demonstrações contábeis balanço patrimonial, demonstração de resultado e fluxo de caixa

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Demonstrações contábeis: Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultados e Fluxo de Caixa Balanço Patrimonial Os ativos de uma empresa são as contas monetárias de sua propriedade (caixa, bancos e aplicações financeiras) somadas às de caráter operacional (contas a receber e créditos em andamento) mais as de caráter permanente (móveis, telefones, equipamentos etc.). Já o passivo é, como em toda em- presa, dividido em fontes próprias (Capital de Giro Próprio) e as fontes de terceiros, quer sejam de caráter monetário (empréstimos de curto prazo, hot- money 1 , desconto de cheques ou duplicatas) ou ainda de caráter operacional (salários a pagar, impostos a pagar e fornecedores a pagar). Desde a criação do Plano Real, temos observado que, embora conviven- do com uma moeda estabilizada e com inflação controlada em níveis su- portáveis, há uma tendência de aperto nas disponibilidades financeiras das empresas. Esse conjunto de sintomas normalmente constrói um cenário de empresas com problemas de caixa e muitas delas infelizmente terminam com a falência de suas atividades. A maior causa vista de dentro da empresa é a falta de conhecimento e utilização do Balanço Patrimonial. Percebe-se a dificuldade que as pessoas têm em separar e identificar as diferenças existentes entre o lucro e o caixa da empresa. Isso sem mencio- nar as pessoas que simplesmente não conseguem perceber o efeito de um sobre o outro e vice-versa. A movimentação de disponibilidade financeira constitui sempre uma preocupação constante para as empresas, como também para o pessoal ligado à área financeira. O dinheiro é o elemento que facilita o câmbio de bens entre compradores e vendedores. A movimentação de dinheiro desde a aquisição de matérias-primas até a venda do produto ao consumidor re- presenta a “lubrificação” indispensável ao processo de fabricação. Podemos, 1 Hot-money é uma linha de empréstimo emergen- cial, normalmente conce- dido para empresas com dificuldades financeiras.

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  • 1. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaBalano Patrimonial Os ativos de uma empresa so as contas monetrias de sua propriedade (caixa, bancos e aplicaes financeiras) somadas s de carter operacional (contas a receber e crditos em andamento) mais as de carter permanente (mveis, telefones, equipamentos etc.). J o passivo , como em toda empresa, dividido em fontes prprias (Capital de Giro Prprio) e as fontes de terceiros, quer sejam de carter monetrio (emprstimos de curto prazo, hotmoney1, desconto de cheques ou duplicatas) ou ainda de carter operacional (salrios a pagar, impostos a pagar e fornecedores a pagar). Desde a criao do Plano Real, temos observado que, embora convivendo com uma moeda estabilizada e com inflao controlada em nveis suportveis, h uma tendncia de aperto nas disponibilidades financeiras das empresas. Esse conjunto de sintomas normalmente constri um cenrio de empresas com problemas de caixa e muitas delas infelizmente terminam com a falncia de suas atividades. A maior causa vista de dentro da empresa a falta de conhecimento e utilizao do Balano Patrimonial. Percebe-se a dificuldade que as pessoas tm em separar e identificar as diferenas existentes entre o lucro e o caixa da empresa. Isso sem mencionar as pessoas que simplesmente no conseguem perceber o efeito de um sobre o outro e vice-versa. A movimentao de disponibilidade financeira constitui sempre uma preocupao constante para as empresas, como tambm para o pessoal ligado rea financeira. O dinheiro o elemento que facilita o cmbio de bens entre compradores e vendedores. A movimentao de dinheiro desde a aquisio de matrias-primas at a venda do produto ao consumidor representa a lubrificao indispensvel ao processo de fabricao. Podemos,1 Hot-money uma linha de emprstimo emergencial, normalmente concedido para empresas com dificuldades financeiras.

2. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de Caixaainda, considerar o dinheiro como o montante de recursos financeiros que a Tesouraria possa converter em Capital de Giro (CDG) destinado ao pagamento dos compromissos assumidos pela empresa. Um problema sempre em discusso a fixao de limites mnimos de caixa indispensveis e necessrios para que se possa dar um atendimento normal aos negcios da empresa, ou seja, ter R$1.000,00, R$10.000,00 ou R$100.000,00? Pergunta-se: qual seria o numerrio ideal que uma empresa deveria ter em caixa e no banco? Essa e outras questes ficaro mais claras ao se compreender a dinmica financeira das empresas. De um modo geral, aprendemos a olhar a parte financeira como algo esttico e sem muita graa. Porm, ao passarmos para uma anlise dinmica, a situao oposta. Infelizmente, o mundo financeiro no to simples a ponto de ser observado de modo esttico. Deve ser visto na sua plena movimentao. Um elemento importante e muito desconhecido entrar nesse contexto, a chamada Necessidade de Capital de Giro (NCG). Por NCG, entendemos: NCG = ATIVO OPERACIONAL PASSIVO OPERACIONAL O Ativo Operacional composto por Estoques e Contas a Receber, enquanto o Passivo Operacional, por Fornecedores e Despesas Provisionadas. Geralmente, em grande parte das empresas, o Passivo Operacional ser menor que o Ativo Operacional. Do ponto de vista da solvncia isso um bom indicador. Isso porque aquele famoso ndice de liquidez corrente sempre ser maior que 1. Mas como explicar, ento, que empresas com tal ndice maior que 1, esto de pires na mo implorando ao banco para descontar duplicatas. a famosa confuso entre solvncia e liquidez. Quando olhamos a liquidez pretendemos entender as relaes entre financiamento das operaes e onde a empresa est usando tais recursos. Mais que isso, h o efeito dos prazos mdios de todas as contas envolvidas. Quando existe menos financiamento para as atividades operacionais, essa diferena coberta ou por capital prprio ou por capital de terceiros. J a solvncia uma viso esttica, um mero confronto de ativo contra passivo que s h importncia em um momento: no encerramento das operaes.132 3. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaNesse momento, temos as primeiras informaes teis para gerir o caixa de uma empresa. No se deve se esquecer de que esse elemento (o caixa) de natureza dinmica e no esttica como veculos, terrenos ou imveis. A todo instante o caixa sofre alteraes e, portanto, requer instrumentos bem adequados e sofisticados para sua administrao. Se uma empresa ainda est na poca de anotar as coisas na agenda, h de se redobrar os cuidados. Daqui para frente indispensvel ter em mente, sistematicamente, nmeros que de uma maneira ou de outra aumentem a NCG, para que se possa administr-los. A mgica da empresa que administra bem o seu caixa est centrada em aes que impedem o aumento da NCG. So aes que aumentam a necessidade de capital de giro: aumento do prazo mdio de recebimento; aumento do prazo mdio de estocagem; diminuio do prazo mdio de fornecedores; diminuio do prazo mdio de despesas provisionadas. necessrio um plano de aes colocando fora num sistema eficaz para a busca de resultados na rea financeira, mais propriamente dita em Planejamento da Liquidez. NCG um investimento permanente que as empresas realizam em suas atividades operacionais ou de giro. Vamos entender bem esse conceito, utilizando a empresa Q-Brow como exemplo: os dirigentes da Q-Brow esperam que as vendas da empresa tenham o seguinte comportamento: MesesValoresVariao %Out. 2008 - Ms-baseR$100.000,00-Nov. 2008R$102.000,00+2%Dez. 2008R$105.060,00+3%Jan. 2009R$105.060,000%Fev. 2009R$94.554,00-10%Mar. 2009R$89.826,30-5%Abr. 2009R$89.826,300%Segundo os dados de previso de vendas apresentados e levando-se em considerao o prazo mdio de recebimento, pagamento de compras, esto-133 4. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de Caixacagem, despesas provisionadas e um CMV mdio de 35%, alm da comisso de 5% e dedues de 20%, a previso para as contas formadoras do NCG da empresa ficariam desta maneira: Q-BrowBasenov. 2008 dez. 2008jan. 2009fev. 2009mar. 2009 abr. 2009Contas a ReceberR$100.000,00R$142.800,00R$140.080,00R$133.076,00R$100.857,00R$95.814,00R$95.814,00EstoquesR$91.000,00R$101.150,00R$98.056,00R$110.313,00R$99.281,00R$83.837,00R$83.837,00R$191.000,00R$243.950,00R$238.136,00R$243.389,00R$200.138,00R$179.651,00R$179.651,00FornecedoresR$29.000,00R$48.906,00R$35.922,00R$52.296,00R$23.533,00R$17.061,00R$33.535,00Despesas Prov.R$45.000,00R$28.333,00R$22.666,00R$23.800,00R$22.666,00R$22.666,00R$22.666,00R$74.000,00R$77.239,00R$58.588,00R$76.096,00R$46.199,00R$39.727,00R$56.201,00R$117.000,00R$166.711,00R$179.548,00R$167.293,00R$153.939,00R$139.924,00R$123.450,00R$49.711,00R$12.837,00R$(12.255,00)R$(13.354,00)R$(14.015,00)R$(16.474,00)Total (1)Total (2) NCG (1-2) NCGPara perceber melhor o impacto que a variao de NCG provoca no caixa da empresa, vamos verificar o comportamento do caixa nos prximos meses. Q-Brownov/2008dez/2008jan/2009fev/2009mar/2009abr/2009Saldo Inicial de CaixaR$45.000,00R$2.089,00R$(2.724,00)R$17.555,00R$34.731,00R$50.677,00(+) Lucro OperacionalR$6.800,00R$8.024,00R$8.024,00R$3.822,00R$1.931,00R$1.931,00R$49.711,00R$12.837,00R$(12.255,00)R$(13.354,00)R$(14.015,00)R$(16.474,00)R$2.089,00R$(2.724,00)R$17.555,00R$34.731,00R$50.677,00R$69.082,00(+) Entradas No Operacionais------(-) Sadas No Operacionais------R$2.089,00R$(2.724,00)R$17.555,00R$34.731,00R$50.677,00R$69.082,00(-) NCG (=) Resultado Operacional de Caixa(=) Resultado Lquido de CaixaPela tabela anterior, fica claro quais so os componentes que aumentam o caixa. Lucro, em primeiro lugar. Ora, para aumentar o lucro, aumentam-se as vendas. Certo? Em termos, se o aumento do lucro ocasionar um aumento da NCG mais do que proporcional, este ser insuficiente para financiar o investimento adicional. 134 5. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaFica evidente, a partir de agora, a importncia que se deve dar boa gesto financeira do negcio. Se uma empresa ainda estiver na poca da agenda e marcar no papel, cuidado! A anlise do Balano Patrimonial nos permite avaliar a situao e a adequao entre as diversas fontes (passivo) e as aplicaes de recursos (ativo) realizados por uma empresa. Sua composio, portanto, assim distribuda: Ativo apresenta todos os bens e direitos da empresa, o que existe de concreto. Podem ser itens de valor indiscutvel (que possuem um valor de face) como ttulos ou mercadorias e bens do imobilizado cujo valor depende de avaliao. Entretanto, uma nova categoria de ativos passa a ter mais valor e importncia para as empresas. Trata-se dos itens que no tm materialidade, so intangveis por natureza. Somente com o advento da Lei 11.638/2007 que os ativos intangveis passaram a integrar o conjunto de ativos das organizaes; Passivo so as obrigaes da empresa. Mostra a origem dos recursos investidos no Ativo, tem valor lquido e certo no que se refere s dvidas com terceiros, porm os dbitos fiscais e previdencirios em atraso no costumam ser atualizados, prevalecendo no Balano Patrimonial seu valor histrico; Patrimnio Lquido a diferena entre o Ativo e o Passivo e representa o capital investido pelos proprietrios na empresa, quer atravs de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerado por esta em suas operaes e retido internamente. Todas as variaes do Ativo e do Passivo em relao ao que deveriam registrar os seus valores corretos so refletidas no Patrimnio Lquido, que assim estar mais prximo ou menos prximo da realidade segundo as eventuais distores desses Ativos e Passivos. Isso ocorre porque as demonstraes mostram apenas os fatos registrveis segundo os princpios contbeis, ou seja, fatos mensurveis em dinheiro, como compras, vendas, pagamentos, recebimentos, dbitos em conta, despesas incorridas, receitas faturadas etc., deixando de lado uma srie inumervel de fatos, como a participao de mercado, imagem, tecnologia etc. As Leis 11.638/2007 e 11.941/2009 alteraram profundamente alguns itens do Balano Patrimonial e outros pontos que eram, at ento, definidos pela Lei 6.404/76. Os mais importantes pontos modificados foram: 135 6. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de Caixa criao da figura de empresas de grande porte. Toda entidade com ativo superior a R$240 milhes ou receita anual bruta de R$300 milhes se enquadraro nessa categoria. Todas as empresas de grande porte devero apresentar suas demonstraes contbeis devidamente embasadas por um parecer de uma auditoria independente; a DOAR (Demonstrao das Origens e Aplicaes de Recursos) foi extinta. Em seu lugar entraram em cena a DFC (Demonstrao de Fluxo de Caixa) e a DVA (Demonstrao do Valor Adicionado); criao de um novo subgrupo no Ativo No Circulante. Trata-se do intangvel. Assim, o ativo no circulante ter investimentos, imobilizado e intangvel (no existe mais a conta diferido); o Patrimnio Lquido passa a ser dividido em: Capital Social, Reservas de Capital, Ajustes de Avaliao Patrimonial, Reservas de Lucros, Aes em Tesouraria e Prejuzos Acumulados; foi extinta a Reserva de Reavaliao. Em seu lugar foi criada a conta Ajustes de Avaliao Patrimonial (no PL); extino do ativo diferido e do REF (Resultados de Exerccios Futuros). Assim, o Balano Patrimonial dever conter as seguintes contas: ATIVO ATIVO CIRCULANTE - Disponibilidades. - Direitos realizveis no curso do exerccio social seguinte. - Aplicaes de recursos em despesas do exerccio seguinte. ATIVO NO CIRCULANTE - Direitos realizveis aps o trmino do exerccio seguinte. - Direitos derivados de adiantamentos ou emprstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que no constituem negcios usuais na explorao do objeto da companhia.136 7. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaInvestimentos - Participaes permanentes em outras sociedades e direitos de qualquer natureza no classificveis no Ativo Circulante que no se destinem manuteno da atividade companhia ou da empresa. Imobilizado - Direitos que tenham por objeto bens destinados manuteno das atividades da companhia, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade comercial ou industrial. Intangvel - Marcas, patentes e demais ativos adquiridos de outra empresa devidamente comprovados (ex: carteira de clientes). PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE - Obrigaes da companhia, inclusive financiamentos para a aquisio de direitos do Ativo Permanente quando vencerem no exerccio seguinte. PASSIVO NO CIRCULANTE - Obrigaes vencveis em prazo maior do que o exerccio seguinte. PATRIMNIO LQUIDO Capital Social - Montante do capital subscrito e, por deduo, parcela no realizada. Reservas de Capital - gio na emisso de aes ou converso de debntures e partes beneficirias. - Produto da alienao de partes beneficirias e bnus de subscrio. - Prmios recebidos na emisso de debntures, doaes e subvenes para investimentos. Ajustes de Avaliao Patrimonial - Contrapartida do aumento de elementos do Ativo em virtude de novas 137 8. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de Caixaavaliaes, documentadas por laudo tcnico, conforme normas da CVM. Reservas de Lucros - Contas constitudas a partir de lucros gerados pela companhia. Aes em Tesouraria - Recompra de aes pela empresa no mercado aberto. Prejuzos Acumulados - Prejuzos gerados pela companhia e que ainda no receberam destinao especfica.Demonstrao de Resultados uma demonstrao dos aumentos e redues causados no Patrimnio Lquido pelas operaes da empresa. As receitas representam normalmente aumento no ativo, atravs de ingresso de novos elementos como duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das transaes. Aumentando o Ativo, aumenta o Patrimnio Lquido. As despesas representam reduo do Patrimnio Lquido, atravs de reduo no Ativo ou aumento do Passivo. A DRE pode ser vista como um resumo do movimento de certas entradas e sadas no balano, entre duas datas. Retrata apenas o fluxo econmico e no fluxo monetrio (fluxo de dinheiro). Para a demonstrao de resultado no interessa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o Patrimnio Lquido. A Demonstrao de Resultados, segundo a Lei 6.404/76, deve ser efetuada ao trmino de um exerccio social, normalmente a cada perodo de um ano. Atualmente, as empresas que optaram, ou so obrigadas por Lei, a apurar seus resultados mensalmente, a fim de calcularem o IR, necessitam efetuar tal demonstrao no mesmo perodo. Conforme prev a Lei 9.430/96, arts. 1. e 2., a incidncia do IRPJ, para as empresas optantes pelo Lucro Real, deve ser apurado na data de encerramento do perodo de apurao. Existem duas hipteses de apurao, a saber: 138 9. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de Caixa1. IRPJ Trimestral considera-se o perodo de um trimestre como base de clculo do tributo. Caso a empresa tenha prejuzos fiscais em trimestres anteriores poder compensar at o limite de 30% do lucro real apurado (art. 220 e 222 do RIR/99, ou seja, Decreto 3.000/99). Forma de Apurao do IRPJ Trimestral Lucro lquido contbil antes do IRPJ (+) Adies (-) Excluses (=) Lucro Real do Perodo-Base (-) Compensaes de Prejuzos Fiscais (=) Lucro Real (Se positivo) (=) Prejuzo Fiscal (Se negativo) (x) Alquota(s) do IRPJ (=) IRPJ a Pagar 2. IRPJ Mensal Estimado (art. 221 a 231 do RIR/99) as empresas que adotam esse sistema devem entender que cada ms ser exclusivo para o clculo, apurao e recolhimento do IRPJ. A DRE de vital importncia, pois por meio dela verificamos se a empresa est sendo bem administrada, comparando-se o resultado do exerccio com o montante aplicado no Ativo e/ou capital investido pelos proprietrios. O resultado do exerccio pode ser lucro ou prejuzo. Alguns autores substituem a terminologia resultado por lucro, visto que o objetivo de uma empresa a de gerar lucros. Esse relatrio tem um ponto que muitas vezes confunde os leitores menos atentos ao campo financeiro, que entre as variveis lucro e caixa: A demonstrao de resultados tambm conhecida como demonstrao de lucros e perdas, ou demonstrao de receitas e despesas (...) mostra o quanto a empresa lucrativa quanto dinheiro restar depois de deduzir todas as despesas. No fornece um quadro completo do valor de sua empresa ou sua posio de caixa. (ABRAMS, 1994, p. 215)Segundo a Lei 11.941/2009, a Demonstrao de Resultado do Exerccio discriminar os seguintes elementos:139 10. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaDemonstrao do Resultado do Exerccio Receita Operacional Bruta (-) Dedues (-) Devolues(-) Abatimentos(-) Descontos Concedidos;(-) ICMS(-) PIS e Confins(=) Receita Operacional Lquida (-) Custo das Mercadorias/Servios Prestados/Produtos Vendidos (=) Resultado Bruto (-) Despesas com Vendas (-) Despesas Financeiras (deduzidas das Receitas Financeiras) (-) Despesas Gerais e Administrativas (-) Outras Despesas Operacionais (+) Outras Receitas Operacionais (=) Resultado Operacional Lquido (-) Proviso para CSLL (=) Resultado do Exerccio Antes do Imposto de Renda (-) Proviso do Imposto de Renda (=) Resultado do Exerccio Aps o Imposto de Renda (-) Participaes de Debntures (-) Participaes de Empregados (-) Participao de Administradores 140 11. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de Caixa(-) Participao de Partes Beneficirias (-) Contribuies para Instituies ou Fundo de Assistncia ou Previdncia de Empregados (=) Lucro ou Prejuzo Lquido do Exerccio (=) Lucro ou Prejuzo Lquido por Ao Os custos de uma empresa devem ser administrados de uma forma bastante criativa e estratgica, a fim de colocar a empresa em consonncia com as exigncias do mercado. Talvez, dever-se-ia dar mais ateno criao de valor que determinado custo est representando na empresa, do que simplesmente verificar se est dentro ou fora do que foi planejado. John Shank, numa entrevista, resume de maneira simples a essncia do pensamento estratgico sobre o custo nas empresas: Costuma-se dizer: trata-se de um oramento elevado ou tal coisa est de acordo com meu oramento, sem analisar se algum valor est sendo criado, o que muito importante (SHANK, 1997, p.43). Nesse sentido as empresas deveriam rever toda sua estrutura de custos e perceber se os mesmos possuem algum significado estratgico. Poder ocorrer at mesmo uma situao paradoxal em que seja necessrio o aumento do custo para viabilizar o negcio de acordo com as exigncias do mercado. O mesmo autor conclui: Talvez a resposta no seja reduzir os custos para poder competir nas mesmas condies, mas sim aumentar os custos e assegurar que essa elevao aumente o valor do produto (SHANK, 1997, p. 44). O verdadeiro ponto de otimizao dos custos ser encontrado quando os benefcios oferecidos aos clientes coincidirem com suas expectativas. No mais, simplesmente aumentar em demasia os valores gastos na empresa. Estes sim podem ser os grandes causadores de desastres financeiros. Imagine, por exemplo, quatro fases distintas que uma empresa pode atravessar. Uma possibilidade a de que seus produtos esto totalmente desconectados com a realidade e as necessidades do mercado. Logo, o produto oferecido (PO) aos clientes est exponencialmente distante do produto esperado (PE) por esses mesmos clientes. Est claro, assim, que os custos que a empresa incorre nesse momento so totalmente desprovidos de qualquer foco estratgico para a manuteno do negcio. 141 12. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaUm primeiro arranjo das condies dos custos pode levar a empresa a uma situao intermediria, fase 2, onde parte dos custos ainda no esto voltados para transformar a empresa com produtos exatamente da maneira como o mercado determina. O grande trunfo, sem dvida, estar marcado com o encontro do produto oferecido com o produto esperado. Essa a terceira fase, na qual os custos da empresa a levam de encontro com seu mercado, perfazendo, portanto, uma caminhada estratgica. Mas o mais interessante mesmo o momento que se denomina fase 4. Nesse momento, a empresa est adiantada, no sentido de se antecipar s necessidades do mercado. Ela mesma passa a ser um verdadeiro guia para o mercado, ou, como se costuma dizer, um verdadeiro benchmarking2 para seu setor.2Benchmarking o termo que se refere s qualidades de uma empresa lder em determinado segmento de mercado e, por essas mesmas qualidades, torna-se padro de referncia para as outras a seguirem.Fase 1Fase 2POPEFase 3PEFase 4 POPO PEPOAdriano Gomes.A figura 1 possibilita uma visualizao mais condensada das quatro etapas que foram descritas.PEFigura 1 As quatro fases da empresa ao encontro do mercado.Tambm o posicionamento que a empresa vai querer estabelecer com o mercado deve ser visualizado. De uma forma didtica, a empresa tem quatro possibilidades de se posicionar no mercado, conforme se pode verificar pela figura 2:142 13. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaMassificaoLideranaIndefinio(Ansoff; Declerck, 1990. Adaptado.)GrandeSegmentaoTamanho do MercadoPequenoAlto BaixosPoltica de PreosFigura 2 - Posicionamento da empresa no mercado.Fluxo de Caixa O maior objetivo do Fluxo de Caixa, seja pelo mtodo direto ou indireto, servir como um relatrio dinmico e no esttico, como as demais demonstraes. De modo algum se quer afirmar que as demonstraes estticas como o Balano ou a DRE no tenham importncia. O que se quer dizer que cada um desses relatrios tem seu papel. Alis, impossvel se chegar ao Fluxo de Caixa sem o Balano e a DRE. Conforme explica Marion (1998, p. 381): A DFC (Demonstrao de Fluxo de Caixa) vem esclarecer situaes controvertidas na empresa, como, por exemplo, atravs da comparao com a DRE (Demonstrao do Resultado do Exerccio), o porqu de a empresa ter um lucro considervel e estar com o caixa baixo, no conseguindo liquidar todos os seus compromissos. Ou ainda, embora seja menos comum, o porqu de a empresa ter prejuzo este ano, embora o caixa tenha aumentado.Portanto, a DFC deve ser um relatrio complementar aos j tradicionalmente conhecidos e seu principal objetivo esclarecer a situao de liquidez de um negcio, conforme ensina Hendriksen e Breda (1999, p. 177): A importncia da solvncia reside em sua necessidade para a continuidade da empresa (princpio da continuidade). A insolvncia pode conduzir falncia, liquidao forada e perda de direitos tanto por acionistas quanto por credores. Entretanto, mesmo que a falncia no ocorra, a insolvncia pode levar a uma reestruturao dos direitos de credores e investidores, resultando em perdas para ambos.143 14. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaFluxo de Caixa pelo mtodo direto A realizao da DFC pelo mtodo direto deve seguir os seguintes passos: registrar as entradas e sadas brutas de caixa; registrar os valores das atividades de investimentos; registrar os valores provenientes das atividades de financiamentos.Fluxo de Caixa pelo mtodo indireto A realizao da DFC pelo mtodo indireto deve seguir os seguintes passos: apurar o lucro lquido na DRE; somar os valores que no representaram desembolso de caixa (depreciao); apurar as alteraes na atividade operacional.Interligaes entre o Fluxo de Caixa e outros demonstrativos contbeis A interligao proposta a seguir foi baseada no livro Contabilidade Introdutria de Iudcibus et al (1998, p. 234). Aqui se buscou esclarecer pontos que inclusive na obra no so mencionados, como, por exemplo, o clculo do valor das compras. O primeiro passo classificar as contas conforme o modelo a seguir sugere. No h nada de novidade. O ativo tem as duas divises e o passivo as mesmas trs. Talvez o ponto mais importante seja desde logo observar as variaes ocorridas entre as contas de um perodo para outro. Vamos ao exemplo:144 15. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaBalano Patrimonial Ativo 20032002BancosContasR$2.000,00R$3.000,00ClientesR$18.000,00R$16.000,00EstoqueR$21.000,00R$14.000,00Despesas AntecipadasR$1.000,00R$2.000,00R$42.000,00R$35.000,00R$5.000,00CirculanteR$5.000,00Ttulos a receber a LP ImveisR$13.000,00R$10.000,00No CirculanteR$18.000,00R$15.000,00Ativo TotalR$60.000,00R$50.000,00Passivo Contas2003Fornecedores2002R$22.000,00R$11.000,00R$22.000,00R$11.000,00R$5.000,00R$12.000,00No CirculanteR$5.000,00R$12.000,00CapitalR$20.000,00R$20.000,00ReservasR$6.000,00R$6.000,00Lucros AcumuladosR$7.000,00R$1.000,00Patrimnio LquidoR$33.000,00R$27.000,00Total do PassivoR$60.000,00R$50.000,00Circulante FinameO segundo passo calcular o lucro lquido do perodo atual na DRE, conforme o exemplo a seguir. DRE 2003 Vendas lquidas (-) CMV (=) Lucro Bruto (-) Despesas OperacionaisR$130.000,00 R$85.000,00 R$45.000,00 R$35.000,00Despesas AdministrativasR$25.000,00Despesas ComerciaisR$10.000,00(=) Lucro LquidoR$10.000,00145 16. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaA Demonstrao de Lucros Acumulados serve para verificar o que foi feito com o lucro lquido e que, obviamente, no passou pela DRE. Abaixo se pode notar que houve uma distribuio de R$4.000,00 na forma de dividendos. Demonstrao dos Lucros Acumulados 2003 Saldo em 31/12/2002R$1.000,00(+) Resultado Lquido em 2003R$10.000,00(-) Dividendos distribudos em 2003 (=) Saldo Final em 2003R$4.000,00 R$7.000,00A seguir sero esclarecidos dois valores importantes que normalmente causam dvidas nas pessoas quando se deparam pela primeira vez com o Fluxo de Caixa, a saber: Apurao das Compras 2003 CVM atualR$85.000,00(+) Estoque em 2003R$21.000,00(-) Estoque em 2003R$14.000,00(=) Compras em 2003R$92.000,00Apurao das Compras 2003 Despesas incorridasR$35.000,00(+) Despesas a pagar em 2002-(-) Despesas a pagar em 2003-(-) Despesas antecipadas em 2003R$1.000,00(=) Despesas pagas em 2003R$34.000,00Agora sim possvel calcular os fluxos pelos mtodos diretos e indiretos. Vejamos: Fluxo Direto 2003 Origens Caixa Gerado pelas Atividades Operacionais Recebimento de Vendas (+) Contas a Receber Anterior146R$128.000,00 R$16.000,00 17. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de Caixa(+) Vendas ApuradasR$130.000,00(-) Contas a Receber Atuais (-) Pagamento das ComprasR$18.000,00 R$81.000,00(+) Fornecedor AnteriorR$11.000,00(+) Compras ApuradasR$92.000,00(-) Fornecedores AtuaisR$22.000,00(-)Pagamento das DespesasR$34.000,00Total das OrigensR$13.000,00Aplicaes Pagamento de DividendosR$4.000,00Compra de TerrenosR$3.000,00Pagamento de EmprstimosR$7.000,00Total das AplicaesR$14.000,00Variao no Caixa(R$1.000,00)Conciliao Saldo Anterior do CaixaR$3.000,00(+/-) Variao(R$1.000,00)Saldo Final do CaixaR$2.000,00Fluxo Indireto 2003 Origens Caixa Gerado pelas Atividades Operacionais Lucro LquidoR$10.000,00(+) Aumento dos FornecedoresR$11.000,00(+) Diminuio de Despesas AntecipadasR$1.000,00(-) Aumentos de Contas a receberR$2.000,00(-) Aumento de EstoqueR$7.000,00Total das OrigensR$13.000,00Aplicaes Pagamento de DividendosR$4.000,00Compra de TerrenosR$3.000,00Pagamento de EmprstimosR$7.000,00Total das AplicaesR$14.000,00Variao no Caixa(R$1.000,00)Conciliao Saldo Anterior do CaixaR$3.000,00(+/-) Variao(R$1.000,00)Saldo Final do CaixaR$2.000,00 147 18. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaAmpliando seus conhecimentosPrincipais mudanas no Balano Patrimonial: Lei 11.638/2007 (SANTOS; LIMA, 2008. Adaptado.)Resumo O papel da contabilidade como fornecedora de informaes para tomada de deciso e promotora da eficcia em finanas est em discusso devido s implicaes junto ao mercado de capitais. As demonstraes contbeis so fundamentais para anlise da situao econmica-financeira por seus usurios. A problemtica analisada pode ser resumida na seguinte questo: quais so os principais impactos no Balano Patrimonial a partir da Lei 11.638/2007? O presente trabalho tem como objetivo apresentar as mudanas ocorridas na demonstrao contbil denominada Balano Patrimonial, com o advento da nova Legislao Societria e o Ambiente Internacional de Negcios. A metodologia adotada na elaborao deste artigo remete utilizao de pesquisa bibliogrfica, atravs de fontes primrias: legislao e normas regulamentadoras e fontes secundrias, como livros e artigos cientficos. Traz como resultado que as mudanas fazem parte de esforo pela convergncia entre os padres contbeis locais e internacionais. Conclui-se que os impactos ocorridos no Balano Patrimonial em razo das atualizaes nas normas contbeis brasileiras essencial, por conta da adequao do Brasil ao cenrio contbil internacional. Introduo A globalizao dos negcios, no que diz respeito ao desenvolvimento do mercado de capitais internacional, e o crescimento dos investimentos diretos estrangeiros somados formao de blocos econmicos traz consigo a necessidade de se ter um conjunto de normas contbeis internacionais que viabilizem a comparao de informaes entre companhias de um mesmo grupo ou de grupos distintos. As demonstraes contbeis diante dessa nova realidade, em que se torna obrigatria a adoo de um padro contbil internacional, se depara com a problemtica sobre quais as principais alteraes na demonstrao contbil148 19. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de Caixado Balano Patrimonial. O objetivo principal deste estudo mostrar quais as mudanas que ocorreram a partir da Legislao Societria Lei 11.638/2007 no Balano Patrimonial. Segundo Iudcibus (1997), o Conhecimento que a Contabilidade proporciona a respeito do seu objetivo est em constante desenvolvimento, como, alis, ocorrem nas demais cincias em relao aos seus respectivos objetivos. Atravs de um inventrio sobre o tema, nota-se que a discusso sobre as mudanas no ambiente contbil atual e que at 2005 no havia obras que tratassem sobre a Contabilidade Internacional no Brasil, porm em 2008, quando passou a vigorar a Lei 11.638/2007, ela provocou um forte impulso e tem apresentado um grande crescimento, e possvel encontrar publicaes de autores conceituados, como Jos Carlos Marion, Srgio de Iudcibus e Jorge Katsumi Niyama. Metodologia O trabalho utiliza-se de pesquisa bibliogrfica desenvolvida atravs de leituras de livros da rea, por meio de fontes primrias documental, baseada na coleta de dados restrita a documentos oficiais emitidos pelos organismos regulamentadores da profisso contbil, e por fonte secundria livros, artigos publicados em revistas cientficas, trabalhos no originais e que basicamente citam, revisam e interpretam trabalhos originais, como artigos de reviso bibliogrfica e artigos de divulgao. Buscaram-se os conceitos e principais caractersticas da estrutura conceitual de contabilidade no novo cenrio contbil e as mudanas da Legislao Societria e o Ambiente Internacional de Negcios. US GAAP O Financial Accounting Standards Board (FASB) a organizao designada para estabelecer os padres de contabilidade financeira e de elaborao das demonstraes financeiras para as empresas do setor privado dos Estados Unidos, cujos procedimentos so denominados de US GAAP United States Generally Accepted Accounting Principles (Princpios Contbeis Geralmente Aceitos nos Estados Unidos da Amrica). O FASB parte de uma estrutura independente de qualquer tipo de negcio ou organizao profissional. Antes da atual estrutura ser criada, em 1973, as normas financeiras de contabilidade e sua publicao eram estabelecidas 149 20. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de Caixapor um comit de procedimentos contbeis do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA). A edio de normas pelo FASB para a elaborao das demonstraes financeiras autorizada e reconhecida oficialmente pelo Securities and Exchange Commission (SEC), organismo do governo americano responsvel pela proteo dos investidores e manuteno da integridade do mercado. Essas normas so consideradas pelo SEC como essenciais para o eficiente funcionamento da economia porque os investidores, credores, auditores e outras partes interessadas necessitam que as informaes financeiras possuam credibilidade, transparncia e comparabilidade. IFRS As Normas Internacionais de Contabilidade so elaboradas pelo International Accounting Standards Board (IASB), entidade sem fins lucrativos sediada em Londres, responsvel pela padronizao das normas contbeis cujos procedimentos so denominados de IFRS (Standard International Financial Reporting). O IASB foi criado em 1. de abril de 2001 para promover ajustes nas normas contbeis internacionais elaboradas pelo seu precedente, o International Accounting Standards Committee (IASC), denominadas de IAS (International Accounting Standard). Comisso de Valores Mobilirios CVM uma autarquia federal, criada com o objetivo de fiscalizar, regulamentar e desenvolver o mercado de valores mobilirios, visando ao seu fortalecimento. Tem por finalidade a fiscalizao e a regulao do mercado de ttulos de renda varivel. A Instruo da CVM em 13 de Julho de 2007 dispe sobre a elaborao e divulgao das demonstraes financeiras consolidadas, com base no padro contbil internacional emitido pelo International Accounting Standards Board IASB. Trindade (2007), presidente da CVM, atravs de instruo, estabelece que a partir de 2010 as companhias abertas devero apresentar as suas demonstraes financeiras consolidadas adotando o padro contbil internacional, de acordo com o IASB. Considerando a importncia e a necessidade de que as prticas contbeis brasileiras sejam convergentes com as prticas contbeis internacionais, seja em funo do aumento da transparncia e da segurana nas nossas informaes contbeis, seja por possibilitar, a um custo mais baixo, o acesso das empresas nacionais s fontes de financiamento externas. 150 21. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaLei 11.638/2007 Em janeiro de 2000 a Comisso de Valores Mobilirios (CVM) elaborou um anteprojeto de lei de reforma da Lei 6.404/76. A proposio teve, desde o incio, por finalidade, a modernizao e harmonizao da lei societria em vigor com os princpios fundamentais e melhores prticas contbeis internacionais, visando insero do Brasil no atual contexto de globalizao econmica. A ideia inicial da reviso da Lei 6.404/76 surgiu em seminrios promovidos pela CVM, que contaram com a participao de entidades pblicas e privadas, conferindo, a partir do debate pblico, legitimidade ao processo. A Lei 11.638 representa um importante avano na atualizao da Lei das Sociedades por Aes Lei 6.404/76 e harmonizao das normas contbeis brasileiras em direo ao IFRS. Demonstraes contbeis As demonstraes contbeis so relatrios extrados da contabilidade aps o registro de todos os documentos que fizeram parte do sistema contbil de qualquer entidade (empresa) em um determinado perodo (NBC T 3). Essas demonstraes serviro para expressar a situao patrimonial da empresa, auxiliando assim os diversos usurios no processo de tomada de deciso. As demonstraes contbeis devero obedecer aos critrios e formas expostos na Lei 6404/76, onde esto estabelecidas quais as demonstraes que devero ser elaboradas pelas empresas, sejam de capital aberto ou no. As informaes sobre a posio financeira da empresa podem ser obtidas basicamente atravs da anlise do Balano Patrimonial. Que uma demonstrao contbil que tem por objetivo mostrar a situao financeira e patrimonial de uma entidade numa determinada data, representando, portanto, uma posio esttica da mesma. Segundo Neto (2002), o balano apresenta a posio patrimonial e financeira de uma empresa em dado momento. A informao que esse demonstrativo fornece totalmente esttica e, muito provavelmente, sua estrutura se apresentar relativamente diferente algum tempo aps seu encerramento.151 22. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaO Balano Patrimonial constitudo pelo: Ativo compreende os bens, os direitos e as demais aplicaes de recursos controlados pela entidade, capazes de gerar benefcios econmicos futuros, originados de eventos ocorridos. Passivo compreende as origens de recursos representados pelas obrigaes para com terceiros, resultantes de eventos ocorridos que exigiro ativos para a sua liquidao. Patrimnio Lquido compreende os recursos prprios da entidade, e seu valor a diferena positiva entre o valor do Ativo e o valor do Passivo. Resultados O IASC (sigla inglesa que, em portugus, significa Comit de Normas Internacionais de Contabilidade) vem desempenhando um papel crucial no processo de harmonizao internacional da Contabilidade, emitindo pronunciamentos internacionais que falam sobre vrias matrias contbeis. Por outro lado, nos Estados Unidos, h o FASB (sigla em ingls que, em portugus, significa: Junta de Normas de Contabilidade Financeira), que tambm reconhece a necessidade de unificar a Contabilidade Mundial, mas tem como plano se basear em procedimentos j utilizados nos EUA, estipulados pelo prprio FASB. No Brasil essas normas so ditadas pela CVM, a qual pela Lei 11.638/2007 uma instruo que faz parte do esforo pela convergncia entre os padres contbeis locais e internacionais, para que investidores e analistas possam ter parmetros de comparao unificados. Para Yano (2008), a Lei 11.638 visa insero total das companhias abertas no processo de convergncia contbil internacional, aumentando o grau de transparncia das demonstraes financeiras em geral. Discusso Em vista das mudanas na Legislao Societria e o Ambiente Internacional de Negcios e por aes, juntamente com o poder regulatrio e interpretativo que a CVM possui, encontra-se a necessidade do Brasil se adaptar regulao contbil internacional e isso implica impactos no Balano Patrimonial.152 23. Demonstraes contbeis: Balano Patrimonial, Demonstrao de Resultados e Fluxo de CaixaEntre os objetivos dessa nova Lei, alm de alterar artigos da Lei 6.404/1976 para atualiz-la ao novo mundo de negcios global, deve ser ressaltado o de providenciar maior transparncia s atividades empresariais brasileiras.Atividades de aplicao 1. Aps o Plano Real, houve uma tendncia de melhorar a anlise do Balano Patrimonial e de disponibilizar mais caixa para as empresas? 2. A Lei 11.638/2007 criou a figura da empresa de grande porte. Quais as caractersticas necessrias para enquadramento nesse tipo de empresa? 3. Qual demonstrativo contbil entrou no lugar da DOAR? 4. Como pode ser vista a DRE de uma organizao? 5. John Shank afirma que necessria uma nova forma de gerir os custos. Qual deveria ser a nova abordagem? 6. Qual a dinmica que deve ser realizada para se construir o Fluxo de Caixa pelo mtodo direto?153