deficiÊncia fÍsica e suas caracterÍsticas.pdf

Upload: wiara-gil-alcon-de-souza

Post on 01-Mar-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    1/49

    1

    CURSO DE PS-GRADUAO

    INSTITUTO EDUCACIONAL ALFA

    APOSTILA:

    DEFICINCIA FSICA E SUAS CA-RACTERSTICAS

    MINAS GERAIS

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    2/49

    DEFICINCIA FSICA

    O papel primrio do Sistema Ner-

    voso (SN) coordenar e controlar a maior

    parte das funes de nosso corpo. Para

    fazer isso, o Sistema Nervoso recebe mi-

    lhares de informaes dos diferentes r-

    gos sensoriais e, a seguir, integra todas

    elas, para depois determinar a resposta a

    ser executada pelo corpo. Essa resposta

    ser expressa pelo comportamento motor, atividade mental, fala, sono, busca por ali-

    mento, regulao do equilbrio interno do corpo, entre outros. Experincias sensoriais

    podem provocar uma reao imediata no corpo ou podem ser armazenadas como me-

    mria no encfalo por minutos, semanas ou anos, at que sejam utilizadas num futuro

    controle de atividades motoras ou em processos intelectuais.

    A cada momento somos bombardeados por milhares de infor-

    maes, no entanto, armazenamos e utilizamos aquelas que, de al-

    guma forma, sejam significativas para ns e descartamos outras no

    relevantes. Aprendemos aquilo que vivenciamos e a oportunidade de

    relaes e correlaes, exerccios, observaes, auto-avaliao e

    aperfeioamento na execuo das tarefas far diferena na qualidade

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    3/49

    e quantidade de coisas que poderemos aprender no curso de nossas

    vidas.

    Conforme explicita o documento do Ministrio da Educao (MEC, 2003, p. 19):

    Piaget afirma que a inteligncia se constri mediante a troca entre o organismo

    e o meio, mecanismo pelo qual se d a formao das estruturas cognitivas. O

    organismo com sua bagagem hereditria, em contato com o meio, perturba-se,

    desequilibra-se e, para superar esse desequilbrio e se adaptar, constri novos

    esquemas.

    E continua o documento...

    Dessa maneira, as aes da criana sobre o meio: fazer coisas, brincar e re-

    solver problemas pode produzir formas de conhecer e pensar mais complexas,

    combinando e criando novos esquemas, possibilitando novas formas de fazer,

    compreender e interpretar o

    Mundo que a cerca.

    O aprendizado tem incio muito preco-

    ce. Durante a primeira etapa do desenvolvi-

    mento infantil a criana especializa e aumenta

    seu repertrio de relaes e expresses atra-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    4/49

    vs dos movimentos e das sensaes que estes lhe proporcionam; das aes que exe-

    cuta sobre o meio; da reao do meio, novamente percebida por ela. Sensaes expe-

    rimentadas, significadas afetiva e intelectualmente, armazenadas e utilizadas, reutiliza-

    das e percebidas em novas relaes e, assim por diante, vo formando um banco de

    dados que no futuro ser retomado em processamentos cada vez mais complexos e

    abstratos.

    Camargo (1994, pg. 20) citando Piaget diz:

    a criana cientista, interessada em relaes de causalidade, emprica ainda,

    mas sempre em busca de novos resultados por tentativa e erro. Desta forma

    podemos dizer que medida que a criana evolui no controle de sua postura e

    especializa seus movimentos, sendo cada vez mais capaz de deslocar-se e

    aumentar sua explorao do meio, est lanando as bases de seu aprendiza-

    do, seu corpo est sendo marcado por infinitas e novas sensaes.

    Lefvre tambm citado por Camargo (1994, pg. 17) e diz:

    Desde o nascimento, o crebro infantil est em constante evoluo atravs de

    sua inter-relao com o meio. A criana percebe o mundo pelos sentidos, age

    sobre ele, e esta interao se modifica durante a evoluo, entendendo melhor,

    pensando de modo mais complexo, comportando-se de maneira mais adequa-

    da, com maior preciso prxica, medida que domina seu corpo.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    5/49

    Neste sentido, a criana com defi-

    cincia fsica no pode estar em um

    mundo parte para desenvolver habi-

    lidades motoras. preciso que ela re-

    ceba os benefcios tecnolgicos e de

    reabilitao em constante interao

    com o ambiente ao qual ela pertence. muito mais significativo cri-

    ana desenvolver habilidades de fala se ela tem com quem se comu-

    nicar. Da mesma forma, mais significativo desenvolver habilidade

    de andar se para ela est garantido o seu direito de ir e vir.

    O ambiente escolar para qualquer criana o espao por natureza de interao

    de uns com os outros. nesse espao que nos vemos motivado a estabelecer comuni-

    cao, a sentir a necessidade de se locomover, entre outras habilidades que nos fazem

    pertencer ao gnero humano. O aprendizado de habilidades ganha muito mais sentido

    quando a criana est imersa em um ambiente compartilhado que permite o convvio e

    a participao. A incluso escolar a oportunidade para que de fato a criana com de-

    ficincia fsica no esteja parte, realizando atividades meramente condicionadas e

    sem sentido.

    No Decreto n. 3.298 de 1999 da legislao brasileira, encontramos o conceito de

    deficincia e de deficincia fsica, conforme segue:

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    6/49

    Art. 3: - Para os efeitos deste Decreto, considera-se:

    I - Deficinciatoda perda ou anormalidade de uma estrutura ou funo psico-

    lgica, fisiolgica ou anatmica que gere incapacidade para o desempenho de

    atividade, dentro do padro considerado normal para o ser humano;

    Art. 4: - Deficincia Fsica alterao completa ou parcial de um ou mais

    segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da funo fsi-

    ca, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, mo-

    noparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemipare-

    sia, amputao ou ausncia de membro, paralisia cerebral, membros com de-

    formidade congnita ou adquirida, exceto as deformidades estticas e as que

    no produzam dificuldades para o desempenho de funes.

    O comprometimento da funo fsica poder acontecer quando

    existe a falta de um membro (amputao), sua m-formao ou de-

    formao (alteraes que acometem o sistema muscular e esquelti-

    co). Ainda encontraremos alteraes funcionais motoras decorrentes

    de leso do Sistema Nervoso e, nesses casos, observaremos princi-

    palmente a alterao do tnus muscular (hipertonia, hipotonia, ativi-

    dades tnicas reflexas, movimentos involuntrios e incoordenados).

    As terminologias para, mono, tetra, tri e hemi, diz respeito deter-

    minao da parte do corpo envolvida, significando respectivamente,

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    7/49

    somente os membros inferiores, somente um membro, os quatro

    membros, trs membros ou um lado do corpo.

    O documento Salas de Recursos Multifuncionais. Espao do Atendimento Edu-

    cacional Especializado publicado pelo Ministrio da Educaoafirma que:

    A deficincia fsica se refere ao comprometimento do aparelho locomotor que

    compreende o sistema Osteoarticular, o Sistema Muscular e o Sistema Nervo-

    so. As doenas ou leses que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamen-

    te ou em conjunto, podem produzir grande limitaes fsicas de grau e gravida-

    des variveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de leso ocor-

    rida. (BRASIL, 2006, p. 28)

    Na escola encontraremos alunos com dife-

    rentes diagnsticos. Para os professores ser im-

    portante a informao sobre quadros progressivos

    ou estveis, alteraes ou no da sensibilidade

    ttil, trmica ou dolorosa; se existem outras com-

    plicaes associadas como epilepsia ou proble-

    mas de sade que requerem cuidados e medicaes (respiratrios, cardiovasculares,

    etc.).

    Essas informaes auxiliaro o professor especializado a conduzir seu trabalho

    com o aluno e orientar o professor da classe comum sobre questes especficas de

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    8/49

    cuidados. Deveremos distinguir leses neurolgicas no evolutivas, como a paralisia

    cerebral ou traumas medulares, de outros quadros pro-

    gressivos como distrofias musculares ou tumores que agri-

    dem o Sistema Nervoso. Nos primeiros casos temos uma

    leso de caracterstica no evolutiva e as limitaes do

    aluno tendem a diminuir a partir da introduo de recursos

    e estimulaes especficas. J no segundo caso, existe o

    aumento progressivo de incapacidades funcionais e os

    problemas de sade associados podero ser mais freqen-

    tes.

    Algumas vezes os alunos estaro impedidos de acompanhar as

    aulas com a regularidade necessria, por motivo de internao hospi-

    talar ou de cuidados de sade que devero ser priorizados. Neste

    momento, o professor especializado poder propor o atendimento

    educacional hospitalar ou acompanhamento domiciliar, at que esse

    aluno retorne ao grupo, to logo os problemas de sade se estabiliza-

    rem.

    Sabemos tambm que nem sempre a deficincia fsica aparece isolada e em

    muitos casos encontraremos associaes com privaes sensoriais (visuais ou auditi-

    vas), deficincia mental, autismo etc., e por isso, o conhecimento destas outras reas

    tambm auxiliar o professor responsvel pelo atendimento desse aluno a entender

    melhor e propor o Atendimento Educacional EspecializadoAEE necessrio.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    9/49

    Existe uma associao freqente entre a deficincia fsica e os

    problemas de comunicao, como nos caso de alunos com paralisia

    cerebral. A alterao do tnus muscular, nessas crianas, prejudicar

    tambm as funes fonoarticulatrias, onde a fala poder se apresen-

    tar alterada ou ausente. O prejuzo na comunicao traz dificuldades

    na avaliao cognitiva dessa criana, que comumente percebida

    como deficiente mental. Nesses casos, o conhecimento e a imple-

    mentao da Comunicao Aumentativa e Alternativa, no espao do

    atendimento educacional, ser extremamente importante para a esco-

    larizao deste aluno.

    [...] necessrio que os professores conheam a diversidade e a complexidade

    dos diferentes tipos de deficincia fsica, para definir estratgias de ensino que

    desenvolvam o potencial do aluno. De acordo com a limitao fsica apresenta-

    da necessrio utilizar recursos didticos e equipamentos especiais para a sua

    educao buscando viabilizar a participao do aluno nas situaes prtica vi-

    venciadas no cotidiano escolar, para que o mesmo, com autonomia, possa oti-

    mizar suas potencialidades e transformar o ambiente em busca de uma melhor

    qualidade de vida. (BRASIL, 2006, p. 29)

    Na deficincia fsica encontramos uma diversidade de tipos e graus de compro-

    metimento que requerem um estudo sobre as necessidades especficas de cada pes-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    10/49

    soa. Para que o educando com deficincia fsica possa acessar ao conhecimento esco-

    lar e interagir com o ambiente ao qual ele freqenta, faz-se necessrio criar as condi-

    es adequadas sua locomoo, comunicao, conforto e segurana. o Atendi-

    mento Educacional Especializado, ministrado preferencialmente nas escolas do ensino

    regular, que dever realizar uma seleo de recursos e tcnicas adequados a cada tipo

    de comprometimento para o desempenho das atividades escolares. O objetivo que o

    aluno tenha um atendimento especializado capaz de melhorar a sua comunicao e a

    sua mobilidade.

    Por esse motivo, o Atendimento Educacional Especializado faz uso da Tecnolo-

    gia Assistiva direcionada vida escolar do educando com deficincia fsica, visando

    incluso escolar. A Tec-

    nologia Assistiva, se-

    gundo Bersch (2006, p.

    2) deve ser entendida

    como um auxlio que

    promover a ampliao

    de uma habilidade fun-

    cional deficitria ou pos-

    sibilitar a realizao da

    funo desejada e que se encontra impedida por circunstncia de deficincia. Assim, o

    Atendimento Educacional Especializado pode fazer uso das seguintes modalidades da

    Tecnologia Assistiva, visando realizao de tarefas acadmicas e a adequao do

    espao escolar.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    11/49

    a) Uso da Comunicao Aumentativa e Alternativa, para atender as necessidades dos

    educandos com dificuldades de fala e de escrita.

    b) Adequao dos materiais didtico pedaggicos s necessidades dos educandos,

    tais como engrossadores de lpis, quadro magntico com letras com m fixado, tesou-

    ras adaptadas, entre outros.

    c) Desenvolvimento de projetos em parceria com profissionais da arquitetura, engenha-

    ria, tcnicos em edificaes para promover a acessibilidade arquitetnica. No uma

    categoria exclusivamente de responsabilidade dos professores especializados que atu-

    am no AEE. No entanto, so os professores especializados, apoiados pelos diretores

    escolares, que levantam as necessidades de acessibilidade arquitetnica do prdio

    escolar.

    d) Adequao de recursos da

    informtica: teclado, mouse, pon-

    teira de cabea,

    Programas especiais, acionado-

    res, entre outros.

    e) Uso de mobilirio adequado:

    os professores especializados

    devem solicitar Secretaria de Educao adequaes de mobilirio escolar, conforme

    especificaes de especialistas na rea: mesas, cadeiras, quadro, entre outros, bem

    como os recursos de auxlio mobilidade: cadeiras de rodas, andadores, entre outros.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    12/49

    So os professores especializados os responsveis pelo Aten-

    dimento Educacional Especializado, tendo por funo a proviso de

    recursos para acesso ao conhecimento e ambiente escolar. Proporci-

    onam, ao educando com deficincia, maior qualidade na vida escolar,

    independncia na realizao de suas tarefas, ampliao de sua mobi-

    lidade, comunicao e habilidades de seu aprendizado.

    Esses professores, apoiados pelos diretores escolares, estabelecem parcerias

    com outras reas do conhecimento tais como: arquitetura, engenharia, terapia ocupaci-

    onal, fisioterapia, fonoaudiologia, entre outras, para que desenvolvam servios e recur-

    sos adequados a esses educandos.

    No caso de educandos com graves comprometimentos motores, que necessitam

    de cuidados na alimentao, na locomoo e no uso de aparelhos ou equipamentos

    mdicos, faz-se necessrio a presena de um acompanhante no perodo em que fre-

    qenta a classe comum. So esses recursos humanos que possibilitam aos alunos

    com deficincia fsica a autonomia, a segurana e a comunicao, para que eles pos-

    sam ser inseridos em turmas do ensino regular.

    Muitas so as dificuldades e barrei-

    ras que as crianas com deficincia fsica

    encontram na escola, por isso nem todas

    vo escola por no ter a acessibilidade.

    Figueiredo (2009, p.121), afirma que a

    Educao Infantil a porta de entrada para

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    13/49

    incluso escolar, sendo este nvel de ensino marcado pelo desenvolvimento das aqui-

    sies lingsticas, atitudinais, afetivas, sociais e psicomotoras, em que as crianas

    interagem com muito mais liberdade. O ambiente escolar para qualquer criana o

    espao por natureza de interao de uns com os outros. nesse espao que vemos

    estabelecer a comunicao e sentir a necessidade de se locomover. O aprendizado de

    habilidades ganha muito mais sentido quando a criana est imersa em um ambiente

    compartilhado que permite o convvio e a participao. A incluso escolar a oportuni-

    dade para que de fato a criana com deficincia fsica no esteja parte, realizando

    atividades meramente condicionadas e sem sentido.

    O aluno da educao especial aquele que por apresentar ne-

    cessidades diferentes dos demais alunos no domnio da aprendiza-

    gem requer recursos pedaggicos e metodolgicos educacionais es-

    pecficos. Inserir esses alunos no ensino regular, garantindo o direito

    educao, o que chamamos de incluso, ou seja, acolher estes

    indivduos e oferecer s pessoas com deficincia oportunidades edu-

    cacionais, nas mesmas condies acessveis aos outros.

    Para Dischinge e Machado (2006), deficincia o termo usado pela Internatiol

    Classification of Impairmet, Disabillities and Handicaps (ICIDH), traduzida em portugus

    como Classificao Internacional de Deficincias, Incapacidades e Desvantagens, tra-

    zendo termos avanados em relao a pocas anteriores. Essa classificao foi lana-

    da em 1976 em Assemblia Mundial da Organizao Mundial da Sade para definio

    da deficincia que entendida como uma manifestao corporal ou como a perda de

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    14/49

    uma estrutura ou funo do corpo, a incapacidade refere-se ao plano funcional, de-

    sempenho individual e a desvantagem diz a respeito condio social de prejuzo, re-

    sultante da deficincia ou da incapacidade. A expresso pessoa com deficincia pode

    ser aplicada referindo-se a qualquer pessoa que possua uma deficincia e que esto

    sob o amparo de uma determinada legislao.

    O termo deficiente para denominar

    pessoas com deficincia tem sido consi-

    derado por algumas ONGs e cientistas

    sociais inadequado, pois leva consigo

    uma carga negativa depreciativa da pes-

    soa, fato que foi ao longo dos anos se

    tornando cada vez mais rejeitado pelos especialistas da rea e emespecial pelos prprios indivduos.

    Segundo Nogueira (2008), na histria da humanidade o deficiente sempre foi v-

    tima de segregao. No sculo XV crianas deformadas eram jogadas nos esgotos da

    Roma Antiga, deixados em abrigos na Igreja isolados da humanidade. Na idade Mdia

    que estes sujeito adquiriram um status Humano sendo assumidos pelas famlias e pela

    Igreja.

    Na idade contempornea o homem na sociedade passa ser contedo central de

    questionamento, com base nesta compreenso, as atitudes com os deficiente modifi-

    cam, so oferecidas oportunidades educacionais e de integrao social at chegar aos

    dias de hoje.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    15/49

    O movimento de assistncia criana com deficincia uma realidade, muitas

    foram s aes em busca pelo direito da Pessoa com Deficincia tendo conquistas e

    derrotas. Na sociedade do Brasil Colnia, no existia uma poltica de atendimento e

    nem de tratamento com estas crianas com deficincia.

    No Brasil, o atendimento s pessoas com deficincia teve incio na poca do Im-

    prio, com a criao de duas instituies: o Imperial Instituto dos Meninos Instituto dos

    Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant IBC, e os Surdos Mudos, em

    1857, hoje denominados Instituto Nacional da Educao dos SurdosINES, ambos no

    Rio de Janeiro. No incio do sculo XX fundado o Instituto Pestalozzi (1926), institui-

    o especializada no atendimento s pessoas com deficincia mental; em 1954, fun-

    dada a primeira Associao de Pais e Amigos dos ExcepcionaisAPAE; e, em 1945,

    criado o primeiro atendimento educacional especializado s pessoas com superdota-

    o na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff . (MAZZOTTA, 1996, p. 75).

    Segundo Bobbio (1992), as mudanas foram a partir do sculo

    XX, quando as pessoas com deficincias passam a ser vistos como

    cidados com direitos e deveres de participao na sociedade, a pri-

    meira diretriz poltica aparece em 1948 com a Declarao Universal

    dos Direitos Humanos, cujo o primeiro artigo diz todas as pessoas

    nascem livres e iguais em dignidade e em direi-

    to.(BOBBIO,1992,p.262).

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    16/49

    Nos anos 60 surgem s primeiras crti-

    cas e segregao, defendendo a normatiza-

    o, a adequao do deficiente sociedade

    permitindo sua integrao. A Educao Espe-

    cial no Brasil aparece pela primeira vez na Lei

    de Diretrizes e Bases n. 4.024, de

    1961.(BRASIL,1961).

    Nos anos 80 e 90 declaraes e tratados passam a defender a incluso. A Cons-

    tituio promulgada em 1988, traz no artigo 3, inciso IV um dos objetivos fundamen-

    tais: promovero bem para todos, sem preconceito de origem, raa, cor, sexo, idade e

    quaisquer outras formas de discriminao. Garante atendimento as pessoas com defi-

    cincia preferencialmente na rede regular de ensino.(BRASIL,1988,p.2).

    No decreto n 3.298 de 1999, da legislao brasileira encontra-se o conceito de

    deficincia fsica:

    Art. 4 Deficincia Fsica alterao completa ou parcial e uma

    ou mais segmentos do corpo humano acarretando o comprometi-

    mento da funo fsica, apresentado sob forma de paraplegia, pa-

    raparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, tri-

    plegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputao ou ausncia

    do membro, paralisia cerebral, membros com deformidades con-

    gnitas ou adquiridas, exceto as deformidades estticas e que no

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    17/49

    produzam dificuldades para o desempenho de funes. (BRASIL,

    1999, p.23).

    Deficiente fsico o indivduo que apresenta comprometimento da capacidade

    motora, nos padres considerados normais para a espcie humana, pode ser definido

    como uma desvantagem, pois resulta de uma incapacidade, que limita ou impede o

    desempenho motor de uma determinada. Os tipos de deficincia fsica so: a hemiple-

    gia, que a paralisia da parte direita ou esquerda do corpo, a paraplegia, que a para-

    lisia dos membros inferiores, ou seja, das pernas, e a tetraplegia que a paralisia dos

    quatro membros, sendo assim dos braos e perna.

    Vrias podem ser as causas da deficincia fsica

    sejam elas: pr- natais como problemas durante a gesta-

    o, perinatais ocasionadas por problemas respiratrios

    na hora do nascimento, ps-natais tais como: parada

    cardaca, infeco hospitalar, doenas infectocontagiosa,

    traumatismo ocasionado por queda forte, assim melhor

    esclarecido (BRASIL, 2006, p.22):

    Paralisia Cerebral:por prematuridade; anxia perinatal; desnutrio materna; rubola;

    toxoplasmose; trauma de parto; subnutrio; outras.

    Hemiplegias: por acidente vascular cerebral; aneurisma cerebral; tumor cerebral e

    outras.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    18/49

    Leso medular: por ferimento por arma defogo; ferimento por arma branca; acidentes

    de trnsito; mergulho em guas rasas. Traumatismos diretos; quedas; processos infec-

    ciosos; processos degenerativos e outros.

    Amputaes: causas vasculares; traumas; malformaes congnitas; causas metab-

    licas e outras.

    Febre reumtica doena grave que pode afetar o corao;

    Cncer;

    Miastenias graves (consistem num grave enfraquecimento muscular sem atrofia).O

    Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), Lei n 8.069/90, no artigo 55, refora os

    dispositivos legais citados ao determinar que os pais ou responsveis tm a obrigao

    de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. (BRASIL, 2001a, p.21).

    O Plano Nacional de Educao (PNE), Lei n 10.172, uma determinao pre-

    vista na Constituio de 1988 e na LDBEN Lei n. 9.934/96 que apresenta em seu hist-

    rico a necessidade de estabelecer diretrizes e metas para a educao, documento co-

    mo Declarao Mundial de Educao para Todos em 1990, assegura o acesso e a

    permanncia de todos na escola, com o objetivo de satisfazer as necessidades bsicas

    da aprendizagem de todas as crianas, jovens e adultos devem estar em condies de

    aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades

    bsicas de aprendizagem. Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos

    essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expresso oral, o clculo,

    a soluo de problemas), quanto os contedos bsicos da aprendizagem (como co-

    nhecimentos, habilidades, valores e atitudes), necessrios para que os seres humanos

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    19/49

    possam sobreviver desenvolver plenamente suas potencialidades, viver e trabalhar

    com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de

    vida, tomar decises fundamentadas e continuar aprendendo. Junto, a Declarao de

    Salamanca (BRASIL, 1994) passam a influenciar a formulao das polticas pblicas da

    educao inclusiva.

    Em 1994, a Declarao de Salamanca proclama que as escolas regulares com

    orientao inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discrimi-

    natrias e que alunos com necessidades educacionais especiais devem ter acesso

    escola regular, tendo como princpio orientador que as escolas deveriam acomodar

    todas as crianas independentemente de suas condies fsicas, intelectuais, sociais,

    emocionais, lingsticas ou outras (BRASIL,1994, p.330).

    A Conveno da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto n

    3.956/2001, afirma que as pessoas com deficincia tm os mesmos direitos humanos e

    liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminao com

    base na deficincia toda diferenciao ou excluso que possa impedir ou anular o

    exerccio dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. BRASIL (2001),

    este documento tem importante repercusso na educao, exigindo uma reinterpreta-

    o da educao especial, compreendida no contextoda diferenciao, adotado para promover a eliminao

    das barreiras que impedem o acesso escolarizao.

    A pessoa com deficincia geralmente

    precisa de atendimento especializado, seja

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    20/49

    para fins teraputicos, como fisioterapia ou estimulao motora, seja

    para que possa aprender a lidar com a deficincia e a desenvolver as

    potencialidades. A Educao especial tem se organizado para atender

    especifica e exclusivamente alunos com deficincias tem sido uma

    das reas que tem desenvolvido estudos cientficos para melhor

    atender estas pessoas. A educao regular passou a se ocupar tam-

    bm do atendimento a essas pessoas, o que inclui pessoas com defi-

    cincia alm das necessidades comportamentais, emocionais ou so-

    ciais.

    Educao inclusiva segundo Sassaki (1997) um processo no qual se amplia a

    participao de todas as pessoas com deficincia na educao.Trata-se de uma rees-

    truturao da cultura, da prtica e das polticas vivenciadas nas escolas de modo que

    estas respondam diversidade de alunos como um direito de todos.

    As escolas brasileiras j deveriam estar capacitadas para a incluso, porm a

    realidade que enfrentamos outra, pois na verdade a etapa de adaptao dessa nova

    realidade j deveria ter sido superada. As escolas deveriam estar adequadas as ne-

    cessidade de todos as crianas, porm como estas crianas necessitam dessas adap-

    taes representam uma minoria dentro das escolas.

    Para um aluno que apresenta seqela motora ter acesso a rede regular de ensi-

    no necessrio transporte para a escola, se a famlia no tiver conduo prpria e ele

    no puder andar de nibus, equipamento que necessite para freqentar as aulas, como

    uma cadeira de rodas; eliminao barreiras arquitetnicas e do preconceito do profes-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    21/49

    sor em relao com a pessoa com deficincia, a exigncia de um cuidador acompa-

    nhando o aluno em sala de aula, no caso de a famlia no puder atend-la. Para que os

    alunos tenham acesso rede regular de ensino impreensindvel a compreenso con-

    creta dos alunos que apresentam seqelas motoras. No h possibilidade desse aluno

    freqentar uma sala de aula sem que sejam atendidas a essas necessidades, que no

    so especiais e fazem parte da luta pelo seu acesso e pela permanncia.

    A educao das pessoas com deficincia fsica precisa ser re-

    pensada a partir dessa contextualizao como uma questo histrica,

    buscando superar uma leitura abstrata da mesma. preciso que con-

    sideremos o conjunto de caractersticas fsicas ao interagirmos com

    o indivduo com deficincia fsica, que saibamos favorecer o seu de-

    senvolvimento humano, caso contrrio estaremos contribuindo para

    o desenvolvimento da deficincia.

    Vygotsky (1984) considera que o desenvolvimento e aprendizagem esto interli-

    gados desde os primeiros dias de vida, sendo que a aprendizagem impulsiona e pro-

    move o desenvolvimento. Pois quanto mais cedo e estimulada a criana for, menos

    evidentes sero suas deficincias.

    Um defeito ou problema fsico, qualquer que seja sua natureza, desafia o orga-

    nismo. Assim o resultado de um defeito invariavelmente duplo e contraditrio. Por um

    lado ele enfraquece o organismo, mina suas atividades e age como uma fora negati-

    va. Por outro lado, precisamente porque torna a atividade do organismo difcil, o defeito

    age como um incentivo para aumentar o desenvolvimento de outras funes no orga-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    22/49

    nismo; ele ativa, desperta o organismo para redobrar atividade, que compensar o de-

    feito e superar a dificuldade. (VYGOTSKY, 1984, p.233).

    O autor deixa transparecer a capacidade de se transformar do organismo e do

    ser humano, na capacidade do indivduo criar processos adaptativos com intuito de

    superar os impedimentos que encontra. A capacidade de superao s se realiza a

    partir da interao com fatores ambientais, pois o de-

    senvolvimento se d no entrelaamento de fatores ex-

    ternos e internos.

    A Educao Infantil proposta nos es-

    paos da creche e pr-escola, deve possibi-

    litar que a criana com deficincia experi-

    mente aquilo que outros alunos da mesmaidade vivenciam: brincadeiras corporais, sensoriais, msicas, est-

    rias, cores, formas, tempo e espao e afeto. Buscando construir ba-

    ses e alicerces para o aprendizado, a criana pequena com deficin-

    cia tambm necessita experimentar, movimentar-se e deslocar-se

    mesmo do seu jeito diferente; necessita tocar, perceber e comparar;

    entrar, sair, compor e desfazer; necessita significar o que percebe

    com os sentidos, como qualquer outra criana de sua idade.

    O mundo caminha para a construo de uma sociedade para incluir cada vez

    mais estas pessoas com deficincia. Sinais desse processo de construo so visveis

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    23/49

    nas escolas, na mdia, nas nossas vizinhanas e nos programas e servios. Muitos pa-

    ses j adotaram a abordagem inclusiva, o Brasil j comeou a buscar o seu caminho,

    mesmo com pouca ajuda tcnica e financeira os resultados ainda so pequenos. As

    escolas brasileiras j deveriam estar capacitadas para incluso, porm a realidade que

    enfrentamos outra.

    Os professores principalmente e outros

    profissionais ligados na rea da educao enfren-

    tam o desafio da incluso, o que no poderia ser

    chamado assim, pois na verdade a etapa da

    adaptao a essa nossa realidade j deveria ter

    sido superada. As escolas deveriam estar ade-

    quadas s necessidades de todos os alunos que

    necessitam dessas adaptaes e apresentam a minoria dentro das escolas. Essas

    adequaes vm de encontro acessibilidade, de acordo com o Dischinger e Machado

    (2006), esta se apresenta nas seguintes dimenses:

    Acessibilidade arquitetnica, sem barreiras ambientais fsicas em todos os recintos

    internos e esternos da escola e nos transportes coletivos.

    Acessibilidade comunicacional, sem barreiras na comunicao interpessoal (face -

    face, lngua de sinais, linguagem corporal linguagem gestual, etc.), na comunicao

    escrita e na comunicao virtual (acessibilidade digital).

    Acessibilidade metodolgica, sem barreiras nos mtodos e tcnicas de estu-

    do(adaptaes curriculares, aulas baseadas nas inteligncias mltiplas, uso de todos

    os estilos de aprendizagem, participao de todos de cada aluno, novo conceito de

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    24/49

    avaliao de aprendizagem, novo conceito de educao, novo conceito de didtica), de

    ao comunitria (metodologia social, cultural, artstica etc. baseada em participao

    ativa) e de educao dos filhos (novos mtodos e tcnicas nas relaes familiares etc.).

    Acessibilidade instrumental, sem barreiras nos instrumentos e utenslios de estudo

    (lpis, caneta, rgua, teclado do computador, materiais pedaggicos),de atividade da

    vida diria, esporte e recreao (dispositivos que atendam s limitaes sensoriais,

    fsicas e mentais, etc.).

    Acessibilidade programtica, sem barreiras invisveis embutidas em polticas pblicas,

    em regulamentos. E em normas de um modo geral.

    Acessibilidade atitudinal, por meio de programas e prticas de sensibilizao e de

    conscientizao das pessoas em geral e da convivncia na diversidade humana resul-

    tado em quebra de preconceito estigmas, esteretipos e discriminaes

    Quanto aos requisitos das pessoas com deficincia fsica nas escolas verifica-

    mos tambm as determinaes do Ministrio da Educao atravs da Portaria n 1679

    de 2 de dezembro de 1999 que estabelece as condies bsicas de acesso nas insti-

    tuio de ensino.

    Art. 2 A Secretaria de Educao deste Mistrio, com apoio tcnico da Secretaria d

    Educao Especial estabelecera os requisitos, tendo como referncia a Norma Brasil

    9050, da Associao brasileira de Normas e Tcnicas, que trata da Acessibilidade de

    pessoas com deficincias, edificaes, espao, mobilirio, equipamentos urbanos.

    Pargrafo nico. Os requisitos estabelecidos na forma do caput devero contemplar no

    mnimo:

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    25/49

    -para alunos com deficincia fsica: eliminao de barreiras arquitetnicas para circula-

    o do estudante, permitindo acesso nos espaos de uso coletivos, reserva de vagas

    nas em estacionamentos nas proximidades das unidades de servio construo de

    rampas com corrimos ou colocao de elevadores, facilitando a circulao de cadei-

    ras de rodas, adaptao de portas e banheiros para permitir o acesso de cadeira de

    rodas; colocao de barras de apoio nas paredes dos banheiros; instalao de lavabos,

    bebedouros e telefones pblicos em altura acessvel aos usurios de cadeira de rodas.

    (BRASIL, 1999, p.25).

    Existem muitas adaptaes a serem feitas para favorecer as cri-

    anas com deficincia fsica, com relao acessibilidade, a realida-

    de que muitas escolas brasileiras infelizmente apresentam obstcu-

    los a incluso, so muitas barreiras encontradas dificultando o aces-

    so e permanncia destas crianas no espao escolar.

    O papel do professor tambm fundamental. Ele deve ser capaz de identificar

    as necessidades da sala de aula e as peculiaridades de cada um do grupo. Esta uma

    dificuldade real daqueles que trabalham com a incluso, pois um cuidado que se de-

    ve ter ao valorizar as diferenas como singularidade.

    O professor precisa ter conhecimento bem construdo em sua

    rea de atuao, alm de se manter em permanente atualizao, bus-

    car informaes e aprender a selecion-las so novas habilidades

    que o professor no pode deixar de desenvolver, assim como aper-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    26/49

    feioar o conhecimento especifico, conhecer teorias pedaggicas e

    tcnicas didticas bastante variadas fundamental.

    Mas atualmente necessrio ter mais do que isto, preciso estar disposto a en-

    trar em contato com o conhecimento em geral, com o que est acontecendo dentro e

    fora do meio, pressupondo uma atitude diferenciada. Todos sabem que a incluso em-

    bora garantida por lei, no se concretiza por si s. Para se tornar uma prtica real, a

    incluso depende da disponibilidade interna dos

    que esto envolvidos, inclusive da famlia e que

    constitui uma instituio de extrema importncia na

    formao e na educao das crianas, juntamente

    com a escola, onde desenvolvida a educao e

    formao sistematizada das mesmas. Porm, no

    ambiente familiar que a criana tem seu primeiro

    contato com a sociedade.

    Da a importncia da unio dessas duas instituies sociais na formao educa-

    cional das crianas com deficincia. Embora a maioria dos sistemas educacionais de-

    fenda a posio de que a educao inicial de responsabilidade da famlia, pelo fato

    de considerar esse ambiente familiar como ideal para o desenvolvimento e educao

    das crianas, porm os pais precisam conhecer e discutir os objetivos da proposta pe-

    daggica e os meios organizados para atingi-los, alm de trocar opinies sobre como o

    cotidiano escolar e em casa.

    A prtica de reunir os pais periodicamente, para inform-los e discutir algumas

    mudanas a serem feitas no cotidiano das crianas, pode garantir que suas famlias

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    27/49

    apiem os filhos de forma tranqila, assegurando o processo educacional dos filhos,

    uma vez que a educao, para ser integral precisa ser conduzida por essas duas insti-

    tuies sociais essenciais ao desenvolvimento da crianafamlia e escola.

    A IMPORTNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO TRBALHO

    COM OS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

    A psicomotricidade envolve os seguintes elementos: esquema e imagem corpo-

    ral, coordenao global, equilbrio, dominncia lateral, orientao espacial e latero-

    espacial, orientao temporal, coordenao dinmica das mos.

    Estes elementos so considerados bsicos para o desenvolvimento global da

    criana, so pr-requisitos necessrios para a criana adquirir aprendizagem da leitu-

    ra e da escrita; vivenciar a percepo do seu corpo com relao aos objetos, saber dis-

    criminar partes do seu corpo e ter controle sobre elas e obter organizao de espao e

    tempo.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    28/49

    Esquema corporal

    um elemento bsica indispensvel para a formao da personalidade da cri-

    ana. a representao da imagem que a criana tem de seu prprio corpo. A criana

    se sentir bem na medida em seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que

    pode utiliza-lo no somente para movimentar-se, mas tambm para agir. Uma criana

    cujo esquema corporal mal constitudo no coordena bem os movimentos, na escola

    a grafia feia, e a leitura expressiva, no harmoniosa: a criana no segue o ritmo da

    leitura ou ento para no meio de uma palavra. Segundo De Meur (1989), uma criana

    que se sinta vontade significa que ele domina o seu corpo, utiliza-o com desenvoltura

    e eficcia, proporcionando-lhe bem estar, tornando fceis e equilibrados seus contatos

    com os outros.

    A organizao do corpo no espao(organizao espacial)

    a capacidade de movimentar o prprio corpo de forma integrada, dentro de um

    ambiente contendo obstculos, passando por eles. Movimentos com rastejar, engati-

    nhar, e andar, iro propiciar a criana o desenvolvimento das primeiras noes espaci-

    ais: perto, longe, dentro, fora.

    Para De Meur (1989), os problemas quanto orientao temporal e espacial,

    como por exemplo, com a noo antes-depois, acarretam principalmente confuso na

    ordenao dos elementos de uma slaba. A criana sente dificuldade em reconstruir

    uma frase cujas palavras estejam misturadas, sendo a analise gramatical um quebra-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    29/49

    cabea para ela. Uma m organizao espacial ou temporal acarreta fracasso em ma-

    temtica. Com efeito, para calcular a criana deve ter pontos de referncia, colocar os

    nmeros corretamente, possuir noo de fileira, de coluna; deve conseguir combinar

    as formas para fazer construes geomtricas. Diante de problemas de percepo es-

    pacial uma criana no capaz de distinguir um b de um d, um p de um q, 21

    de 12, caso no perceba a diferena entre a esquerda e a direita. Se no se distingue

    bem o alto e o baixo, confunde o b e o p, o n e o u, o ou e o on.

    A dominncia lateral

    Refere-se ao esquema do espao interno do indivduo, que o capacita utilizar um

    lado do corpo com melhor desembarao do que outro, em atividades que requeiram

    habilidade, caracterizando-se por uma assimetria funcional. A definio da lateralidade

    ocorre medida que a criana se desenvolve.

    A lateralidade na criana no deve ser estimulada at que no tenha sido defini-

    da, quando a criana forada a usar um lado do corpo torna-se prejudicial para a late-

    ralidade, devido a fatores culturais os mais antigos acham que no correto a criana

    escrever com a mo esquerda, forando-a a utilizar a mo direita par tal ao, os pais

    devem favorecer a escolha feita pelas crianas. Na idade onde ainda prevalece a bila-

    teralidade, se ainda a criana tiver tendncia para o sinestrismo e os pais tentar fazer

    algo para que impea, pode levar a criana a apresentar danos na motricidade e con-

    tribuir para o surgimento de problemas de aprendizagem.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    30/49

    O equilbrio

    a funo na qual os indivduos mantm sua estabilidade corporal durante os

    movimentos e quando em estado de imobilidade (Masson,1985). Shinca (1992), relata

    que o bom equilbrio essencial para a conquista da locomoo assim como a inde-

    pendncia dos membros superiores.

    A dificuldade de equilibrar-se produz estados de ansiedade e insegurana, pois

    a criana no consegue manter um estado esttico ou de movimento e isto atrapalha a

    relao entre equilbrio fsico e psquico. Picq e Vayer (1985), diz que na presena de

    algum distrbio do equilbrio pode-se observar uma indisponibilidade imediata dos mo-

    vimentos, desequilbrio corporal global, marcha no harmoniosa, tenses musculares

    locais, desalinhamentos anatmicos e imprevisibilidade de atitudes. Socialmente a cri-

    ana pode apresentar tendncia inibio ou desejo de esconder, e falta de confiana

    em si mesmo.

    A organizao latero-espacial

    Desenvolve da seguinte maneira, aos 6 anos a criana tem conhecimento do

    lado direito e esquerdo do seu corpo, aos 7 anos reconhece a posio relativa entre

    dois objetos, aos 8 anos reconhece o lado direito e esquerdo em outra pessoa, aos 9

    anos consegue imitar movimentos realizados por outras pessoas com o mesmo lado do

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    31/49

    corpo no qual a pessoa realiza o movimento, isto transpe o lado da pessoa para o

    seu, aos 10 anos reproduz movimentos de figuras esquematizadas, e aos 11 anos con-

    segue identificar a posio relativa entre 3 objetos.

    A coordenao dinmica

    A coordenao dinmica geral da a criana um bom domnio do corpo suprindo

    a ansiedade habitual, diminui as sincinesias e as tenses trazendo um controle satisfa-

    trio e confiana com relao ao prprio corpo.

    Com relao coordenao dinmica das mos Le Boulch (1982) diz que a ha-

    bilidade manual ou destreza constitui um aspecto particular da coordenao global.

    Reveste muita importncia nas praxias, no grafismo, pelo que deve dar se muita aten-

    o particular. A criana quando apresenta algum distrbio no desenvolvimento da

    coordenao (tanto global como da dinmica das mos), poder apresentar dificulda-

    des escolares com disgrafia, ultrapassa linhas e margens do caderno, pode ter dificul-

    dades na apreenso de dedos e nos gestos.

    Os potenciais humanos, so apoiados nas reas bsicas da Psicomotricidade,

    seu estudo e pesquisa constantes do esquema e da imagem corporal, da lateralizao,

    da tonicidade, da equilibrao e coordenao, so enriquecidos instrumentalmente,

    estimulando o sentimento de competncia, de auto-estima, entendendo o ser humano

    em constantes e complexas adaptaes, fazendo-o concluir que amado e aceito, tor-

    nando-o transformador e produtor social.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    32/49

    Sintetizando, a Psicomotricidadesubtende uma concepo holstica de apren-

    dizagem e de adaptao do ser humano, que tem por finalidade, associar dinamica-

    mente, o ato ao pensamento, o gesto palavra, o smbolo ao conceito.

    A HISTRIA DA PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL

    A histria da Psicomotricidade no Brasil, segue os passos da escola francesa.

    Era clara e ntida a influncia marcante da Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e da

    Psicologia na poca da 1 guerra em todo mundo. O Brasil foi tambm invadido, ainda

    que tardiamente, pelos primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos pases eu-

    ropeus, pesquisadores se organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder

    as aspiraes e necessidades da sociedade industrial, que levava as mulheres ao tra-

    balho formal, deixando as crianas em creches.

    Os franceses se conscientizavam sobre a importncia do gesto e pesquisavam

    profundamente os temas corporais. Andr Thomas e Saint-Ann Dargassie, iniciavam

    suas pesquisas sobre tnus axial. A maturao, os reflexos tnicos arcaicos do nasci-mento dos primeiros anos de vida, produziram as primeiras palavras-chave da Psico-

    motricidade.

    No entanto, Henri Wallon ousou falar em Tnus e Relaxamento e Dr. Ajuriaguer-

    ra combinou s suas pesquisas, a importncia do tnus falada por Wallon em seus es-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    33/49

    critos sobre o dilogo tnico. Dra. Giselle Soubiran iniciou sua prtica de relaxao psi-

    cotnica e fez seguidores.

    Empenhada cada vez mais em mostrar ao mundo, a importncia do tnus no dia

    a dia, ela apontou aos pesquisadores, caminhos a serem seguidos e estudados e dei-

    xou clara a sintomatologia tnica corporal do sculo. No Brasil, Antonio Branco Lefvre

    buscou junto s obras de Ajuriaguerra e Ozeretski, influenciado por sua formao em

    Paris, a organizao da primeira escala de avaliao neuromotora para crianas brasi-

    leiras.

    A evoluo da Psicomotricidade

    1790Maine de Brian, primeiro a valorizar o movimento como componente essencial

    da estruturao do eu. Para ele, na ao que o EU toma conscincia de si

    mesmo e do mundo. O eu no pensa, vive-se;

    1874C. Koupernik foi o principal indicador do que poderamos chamar de Psicomotri-

    cidade do adulto;

    1885Jean M. Charcot a partir do estudo sobre o membro fantasma, histeria, evidn-cia as interferncias do psiquismo sobre o corpo e do corpo sobre o psiquismo, enca-

    minhando uma mudana progressiva da viso dualista;

    1890Freud ressalta a noo do inconsciente, do corpo pulso, do corpo relao, ou

    seja, o corpo passa a desempenhar um papel importante nas formaes incons-

    cientes;

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    34/49

    1900Karl Wernicke usou pela primeira vez o termo psico-motricidade;

    1901Phillipe Tisi falou que por Educao Fsica no se deve entender apenas exer-

    ccio muscular do corpo, mas tambm e principalmente o treinamento dos cen-

    tros psicomotores pelas associaes mltiplas e repetidas entre movimento e

    pensamento;

    1906Dupr publicou na Revue de Neurologieo resultado dos estudos sobre a Psi-

    comotricidade, nos quais define a sndrome da debilidade motora, para evidenci-

    ar o paralelismo psicomotor, ou seja, a associao estreita entre desenvolvimen-

    to da motricidade, da inteligncia e da afetividade;

    1909 Ajuriaguerra foi considerado o iniciador da psicomotricidade da criana com o

    relatrio sobre a debilidade motora. A psicomotricidade seria a experincia do

    corpo, como dilogo tnico, podendo ser lida como uma linguagem. Ajuriaguerra

    que afirmou que o papel da funo tnica no apenas o de servir de pano de

    fundo da ao corporal, mas tambm um modo de relao com o outro;

    1925Dupr retoma o termo psicomotricidade na obra Pathologie de limagination et

    de lmotivit, empregado, tambm, na mesma poca, por Wernicke;

    Henri Wallon apresenta a famosa classificao das sndromes psico-motoras e

    sustenta um paralelismo das manifestaes motoras e psquicas, impregnado do

    reducionismo neurolgico, fruto do dualismo corpo-alma;

    1930 H. Wallon distingue dois tipos de atividades motoras e faz uma escala de de-

    senvolvimento da criana, alm de relacionar diretamente o movimento com o

    desenvolvimento psquico;

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    35/49

    1935E. Guillmain, alm de montar um teste psicomotor, analisou o paralelismo entre

    o comportamento geral da criana e o teste psicomotor e descobre trs funes

    essenciais: atividades tnica, relacional e intelectual;

    1937Jean Piaget demonstra a importncia do movimento, com base de toda a estru-

    turao da inteligncia humana. Reafirma que a atividade motora o ponto de

    partida para o desenvolvimento das inteligncias. A partir da, a funo tnica e

    a coordenao dos esquemas sero reconhecidos pelas psicologias como objeto

    de estudo;

    1948Heuyer fala da psicomotricidade como a associao estreita entre o desenvol-

    vimento da motricidade, da inteligncia e da afetividade;

    19601 edio da obra Educao Psicomotora e Retardo Mental de Picq e Vayer,

    que significa o ponto em que a educao psicomotora ganha verdadeiramente

    uma autonomia, e se converte em uma atividade educativa original e com objeti-

    vos prprios;

    1963No quadro universitrio do Hospital Salptrire, na Frana, expediu-se um certi-

    ficado de Reeducao da Psicomotricidade;

    1963-1973Institucionalizao e disperso das doutrinas e do mtodo;

    1974Existe, na Frana, o diploma de Estado de Psicomotricista, obtido atravs dos

    Ministrios da Sade e da Famlia, envolvendo trs anos de estudos, aps o Ba-

    charelado;

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    36/49

    1980Com o incentivo de Franoise Desobeau, foi criada a SOCIEDADE BRASILEI-

    RA DE TERAPIA PSICOMOTORA (SBTP), integrada sociedade Internacional

    de Terapia Psicomotora (SITP), num encontro em Araruama, onde estiveram

    presentes 40 profissionais de oito profisses diferentes e de oito Estados do

    Brasil.

    1982I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade;

    Foram iniciadas as primeiras publicaes na rea de Psicomotricidade atravs

    dos Anais do congresso, dos exemplares IPERA, da prpria Sociedade, alm de revis-

    tas como CONTINUIDADE, do CESIR e CORPO E LINGUAGEM, da Editora Jacob,

    que era dirigida por um dos membros da Sociedade;

    1983Foram criados cursos de Ps-graduao de Psicomotricidade, na Universidade

    Estcio de S e no Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitao (IBMR), consti-

    tuindo um passo importante na histria da Psicomotricidade.

    1985Decreto 85.188, de 7.02.1985, rebatizou o diploma de Estado de Psicomotrici-

    dade.

    1989 em Julho foi aberto, no IBMR, o curso de formao de Psicomotricidade com

    durao de 4 anos, a nvel de graduao.

    Sinopse do Reconhecimento da Psicomotricidade

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    37/49

    Primeiro com Tissi(1894), com Dupr(1925), depois com Janet(1928), e fun-

    damentalmente com Wallon(1925, 1932 e 1934), a Psicomotricidade ganha definitiva-

    mente o reconhecimento institucional.

    DESENVOLVIMENTO MOTOR

    O desenvolvimento motor o resultado da maturao de certos tecidos nervo-

    sos, aumento em tamanho e complexidade do sistema nervoso central, crescimento

    dos ossos e msculos. So portanto comportamentos no aprendidos que surgem es-

    pontaneamente desde que a criana tenha condies adequadas para exercitar-se.

    Esses comportamentos no se desenvolvero caso haja algum tipo de distrbio ou do-

    ena. Podemos notar que crianas que vivem em creches e que ficam presas em seus

    beros sem qualquer estimulao no desenvolvero o comportamento de sentar, an-

    dar na poca adequada que futuramente apresentaro problemas de coordenao e

    motricidade.

    As principais funes psicomotoras um bom desenvolvimento da estruturao

    do esquema corporal que mostre a evoluo da apresentao da imagem do corpo e o

    reconhecimento do prprio corpo, evoluo de preenso e da coordenao culo-

    manual que nos proporciona a fixao ocular e prenso e olhar e desenvolvimento da

    funo tnico e da postura em p e reflexos arcaicos da estruturao espao-temporal

    (tempo, espao, distncia e retina).

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    38/49

    Um perfeito desenvolvimento de nosso corpo ocorre no somente mecanica-

    mente, mas sim que so aprendidos e vivenciados junto a famlia, onde a criana

    aprende a formar a base da noo de seu 'eu corporal'.

    No podemos esquecer de citar a importncia dos sentimentos da criana na

    fase do conhecimento de seu prprio corpo, pois um esquema corporal mal estruturado

    pode determinar na criana um certo desajeitamento e falta de coordenao, se sentin-

    do insegura e isso poder desencadear uma srie de reaes negativas como: agres-

    sividade, mal humor, apatia que s vezes parece ser algo to simples poder originar

    srios problemas de motricidade que sero manifestados atravs do comportamento.

    AS REAS DA PSICOMOTRICIDADE

    Para fins didticos subdividiremos a psicomotricidade em reas que, embora

    citadas isoladamente, agiro quase sempre vinculadas umas s outras; entenderemos

    por "Prtica Psicomotora" todas as atividades que visam estimular as vrias reas que

    mencionaremos a seguir:

    COMUNICAO E EXPRESSO

    A linguagem funo de expresso e comunicao do pensamento e funo de

    socializao. Permite ao indivduo trocar experincias e atuar - verbal e gestualmente -

    no mundo.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    39/49

    Por ser a linguagem verbal intimamente dependente da articulao e da respira-

    o, incluem-se nesta rea os exerccios fonoarticulatrios e respiratrios.

    PERCEPO

    Percepo a capacidade de reconhecer e compreender estmulos recebidos. A

    percepo est ligada ateno, conscincia e a memria. Os estmulos que che-

    gam at ns provocam uma sensao que possibilita a percepo e a discriminao.

    Primeiramente sentimos, atravs dos sentidos: tato, viso, audio, olfato e degusta-

    o. Em seguida, percebemos, realizamos uma mediao entre o sentir e o pensar. E,

    por fim, discriminamos - reconhecemos as diferenas e semelhanas entre estmulos e

    percepes. A discriminao que nos permite saber, por exemplo, o que verde e o

    que azul, e a diferena entre o 1 e o 7. As atividades propostas para esta rea devem

    auxiliar o desenvolvimento da percepo e da discriminao.

    COORDENAO

    A coordenao motora mais ou menos instintiva e ligada ao desenvolvimento

    fsico. Entendida como a unio harmoniosa de movimentos, a coordenao supe inte-

    gridade e maturao do sistema nervoso. Subdividiremos a coordenao motora em

    coordenao dinmica global ou geral, visomanual ou fina e visual. A coordenao di-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    40/49

    nmica global envolve movimentos amplos com todo o corpo (cabea, ombros, braos,

    pernas, ps, tornozelos, quadris etc.) e desse modo 'coloca grupos musculares diferen-

    tes em ao simultnea, com vistas execuo de movimentos voluntrios mais ou

    menos complexos". A coordenao visomanual engloba movimentos dos pequenos

    msculos em harmonia, na execuo de atividades utilizando dedos, mos e pulsos.

    A coordenao visual refere-se a movimentos especficos com os olhos nas

    mais variadas direes. As atividades psicomotoras propostas para a rea de coorde-

    nao esto subdivididas nessas trs reas.

    ORIENTAO

    A orientao ou estruturao espacial/temporal importante no processo de

    adaptao do indivduo ao ambiente, j que todo corpo, animado ou inanimado, ocupa

    necessariamente um espao em um dado momento. A orientao espacial e temporal

    corresponde organizao intelectual do meio e est ligada conscincia, memria

    a s experincias vivenciadas pelo indivduo.

    CONHECIMENTO CORPORAL E LATERALIDADE

    A criana percebe seu prprio corpo por meio de todos os sentidos. Seu corpo

    ocupa um espao no ambiente em funo do tempo, capta imagens, recebe sons, sen-

    te cheiros e sabores, dor e calor, movimenta-se. A entidade corpo centro, o referenci-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    41/49

    al. A noo do corpo est no centro do sentimento de mais ou menos disponibilidade e

    adaptao que temos de nosso corpo e est no centro da relao entre o vivido e o

    universo. nosso espelho afetivo-somtico ante uma imagem de ns mesmos, do ou-

    tro e dos objetos.

    O esquema corporal, da maneira como se constri e se elabora no decorrer da

    evoluo da criana, no tem nada a ver com uma tomada de conscincia sucessiva

    de elementos distintos, os quais, como num quebra-cabea, iriam pouco a pouco en-

    caixar-se uns aos outros para compor um corpo completo a partir de um corpo des-

    membrado. O esquema corporal revela-se gradativamente criana da mesma forma

    que uma fotografia revelada na cmara escura mostra-se pouco a pouco para o obser-

    vador, tomando contorno, forma e colorao cada vez mais ntidos. A elaborao e o

    estabelecimento deste esquema parecem ocorrer relativamente cedo, uma vez que a

    evoluo est praticamente terminada por volta dos quatro ou cinco anos. Isto , ao

    lado da construo de um corpo 'objetivo', estruturado e representado como um objeto

    fsico, cujos limites podem ser traados a qualquer momento, existe uma experincia

    precoce, global e inconsciente do esquema corporal, que vai pesar muito no desenvol-

    vimento ulterior da imagem e da representao de si. O conceito corporal, que o co-

    nhecimento intelectual sobre partes e funes; e o esquema corporal, que em nossa

    mente regula a posio dos msculos e partes do corpo. O esquema corporal incons-

    ciente e se modifica com o tempo.

    Quando tratamos de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, j que a

    bssola de nosso corpo e assim possibilita nossa situao no ambiente. A lateralidade

    diz respeito percepo dos lados direito e esquerdo e da atividade desigual de cada

    um desses lados visto que sua distino ser manifestada ao longo do desenvolvimen-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    42/49

    to da experincia. Perceber que o corpo possui dois lados e que um mais utilizado

    do que o outro o incio da discriminao entre a esquerda e direita. De incio, a crian-

    a no distingue os dois lados do corpo; num segundo momento, ela compreende que

    os dois braos encontram-se um em cada lado de seu corpo, embora ignore que sejam

    "direito" e "esquerdo". Aos cinco anos, aprende a diferenciar uma mo da outra e um

    p do outro. Em seguida, passa a distinguir um olho do outro. Aos seis anos, a criana

    tem noo de suas extremidades direita e esquerda e noo dos rgos pares, apon-

    tando sua localizao em cada lado de seu corpo (ouvidos, sobrancelhas, mamilos,

    etc.). Aos sete anos, sabe com preciso quais so as partes direita e esquerda de seu

    corpo. As atividades psicomotoras auxiliam a criana a adquirir boa noo de espao e

    lateralidade e boa orientao com relao a seu corpo, aos objetos, s pessoas e aos

    sinais grficos.

    Alguns estudiosos preferem tratar a questo da lateralidade como parte da orien-

    tao espacial e no como parte do conhecimento corporal.

    HABILIDADES CONCEITUAIS

    A matemtica pode ser considerada uma linguagem cuja funo expressar

    relaes de quantidade, espao, tamanho, ordem, distncia, etc.

    A medida em que brinca com formas, quebra-cabeas, caixas ou panelas, a cri-

    ana adquire uma viso dos conceitos pr-simblicos de tamanho, nmero e forma. Ela

    enfia contas no barbante ou coloca figuras em quadros e aprende sobre seqncia e

    ordem; aprende frases: acabou, no mais, muito, o que amplia suas idias de quanti-

    dade. A criana progride na medida do conhecimento lgico-matemtico, pela coorde-

    nao das relaes que anteriormente estabeleceu entre os objetos. Para que se cons-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    43/49

    trua o conhecimento fsico (referente a cor, peso, etc.), a criana necessita ter um sis-

    tema de referncia lgico-matemtico que lhe possibilite relacionar novas observaes

    com o conhecimento j existente; por exemplo: para perceber que um peixe verme-

    lho, ela necessita um esquema classificatrio para distinguir o vermelho de todas as

    outras cores e outro esquema classificatrio para distinguir o peixe de todos os demais

    objetos que conhece.

    HABILIDADES PSICOMOTORAS E PROCESSO DE ALFABETIZAO

    As habilidades psicomotoras so essenciais ao bom desempenho no processo

    de alfabetizao. A aprendizagem da leitura e da escrita exige habilidades tais como:

    dominncia manual j estabelecida (rea de lateralidade);

    conhecimento numrico suficiente para saber, por exemplo, quantas voltas

    existem nas letras m e n, ou quantas slabas formam uma palavra (rea de habilidades

    conceituais);

    movimentao dos olhos da esquerda para a direita, domnio de movimentos

    delicados adequados escrita, acompanhamento das linhas de uma pgina com os

    olhos ou os dedos, preenso adequada para segurar lpis e papel e para folhear (rea

    de coordenao visual e manual);

    discriminao de sons (rea de percepo auditiva);

    adequao da escrita s dimenses do papel, reconhecimento das diferenas

    dos pares b/d, q/d, p/q etc., orientao da leitura e da escrita da esquerda para a direi-

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    44/49

    ta, manuteno da proporo de altura e largura das letras, manuteno de espao

    entre as palavras e escrita orientada pelas pautas (reas de percepo visual, orienta-

    o espacial, lateralidade, habilidades conceituais);

    pronncia adequada de vogais, consoantes, slabas, palavras (rea de comu-

    nicao e expresso);

    noo de linearidade da disposio sucessiva de letras, slabas e palavras

    (rea de orientao tmporo-espacial);

    capacidade de decompor palavras em slabas e letras (anlise);

    possibilidade de reunir letras e slabas para formar novas palavras (sntese).

    DISTRBIOS PSICOMOTORES

    "O que no percebeu, negais que exista; o que no calculastes, mentira; o que

    vs no pensastes, no tem peso, metal que no cunhais, dizeis que falso." (Goethe)

    Que h com ela? O que acontece com essa criana desajeitada? Porque, ape-

    sar de sua aparncia cheia de torpor e inabilidade, quando consegue aproximar-se,

    mostra-se com encanto e interesse?

    O que h com ela? Andou tarde, caiu quantas vezes... precipitava-se pelas es-

    cadas ao invs de desce-las, ou morria de medo como se fosse um grande empreen-

    dimento... escal-las e no apenas subi-las. E vestir-se... O que seria a manga, onde

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    45/49

    estariam os braos, as pernas das calas? Enfiam-se pela cabea? Por que existem

    laos de sapato? Para atormentar crianas? Ou talvez, a sua me que, desoladamente,

    contempla sua dificuldade? E um caderno? Comea-se de que lado? Por que as coisas

    so assim? Que estranho este mundo de lados que no tem lados... O que h com

    esta criana?

    Seus movimentos so desajeitados, lentos e pesados. Quando andam, apoiam

    duramente o calcanhar no solo. Quando crianas custam a aprender a subir e descer

    escadas, nas escolas, evitam participar de jogos, nas quais geralmente so ridiculari-

    zadas e afastadas: t-las como parceiras perder na certa.

    Tal ser uma questo e uma dificuldade para seus pais, para seus mestres, pa-

    ra todos ns. Como entend-lo. Como ajud-lo?

    A criana descrita na histria acima apresenta um distrbio de motricidade: uma

    dispraxia.

    Praxias: So sistemas de movimentos coordenados em funo de um resultado

    ou de uma inteno. No so nem reflexos, nem automatismos, nem movimentos invo-

    luntrios. O estudo sobre os distrbios das praxias foram primeiramente, sistematiza-

    dos em adultos. Estas perturbaes consistiam em perda ou alteraes do ato volunt-

    rio, como de leso no sistema nervoso central. So as apraxias.

    Pesquisas foram desenvolvidas com crianas que mostraram serem algumas

    delas portadoras de um determinado distrbio cujos sintomas assemelhavam-se aos

    adultos. Por outro lado mesmo existindo a leso, ela incidia sobre um crebro ainda em

    desenvolvimento e portanto em condies diferentes a dos adultos.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    46/49

    A partir destas consideraes e da preocupao em estabelecer-se uma psico-

    patologia diferencial da criana e do adulto passa-se a encontrar, na literatura, a deno-

    minao de dispraxia ou apraxia de evoluo quando se trata de distrbios das praxias

    na criana. Apraxia aparece referindo-se ao distrbio infantil.

    Classificao das apraxias. Distinguem trs variedades:

    a) Apraxia sensrio-cintica - que se caracteriza pela alterao da sntese sensrio-

    motora como a desautomatizao do gesto. No h nela distrbios de representao

    do ato.

    b) Apracto-somato-gnosia espacial - caracterizada por uma desorganizao do esque-

    ma corporal e do espao.

    c) Apraxia de formulao simblica que se caracteriza por uma desorganizao da ati-

    vidade simblica e da compreenso da linguagem.

    A finalidade de estabelecer os diferentes tipos de distrbios.

    ESTUDOS INICIAIS SOBRE O DISTRBIO PSICOMOTOR

    Debilidade Motora uma condio patolgica da mobilidade, s vezes heredi-

    tria e familiar, caracterizada pela exagerao dos reflexos tendinosos, uma perturba-o do reflexo plantar, um desajeito dos movimentos voluntrios intencionais que levam

    a impossibilidade de realizar voluntariamente a ao muscular.

    Distrbio Psicomotor: significa um transtorno que atinge a unidade indissoci-

    vel, formada pela inteligncia, pela afetividade e pela motricidade.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    47/49

    Paratonia: a possibilidade que apresentam certas crianas de relaxar volunta-

    riamente um msculo.

    Sincinesias: So fenmenos normais em crianas.

    Catalepsia: uma aptido anormal para a conservao de uma atitude.

    Outros sinais so marcados como certas epilepsias, espasmos dos msculos

    lisos, alguns estados de excitao e de agitao e a instabilidade.

    Assim muitos anos, os distrbios de psicomotricidade e portanto, as dispraxias,

    foram vistos sob o nome de debilidade motora que uma insuficincia de imperfeio

    das funes motoras consideradas do ponto de vista da sua adaptao.

    Os distrbios da Psicomotricidade definido sob o nome de Disfunes Psico-

    motoras.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    48/49

    REFERNCIAS

    GAIO, R.; PORTO, E. (2006) Educao fsica e pedagogia do mov imento: possibilida-

    des do corpo em dilogo com as diferenas

    In: MARCO, A. D (org.). Educao fsica: cultura e sociedade. Campinas. SP: Papirus.

    GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F. Atividade Fsica Adaptada: qualidade de vida para

    pessoas com necessidades especiais. Barueri:

    Manole, 2005.

    MARCONDES, E.; et al. Pediatria Bsica: Pediatria geral e neonatal. 9. ed. So Paulo:

    Sarvier, 2003.

    MARTINS, G. A.; LINTZ, A. Guia para elaborao de monografias e trabalhos de con-

    cluso de curso.So Paulo: Atlas, 2000.

    MAZZOTTA, M. J. S. Educao especial no Brasil: histria e polticas pblicas. So

    Paulo: Cortez, 1996.

    RECHINELI, A.; PORTO, E. T. R.; MOREIRA, W. W. Corpos deficientes, eficiente e

    diferente: uma viso a partir da educao

    fsica In: Revista Brasileira de Educao Especial. Marlia: p. 293-310, Mai-Ago.2008.

  • 7/25/2019 DEFICINCIA FSICA E SUAS CARACTERSTICAS.pdf

    49/49

    RODRIGUES, D. Atividade motora adaptada: a alegria do corpo. So Paulo: Artes M-

    dicas, 2006.SALTER, R. B. Distrbios e Leses do Sistema Musculoesqueltico. 3. ed.

    Rio de Janeiro: Medsi, 2001.

    SASSAKI, R. K. Incluso construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA,

    1997.

    SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho cientfico. 22 ed. So Paulo: Cortez, 2002