degradação anunciada do trabalho formal na sadia, em toledo (pr)
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Programa de Ps-Graduao em Geografia
DEGRADAO ANUNCIADA DO TRABALHO
FORMAL NA SADIA, EM TOLEDO (PR)
UNIVERSIDADE EUAL PAULISTA
Fernando Mendona Heck
Orientador: Antonio Thomaz Junior
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FERNANDO MENDONA HECK
DEGRADAO ANUNCIADA DO TRABALHO FORMAL NA SADIA, EM TOLEDO (PR)
Presidente Prudente, abril de 2013
Dissertao apresentada ao Programa de Ps Graduao em Geografia da Universidade Estadual Paulista, para obteno do ttulo de Mestre em Geografia. rea de Concentrao: Produo do Espao Geogrfico. Linha de Pesquisa: Desenvolvimento Regional. Orientador: Prof. Dr. Antonio Thomaz Junior
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FICHA CATALOGRFICA
Heck, Fernando Mendona.
H352d Degradao anunciada do trabalho formal na Sadia, em Toledo (PR) / Fernando Mendona Heck. - Presidente Prudente : [s.n], 2013
217 f.
Orientador: Antonio Thomaz Junior
Dissertao (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Cincias e Tecnologia
Inclui bibliografia
1. Trabalho. 2. Territrio. 3. Sade do trabalhador. I. Thomaz Junior, Antonio. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Cincias e Tecnologia. III. Ttulo.
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Dedico
Aos trabalhadores que corajosamente autorizaram a gravao das entrevistas, compartilhando as suas angstias, seu sofrimento e insatisfao com as injustias que vivem elemento importantssimo para a construo da resistncia. Espero ter conseguido expor minimamente os seus desejos como parte da busca pela emancipao humana, nossa luta coletiva.
Aos meus pais pelo estmulo constante e apoio incondicional para que meus sonhos tambm pudessem se realizar, sendo que essa dissertao parte importante disso.
A Cristiani pelo apoio, companheirismo e amor necessrios para a construo desse trabalho e dos vrios anos juntos.
Aos camaradas que se espalham em inmeras frentes de luta pelo pas na busca pela emancipao do capital.
A todos que acreditam numa cincia transformadora e seguem defendendo as teses emancipatrias fundamentais para nos precaver do conformismo e da falsa neutralidade cientfica.
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Agradecimentos
Talvez essa seja sempre uma das partes mais difceis de todo o nosso trampo desde o
incio ao fim de um trabalho: encontrar as pessoas que foram importantes e porque no
imprescindveis que merecem nosso agradecimento, pois de alguma forma ajudaram a construir
nosso trabalho.
Em primeiro lugar ao orientador que ao longo da construo desse trabalho se tornou
mais um dos grandes amigos. Ao professor Thomaz que me empolgou desde o incio ao
amassar o barro na construo da pesquisa, sem se esquecer da necessria reflexo terica no
mbito dos referenciais emancipatrios. Muito obrigado!
A CAPES pelo auxlio financeiro para a concretizao da pesquisa sem o qual tambm
no poderia ter realizado esse trabalho.
Ao Marcelo, Terezinha e Murilo, pela amizade e por serem os culpados da minha
vinda para Presidente Prudente estudar. Tenham certeza de que vocs so muito importantes para
mim.
A querida Daia, pela leitura do texto, pelas sugestes constantes e por compartilhar dos
mesmos sonhos que os meus, da construo de uma geografia que possa servir aos trabalhadores
e referenciais emancipadores.
Ao Paulo e a Monique pela ajuda com as transcries e revises de algumas das
entrevistas, ajuda essa imprescindvel para o trmino desse trabalho. Ao Luciano pela charge que
expressa bem os resultados dessa pesquisa e das mazelas vividas pelos trabalhadores de
frigorficos.
A AP-LER pela disposio em compartilhar e construir minha pesquisa que se
transformou em nossa pesquisa, pois sem a ajuda de vocs no seria possvel chegar aos
resultados aqui apresentados. Um agradecimento especial ao Anderson e Laerson, pois sempre
me empolgaram na luta pela dignidade do trabalho laos que alimentam uma amizade muito
importante.
Ao Ministrio Pblico do Trabalho, por tambm acreditar na pesquisa e abrir as portas
para a investigao. Estejam certos, Procuradores Sueli Bessa e Sandro Eduardo Sard que sem o
auxlio de vocs essa pesquisa no teria muitas das informaes que somente com a sua ajuda
foram possveis de ser acessadas.
Ao GEOLUTAS pelo vnculo eterno que manteremos por ser o grupo de pesquisa que
iniciou as minhas preocupaes em torno da temtica do trabalho e da geografia do trabalho. Ao,
Joo, Douglas (Caxuxa), Marcelo (Marceleza ou Gnomo de Jah), Solange (Sol), Djoni, Gabriel,
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Daiana, Anderson, Teresa, Alexandre e todos os outros que ainda iro ingressar no grupo de
pesquisa meu muito obrigado.
A todos os meus amigos da Geografia na UNIOESTE e tambm do movimento
estudantil (os quais seria impossvel citar todos os nomes), mas saibam que estou pensando em
cada um de vocs com um agradecimento especial embora citar seus nomes no papel seria muito
difcil perder um ou outro pela prpria memria fraca, esquecida e atrapalhada que a
minha.
Aos camaradas da AGB-Seo Local de Marechal Cndido Rondon e de todas as
AGBs espalhados pelo Brasil, entidade com a qual aprendi que a geografia no se encerra na
academia, mas que tambm pode vir a ser um movimento de interveno na sociedade, de
construo de resistncias, de apoio luta dos trabalhadores pela emancipao do capital.
Ao CEGeT de todas as bases espalhadas pelo pas e especialmente em Presidente
Prudente lugar onde agora estou acolhido e onde fui recebido com um sentimento de amizade
e respeito, importantssimos para qualquer pesquisa. Agradecimento especial ao Juscelino (ou
Dr. Juscelino), Jos Alves (Z), Karina, Snia, Jos Roberto, Jos Dourado, J, Guilherme,
Fredi, Joo, Gerson, Gabriel, Priscila, Jaque, Day, Joo Baccarin, Sidney, todos esses que alm
de companheiros de trabalho so amigos e camaradas.
A todos os meus amigos, de Toledo, Marechal Cndido Rondon e de Presidente
Prudente. Em Toledo, agradecimento especial aos Pedilaris grupo de amigos desde a infncia,
ao Arlindo e Carol amigos de inmeros debates, ao Lorenzo, Ana, Aislan, Eber, Anderson (o
povo das Cincias Sociais da UNIOESTE e do movimento estudantil com quem tive o prazer
de construir lutas em conjunto), ao Gustavo, Caio e Jeferson (Danzer) pela fora que sempre me
deram para seguir em frente nos estudos e pela amizade que estende h muitos anos. Em
Rondon, alm de todos os j citados do GEOLUTAS e que tambm integram o movimento
estudantil, agradecimento especial aos amigos do curso de Histria, Danilo, Guilherme (Guizo),
Fagner (Fago), Calegari, Vnia, Karen (Karenzinha), aos professores que ajudaram inclusive a
embasar os referenciais dessa dissertao, Antonio, Rinaldo, Vagner e Cida. Em Presidente
Prudente a todos que nesses dois anos conheci e constru timas relaes de amizade: o Joo
(ttor Jo), Natacha (Nati), Lindberg (Baiano), Vinicius (Cirso), Mauro, Marine, Diego, Pira,
Rodrigo (Simo, Peixe, entre outros), Juliana (Ju, por enquanto...), Italo, Marlon, Wagner, Edna,
Melina (Mlis), Raquel (Raquelzinha), Rafael (Rafa), Nino, Marioto, Guilherme, Philipe e tantos
outros.
Aos funcionrios da ps-graduao da UNESP especialmente a Cinthia pela forma
gentil que sempre trata a ns ps-graduandos no que se refere aos relatrios, atividades e tantas
outras coisas.
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Por fim aos meus familiares, quase todos de longe (entre o Rio Grande do Sul e a
Paraba), mas que me do fora para seguir em frente. A famlia da Cris, mais de perto e que
acompanhou parte de um final de 2012 em que eu me dividi entre o trampo, as conversas e
comemoraes, especialmente aos seus pais, Joo e Edith que sempre me recebem muito bem
nas terras do sudoeste paranaense.
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"Independentemente de terem ou no atuao poltica pessoal e sem deixarem de se dedicar rigorosamente cincia, os cientistas
esto sempre colaborando com uma determinada poltica e se opondo a outra, sancionando a ordem vigente ou ajudando
efetivamente a transform-la" (Leandro Konder).
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RESUMO
A presente dissertao trata da relao entre o processo de trabalho em frigorficos (aves e sunos) e o adoecimento dos trabalhadores, bem como, das resistncias construdas pelos trabalhadores para enfrentar a degradao do trabalho em frigorficos. Para tanto, escolheu-se estudar especificamente o territrio fabril da Sadia localizada no municpio de Toledo (PR), atravs do emprego de metodologias qualitativas (entrevistas baseadas em histria oral) e quantitativas (acesso a base de dados, verificao de documentos sobre o adoecimento relacionado ao trabalho principalmente do Ministrio Pblico do Trabalho). Pelas bases tericas da geografia do trabalho em conjunto com as abordagens do campo sade do trabalhador, foi possvel chegar aos resultados que apontam uma intensa degradao do trabalho com fortes consequncias para a sade e vida dos trabalhadores, entendendo os frigorficos como territrios da degradao do trabalho, que so parte de uma geografia da degradao do trabalho materializada no adoecimento relacionado ao trabalho em inmeras outras inseres laborais que ultrapassam o limite campo-cidade, do informal-formal. Tambm, perceptvel que h uma fragmentao na luta dos trabalhadores em frigorficos entre as entidades formais de representao os sindicatos (Sindicatos da Alimentao e de Cooperativas) e uma auto-organizao de trabalhadores lesionados Associao dos Portadores de Leses por Esforos Repetitivos (AP-LER) que tem colocado desafios importantes para o movimento do trabalho. A comp