defesa integral - alunos/as de serviço social · além do estatuto da criança e do adolescente...

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DEFESA INTEGRAL da criança e do adolescente Normativa de volume 1

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Normativa de DEFESA INTEGRAL da criana e do adolescente - Volum

e 1

Ncleo Especializado da

Infncia e Juventude

DEFESA INTEGRAL da criana e do adolescente

Norm

ativ

a de

volume 1

A presente publicao mais uma ao em conjunto da Escola da Defensoria do Estado de So Paulo - EDEPE e o Ncleo Especializado da Infncia e Juventude para subsidiar a atuao no exerccio da defesa jurdica, poltica e processual dos direitos das crianas e dos adolescentes. Os documentos normativos em destaque representam tambm o pensamento de proteo integral desenvolvido pelo movi-mento nacional e internacional de defesa dos direitos infanto-juvenis. Alm do Estatuto da Criana e do Adolescente atualizado com as relevantes mudanas trazidas com a Lei 12.010/09 e 12594/12, preocupou-se em acrescentar, para conhecimento e utilizao, as normativas da educao, sade e o principal documento internacio-nal norteador: a Conveno Internacional da Criana. Ademais, compreendendo a necessidade de maior divulgao e conhecimento do Sistema nico da Assistncia Social - SUAS e sua relevncia em todo o Sistema de Garantia dos Direitos das Crianas e dos Adolescen-tes (a resoluo 113 do Conselho Nacional dos Direitos da Criana e do Adolescente tambm est includa) se junta a Lei Orgnica da Assistncia Social (j com as alteraes da lei 12.435/12) alm da Resoluo 109 do Conselho Nacional de Assistncia Social. Orienta-se a utilizao destes importantes documentos normativos em harmo-nia com as diretrizes constitucionais da prioridade absoluta s crian-as, aos adolescentes e jovens, como previsto no artigo 227 da Carta Magna. Nossos sinceros agradecimentos EDEPE nesta importante parceria para o fortalecimento da rede de defesa dos direitos das crianas e dos adolescentes.

DIEGO VALE DE MEDEIROS e LEILA ROCHA SPONTON Defensores Pblicos Coordenadores do Ncleo Especializado da

Infncia e Juventude da Defensoria Pblica do Estado de So Paulo

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CAPA COMPILAO - VOLUME 1.pdf 1 10/07/2012 16:23:21

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SUMRIO

Estatuto da Criana E do adolEsCEntE - ECa atualiZado at a lEi 12594/12. lEi n 8.069, dE 13 dE JulHo dE 1990..........3

lEi n 12.594, dE 18 dE JanEiro dE 2012 - sistEma naCio-nal dE atEndimEnto soCioEduCativo (sinasE)............84

lEi n 8.742, dE 7 dE dEZEmBro dE 1993 - lEi orGniCa da as-sistnCia soCial Com altEraEs da lEi 12.435/11.....115

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LEI N 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 - ESTATUTO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE ATUALIZADO AT A LEI 12.594/12Dispe sobre sobre o Estatuto da Criana e do Adolescente, e d outras providncias.O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

LIVRO IPARTE GERAL

TTULO IDAS DISPOSIES PRELIMINARESArt. 1 Esta Lei dispe sobre a prote-o integral criana e ao adolescente. Art. 2 Considera-se criana, para os efeitos desta Lei, a pessoa at doze anos de idade incompletos, e ado-lescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Pargrafo nico. Nos casos expressos em Lei, aplica-se excepcionalmente este estatuto s pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. Art. 3 A criana e o adolescente go-zam de todos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana, sem pre-juzo da proteo integral de que trata esta lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as opor-tunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento fsico, mental, moral, espiritual e social, em condies de liberdade e de dignidade.

Art. 4 dever da famlia, da comu-nidade, da sociedade em geral e do Poder Pblico assegurar, com abso-luta prioridade, a efetivao dos di-reitos referentes vida, sade, ali-mentao, educao, ao esporte, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria. Pargrafo nico. A garantia de priori-dade compreende: a) primazia de receber proteo e so-corro em quaisquer circunstncias; b) precedncia de atendimento nos servios pblicos ou de relevncia pblica;

c) preferncia na formulao e na execuo das polticas sociais pbli-cas;

d) destinao privilegiada de recursos pblicos nas reas relacionadas com a proteo infncia e juventude.

Art. 5 Nenhuma criana ou adoles-cente ser objeto de qualquer forma de negligncia, discriminao, explo-rao, violncia, crueldade e opres-so, punido na forma da lei qualquer atentado, por ao ou omisso, aos seus direitos fundamentais.

Art. 6 Na interpretao desta Lei levar-se-o em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigncias do

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bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condio peculiar da criana e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

TTULO IIDOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

CAPTULO IDO DIREITO VIDA E SADEArt. 7 A criana e o adolescente tm direito a proteo vida e sade, mediante a efetivao de polticas sociais pblicas que permitam o nas-cimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condies dignas de existncia.

Art. 8 assegurado gestante, atra-vs do Sistema nico de Sade, o atendimento pr e perinatal.

1 A gestante ser encaminhada aos diferentes nveis de atendimento, se-gundo critrios mdicos especficos, obedecendo-se aos princpios de re-gionalizao e hierarquizao do Sis-tema.

2 A parturiente ser atendida pre-ferencialmente pelo mesmo mdico que a acompanhou na fase pr-natal.

3 Incumbe ao Poder Pblico pro-piciar apoio alimentar gestante e nutriz que dele necessitem.

4 Incumbe ao poder pblico pro-porcionar assistncia psicolgica gestante e me, no perodo pr e ps-natal, inclusive como forma de

prevenir ou minorar as consequn-cias do estado puerperal. (Pargra-fo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

5 A assistncia referida no 4 des-te artigo dever ser tambm prestada a gestantes ou mes que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoo. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 9 O Poder Pblico, as institui-es e os empregadores propiciaro condies adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de mes submetidas a medida privativa de li-berdade.

Art. 10. Os hospitais e demais esta-belecimentos de ateno sade de gestantes, pblicos e particulares, so obrigados a:

I - manter registro das atividades de-senvolvidas, atravs de pronturios individuais, pelo prazo de dezoito anos;

II - identificar o recm-nascido me-diante o registro de sua impresso plantar e digital e da impresso di-gital da me, sem prejuzo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

III - proceder a exames visando ao diagnstico e teraputica de normali-dades no metabolismo do recm-nas-cido, bem como prestar orientao aos pais;

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IV - fornecer declarao de nasci-mento onde constem necessariamen-te as intercorrncias do parto e do desenvolvimento de neonato;

V - manter alojamento conjunto, pos-sibilitando ao neonato a permanncia junto me.

Art. 11. assegurado atendimento integral sade da criana e do ado-lescente, por intermdio do Sistema nico de Sade, garantido o aces-so universal e igualitrio s aes e servios para promoo, proteo e recuperao da sade. (Caput do artigo com redao dada pela Lei n 11.185, de 7/10/2005)

1 A criana e o adolescente porta-dores de deficincia recebero atendi-mento especializado.

2 Incumbe ao Poder Pblico forne-cer gratuitamente queles que neces-sitarem os medicamentos, prteses e outros recursos relativos ao tratamen-to, habilitao ou reabilitao.

Art. 12. Os estabelecimentos de aten-dimento sade devero proporcio-nar condies para a permanncia em tempo integral de um dos pais ou res-ponsvel, nos casos de internao de criana ou adolescente.

Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmao de maus-tratos contra criana ou adolescente sero obriga-toriamente comunicados ao Conse-lho Tutelar da respectiva localidade,

sem prejuzo de outras providncias legais.

Pargrafo nico. As gestantes ou mes que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoo sero obriga-toriamente encaminhadas Justia da Infncia e da Juventude. (Pargrafo nico acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 14. O Sistema nico de Sade promover programas de assistncia mdica e odontolgica para a preven-o das enfermidades que ordinaria-mente afetam a populao infantil, e campanhas de educao sanitria para pais, educadores e alunos.

Pargrafo nico. obrigatria a vaci-nao das crianas nos casos recomen-dados pelas autoridades sanitrias.

CAPTULO IIDO DIREITO LIBERDADE, AO RESPEITO E DIGNIDADE

Art. 15. A criana e o adolescente tm direito liberdade, ao respeito e dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituio e nas leis.

Art. 16. O direito liberdade com-preende os seguintes aspectos:

I - ir, vir e estar nos logradouros p-blicos e espaos comunitrios, ressal-vadas as restries legais;

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II - opinio e expresso;

III - crena e culto religioso;

IV - brincar, praticar esportes e diver-tir-se;

V - participar da vida familiar e co-munitria, sem discriminao;

VI - participar da vida poltica, na forma da lei;

VII - buscar refgio, auxlio e orien-tao.

Art. 17. O direito ao respeito consis-te na inviolabilidade da integridade fsica, psquica e moral da criana e do adolescente, abrangendo a preser-vao da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idias e cren-as, dos espaos e objetos pessoais.

Art. 18. dever de todos velar pela dignidade da criana e do adolescen-te, pondo-os a salvo de qualquer tra-tamento desumano, violento, aterro-rizante, vexatrio ou constrangedor.

CAPTULO IIIDO DIREITO CONVIVNCIA FAMILIAR E COMUNITRIA

Seo IDisposies Gerais

Art. 19. Toda criana ou adolescen-te tem direito a ser criado e educado no seio da sua famlia e, excepcio-nalmente, em famlia substituta, as-segurada a convivncia familiar e

comunitria, em ambiente livre da presena de pessoas dependentes de substncias entorpecentes.

1 Toda criana ou adolescente que estiver inserido em programa de aco-lhimento familiar ou institucional ter sua situao reavaliada, no mximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autori-dade judiciria competente, com base em relatrio elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegrao familiar ou colocao em famlia substituta, em quaisquer das modalidades pre-vistas no art. 28 desta Lei. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 A permanncia da criana e do adolescente em programa de acolhi-mento institucional no se prolongar por mais de 2 (dois) anos, salvo com-provada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judi-ciria. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

3 A manuteno ou reintegrao de criana ou adolescente sua famlia ter preferncia em relao a qualquer outra providncia, caso em que ser esta includa em programas de orientao e auxlio, nos termos do pargrafo nico do art. 23, dos incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art. 129

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desta Lei. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 20. Os filhos, havidos ou no da relao do casamento, ou por adoo, tero os mesmos direitos e qualifica-es, proibidas quaisquer designaes discriminatrias relativas filiao.

Art. 21. O poder familiar ser exerci-do, em igualdade de condies, pelo pai e pela me, na forma do que dis-puser a legislao civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordncia, recorrer autoridade judiciria competente para a soluo da divergncia. (Expresso ptrio poder alterada pelo art. 3 da Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educao dos fi-lhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes a obrigao de cum-prir e fazer cumprir as determinaes judiciais.

Art. 23. A falta ou a carncia de re-cursos materiais no constitui motivo suficiente para a perda ou a suspen-so do poder familiar. (Expresso ptrio poder alterada pelo art. 3 da Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Pargrafo nico. No existindo outro motivo que por si s autorize a decre-tao da medida, a criana ou o ado-lescente ser mantido em sua famlia de origem, a qual dever obrigato-riamente ser includa em programas oficiais de auxlio.

Art. 24. A perda e a suspenso do poder familiar sero decretadas ju-dicialmente, em procedimento con-traditrio, nos casos previstos na le-gislao civil, bem como na hiptese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigaes a que alude o art. 22. (Expresso ptrio poder alterada pelo art. 3 da Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Seo IIDa Famlia Natural

Art. 25. Entende-se por famlia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Pargrafo nico. Entende-se por fam-lia extensa ou ampliada aquela que se estende para alm da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes prximos com os quais a criana ou adolescente convive e man-tm vnculos de afinidade e afetivida-de. (Pargrafo nico acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento podero ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamen-te, no prprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento pblico, qualquer que seja a origem da filiao.

Pargrafo nico. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.

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Art. 27. O reconhecimento do estado de filiao direito personalssimo, indisponvel e imprescritvel, poden-do ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restri-o, observado o segredo de Justia.

Seo IIIDa Famlia Substituta

Subseo IDisposies Gerais

Art. 28. A colocao em famlia subs-tituta far-se- mediante guarda, tutela ou adoo, independentemente da si-tuao jurdica da criana ou adoles-cente, nos termos desta lei.

1 Sempre que possvel, a criana ou o adolescente ser previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estgio de desenvolvi-mento e grau de compreenso sobre as implicaes da medida, e ter sua opinio devidamente considerada. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, ser necessrio seu consentimento, colhido em audincia. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

3 Na apreciao do pedido levar-se- em conta o grau de parentesco e a relao de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequncias decorrentes da

medida. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

4 Os grupos de irmos sero colo-cados sob adoo, tutela ou guarda da mesma famlia substituta, ressalvada a comprovada existncia de risco de abuso ou outra situao que justifi-que plenamente a excepcionalidade de soluo diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimen-to definitivo dos vnculos fraternais. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

5 A colocao da criana ou ado-lescente em famlia substituta ser precedida de sua preparao gradati-va e acompanhamento posterior, rea-lizados pela equipe interprofissional a servio da Justia da Infncia e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos tcnicos responsveis pela execuo da poltica municipal de ga-rantia do direito convivncia fami-liar. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

6 Em se tratando de criana ou adolescente indgena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, ainda obrigatrio:

I - que sejam consideradas e respei-tadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradies, bem como suas instituies, desde que no sejam incompatveis com os di-reitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituio Federal;

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II - que a colocao familiar ocorra prioritariamente no seio de sua co-munidade ou junto a membros da mesma etnia;

III - a interveno e oitiva de repre-sentantes do rgo federal responsvel pela poltica indigenista, no caso de crianas e adolescentes indgenas, e de antroplogos, perante a equipe inter-profissional ou multidisciplinar que ir acompanhar o caso. (Pargrafo acres-cido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 29. No se deferir colocao em famlia substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilida-de com a natureza da medida ou no oferea ambiente familiar adequado.

Art. 30. A colocao em famlia subs-tituta no admitir transferncia da criana ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou no-go-vernamentais, sem autorizao judicial.

Art. 31. A colocao em famlia subs-tituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissvel na modalidade de adoo.

Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tute-la, o responsvel prestar compromis-so de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos.

Subseo IIDa Guarda

Art. 33. A guarda obriga prestao

de assistncia material, moral e edu-cacional criana ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

1 A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos pro-cedimentos de tutela e adoo, exceto no de adoo por estrangeiros.

2 Excepcionalmente, deferir-se- a guarda, fora dos casos de tutela e adoo, para atender a situaes pe-culiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsvel podendo ser de-ferido o direito de representao para a prtica de atos determinados.

3 A guarda confere criana ou adolescente a condio de dependen-te, para todos os fins e efeitos de di-reito, inclusive previdencirios.

4 Salvo expressa e fundamentada determinao em contrrio, da autori-dade judiciria competente, ou quan-do a medida for aplicada em prepa-rao para adoo, o deferimento da guarda de criana ou adolescente a terceiros no impede o exerccio do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que sero objeto de regulamentao especfica, a pedido do interessado ou do Ministrio Pblico. (Pargra-fo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

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Art. 34. O poder pblico estimula-r, por meio de assistncia jurdica, incentivos fiscais e subsdios, o aco-lhimento, sob a forma de guarda, de criana ou adolescente afastado do convvio familiar. (Caput do ar-tigo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

1 A incluso da criana ou adoles-cente em programas de acolhimento familiar ter preferncia a seu acolhi-mento institucional, observado, em qualquer caso, o carter temporrio e excepcional da medida, nos termos desta Lei. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 Na hiptese do 1 deste arti-go a pessoa ou casal cadastrado no programa de acolhimento familiar poder receber a criana ou adoles-cente mediante guarda, observado o disposto nos arts. 28 a 33 desta Lei. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 35. A guarda poder ser revoga-da a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Mi-nistrio Pblico.

Subseo IIIDa Tutela

Art. 36. A tutela ser deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de at 18 (dezoito) anos incompletos. (Caput do artigo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Pargrafo nico. O deferimento da tutela pressupe a prvia decretao da perda ou suspenso do poder fa-miliar e implica necessariamente o dever de guarda. (Expresso ptrio poder alterada pelo art. 3 da Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 37. O tutor nomeado por testamen-to ou qualquer documento autntico, conforme previsto no pargrafo nico do art. 1.729 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Cdigo Civil, dever, no prazo de 30 (trinta) dias aps a aber-tura da sucesso, ingressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observando o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Caput do artigo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Pargrafo nico. Na apreciao do pedido, sero observados os requisi-tos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo deferida a tutela pessoa indicada na disposio de ltima vontade, se restar comprova-do que a medida vantajosa ao tute-lando e que no existe outra pessoa em melhores condies de assumi-la. (Pargrafo nico com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 38. Aplica-se destituio da tu-tela o disposto no art. 24.

Subseo IVDa AdooArt. 39. A adoo de criana e de

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adolescente reger-se- segundo o dis-posto nesta lei.

1 A adoo medida excepcional e irrevogvel, qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manuteno da criana ou adoles-cente na famlia natural ou extensa, na forma do pargrafo nico do art. 25 desta Lei. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 vedada a adoo por procu-rao. (Pargrafo nico transforma-do em 2 pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 40. O adotando deve contar com, no mximo, dezoito anos data do pedido, salvo se j estiver sob a guar-da ou tutela dos adotantes.

Art. 41. A adoo atribui a condio de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucess-rios, desligando-o de qualquer vncu-lo com pais e parentes, salvo os impe-dimentos matrimoniais.

1 Se um dos cnjuges ou concubi-nos adota o filho do outro, mantm-se os vnculos de filiao entre o adota-do e o cnjuge ou concubino do ado-tante e os respectivos parentes.

2 recproco o direito sucessrio entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descen-dentes e colaterais at o 4 grau, obser-vada a ordem de vocao hereditria.

Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independente-mente do estado civil. (Caput do artigo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

1 No podem adotar os ascenden-tes e os irmos do adotando.

2 Para adoo conjunta, indispen-svel que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham unio est-vel, comprovada a estabilidade da fa-mlia. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

3 O adotante h de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando.

4 Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-companheiros po-dem adotar conjuntamente, contanto que acordem sobre a guarda e o re-gime de visitas e desde que o estgio de convivncia tenha sido iniciado na constncia do perodo de convivncia e que seja comprovada a existncia de vnculos de afinidade e afetividade com aquele no detentor da guarda, que justifiquem a excepcionalidade da concesso. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

5 Nos casos do 4 deste artigo, desde que demonstrado efetivo bene-fcio ao adotando, ser assegurada a guarda compartilhada, conforme pre-visto no art. 1.584 da Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Cdigo Civil.

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(Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

6 A adoo poder ser deferida ao adotante que, aps inequvoca mani-festao de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prola-tada a sentena. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 43. A adoo ser deferida quan-do apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos le-gtimos.

Art. 44. Enquanto no der conta de sua administrao e saldar o seu alcance, no pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado.

Art. 45. A adoo depende do con-sentimento dos pais ou do represen-tante legal do adotando.

1 O consentimento ser dispensado em relao criana ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido destitudos do poder familiar. (Expresso ptrio poder alterada pelo art. 3 da Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, ser tambm necessrio o seu consentimento.

Art. 46. A adoo ser procedida de estgio de convivncia com a criana ou adolescente, pelo prazo que a au-toridade judiciria fixar, observadas as peculiaridades do caso.

1 O estgio de convivncia poder ser dispensado se o adotando j estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possvel avaliar a convenincia da constituio do vnculo. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 A simples guarda de fato no autoriza, por si s, a dispensa da rea-lizao do estgio de convivncia. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

3 Em caso de adoo por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do Pas, o estgio de convivncia, cum-prido no territrio nacional, ser de, no mnimo, 30 (trinta) dias. (Pargra-fo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

4 O estgio de convivncia ser acompanhado pela equipe interpro-fissional a servio da Justia da Infn-cia e da Juventude, preferencialmente com apoio dos tcnicos responsveis pela execuo da poltica de garan-tia do direito convivncia familiar, que apresentaro relatrio minucioso acerca da convenincia do deferi-mento da medida. (Pargrafo acres-cido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 47. O vnculo da adoo consti-tui-se por sentena judicial, que ser inscrita no registro civil mediante mandado do qual no se fornecer certido.

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1 A inscrio consignar o nome dos adotantes como pais, bem como o nome de seus ascendentes.

2 O mandado judicial, que ser ar-quivado, cancelar o registro original do adotado.

3 A pedido do adotante, o novo registro poder ser lavrado no Cartrio do Registro Civil do Municpio de sua residncia. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

4 Nenhuma observao sobre a origem do ato poder constar nas certides do registro. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

5 A sentena conferir ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, poder determinar a modificao do prenome. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

6 Caso a modificao de prenome seja requerida pelo adotante, obriga-tria a oitiva do adotando, observado o disposto nos 1 e 2 do art. 28 des-ta Lei. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

7 A adoo produz seus efeitos a partir do trnsito em julgado da sen-tena constitutiva, exceto na hiptese prevista no 6 do art. 42 desta Lei, caso em que ter fora retroativa data do bito. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

8 O processo relativo adoo assim como outros a ele relacionados sero mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazenamento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conservao para consulta a qualquer tempo. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem biolgica, bem como de obter acesso irrestrito ao pro-cesso no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, aps com-pletar 18 (dezoito) anos. (Caput do artigo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Pargrafo nico. O acesso ao processo de adoo poder ser tambm deferi-do ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orien-tao e assistncia jurdica e psico-lgica. (Pargrafo nico acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 49. A morte dos adotantes no restabelece o poder familiar dos pais naturais. (Expresso ptrio poder alterada pelo art. 3 da Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 50. A autoridade judiciria mante-r, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianas e adolescentes em condies de serem adotados e ou-tro de pessoas interessadas na adoo.

1 O deferimento da inscrio dar-se- aps prvia consulta aos rgos

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tcnicos do Juizado, ouvido o Minis-trio Pblico.

2 No ser deferida a inscrio se o interessado no satisfizer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hi-pteses previstas no art. 29.

3 A inscrio de postulantes ado-o ser precedida de um perodo de preparao psicossocial e jurdica, orientado pela equipe tcnica da Jus-tia da Infncia e da Juventude, prefe-rencialmente com apoio dos tcnicos responsveis pela execuo da pol-tica municipal de garantia do direito convivncia familiar. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

4 Sempre que possvel e recomend-vel, a preparao referida no 3 deste artigo incluir o contato com crianas e adolescentes em acolhimento fami-liar ou institucional em condies de serem adotados, a ser realizado sob a orientao, superviso e avaliao da equipe tcnica da Justia da Infncia e da Juventude, com apoio dos tcnicos responsveis pelo programa de acolhi-mento e pela execuo da poltica mu-nicipal de garantia do direito convi-vncia familiar. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

5 Sero criados e implementados cadastros estaduais e nacional de crianas e adolescentes em condies de serem adotados e de pessoas ou ca-sais habilitados adoo. (Pargrafo

acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

6 Haver cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do Pas, que somente sero consultados na inexistncia de postulantes nacio-nais habilitados nos cadastros mencio-nados no 5 deste artigo. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

7 As autoridades estaduais e fe-derais em matria de adoo tero acesso integral aos cadastros, incum-bindo-lhes a troca de informaes e a cooperao mtua, para melhoria do sistema. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

8 A autoridade judiciria provi-denciar, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrio das crianas e adolescentes em condies de serem adotados que no tiveram colocao familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram defe-rida sua habilitao adoo nos ca-dastros estadual e nacional referidos no 5 deste artigo, sob pena de res-ponsabilidade. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

9 Compete Autoridade Central Estadual zelar pela manuteno e correta alimentao dos cadastros, com posterior comunicao Autori-dade Central Federal Brasileira. (Pa-rgrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

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10. A adoo internacional somente ser deferida se, aps consulta ao ca-dastro de pessoas ou casais habilita-dos adoo, mantido pela Justia da Infncia e da Juventude na comarca, bem como aos cadastros estadual e nacional referidos no 5 deste ar-tigo, no for encontrado interessado com residncia permanente no Bra-sil. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

11. Enquanto no localizada pessoa ou casal interessado em sua adoo, a criana ou o adolescente, sempre que possvel e recomendvel, ser coloca-do sob guarda de famlia cadastrada em programa de acolhimento fami-liar. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

12. A alimentao do cadastro e a convocao criteriosa dos postulantes adoo sero fiscalizadas pelo Mi-nistrio Pblico. (Pargrafo acresci-do pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

13. Somente poder ser deferida adoo em favor de candidato domici-liado no Brasil no cadastrado previa-mente nos termos desta Lei quando:

I - se tratar de pedido de adoo uni-lateral;

II - for formulada por parente com o qual a criana ou adolescente mante-nha vnculos de afinidade e afetividade;

III - oriundo o pedido de quem detm a tutela ou guarda legal de criana

maior de 3 (trs) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convi-vncia comprove a fixao de laos de afinidade e afetividade, e no seja constatada a ocorrncia de m-f ou qualquer das situaes previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Pargra-fo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

14. Nas hipteses previstas no 13 deste artigo, o candidato dever com-provar, no curso do procedimento, que preenche os requisitos necess-rios adoo, conforme previsto nesta Lei. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 51. Considera-se adoo inter-nacional aquela na qual a pessoa ou casal postulante residente ou do-miciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Conveno de Haia, de 29 de maio de 1993, Re-lativa Proteo das Crianas e Cooperao em Matria de Adoo Internacional, aprovada pelo Decre-to Legislativo n 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto n 3.087, de 21 de junho de 1999. (Caput do artigo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

1 A adoo internacional de crian-a ou adolescente brasileiro ou domi-ciliado no Brasil somente ter lugar quando restar comprovado: (Caput do pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

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I - que a colocao em famlia subs-tituta a soluo adequada ao caso concreto; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

II - que foram esgotadas todas as pos-sibilidades de colocao da criana ou adolescente em famlia substituta brasileira, aps consulta aos cadas-tros mencionados no art. 50 desta Lei; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

III - que, em se tratando de adoo de adolescente, este foi consultado, por meios adequados ao seu estgio de desenvolvimento, e que se encontra preparado para a medida, mediante parecer elaborado por equipe inter-profissional, observado o disposto nos 1 e 2 do art. 28 desta Lei. (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 Os brasileiros residentes no ex-terior tero preferncia aos estrangei-ros, nos casos de adoo internacional de criana ou adolescente brasileiro. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

3 A adoo internacional pressupe a interveno das Autoridades Cen-trais Estaduais e Federal em matria de adoo internacional. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

4 (Revogado pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 52. A adoo internacional obser-var o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptaes: (Caput do artigo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

I - a pessoa ou casal estrangeiro, inte-ressado em adotar criana ou adoles-cente brasileiro, dever formular pe-dido de habilitao adoo perante a Autoridade Central em matria de adoo internacional no pas de aco-lhida, assim entendido aquele onde est situada sua residncia habitual; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

II - se a Autoridade Central do pas de acolhida considerar que os solicitan-tes esto habilitados e aptos para ado-tar, emitir um relatrio que contenha informaes sobre a identidade, a capacidade jurdica e adequao dos solicitantes para adotar, sua situao pessoal, familiar e mdica, seu meio social, os motivos que os animam e sua aptido para assumir uma adoo internacional; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

III - a Autoridade Central do pas de acolhida enviar o relatrio Auto-ridade Central Estadual, com cpia para a Autoridade Central Federal Brasileira; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

IV - o relatrio ser instrudo com

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toda a documentao necessria, in-cluindo estudo psicossocial elaborado por equipe interprofissional habilitada e cpia autenticada da legislao per-tinente, acompanhada da respectiva prova de vigncia; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

V - os documentos em lngua estran-geira sero devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenes internacio-nais, e acompanhados da respectiva traduo, por tradutor pblico jura-mentado; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

VI - a Autoridade Central Estadual poder fazer exigncias e solicitar complementao sobre o estudo psi-cossocial do postulante estrangeiro adoo, j realizado no pas de aco-lhida; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

VII - verificada, aps estudo reali-zado pela Autoridade Central Esta-dual, a compatibilidade da legislao estrangeira com a nacional, alm do preenchimento por parte dos postu-lantes medida dos requisitos obje-tivos e subjetivos necessrios ao seu deferimento, tanto luz do que dis-pe esta Lei como da legislao do pas de acolhida, ser expedido laudo de habilitao adoo internacional, que ter validade por, no mximo, 1 (um) ano; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

VIII - de posse do laudo de habilita-o, o interessado ser autorizado a formalizar pedido de adoo perante o Juzo da Infncia e da Juventude do local em que se encontra a criana ou adolescente, conforme indicao efetuada pela Autoridade Central Es-tadual. (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

1 Se a legislao do pas de acolhi-da assim o autorizar, admite-se que os pedidos de habilitao adoo in-ternacional sejam intermediados por organismos credenciados. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 Incumbe Autoridade Central Fe-deral Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitao adoo internacional, com posterior comunicao s Autori-dades Centrais Estaduais e publicao nos rgos oficiais de imprensa e em stio prprio da internet. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

3 Somente ser admissvel o cre-denciamento de organismos que:

I - sejam oriundos de pases que ra-tificaram a Conveno de Haia e es-tejam devidamente credenciados pela Autoridade Central do pas onde esti-verem sediados e no pas de acolhida do adotando para atuar em adoo internacional no Brasil;

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II - satisfizerem as condies de in-tegridade moral, competncia profis-sional, experincia e responsabilida-de exigidas pelos pases respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira;

III - forem qualificados por seus pa-dres ticos e sua formao e expe-rincia para atuar na rea de adoo internacional;

IV - cumprirem os requisitos exigi-dos pelo ordenamento jurdico bra-sileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central Federal Bra-sileira. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

4 Os organismos credenciados devero ainda:

I - perseguir unicamente fins no lu-crativos, nas condies e dentro dos limites fixados pelas autoridades com-petentes do pas onde estiverem sedia-dos, do pas de acolhida e pela Autori-dade Central Federal Brasileira;

II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de reconheci-da idoneidade moral, com compro-vada formao ou experincia para atuar na rea de adoo internacio-nal, cadastradas pelo Departamento de Polcia Federal e aprovadas pela Autoridade Central Federal Brasilei-ra, mediante publicao de portaria do rgo federal competente;

III - estar submetidos superviso das autoridades competentes do pas onde estiverem sediados e no pas de acolhida, inclusive quanto sua com-posio, funcionamento e situao financeira;

IV - apresentar Autoridade Central Federal Brasileira, a cada ano, rela-trio geral das atividades desenvolvi-das, bem como relatrio de acompa-nhamento das adoes internacionais efetuadas no perodo, cuja cpia ser encaminhada ao Departamento de Polcia Federal;

V - enviar relatrio ps-adotivo se-mestral para a Autoridade Central Estadual, com cpia para a Autori-dade Central Federal Brasileira, pelo perodo mnimo de 2 (dois) anos. O envio do relatrio ser mantido at a juntada de cpia autenticada do regis-tro civil, estabelecendo a cidadania do pas de acolhida para o adotado;

VI - tomar as medidas necessrias para garantir que os adotantes en-caminhem Autoridade Central Fe-deral Brasileira cpia da certido de registro de nascimento estrangeira e do certificado de nacionalidade to logo lhes sejam concedidos. (Par-grafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

5 A no apresentao dos rela-trios referidos no 4 deste artigo pelo organismo credenciado poder

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acarretar a suspenso de seu creden-ciamento. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

6 O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro encarregado de intermediar pedidos de adoo internacional ter validade de 2 (dois) anos. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

7 A renovao do credenciamento poder ser concedida mediante re-querimento protocolado na Autorida-de Central Federal Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao trmi-no do respectivo prazo de validade. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

8 Antes de transitada em julgado a deciso que concedeu a adoo inter-nacional, no ser permitida a sada do adotando do territrio nacional. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

9 Transitada em julgado a deciso, a autoridade judiciria determinar a expedio de alvar com autorizao de viagem, bem como para obteno de passaporte, constando, obrigato-riamente, as caractersticas da criana ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traos peculiares, assim como foto recente e a aposio da impresso digital do seu polegar direito, instruindo o do-cumento com cpia autenticada da deciso e certido de trnsito em jul-

gado. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

10. A Autoridade Central Federal Brasileira poder, a qualquer momen-to, solicitar informaes sobre a situa-o das crianas e adolescentes adota-dos. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

11. A cobrana de valores por par-te dos organismos credenciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Federal Brasileira e que no estejam devidamente com-provados, causa de seu descreden-ciamento. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

12. Uma mesma pessoa ou seu cnjuge no podem ser representados por mais de uma entidade credenciada para atuar na cooperao em adoo internacional. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

13. A habilitao de postulan-te estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil ter validade mxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

14. vedado o contato direto de re-presentantes de organismos de adoo, nacionais ou estrangeiros, com diri-gentes de programas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com crianas e adolescentes em con-dies de serem adotados, sem a de-

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vida autorizao judicial. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

15. A Autoridade Central Federal Brasileira poder limitar ou suspender a concesso de novos credenciamen-tos sempre que julgar necessrio, me-diante ato administrativo fundamenta-do. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 52-A. vedado, sob pena de res-ponsabilidade e descredenciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos estrangeiros encarrega-dos de intermediar pedidos de adoo internacional a organismos nacionais ou a pessoas fsicas.

Pargrafo nico. Eventuais repasses somente podero ser efetuados via Fundo dos Direitos da Criana e do Adolescente e estaro sujeitos s de-liberaes do respectivo Conselho de Direitos da Criana e do Adolescente. (Artigo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 52-B. A adoo por brasileiro re-sidente no exterior em pas ratificante da Conveno de Haia, cujo proces-so de adoo tenha sido processado em conformidade com a legislao vigente no pas de residncia e aten-dido o disposto na Alnea c do Ar-tigo 17 da referida Conveno, ser automaticamente recepcionada com o reingresso no Brasil.

1 Caso no tenha sido atendido o disposto na Alnea c do Artigo 17 da Conveno de Haia, dever a sen-tena ser homologada pelo Superior Tribunal de Justia.

2 O pretendente brasileiro residen-te no exterior em pas no ratificante da Conveno de Haia, uma vez rein-gressado no Brasil, dever requerer a homologao da sentena estrangeira pelo Superior Tribunal de Justia. (Ar-tigo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 52-C. Nas adoes internacionais, quando o Brasil for o pas de acolhida, a deciso da autoridade competente do pas de origem da criana ou do adolescente ser conhecida pela Auto-ridade Central Estadual que tiver pro-cessado o pedido de habilitao dos pais adotivos, que comunicar o fato Autoridade Central Federal e deter-minar as providncias necessrias expedio do Certificado de Naturali-zao Provisrio.

1 A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministrio Pblico, somente deixar de reconhecer os efeitos da-quela deciso se restar demonstrado que a adoo manifestamente con-trria ordem pblica ou no atende ao interesse superior da criana ou do adolescente.

2 Na hiptese de no reconheci-mento da adoo, prevista no 1 des-te artigo, o Ministrio Pblico dever

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imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criana ou do adolescente, comuni-cando-se as providncias Autoridade Central Estadual, que far a comuni-cao Autoridade Central Federal Brasileira e Autoridade Central do pas de origem. (Artigo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 52-D. Nas adoes internacio-nais, quando o Brasil for o pas de acolhida e a adoo no tenha sido deferida no pas de origem porque a sua legislao a delega ao pas de acolhida, ou, ainda, na hiptese de, mesmo com deciso, a criana ou o adolescente ser oriundo de pas que no tenha aderido Conveno re-ferida, o processo de adoo seguir as regras da adoo nacional. (Arti-go acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

CAPTULO IVDO DIREITO EDUCAO, CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZERArt. 53. A criana e o adolescente tm direito educao, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, pre-paro para o exerccio da cidadania e qualificao para o trabalho, assegu-rando-se-lhes:

I - igualdade de condies para o acesso e permanncia na escola;

II - direito de ser respeitado por seus educadores;

III - direito de contestar critrios ava-liativos, podendo recorrer s instn-cias escolares superiores;

IV - direito de organizao e partici-pao em entidades estudantis;

V - acesso a escola pblica e gratuita prxima de sua residncia.

Pargrafo nico. direito dos pais ou responsveis ter cincia do processo pedaggico, bem como participar da definio das propostas educacionais.

Art. 54. dever do Estado assegurar criana e ao adolescente:

I - ensino fundamental, obrigatrio e gratuito, inclusive para os que a ele no tiveram acesso na idade prpria;

II - progressiva extenso da obrigato-riedade e gratuidade ao ensino mdio;

III - atendimento educacional espe-cializado aos portadores de deficin-cia, preferencialmente na rede regu-lar de ensino;

IV - atendimento em creche e pr-es-cola s crianas de zero a seis anos de idade;

V - acesso aos nveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criao artstica, segundo a capacidade de cada um;

VI- oferta de ensino noturno regular, adequado s condies do adolescen-te trabalhador;

VII - atendimento no ensino funda-

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mental, atravs de programas suple-mentares de material didtico-escolar, transporte, alimentao e assistncia sade.

1 O acesso ao ensino obrigatrio e gratuito direito pblico subjetivo.

2 O no-oferecimento do ensino obrigatrio pelo Poder Pblico ou sua oferta irregular importa responsabili-dade da autoridade competente.

3 Compete ao Poder Pblico recen-sear os educandos no ensino funda-mental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsveis, pela freqncia escola.

Art. 55. Os pais ou responsveis tm a obrigao de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.

Art. 56. Os dirigentes de estabeleci-mentos de ensino fundamental comu-nicaro ao Conselho Tutelar os casos de:

I - maus-tratos envolvendo seus alu-nos;

II - reiterao de faltas injustificadas e de evaso escolar, esgotados os re-cursos escolares;

III - elevados nveis de repetncia.

Art. 57. O Poder Pblico estimular pesquisas, experincias e novas pro-postas relativas a calendrio, seria-o, currculo, metodologia, didtica e avaliao, com vistas insero de

crianas e adolescentes excludos do ensino fundamental obrigatrio.

Art. 58. No processo educacional respeitar-se-o os valores culturais, artsticos e histricos prprios do contexto social da criana e do ado-lescente, garantindo-se a estes a li-berdade de criao e o acesso s fon-tes de cultura.

Art. 59. Os Municpios, com apoio dos Estados e da Unio, estimularo e facilitaro a destinao de recursos e espaos para programaes cultu-rais, esportivas e de lazer voltadas para a infncia e a juventude.

CAPTULO VDO DIREITO PROFISSIONALIZAO E PROTEO NO TRABALHOArt. 60. proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condio de aprendiz.

Art. 61. A proteo ao trabalho dos adolescentes regulada por legisla-o especial, sem prejuzo do dispos-to nesta lei.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formao tcnico-profissional mi-nistrada segundo as diretrizes e bases da legislao de educao em vigor.

Art. 63. A formao tcnico-profis-sional obedecer aos seguintes prin-cpios:

I - garantia de acesso e freqncia

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obrigatria ao ensino regular;

II - atividade compatvel com o de-senvolvimento do adolescente;

III - horrio especial para o exerccio das atividades.

Art. 64. Ao adolescente at quatorze anos de idade assegurada bolsa de aprendizagem.

Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, so assegu-rados os direitos trabalhistas e previ-dencirios.

Art. 66. Ao adolescente portador de deficincia assegurado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de traba-lho, aluno de escola tcnica, assistido em entidade governamental ou no-governamental, vedado trabalho:

I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte;

II - perigoso, insalubre ou penoso;

III - realizado em locais prejudiciais sua formao e ao seu desenvolvimen-to fsico, psquico, moral e social;

IV - realizado em horrios e locais que no permitam a freqncia escola.

Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade gover-namental ou no-governamental sem

fins lucrativos, dever assegurar ao adolescente que dele participe condi-es de capacitao para o exerccio de atividade regular remunerada.

1 Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigncias pedaggicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.

2 A remunerao que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participao na venda dos produtos de seu trabalho no desfigura o carter educativo.

Art. 69. O adolescente tem direito profissionalizao e proteo no trabalho, observados os seguintes as-pectos, entre outros:

I - respeito condio peculiar de pessoa em desenvolvimento;

II - capacitao profissional adequa-da ao mercado de trabalho.

TTULO IIIDA PREVENO

CAPTULO IDISPOSIES GERAIS

Art. 70. dever de todos prevenir a ocorrncia de ameaa ou violao dos direitos da criana e do adolescente.

Art. 71. A criana e o adolescente tm direito a informao, cultura, la-zer, esportes, diverses, espetculos

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e produtos e servios que respeitem sua condio peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Art. 72. As obrigaes previstas nesta lei no excluem da preveno espe-cial outras decorrentes dos princpios por ela adotados.

Art. 73. A inobservncia das normas de preveno importar em responsa-bilidade da pessoa fsica ou jurdica, nos termos desta lei.

CAPTULO IIDA PREVENO ESPECIAL

Seo IDa Informao, Cultura, Lazer, Esportes, Diverses e Espetculos

Art. 74. O Poder Pblico, atravs do rgo competente, regular as diver-ses e espetculos pblicos, infor-mando sobre a natureza deles, as fai-xas etrias a que no se recomendem, locais e horrios em que sua apresen-tao se mostre inadequada.

Pargrafo nico. Os responsveis pe-las diverses e espetculos pblicos devero afixar, em lugar visvel e de fcil acesso, entrada do local de exibio, informao destacada so-bre a natureza do espetculo e a faixa etria especificada no certificado de classificao.

Art. 75. Toda criana ou adolescente ter acesso s diverses e espetculos pblicos classificados como adequa-dos sua faixa etria.

Pargrafo nico. As crianas menores de dez anos somente podero ingres-sar e permanecer nos locais de apre-sentao ou exibio quando acompa-nhadas dos pais ou responsvel.

Art. 76. As emissoras de rdio e te-leviso somente exibiro, no horrio recomendado para o pblico infanto-juvenil, programas com finalidades educativas, artsticas, culturais e in-formativas.

Pargrafo nico. Nenhum espetculo ser apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificao, antes de sua transmisso, apresentao ou exi-bio.

Art. 77. Os proprietrios, diretores, gerentes e funcionrios de empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programao em vdeo cuida-ro para que no haja venda ou loca-o em desacordo com a classificao atribuda pelo rgo competente.

Pargrafo nico. As fitas a que alude este artigo devero exibir, no invlu-cro, informao sobre a natureza da obra e a faixa etria a que se destinam.

Art. 78. As revistas e publicaes contendo material imprprio ou ina-dequado a crianas e adolescentes devero ser comercializadas em em-balagem lacrada, com a advertncia de seu contedo.

Pargrafo nico. As editoras cuida-ro para que as capas que contenham

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mensagens pornogrficas ou obsce-nas sejam protegidas com embala-gem opaca.

Art. 79. As revistas e publicaes destinadas ao pblico infanto-juvenil no podero conter ilustraes, foto-grafias, legendas, crnicas ou ann-cios de bebidas alcolicas, tabaco, ar-mas e munies, e devero respeitar os valores ticos e sociais da pessoa e da famlia.

Art. 80. Os responsveis por estabe-lecimentos que explorem comercial-mente bilhar, sinuca ou congnere ou por casas de jogos, assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmente, cuidaro para que no seja permitida a entrada e a per-manncia de crianas e adolescentes no local, afixando aviso para orienta-o do pblico.

Seo IIDos Produtos e Servios

Art. 81. proibida a venda criana ou adolescente de:

I - armas, munies e explosivos;

II - bebidas alcolicas;

III - produtos cujos componentes possam causar dependncia fsica ou psquica ainda que por utilizao in-devida;

IV - fogos de estampido e de artifcio, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provo-

car qualquer dano fsico em caso de utilizao indevida;

V - revistas e publicaes a que alude o art. 78;

VI - bilhetes lotricos e equivalentes.

Art. 82. proibida a hospedagem de criana ou adolescente em hotel, mo-tel, penso ou estabelecimento con-gnere, salvo se autorizado ou acom-panhado pelos pais ou responsvel.

Seo IIIDa Autorizao para Viajar

Art. 83. Nenhuma criana poder viajar para fora da comarca onde re-side, desacompanhada dos pais ou responsvel, sem expressa autoriza-o judicial.

1 A autorizao no ser exigida quando:

a) tratar-se de comarca contgua da residncia da criana, se na mesma unidade da Federao, ou includa na mesma regio metropolitana;

b) a criana estiver acompanhada:

1. de ascendente ou colateral maior, at o terceiro grau, comprovado do-cumentalmente o parentesco;

2. de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, me ou respon-svel.

2 A autoridade judiciria poder, a pedido dos pais ou responsvel,

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conceder autorizao vlida por dois anos.

Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorizao dispens-vel, se a criana ou adolescente:

I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsvel;

II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro atravs de documento com fir-ma reconhecida.

Art. 85. Sem prvia e expressa au-torizao judicial, nenhuma criana ou adolescente nascido em territrio nacional poder sair do Pas em com-panhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.

LIVRO IIPARTE ESPECIAL

TTULO IDA POLTICA DE ATENDIMENTO

CAPTULO IDISPOSIES GERAIS

Art. 86. A poltica de atendimento dos direitos da criana e do adoles-cente far-se- atravs de um conjunto articulado de aes governamentais e no-governamentais, da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios.

Art. 87. So linhas de ao da poltica de atendimento:

I - polticas sociais bsicas;

II - polticas e programas de assistn-cia social, em carter supletivo, para aqueles que deles necessitem;

III - servios especiais de preveno e atendimento mdico e psicossocial s vtimas de negligncia, maus-tra-tos, explorao, abuso, crueldade e opresso;

IV - servio de identificao e locali-zao de pais, responsvel, crianas e adolescentes desaparecidos;

V - proteo jurdico-social por enti-dades de defesa dos direitos da crian-a e do adolescente.

VI - polticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o perodo de afastamento do convvio familiar e a garantir o efetivo exerccio do direito convivncia familiar de crianas e adolescentes; (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

VII - campanhas de estmulo ao aco-lhimento sob forma de guarda de crianas e adolescentes afastados do convvio familiar e adoo, espe-cificamente inter-racial, de crianas maiores ou de adolescentes, com necessidades especficas de sade ou com deficincias e de grupos de irmos. (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 88. So diretrizes da poltica de atendimento:

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I - municipalizao do atendimento;

II - criao de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criana e do adolescente, rgos de-liberativos e controladores das aes em todos os nveis, assegurada a parti-cipao popular paritria por meio de organizaes representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;

III - criao e manuteno de progra-mas especficos, observada a descen-tralizao poltico-administrativa;

IV - manuteno de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direi-tos da criana e do adolescente;

V - integrao operacional de rgo do Judicirio, Ministrio Pblico, Defensoria, Segurana Pblica e As-sistncia Social, preferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilizao do atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional;

VI - integrao operacional de rgos do Judicirio, Ministrio Pblico, Defensoria, Conselho Tutelar e en-carregados da execuo das polti-cas sociais bsicas e de assistncia social, para efeito de agilizao do atendimento de crianas e de ado-lescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucio-nal, com vista na sua rpida reinte-grao famlia de origem ou, se tal

soluo se mostrar comprovadamen-te invivel, sua colocao em famlia substituta, em quaisquer das modali-dades previstas no art. 28 desta Lei; (Inciso com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

VII - mobilizao da opinio pbli-ca para a indispensvel participao dos diversos segmentos da sociedade. (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 89. A funo de membro do Conselho Nacional e dos conselhos estaduais e municipais dos direitos da criana e do adolescente consi-derada de interesse pblico relevante e no ser remunerada.

CAPTULO IIDAS ENTIDADES DE ATENDIMENTO

Seo IDisposies Gerais

Art. 90. As entidades de atendimen-tos so responsveis pela manuten-o das prprias unidades, assim como pelo planejamento e execuo de programas de proteo e scio-e-ducativos destinados a crianas e adolescentes, em regime de:

I - orientao e apoio scio-familiar;

II - apoio scio-educativo em meio aberto;

III - colocao familiar;

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IV - acolhimento institucional; (In-ciso com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

V - prestao de servios comuni-dade; (Inciso com redao dada pela Lei n 12.594, de 18/1/2012, publica-da no DOU de 19/1/2012, em vigor 90 (noventa) dias aps a publicao)

VI - liberdade assistida; (Inciso com redao dada pela Lei n 12.594, de 18/1/2012, publicada no DOU de 19/1/2012, em vigor 90 (noventa) dias aps a publicao)

VII - semiliberdade; e (Inciso com redao dada pela Lei n 12.594, de 18/1/2012, publicada no DOU de 19/1/2012, em vigor 90 (noventa) dias aps a publicao)

VIII - internao. (Inciso com re-dao dada pela Lei n 12.594, de 18/1/2012, publicada no DOU de 19/1/2012, em vigor 90 (noventa) dias aps a publicao)

1 As entidades governamentais e no governamentais devero proce-der inscrio de seus programas, especificando os regimes de atendi-mento, na forma definida neste artigo, no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente, o qual manter registro das inscries e de suas alteraes, do que far comuni-cao ao Conselho Tutelar e auto-ridade judiciria. (Pargrafo nico transformado em 1 pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 Os recursos destinados imple-mentao e manuteno dos progra-mas relacionados neste artigo sero previstos nas dotaes oramentrias dos rgos pblicos encarregados das reas de Educao, Sade e Assistn-cia Social, dentre outros, observando-se o princpio da prioridade absoluta criana e ao adolescente preconizado pelo caput do art. 227 da Constituio Federal e pelo caput e pargrafo nico do art. 4 desta Lei. (Pargrafo acres-cido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

3 Os programas em execuo sero reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente, no mximo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critrios para renovao da autorizao de funcionamento:

I - o efetivo respeito s regras e prin-cpios desta Lei, bem como s resolu-es relativas modalidade de aten-dimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direitos da Criana e do Adolescente, em todos os nveis;

II - a qualidade e eficincia do tra-balho desenvolvido, atestadas pelo Conselho Tutelar, pelo Ministrio Pblico e pela Justia da Infncia e da Juventude;

III - em se tratando de programas de acolhimento institucional ou familiar, sero considerados os ndices de su-cesso na reintegrao familiar ou de adaptao famlia substituta, con-

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forme o caso. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 91. As entidades no-governa-mentais somente podero funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente, o qual comunica-r o registro ao Conselho Tutelar e autoridade judiciria da respectiva localidade.

1 Ser negado o registro entidade que: (Pargrafo nico transformado em 1 pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

a) no oferea instalaes fsicas em condies adequadas de habitabilida-de, higiene, salubridade e segurana;

b) no apresente plano de trabalho compatvel com os princpios desta lei;

c) esteja irregularmente constituda;

d) tenha em seus quadros pessoas ini-dneas.

e) no se adequar ou deixar de cumprir as resolues e deliberaes relativas modalidade de atendimento prestado expedidas pelos Conselhos de Direi-tos da Criana e do Adolescente, em todos os nveis. (Alnea acrescida pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 O registro ter validade mxima de 4 (quatro) anos, cabendo ao Conse-lho Municipal dos Direitos da Crian-a e do Adolescente, periodicamente,

reavaliar o cabimento de sua renova-o, observado o disposto no 1 des-te artigo. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 92. As entidades que desenvol-vam programas de acolhimento fami-liar ou institucional devero adotar os seguintes princpios: (Caput do artigo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

I - preservao dos vnculos familia-res e promoo da reintegrao fami-liar; (Inciso com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

II - integrao em famlia substitu-ta, quando esgotados os recursos de manuteno na famlia natural ou ex-tensa; (Inciso com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

III - atendimento personalizado e em pequenos grupos;

IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educao;

V - no-desmembramento de grupos de irmos;

VI - evitar, sempre que possvel, a transferncia para outras entidades de crianas e adolescentes abrigados;

VII - participao na vida da comuni-dade local;

VIII - preparao gradativa para o des-ligamento;

IX - participao de pessoas da co-munidade no processo educativo.

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1 O dirigente de entidade que de-senvolve programa de acolhimento institucional equiparado ao guar-dio, para todos os efeitos de direito. (Pargrafo nico transformado em 1 com nova redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de acolhi-mento familiar ou institucional reme-tero autoridade judiciria, no m-ximo a cada 6 (seis) meses, relatrio circunstanciado acerca da situao de cada criana ou adolescente acolhido e sua famlia, para fins da reavalia-o prevista no 1 do art. 19 desta Lei. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

3 Os entes federados, por inter-mdio dos Poderes Executivo e Judi-cirio, promovero conjuntamente a permanente qualificao dos profis-sionais que atuam direta ou indireta-mente em programas de acolhimento institucional e destinados colocao familiar de crianas e adolescentes, in-cluindo membros do Poder Judicirio, Ministrio Pblico e Conselho Tute-lar. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

4 Salvo determinao em contrrio da autoridade judiciria competente, as entidades que desenvolvem progra-mas de acolhimento familiar ou insti-tucional, se necessrio com o auxlio do Conselho Tutelar e dos rgos de

assistncia social, estimularo o con-tato da criana ou adolescente com seus pais e parentes, em cumprimen-to ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo. (Pargrafo acres-cido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

5 As entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional somente podero rece-ber recursos pblicos se comprovado o atendimento dos princpios, exigncias e finalidades desta Lei. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

6 O descumprimento das disposi-es desta Lei pelo dirigente de en-tidade que desenvolva programas de acolhimento familiar ou institucional causa de sua destituio, sem pre-juzo da apurao de sua responsabi-lidade administrativa, civil e criminal. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhimento institucio-nal podero, em carter excepcional e de urgncia, acolher crianas e ado-lescentes sem prvia determinao da autoridade competente, fazendo comunicao do fato em at 24 (vin-te e quatro) horas ao Juiz da Infncia e da Juventude, sob pena de respon-sabilidade. (Caput do artigo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Pargrafo nico. Recebida a comuni-

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cao, a autoridade judiciria, ouvido o Ministrio Pblico e se necessrio com o apoio do Conselho Tutelar lo-cal, tomar as medidas necessrias para promover a imediata reintegra-o familiar da criana ou do adoles-cente ou, se por qualquer razo no for isso possvel ou recomendvel, para seu encaminhamento a programa de acolhimento familiar, institucional ou a famlia substituta, observado o disposto no 2 do art. 101 desta Lei. (Pargrafo nico acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 94. As entidades que desenvol-vem programas de internao tm as seguintes obrigaes, entre outras:

I - observar os direitos e garantias de que so titulares os adolescentes;

II - no restringir nenhum direito que no tenha sido objeto de restrio na deciso de internao;

III - oferecer atendimento personali-zado, em pequenas unidades e grupos reduzidos;

IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao adolescente;

V - diligenciar no sentido do restabe-lecimento e da preservao dos vn-culos familiares;

VI - comunicar autoridade judici-ria, periodicamente, os casos em que se mostre invivel ou impossvel o reatamento dos vnculos familiares;

VII - oferecer instalaes fsicas em condies adequadas de habitabilida-de, higiene, salubridade e segurana e os objetos necessrios higiene pessoal;

VIII - oferecer vesturio e alimenta-o suficientes e adequados faixa etria dos adolescentes atendidos;

IX - oferecer cuidados mdicos, psi-colgicos, odontolgicos e farmacu-ticos;

X - propiciar escolarizao e profis-sionalizao;

XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;

XII - propiciar assistncia religiosa queles que desejarem, de acordo com suas crenas;

XIII - proceder a estudo social e pes-soal de cada caso;

XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo mximo de seis meses, dando cincia dos resultados autoridade competente;

XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua si-tuao processual;

XVI - comunicar s autoridades com-petentes todos os casos de adolescen-te portadores de molstias infecto-contagiosas;

XVII - fornecer comprovante de de-psito dos pertences dos adolescentes;

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XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egres-sos;

XIX - providenciar os documentos necessrios ao exerccio da cidadania queles que no os tiverem;

XX - manter arquivo de anotaes onde constem data e circunstncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsvel, parentes, en-dereos, sexo, idade, acompanhamen-to da sua formao, relao de seus pertences e demais dados que possibi-litem sua identificao e a individuali-zao do atendimento.

1 Aplicam-se, no que couber, as obrigaes constantes deste artigo s entidades que mantm programas de acolhimento institucional e familiar. (Pargrafo com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 No cumprimento das obrigaes a que alude este artigo as entidades utilizaro preferencialmente os recursos da comunidade.

Seo IIDa Fiscalizao das Entidades

Art. 95. As entidades governamentais e no-governamentais, referidas no art. 90, sero fiscalizadas pelo Judi-cirio, pelo Ministrio Pblico e pe-los Conselhos Tutelares.

Art. 96. Os planos de aplicao e as prestaes de contas sero apresen-

tados ao Estado ou ao Municpio, conforme a origem das dotaes or-amentrias.

Art. 97. So medidas aplicveis s en-tidades de atendimento que descum-prirem obrigao constante do art. 94, sem prejuzo da responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou pre-postos:

I - s entidades governamentais:

a) advertncia;

b) afastamento provisrio de seus di-rigentes;

c) afastamento definitivo de seus di-rigentes;

d) fechamento de unidade ou interdi-o de programa.

II - s entidades no-governamentais:

a) advertncia;

b) suspenso total ou parcial do re-passe de verbas pblicas;

c) interdio de unidades ou suspen-so de programas;

d) cassao do registro.

1 Em caso de reiteradas infraes cometidas por entidades de atendi-mento, que coloquem em risco os di-reitos assegurados nesta Lei, dever ser o fato comunicado ao Ministrio Pblico ou representado perante au-toridade judiciria competente para as providncias cabveis, inclusive

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suspenso das atividades ou disso-luo da entidade. (Pargrafo nico transformado em 1 pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 As pessoas jurdicas de direito p-blico e as organizaes no governa-mentais respondero pelos danos que seus agentes causarem s crianas e aos adolescentes, caracterizado o des-cumprimento dos princpios norteado-res das atividades de proteo espec-fica. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

TTULO IIDAS MEDIDAS DE PROTEO

CAPTULO IDISPOSIES GERAIS

Art. 98. As medidas de proteo criana e ao adolescente so aplic-veis sempre que os direitos reconhe-cidos nesta lei forem ameaados ou violados:

I - por ao ou omisso da sociedade ou do Estado;

II - por falta, omisso ou abuso dos pais ou responsvel;

III - em razo de sua conduta.

CAPTULO IIDAS MEDIDAS ESPECFICAS DE PROTEO

Art. 99. As medidas previstas neste Captulo podero ser aplicadas isolada

ou cumulativamente, bem como subs-titudas a qualquer tempo.

Art. 100. Na aplicao das medidas levar-se-o em conta as necessidades pedaggicas, preferindo-se aqueles que visem ao fortalecimento dos vn-culos familiares e comunitrios.

Pargrafo nico. So tambm princ-pios que regem a aplicao das me-didas:

I - condio da criana e do adolescen-te como sujeitos de direitos: crianas e adolescentes so os titulares dos direi-tos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituio Federal;

II - proteo integral e prioritria: a interpretao e aplicao de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada proteo integral e prioritria dos direitos de que crian-as e adolescentes so titulares;

III - responsabilidade primria e solidria do poder pblico: a plena efetivao dos direitos assegurados a crianas e a adolescentes por esta Lei e pela Constituio Federal, salvo nos casos por esta expressamente res-salvados, de responsabilidade pri-mria e solidria das 3 (trs) esferas de governo, sem prejuzo da munici-palizao do atendimento e da possi-bilidade da execuo de programas por entidades no governamentais;

IV - interesse superior da criana e do adolescente: a interveno deve aten-

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der prioritariamente aos interesses e direitos da criana e do adolescente, sem prejuzo da considerao que for devida a outros interesses legtimos no mbito da pluralidade dos interes-ses presentes no caso concreto;

V - privacidade: a promoo dos di-reitos e proteo da criana e do ado-lescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade, direito imagem e reserva da sua vida privada;

VI - interveno precoce: a inter-veno das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situao de perigo seja conhecida;

VII - interveno mnima: a interven-o deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e instituies cuja ao seja indispensvel efetiva pro-moo dos direitos e proteo da criana e do adolescente;

VIII - proporcionalidade e atualida-de: a interveno deve ser a necess-ria e adequada situao de perigo em que a criana ou o adolescente se encontram no momento em que a de-ciso tomada;

IX - responsabilidade parental: a in-terveno deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criana e o adolescente;

X - prevalncia da famlia: na promo-o de direitos e na proteo da crian-a e do adolescente deve ser dada prevalncia s medidas que os man-

tenham ou reintegrem na sua famlia natural ou extensa ou, se isto no for possvel, que promovam a sua inte-grao em famlia substituta;

XI - obrigatoriedade da informao: a criana e o adolescente, respeitado seu estgio de desenvolvimento e ca-pacidade de compreenso, seus pais ou responsvel devem ser informados dos seus direitos, dos motivos que de-terminaram a interveno e da forma como esta se processa;

XII - oitiva obrigatria e participa-o: a criana e o adolescente, em separado ou na companhia dos pais, de responsvel ou de pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsvel, tm direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definio da medida de promoo dos direitos e de proteo, sendo sua opinio de-vidamente considerada pela autorida-de judiciria competente, observado o disposto nos 1 e 2 do art. 28 desta Lei. (Pargrafo nico acresci-do pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 101. Verificada qualquer das hi-pteses previstas no art. 98, a autori-dade competente poder determinar, dentre outras, as seguintes medidas:

I - encaminhamento aos pais ou res-ponsvel, mediante, termo de respon-sabilidade;

II - orientao, apoio e acompanha-mento temporrios;

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III - matrcula e freqncia obriga-trias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;

IV - incluso em programa comuni-trio ou oficial de auxlio famlia, criana e ao adolescente;

V - requisio de tratamento mdico, psicolgico ou psiquitrico, em regi-me hospitalar ou ambulatorial;

VI - incluso em programa oficial ou comunitrio de auxlio, orientao e tratamento a alcolatras e toxicma-nos;

VII - acolhimento institucional; (In-ciso com redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

VIII - incluso em programa de aco-lhimento familiar; (Inciso com re-dao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

IX - colocao em famlia substituta. (Inciso acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

1 O acolhimento institucional e o acolhimento familiar so medidas provisrias e excepcionais, utilizveis como forma de transio para rein-tegrao familiar ou, no sendo esta possvel, para colocao em famlia substituta, no implicando privao de liberdade. (Pargrafo nico transfor-mado em 1 com nova redao dada pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

2 Sem prejuzo da tomada de me-didas emergenciais para proteo de

vtimas de violncia ou abuso sexual e das providncias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criana ou adolescente do convvio familiar de competncia exclusiva da autoridade judiciria e importar na deflagrao, a pedido do Ministrio Pblico ou de quem tenha legtimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao res-ponsvel legal o exerccio do contra-ditrio e da ampla defesa. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

3 Crianas e adolescentes somente podero ser encaminhados s institui-es que executam programas de aco-lhimento institucional, governamen-tais ou no, por meio de uma Guia de Acolhimento, expedida pela autorida-de judiciria, na qual obrigatoriamen-te constar, dentre outros:

I - sua identificao e a qualificao completa de seus pais ou de seu res-ponsvel, se conhecidos;

II - o endereo de residncia dos pais ou do responsvel, com pontos de re-ferncia;

III - os nomes de parentes ou de ter-ceiros interessados em t-los sob sua guarda;

IV - os motivos da retirada ou da no reintegrao ao convvio familiar. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

4 Imediatamente aps o acolhimento

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da criana ou do adolescente, a entidade responsvel pelo programa de acolhimento institucional ou familiar elaborar um plano individual de atendimento, visando reintegrao familiar, ressalvada a existncia de ordem escrita e fundamentada em contrrio de autoridade judiciria competente, caso em que tambm dever contemplar sua colocao em famlia substituta, observadas as re-gras e princpios desta Lei. (Pargra-fo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

5 O plano individual ser elabora-do sob a responsabilidade da equipe tcnica do respectivo programa de atendimento e levar em considerao a opinio da criana ou do adolescen-te e a oitiva dos pais ou do respons-vel. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

6 Constaro do plano individual, dentre outros:

I - os resultados da avaliao inter-disciplinar;

II - os compromissos assumidos pe-los pais ou responsvel; e

III - a previso das atividades a serem desenvolvidas com a criana ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsvel, com vista na reintegra-o familiar ou, caso seja esta vedada por expressa e fundamentada deter-minao judicial, as providncias a serem tomadas para sua colocao

em famlia substituta, sob direta su-perviso da autoridade judiciria. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

7 O acolhimento familiar ou insti-tucional ocorrer no local mais pr-ximo residncia dos pais ou do res-ponsvel e, como parte do processo de reintegrao familiar, sempre que identificada a necessidade, a famlia de origem ser includa em progra-mas oficiais de orientao, de apoio e de promoo social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criana ou com o adolescente acolhido. (Pa-rgrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

8 Verificada a possibilidade de rein-tegrao familiar, o responsvel pelo programa de acolhimento familiar ou institucional far imediata comunica-o autoridade judiciria, que dar vista ao Ministrio Pblico, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

9 Em sendo constatada a impos-sibilidade de reintegrao da crian-a ou do adolescente famlia de origem, aps seu encaminhamento a programas oficiais ou comunit-rios de orientao, apoio e promoo social, ser enviado relatrio funda-mentado ao Ministrio Pblico, no qual conste a descrio pormenoriza-da das providncias tomadas e a ex-

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pressa recomendao, subscrita pelos tcnicos da entidade ou responsveis pela execuo da poltica municipal de garantia do direito convivncia familiar, para a destituio do poder familiar, ou destituio de tutela ou guarda. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

10. Recebido o relatrio, o Minist-rio Pblico ter o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ao de destituio do poder familiar, salvo se entender necessria a realizao de estudos complementares ou outras providncias que entender indispens-veis ao ajuizamento da demanda. (Pa-rgrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

11. A autoridade judiciria manter, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informaes atuali-zadas sobre as crianas e adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional sob sua responsabilidade, com informaes pormenorizadas so-bre a situao jurdica de cada um, bem como as providncias tomadas para sua reintegrao familiar ou colocao em famlia substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

12. Tero acesso ao cadastro o Mi-nistrio Pblico, o Conselho Tutelar, o rgo gestor da Assistncia Social e os Conselhos Municipais dos Direi-

tos da Criana e do Adolescente e da Assistncia Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementao de polticas pblicas que permitam re-duzir o nmero de crianas e adoles-centes afastados do convvio familiar e abreviar o perodo de permanncia em programa de acolhimento. (Par-grafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

Art. 102. As medidas de proteo de que trata este Captulo sero acompa-nhadas da regularizao do registro civil.

1 Verificada a inexistncia de regis-tro anterior, o assento de nascimento da criana ou adolescente ser feito vista dos elementos disponveis, mediante requisio da autoridade judiciria.

2 Os registros e certides necess-rias regularizao de que trata este artigo so isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.

3 Caso ainda no definida a pater-nidade, ser deflagrado procedimento especfico destinado sua averigua-o, conforme previsto pela Lei n 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

4 Nas hipteses previstas no 3 deste artigo, dispensvel o ajuizamento de ao de investigao

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de paternidade pelo Ministrio Pblico se, aps o no comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuda, a criana for encaminhada para adoo. (Pargrafo acrescido pela Lei n 12.010, de 3/8/2009)

TTULO IIIDA PRTICA DE ATO INFRACIONAL

CAPTULO IDISPOSIES GERAIS

Art. 103. Considera-se ato infracio-nal a conduta descrita como crime ou contraveno penal.

Art. 104. So penalmente inimput-veis os menores de dezoito anos, su-jeitos s medidas previstas nesta lei.

Pargrafo nico. Para os efeitos desta lei, deve ser considerada a idade do adolescente data do fato.

Art. 105. Ao ato infracional praticado por criana correspondero as medi-das previstas no art. 101.

CAPTULO IIDOS DIREITOS INDIVIDUAIS

Art. 106. Nenhum adolescente ser privado de sua liberdade seno em flagrante de ato infracional ou por or-dem escrita e fundamentada da auto-ridade judiciria competente.

Pargrafo nico. O adolescente tem direito identificao dos respons-

veis pela sua apreenso, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreenso de qualquer adolescente e o local onde se en-contra recolhido sero incontinenti comunicados autoridade judiciria competente e famlia do apreendido ou pessoa por ele indicada.

Pargrafo nico. Examinar-se-, desde logo e sob pena de responsa-bilidade, a possibilidade de liberao imediata.

Art. 108. A internao, antes da sen-tena, pode ser determinada pelo pra-zo mximo de quarenta e cinco dias.

Pargrafo nico. A deciso dever ser fundamentada e basear-se em in-dcios suficientes de autoria e mate-rialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida.

Art. 109. O adolescente civilmen-te identificado no ser submetido identificao compulsria pelos rgos policiais, de proteo e judi-ciais, salvo para efeito de confronta-o, havendo dvida fundada.

CAPTULO IIIDAS GARANTIAS PROCESSUAIS

Art. 110. Nenhum adolescente ser privado de sua liberdade sem o devi-do processo legal.

Art. 111. So asseguradas ao adoles-cente, entre outras, as seguintes ga-rantias:

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I - pleno e formal conhecimento da atribuio de ato infracional, median-te citao ou meio equivalente;

II - igualdade na relao processual, podendo confrontar-se com vtimas e testemunhas e produzir todas as pro-vas necessrias sua defesa;

III - defesa tcnica por advogado;

IV - assistncia judiciria gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;

V - direito de ser ouvido pessoalmen-te pela autoridade competente;

VI - direito de solicitar a presena de seus pais ou responsvel em qualquer fase do procedimento.

CAPTULO IVDAS MEDIDAS SCIO-EDUCATIVAS

Seo IDisposies Gerais

Art. 112. Verificada a prtica de ato infracional, a autoridade competente poder aplicar ao adolescente as se-guintes medidas:

I - advertncia;

II - obrigao de reparar o dano; III - prestao de servios comuni-dade; IV - liberdade assistida; V - insero em regime de semiliber-dade;

VI - internao em estabelecimento educacional; VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

1 A medida aplicada ao adolescen-te levar em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstncias e a gravidade da infrao.

2 Em hiptese alguma e sob pretexto algum, ser admitida a prestao de trabalho forado.

3 Os adolescentes portadores de doena ou deficincia mental recebero tratamento individual e especializado, em local adequado s suas condies.

Art. 113. Aplica-se a este captulo o disposto nos arts. 99 e 100.

Art. 114. A imposio das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupe a existncia de provas sufi-cientes da autoria e da materialidade da infrao, ressalvada a hiptese de remisso, nos termos do art. 127.

Pargrafo nico. A advertncia po-der ser aplicada sempre que houver prova da materialidade e indcios su-ficientes da autoria.

Seo IIDa Advertncia

Art. 115. A advertncia consistir em admoestao verbal, que ser reduzida a termo e assinada.

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Seo IIIDa Obrigao de Reparar o DanoArt. 116. Em se tratando de ato infra-cional com reflexos patrimoniais, a autoridade poder determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuzo da vtima.

Pargrafo nico. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poder ser substituda por outra adequada.

Seo IVDa Prestao de Servios Comunidade

Art. 117. A prestao de servios co-munitrios consiste na realizao de tarefas gratuitas de interesse geral, por perodo no excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospi-tais, escolas e outros estabelecimentos congneres, bem como em programas comunitrios ou governamentais.

Pargrafo nico. As tarefas sero atribudas conforme as aptides do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada mxima de oito horas semanais, aos sbados, domingos e fe-riados ou em dias teis, de modo a no prejudicar a freqncia escola ou jornada normal de trabalho.

Seo VDa Liberdade Assistida

Art. 118. A liberdade assistida ser

adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

1 A autoridade designar pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poder ser recomendada por en-tidade ou programa de atendimento.

2 A liberdade assistida ser fixa-da pelo prazo mnimo de seis meses, podendo a qualquer tempo ser pror-rogada, revogada ou substituda por outra medida, ouvido o orientador, o Ministrio Pblico e o defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a superviso da autoridade competente, a realizao dos seguin-tes encargos, entre outros:

I - promover socialmente o adoles-cente e sua famlia, fornecendo-lhes orientao e inserindo-os, se necess-rio, em programa oficial ou comuni-trio de auxlio e assistncia social;

II - supervisionar a freqncia e o aproveitamento escolar do adoles-cente, promovendo, inclusive, sua matrcula;

III - diligenciar no sentido da profis-sionalizao do adolescente e de sua insero no mercado de trabalho;

IV - apresentar relatrio do caso.

Seo VIDo Regime de Semiliberdade

Art. 120. O regime de semiliberdade

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pode ser determinado desde o incio, ou como forma de transio para o meio aberto, possibilitada a realiza-o de atividades externas, indepen-dentemente de autorizao judicial.

1 obrigatria a escolarizao e a profissionalizao, devendo, sempre q