinte estadual. No
momento em que nos reunimos para estabelecer o número de Vereadores, ficamos
num impasse: qual deveria ser esse número? A Constituição Federal, em seu art.
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29, inciso IV, diz que o número de Vereadores é proporcional à população do
Município: no mínimo 9, para aqueles com até 10.000 habitantes, no máximo 21,
para aqueles com até 1 milhão de habitantes. Ora, consideradas as leis orgânicas
dos Municípios, como determina o próprio texto constitucional, fica uma dúvida, pois
é facultado a cada Município estabelecer seu número de Vereadores de acordo com
a lei orgânica.
Os Constituintes estaduais entenderam por bem aprovar emenda de minha
autoria, que vigorou na Constituição de Santa Catarina, exatamente a mesma que
apresentei aqui, porém determinativa, pois não deixa margem a que o Ministério
Público ou qualquer cidadão ingresse com uma ação questionando esse número.
Desde os primórdios dos bancos escolares da faculdade de Direito, sempre
entendi que a lei tem de ser clara, para que todos possam entendê-la, concisa, para
que não fique complicada, e determinativa, imperativa.
A lei não pode ser facultativa, tem de determinar. Quando legislamos, todos
que vamos acolher os ditames da lei precisamos saber que eles têm imperatividade.
Por isso apresentamos esta emenda, uma repetição da que apresentamos em Santa
Catarina. A emenda determina, não estabelece máximo nem mínimo, não dá
margem a que as leis orgânicas escolham um número, maior ou menor. Todas as
vezes que isso aconteceu houve questionamento, e o Congresso Nacional, que tem
o dever de legislar, tem a prerrogativa e a obrigação de fazer com que, em todo o
Brasil, observada a proporcionalidade, haja uniformidade.
Não podemos permitir que haja falta de sintonia entre Câmaras de
Vereadores de Municípios com mesmo número de habitantes em Estados diferentes,
como acontece hoje. Há Municípios no Rio de Janeiro com mais de 21 Vereadores e
população de 40.000, 50.000, 70.000, 80.000 habitantes, porque as leis orgânicas
fixaram esse número. Eles vão obedecer aos ditames constitucionais?
Relativamente, pois lhes foi dada essa possibilidade.
O que temos em mãos agora, Sr. Relator, é a responsabilidade de
estabelecer uma norma coerente para todo o País. Todas as Câmaras de
Vereadores do Brasil, que já estão na expectativa das eleições e da abertura das
convenções, no próximo dia 10 de junho, estão vivendo uma verdadeira angústia,
porque o Congresso Nacional não fixou a regra de modo determinativo, permitindo
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assim que decisão do Supremo Tribunal Federal, sem abrangência nem
auto-aplicabilidade, proferida na votação de uma ADIN contra o Município Mira
Estrela, fosse tomada como regra geral.
Tanto isso é verdade que amanhã teremos aqui o Presidente do TSE, Ministro
Sepúlveda Pertence, um homem democrático que tem pautado sua vida e o
exercício da sua atividade profissional no Poder Judiciário pela coerência e, acima
de tudo, pela busca de resultados positivos. S.Exa. tem a grande responsabilidade
de executar as eleições. O Tribunal Superior Eleitoral tem de fixar uma norma para
as eleições. Como, historicamente, as eleições no Brasil têm tido ordem e resultado
positivos, com tempo recorde de apuração, S.Exa. baixou a Resolução nº 21.702,
para estabelecer uma regra para todo o Brasil. Essa regra decorre de decisão que
não tem auto-aplicabilidade, do Supremo, mas é uma regra.
Numa conversa que teve com vários Deputados, o Ministro disse que, se o
poder político, que é o Poder Legislativo, não decide a questão, eles têm de decidir,
porque não podem ficar num impasse os Municípios deste País. Mas S.Exa. teve
também o cuidado democrático de inserir no art. 3º que, advindo uma alteração
constitucional no art. 29, evidentemente o Tribunal a acatará.
Temos uma grande responsabilidade. Esta Comissão precisa levar ao
Plenário um resultado que possa ser acolhido pela Casa.
Já deixei claro, e quero repetir, agradecendo as palavras elogiosas do
Sebastião Misiara, que temos de elaborar uma emenda que possa ser aprovada no
Plenário, daí a grande responsabilidade do Relator. Eu já disse que a emenda de
minha autoria pode deixar de ser da minha autoria, pois traz apenas uma
colaboração, para ser de autoria de todos os Parlamentares. Assim, todos daremos
nossa contribuição.
Vamos apresentar no plenário uma emenda que tenha a participação dos
Deputados Augusto Nardes, Pompeo de Mattos, Ivan Ranzolin, mas que seja fruto
de um entendimento a ser levado aos partidos políticos, para que todos se sintam
autores. Esta é a emenda dos Vereadores do Brasil, mas teve nascedouro no
Congresso Nacional.
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Na realidade, se eu brigar pela minha emenda, não estarei brigando pela
causa maior, que é a dos Vereadores. O que queremos é que o Congresso Nacional
delibere, que este assunto não fuja das nossas prerrogativas.
Tenho profundo respeito pelo Supremo Tribunal Federal, pelo Poder
Judiciário, porque a ele compete a guarda da Constituição e das leis. Nos dissídios
entre os homens, quando procuramos nossos direitos, temos de ir ao Poder
Judiciário, contudo o ato de legislar é do Congresso Nacional. Compete ao
Congresso Nacional, única e exclusivamente, a tarefa que lhe está sendo exigida,
agora mais do que nunca.
Sr. Presidente, já fui a vários Estados do Brasil participar de congressos, a
convite dos Vereadores. Só não votamos, no ano passado, este assunto porque a
ação do Supremo Tribunal Federal está atingindo todos os Estados e todos os
Vereadores, que estão reunidos hoje à tarde em Pernambuco. Amanhã haverá uma
reunião em Cuiabá e já há outra aprovada para acontecer no Rio Grande do Sul.
Antes de encerrar, Sr. Presidente, peço vênia a V.Exa. para solicitar a
votação de 2 requerimentos constantes da pauta. Assim oficializaríamos as reuniões
programadas para serem realizadas nesses Estados.
Encerro minha participação repetindo, mais uma vez, que o art. 29-A da
Constituição, emenda que teve nascedouro no Senado, estabelece rigorosamente
os percentuais que as Câmaras de Vereadores perceberão, de acordo com as suas
populações, não dando nenhuma margem à especulação de que o maior ou o
menor número de Vereadores ensejará maior ou menor gasto financeiro para o
Município.
Agradeço a V.Exa. Não tenho indagação a fazer ao nosso palestrante, mas
cumprimento-o pela veemência do discurso e pelo conhecimento do assunto, sinal
de que realmente está articulado com os Vereadores do seu Estado.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Obrigado, nobre colega Ivan
Ranzolin.
Tem a palavra o Deputado Isaías Silvestre.
O SR. DEPUTADO ISAÍAS SILVESTRE - Sr. Presidente, Sr. Relator, meus
cumprimentos. Agradeço ao nosso palestrante, Sr. Sebastião Misiara, a presença.
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Nada temos a perguntar. Ficamos satisfeitos com a exposição e com a
contribuição valorosíssima dada à Comissão.
Solidarizo-me com o Deputado Ivan Ranzolin pela emenda apresentada, que
acredito dará resposta a toda a população brasileira, especialmente aos legisladores
municipais.
Meu Estado tem 853 Municípios. Por onde passamos, vemos a angústia dos
candidatos a Vereador com a proximidade da data de 10 de junho. Não temos até o
presente momento uma resolução, um encaminhamento produzido nesta Comissão,
mas acredito que, com a posição firme do nosso Presidente, Deputado Jairo
Carneiro, e do Relator, Deputado Jefferson Campos, haveremos de produzir uma
resposta para essa angústia dos Vereadores brasileiros, que esperam seja feita
justiça. Quando há recessão e crise no Município, é imputada aos Vereadores a
responsabilidade de solucionar o problema.
Solidarizo-me com o Deputado Ivan Ranzolin. Acredito que encontraremos a
melhor saída no tempo. Não é preciso emendar mais. Temos, sim, de procurar uma
solução o mais rápido possível para contemplar os candidatos que passam por essa
angústia às portas da eleição.
Agradeço pela presença ao Sr. Sebastião Misiara, que nos dá uma grande
contribuição. Os Municípios paulistas têm dado ao Brasil um grande exemplo de
legislação de Câmaras Municipais.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Informo aos senhores que já
há quorum para deliberação.
Com a palavra o Deputado Almeida de Jesus.
O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, Sr. Relator, Sr.
Sebastião Misiara, colegas Parlamentares, as observações feitas por alguns
companheiros retratam a realidade de todo o Brasil. No Ceará, uma enxurrada de
liminares tem diminuído o número de Vereadores nos Municípios. Após a decisão
para o Município de Mira Estrela, já são 31 os Municípios que tiveram o número de
Vereadores reduzido por meio de liminares. O Ministério Público do Estado do Ceará
apenas copia o primeiro texto e muda o nome do Município. Daí os companheiros
podem imaginar a amargura dos Vereadores e pré-candidatos a Vereador. Quem
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tinha planejado disputar uma eleição não sabe sequer quantos candidatos poderá
haver no Município. Sou Presidente do Partido Liberal no Estado do Ceará. Estamos
vivendo a angústia de não saber quantos candidatos vamos poder lançar a
Vereador.
Nossa responsabilidade nesta Comissão é muito grande. A emenda do
Deputado Ivan Ranzolin tem sido discutida no nosso Estado, bem como as outras a
ela apensadas. Temos realizado seminários pelo interior, e a primeira pergunta é
sempre sobre a solução que daremos a esta situação. Não podemos ficar parados.
Preocupa-me ver requerimentos solicitando mais audiências, fora da Câmara. Acho
que devemos correr para elaborar um texto consensual com o Relator e com os
membros da Comissão.
Não temos perguntas a fazer aos palestrantes. Os que aguardam a decisão
desta Comissão e do Plenário estão muito ansiosos, e o tempo é curto. No plenário
da Câmara dos Deputados teremos de votar em 2 turnos; no Senado, em mais 2
turnos. Se não houver nenhuma mudança naquela Casa, só aí a matéria vai à
sanção.
Como disse o Deputado Ivan Ranzolin, contamos com uma atenuante, que é
a disposição do STF e do TSE, quando dizem que acatarão a decisão do Congresso
Nacional. Isso é bom. Agora cabe a nós resolver o caso.
Quero dar o exemplo de uma liminar concedida hoje no Ceará, no Município
de Caucaia, de quase 260.000 habitantes. Estavam previstos 21 Vereadores, mas,
segundo a liminar, esse número será reduzido para 14. Vejam a arbitrariedade como
as decisões estão sendo tomadas.
Conclamo os companheiros a partirem para um ato consensual, como sugere
o Presidente, uma vez que já há 3 PECs bastante detalhadas. A PEC nº 89/95
também tem muito a oferecer como exemplo. Se promovermos um ato consensual
com o Relator, muita coisa pode ser aproveitada, para realizarmos um bom e rápido
trabalho.
Por fim, quero parabenizar o nobre palestrante, Sebastião Misiara, pela
exposição e pelas informações oferecidas. Meus parabéns também à UVESP, pela
cartilha. Tenho certeza de que os Vereadores não ficam com dúvida depois de ler
esse texto. Se houve exagero no aumento do número de Vereadores de alguma
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Câmara Municipal, isso só aconteceu porque não leram a cartilha de São Paulo, que
detalha bem como se comportar em relação ao art. 29 da Constituição.
Como disse o nobre colega Ivan Ranzolin, não houve um trabalho terminativo.
O Congresso foi omisso, e não podemos deixar que essa omissão perdure. É hora
de resolver a situação, senão vamos deixar que o Judiciário o faça, como quando
impôs a verticalização, na eleição passada. É a mesma coisa. Deixamos tudo solto,
e felizmente o Judiciário é o guardião da Constituição. Cabe a nós dar uma resposta
logo a esse impasse, do contrário pagaremos caro aos Vereadores e ao eleitorado
brasileiro.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Como diria o velho Ulysses,
temos pressa, vamos votar. E vamos fazê-lo, com a solidariedade de todos, no dia
20, terça-feira, nesta Comissão. Dia 19, segunda-feira, estará aqui o Ministro Jobim.
Hoje ainda vamos trabalhar, logo após esta reunião, na sala da Presidência da
Comissão de Economia. Estão convidados todos os que queiram comparecer, sejam
da Comissão ou não. Iremos desenvolver as idéias sugeridas. No fim do dia nos
reencontraremos novamente.
O SR. DEPUTADO GILBERTO NASCIMENTO - Sr. Presidente, peço a
palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Com a palavra o Deputado
Gilberto Nascimento.
O SR. DEPUTADO GILBERTO NASCIMENTO - Sr. Presidente, inicialmente
quero saudar V.Exa. e o Deputado Jefferson Campos, nosso Relator, pelo belo
trabalho que vêm desenvolvendo na Comissão. Cumprimento também nosso
palestrante, Sr. Sebastião Misiara, por quem tenho muito respeito. Fui Vereador na
Capital de São Paulo por 12 anos. Caminhamos juntos em muitas ocasiões. Depois
fui para a Assembléia, onde fiquei mais 8 anos, mas nunca nos perdemos de vista.
Querido Misiara, neste momento os Vereadores estão vivendo uma aflição
muito grande, por não saberem como ficará esta situação. Já foi dito pelos
companheiros que me antecederam que houve uma omissão realmente muito
grande por parte da Câmara dos Deputados. Mas há outras matérias pendentes de
regulamentação nesta Casa. Daqui a pouco o Judiciário as regulamentará. É seu
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papel, porque, de qualquer forma, ele é consultado diariamente, e, para responder
às demandas, acaba tendo de tomar uma posição. Não acho que se trata de erro do
Judiciário. O Judiciário cumpriu seu papel.
Neste momento, se existisse em todos os Estados uma entidade tão bem
organizada quanto a União de Vereadores do Estado de São Paulo — conheço o
trabalho por eles desenvolvido para pressionar esta Casa a regulamentar esse
dispositivo —, talvez não estivéssemos agora passando por esta situação.
Estou plenamente à disposição, pronto a lutar nessa trincheira. Espero ver
esta situação resolvida o mais breve possível. Quem está a 180 dias de concorrer a
uma eleição deve estar muito aflito, porque não sabe se concorrerá ou não. Há
Câmaras em que o quadro cairá de 17 para 14, de 14 para 9, ficando muito mais
apertada a disputa.
Este é um momento muito interessante. Acredito nesta Comissão, que tem à
frente os Deputados Jairo Carneiro e Jefferson Campos e é composta de muitos de
Deputados que já foram Vereadores e conhecem bem este problema. O Deputado
Jefferson Campos, por exemplo, foi Vereador e ficou na suplência em razão de uma
interpretação do Judiciário do seu Município.
Estou à disposição. Mais uma vez parabenizo a Mesa.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Há mais um inscrito, o
Deputado Leônidas Cristino. Logo após, se houver concordância, vamos apreciar 2
requerimentos.
Tem a palavra o Deputado Leônidas Cristino.
O SR. DEPUTADO LEÔNIDAS CRISTINO - Sr. Presidente, quero fazer uma
indagação à Mesa. Eu estive no Ceará, onde a preocupação e a angústia dos
Vereadores são muito grandes. A dúvida maior diz respeito ao tempo. Não é
consenso nosso não apresentar emendas ou retirar requerimentos. Estamos todos
conscientes desse problema, mas o tempo está trabalhando contra nós.
Quero fazer 2 perguntas a V.Exa., Sr. Presidente. Se esta Comissão aprovar
a matéria no dia 20, terça-feira, ato contínuo poderá acontecer a votação no plenário
da Câmara, em primeiro turno? E podemos votar o segundo turno também
imediatamente? Faço as perguntas porque já aconteceu na Câmara dos Deputados
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de votarmos matéria constitucional num dia em primeiro turno e no outro dia em
segundo turno.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tivemos o cuidado de
consultar a Secretaria das Comissões Especiais, e o Sr. Silvio nos informou que, se
houver entendimento entre as Lideranças e a Presidência da Casa, e se
deliberarmos no dia 20, poderemos votar os 2 turnos até o fim deste mês de abril. A
idéia é trabalhar hoje e, se pudermos produzir uma solução de consenso, ir ao
Presidente da Casa. Isso pode acontecer hoje ou amanhã. Também devemos
envolver nesse trabalho de audiência as Lideranças; se não todas, pelo menos
algumas, entre elas a do Governo. Num diálogo informal mas consistente, temos de
despertar a consciência dos colegas.
Somos municipalistas, somos legisladores e temos de defender o
fortalecimento do Poder Legislativo em todos os seus âmbitos, mas temos de
reconhecer que existem distorções, que há excessos. Não podemos, por solidarismo
ou espírito de corpo, preservar situações como essas.
Tenho comigo algumas planilhas, que porei sobre a mesa na reunião que
acontecerá logo após esta. Poderemos verificar — eu não queria dizer isto assim —
que um certo contingente de Municípios não tinha condições de ser emancipado
como comunidade política. Há Municípios com 1.000 habitantes. Como não
podemos modificar essa situação, temos de regulamentar um tamanho para a
composição da Câmara que seja adequado com essa dimensão. Na mesma
situação estão 1.365 Municípios com até 5.000 habitantes. São 12.517 Vereadores,
havendo situações em que tem mais de 9. Vamos conversar a respeito.
Temos também a planilha da distribuição por faixas. Nosso sentimento é que
existe um extrato composto de Municípios de porte médio — a estrutura fundamental
do municipalismo na Federação, por sua contribuição para a geração da riqueza
nacional — que têm também de manter uma representação condizente com sua
população e com sua importância política, social e econômica.
Esses raciocínios devem nortear nossos trabalhos. Devemos fazer algo
lógico, racional, com equilíbrio e bom senso, apesar das perdas. A proposta do
nobre colega Augusto Nardes eleva quantitativamente o número de Vereadores para
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aproximadamente 5 mil, e a proposta do Deputado e Ivan Ranzolin, salvo engano,
em 1.356.
Vamos discutir a questão e possivelmente redimensionaremos para mais em
alguns casos e para menos em outros. Não estou me antecipando, porque não
tenho esse direito, mas apenas externando minha preocupação como Deputado. No
final das contas, haverá redução, que pode não ser grande, se houver sensibilidade,
comunhão com o que estou pensando e também com nosso Relator. Já dialogamos
um pouco a respeito desse assunto. Por isso, é importante a presença de todos.
Há sobre a mesa 2 requerimentos: o de nº 8, de 2004, de autoria do Deputado
Ivan Ranzolin, que solicita seja realizada audiência pública no Estado do Mato
Grosso; e o Requerimento nº 9, de autoria também de S.Exa., que requer seja
realizada audiência pública no Estado de Pernambuco.
Como temos pressa, precisamos nos reunir hoje e amanhã, porque na quinta-
feira estaremos em Porto Alegre, conforme já deliberado. Seria, portanto,
conveniente chegarmos a um entendimento nesse prazo, além de mantermos
conversa com o Presidente da Casa e com os Líderes dos partidos, porque
deveremos ter uma decisão no dia 20. Não sei se haverá tempo para os
Parlamentares comparecem em Pernambuco e em Mato Grosso.
Dessa forma, apreciaremos as proposições sob 2 enfoques: primeiro,
conforme proposto originalmente; segundo, como autorização da Comissão para
comparecimento de seus representantes a esses 2 importantes encontros. O
Deputado Ivan Ranzolin seria um dos credenciados a representar a Comissão, e
mais alguém que também queira se nominar. Não seria propriamente uma audiência
pública, diante da premência do tempo, da urgência e do trabalho que requer a
presença dos colegas ininterruptamente hoje e amanhã.
Com a palavra o autor do requerimento, Deputado Ranzolin.
O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Sr. Presidente, a Assembléia
Legislativa de Pernambuco promove hoje audiência pública com a participação dos
Deputados Federais daquele Estado, demais convidados e a União dos Vereadores
de Pernambuco, além de vários Deputados do Estado do Ceará e de outros Estados
do Nordeste. Inicialmente, havia me comprometido a participar dela, no entanto, em
razão desta audiência e também da reunião extra-oficial que V.Exa. acabou de
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marcar, deixei de ir porque vamos tomar as decisões nesta Comissão. Os
Deputados Federais, em especial o Presidente da Assembléia Legislativa,
solicitaram que déssemos conotação oficial àquele evento.
Assim, apresentei esse requerimento, porque o encontro será realizado hoje
de qualquer maneira.
A meu ver, para nossa Comissão, seria oportuno S.Exas. divulgarem que a
Comissão Especial da Câmara dos Deputados autorizou a Assembléia Legislativa de
Pernambuco a realizar essa sessão de caráter oficial.
Como ao evento comparecerá toda a imprensa, pedimos vênia para dar
conotação oficial ao encontro, por meio desse requerimento, e que o mesmo seja
encaminhado ainda hoje para lá, caso deliberemos a favor.
Por outro lado, o Líder da nossa bancada, Deputado Pedro Henry, garantiu
que faria o possível para estar conosco hoje, informando ainda sua participação no
encontro em Mato Grosso, na Assembléia Legislativa, com vários Deputados
Federais e Estaduais. S.Exa. deve ter comunicado pessoalmente ao Presidente
desta Comissão, convidando inclusive V.Exa. e o Relator para estarem presentes
nesse encontro, que será realizado amanhã, às 18h. Comprometi-me a estar
presente, independente de a Comissão definir ou não o caráter oficial.
Se forem aprovados os 2 requerimentos, não teremos problema de prazo
porque eles já se organizaram. O único que temos aprovado e possui caráter oficial
será o encontro a ser realizado no Rio Grande do Sul.
Sr. Presidente, evidentemente não poderíamos abrir outras reuniões em data
posterior, visto que V.Exa. já marcou o dia para votação do relatório. Cumprimento,
portanto, V.Exa. pelo cronograma, faço essa justificativa e peço vênia a esta
Comissão para que as 2 reuniões tenham caráter oficial.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - A Presidência registra a
presença do ilustre Líder do PT, Deputado Pedro Henry, de quem recebeu convite
para o encontro estadual a se realizar amanhã, em Mato Grosso. S.Exa. o julga da
maior importância e o menciona e intitula como suprapartidário, em defesa das
Câmaras de Vereadores do Brasil.
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Se bem compreendi, o ilustre Deputado Ranzolin informou que não
comparecerá ao encontro de Pernambuco.
O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Exatamente, porque hoje não haverá
mais tempo e temos de trabalhar.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Se algum membro desejar
comparecer a esse encontro, a Presidência autoriza oficialmente que represente a
Comissão. Caso haja aquiescência do Plenário, deliberaremos desse modo em
relação a Pernambuco.
Com a palavra o nobre Líder Deputado Pedro Henry.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,
agradeço enormemente a oportunidade de estar aqui e poder trocar algumas idéias.
Sem dúvida alguma, esse assunto, que ora se discute com muita propriedade,
está mexendo com as hostes políticas do País. A decisão do Supremo,
acompanhada pela resolução, mexe na base política brasileira e causa reboliço em
todo o País. Inúmeros Municípios brasileiros terão alterados seus quadros de
representatividade há muitos anos estabelecidos. E temos sentido certa
intranqüilidade.
Tenho certeza e confiança de que esta Comissão, com tão ilustres e
experientes Parlamentares, cujo trabalho diário conhecemos, haverá de encontrar
uma equação em tempo hábil para que essa lacuna legislativa seja suprida e, assim,
tenhamos a devida solução.
O ilustre Deputado Ivan Ranzolin apresentou requerimento, na verdade, a
meu pedido. Vamos fazer uma reunião que denominamos suprapartidária.
Obviamente, se a Comissão for benevolente e entender que essa reunião pode ser
transformada em audiência pública desta Comissão, para ter caráter formal, a fim de
ouvirmos as lideranças estaduais, os Vereadores, a representação do Parlamento
Municipal daquele Estado, e com isso trazer alguma contribuição para enriquecer o
debate na hora em que V.Exas. tiverem de decidir sobre tão importante matéria,
ficarei enormemente agradecido.
Isso é importante não só para o Mato Grosso, como também para mim,
representante daquele Estado, que pretendo levar essa discussão para lá e trazer
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alguma contribuição para solucionarmos esse grave problema criado por essa
lacuna.
Se os ilustres Parlamentares puderem nos dar o privilégio de sediarmos essa
audiência pública no meu querido Estado do Mato Grosso, terei enorme prazer em
receber a todos. Espero seja aprovado o requerimento do Deputado Ivan Ranzolin.
Sr. Presidente, Sr. Relator, agradeço a V.Exas. a oportunidade de discutir
este assunto. Desejo contribuir, mesmo não sendo membro titular desta Comissão,
pois já indicamos nossos companheiros, e essa questão mexe com todos os
Deputados do País e com qualquer político que tenha interesse nela. Tenho certeza
de que esta Comissão vai chegar a um final feliz e, dentro do prazo legal, terá
solução para esse desfecho.
Era o que tinha a dizer.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Muito obrigado, nobre
Deputado Pedro Henry.
Com a palavra o Deputado Almeida de Jesus.
O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, colegas
Parlamentares, preocupa-me a aprovação dos 2 requerimentos em virtude do tempo.
Logicamente, devemos ter responsabilidade de discutir o assunto com toda a
amplitude necessária.
No entanto, louvo a prudência de V.Exa., antes de o nobre Líder Pedro Henry
fazer suas ponderações de transformar a ida dos Parlamentares nas audiências que
se realizarão nos Estados de Pernambuco e Mato Grosso.
A Assembléia Legislativa do Estado do Ceará realizou também audiência
pública na qual encaminhou documento com sugestões assinado por todos os
Parlamentares e pelos presentes, inclusive eu estive presente. Então, sugiro aos
companheiros que façamos um estudo, seguindo a orientação do Presidente quanto
às presenças.
O Deputado Ivan Ranzolin, por exemplo, esteve em uma reunião no Ceará e,
posteriormente, o Presidente da Assembléia Legislativa também convocou audiência
pública. Posiciono-me, portanto, contrário à aprovação do requerimento, mas a favor
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de os Parlamentares se deslocarem até lá espontaneamente para prestigiar o
evento.
Em Pernambuco, a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará vai estar
representada, mas, como está prevista votação para o dia 20, temos de acelerar os
trabalhos. Aprovarmos os requerimentos de audiências públicas externas talvez nos
causará alguns transtornos. O requerimento não prevê data, e as audiências
públicas amanhã são da maior importância. O mais prudente seria não aprovarmos o
requerimento e a Comissão, de forma administrativa, autorizar os Parlamentares a
se deslocarem até o Estado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - A matéria está em
discussão.
Com a palavra a Deputada Marinha Raupp.
A SRA. DEPUTADA MARINHA RAUPP - Sr. Presidente, sou favorável à
aprovação do requerimento pelo fato de hoje já estar sendo realizada audiência em
Pernambuco. Por isso, não precisamos deliberar sobre ele e devemos retirá-lo de
pauta, se o Deputado Ivan Ranzolin assim concordar.
Com relação ao Estado do Mato Grosso — está presente o Deputado Pedro
Henry, que já se mobilizou para a realização de audiência pública amanhã —, sou
favorável à aprovação do seu requerimento. Inclusive o Deputado Ivan Ranzolin já
se colocou à disposição para comparecer. Dessa forma, não ficariam prejudicados
os trabalhos desta Comissão.
Em relação ao Estado de Rondônia, nem apresentamos o requerimento
porque entendemos que poderíamos fazer um encontro naquele Estado sem que,
necessariamente, fosse uma audiência pública.
Parabenizo o Estado do Ceará, onde já foi realizado o encontro, já se
deliberou com a oportuna presença dos Vereadores e da Assembléia Legislativa em
tão importante decisão.
Portanto, manifesto meu apoio ao requerimento de audiência pública no Mato
Grosso e solicito ao Deputado Ivan Ranzolin que retire o requerimento de realização
de audiência pública em Pernambuco, visto que ela já está sendo realizada hoje.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Presidente, faço um esclarecimento.
No entusiasmo, esqueci de mencionar que a reunião já está marcada para amanhã
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à noite e estão mobilizados todos os segmentos da sociedade no Mato Grosso.
Parece-me que nosso Relator, Deputado Jefferson Campos, e os Deputado Ivan
Ranzolin e Pompeo de Mattos, também autor de uma PEC, já confirmaram suas
presenças. No final da tarde, poderíamos nos deslocar para a audiência pública em
Mato Grosso e, no outro dia, quinta-feira de manhã, os Parlamentares se
deslocariam para Porto Alegre, onde haverá outra audiência pública. Isso não
prejudicaria em nada a programação já estabelecida pela Comissão, nem haveria
interrupção do seu fluxo de ações.
Em face disso, peço a aprovação do meu requerimento.
O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, peço a palavra
pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. DEPUTADO ALMEIDA DE JESUS - Sr. Presidente, tendo em vista as
considerações do nobre Líder Pedro Henry, retiro meu voto contrário e manifesto-me
a favor da audiência em Mato Grosso, já que vamos ter outra posteriormente no Rio
Grande do Sul.
A SRA. DEPUTADA MARINHA RAUPP - Sr. Presidente, após
esclarecimento do Deputado Ivan Ranzolin sobre a audiência em Pernambuco,
retifico meu pedido de retirada do requerimento, visto que já existem Parlamentares
desta Comissão naquele Estado aguardando sua aprovação e a indicação para
participar da audiência pública.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Com a palavra o Deputado
Aracely de Paula.
O SR. DEPUTADO ARACELY DE PAULA - Sr. Presidente, as 2 reuniões
propostas não interferem no andamento dos trabalhos da Comissão. Pelo contrário,
elas acrescem e demonstram o interesse desta Comissão em ouvir de perto os
representantes dos Estados. Isso aumenta a abrangência da atuação da Comissão.
Somos inteiramente favoráveis à aprovação do requerimento.
O Deputado, ao estar lá representando a Comissão, faz com que ela cresça
na sua importância, o que é perfeitamente louvável.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Com a palavra o Deputado
Leônidas Cristino.
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O SR. DEPUTADO LEÔNIDAS CRISTINO - Sr. Presidente, V.Exa. decidiu
que na terça-feira votaremos em primeiro turno.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Na Comissão é um único
turno.
O SR. DEPUTADO LEÔNIDAS CRISTINO - Isso posto, não há problema
algum em haver audiências públicas em Pernambuco, no Rio Grande do Sul, no
nosso querido Mato Grosso, para onde quero ir, pois faz tempo que não como um
peixe assado à beira do Rio Cuiabá, ou em Rondônia. O importante é esta Comissão
votar essa matéria na terça-feira.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - É importante estarmos
presentes na segunda-feira para receber o Ministro Nelson Jobim.
Informo ainda que esta Comissão se manifestará favoravelmente ao
requerimento e, infelizmente, não poderei comparecer à audiência pública em
Pernambuco, pois hoje trabalharemos intensamente. Se possível, iremos a Mato
Grosso, após conversar com o Deputado Ivan Ranzolin sobre o esquema da viagem,
bem como sobre a situação do Relator.
Conversaremos com o Presidente da Casa e com as Lideranças, em face do
que produziremos de hoje até amanhã pela manhã. É importante ter uma estrutura
de trabalho e sentir como sensibilizar as instâncias partidárias. Por isso, ainda não
posso assegurar, de plano, a presença em Mato Grosso, mas farei todo o possível
para estar lá.
Em votação o Requerimento nº 8, que trata da audiência pública amanhã de
Mato Grosso.
Aqueles que estiverem de acordo, permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Em votação o Requerimento nº 9, que trata da audiência pública hoje em
Pernambuco.
Aqueles que estiverem de acordo, permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tem V.Exa. a palavra.
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O SR. DEPUTADO PEDRO HENRY - Sr. Presidente, agradeço aos ilustres
membros presentes a aprovação do meu requerimento. Será um prazer recebê-los
em Mato Grosso, inclusive para os que estiverem presentes à discussão será
especialmente preparada uma peixada mato-grossense.
Agradeço a todos a atenção.
Muito obrigado.
O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Sr. Presidente, peço a palavra pela
ordem.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. DEPUTADO IVAN RANZOLIN - Sr. Presidente, não fiz contato com os
Deputados de Pernambuco, mas parece-me, por informação do Vice-Presidente da
Assembléia, que 2 Deputados daquele Estado ainda estariam lá pela manhã. Não
contatei antes porque não tínhamos o resultado da votação do requerimento.
Assim, sugiro a V.Exa. determine a assessoria que comunique a aprovação
do requerimento aos Deputados Federais de Pernambuco, membros da Comissão.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Peço a Secretaria que entre
em contato, por telefone, de imediato, com a Presidência da Assembléia Legislativa
e transmita a aprovação do requerimento aos Parlamentares — solicito a V.Exa. que
forneça os nomes dos membros da Comissão que lá se encontram.
Com a palavra o Relator, Deputado Jefferson Campos.
O SR. DEPUTADO JEFFERSON CAMPOS - Sr. Presidente, inicialmente,
cumprimento V.Exa., que, de forma brilhante, tem traduzido o sentimento da
Comissão e da Casa e agradeço ao Sr. Sebastião Misiara, querido Presidente da
União dos Vereadores do nosso Estado de São Paulo, a presença.
Estamos realmente imbuídos no sentimento de regulamentar essa questão
que tem causado grande aflição em todos os Vereadores do Brasil. Agradeço
também ao nosso querido Líder, Pedro Henry, por nos ter ligado e convidado para a
reunião em Mato Grosso, transformada agora em audiência pública pela aprovação
do requerimento de sua autoria. Faremos todo o esforço para estar lá e priorizar o
relatório que iremos apresentar. O Presidente, de forma brilhante, traduziu o
sentimento de todos de que algo tem de ser feito. Se há excessos, têm de ser
regulamentados e até diminuídos. O espírito corporativo não pode ser maior do que
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o espírito de luta pelo País e pela Nação, e também por aqueles que estão no dia-a-
dia sofrendo as angústias do nosso povo, assim como os Vereadores, muito mais
próximos. Fui Vereador por um mandato e meio e já pude sentir isso na pele.
Como bem disse o primeiro Deputado que se manifestou, o Vereador é o
agente político que realmente sofre a aflição de não poder contemplar sua base
eleitoral, além de sua mulher pensar que todo o dinheiro que ele ganha é destinado
a atender à população, o que não ocorre porque não há recursos. Em casa todos
pensam que ele gasta tudo na política.
Temos feito levantamentos com a ajuda dos assessores designados pela
Presidência e pela Assessoria Legislativa da Casa: o Léo e o Márcio Fernandes.
Inclusive já fizemos a composição do quadro de Vereadores por Município. O
Presidente adiantou, e vou também adiantar alguns números. No Brasil há 1.365
Municípios, como já disse o Presidente Jairo Carneiro, com até 5 mil habitantes.
Temos 1.314 Municípios no Brasil com até 10 mil habitantes. Portanto, são
aproximadamente 2.700, dos 5.554 Municípios brasileiros, com menos de 10 mil
habitantes. Temos 20 Municípios entre 500 mil e 1 milhão de habitantes. Isso
permaneceu praticamente inalterado com a decisão do TSE. Esse o grande nó, no
nosso entendimento. Há pelo menos 3 PECs, além de diversas propostas recebidas
de Deputados. Vamos tentar elaborar o relatório no sentido de expressar a vontade
da maioria da Comissão, da liderança e dos Parlamentares. Não adianta
apresentarmos um relatório não consensual. Por isso, estamos à disposição de
todos e os convidamos para participar dessa elaboração. Inclusive o Presidente já
marcou reunião na sala da Presidência da Comissão de Economia.
Recebemos inúmeras manifestações de todo o Brasil, de Vereadores, de
Associações de Vereadores, de juristas, de pessoas preocupadas com esse
momento, que entendem ser realmente necessário fazer algo, porque é competência
do Poder Legislativo traduzir o art. 29 da Constituição.
Passei por experiência similar quando fui Vereador na cidade de Sorocaba,
que possui aproximadamente 550 mil habitantes, onde houve redução de 21 para 14
Vereadores. No final de semana tive o cuidado de fazer um levantamento em
relação aos gastos da Câmara Municipal de Sorocaba, em face da redução
propalada pela imprensa, que faz o seguinte cálculo: se for reduzido o número de
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Vereadores o Governo poderá construir mais creches, mais postos de saúde e
asfaltar mais ruas. Em 1999, havia 21 Vereadores e a Câmara Municipal de
Sorocaba gastou 6 milhões e 800 mil reais aproximadamente. Nesse mesmo ano foi
construída a nova Câmara Municipal da cidade, orçada em 2 milhões e 700 mil reais.
Em 2000, ainda havia 21 Vereadores, e o gasto da Câmara foi de 6 milhões e 93 mil
reais. E, pasmem, em 2001, o número de Vereadores reduziu de 21 para 14, e a
Câmara gastou 7 milhões e 797 mil reais. Ou seja, 1 milhão e 700 mil reais a mais,
com 7 Vereadores a menos. Em 2002, ainda com 14 Vereadores, a Câmara gastou
7 milhões e 800 mil reais. Os 2 anos que a Câmara permaneceu com 7 Vereadores
a menos, gastou 1 milhão e 800 mil reais a mais por ano. Criou-se mais um cargo de
assessoria para cada Vereador, porque o trabalho aumentou, e assim por diante.
Esse cálculo divulgado pela imprensa de quantas creches e hospitais a mais
seriam construídos com a redução, não traduz essa realidade, já que mais de 50%
dos Municípios brasileiros possuem menos de 10 mil habitantes.
O SR. DEPUTADO CARLITO MERSS - Sr. Relator, V.Exa. tem a lista
completa?
O SR. DEPUTADO JEFFERSON CAMPOS - Sim, foi um trabalho da
assessoria. Devido ao tempo não iremos apresentá-la hoje, mas estará à disposição
dos senhores e daqueles que participarem da reunião.
Externo nosso desejo de elaborarmos um relatório consensual. Conversei
com o Deputado Pedro Henry, que nos ajudará, juntamente com as Lideranças. Já
conversei com o Presidente da Comissão, e notei inclusive boa vontade por parte
do Presidente da Casa, que entende, como nós, que essa competência é legislativa,
e S.Exa. tudo fará para que, dentro do prazo legal, essa PEC seja aprovada.
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Vamos ouvir as
considerações finais do convidado, Sr. Sebastião Misiara, e, logo após encerrarmos
a reunião, iremos para o gabinete do Presidente da Comissão de Economia, onde
teremos encontro com os Parlamentares.
O SR. SEBASTIÃO MISIARA - Muito obrigado. Sr. Presidente, Srs.
Deputados, reitero meus agradecimentos à Comissão pela oportunidade de, como
convidado, expor a posição da União de Vereadores do Estado de São Paulo.
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O sentimento reinante é o de que a Câmara dos Deputados, segundo
demonstrado por V.Exas., está tomando posição não na defesa — repito — dos
Vereadores brasileiros, mas da ordem democrática e constitucional. Inclusive, digo a
V.Exas. que vamos transmitir esta reunião a São Paulo e ao Brasil por todos os
meios de comunicação, especialmente pela Rede Vida de Televisão.
Mostraremos aos Vereadores como funciona esta Comissão Especial, para
que eles tenham clara noção da posição de cada um de seus membros,
principalmente dos que se pronunciaram.
No Estado de São Paulo, Estado dos Deputados Gilberto Nascimento e
Jefferson Campos, a emenda do Deputado Ivan Ranzolin diminui para 417 o número
de Vereadores. Mais generosa do que — anteriormente a essa decisão — o
proposto pela UVESP, exatamente para corrigir as distorções expostas pelo
Presidente da Comissão. A nosso ver, o número em São Paulo deveria ser reduzido
para 850 Vereadores, o dobro do proposto pelo Deputado Ivan Ranzolin.
O Estado de São Paulo é composto por 522 Municípios com até 50 mil
habitantes, 411 com até 20 mil habitantes. Mas, a esta altura dos acontecimentos, já
não é prioritário o número de cada Legislativo, e sim, o respeito aos Poderes
constituídos. Por isso, pedimos que essa invasão de competência seja reparada
pelo Congresso Nacional, porque sabemos as conseqüências que advirão dessas
medidas, a capitis diminutio que sofrerá o Poder Legislativo. Na conceituação
popular, vamos tentar mostrar que isso não acontecerá pela posição da Comissão
Especial.
Deputado Ivan Ranzolin, estamos profundamente agradecidos pela
generosidade com que V.Exa. se posiciona para que tudo seja composto numa
emenda só, a fim de que haja uma aglutinação. Isso nos remete a 1983, quando o
Senador Passos Porto apresentou emenda de aumento da participação dos
Municípios na arrecadação do bolo tributário. O próprio Governo revolucionário, à
época, não acreditava na força dos municipalistas, e estes tomaram o Palácio do
Planalto, e o Governo teve de entender que a base está em cada Município. O
Senador Passos Porto, tão emocionado pela presença de mais de 5 mil
municipalistas brasileiros, agentes políticos do interior, retirou a denominação de
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Emenda Passos Porto, que passou a ser denominada Emenda dos Municípios. A
partir daí, o Fundo de Participação dos Municípios foi aumentado em 17%.
Sr. Presidente, também fomos contra a instalação de novos Municípios. Havia
a distribuição da riqueza, a divisão da riqueza e o aumento da pobreza. A criação de
novos Municípios em nada alterou a República Federativa do Brasil, nem ampliou a
capacidade do municipalismo como ente federado. Éramos contra na época, somos
contra agora. Não podemos entender que os pecados devam ser pagos agora pela
representação popular. Diminuir o número é excluir. Evidentemente, há injustiça e
distorções, mas V.Exas., por serem agentes políticos submetidos ao voto, saíram do
seio da população e, sem dúvida, saberão, com muita sabedoria, traçar o destino
correto.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Jairo Carneiro) - Agradeço a V.Sa. a
colaboração.
Antes de encerrar os trabalhos, convoco reunião para amanhã, dia 14, às
10h, no plenário 11, quando receberemos o Presidente do TSE, Ministro Sepúlveda
Pertence, para falar sobre o tema “Composição da Câmara de Vereadores”. Logo
após nos reuniremos na sala da Presidência da Comissão de Economia.
Agradeço a todos a presença.
Nada mais havendo a tratar, declaro encerrada a presente reunião.
Está encerrada a reunião.