defesa de autuação para ultrapassagem em sinal vermelho

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AO ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR DA JUNTA ADMINISTRATIVA DE RECURSOS E INFRAÇÕES - JARI DNIT AITG003259422 Eu, José Vicente Gonçalves Júnior, brasileiro, solteiro, inscrito sob o RG nº 2350970 ES, e CPF (MF) nº 142505367-00, residente à Rua Santana, 35, Bairro: Campo Grande, Cariacica ES, proprietário do veículo Honda Civic, de placa OYG 9218, venho respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, com fundamento na Lei nº 9.503/97, interpor a presente defesa contra a autuação por suposta infração de trânsito, conforme notificação anexa, o que faz da seguinte forma: De acordo com a referida notificação, o veículo de minha propriedade, avançou sinal vermelho. Motivo pelo qual, venho, desde já, requerer que tal autuação, seja devidamente cancelada por esta JARI, por meio e consequência dos seguintes motivos: Tais equipamentos apresentam constantes defeitos, encontrando- se praticamente sem manutenção periódica, sendo que a oscilação de tempo do sinal amarelo é irregular e evidente. Inclusive, por muitas vezes, o semáforo se encontra piscando, sem apresentar a sinalização adequada, e repentinamente modifica sua sinalização (para verde, amarelo ou vermelho), gerando dúvidas e desconfiança para os motoristas e pedestres que transitam na via. Como o fato é constante e habitual, principalmente no horário em que foi auferida a infração, sendo de conhecimento geral dos moradores da região. Este, por si só, já viola o princípio da Segurança Jurídica, frente à omissão do Estado, em especial em uma rodovia Federal, de oferecer um serviço confiável e estável aos cidadãos. Há de se ressaltar, ainda, a falta de policiamento e fiscalização naquela área, onde condutores de ônibus e caminhões empreendem velocidade abusiva, colocando em risco a vida de motoristas que

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Trata-se de modelo de defesa administrativa de recurso por ultrapassagem em sinal vermelho.

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Page 1: Defesa de Autuação para ultrapassagem em sinal vermelho

AO ILUSTRÍSSIMO SENHOR DIRETOR DA JUNTA

ADMINISTRATIVA DE RECURSOS E INFRAÇÕES - JARI – DNIT

AIT–G003259422

Eu, José Vicente Gonçalves Júnior, brasileiro, solteiro, inscrito sob o RG nº

2350970 – ES, e CPF (MF) nº 142505367-00, residente à Rua Santana, 35,

Bairro: Campo Grande, Cariacica – ES, proprietário do veículo Honda Civic, de

placa OYG 9218, venho respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, com

fundamento na Lei nº 9.503/97, interpor a presente defesa contra a autuação

por suposta infração de trânsito, conforme notificação anexa, o que faz da

seguinte forma:

De acordo com a referida notificação, o veículo de minha propriedade, avançou

sinal vermelho.

Motivo pelo qual, venho, desde já, requerer que tal autuação, seja

devidamente cancelada por esta JARI, por meio e consequência dos seguintes

motivos:

Tais equipamentos apresentam constantes defeitos, encontrando-

se praticamente sem manutenção periódica, sendo que a oscilação de tempo

do sinal amarelo é irregular e evidente. Inclusive, por muitas vezes, o semáforo

se encontra piscando, sem apresentar a sinalização adequada, e

repentinamente modifica sua sinalização (para verde, amarelo ou vermelho),

gerando dúvidas e desconfiança para os motoristas e pedestres que transitam

na via. Como o fato é constante e habitual, principalmente no horário em que

foi auferida a infração, sendo de conhecimento geral dos moradores da região.

Este, por si só, já viola o princípio da Segurança Jurídica, frente à omissão do

Estado, em especial em uma rodovia Federal, de oferecer um serviço confiável

e estável aos cidadãos. Há de se ressaltar, ainda, a falta de policiamento e

fiscalização naquela área, onde condutores de ônibus e caminhões

empreendem velocidade abusiva, colocando em risco a vida de motoristas que

Page 2: Defesa de Autuação para ultrapassagem em sinal vermelho

freiam bruscamente naquele semáforo, sendo habitual a ocorrência de

acidentes naqueles trechos, conforme pode ser averiguado por esta JARI

nos livros de ocorrência da referida instituição

Ademais, o tempo de retardo do equipamento, conforme consta na Notificação

de Autuação, é de 0 segundos, diferente de grande parte dos equipamentos

que possuem retardo de 2 segundos, justamente com o intuito de evitar

injustas autuações, como a presente, não sendo possível nem mesmo a

visualização do sinal vermelho, haja vista a brusca mudança de sinalização

ocasionada pela falha do equipamento. Conforme se pode observar na

fotografia, o semáforo é do tipo com temporizador, portanto, pode-se observar

que o sinalizador de pontos do semáforo se encontrava no máximo, indicando

que o mesmo acabara de iniciar a contagem de tempo do sinal vermelho.

Vale ressaltar, que o veículo transitava bem abaixo da velocidade máxima

permitida, em horário da madrugada, em trecho de alto índice de violência, e

mesmo que se considere a ultrapassem do semáforo, ocasionada pela falha do

equipamento, que é notória nessa região, seria razoável ter a segurança

ameaçada caso tivesse parado no semáforo, inclusive já fora vítima de roubo

nessa mesma região, sendo subtraído o veículo e diversos objetos pessoais.

Além disso, a manobra podia ser realizada com razoável margem de

segurança, inclusive podendo ser visualizada pelo Ilustre Diretor, haja vista a

presença de câmeras de segurança operadas pelo poder Público naquela

região.

Cabe frisar, ainda, três princípios que embasam a defesa: o Princípio da Boa-

fé, a presunção de boa-fé é princípio geral de direito universalmente aceito,

sendo milenar a parêmia: a boa-fé se presume; a má-fé se prova. Portanto,

conforme a infração foi detectada por equipamento eletrônico, passível de

falha, o Estado, na figura de garantidor do Direito, deve presumir a boa-fé das

alegações. Em segundo plano, o Princípio da Segurança Jurídica, que versa

que a Administração não pode criar incerteza, insegurança, o que de fato

ocorrerá caso o condutor seja injustamente autuado. E, por fim, o Princípio da

Proteção à confiança Legítima, o Estado não pode praticar atos contraditórios,

Page 3: Defesa de Autuação para ultrapassagem em sinal vermelho

portanto, não seria razoável condenar o condutor ao pagamento de multa, sem

possuir provas irrefutáveis e inequívocas da infração.

Portanto, auto de infração de trânsito de número G003259422 está eivado de

ilegalidade e irregularidades formais, pois não atende aos requisitos de

materialidade e formalidade necessários ao seu preenchimento, tendo em vista

que, além das falhas habituais do equipamento, na fotografia constante na

Notificação não é possível vislumbrar a faixa de travessia de pedestres, mesmo

que parcial, ou na sua inexistência, a linha de retenção da aproximação

fiscalizada, que é obrigatório, para que o condutor possa ter conhecimento se o

seu veículo realmente transitava antes ou após de onde deveria estar,

conforme Resolução 165/2004 do CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO

(CONTRAN), e Portaria 16/2004 do DEPARTAMENTO NACIONAL DE

TRÂNSITO (DENATRAN) e isso deve ser levado em consideração por ser um

vicio material.

Dessa forma, a infração deve ser cancelada por esta JARI, eis que desprovida

de fundamentos válidos e irregularidades. O § único do artigo 281, e seu inciso

I, do CTB estabelece: “O auto de infração será arquivado e seu registro julgado

insubsistente: se, considerado inconsistente ou irregular”.

Solicito, subsidiariamente, no caso de negativa do primeiro pedido, a

averiguação de calibragem e aferimento deste foto-sensor, junto ao órgão

responsável pelo equipamento, através de documentação formal, com a devida

cópia de seu termo anual de aferimento obrigatório, emitido pelo INMETRO,

atestando sua total precisão.

Deve também se levar em conta o cumprimento das exigências legais e

técnicas para a instalação do equipamento, no que diz respeito à homologação,

certificação, calibragem e aferimento.

Page 4: Defesa de Autuação para ultrapassagem em sinal vermelho

Diante do exposto, protesto pela apresentação, por todos os meios, de provas

admissíveis em direito, como pericial e/ou testemunhal, requerendo desde já, o

cancelamento da autuação e a consequente penalidade.

Termos em que, Pede deferimento. José Vicente Gonçalves Júnior Cariacica, 23 de Dezembro de 2015.