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XV SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO A Cidade, o Urbano, o Humano Rio de Janeiro, 18 a 21 de setembro de 2018 DEFINIÇÃO DE ENTORNO DE BEM TOMBADO: A VILA OPERÁRIA RHEINGANTZ, RIO GRANDE – RS PAISAGEM CULTURAL E PAISAGEM CULTURAL E PAISAGEM CULTURAL E PAISAGEM CULTURAL E O PATRIMÔNIO O PATRIMÔNIO O PATRIMÔNIO O PATRIMÔNIO SARA CAON (PROPAR/ UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL) RESUMO O conjunto da Fábrica Rheingantz e Vila Operária, situado no município de Rio Grande/RS, foi tombado em 2012 pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE/RS). Pioneira na produção de tecidos de lã no Brasil, a fábrica, além de receber investimentos em infraestrutura, como o sítio ferroviário, incorporou ao longo dos anos, uma política habitacional para operários e mestres. A configuração do conjunto adquiriu uma forma hierarquizada tanto pela estrutura espacial como pelas suas tipologias arquitetônicas. Enquanto referencial urbano, sua importância é tanto econômica quanto simbólica, pois seu surgimento e sua decadência estão fortemente ligadas ao imaginário local. Tendo em vista que todo patrimônio arquitetônico está diretamente relacionado a um espaço moldado por aspectos sociais, naturais, históricos, econômicos e culturais, todos os bens tombados devem ser providos de uma área de entorno de proteção legal, segundo Decreto-lei n° 25/1937, para que seja possível garantir a ambiência e integridade do conjunto. Desse modo, atuando em parceria com o IPHAE/RS e a Universidade de Caxias do Sul (UCS), realizou-se através de um amplo levantamento de dados e análise das informações obtidas, uma proposta de delimitação para a área de entorno de proteção legal do bem tombado e de um regime urbanístico específico. O presente artigo é resultante de um relatório acadêmico apresentado na disciplina de Estágio em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), no período de março a julho de 2014. PALAVRAS-CHAVE: arquitetura industrial, entorno de bem tombado, Fábrica Rheingantz

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XV SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO

A Cidade, o Urbano, o Humano Rio de Janeiro, 18 a 21 de setembro de 2018

DEFINIÇÃO DE ENTORNO DE BEM TOMBADO: A VILA

OPERÁRIA RHEINGANTZ, RIO GRANDE – RS PAISAGEM CULTURAL E PAISAGEM CULTURAL E PAISAGEM CULTURAL E PAISAGEM CULTURAL E O PATRIMÔNIOO PATRIMÔNIOO PATRIMÔNIOO PATRIMÔNIO

SARA CAON (PROPAR/ UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL)

RESUMO

O conjunto da Fábrica Rheingantz e Vila Operária, situado no município de Rio Grande/RS, foi tombado em 2012 pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE/RS). Pioneira na produção de tecidos de lã no Brasil, a fábrica, além de receber investimentos em infraestrutura, como o sítio ferroviário, incorporou ao longo dos anos, uma política habitacional para operários e mestres. A configuração do conjunto adquiriu uma forma hierarquizada tanto pela estrutura espacial como pelas suas tipologias arquitetônicas. Enquanto referencial urbano, sua importância é tanto econômica quanto simbólica, pois seu surgimento e sua decadência estão fortemente ligadas ao imaginário local. Tendo em vista que todo patrimônio arquitetônico está diretamente relacionado a um espaço moldado por aspectos sociais, naturais, históricos, econômicos e culturais, todos os bens tombados devem ser providos de uma área de entorno de proteção legal, segundo Decreto-lei n° 25/1937, para que seja possível garantir a ambiência e integridade do conjunto. Desse modo, atuando em parceria com o IPHAE/RS e a Universidade de Caxias do Sul (UCS), realizou-se através de um amplo levantamento de dados e análise das informações obtidas, uma proposta de delimitação para a área de entorno de proteção legal do bem tombado e de um regime urbanístico específico. O presente artigo é resultante de um relatório acadêmico apresentado na disciplina de Estágio em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), no período de março a julho de 2014.

PALAVRAS-CHAVE: arquitetura industrial, entorno de bem tombado, Fábrica Rheingantz

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DEFINITION OF SURROUNDINGS AND URBANISTIC

ADMINISTRATION OF THE PUBLIC HERITAGE: THE

WORKING VILLAGE RHEINGANTZ, RIO GRANDE - RS ABSTRACT

The Rheingantz Factory and Workers Village complex, located in the city of Rio Grande / RS, was listed in 2012 by the Historical and Artistic Heritage of the State (IPHAE / RS). The factory was a pioneer in the production of woolen fabrics in Brazil. In addition to receiving investments in infrastructure, such as the railway site, it has incorporated over the years a housing policy for factory workers and masters. The configuration of the set acquired a hierarchical form due to the spatial structure and to its architectural typologies. As an urban reference, its importance is both economic and symbolic, since its emergence and its decadence are strongly linked to the local imaginary. All architectural heritage is directly related to a space shaped by social, natural, historical, economic, and cultural aspects. According to Decree-Law No. 25 / 1937, all listed assets must be provided with an area of legal protection in order to guarantee the ambience and integrity of the complex as a whole. Thus, IPHAE / RS and the University of Caxias do Sul (UCS) worked as partners in a research. The result obtained was a proposal of delimitation for an area of legal protection for the public heritage and the establishment of specific urban laws. This article is the result of an academic report presented at the University of Caxias do Sul (UCS) in Architecture and Urbanism from March to July 2014.

KEY-WORDS: industrial architecture, surroundings of public heritage, Rheingantz Factory

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INTRODUÇÃO

A cidade de Rio Grande, um dos primeiros núcleos de povoamento do Rio Grande do Sul, foi de grande

importância para o desenvolvimento econômico do Estado. Devido a sua localização privilegiada pelas

condições de porto marítimo, possibilitou, desde o século XIX, o escoamento de boa parte da produção

agrícola e industrial para o mercado nacional e internacional. Com isso, várias indústrias passaram a

se instalar na região, entre elas, a Fábrica Rheingantz (1878), pioneira na produção de tecidos de lã no

Brasil. Fundada primeiramente junto ao porto velho, à medida que foi se expandindo, logo se transferiu

para uma área de expansão urbana que vinha recebendo investimentos em infraestrutura, como o sítio

ferroviário. Posteriormente, instalou no seu entorno uma política habitacional para operários e mestres,

além de equipamentos auxiliares, resultando na configuração do conjunto urbano que se caracterizava

de forma hierarquizada pela sua estrutura espacial e tipologias arquitetônicas.

Figura 01: a) Mapa de localização da cidade de Rio Grande; b) Planta da cidade de Rio Grande (1942) – em vermelho, a localização do conjunto Rheingantz (adaptado pelo autor) Fonte: a) https://commons.wikimedia.org; b) Plano Municipal de Saneamento Básico

Cem anos depois teve, por fim, seu valor histórico reconhecido como patrimônio industrial pioneiro, seu

conjunto arquitetônico como valor artístico, demonstrando a qualificação da arquitetura industrial local,

bem como das tipologias habitacionais de influência internacional. Como referencial urbano, sua

importância é tanto econômica quanto simbólica, pois seu surgimento e sua decadência estão

fortemente ligadas ao imaginário local.

Figura 02: Cartão da União Fabril/Rheingantz década de 1950 Fonte: http:// http://www.cdl-rg.com.br

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Isto, por sua vez, remete ao conceito de paisagem cultural, o qual compreende a relação dos indivíduos

com um território moldado por aspectos sociais, naturais, históricos, econômicos e culturais em dado

espaço e tempo, através da apropriação cotidiana, hábitos e costumes. Segundo Convenção sobre a

Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural da UNESCO estabelecida em 1972, tem-se que:

As paisagens culturais são bens culturais e representam as obras conjugadas do homem e da natureza [...] Ilustram a evolução da sociedade humana e a sua consolidação ao longo do tempo, sob a influência das condicionantes físicas e/ou das possibilidades apresentadas pelo seu ambiente natural e das sucessivas forças sociais, econômicas e culturais, externas e internas. (in IPHAN, Cartas Patrimoniais, Recomendação Paris, 1972)

Com base nisso, o conjunto arquitetônico em questão está associado à paisagem cultural e não pode

ser visto como objeto isolado, mas sim como um elemento essencial para a transmissão da história

para as outras gerações.

Seguindo na mesma linha, no Manifesto de Amsterdã (in IPHAN, Cartas Patrimoniais, 1975), discute-

se a importância de se preservar e proteger não apenas o patrimônio arquitetônico, como também o

ambiente no qual está inserido, cumprindo a função de complemento, de forma a preservar sua

legibilidade. Segundo a Decisão Normativa nº 83 de 26 de setembro de 2008, o CONFEA adota a

definição de entorno como:

[...] espaço, área delimitada, de extensão variável, adjacente a uma edificação, um bem tombado ou em processo de tombamento, mas reconhecido pelo significado às gerações presentes e futuras pelo poder público em seus diversos níveis por meio de mecanismos legais de preservação. (BRASIL, 2008)

Já a Declaração de Québec (ICOMOS, 2008) confere a noção de “espírito do lugar” como conjunto de

elementos materiais e imateriais que dão sentido ao lugar e que expressam sua imagem. Permite-se,

assim, fortalecer uma visão mais clara e inclusiva do patrimônio cultural. Conforme Decreto-lei Federal

n° 25/1937, todos os bens tombados devem ser providos de uma área de entorno de proteção legal

para que seja possível garantir a ambiência e integridade do conjunto mesmo sendo necessário o

controle das construções que possam obstruir a visibilidade do todo.

Diante disso, o presente trabalho foi desenvolvido através da disciplina de Estágio em Arquitetura e

Urbanismo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), no período de março a julho de 2014, em

parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (IPHAE/RS). Tem como objetivo

analisar e propor a delimitação da área de proteção do entorno da vila operária Rheingantz, em Rio

Grande, e a definição dos parâmetros urbanísticos para a preservação do entorno mesma. Para isso,

inicialmente foram buscadas bibliografias sobre a cidade de Rio Grande e a vila operária Rheingantz,

bem como documentos relativos ao seu processo de tombamento. Reunidas as bases cartográficas

existentes e imagens referentes ao local, definiu-se os levantamentos a serem realizados in loco. A

visita objetivava o reconhecimento da área e coleta de dados necessários para o estudo, incluindo

registros fotográficos. Por se demonstrar indispensável, a base histórica, evolutiva e socioeconômica

do contexto em que está inserido o objeto de análise necessitou de maior aprofundamento. Após isso,

deu-se início ao desenvolvimento gráfico com mapas temáticos e análise do entorno do bem tombado.

Utilizou-se como metodologia para a definição da área de proteção de entorno o “Inventário de

Configurações de Espaços Urbanos” (INCEU) disponibilizado pelo IPHAN (2001) e desenvolvido com

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supervisão da arquiteta Maria Elaine Kohlsdorf. Delimitada a área de proteção, foram definidos os

parâmetros urbanísticos para a poligonal encontrada, considerando alguns documentos fundamentais:

Estatuto das Cidades, Lei do Plano Diretor de Rio Grande, Instrução de Tombamento de Bem Tombado

e os critérios de proteção de entorno de sítio histórico federal.

CONJUNTO RHEINGANTZ E O PROCESSO DE TOMBAMENTO

Em novembro de 1873, na cidade de Rio Grande, funda-se a primeira fábrica de tecidos do Estado pelo

comerciante Carlos Guilherme Rheingantz, pelo comendador Miguel Tiro de Sá e Hermann Vater, com

o nome de “Fábrica Nacional de Tecidos e Panos de Rheingantz & Vater”. Em 1891 foi transformada

em sociedade anônima com o nome de “União Fabril e Pastoril” e em 8 de julho de 1895 tem-se

novamente uma modificação da razão social para “Companhia União Fabril”. (PAULITSCH, 2003, p.

62-64)

Instalada inicialmente na área urbana da cidade, teve o início de suas atividades em 1874 com uma

produção de pequena escala. Porém, à medida que foi se expandindo necessitou de novas instalações

que atendessem à demanda. O local escolhido se deu em terrenos próximos a um novo loteamento

que estava sendo planejado – a “Cidade Nova”. (PAULITSCH, 2003, p. 62-64)

Estando o município executando obras e serviços de infraestrutura urbana nessa área, que

contemplava a zona da estação de trem do trecho ferroviário Rio Grande-Pelotas-Bagé (as três cidades

mais importantes da zona sul do Estado), a nova fábrica ali se instala no período de 1883 a 1885,

visando facilitar o escoamento da produção tanto pela via férrea quanto pelo porto. (PAULITSCH, 2003,

p. 65-66) Devido à sua localização afastada das áreas residenciais, que dificultava a locomoção dos

funcionários, a empresa decide adquirir nas proximidades imóveis residenciais já edificados e construir

habitações novas. Tais construções, executadas em várias etapas entre os anos de 1885 e 1930, eram

alugadas por preços modestos aos operários. (NORRO, 1997, p. 66-67)

Figura 03: a) Planta de localização do conjunto; b) Configuração da vila operária Rheingantz Fonte: a) do autor, 2014; b) NORRO, 1997

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Na Avenida Rheingantz, rua principal de acesso, dispunha “de um lado as casas destinadas aos

funcionários de maior graduação, mais bem equipadas e isoladas no lote em sua maioria, e de outro,

as mais modestas, para operários de menor ordenado.” (PAULITSCH, 2003, p. 68)

Com o passar dos anos foi-se dando continuidade a essa política habitacional, resultando por fim em

uma vila composta por diferentes conjuntos tipológicos: casas enfileiradas, alinhadas e dispostas de

maneira repetitiva caracterizavam as casas de fábrica, destinadas aos trabalhadores, enquanto as

casas isoladas eram destinadas aos mestres. Configurava-se, assim, uma vila operária que contava

com equipamentos comunitários, dentre eles: escola, jardim de infância, cassino dos mestres,

ambulatório e armazém cooperativo.

Figura 04: a) Fábrica Rheingantz; b) Casas operárias; c) Cassino dos Mestres Fonte: a) e c) http://theatropolytheama.blogspot.com.br/; b) http://familiarheingantz.blogspot.com.br/2013/

No início da década de 1960 há a desaceleração da industrialização em nível nacional. Vários fatores

externos e internos levaram a fábrica a enfrentar dificuldades financeiras, levando-a, em 1968, a

decretar falência. (PAULITSCH, 2003, p. 45-46)

No ano de 1970 a fábrica é comprada por um grupo de Pelotas, a Família Loréa, alterando a razão

social para “Companhia Inca Têxtil”. A fábrica manteve sua produção e funcionamento com muitas

dificuldades e acabou por entrar em declínio. (PAULITSCH, 2003, p. 73)

Atualmente encontra-se desativada e parte do espaço edificado está em estado de ruínas. As

residências, no entanto, seguem sendo ocupadas pelos descendentes dos trabalhadores e encontram-

se em melhor estado de conservação.

Segundo o IPHAE (2011) o conjunto da Fábrica Rheingantz desde a sua fundação vincula-se a história

da cidade de Rio Grande, polo econômico do Rio Grande do Sul e porta de acesso ao exterior. Teve

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grande importância econômica no passado, além de apresentar características que demonstram a

qualificação da arquitetura industrial local no início do século XX e no modo de habitação produzida

para os operários. Seu período áureo e sua decadência permanecem presentes na memória da

população local, revelando valores culturais, artísticos e referenciais.

Com base nisso, em 31 de outubro de 2005, ocorreu a solicitação para a abertura do processo de

tombamento da Vila Rheingantz por parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do

Rio Grande do Sul. Em 16 de julho de 2012, através da Portaria nº 38/2012 da Secretaria de Estado

da Cultura (SEDAC), em conformidade com o Parecer Técnico IPHAE nº 04/2011, foi decretado o

tombamento da Fábrica, Vila Operária Rheingantz e do Sítio Ferroviário. Tombam-se, então, todas as

edificações que compõem o núcleo original da Antiga Fábrica Rheingantz e Vila Operária, suas

respectivas volumetrias com todos os detalhes que caracterizam a concepção original do complexo,

sendo proibida qualquer intervenção futura que venha alterar a ambiência do conjunto. Constam como

exceção os pavilhões da Antiga Fábrica que se encontram em péssimo estado de conservação e todas

as intervenções posteriores que apresentam descaracterizações, sem valor como patrimônio cultural.

Figura 05: Poligonal de Tombamento Fonte: IPHAE/RS, 2012

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METODOLOGIA

Como referencial metodológico para o desenvolvimento da delimitação e regime de proteção de entorno

do tombamento, utilizou-se o “Inventário de Configurações de Espaços Urbanos”, desenvolvido com

supervisão da Maria Elaine Kohlsdorf (2001). Este inventário propõe algumas categorias de análise que

permitem identificar, descrever e valorar a configuração dos espaços urbanos. Dentre elas, foram

consideradas as seguintes:

a) Elementos de Sítio Físico

b) Planta Baixa

c) Conjunto de Planos Verticais

Como indispensáveis para posterior proposta, foram inclusos ainda os aspectos relativos à: d)

volumetria; e) patrimônio histórico; f) aspectos legais - parâmetros urbanísticos estipulados para a área

de acordo com o Plano Diretor de Rio Grande.

a) Elementos de Sítio Físico

A categoria Elementos de Sítio Físico considera a configuração do relevo do solo, das águas e

vegetação com relação à área analisada. Busca avaliar através destes elementos, a qualidade de

pregnância1 de suas respectivas composições. Para isso, são analisados os aspectos referentes às

leis semânticas e de composição plástica para que seja possível identificar os elementos que

caracterizam ou atribuem identidade à área abordada.

Com relação ao relevo do solo, uma topografia plana e de solo arenoso predomina em Rio Grande.

Esta configuração de livre impedimento de barreiras naturais permite que haja a visualização a longa

distância e incide diretamente na percepção dos elementos de composição do sítio urbano.

As superfícies hídricas, em geral, são marcantes na paisagem da cidade, por se serem de grande

extensão e estarem presentes em quase todo o seu perímetro, como é o caso da Lagoa dos Patos.

Embora nas áreas de entorno do conjunto tombado esta seja menos impactante pelo distanciamento,

outros recursos hídricos assumem papel mais destacado. Entre eles, o Saco da Mangueira, que exerce

um papel vital para o estuário da Lagoa dos Patos devido a sua alta produtividade e relevância para

abrigo e alimentação da fauna local. Além disso, deve-se considerar o potencial arqueológico desta

área que vem sendo estudado pelo Instituto Anchietano de Pesquisas2. Por ser um dos limites do sítio

onde a Fábrica Rheingantz está localizada, pode apresentar resquícios de outra época e serem

documentados posteriormente para preservação da história local.

1 A pregnância, é entendida por Kohlsdorf, como “a capacidade de fácil leitura e memorização das configurações,

razão pela qual ela é diretamente responsável pela identidade de qualquer lugar.” In: INCEU, 2001, p. 48. 2 Para saber mais, consultar “Saco da Mangueira: o que tem do outro lado?” e “Saco da Mangueira: uma nova

visão arqueológica”. Disponível em: <http://www.anchietano.unisinos.br/sabsul/V%20-%20SABSul/Anais%20V%20SABSul.htm> Acesso em: 05 mai 2014.

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Figura 06: Mapa físico-ambiental Fonte: do autor, 2014

Uma linha de fortificação, chamada de trincheiras foi um dos limites da área urbanizada até 1870. A

demolição destas permitiu o avanço urbano, onde encontra-se a Cidade Nova, implantada de forma

planejada e diferente da parte antiga. Na Avenida Major Carlos Pinto - local da antiga trincheira - tornou-

se um dos quatro boulevares que delimitavam este novo bairro. Nela ainda foi construído o Canalete,

obra de saneamento realizada por Saturnino de Brito, em 1927. (CUSTÓDIO, STORCHI e ROMAN,

2009, p. 26-45) Atualmente, funciona como atrativo turístico e um ponto de encontro da população local.

Somado à arborização urbana consiste em uma barreira física marcante no conjunto urbano.

Com relação à vegetação, procurou-se analisar os diferentes tipos morfológicos: árvores isoladas

dispostas em canteiros centrais, no passeio público ou compondo massas; vegetação rasteira

(incluindo gramados), arbustiva, etc... Percebe-se que no entorno do conjunto analisado há diferentes

configurações que auxiliam na valoração do sítio tombado. A presença de repetições de Palmeiras

Imperiais na Avenida Rheingantz, principal acesso do sítio tombado, atribui uma posição hierárquica

em relação as demais, revelando a importância que a Fábrica exerce no contexto em que está inserida.

Já na Avenida Dois de Novembro há a repetição de uma arborização urbana composta por Ciprestes

– espécie característica de zonas de cemitérios - onde estão localizados o Cemitério Católico e

Protestante. A região possui uma sequência de avenidas com arborização urbana presente nos

canteiros centrais, bem como há uma delimitação bastante clara na poligonal do sítio tombado,

destacando-se do todo e sendo de fácil memorização.

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Figura 07: a) Canalete; b) Palmeiras Imperiais na Avenida Rheingantz; c) Cipestres no Cemitério Católico Fonte: do autor, 2014

Na porção posterior à Fábrica Rheingantz observa-se uma extensa área de massa vegetal. Embora à

medida que a fábrica ia se expandindo, iam se avançando as construções em direção ao Saco da

Mangueira, essa porção não está inclusa no perímetro tombado e está suscetível aos parâmetros

urbanísticos atuais. Percebe-se um ponto frágil, uma vez que a construção de qualquer elemento nessa

área poderá interferir na visibilidade do bem tombado, configurando um plano de fundo para o mesmo.

Com relação aos aspectos físicos-ambientais, carece também de maior atenção a preservação da

margem de superfícies hídricas.

b) Planta Baixa

A categoria Planta Baixa considera a área analisada como representação em planta baixa, a projeção

ortogonal no plano horizontal. São levados em consideração os traços de identidade da cidade, setor

ou fração sob preservação que vêm a ser responsável por estações, campos visuais e efeitos

topológicos. Neste caso, serão observadas as características de malha e macroparcelamento quanto

à qualidade de pregnância e a sua intensidade para a caracterização do sítio em questão.

Em termos de parcelamento do solo, observa-se que a área histórica de Rio Grande apresenta uma

malha viária ortogonal à 45º, enquanto que na área que segue a oeste - área de expansão urbana em

1866, chamada de “Cidade Nova” - o traçado xadrez modifica-se, apresentando-se à 90º. A transição

destes se dá por um traçado irregular até o Canalete, que acomoda a mudança de direção da malha.

Já a porção que beira o Saco da Mangueira possui um traçado irregular, marcado por uma sequência

de cul-de-sacs e em alguns casos, um traçado em espinha de peixe. Verifica-se que o sítio tombado

faz a interface entre a Cidade Nova e o centro histórico, com um traçado diferenciado e que configura

limites bem definidos.

Na área analisada, há a predominância de quarteirões de média dimensão, exceto nas porções que

beiram o Saco da Mangueira e Lagoa dos Patos, onde não há uma geometria definida de quarteirões.

Estes, por sua vez, são em grande parte de grande dimensão devido às chácaras que existiam no local

e às atividades industriais que ali se instalaram.

Nas expansões a oeste da área que compreende a “Cidade Nova”, o traçado permanece regular, porém

os quarteirões se modificam quanto sua dimensão, com uma geometria retangular e de média

dimensão.

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Figura 08: Malha e macroparcelamento parcial da cidade de Rio Grande Fonte: do autor, 2014

A partir do macroparcelamento observa-se que o sítio tombado se localiza na transição tanto da

configuração da malha como de quarteirões. Entretanto, a sul não há limites bem definidos, gerando

próximo a ele uma área ociosa. Portanto, se faz necessário estipular parâmetros para que esta não

venha futuramente, de algum modo, perturbar o bem tombado.

c) Conjunto de Planos Verticais

A categoria de Conjunto de Planos Verticais considera os perfis viários, fachadas e suas silhuetas.

Verifica, de acordo com a percepção dos indivíduos, os cones visuais dos trajetos cotidianos e os

pontos mais significativos para a identidade do local. De acordo com o INCEU (2001, p. 53) são

analisados os seguintes elementos: linhas de coroamento, sistema de pontuações e linhas de força.

Com base nisso são observados a partir das composições identificadas, a intensidade de pregnância

que venha a caracterizar a área abordada. O levantamento se deu numa área que inclui as adjacências

do sítio tombado e principais cones visuais.

Na Avenida Rheingantz, por exemplo, as edificações apresentavam originalmente uma homogeneidade

quanto às alturas e tipologias arquitetônicas. Porém, com o tempo, a construção de novas edificações

e os vazios causados pelas demolições e pelos acessos dos novos condomínios fechados - os quais

substituíram os antigos cul-de-sacs, geraram pontuações que perturbam o conjunto. Em conseqüência

disto, o skyline apresenta recortes constantes que descaracterizam a linearidade original. Em

contrapartida, no trecho que compreende o Cemitério Católico, a presença dos muros que o circundam

e a ausência de edificações acentuam a linha de força horizontal.

A linha de coroamento quando acompanhada da trajetória da linha de terra, de forma paralela,

possibilita a compreensão do relevo. O terreno plano, característico de cidades ribeirinhas, junto às

edificações de alturas similares incide visualmente na percepção do lugar. Tal análise contribui para a

caracterização do sítio tombado, uma vez que qualquer objeto que venha a romper com essa

linearidade será facilmente perceptível em diversos pontos de visualização, impactando diretamente

na paisagem.

A horizontalidade é reforçada pela morfologia arquitetônica que, na sua maioria, além de ocupar a

largura total do lote, possui platibandas na cobertura, configurando elementos contínuos de formas

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retas, lineares. No entanto, constata-se que na área levantada há um início de pontuações, em

diferentes intervalos, representada pelas novas edificações, que acabam por descaracterizar a

configuração original.

Figura 09: Perfil viário Avenida Rheingantz Fonte: do autor, 2014

d) Volumetria

O comportamento das volumetrias no entorno dos bens tombados cumpre uma função primordial para

garantir a visibilidade e a integridade do mesmo. Considerando a topografia essencialmente plana,

qualquer elemento construído, dependendo de como se relaciona com o todo, poderá vir a obstruir ou

interferir na ambiência do conjunto.

Originalmente a Fábrica Rheingantz, devido ao seu porte, constituía-se em um elemento visual

imponente, que se destacava perante a vila operária e demais edificações do seu entorno,

demonstrando sua importância. Em segundo grau hierárquico, estavam as tipologias das casas dos

mestres e edificações complementares, pelos usos atribuídos, altura de dois pavimentos, implantação

no lote e variações da cobertura. Por último, as casas operárias, de um pavimento, com platibandas

que reforçavam a horizontalidade. Quanto à configuração do espaço urbano, a volumetria era relevante

para expressar o nível de importância das edificações. Estas reduziam de altura à medida que se

afastavam da Fábrica Rheingantz.

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Os cemitérios Católico e Protestante, embora não proporcionem uma qualificação na ambiência local

devido ao seu uso, por se tratar de um equipamento permanente, são positivos como entorno do bem

tombado. O mesmo ocorre com o Sítio Ferroviário que, pela extensão que ocupa no terreno, preserva

uma faixa importante que impossibilita a construção de qualquer edificação que venha a obstruir a

visibilidade do conjunto. Já os fundos da fábrica que não foram contemplados na poligonal tombada,

estão suscetíveis aos parâmetros urbanísticos, podendo vir a comprometer futuramente na percepção

visual da mesma.

O início de uma formação comercial na área circundante com excesso de programação visual acaba

por descaracterizar o contexto e algumas edificações de valor histórico e arquitetônico relevantes. A

miscelânea de atividades, como a presença de um posto de gasolina e algumas tipologias industriais

junto às residenciais, prejudicam a imagem do lugar.

Além disso, os antigos cul-de-sacs com acesso pela Avenida Rheingantz foram utilizados para a

configuração de condomínios fechados. Dado seu uso de habitação multifamiliar, refletiu em uma

tipologia diferenciada da configuração original da área tombada e numa verticalização destoante das

edificações circundantes.

Percebe-se, com isso, a necessidade de estipular parâmetros quanto uso e ocupação do solo e também

com relação às alturas das edificações para que seja possível preservar a ambiência do sítio tombado

e manter as condições de visibilidade e de configuração espacial originalmente proposta.

Figura 10: Mapa de alturas e usos Fonte: IPHAE/RS, 2014

e) Patrimônio Histórico

Rio Grande dispõe de um conjunto arquitetônico de grande relevância. Não corresponde a edificações

isoladas, mas num todo que se relaciona com os fenômenos de crescimento urbano-industrial e que

reflete a sociedade nos diversos períodos desde a origem da cidade. A arquitetura se insere como parte

integrante da identidade local.

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Figura 11: Mapa de bens tombados e patrimônio histórico Fonte: do autor, 2014

Assim é o caso do conjunto fabril da Rheingantz, que se revela num caráter dominante no sítio urbano.

O escritório central, pelo seu uso, porte e detalhes, se diferencia e se impõe no espaço, marcando sua

importância. As edificações de funções especiais, como Cassino dos Mestres, Escola e Jardim de

Infância, também adquirem destaque, porém em menor grau, seja pela sua implantação central no lote,

seja pelas variações formais. Já as residências operárias apresentam uma arquitetura com maior

simplificação formal, demonstrando claramente a hierarquia existente no todo.

Figura 12: a) Escritório Central; b) Conjunto Operário - sem recuo frontal; c) Cassino dos Mestres Fonte: do autor, 2014

Porém, a degradação de grande parte das edificações de valor arquitetônico, devido à ação do tempo

e do homem, vem comprometendo a integridade das mesmas. Há a necessidade de conservação,

preservação e restauração como meio de garantir o registro histórico e cultural. Nas últimas décadas,

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segundo Custódio, Storchi e Roman (2009, p. 17), vêm sendo realizados esforços para a valorização

do patrimônio cultural da região através de incentivos para a recuperação de edificações e ações

voltadas à educação e renovação de museus. Contudo, algumas intervenções estão se demonstrando

inadequadas e, juntamente com o excesso de programação visual nas atividades comerciais e a

construção de novas edificações, cujas não respeitam as preexistências, acabam por descaracterizar

e desvalorizar o conjunto arquitetônico existente.

f) Aspectos Legais

O Plano Diretor do Município do Rio Grande, Lei nº 6.588, de 20 de agosto de 2008, divide o município

em dez subcategorias quanto zoneamento de uso e ocupação do solo. Classificam-se as zonas como:

Área Central, Área Funcional, Corredor de Comércio e Serviços, Polo de Comércio e Serviços, Unidade

Funcional, Unidade Industrial, Unidade Mista, Unidade Residencial, Área de Interesse Ambiental e Área

Urbana de Ocupação Rarefeita.

A área do bem tombado insere-se predominantemente dentro da UF 06, apresentando pequenas áreas

dentro dos Corredores 08 e 10. No entorno, predominam as zonas UM, as quais permitem diferentes

tipos de atividades, e UR, que contemplam um uso predominantemente residencial.

Figura 13: Mapa de zoneamento Fonte: Plano Diretor Municipal de Rio Grande

Embora haja um maior incentivo quanto aos índices construtivos para a atividade específica de cada

zona, a relação de atividades permitidas ainda se apresenta abrangente, gerando diferentes tipologias

arquitetônicas. Ao passo que o índice de aproveitamento se demonstra alto na maioria dos casos, a

taxa de ocupação de 75% possibilita que a maior porção do lote seja ocupada, reduzindo o crescimento

em altura. Ou seja, há uma tendência a horizontalidade das construções. Por outro lado, não há uma

estipulação quanto à altura máxima das mesmas, apenas uma relação destas com os afastamentos

frontais e laterais, não impedindo que haja uma verticalização, mesmo que controlada.

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Em determinadas áreas onde predomina a construção na testada do lote, ocupando a largura total do

mesmo e alturas de um a dois pavimentos, verifica-se que as novas edificações vêm apresentando

variações nas alturas e recuos. Ora são recuadas, ora construídas no alinhamento. Ora configurando

uma “fita”, ora rompendo com a linearidade. Isto faz com que se gerem pontuações expressivas, como

já aqui demonstrado.

Com relação aos corredores de comércio e serviço, por se tratarem de eixos importantes na

configuração do espaço urbano, atenta-se quanto à especulação imobiliária, a qual busca o maior

aproveitamento dos índices urbanísticos. Há, de certo modo, uma tendência à verticalização das

edificações e usos diversos nesses trechos que podem vir a descaracterizar o sítio tombado. Observa-

se que a porção sul da fábrica Rheingantz inclui-se na zona Unidade Mista 10 que apresenta o menor

índice construtivo das zonas que configuram o entorno. Porém, não havendo uma altura máxima, pode

vir a configurar, no futuro, num plano de fundo para a fábrica, descaracterizando-a de maneira

significativa, não somente pela sua importância como patrimônio arquitetônico, mas quanto ao contexto

no qual está inserida.

DEFINIÇÃO DO ENTORNO DE BEM TOMBADO

Um bem tombado faz parte de um contexto do ambiente urbano que abrange aspectos físicos, culturais

e ambientais. O entorno não corresponde unicamente à noção de vizinhança, mas também de

ambiência. A partir dessas premissas, dos levantamentos e análises realizadas, foram definidos os

limites da área de proteção de entorno do sítio tombado.

À leste, no local onde está situado o Canalete, as trincheiras tiveram na história um papel significativo

quanto à demarcação da cidade intramuros e extramuros, cidade antiga e cidade nova. É mais

perceptível ainda quando justaposto ao traçado viário, o qual se configura em um eixo que segrega

dois tipos diferentes de malha. Além disso, posteriormente veio a constituir em uma das primeiras obras

de esgoto cloacal de Rio Grande. A apropriação da população com o canal demonstra uma qualificação

do espaço urbano, que se dá, também, pela presença de vegetação arbustiva e de arborização urbana.

Somado a isso, a dimensão em largura permite que haja um afastamento das edificações com relação

ao bem tombado, demonstrando-se favorável quanto à visibilidade do conjunto.

Ao sul, vale ressaltar que na época de funcionamento da fábrica Rheingantz, a medida que a mesma

ia se expandindo, seu crescimento se dava em direção ao Saco da Mangueira. Atualmente, percebe-

se a existência de uma área de preservação ao longo da margem do Saco da Mangueira que envolve

o bem tombado. Levando em consideração a porção posterior à fábrica, suscetível aos parâmetros

urbanísticos previstos no Plano Diretor e o fato que os demais pavilhões da mesma não foram inclusos

no processo de tombamento, poderá vir a constituir no futuro em um plano de fundo formado por novas

edificações. Somado a isso, os impactos ambientais que vêm ocorrendo no Saco da Mangueira revelam

a necessidade de preservação da área verde existente.3 Com isso, conclui-se que a massa de

3 O Sistema Ecológico do Saco da Mangueira está entre os ecossistemas costeiros mais afetados pelo processo

de urbanização. CONCEIÇÃO, ASMUS, 2013, p. 01

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vegetação localizada a sul deve ser incorporada como um dos limites de proteção do entorno, como

meio de garantir a visibilidade e a sua ambiência do bem tombado.

Figura 14: Fundos da Fábrica Rheingantz Fonte: do autor, 2014

À oeste, os cemitérios Católico e Protestante e a Capela da A.C. Santa Casa consistem em um

equipamento urbano permanente, demonstrando-se de forma positiva quanto delimitação do entorno

de proteção. Embora os extensos muros que os circundam expressem monotonia e o seu uso não

contribua na qualificação do espaço, permanecem como um elemento neutro que não prejudica na

visibilidade do sítio tombado. Já as novas edificações e os acessos dos condomínios fechados, embora

venham descaracterizando o conjunto, se apresentam relevantes para a área de proteção do entorno,

como mecanismo de controle da percepção do conjunto.

Ao norte, a chamada “Cidade Nova”, compreende a área de expansão urbana de 1866, situada além

das trincheiras, que teve um papel significativo no desenvolvimento da cidade. Observa-se um traçado

ortogonal que se diferencia da malha irregular onde o bem tombado está inserido. Nas imediações, há

também um conjunto de edificações de aspectos formais similares ao sítio tombado, que por sua vez

vêm sofrendo uma descaracterização através da programação visual excessiva, anexos e/ou

construções posteriores. O sítio ferroviário, embora já apresente uma área grande em território que

impossibilita a construção de novos elementos e que garante a integridade do complexo Rheingantz,

também necessita de um entorno de proteção que preserve suas características. Com base nisso,

sugere-se quanto delimitação a norte, o trecho que compreende a Rua Padre Feijó até a Rua General

Abreu e que segue até o Canalete, na Avenida Major Carlos Pinto, finalizando a poligonal de entorno

de proteção do bem tombado.

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Figura 15: a) Área de proteção de entorno do bem tombado - contexto geral; b) Poligonal da área de entorno de proteção Fonte: do autor, 2014

DEFINIÇÃO DO REGIME URBANÍSTICO

Diante dos aspectos observados, foram propostos novos parâmetros urbanísticos quanto à

normatização e ocupação do solo para a área de entorno a fim de preservar sua ambiência e controlar

a construção de novos elementos que venham a obstruir, reduzir ou interferir na visibilidade do

conjunto. Com isso, foi elaborado um novo regime urbanístico para a área de proteção de entorno

proposta que contempla quatro zonas: Zona de Preservação Permanente, Zona Funcional, Zona

Ocupação Controlada, Zona de Ocupação Rigorosa.

Após análise dos atuais parâmetros urbanísticos estipulados para o entorno do sítio tombado, analisou-

se alguns condicionantes relevantes para o local. Um dos mais significativos é a proteção ambiental da

área costeira do Saco da Mangueira que se localiza justamente nos fundos da fábrica Rheingantz. Por

meio do Código Florestal atribui-se às margens de rios, cursos d’água, lagos, lagoas, áreas de

preservação permanente que mediante classificação devem provir de uma área de Reserva Legal,

exceto para obras de utilidade pública, interesse social ou de atividades de baixo impacto ambiental.

Como visto anteriormente, a área posterior à Fábrica Rheingantz, que margeia o Saco da Mangueira e

apresenta ainda uma faixa de massa vegetal, está suscetível aos parâmetros urbanísticos da UM 10,

que permite a construção de edificações de uso misto próximo à margem, sem restrições quanto a este

afastamento. Diante dos fatos mencionados, sugere-se destiná-la como Área de Preservação

Permanente, restringindo a construção de qualquer edificação que possa vir a configurar-se em um

plano de fundo para o bem tombado, bem como alteração ou retirada da vegetação existente,

garantindo a preservação dos aspectos físico-ambientais salientados.

A topografia plana da cidade de Rio Grande permite que a longa distância seja possível perceber os

elementos construídos em altura. Através do percurso realizado no local, observou-se que a Avenida

Rheingantz, por ser um dos principais acessos ao sítio tombado, influencia diretamente no campo visual

do complexo tombado. Identificou-se que a configuração desse eixo principal se dava por edificações

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de altura de até um pavimento, sem afastamento frontal e acompanhando a largura total do lote. Porém,

com o Plano Diretor atual, a relação de altura com afastamentos frontais e laterais descaracterizam o

sítio em questão.

Atribui-se, assim, à Zona de Ocupação Rigorosa, uma altura máxima de até quatro metros,

correspondente a um pavimento. Enquanto que as porções que compreendem a Zona de Ocupação

Controlada, consistem em uma área de amortecimento e por possuírem um distanciamento maior do

complexo Rheingantz será atribuída uma altura máxima de seis metros ou dois pavimentos. Ambas as

zonas devem ser isentas de afastamento frontal e lateral, garantindo a configuração “em fita” existente.

A ocupação do terreno mantém-se em 75% para maior aproveitamento do terreno, enquanto que a taxa

de permeabilidade do solo de 25% da área do lote deverá ser utilizada para preservação de espécies

vegetais e jardins, não sendo permitida a impermeabilização em nenhuma hipótese. Não deverão ser

permitidos corpos avançados (balcões, sacadas e marquises) sobre o alinhamento predial que venham

a comprometer formalmente as edificações existentes e serão permitidas apenas coberturas dotadas

de platibanda com o intuito de manter a configuração sequencial das edificações, marcando sua

horizontalidade.

Levando em conta que as edificações do complexo Rheingantz demonstram uma graduação quanto à

configuração de suas coberturas, pretende-se, ao mesmo tempo, que as novas não interferiram nessa

leitura hierárquica. É importante frisar que a presença da linha de força horizontal das edificações

relaciona-se com a topografia local e caracterizam o espaço urbano. Manter tal horizontalidade visa

garantir a visibilidade e a ambiência do bem tombado.

Os pavilhões da fábrica Rheingantz não contemplados na poligonal de tombamento, como visto

anteriormente, correspondem a uma área de extrema importância na compreensão do complexo.

Qualquer elemento que possa vir a ser edificado poderá vir a prejudicar na visibilidade do bem tombado,

bem como descaracterizá-lo. Além disso, os Cemitérios Católico e Protestante e a Capela da A.C.

Santa Casa por tratarem-se de equipamentos permanentes, diferenciam-se das demais edificações e

garantem a percepção do conjunto. Com base nisso, sugere-se classificar a porção que compreende

essas instalações como Zona Funcional, não admitindo a construção de qualquer elemento, sendo

utilizada apenas para fins de manutenção e preservação.

Quanto aos usos deverão ser evitadas as atividades que causem impacto sobre as estruturas

históricas, como as indústrias e algumas atividades comerciais (borracharia, postos de gasolina,

galvanização, etc...), conforme já estabelecido para o sítio tombado (IPHAE, 2013).

O uso residencial deverá ser restrito às habitações unifamiliares, evitando que haja a verticalização de

tipologias multifamiliares ou demais conjuntos habitacionais que prejudiquem a ambiência do todo.

Usos especiais, de interesse ou necessidade social, como escolas, hospitais, postos de segurança

policial, corpo de bombeiros, deverão ser avaliados individualmente para que não venham a

comprometer a configuração original do conjunto.

Os regimes urbanísticos propostos para cada zona do entorno do bem tombado foram tabelados, onde

se convencionou: IA= índice de aproveitamento do terreno; TO= taxa de ocupação do terreno; H= altura

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máxima das novas edificações (em metros) e DV=índice de aproveitamento do terreno decorrente da

volumetria (altura máxima/taxa de ocupação). Quanto às atividades, tem-se: RU= residencial

unifamiliar; CSB= comércio e serviços de baixo impacto; UE= uso especial.

Figura 16: Regime urbanístico proposto para a área de entorno do complexo Rheingantz Fonte: do autor, 2014

Além de atender a normatização de uso e ocupação do solo, o estudo prevê algumas medidas que

visam qualificar o espaço urbano e o bem tombado. Sendo assim, algumas recomendações no que

concerne ao tratamento do espaço público e privado foram propostas. Tendo em vista a importância

da vegetação na leitura do sítio tombado, há a necessidade de realizar a manutenção adequada da

arborização urbana e atribuir um regramento quanto à instalação de infraestrutura, pavimentação e

mobiliário urbano. A incorporação de anúncios à fachada, letreiros luminosos e/ou colocação de toldos

serão permitidos uma vez que não venham a obstruir ou interferir visualmente as fachadas de edifícios

de valor arquitetônico, bem como descaracterizá-los. Segundo art. 18 do decreto Lei 25/37 “não poderá,

na vizinhança de coisa tombada, fazer construção que impeça ou reduza a visibilidade, nem nela

colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-

se neste caso a multa de cinquenta por centro do valor do mesmo objeto” (BRASIL, 1937). Contudo,

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sugere-se que as novas edificações atendam aos novos requisitos mencionados e que as edificações

existentes se adéquem aos mesmos.

CONCLUSÃO

Os aspectos históricos estudados se demonstraram de grande auxílio para o reconhecimento do objeto

de estudo, tanto na configuração do espaço urbano como na compreensão dos aspectos

socioeconômicos e na importância do bem tombado. A elaboração de mapas temáticos baseados no

“Inventário de Configurações de Espaços Urbanos” (INCEU) possibilitou observar como os diferentes

elementos que compõe o espaço urbano contribuem para a legibilidade do complexo e como estes

estão diretamente relacionados com a história do lugar e com o patrimônio arquitetônico. Outro aspecto

constatado foi como os dispositivos urbanísticos do atual plano diretor vêm contribuindo para a

descaracterização do sítio tombado. A atual condição do bem tombado, pelo seu imenso valor histórico,

arquitetônico e de paisagem cultural, revela a necessidade urgente de definição da área de proteção

de entorno, a fim de garantir a ambiência e integridade do conjunto, bem como estipular um regime

urbanístico para controlar as construções que possam obstruir ou interferir na visibilidade do todo.

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