demografia em debate volume1[1]

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Estudos sobre Previdncia Social no Brasil: diagnstico e propostas de reformaorg. Moema Gonalves Bueno Fgoli Bernardo Lanza Queiroz

Demogra a

em Debate

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Estudos sobre Previdncia Social no Brasil: diagnstico e propostas de reformaorg. Moema Gonalves Bueno Fgoli Bernardo Lanza Queiroz

1 edio Belo Horizonte, 2008

Demogra a

em Debate

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Diretoria da Abep (2007-2008) Presidente: George Martine Vice-Presidente: Jos Eustquio Diniz Alves Secretria Geral: Paula Miranda-Ribeiro Tesoureiro: Jos Ribeiro Soares Guimares Suplente: Tirza Aidar Conselho Consultivo Haroldo da Gama Torres Heloisa Soares de Moura Costa Maria Coleta Ferreira Albino de Oliveira Maria Isabel Baltar da Rocha Simone Wajnman Sonia Onufer Corra Conselho Fiscal Cssio Maldonado Turra Flvio Henrique Miranda de Arajo Freire Stella Maria Barber da Silva Telles

Projeto Grfico da Coleo e Diagramao Trao Publicaes e Design Flvia Fbio Fabiana Grassano Assistente: Gabriel Villas Bas Camargo

Apoio UnFPA - Fundo de Populao das naes Unidas Allana Armitage - Representante Tas de Freitas Santos - Representante Auxiliar

Ficha catalogrfica: Maria Clia Carvalho Resende (UFMG)E82 Estudos sobre previdncia social no Brasil: diagnstico e propostas de reforma / org. por Moema Gonalves Bueno Fgoli; Bernardo Lanza Queiroz. Belo Horizonte: ABEP : UNFPA, 2008. 124 p. (Demografia em debate; v.1) ISBN 978-85-85543-20-4 1. Previdncia social - Brasil. 2. Brasil Populao. I. Fgoli, Moema Gonalves Bueno. II. Queiroz, Bernardo Lanza. III. ABEP. IV. UNFPA. V Srie. CDD 368.80981

Sumrio

Apresentao da coleo (ABEP) George Martine e Jos Eustquio Diniz Alves Apresentao da coleo (UNFPA) Tas de Freitas Santos Apresentao do volume Moema Gonalves Bueno Fgoli Bernardo Lanza Queiroz Impacto de diferentes estruturas etrias na cobertura previdenciria um estudo aplicado Carolina Portugal Gonalves da Motta Moema Gonalves Bueno Fgoli Laura L. R. Wong Anlise econmica e social da introduo do fator previdencirio na nova regra de clculo dos benefcios da previdncia social brasileira Patrcia Dias Ribeiro Moema Gonalves Bueno Fgoli Os salrios indiretos e o regime geral da previdncia social David Marcos Rocha da Silva Bernardo Lanza Queiroz Implantao do Sistema Universal de Previdncia Social no Brasil: uma anlise de custos Marcela Martins Dutra Moema Gonalves Bueno Fgoli Transio de um Regime de Repartio para um Regime de Capitalizao: avaliao de custos e de influncia de fatores demogrficos para seis estados brasileiros Dulce Benigna Dias Alvarenga Baptista Moema Gonalves Bueno Fgoli Sobre os autores

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Apresentao da coleo (ABEP)George Martine Jos Eustquio Diniz Alves

A ABEP est ampliando a sua linha editorial com o lanamento da coleo de e-books Demografia em Debate. Atualmente, a ABEP conta com a Revista Brasileira de Estudos de Populao (REBEP), de grande prestgio no meio acadmico, disponvel no SciELO e com boa avaliao no Qualis CAPES; a srie Demographicas; os Textos Didticos; os Anais dos Encontros bianuais; os Anais de Encontros de GTs; e o Informativo ABEP. A partir de agora, com a coleo de e-books Demografia em Debate, @s abepian@s e o pblico em geral tm acesso a uma nova srie, mais gil e dinmica, mas com a mesma qualidade das demais publicaes da ABEP. O termo e-book, uma abreviao das palavras eletronic book ou livro eletrnico, um livro como qualquer outro, com a diferena de estar, desde sua origem, no formato digital e no em papel, como no livro tradicional. um livro ecologicamente correto, uma vez que pode ser lido na tela do computador, ainda que, evidentemente, possa ser impresso, no todo ou em parte, a critrio do leitor. A principal vantagem do e-book a sua acessibilidade transterritorial. Como se encontra no formato digital, pode ser acessado via internet, em qualquer parte do mundo. Alm disso, o e-book tem baixo custo de produo, possibilitando que se multipliquem as iniciativas com um volume limitado de recursos, sem prejuzo da qualidade. Uma outra vantagem especfica desta coleo o fato de que ela estar disponvel sem nenhum custo para o leitor. Alm de fortalecer e dar agilidade sua linha editorial, os e-books ABEP possibilitaro um maior volume de publicaes em Demografia, seja sob a forma de coletneas temticas, livros resultantes de seminrios ou de autoria nica, seja em portugus ou em lngua estrangeira. Desta forma, abre-se um canal para a publicao acadmica e cientfica para todos os pesquisadores, incluindo os jovens demgrafos e cientistas sociais.

Apresentao da coleo (ABEP)

Martine, G. e Alves, J.E.D.

A ABEP tem sido pioneira no uso das tecnologias da informao para difundir idias e incentivar o debate e a participao entre os seus filiados, pesquisadores em geral e a mdia. As listas de discusso do GT Populao e Gnero, criada em 6/12/2000, e da Diretoria, denominada Populao e Pobreza, ou simplesmente P & P, criada em 6/5/2005, tm cumprido um papel importante de demografizar o debate pblico e ampliar o campo de atuao da Associao. Agora, com a coleo de e-books Demografia em Debate, esta experincia ser potencializada, contribuindo para o fortalecimento da pgina da Associao. Vrias organizaes oferecem bibliotecas especializadas sobre diferentes temas e esperamos que, em breve, a Demografia, atravs da ABEP, tambm possa oferecer uma variedade de livros que divulguem a nossa produo e reforcem a sua relevncia social. Os dois primeiros volumes tratam, respectivamente, da previdncia social e da sade sexual e reprodutiva, temas que ultrapassam as fronteiras da comunidade acadmica, uma vez que esto fortemente relacionados com as polticas pblicas. Gostaramos de fazer um agradecimento especial nossa secretria Paula Miranda-Ribeiro, que trouxe essa idia para a Diretoria da ABEP e batalhou pela sua implementao. Agradecemos, tambm, equipe da Trao Publicaes e Design, Fabiana Grassano e Flvia Fbio, responsveis pela identidade visual desta coleo, que souberam captar com maestria o esprito que queramos dar aos e-books; Ana Paula Pyl que, com disposio e sorrisos incansveis, viabiliza muitas das nossas idias, incluindo esta; e ao Fundo de Populao das naes Unidas UnFPA, cujo apoio financeiro permitiu deslanchar mais esta iniciativa. Por fim, convidamos todos @s abepian@s a ler e divulgar os e-books, bem como contribuir com esta coleo. Esperamos que, com ela, a Demografia permanea sempre em debate! George Martine e Jos Eustquio Diniz Alves presidente e vice-presidente da ABEP

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Apresentao da coleo (UNFPA)Tas de Freitas Santos (UNFPA)

Uma vasta gama de questes populacionais tem ocupado a agenda global, em especial aps a Conferncia Internacional sobre Populao e Desenvolvimento realizada no Cairo em 1994. De fato, questes como as inter-relaes entre populao, crescimento econmico e desenvolvimento sustentvel, distribuio espacial, urbanizao, migrao, mudanas na estrutura etria, igualdade de gnero e vrios outros temas, tudo visto sob a tica dos direitos humanos, tm estado sistematicamente presentes em diversos fora. Subsdios para intervenes apropriadas e eficazes, por meio de aes, programas e polticas tm sido garantidos com uma discusso persistente, em particular da comunidade acadmica. nessa rea, a ABEP tem desempenhado um papel extremamente proativo, seja via grupos de trabalho formalmente constitudos, seja por listas virtuais de discusso sobre populao e pobreza e sobre gnero, em seus encontros bianuais ou, ainda, por meio de sua linha editorial, com destaque para a Revista Brasileira de Estudos Populacionais (REBEP). A coleo de e-books Demografia em Debate representa mais uma forma de contribuir para as discusses tcnicas em diversas reas de conhecimento da Demografia, Sade, Sociologia, Cincia Poltica, Antropologia, Meio Ambiente e vrias outras. A proposta que este seja, tambm, um espao para a divulgao e compartilhamento de resultados de estudos e pesquisas de especialistas brasileiros, sendo, ainda, bem-vindas as contribuies de especialistas de outros pases. Um fato marcante desta coleo seu carter inovador na produo cientfica da Demografia brasileira. A otimizao do uso da tecnologia disponvel possibilita a universalizao do acesso ao livro, isenta de qualquer custo adicional e sem perda de qualidade. importante destacar que esse carter de inovao tem caracterizado o trabalho da ABEP ao longo de toda sua existncia. Lembre-

Apresentao da coleo (UNFPA)

Santos, T.F.

se, por exemplo, que a ABEP foi pioneira no Brasil no lanamento, em CD, dos Anais dos encontros da instituio. Parabenizamos a ABEP pela iniciativa, desejando que esta seja mais uma atividade multidisciplinar bem sucedida, que sirva para encorajar a publicao e o compartilhamento de artigos de pesquisadores e estudantes do Brasil e de outras partes do mundo. Tas de Freitas Santos Representante Auxiliar do Fundo de Populao das naes Unidas

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Apresentao do volumeMoema Gonalves Bueno Fgoli Bernardo Lanza Queiroz

Introduo nos ltimos anos, a discusso sobre o presente da previdncia social brasileira, e a prpria sobrevivncia do sistema, tomaram o centro das discusses acadmicas e dos gestores de polticas pblicas. nas ltimas dcadas, a expanso dos sistema previdencirio e o aumento da riqueza permitiu que cada vez mais as pessoas deixassem o mercado de trabalho em idades mais jovens. Entretanto, o crescimento da cobertura do sistema previdencirio, principalmente aps as regras estabelecidas na Constituio de 1988, e o rpido processo de envelhecimento populacional levaram, e ainda vo levar, a uma grande instabilidade fiscal do sistema no Brasil. Essa combinao de fatores ns leva a pensar sobre o futuro do sistema previdencirio no Brasil. Alm disso, devemos questionar se o pas estar pronto para uma populao cada ver maior de aposentados. no passado, a maior parte do apoio aos idosos era feito pelas famlia. Hoje em dia, a maior parcela do consumo dos idosos financiada pelos programas pblicos de previdncia social. Esses programas so muito importantes para reduzir a diferena de renda entre a populao aposentada e a populao em idade ativa e na reduo dos nveis de pobreza dos grupos etrios mais avanados. Em anos recentes a maioria dos sistemas de previdncia social ao redor do mundo, inclusive no Brasil, passaram a enfrentar grandes problemas de financiamento. De modo geral, os programas funcionam no sistema de Pay-As-You-Go (Paygo), tambm conhecido como repartio simples, ou seja, os benefcios correntes dos aposentados so pagos com base nas contribuies da populao em idade ativa de hoje. Dessa forma, o envelhecimento populacional faz com que a razo de suporte do sistema, relao entre os beneficirios e contribuintes, se reduza, afetando diretamente a sustentabilidade do programa. O Brasil um dos poucos pases do mundo que combinam um rpido envelhecimento populacional com grande sistema pblico de previdncia. O percentual da populao acima de

Apresentao do volume

Fgoli, M.G.B. e Queiroz, B.L.

65 anos de idade, segundo as naes Unidas, ser de 18% em 2050, comparado com cerca de 3% em 1970. A mudana na estrutura etria ir impor uma grande presso sobre o sistema pblico de seguridade social. nos anos 2000, os benefcios da previdncia social mais outras transferncias de renda para os idosos representaram cerca de 12% do PIB, e estimativas mostram que esse percentual tende a crescer rapidamente nos prximos anos. nos ltimos anos, foram abertos diversos fruns para o diagnstico e formulao de propostas de reforma para a Previdncia Social brasileira. Em 2007, o Frum nacional da Previdncia Social teve como finalidade promover o debate entre os representantes dos trabalhadores, dos aposentados e pensionistas, assim como dos empregadores e do Governo Federal, no que tange ao aprimoramento e equilbrio financeiro do Sistema. Tambm em 2007, o IPEA lanou o livro Previdncia no Brasil: debates, dilemas e escolhas, apresentando diversas vises sobre o futuro do Sistema de Seguridade Social brasileiro. A presente publicao, baseada em 5 trabalhos de concluso de cursos (mestrado e graduao) da Universidade Federal de Minas Gerais, tem como principal objetivo apresentar algumas discusses sobre possveis reformas para reduzir o dficit da Previdncia Social no Brasil e garantir o seu papel de redutor da desigualdade e da pobreza na sociedade. O primeiro trabalho analisa os diferenciais de cobertura previdenciria, dadas diferentes estruturas etrias. Apesar de vrios fatores poderem fazer com que a proporo de pessoas cobertas varie, os estudos, em geral, apontam apenas aqueles associados ao mercado de trabalho e pouco discutem a influncia dos fatores demogrficos. Mesmo que as taxas de filiao previdenciria, por idade, de duas populaes sejam iguais, as desigualdades nos fatores demogrficos, como mortalidade e estrutura etria, podem fazer com que sejam diferentes as percentagens da populao coberta. O trabalho tem por propsito verificar se os fatores demogrficos neste caso, atravs da estrutura etria pode influenciar a cobertura previdenciria por aposentadoria e mostrar de que maneira eles contribuem para que existam variaes nesta cobertura. Para essas anlises, foram escolhidos cinco estados brasileiros: Amazonas, Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. no Brasil, segundo dados da PnAD 2005, 38,2% da populao ocupada, entre as idades 16 e 59 anos, no contribui para o sistema atual de previdncia social (RGPS). A grande maioria desses trabalhadores, socialmente desprotegidos, pertence s classes sem carteira assinada, autnomos e domsticos, inseridos em atividades informais nos diversos setores da nossa economia. Assim, alm de futuramente no possurem a garantia de uma aposentadoria, geralmente esses trabalhadores informais pertencem a famlias de baixa renda, que tambm no tero condies de proverem o sustento do idoso. O ideal para um sistema de previdncia seria que possusse uma cobertura de

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Fgoli, M.G.B. e Queiroz, B.L.

Apresentao do volume

100% da populao, o que provavelmente s seria possvel em um sistema no-contributivo. Um sistema de previdncia que possui essa caracterstica o Universal, adotado em pases como a nova Zelndia, Bolvia. O sistema Universal garante uma renda mnima a todos os cidados a partir de uma determinada idade estipulada (geralmente 65 anos), e no-contributivo. no quarto trabalho, analisaram-se de implantao de um Sistema Universal de previdncia no Brasil e comparado com o custo do sistema atual de previdncia social (RGPS). na tentativa de reduzir seu dficit, a Previdncia Social alterou a frmula de clculo dos seus benefcios em 1998, introduzindo o fator previdencirio. Uma parte desse fator corresponde a uma taxa de juros que remunera as contas individuais. Esta taxa aumenta conforme a idade e o tempo de contribuio do segurado, funcionando assim, como um incentivo ao adiamento da aposentadoria. De acordo com Galuscak (2000), o individuo tende a no retardar sua aposentadoria quando a taxa de juros da economia alta. nesse contexto, o segundo trabalho discute se o aumento do benefcio dado pelo prmio embutido no fator previdencirio representa de fato um incentivo ao segurado para adiar a aposentadoria, tomando como base diferentes taxas de juros aplicadas no Brasil em 2000. Diante do atual momento de crise oramentria do sistema previdencirio social brasileiro, o terceiro trabalho discute alternativas para amenizar esta situao. A questo dos salrios indiretos uma opo a ser estudada mais a fundo e discutida, pois pode ser uma potencial fonte de receitas para a seguridade social. O estudo analisa o comportamento dos salrios indiretos no Brasil nos ltimos anos e o efeito do crescimento dos mesmos para a arrecadao da previdncia pblica atravs de uma anlise dos dados das pesquisas domiciliares realizadas recentemente. no ltimo trabalho, analisa-se o impacto da mudana de regime financeiro previdencirio, de repartio simples para o de capitalizao, em alguns estados brasileiros. O componente de capitalizao tido como um mecanismo para aliviar a restrio financeira que o sistema de repartio simples impe ao oramento fiscal. no entanto, transies desse tipo geram, no seu decorrer, grandes obrigaes fiscais, que devem ser pagas pelas geraes atuais e futuras de trabalhadores. Esses custos aumentam porque durante a transio de um regime de repartio para um regime de capitalizao h necessidade de uma parte ou at mesmo a totalidade do dbito implcito (constitudo pelos benefcios devidos queles que se aposentaram no regime de repartio e pela compensao das contribuies feitas por todos os que estavam economicamente ativos no perodo da reforma) da seguridade social seja tornado explcito e pago, sem que tenham sido pagas as contribuies daqueles que mudaram para o esquema de capitalizao. no trabalho, aplicado um modelo simplificado para estimar o dbito implcito da seguridade social do funcionalismo pblico da Bahia, Gois, Minas Gerais, Pernambuco, Paran e Rio de Janeiro, estados brasileiros onde as

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Apresentao do volume

Fgoli, M.G.B. e Queiroz, B.L.

reformas nos sistemas de previdncia de seus servidores incluram a transio de pelo menos parte de seus integrantes, de um regime de repartio para um regime de capitalizao. As estimativas do dbito implcito forma feitas pressupondo transio completa do regime de repartio para o regime de capitalizao. Tambm ser feita uma discusso sobre custos fiscais e uma anlise sobre a influncia dos fatores demogrficos no processo. Os trabalhos apresentados neste livro mostram a inquestionvel importncia da Previdncia Social no para o bem-estar da populao idosa brasileira. Os artigos em pauta tambm apontam que a necessidade de reformas clara e urgente. nesse sentido, diversas perguntas surgem, dentre elas, como deve ser feita a reforma, e como e quais geraes devem arcar com os custos da reforma.

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Impacto de diferentes estruturas etrias na cobertura previdenciria um estudo aplicadoCarolina Portugal Gonalves da Motta Moema Gonalves Bueno Fgoli Laura L. R. Wong 1 Introduo A previdncia social um importante mecanismo de proteo social, pois os segurados tm garantia de renda nas situaes em que esto impedidas de trabalhar, tais como invalidez, gravidez e nas idades mais avanadas. Esta segurana estendida aos seus dependentes, que ficam resguardados por penso no caso de morte do segurado. O sistema previdencirio brasileiro passou por diversas mudanas em sua existncia e, progressivamente, ampliou a populao coberta, ao estender os benefcios previdencirios para distintas categorias, sobretudo a partir de 1960 (Camarano, 2002). nesse sentido, a partir da Constituio Federal de 1988, foram estendidos os benefcios previdencirios populao idosa1 rural, e, mais recentemente, houve reduo nas alquotas de contribuio para algumas categorias de segurados para incentivar o aumento do percentual de contribuintes nestas categorias , dentre outras medidas. Em um pas repleto de desigualdades, como o Brasil, os benefcios2 previdencirios constituem-se, em muitos casos, a principal fonte de renda das famlias e um importante mecanismo de reduo de desigualdades de renda (Afonso e Fernandes, 2005). Estes benefcios, ao mesmo tempo em que so importantes na reduo da pobreza de uma parcela da populao brasileira, est distribudo de forma desigual. Assim, existe na literatura um esforo investigativo para mostrar, tanto no Brasil quanto no mundo, como a cobertura previdenciria3 varia segundo sexo, raa/cor, regies etc. (Beltro et al., 2002; MPS, 2001; MPS, 2005; OIT, 2005; Soares, 2003).1 O valor do beneficio foi ampliado e foi estendido s cnjugues dos aposentados rurais que no eram socialmente protegidas. 2 Dentre os benefcios previdencirios podem-se citar penses, aposentadorias, licena maternidade, etc. neste trabalho o foco so as aposentadorias. 3 A cobertura previdenciria pode se referir tanto aos segurados, aposentados e pensionistas. Apesar de na introduo ter-se referido a cobertura de uma forma geral, que englobou todas as categorias citadas, utilizou-se apenas, no trabalho, as informaes de aposentadorias.

Impacto de diferentes estruturas etria na cobertura previdenciria

Motta, C.P.G.; Fgoli, M.G.B. e Wong, L.L.R.

Os estudos que examinam as desigualdades na cobertura previdenciria dos paises desenvolvidos esto focados, sobretudo, na cobertura dos trabalhadores, nos quais se examina a cobertura de diferentes segmentos populacionais. Estes mostram que a cobertura feminina inferior masculina e apontam os fatores associados ao mercado de trabalho as formas de insero, por exemplo como causadores do diferencial nas coberturas (Copeland, 2005; Even & Macpherson, 2004; Morissette & Drolet, 2000; Roberts, Stafford & Ashworth, 2002; Shaw & Hill, 2002; Verma & Lichtenstein, 2003). Do mesmo modo, a variao na cobertura por raas tambm explicada pelo ponto de vista do mercado de trabalho (Chen, 2001; Honig, 2000; Roberts, Stafford & Ashworth, 2002; Rodriguez & Martinez, 2004; Verma & Lichtenstein, 2003). no caso dos latino-americanos residentes dos Estados Unidos, por exemplo, o tipo de insero e ocupao no mercado de trabalho tambm interfere na cobertura devido ao fato de uma grande parte destes serem migrantes, e, em geral, esto alocados em ocupaes de baixa cobertura previdenciria (Roberts, Stafford & Ashworth, 2002; Rodriguez & Martinez, 2004). A literatura brasileira acompanha a temtica da literatura internacional. Estes analisam, sobretudo, as variaes na cobertura previdenciria por raa/cor, escolaridade, ocupao, dentre outros fatores. Os estudos sobre variaes na cobertura previdenciria (MPS, 2001; MPS, 2005), no Brasil, em geral, so realizados com os dados das PnADs, a partir dos quais se analisa a cobertura de dois grandes subgrupos de caractersticas previdencirias especficas: grupo da populao de 16 a 59 anos no qual o segurado tpico so os contribuintes e a populao idosa de 60 anos ou mais no qual se concentram a maior parte dos aposentados. Entretanto, deve-se salientar que os dados de aposentadoria das PnADs e do Censo podem conter aposentados, pensionistas e beneficirios de programas da assistncia social, e, portanto, trabalhos que utilizam esses dados retratam o percentual de idosos socialmente protegidos sem discriminar os aposentados. A maior parte dos estudos trata, sobretudo, da cobertura da populao ocupada. Um dos motivos para que isso ocorra que reformas previdencirias que almejam o aumento da cobertura, em geral, tm como alvo elevar a proporo de contribuintes4. H estudos que mostram a existncia de diferenas entre a cobertura previdenciria da populao branca e da negra e, tambm, entre as de homens e de mulheres. Assim, observa-se que, apesar das taxas de participao no mercado de trabalho (formal e informal) de brancos e negros que corresponde ao agregado das raa/cor preta e parda no divergirem muito (Dieese, 2002; Paiva & Paiva, 2003), a cobertura previdenciria

4 Vide como exemplo o Plano Simplificado da Previdncia Social (PSPS), institudo a partir da Lei Complementar n. 123/2006.

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Motta, C.P.G.; Fgoli, M.G.B. e Wong, L.L.R.

Impacto de diferentes estruturas etria na cobertura previdenciria

menor para os negros, quando comparada das pessoas brancas do mesmo sexo (Paiva & Paiva, 2003; Sugahara et al, 2006). Do mesmo modo, a cobertura das mulheres comparativamente menor em relao aos homens (neri, 2003). So mltiplas as causas que podem estar associadas a essas variaes na cobertura, no somente as associadas s diferenas de insero no mercado de trabalho. Os fatores demogrficos mortalidade, estrutura etria e migrao tambm so elementos que podem vir a influenciar a cobertura previdenciria. Esses, no entanto, so pouco estudados na literatura. A proporo de aposentados na populao, de forma geral, eleva-se com a idade. Supondo-se duas populaes com o mesmo tamanho absoluto e com as mesmas taxas especficas de cobertura por aposentadoria, a que apresentar estrutura etria mais envelhecida, possivelmente, apresentar uma maior proporo de aposentados, pois, ter sua populao mais concentrada nas idades nas quais as taxas especficas de cobertura so mais elevadas. Assim, possivelmente, estruturas etrias mais envelhecidas contribuem para uma maior cobertura por aposentadoria. Ou seja, neste caso, um mesmo conjunto de taxas especficas de cobertura no garantiria que a proporo de aposentados na populao seja a mesma. Desta forma, e na medida em que a cobertura um importante mecanismo de reduo de desigualdades sociais, importante verificar se diferentes estruturas etrias podem influenciar nas coberturas e o quanto. Portanto, o foco deste trabalho verificar a influncia da estrutura etria nas variaes da cobertura previdenciria e mostrar de que maneira isso acontece. Mais precisamente, ser averiguado se variaes na estrutura etria influenciam as diferenas na cobertura previdenciria por aposentadoria. Uma vez que a variaes na estrutura etria e na cobertura ocorrem regionalmente ou em unidades territoriais menores, essas perguntas sero averiguadas, para os estados do Amazonas, Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, que foram escolhidos por apresentarem, dentre os de cada regio poltica do Brasil, maiores diferenas de estrutura etria, que sero mostradas a seguir. Sero examinadas as diferenas entre a cobertura dos homens e das mulheres em cada UF e as desigualdades de cobertura entre as UFs, a partir dos dados do Censo Demogrfico de 2000. A tcnica utilizada ser a Tcnica de Decomposio de Diferenas entre Taxas, conforme descrita em Preston (2001) e por Das Gupta (1993). Foi fixada como idade mnima das coberturas analisadas a idade de 65 anos, tanto para homens quanto para mulheres, por ser, aproximadamente, a idade mdia das aposentadorias em estoque (mantidas) no RGPS. A seguir ser realizada uma anlise descritiva de algumas das desigualdades (de cobertura e nos fatores demogrficos) existentes nos estados selecionados, que so essenciais para este artigo,

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Impacto de diferentes estruturas etria na cobertura previdenciria

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uma vez que, se essas (variaes na cobertura e na estrutura etria) no existissem, a estrutura etria no poderia influenciar as variaes na cobertura. Depois, far-se-, respectivamente, uma descrio dos dados e do mtodo utilizado e so mostrados os resultados e concluses obtidas. 2 Cobertura previdenciria por aposentadoria e estrutura etria dos Estados selecionados A cobertura previdenciria dos idosos por aposentadoria apresenta desigualdades entre os sexos e estados. Por exemplo, em 2003, os idosos socialmente protegidos que inclui os aposentados, pensionistas, beneficirios da assistncia social e os que contribuem para a Previdncia Social correspondiam a 87% dos homens e 78% das mulheres acima de 60 anos (MPS, 2005). no GRAF. 1, poder ser percebida a diferena entre as coberturas da populao de 65 anos ou mais dos estados, obtida com os dados do Censo Demogrfico de 2000. Tem-se que, por exemplo, no Amap, 63,5% das pessoas de 65 anos ou mais se declararam aposentadas. J no Piau este percentual foi de 86,5%. Apesar da pergunta do Censo referir-se apenas a aposentadorias, esses nmeros podem estar superestimados, uma vez que pode ter havido pensionistas e beneficirios de programas da assistncia social que se declararam aposentados de maneira equivocada e que, portanto, estariam includos naqueles dados.GRFICO 1 Proporo de aposentados de 65 anos ou mais, segundo UF, 2000 (%)

Fonte: IBGE Censo Demogrfico de 2000.

Como entre os Estados, a cobertura tambm varia entre os homens e as mulheres, de tal modo que a cobertura feminina , em geral, inferior masculina. Dentre outros, um dos fatores que pode ter contribudo para que ocorresse essa diferena de cobertura entre os sexos o modo de insero no mercado de trabalho, que segue padres distintos para homens e mulheres, pois, estas ltimas esto mais propensas a interromperem suas careiras para cuidar dos filhos, esto mais

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Impacto de diferentes estruturas etria na cobertura previdenciria

inseridas em empregos temporrios, mal remunerados e sem contribuio previdenciria (Beltro et al, 2002; MPS, 2001; Roberts, Stafford & Ashworth, 2002; Verma E Lichtenstein, 2003). A TAB. 1 mostra a proporo de aposentados total e por grupo etrio que correspondem as utilizadas no trabalho , da populao acima de 65 anos.TABELA 1 Proporo de aposentados na populao de 65 anos ou mais, total e por grupos etrios, segundo sexo, no Brasil e nas UFs selecionadas, 2000 (por cem)Grupos Etrios Homens 65-69 anos 70-74 anos 75-79 anos 80+ Mulheres 65-69 anos 70-74 anos 75-79 anos 80+Fonte: IBGE - Censo Demogrfico de 2000.

Brasil 84,20 75,70 87,81 90,33 90,93 66,25 61,20 66,86 69,58 71,51

AM 74,31 60,69 80,27 82,25 84,72 69,11 64,67 72,47 72,65 76,47

AL 80,91 69,73 83,57 86,21 89,16 74,74 69,13 78,40 79,50 79,77

RJ 82,75 75,56 86,30 88,23 89,83 52,49 50,28 53,77 54,34 54,11

RS 90,03 85,52 92,60 94,37 94,84 73,74 73,22 76,02 78,81 78,57

MT 72,14 56,99 81,26 82,74 83,31 67,24 60,75 69,83 77,52 78,71

Os dados da TAB. 1 podem estar influenciados pelos beneficirios dos programas da assistncia social e pelos pensionistas, principalmente, os femininos, j que a maior parte desses so mulheres (MPS, 2001). A anlise dos dados mostra que a proporo de aposentados diferenciada segundo grupo etrio, sexo e Estado e, em geral, eleva-se com a idade. Dentre os possveis fatores que podem ter causado as diferenas, provavelmente, esto: as mudanas ocorridas nas regras de aposentadoria na dcada de 905; a presena de pensionistas e beneficirios da assistncia social; a mortalidade distinta de aposentados e no aposentados; dentre outros. Esses fatores tambm podem ter feito com que a proporo de mulheres aposentadas fosse superior de homens, no grupo de 65 a 69 anos, no Amazonas e no Mato Grosso. Por fim, nota-se que a cobertura das mulheres aposentadas do Rio de Janeiro a menor dentre todos os Estados, o que confirmado por estudo que mostra que esta UF tem o menor percentual de cobertura feminina do Brasil (IBGE, 2004). H indcios de que isso possa se dever, principalmente, 5 A expectativa, na segunda metade da dcada de 1990, de que iriam ocorrer mudanas nas regras de concesso de aposentadorias, fez com que um contingente maior de pessoas solicitasse, ao mesmo tempo, esse benefcio, pois, foi gerado um receio de que as reformas alterassem os direitos adquiridos (Santos, 2006). Outras mudanas, decorrentes da CF de 1988, dentre elas, a universalizao dos benefcios rurais e a criao do RJU, tambm podem ter feito com que a proporo de aposentados aumentasse de maneira diferenciada de um grupo etrio para outro, e, entre os estados.

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baixa participao feminina na Populao Economicamente Ativa (PEA) desta UF, como mostrado pelos dados da PnAD de 1976 (Simes, Vianna & Oliveira, 1980). J a proporo de homens aposentados no Rio Grande do Sul a mais alta dentre os selecionados, sendo, a partir dos 70 anos, quase universal. Alm da proporo de aposentados sofrer variaes entre os estados brasileiros, a estrutura etria da populao brasileira vem se alterando ao longo das ltimas dcadas de forma diferenciada (BRITO et al, 2007) nos diferentes grupos populacionais e regies, de tal modo que h estados com estrutura etria mais envelhecida que convivem com outros com estruturas mais jovens. Essas mudanas contribuem de forma diferenciada entre estados para aumento no nmero absoluto e relativo da populao idosa, o que, por sua vez, pode implicar ampliaes diferenciadas na demanda por aposentadoria de cada estado. O GRAF. 2, mostra que as distribuies etrias das UFs selecionadas so diferentes.GRFICO 2 Pirmides etrias das UFs selecionadas, 2000

Fonte: IBGE - Censo Demogrfico de 2000.

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As pirmides etrias do GRAF. 2 mostram que cada estado possua uma estrutura etria especfica. Portanto, para que se possa averiguar se diferentes estruturas etrias contribuem para que haja coberturas previdencirias diferenciadas, foram escolhidos estados que tivessem populaes com distribuies distintas entre si e fosse um de cada regio. Assim, por exemplo, a populao do Amazonas e de Alagoas, com base relativamente mais larga, tpica de uma populao com estrutura etria mais jovem; a do Rio de Janeiro e a do Rio Grande do Sul relativamente envelhecida; e a do Mato Grosso intermediria em relao aos demais Estados. A fim de ilustrar melhor as diferenas populacionais dos Estados selecionados, a TAB. 2 mostra: a populao agregada em grandes grupos etrios, a idade mediana, as esperanas de vida ao nascer e aos 65 anos, segundo sexo, para o ano 2000.TABELA 2 Distribuio proporcional da populao agregada em grandes grupos etrios, idade mediana, esperana de vida ao nascer e aos 65 anos nas UFs selecionadas, segundo sexo, 2000AM Proporo da populao por grandes grupos etrios (por cem) Homens 50,29 0 a 14 anos 19,65 15 a 64 anos 29,06 65 anos ou mais 1,58 Mulheres 49,71 0 a 14 anos 19,21 15 a 64 anos 28,82 65 anos ou mais 1,68 Idade mediana (anos) Homens 25,3 Mulheres 25,3 Esperana de vida ao nascer (anos) Homens 66,6 Mulheres 72,6 Esperana de vida aos 65 anos (anos) Homens 15,1 Mulheres 17,2 AL 48,85 17,63 28,98 2,24 51,15 17,45 30,97 2,73 26,4 27,7 59,9 67,9 14,3 15,7 Estados RJ RS 49,03 13,27 32,81 2,95 50,97 12,79 33,93 4,25 32,8 34,4 69,5 77,0 15,2 18,9 MT 51,40 16,21 33,24 1,95 48,60 15,57 31,33 1,71 28,7 28,0 67,5 74,9 16,9 18,8

47,95 12,76 32,21 2,98 52,05 12,39 35,21 4,45 31,4 34,4 66,3 75,5 15,5 18,9

Fonte: IBGE - Censo Demogrfico de 2000; IBGE - Tabelas de Sobrevivncia (verso preliminar 2007).

Deve-se verificar, a partir da TAB. 2, que h diferenas entre os Estados, na idade mediana e na proporo de pessoas jovens (0 a 14 anos), em idade ativa (15 a 64 anos) e idosas (com 65 anos ou mais), de tal modo que os estados com estruturas etrias mais envelhecidas (RJ e RS) tem uma idade mediana mais alta e uma maior proporo de idosos na populao que os demais Estados, o que confirma os resultados do GRAF. 2. A esperana de vida exprime quantos anos que, em mdia, uma pessoa que nasceu em um determinado Estado ir viver e a esperana de vida aos 65 anos um indicativo de quantos anos, em mdia, o idoso dever viver aposentado. Ao nascer e aos 65 anos de idade, a esperana de vida das

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mulheres superior dos homens e tambm superior no RJ e no RS que nas demais UFs. Apesar de pequena, dentre os Estados, h diferena entre as esperanas de vida aos 65 anos um dos critrios de escolha dos Estados , de tal modo que, a maior esperana de vida aos 65 anos, para a populao masculina, a do Mato Grosso (MT), e, para a populao feminina, a do Rio Grande do Sul (RS). 3 Dados As informaes utilizadas neste trabalho so oriundas do processamento dos microdados do Censo Demogrfico 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). As variveis utilizadas, obtidas a partir do Censo so: idade, sexo, estado de residncia e se era ou no aposentado de instituto de previdncia oficial. Uma das maiores limitaes das informaes do Censo, para o trabalho, no apresentar os dados de aposentadoria desagregados para o RGPS e o RJU, uma vez que estes podem apresentar distribuies etrias especficas. no Censo de 2000, a pergunta sobre aposentadoria Em julho de 2000 era aposentado de instituto de previdncia oficial? foi respondida por todas as pessoas entrevistadas acima de 10 anos de idade, e, assim, consegue-se obter o nmero de aposentadorias mantidas pelos regimes oficiais de previdncia nesta data. Alm disso, estes dados tambm podem conter pensionistas e beneficirios de programas da assistncia social. Esta limitao pode ocasionar uma superestimao da cobertura por aposentadoria obtida com os dados do Censo, alm de no se conseguir saber, com exatido, qual a diferena entre a estrutura etria de cada regime previdencirio e entre os aposentados, pensionistas e beneficirios de programas da assistncia social. Em relao distribuio do nmero de aposentados dos regimes oficiais de previdncia, em 2001, o RJU possua 1.661.341 aposentados (Beltro, 2002) referentes aos inativos da Unio, estados e da maioria das capitais6 e o RGPS tinha 11.618.556 aposentadorias mantidas (AEPS, 2001), ou seja, este detinha, aproximadamente, 87,5% do total de aposentadorias daquele ano. 4 Metodologia A cobertura previdenciria que a analisada neste trabalho a proporo de aposentados na populao. Ela pode ser obtida somando-se os resultados encontrados ao se multiplicar a taxa especfica de cobertura pela proporo de pessoas do mesmo grupo etrio. Ou seja, para a populao acima de 65 anos a cobertura ser igual :

6 no h informaes sobre Boa Vista/RR, Manaus/AM, Rio Branco/AC e Rio de Janeiro/RJ (Beltro, 2002).

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(1)

Onde: taxa especfica de cobertura de aposentadorias para idades entre x e x+n, no ano t;

- proporo de pessoas com idade entre x e x+n na populao total de idade entre 65 e w, no ano t. A partir da eq. (1), verifica-se que a cobertura depende de dois componentes bsicos: da estrutura etria da populao e das taxa especficas de cobertura. Portanto, a cobertura previdenciria por aposentadoria depende desses dois fatores, que variam de um Estado para o outro, conforme mencionado anteriormente. A tcnica de decomposio que aqui ser empregada, primeiramente, foi desenvolvida por Kitagawa (1955). O propsito desta tcnica consiste em encontrar a contribuio aditiva do efeito de fatores, tanto de composio quanto de taxa, para a diferena entre as taxas globais de duas ou mais populaes. Ou seja, no caso deste trabalho, dada duas populaes, A e B, a diferena entre as coberturas previdencirias por aposentadoria destas duas populaes ser desagregada para mostrar quanto dessa diferena se deve s desigualdades de estrutura etria e de taxas especficas de cobertura. As tcnicas de decomposio de taxas e de padronizao so estritamente ligadas, e, o no reconhecimento desta ligao pode resultar na seleo arbitrria de populaes como padro, o que produziria resultados inconsistentes na decomposio das taxas (Das Gupta, 1993). Assim, como exemplifica Das Gupta (1993), quando se compara as taxas brutas de natalidade de um determinado pas para os anos de 1940 e 1988, tem-se que estas eram respectivamente 19,435 e 15,899, o que mostra um declnio de 3,536 ao longo do tempo (efeito total7). Caso, por exemplo, a estrutura etria por sexo de 1940 fosse utilizada como padro, as taxas de natalidade ajustadas pela estrutura etria em 1940 e 1988 seriam, respectivamente, 19,435 e 16,485, e, a diferena de 2,95 seria interpretada como sendo o efeito da diferena entre as taxas especficas de natalidade por idade e sexo (efeito taxa). Se esta interpretao estivesse correta, pela mesma lgica, as taxas especficas de natalidade por idade

7 O efeito total uma combinao dos efeitos de mudanas, neste exemplo, tanto das taxas especficas de natalidade por idade e sexo quanto da estrutura etria por sexo.

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e sexo de 1940 poderiam ser usadas como padro e as taxas brutas de natalidade encontradas para 1940 e 1988 seriam, respectivamente, 19,435 e 18,815 e, a diferena entre as taxas padronizadas, que igual a 0,62, deveria ser interpretada como o efeito das mudanas na estrutura etria por sexo (efeito composio). Entretanto, o efeito total (3,536) a soma dos efeitos taxa e composio (3,57), que deveriam ser iguais, apresentam valores distintos. A diferena entre esses efeitos totais foi devida interao existente entre os fatores que compem a taxa bruta de natalidade. Desse modo, a utilizao da populao de 1940 como padro produziu taxas padronizadas incorretas, e, da mesma forma, valores incorretos para os efeitos taxa e composio. Portanto, neste trabalho, para que a tcnica de padronizao produza taxas corretas, devero ser includos na anlise os efeitos de interao, e, para o caso de duas populaes8, as taxas devem ser padronizadas pela mdia dos fatores para que o efeito interao esteja distribudo entre os demais efeitos e sejam gerados resultados consistentes. Para mais de duas populaes, como o caso da comparao das coberturas dos cinco Estados selecionados, o clculo das mdias entre cada duas populaes, por si s, no suficiente para eliminar os problemas metodolgicos, pois ele gera diferentes taxas padronizadas enquanto seria importante que se obtivesse uma nica taxa padronizada por cada fator e populao, na presena das demais. Para se obter esta taxa nica, Das Gupta (1993) aperfeioou a tcnica de decomposio de modo a permitir a utilizao de: quaisquer nmeros de fatores e populaes, vrias relaes funcionais entre os fatores e a taxa total, e, taxas advindas de dados de diversos perodos de tempo. Esta verso aprimorada da tcnica de decomposio a que ser utilizada para comparar as coberturas entre os Estados e ser mais bem desenvolvida na prxima seo. Apesar das tcnicas de padronizao e decomposio de taxas serem estritamente ligadas, e, de se ter que calcular as taxas padronizadas para se realizar a decomposio, a tcnica de principal interesse deste captulo a de decomposio de taxas. Isto se deve ao fato de que a padronizao consiste na utilizao de medidas sintticas como a estrutura etria mdia de duas populaes para controlar ou isolar o efeito de determinadas caractersticas que estejam afetando a comparao do nvel de uma taxa bruta de populaes distintas (Carvalho, Sawyer &nascimento, 1994), enquanto, a decomposio consiste, justamente, no clculo do efeito que cada fator (caracterstica) exerce nas diferenas entre as taxas globais que a inteno deste exerccio.

8 no caso da comparao das diferenas entre as coberturas das mulheres e dos homens.

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Portanto, neste trabalho, a tcnica de decomposio ser empregada de duas maneiras. na primeira, sero comparados duas populaes (masculina e feminina) e dois fatores (estrutura etria e taxas especficas de cobertura). na segunda, sero cinco populaes (AM, AL, RJ, RS e MT) e os mesmos dois fatores, a partir da qual se averiguar a contribuio destes fatores na diferena entre as coberturas das UFs, para cada sexo. 4.1 Decomposio da diferena entre a cobertura das mulheres e dos homens em cada Estado A tcnica de decomposio descrita nesta seo foi extrada de Preston (2001). O objetivo saber o quanto da desigualdade existente na cobertura previdenciria entre mulheres e homens se deve estrutura etria e s taxas especficas de cobertura. Isso ser averiguado para a populao de 65 anos ou mais de cada UF selecionada. A diferena entre as coberturas femininas e masculinas de cada UF pode ser decomposta segundo a estrutura etria e as taxas de cobertura por grupo etrio, de tal modo que, (2) Onde: - Diferena total entre as coberturas previdencirias das mulheres e homens de cada UF; C Composio etria da cobertura previdenciria do sexo feminino (f ) e masculino (m); a Taxas de cobertura especficas por idade e sexo. Os somatrios da eq. (2) so manipulados de tal forma que tem-se: (3) Onde: - a contribuio da diferena entre as distribuies etrias femininas e masculinas para a diferena entre coberturas, ou seja, o efeito composio; - a contribuio da diferena entre as taxas especficas de cobertura femininas e masculinas para a diferena entre as coberturas previdencirias, ou seja, o efeito taxa. A partir da eq. (3) obtm-se, para cada Estado, a contribuio da distribuio etria (efeito composio) e das taxas especficas de cobertura (efeito taxa) para a diferena que existe entre as coberturas feminina e masculina. A soma dos dois efeitos, que corresponde ao resultado da eq. (3),

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consiste no efeito total. Portanto, a partir de cada elemento da eq. (3), ser verificado o quanto cada fator contribui para a diferena observada entre as coberturas dos idosos por aposentadoria de cada sexo em 2000. 4.2 Decomposio da diferena entre as coberturas das UFs selecionadas nesta seo, a tcnica de decomposio descrita para os mesmos dois fatores, mas para cinco populaes que so as UFs selecionadas: Amazonas, Alagoas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. A decomposio ser feita para cada sexo, pois as coberturas variam tanto entre sexos como entre UFs. Assim, nesta segunda decomposio, o que se deseja verificar a contribuio da estrutura etria e das taxas especficas de cobertura na desigualdade entre as coberturas dos Estados, para ambos os sexos. De acordo com a metodologia de Das Gupta (1993), quando se compara mais de duas populaes como nesta seo a tcnica desenvolve-se em duas etapas distintas. na primeira etapa, para cada dois Estados (x e y), obtm-se as taxas padronizadas ( x.y) por cada fator e, tambm, calcula-se as diferenas ( xy) entre as taxas padronizadas por todos os fatores, exceto . Os resultados referentes a estas taxas encontram-se em anexo. no entanto, os resultados obtidos no so consistentes internamente, pois como pode ser observado na TAB. 2A e na TAB. 3A do Anexo , h mais de uma taxa padronizada para cada populao e fator. Isso ocorre porque as taxas padronizadas no consideram a existncia de todas as outras populaes alm daquela em relao qual est sendo padronizada. Portanto, necessrio obter uma nica taxa padronizada por fator e populao que leve em conta a presena das demais populaes. Com esse objetivo, Das Gupta (1993) desenvolve uma segunda etapa da tcnica na qual se utilizam as taxas e as diferenas entre elas ambas descritas nos pargrafos anteriores e mostradas na Tabela 2A e na Tabela 3A do Anexo. nesta segunda etapa que se elimina o efeito interao e os problemas decorrentes de inconsistncia interna, alm de se encontrar a partir de uma srie de clculos uma nica populao padronizada por um determinado fator para cada Estado, e, efeitos aditivos de fatores que no apresentem o problema descrito no pargrafo anterior. Para cinco populaes (Estados) como o caso do presente trabalho , tanto a taxa padronizada da populao x pelo fator 9, quanto o efeito de controlado por todos os outros fatores, exceto por para a diferena entre as coberturas das populaes x e

9 O fator , neste trabalho, corresponde estrutura etria ou s taxas especficas de cobertura.

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y na presena das demais populaes, so obtidos a partir das seguintes equaes, retiradas de Das Gupta (1993):

(4)

(5) Onde, i.j sero as taxas padronizadas da populao i quando comparada com j; ij a diferena (efeito) entre as taxas padronizadas da populao j-i que devido ao fator . A partir da eq. (4) obtm-se a taxa padronizada da populao x na presena de y, w, z e v. A eq. (5) calcula a diferena entre a cobertura de x e y que se deve ao fator , na presena das trs outras populaes (w,z,v). Os dados usados nessas duas equaes esto relacionados nas Tabelas 15A e 16A do Anexo. Deve-se ressaltar que, na tcnica de decomposio, a contribuio de um dos fatores (estrutura etria ou taxa especfica de cobertura) para a diferena entre as coberturas, pode exceder 100%. Isto ocorre quando os dois fatores operam em diferentes direes e no h razo para que se espere que ambos atuem em um mesmo sentido (Preston, 2001). Apesar de este trabalho avaliar a contribuio da estrutura etria e das taxas especficas de cobertura na cobertura previdenciria, ambas podem tambm se diferenciar segundo outros fatores que no foram objeto de anlise, como, por raa/cor, local de moradia, etc. Por exemplo, pode ser que exista diferena de cobertura entre as populaes femininas de cor branca e negra e que esta seja devida s desigualdades de estrutura etria ou de taxas especficas. Portanto, outros estudos podero vir a verificar a influncia da estrutura etria, desagregada segundo esses fatores, na variao da cobertura. 5 RESULTADOS 5.1 Influncia da estrutura etria na diferena entre a cobertura das mulheres e dos homens na TAB. 3, poder ser observado o quanto da diferena entre a cobertura previdenciria de mulheres e homens, de 65 anos ou mais, em 2000, decorria das diferenas de estrutura etrias e das taxas especficas de cobertura.

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TABELA 3 Decomposio da diferena entre as coberturas por aposentadoria da populao feminina e da masculina de 65 anos ou mais, em 2000, para cada UFEm porcentagem

Decomposio Diferena entre as coberturas feminina e masculina (1) + (2) (1) Contrib. da diferena entre as distribuies etrias (2) Contrib. da diferena entre as taxas especficas de cobertura Proporo da diferena devido (1) Proporo da diferena devido (2)Fonte dos Dados Bsicos: IBGE - Censo Demogrfico de 2000.

AM -5,20 0,09 -5,29 -1,80 101,80

AL -6,18 -0,08 -6,09 1,37 98,63

RJ -30,25 0,35 -30,60 -1,15 101,15

RS -16,30 0,38 -16,68 -2,35 102,35

MT -4,90 0,00 -4,90 -0,04 100,04

A diferena entre as coberturas previdencirias da populao feminina e masculina de 65 anos ou mais mostrada na primeira linha da tabela acima indica que a cobertura feminina menor que a masculina em todas as UFs. Entre os Estados selecionados, a maior contribuio das desigualdades de estrutura etria entre os sexos (segunda linha) ocorreu no RS, seguido pelo RJ. Deste modo, nestes Estados que a diferena da estrutura etria das mulheres e dos homens maior. Alm disso, o RJ apresentou a maior diferena total entre as coberturas feminina e masculina. A distino entre as coberturas deve-se, sobretudo, desigualdade entre as taxas especficas de cobertura, pois explica pelo menos 98% das diferenas. no AM, RJ, RS e MT os efeitos taxa e composio mostrados na segunda e terceira linha da TAB. 3 apresentam direes contrrias. nestes Estados, a estrutura etria feminina mais envelhecida contribui positivamente para a cobertura destas, o que reduz as discrepncias da cobertura entre os sexos. Assim, caso no houvesse desigualdades de estrutura etria entre os sexos, a cobertura feminina seria ainda menor que a observada e a disparidade entre os sexos, maior. Alagoas o nico em que ambos os efeitos tem a mesma direo (negativa). neste caso, tanto as diferenas de estrutura etria quanto de taxas especficas de cobertura contribuem para que a cobertura feminina seja inferior masculina. 5.2 Influncia da estrutura etria na diferena entre a cobertura dos Estados selecionados A TAB. 4 mostrar as coberturas previdencirias calculadas expostas no captulo 4 e tambm as padronizadas por cada fator das UFs selecionadas, que consideram a presena dos demais Estados resultados da eq. (4). A TAB. 5 ir apresentar a contribuio das diferenas de estrutura etria e de taxas especficas de cobertura entre cada dois Estados, na presena dos demais resultados obtidos atravs da eq. (5).

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TABELA 4 Cobertura da populao acima de 65 anos por aposentadoria, obtida a partir do Censo de 2000, e coberturas padronizadas pela estrutura etria e taxas especficas de cobertura, por sexo, 2000Em porcentagem

Taxas de Cobertura Homens Cobertura observada em 2000 Padronizada pela taxa especfica de cobertura Padronizada pela estrutura etria Mulheres Cobertura observada em 2000 Padronizada pela taxa especfica de cobertura Padronizada pela estrutura etriaFonte: IBGE - Censo Demogrfico de 2000.

AM 74,31 80,00 74,35 69,11 67,44 69,27

AL 80,91 80,78 80,18 74,74 67,70 74,64

RJ 82,75 79,97 82,82 52,49 67,71 52,38

RS 90,03 79,90 90,18 73,74 67,74 73,60

MT 72,14 79,53 72,65 67,24 67,08 67,77

importante notar que, independentemente do sexo, se as taxas especficas de cobertura fossem as mesmas, as diferenas entre as coberturas por aposentadoria seriam mnimas conforme mostrado na segunda linha de resultados da TAB. 4. Por outro lado, se a estrutura etria que fosse a mesma, para ambos os sexos, as coberturas seriam mais desiguais (resultados da terceira linha). na populao masculina, a padronizao pela distribuio etria gerou, exceto em AL que apresenta a distribuio etria mais envelhecida, para a populao acima de 65 anos (vide Tabela 1A no Anexo) , aumento da cobertura previdenciria. J na padronizao pela taxa de cobertura, o aumento da cobertura s foi observado no AM e MT. A partir da TAB. 4, pode-se observar que, na populao feminina, a padronizao pelas taxas especficas de cobertura da populao, na presena das demais UFs, s elevou a cobertura no Rio de Janeiro no qual a cobertura era a mais baixa , e, a padronizao pela estrutura etria ampliou a cobertura apenas no AM e no MT. Os Estados do AM, MT e RJ tiveram as menores coberturas femininas observadas naquele ano, o que fez com que a utilizao de taxas (no caso de AM e MT) ou estruturas etrias (no caso do RJ) padronizadas favorecesse o aumento da proporo de pessoas cobertas com idade superior 65 anos. Dos resultados que so apresentados na TAB. 5 para exemplificar o que representa cada coluna tem-se, que 11,75% quarto valor na primeira coluna de resultados da diferena existente entre as coberturas da populao masculina de Alagoas e do Amazonas (AL-AM), na presena das demais populaes, deve-se diferena das estruturas etrias dos dois Estados, e, 88,25% quinto valor da mesma coluna se deve diferena nas taxas especficas de cobertura das duas UFs. A diferena total entre a cobertura de Alagoas e Amazonas de 6,61 (primeiro valor da coluna). Deste valor, 0,78 a contribuio das diferenas entre estruturas etrias e os 5,83 restantes so devidos s diferenas nas taxas especficas de cobertura.

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Em relao s diferenas entre as coberturas dos Estados, perceber-se- que o fator que mais contribui a desigualdade entre as taxas especficas de cobertura, tanto para os homens quanto para as mulheres. Ela responsvel, pelo menos, por 75% das diferenas, e contribui, em alguns casos, para mais de 100% da desigualdade entre a cobertura de dois Estados. na populao masculina, ambos os fatores contribuem na mesma direo (positiva) para a diferena entre as taxas padronizadas de AL e AM, na presena das demais UFs. O mesmo ocorre, na populao feminina, entre AL e AM, RS e AM, e, RS e RJ. Isto significa que, nestas comparaes, tanto as diferenas de estrutura etria quanto das taxas especficas de cobertura contribuem positivamente para que a cobertura da primeira UF seja superior da segunda com a qual est sendo comparada, na presena das demais. Ocorre tambm contribuio dos fatores na mesma direo (negativa) nas comparaes da populao masculina entre MT e AM, MT e AL, MT e RJ, MT e RS e na populao feminina entre MT e AL, e, MT e RS. O sinal negativo mostra que ambos os fatores (estrutura etria e taxas especficas de cobertura) contribuem para que a cobertura do primeiro Estado seja menor que a do segundo.TABELA 5 Decomposio da diferena entre as coberturas por aposentadoria da populao acima de 65 anos das UFs, por sexo, 2000Em porcentagem

Decomposio Homens Diferena entre as coberturas das UFs (1) + (2) (1) Contrib. da diferena entre as distribuies etrias (2) Contrib. da diferena entre as taxas especficas de cobertura % da diferena devido (1) %da diferena devido (2) Mulheres Diferena entre as coberturas das UFs (1) + (2) (1) Contrib. da diferena entre as distribuies etrias (2) Contrib. da diferena entre as taxas especficas de cobertura % da diferena devido (1) %da diferena devido (2)

(AL AM) (RJ - AM) (RS - AM) (MT - AM) (RJ - AL) (RS - AL) (MT - AL) (RS - RJ) (MT - RJ) (MT - RS)

6,61 0,78 5,83 11,75 88,25

8,44 -0,03 8,47 -0,36 100,36

15,73 -0,10 15,83 -0,64 100,64

-2,17 -0,47 -1,70 21,57 78,43

1,83 -0,81 2,64 -44,07 144,07

9,12 -0,88 9,99 -9,62 109,62

-8,77 -1,24 -7,53 14,17 85,83

7,29 -0,07 7,36 -0,96 100,96

-10,61 -0,44 -10,17 4,12 95,88

-17,89 -0,37 -17,52 2,05 97,95

5,63 0,26 5,37 4,67 95,33

-16,62 0,27 -16,89 -1,65 101,65

4,63 0,30 4,33 6,48 93,52

-1,87 -0,36 -1,51 19,29 80,71

-22,25 0,01 -22,26 -0,05 100,05

-1,00 0,04 -1,04 -3,68 103,68

-7,50 -0,62 -6,88 8,31 91,69

21,25 0,03 21,22 0,12 99,88

14,75 -0,63 15,38 -4,30 104,30

-6,50 -0,66 -5,84 10,16 89,84

Fonte: IBGE - Censo Demogrfico de 2000.

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Impacto de diferentes estruturas etria na cobertura previdenciria

Alm das comparaes que ambos os fatores contribuem no mesmo sentido h outras em que a contribuio da diferena de cada fator apresenta sinais opostos, tal como, nas populaes masculinas, entre RJ e AM, RS e AM, RJ e AL, RS e AL, para as quais, a contribuio das diferenas de estrutura tem sinal negativo e das taxas especficas de cobertura, positivo. As estruturas etrias da populao masculina do AM e AL de 65 anos ou mais so mais envelhecidas que as do RS e RJ, o que gera o sinal negativo do efeito da composio. Isto tambm ocorre entre a populao masculina do RS e RJ e entre a populao feminina do MT e RJ, sendo que a distribuio etria da populao masculina do RS, e, a da populao feminina do MT, so mais jovens do que, respectivamente, a dos homens, e, a das mulheres do RJ. nessas comparaes10, as diferenas das taxas especficas de cobertura contribuem para que a cobertura dos primeiros Estados sejam superiores dos segundos e as diferenas de estrutura etria reduzem essas desigualdades, ou seja, se no existissem diferenas de estrutura etria, tanto a cobertura das primeiras UFs relacionadas em cada comparao quanto s diferenas entre as coberturas dos Estados, seriam ainda maiores que as observadas. J nas comparaes da populao feminina entre os Estados do RJ e AM, RJ e AL, RS e AL, as direes tambm so opostas entre os efeitos, s que, neste caso, as diferenas de estrutura etria apresentam sinal positivo e o das taxas especficas de cobertura, negativo. O significado oposto ao descrito no pargrafo anterior: aqui, enquanto as diferenas de distribuio etria contribuem para que a cobertura do primeiro seja superior do segundo, as desigualdades das taxas especficas de cobertura colaboram para que a cobertura do primeiro seja inferior do segundo. De fato, como as diferenas nas taxas especficas de cobertura so muito mais representativas do que as de estrutura etria, as diferenas de estrutura etria reduzem as diferenas entre as coberturas previdencirias. Deste modo, se no existisse desigualdades de distribuio etria, a cobertura das primeiras UFs (neste caso, RJ e RS) seriam ainda menores que as observadas em 2000. Deve-se notar, tambm, que as diferenas de estrutura etria so maiores nas comparaes da populao masculina do que nas da feminina. Assim, em geral, as mulheres apresentam estruturas etrias mais semelhantes, entre os Estados, do que os homens. A ausncia de diferenas de estrutura etria, como pde ser visto na TAB. 4, fez com que a cobertura de Alagoas que apresenta a distribuio etria mais envelhecida da populao de 65 anos ou mais diminua, tanto na populao masculina quanto na feminina. Desta maneira, temse que uma estrutura etria mais envelhecida auxilia a cobertura a ser mais alta, o que confirma

10 As comparaes, para a populao masculina, so entre RJ e AM, RS e AM, RJ e AL, RS e AL, RS e RJ. O primeiro Estado relacionado, em cada comparao, RJ e RS, e, o segundo, AM, AL e, na ltima, RJ. J para a populao feminina, a comparao a qual se refere entre MT e RJ, na qual o primeiro Estado o MT e o segundo o RJ.

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a hiptese levantada na introduo. Isso j era esperado, uma vez que a proporo de pessoas cobertas por aposentadoria, conforme foi mostrado anteriormente, amplia-se com aumento da idade analisada. Com isso, apesar do maior peso nos diferenciais de cobertura se dever s diferenas nas taxas especficas, a estrutura etria tambm auxilia na existncia de diferenciais, de forma que, quanto maior for a diferena entre as estruturas etrias dos Estados comparados maior poder ser sua influncia. 6 DISCUSSO Os resultados obtidos mostram que tanto as taxas especficas de cobertura quanto a estrutura etria podem influenciar na variao da proporo de aposentados da populao. Assim, estruturas etrias mais envelhecidas como no caso das mulheres, quando sua cobertura foi comparada a dos homens contribuem para que a cobertura previdenciria seja mais elevada, e, o efeito da composio etria nas diferenas de cobertura dever ser maior quanto mais diferente forem as estruturas etrias das populaes comparadas. Alm disso, caso a tendncia de envelhecimento da estrutura etria, citada por Wong & Carvalho (2006), seja acompanhada pela manuteno ou crescimento das desigualdades entre as distribuies etrias, espera-se que este fator, cada vez mais, contribua para a diferena entre as coberturas. Entretanto, na simulao realizada, as diferenas de estrutura etria so responsveis por, no mximo, 22% da desigualdade entre coberturas previdencirias dos estados, ou seja, as diferentes taxas especficas de cobertura so as maiores responsveis pela variao da proporo de aposentados de cada UF. Isso tambm ocorreu nas comparaes da cobertura da populao feminina e masculina de cada Estado. As direes opostas entre os efeitos que foram encontradas em alguns casos mostram que as diferenas nas taxas especficas de cobertura e nas estruturas etrias contribuem em direes contrarias: enquanto um fator aumenta a desigualdade entre as coberturas o outro atua reduzindo-a. Assim, por exemplo, se no existissem diferenas de estrutura etria entre a populao feminina e a masculina, a proporo de aposentadas na populao feminina que, em geral, tem distribuio etria mais envelhecida que a dos homens poderiam ser ainda menores que as observadas. Portanto, este trabalho mostrou que, alm dos fatores associados ao mercado de trabalho apontados pela literatura como principais causadores de variao na cobertura , que atuam diretamente e indiretamente nas taxas especficas de cobertura, os fatores demogrficos (neste caso, a estrutura etria) tambm influenciam a cobertura previdenciria e pode fazer com que a proporo de aposentados varie. Este um resultado importante para os formuladores de polticas

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pblicas, pois, os fatores demogrficos a mortalidade e a estrutura etria diferem entre os Estados e entre os sexos e podem contribuir para que existam distintas coberturas previdencirias. Assim, mesmo que, por exemplo, as taxas especficas de cobertura dos Estados sejam iguais, a proporo de pessoas cobertas por aposentadoria no necessariamente a mesma, em virtude de desigualdades nos fatores demogrficos. 7 Referncias bibliograficas AFOnSO, L.E., FERnAnDES, R., Uma estimativa dos aspectos distributivos da previdncia social do Brasil. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Economia, v. 49, n. 3, jul/set 2005. Disponvel em: Acesso em: 30 mai. 2006. BELTRAO, K.I. O que Seguridade Social? 2002. Disponvel em: . Acesso em: 08 dez.2006. BELTRAO, K.I. nOVELLInO, M.S., OLIVEIRA, F.E.B., MEDICI, A.C. Mulher e a Previdencia Social: o Brasil e o Mundo. Rio de Janeiro: Texto para Discusso, n. 867, IPEA. Maro de 2002. BRITO, F. CARVALHO, J.A.M., BAEnInGER, R., TURRA, C.M., QUEIROZ, B.L. A Transio Demogrfica e as Polticas Pblicas no Brasil: Crescimento Demografico, Transio da Estrutura Etaria e Migraes Internacionais. Belo Horizonte: Sumrio Executivo, Maro, 2007. Disponvel em: < http://portalexame. abril.com.br/static/aberto/complementos/896/SUMARIO_EXECUTIVO.doc>. Acesso em: 10/08/2007. CAMARAnO, A.A. PASInATO, M.T. Envelhecimento, Condies de Vida e Politicas Previdencirias. Como ficam as mulheres? In: Anais do XIII Encontro da Associao Brasileira de Estudos Populacionais. Ouro Preto: 4-8 nov. 2002. Disponivel em:< www.abep.nepo.unicamp.br/docs/anais/pdf/2002/GT_ TRB_ST10_Camarano_texto.pdf >. Acesso em 10 ago. 2007. CARVALHO, J.A.M., SAWYER, D.T.O., RODRIGUES, R.n. Introduo a Alguns Conceitos Bsicos e Medidas em Demografia. So Paulo: 2. ed., ABEP, 1994. CHEn, Y.P. Employee Preferences as a Factor in Participation by Minority Workers. Boston: University of Massachusetts Boston , fev. 2001. Disponivel em: Acesso em 20 ago. 2007. COPELAnD, C. Employment-Based Retirement Plan Participation: Geographic Differences and Trends, 2004. Employment Benefit Research Institute, Issue Brief n. 286. Out. 2005. Disponivel em: . Acesso em 10 ago. 2007 DAS GUPTA, P. A General Method of Decomposing a Difference Between Two Rates into Several Components. Demography, n. 15, v.1 (1978), p. 99-109. In: UnITED nATIOnS POPULATIOn FUnD. Readings in Population Research Metodology. Illinois: v. 1, Basic Tools, 1993. DAS GUPTA, P. Standardization and Decomposition of Rates: a Users Manual. Washington: Current Population Reports, Series P23-186, U.S. Bureau of Census, U.S. Government Printing Office, 1993.

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WOnG, L.L.R., CARVALHO, J.A.M. O Rpido Processo de Envelhecimento Populacional do Brasil: Srios Desafios para as Politicas Pblicas. So Paulo: Revista Brasileira de Estudos Populacionais, v. 23, n. 1, p. 5-26, jan/jun, 2006. 8 AnexosTABELA 1A Idade mdia da populao acima de 65 anos de idade nas UFs selecionadas, segundo sexo, 2000UFs Amazonas Alagoas Rio de Janeiro Rio Grande do Sul Mato GrossoFonte: IBGE Censo Demogrfico de 2000.

Idade Mdia (anos) Homens 73,21 74,06 73,04 73,01 72,93 Mulheres 73,81 74,18 73,94 73,95 73,26

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Demografia em Debate v.1

TABELA 2A Coberturas obtidas a partir do Censo e taxas padronizadas pelas taxas especficas de cobertura e pelas estruturas etrias da populao masculina acima de 65 anos, por UF selecionada, 2000Taxas Padronizadas RJ AM 78,50 82,77 82,75 74,28 74,31 8,48 8,44 90,07 90,03 74,22 74,31 15,86 15,73 72,42 72,14 74,07 74,31 -1,65 -2,17 83,07 82,75 78,55 -0,04 82,08 82,21 -0,13 72,99 73,50 -0,51 81,40 82,15 80,49 80,91 Diferena entre (RJ-AM) Taxas Padronizadas RS AM Diferena entre (RS-AM) Taxas Diferena Taxas Diferena Padronizadas entre Padronizadas entre MT AM (MT-AM) RJ AL (RJ-AL) -0,75 2,58 1,83

Taxas padronizadas 77,21 74,77 74,31 5,74 6,61 0,86

Taxas Diferena Padronizadas entre AL AM (AL-AM)

Demografia em Debate v.1

Motta, C.P.G.; Fgoli, M.G.B. e Wong, L.L.R.

Pela taxa especfica de cobertura Pela estrutura etria Cobertura Censo

78,08

80,52 80,91

Taxas padronizadas 85,73 80,44 80,91 9,85 9,12 72,92 72,14 80,33 80,91 -7,41 -8,77 90,06 90,03 82,71 82,75 7,35 7,29 72,41 72,14 -0,73 75,94 77,31 -1,36 86,35 86,42 -0,07 77,32 77,71 82,62 82,75

Taxas Padronizadas RS AL

Diferena Taxas entre Padronizadas (RS-AL) MT AL

Diferena entre (MT-AL)

Taxas Padronizadas RS RJ

Diferena entre (RS-RJ)

Taxas Diferena Taxas Diferena Padronizadas entre Padronizadas entre MT RJ (MT-RJ) MT RS (MT-RS) -0,39 -10,21 -10,61 81,02 72,32 72,14 81,27 89,97 90,03 -0,25 -17,65 -17,89

Pela taxa especfica de cobertura Pela estrutura etria Cobertura Censo

85,00

90,29 90,03

Fonte dos Dados Bsicos: IBGE - Censo Demogrfico de 2000.

TABELA 3A Coberturas obtidas a partir do Censo e taxas padronizadas pelas taxas especficas de cobertura e pelas estruturas etrias da populao feminina acima de 65 anos, por UF selecionada, 2000Taxas Padronizadas RJ AM 60,98 52,43 52,49 69,11 -16,62 69,29 -16,86 60,73 0,25 71,63 73,66 73,74 Diferena entre (RJ-AM) Taxas Padronizadas RS AM 71,34 69,31 69,11 Diferena Taxas Diferena Taxas Diferena entre Padronizadas entre Padronizadas entre (RS-AM) MT AM (MT-AM) RJ AL (RJ-AL) 0,28 4,35 4,63 68,09 67,48 67,24 68,42 69,03 69,11 -0,32 -1,54 -1,87 63,67 52,47 52,49 63,59 74,80 74,74 0,08 -22,33 -22,25

Taxas padronizadas 71,80 69,26 69,11 5,63 5,37 0,27

Taxas Diferena Padronizadas entre AL AM (AL-AM)

Pela taxa especfica de cobertura Pela estrutura etria

72,07

74,62

Cobertura Censo

74,74

Taxas padronizadas 74,23 74,80 74,74 0,07 -1,07 -1,00 70,74 67,70 67,24 71,45 74,49 74,74

Pela taxa especfica de cobertura Pela estrutura etria Cobertura Censo

Taxas Diferena Padronizadas entre RS AL (RS-AL)

Taxas Padronizadas MT AL

Diferena entre (MT-AL) -0,71 -6,78 -7,50

Taxas Padronizadas RS RJ 63,12 73,73 73,74 63,11 52,49 52,49

Diferena Taxas Diferena Taxas Diferena entre Padronizadas entre Padronizadas entre (RS-RJ) MT RJ (MT-RJ) MT RS (MT-RS) 0,01 21,23 21,25 59,76 67,71 67,24 60,33 52,38 52,49 -0,58 15,33 14,75 70,32 70,98 67,73 73,57 67,24 73,74 -0,66 -5,83 -6,50

74,30 73,73 73,74

Impacto de diferentes estruturas etria na cobertura previdenciria

Fonte dos Dados Bsicos: IBGE - Censo Demogrfico de 2000.

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Anlise econmica e social da introduo do fator previdencirio na nova regra de clculo dos benefcios da previdncia social brasileiraPatrcia Dias Ribeiro Moema Gonalves Bueno Fgoli I Introduo Muito se tem discutido sobre a questo do equilbrio nas contas da Previdncia Social no Brasil. Apesar do envelhecimento da populao, que atinge os sistemas previdencirios em grande parte do mundo, s vir a ter impacto nas contas previdencirias no Brasil a partir de 2020, fatores como mudanas na Constituio de 88 e transformaes do mercado de trabalho agravaram a situao das contas previdencirias na dcada de 90. A Constituio de 1988, ao mudar algumas regras do Regime Geral de Previdncia Social (RGPS) para promover melhorias sociais, acabou acelerando a falncia do sistema, j que os gastos da Previdncia aumentaram sem que houvesse contrapartida suficiente no lado das receitas1. Uma das principais mudanas ocorridas no mercado de trabalho brasileiro a partir da dcada de 80 foi o crescimento do nmero de trabalhadores no setor informal, sejam eles por conta prpria ou sem carteira de trabalho assinada. De acordo com Cacciamalli (1999), tal fato est diretamente associado evoluo da economia brasileira nestes ltimos anos. Como o nmero de contribuintes para a previdncia social entre os trabalhadores do setor informal muito baixo, o aumento desse setor teve impacto na proporo de contribuintes. Conforme Marques & Batich, 1999, a participao dos no contribuintes na PEA (populao economicamente ativa) passou de 50,1% em 1986 para 56,4% dez anos mais tarde. Desta forma, a relao contribuinte1 As principais alteraes que a Constituio introduziu no RGPS, destacadas por Oliveira, Beltro & Ferreira (1997 citados por Ornlas, 1999, p.11) so a equiparao dos benefcios urbanos e rurais; a introduo da aposentadoria proporcional mulher; a concesso de penso tambm ao homem, caso a esposa segurada morra; a reduo de cinco anos para obteno de aposentadoria por idade no setor rural, para ambos os sexos; a extenso dos benefcios a todos os contribuintes do sistema, com exceo do salrio-famlia, que no se aplica ao trabalhador domstico e ao avulso; e, por fim, a instituio de um piso unificado igual a um salrio mnimo para todos os benefcios previdencirios e assistenciais.

Anlise econmica e social da introduo do fator previdencirio ...

Ribeiro, P.D. e Fgoli, M.G.B.

beneficirio fica reduzida, fato que num sistema de repartio simples, como o da Previdncia Social no Brasil, no qual os atuais contribuintes pagam os benefcios dos atuais beneficirios, tudo o mais constante, pode levar a deteriorar as contas previdencirias. Frente a este conjunto de fatores, a previdncia brasileira, que em 1988 apresentou saldo positivo de R$ 12,959 bilhes, vem apresentando, desde 1995, dficits crescentes e significativos, chegando a atingir R$ 6,752 bilhes em 19982 (Ornlas, 1999). Tal fato, aliado necessidade de ajuste fiscal no pas, tornou evidente a necessidade de se fazer algumas reformas no sistema previdencirio para torn-lo mais igualitrio e eficiente, controlando o dficit da poca e evitando um aumento deste no futuro devido s presses do envelhecimento populacional. Assim sendo, em Dezembro de 1998 foi aprovada a emenda constitucional nmero 20, que d redao ao artigo 201 da Constituio Federal, onde definida uma Previdncia contributiva e equilibrada atuarial e financeiramente. Assim, tornou-se necessrio estabelecer um novo mtodo de clculo para a previdncia social onde os benefcios previdencirios passam a estar estreitamente relacionados s contribuies. Esse novo mtodo ampliou a base de clculo do beneficio e introduziu o fator previdencirio. O objetivo do fator previdencirio equiparar o tempo de contribuio com o de recebimento de benefcios, ou seja, promover o equilbrio atuarial. A vantagem da introduo do fator foi corrigir algumas iniqidades presentes no sistema poca. A partir de sua introduo pessoas com a mesma idade e mesmo histrico de salrio-decontribuio, mas com diferentes tempos de contribuio, recebero, pela nova regra de clculo, benefcios com valores diferentes. O mesmo acontecer com as pessoas que tiverem o mesmo tempo de trabalho, com mesmo histrico de salrio-de-contribuio, se elas se aposentarem em idades diferentes. Isto porque, como foi includo na frmula de clculo do fator um prmio que o segurado recebe por permanecer mais tempo no sistema, quem se aposentar mais tarde e comear a trabalhar mais cedo ter um maior fator previdencirio, tendo, conseqentemente, direito a um maior benefcio. O valor desse prmio depender da deciso individual de cada segurado. De acordo com Pinheiro & Vieira (1999), o trabalhador mdio brasileiro se aposenta aos 52 anos de idade, com 33 anos de contribuio, o que resulta num fator igual a 0,713. Destes 0,713, 0,44 corresponde equiparao entre contribuio e benefcio, sendo que o restante, 0,273, obtido pela aplicao da taxa de juros de 62% a ttulo do prmio. Este prmio, se comparado ao sistema de capitalizao, equivaleria a uma taxa de juros de 2,77% , durante os 33 anos que o segurado contribuiu ao sistema. Se este

2 Valores a preos constantes de dezembro de 1999.

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trabalhador decide prorrogar sua aposentadoria para quando tiver 62 anos, com 35 de contribuio, seu fator previdencirio passa a ser 1,18 e sua taxa de juros passa para 2,93%a.a. O objetivo dessa medida fazer com que os segurados permaneam no sistema por mais tempo, aumentando ento a idade de aposentadoria. A aposentadoria precoce, que representa perda de receita para a Previdncia, seria compensada pelo pagamento de um benefcio menor ao segurado. O presente trabalho pretende analisar se o aumento do benefcio dado pelo prmio embutido no fator previdencirio representa de fato um incentivo ao segurado para adiar a aposentadoria; e qual seria o aumento timo a ser aplicado no benefcio de aposentadoria de forma a compensar o adiamento do benefcio, tomando como base diferentes fontes de taxas de juros aplicadas no Brasil em 2000. De acordo com Galuscak (2000), o individuo tende a no atrasar sua aposentadoria quando a taxa de juros da economia alta. Assim, se o prmio oferecido pela previdncia for inferior taxa de juros da economia (aumento timo) os indivduos vo preferir ter acesso aposentadoria to logo adquiram o direito e ganhar com os juros de mercado. A seo 2 apresentar o mtodo utilizado para se fazer tal anlise, ou seja, como foram calculados o aumento oferecido pelo sistema e o crdito timo que ser tomado como base para a anlise. A seo 3 apresenta os resultados desta anlise. Com relao igualdade entre os diversos grupos sociais, o fator previdencirio, ao determinar o tempo mdio de benefcio futuro, utiliza a mesma esperana de vida para toda a populao, sem levar em conta os diferenciais de mortalidade dos diversos segmentos populacionais. Desta forma, verifica-se que o fator previdencirio perpetua desigualdades entre os diferentes segmentos da populao. na seo 4 deste trabalho sero analisadas aquelas referentes s diferenas entre homens e mulheres e entre os estados brasileiros. Assim sendo, neste trabalho procuraremos analisar o impacto social e econmico da introduo do fator previdencirio na regra de clculo do salrio de benefcio dos segurados da Previdncia. Do ponto de vista da justia social, ser analisada a equidade do fator, segmentando a populao por sexo e estados. Sero consideradas as diferentes expectativas de vida para estes grupos, no intuito de testar se o fator atuarialmente justo para todos. Quanto ao lado econmico, o objetivo analisar se o fator previdencirio justo no sentido de que, independente do adiamento da aposentadoria, o valor atual do benefcio ser o mesmo, ficando eliminada a dependncia da idade na deciso dos segurados sobre quando se aposentar. Ser testada, ento, sua eficincia no sentido de fazer com que os segurados adiem suas aposentadorias. As concluses do trabalho sero apresentadas na seo 5.

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2 Mtodo O aumento do benefcio oferecido pelo sistema ao segurado que permanece por mais tempo como contribuinte ser determinado atravs do valor do fator previdencirio, trabalhado no item 2.1 abaixo, considerando que a aposentadoria adiada em um, dois ou mais anos. no item 2.2 apresentado o mtodo utilizado para se calcular o crdito timo, ou seja, a porcentagem que deveria ser aplicada ao benefcio, de forma a compensar o pensionista pelo benefcio no pago de acordo com as taxas de juros da economia. 2.1. O Fator Previdencirio A frmula para o clculo do fator previdencirio a seguinte: (1) Onde: Tc = tempo de contribuio de cada segurado; a = alquota de contribuio (fixada em 0,31 para todos); Es = expectativa de sobrevida do segurado na data da aposentadoria, fornecida pelo IBGE, considerando a mdia nica nacional para ambos os sexos; Id = idade do segurado na data da aposentadoria. A primeira parte da frmula, ao multiplicar o tempo de contribuio pela alquota, nos d a quantidade de meses que o segurado contribuiu com seu salrio mdio para a Previdncia. Dividindo este nmero pela expectativa de sobrevida, alcana-se a equalizao do nmero de meses contribudos com o nmero de meses a receber o benefcio, o que faz com que o fator seja atuarialmente justo. A segunda parte da frmula representa o prmio que o segurado recebe por permanecer mais tempo no sistema. Quanto maior a idade e quanto maior o tempo de contribuio, maior ser o prmio e portanto maior ser o fator. Esse prmio representa um ganho adicional s contribuies e, quando entendido como taxa de juros, permite a comparao com um regime de capitalizao. (2) Para saber qual ser o aumento percentual do benefcio caso o segurado decida adiar sua aposentadoria em um, dois ou mais anos, ser calculada a taxa de crescimento anual do fator previdencirio, partindo do pressuposto de que o segurado continuar contribuindo para o sistema

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enquanto no se aposenta. Tomando como base os tempos de contribuio e as idades escolhidas 52, 60 e 65 anos de idade e, respectivamente, 33, 30 e 30 de contribuio bem como as esperanas de vida relativas a cada idade (tbua de vida 2000 do IBGE) e a alquota nica para todos, ser calculado o fator previdencirio, de acordo com a frmula apresentada acima. Partindo dos valores encontrados, calcular-se- o crescimento do fator no perodo de atraso como um todo (CP) e o seu crescimento anual (CA), da seguinte forma:

(3) em que: id = idade inicial; tc = tempo de contribuio inicial; n = nmero de anos de atraso. O Crescimento no Perodo ser comparado ao Crdito timo, cujo mtodo de clculo ser descrito a seguir, no intuito de se prever se os segurados tero incentivos reais para aposentar-se mais tarde. 2.2. O Crdito timo Para analisar se o aumento oferecido pelo sistema atuarialmente justo e se pode vir a ter efeito na deciso dos trabalhadores de se aposentar, ser feita uma comparao entre o percentual de acrscimo (CP) recebido por aposentar-se mais tarde e o crdito timo, calculado com base na taxa de juros real da economia, seguindo a metodologia proposta por Galuscak (2000). De acordo com Stock & Wise (1990), os planos de benefcio-definido no sistema de repartio simples podem incentivar ou no as aposentadorias precoces. Ao decidir sobre aposentar-se ou no, o indivduo ir comparar o valor atual dos benefcios caso continue trabalhando por mais um tempo com o valor atual caso se aposente na data em que atinge elegibilidade para tal. Quando o retardamento da aposentadoria leva a uma reduo do valor atual dos benefcios futuros, podemos dizer que os trabalhadores esto sendo incentivados a aposentar cedo, to logo cumpram as carncias regulamentares. Ao contrrio, quando os planos incorporam mudanas de forma a eliminar este incentivo, eles tendem a promover o retardamento da aposentadoria e a permanncia do segurado no mercado de trabalho. nesta perspectiva, podemos dizer que um plano atuarialmente justo, ou neutro, quando o valor atual dos benefcios futuros sempre o mesmo, independente da data da aposentadoria.

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Ou seja, quando eliminamos sua dependncia da idade da aposentadoria. Assim sendo, estamos interessados em determinar qual a taxa de ajustamento que dever ser aplicada sobre o benefcio no pago, aquele ao qual o indivduo teria direito hoje e no recebeu. Para tanto, este ajuste ser analisado sob dois aspectos. O primeiro, em relao s taxas de juros da economia. Segundo Galuscak (2000), o indivduo tende a no atrasar sua aposentadoria quando a taxa de juros real da economia alta. De acordo com este autor, se as taxas reais de juros (i) forem negativas ou iguais a zero, a taxa de desconto b ser maior ou igual a 1, uma vez que b = 1 / (1+i), e os indivduos tendero a adiar sua aposentadoria. Por outro lado, se as taxas reais de juros na economia forem positivas, os indivduos iro preferir ter acesso a seus recursos no presente para ganhar com essa taxa de juros. O segundo aspecto est relacionado ao ajustamento atuarial. nesse caso, a idia manter o valor presente dos benefcios futuros sempre o mesmo, e desta forma, eliminar sua dependncia da idade. Supondo que R0 a idade com a qual o segurado atinge as condies de elegibilidade para a aposentadoria, ele ter direito a receber um benefcio igual a B(R0) se aposentar nesta data. Se ele decide aposentar-se com a idade R > R0, ter direito a um benefcio igual a B(R) > B(R0). O mecanismo de ajuste atuarial desse benefcio que no foi recebido at o momento da aposentadoria ser justo se o valor presente (VP) do benefcio a ser recebido ao aposentar-se com a idade R0 for igual ao VP para a idade R. Uma varivel de tempo (t) ser introduzida no modelo, sendo que t = 0 na idade R0. Cha