defeitos e endurecimento

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MATERIAIS CRISTALINOS E NÃO-CRISTALINOS

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Page 1: Defeitos e Endurecimento

MATERIAIS CRISTALINOS E NÃO-CRISTALINOS

Page 2: Defeitos e Endurecimento

MONOCRISTALINO

Um material monocristalino possui arranjo periódico e

repetido de átomos se estende através de todo o material sem

interrupção (Monocristal).

Todas as células unitárias estão dispostas da mesma

maneira e têm a mesma orientação (sem contorno de grãos)

* Monocristais existe na natureza, mas eles podem ser também

produzidos artificialmente. São de difícil crescimento, porque o

ambiente deve ser cuidadosamente controlado.

Page 3: Defeitos e Endurecimento

As gemas utilizadas como jóias são exemplos de

monocrital (fluorita, quartzo e etc.).

Se as extremidades de um monocristal cresce sem

nenhuma interrupção, o cristal assumirá a forma geométrica

semelhante da estrutura cristalina.

Fotografia mostrando monocristais de

fluorita (CaF)

Fotografia mostrando monocristais de

halite (NaCr)

Page 4: Defeitos e Endurecimento

MATERIAIS POLICRISTALINOS

Todos os sólidos cristalinos são compostos de pequenos

cristais chamados grãos. Inicialmente na solidificação, pequenos

cristais ou núcleos formam em várias posições. Estes têm

orientações cristalográficas randômicas.

Cada grão cresce a medida em que o processo de

solidificação se aproxima do término formando grãos adjacentes

uns aos outros.

A orientação cristalográfica varia de grão para grão

formando um desarranjo (desajuste) atômico dentro da região

onde os 2 grãos se encontram denominada contorno de grão.

Page 5: Defeitos e Endurecimento
Page 6: Defeitos e Endurecimento

IMPERFEIÇÕES EM SÓLIDOS

Os sólidos cristalinos tanto policristalinos quanto

monocritalinos possuem um estrutura regular mas todos contém

um grande número de defeitos ou imperfeições.

Muitas das propriedades dos materiais são sensíveis a

desvios na rede cristalina; algumas características específicas são

alcançadas pela introdução de quantidades ou números de

defeitos particulares.

Page 7: Defeitos e Endurecimento

Defeito cristalino é entendida como uma irregularidade

de rede. A Classificação de imperfeições cristalinas é feita de

acordo com a geometria ou dimensionalidade do defeito.

• Defeitos de ponto (aqueles associados com uma ou 2

posições atômicas),

• Defeitos lineares (ou uni-dimensionais),

• Defeitos interfaciais ou de contornos, que são bi-

dimensionais.

• Impurezas em sólidos são também considerados, uma vez

que átomos de impureza podem existir como defeitos de

ponto.

Page 8: Defeitos e Endurecimento

DEFEITOS DE PONTO

1) VACÂNCIAS E AUTO-INTERSTICIAIS

VACÂNCIAS: O mais simples dos defeitos de pontos é

uma vacância ou sítio vazio da rede, isto é, está faltando um

átomo no sítio normalmente ocupado.

Vacâncias são formadas durante a solidificação e

também como um resultado de vibrações atômicas, que causam

o deslocamento de átomos a partir de seus sítios normais na

rede.

Page 9: Defeitos e Endurecimento

AUTO-INTERSTICIAL: é um átomo do cristal que é

comprimido (empurrado) para dentro de um sítio intersticial,

Em metais, um auto-intersticial gera distorções relativamente

grandes na rede porque o átomo é substancialmente maior do

que a posição intersticial em que está situado.

A formação deste defeito não é altamente provável, este existe

em concentrações muito pequenas, que são significativamente

menores do que aquelas para vacâncias.

1) VACÂNCIAS E AUTO-INTERSTICIAIS

Page 10: Defeitos e Endurecimento

1) DEFEITOS - VACÂNCIAS E AUTO-INTERSTICIAIS

Page 11: Defeitos e Endurecimento

2) IMPUREZAS EM SÓLIDOS

Um metal puro consistindo de apenas um único tipo de

átomo não é praticamente possível; átomos de impurezas

estarão sempre presentes e são considerados como defeitos de

ponto cristalinos.

Mesmo com técnicas sofisticadas, é difícil refinar

metais até uma pureza que exceda 99,9999%. Neste nível, da

ordem de 1022 a 1023 átomos de impurezas estarão presentes

num metro cúbico de material.

Muitos metais, ao contrário destes, são adicionados

intencionalmente átomos de impurezas para conferir

características específicas aos materiais, chamados ligas.

Page 12: Defeitos e Endurecimento

Geralmente se usa adicionar elementos de liga em

metais para melhorar resistência mecânica e/ou resistência à

corrosão.

Por exemplo, prata de lei (925) - é uma liga constituída

de 92,5% de Prata e 7,5% de Cobre.

Em ambientes normais, prata pura é altamente resistente à

corrosão, mas é também muito macia. A constituição de liga

com cobre melhora significativamente a resistência mecânica,

sem depreciar a resistência à corrosão apreciavelmente.

2) IMPUREZAS EM SÓLIDOS

Page 13: Defeitos e Endurecimento

A adição de átomos de impurezas a um metal resultará

na formação de uma solução sólida e/ou uma nova segunda

fase dependendo dos tipos de impurezas, concentrações e

temperatura da liga.

No que se refere a ligas, os termos soluto e solvente são

comumente empregados.

"Solvente" representa o elemento ou composto que está

presente em maior quantidade; ocasionalmente, átomos

solventes são denominados átomos hospedeiros.

"Soluto“ é usado para denotar um elemento ou composto

presente numa menor concentração.

2) IMPUREZAS EM SÓLIDOS

Page 14: Defeitos e Endurecimento

Soluções Sólidas

Uma solução sólida se forma quando átomos solutos

são adicionados ao material hospedeiro, a estrutura cristalina

é mantida, e nenhuma estrutura nova é formada.

A solução sólida é composicionalmente homogênea;

os átomos de impurezas são randomicamente e

uniformemente dispersos dentro do sólido.

Defeitos de ponto de impurezas são encontrados em

soluções sólidas, que são de 2 tipos: substitucionais e

intersticiais..

Page 15: Defeitos e Endurecimento

Soluções Sólidas Substitucional - Os átomos de soluto ou de

impureza substituem os átomos hospedeiros. Existem várias

características dos átomos do soluto e do solvente que determinam o

grau até onde o primeiro se dissolve no segundo:

• O fator de tamanho atômico: a diferença em raios atômicos entre

os 2 tipos de átomos deve ser menor do que cerca de 15%. Do

contrário, átomos do soluto criarão substanciais distorções de

rede e uma nova fase se formará.

• Fator eletroquímico: Os 2 átomos devem ter energias próximas,

quanto mais eletropositivo um elemento e quanto mais

eletronegativo o outro elemento, tanto maior é a probabilidade de

que eles irão formar um composto intermediário em vez de uma

solução sólida substitucional.

• Estruturas Cristalinas: Um requisito final para solubilidade sólida

completa é que as estrutura cristalina para metais de ambos os

tipos de átomos sejam as mesmas.

Page 16: Defeitos e Endurecimento
Page 17: Defeitos e Endurecimento

Especificação de Composição

As vezes necessário exprimir a composição global de

uma liga em termos de concentrações dos seus elementos

constituintes. A base para porcentagem em peso é o peso de um

particular elemento em relação ao peso total da liga.

CA = [ mA/ (mA + mB)] x 100

Page 18: Defeitos e Endurecimento

DISCORDÂNCIAS - DEFEITOS LINEARES

Uma discordância é um defeito linear ou unidimensional ao

redor de alguns átomos desalinhados, uma porção extra de um

plano de átomos, ou meio plano, cuja aresta termina dentro do

cristal.

Esta é denominada uma discordância em cunha; ela é um

defeito linear que se centra ao redor da linha que é definida ao

longo da extremidade do meio-plano extra de átomos (linha de

discordância).

Dentro da região ao redor da discordância de linha está alguma

distorção localizada da rede. Os átomos acima da linha de

discordância estão espremidos e aqueles abaixo da

discordância se encontram afastados; isto está refletido na

ligeira curvatura para os planos verticais de átomos quando

eles se fletem ao redor deste meio-plano extra.

Page 19: Defeitos e Endurecimento

DISCORDÂNCIA EM CUNHA

Page 20: Defeitos e Endurecimento

DISCORDÂNCIAS - DEFEITOS LINEARES

Existe um outro tipo de discordância, denominada

uma discordância em helice, que pode ser pensada como

sendo formada por uma tensão cizalhante que é aplicada

para produzir a distorção.

A distorção atômica associada a uma discordância

em helice é também linear e ao longo de uma linha de

discordância,

Page 21: Defeitos e Endurecimento

DISCORDÂNCIA EM HÉLICE

Page 22: Defeitos e Endurecimento

DEFEITOS INTERFACIAIS

Defeitos interfaciais são contornos que têm 2 dimensões e

normalmente separam regiões dos materiais que têm

diferentes estruturas cristalinas e/ou orientações

cristalográficas.

Estas imperfeições incluem principalmente superfícies

externas, contornos de grão e contornos de maclas.

Page 23: Defeitos e Endurecimento

Um dos contornos mais óbvios é a superfície externa, que

é considerada como uma imperfeição visto que ela representa o

contorno ao longo do qual a estrutura do cristal termina.

Átomos da superfície não estão ligados ao número

máximo de átomos vizinhos, tendo um estado de maior energia

do que os átomos nas posições do interior. As ligações destes

átomos da superfície que não estão satisfeitas dão origem a uma

energia de superfície. Para reduzir esta energia, materiais tendem

a minimizar a área de superfície total.

Por exemplo, líquidos assumem uma forma tendo uma

área mínima - as gotículas se tornam esféricas. Naturalmente,

isto não é possível com sólidos, que são mecânicamente rígidos.

Superfícies Externas

Page 24: Defeitos e Endurecimento

Contorno de Grão – alto ângulo e baixo ângulo

Page 25: Defeitos e Endurecimento

Contornos de Macla

Um contorno de macla ( twin boundary) é um tipo

especial de contorno de grão através do qual existe uma

específica simetria de rede; isto é, átomos de um lado do

contorno estão localizados em posições de imagem de espelho

dos átomos que estão do outro lado. A região de material entre

estes contornos é apropriadamente denominada uma macla

(twin).

Maclação ocorre num definido plano cristalográfico e

numa direção específica, sendo que ambos dependem da

estrutura cristalina.

Maclas a partir de tratamento térmico (recozimento) são

tipicamente encontradas em metais que têm estrutura cúbica de

face centrada (CFC), enquanto que as maclas a partir de

deformações mecânicas são observadas em metais CCC e HC.

Page 26: Defeitos e Endurecimento

Contornos de Macla

O diagrama abaixo representa uma estrutura com uma deformação

de Macla.

Page 27: Defeitos e Endurecimento

PROPRIEDADES E MECANISMOS DE ENDURECIMENTO

Page 28: Defeitos e Endurecimento

Discordâncias de cunha e de hélice são os 2 tipos

fundamentais de discordâncias.

Numa discordância de cunha, existe localizada uma

distorção na rede ao longo da extremidade de um plano extra

de átomos.

Uma discordância em hélice resulta a partir de uma

distorção cizalhante, sua linha de discordância passa através do

centro de uma espiral.

Muitas discordâncias em materiais cristalinos têm

componentes tanto de hélice quanto de cunha; estas são

discordâncias mistas.

Deformação plástica - deformação permanente que

resulta a partir do movimento de discordâncias, ou

escorregamento, em resposta a uma aplicada tensão cizalhante.

MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS

Page 29: Defeitos e Endurecimento

O processo pelo qual deformação é produzida por

movimento de discordância é denominado escorregamento

("slip"); o plano ao longo do qual a linha de discordância

percorre é o plano de escorregamento.

Um discordância em cunha se move em resposta a uma

tensão cizalhante aplicada numa direção perpendicular à sua

linha.

MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS

Page 30: Defeitos e Endurecimento

O movimento de discordância em cunha é análogo ao modo de

locomoção empregado por uma lagarta

MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS

Page 31: Defeitos e Endurecimento

O movimento de uma discordância em hélice em resposta

à tensão cizalhante, a direção do movimento é perpendicular à

direção da tensão. Para uma discordância em hélice, o

movimento é paralelo à tensão cizalhante.

MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS

Page 32: Defeitos e Endurecimento

Linhas de escorregamento

na superfície de uma amostra de

Prata.

Alteração no formato dos grãos

devido a deformação plástica.

a) Antes da deformação os

grãos são equiaxial (iguais).

b) Depois os grão tornam-se

alongados

Page 33: Defeitos e Endurecimento

MECANISMOS DE FORTALECIMENTO EM METAIS

Page 34: Defeitos e Endurecimento

Importante para entender os mecanismos de

fortalecimento é a relação entre o movimento de discordância

e o comportamento mecânico de metais.

Uma vez que deformação plástica macroscópica

corresponde ao movimento de grandes números de

discordâncias, a capacidade de um material de se deformar

plasticamente depende da capacidade das discordâncias se

moverem.

Uma vez que dureza e resistência mecânica está

relacionada à facilidade com a qual a deformação plástica

pode ocorrer, por redução da mobilidade de discordâncias, a

resistência mecânica pode ser melhorada; isto é, maiores

forças mecânicas serão requeridas para iniciar a deformação

plástica.

Page 35: Defeitos e Endurecimento

Quanto mais restringido o movimento das discordâncias,

menor a facilidade com a qual um metal pode se deformar e mais

fraco ele se torna.

As técnicas de fortalecimento são apresentadas abaixo e

repousam sobre um princípio simples:

- restrição ou endurecimento do movimento de discordância

torna um material mais duro e mais resistente.

• ENDURECIMENTO POR SOLUCÃO SÓLIDA;

• FOTALECIMENTO POR REDUÇÃO DE TAMANHO DE

GRÃO;

• ENDURECIMENTO POR DEFORMAÇÃO

Page 36: Defeitos e Endurecimento

ENDURECIMENTO POR SOLUCÃO SÓLIDA

• Uma técnica para fortalecer e endurecer metais é a formação de

liga com átomos de impurezas que entram em soluções sólidas (

substitucionais ou intersticiais).

• Metais de alta pureza são quase sempre mais macios e fracos do

que ligas compostas do mesmo metal base.

• Aumentando da concentração da impureza resulta num

acompanhante aumento no limite de resistência à tração, e

dureza

Page 37: Defeitos e Endurecimento

Átomos Substitucionais

Átomos Intersticiais

Aumento de tensão de

deformação com a adição de

Níquel na liga Cobre-Níquel

ENDURECIMENTO POR SOLUCÃO SÓLIDA

Page 38: Defeitos e Endurecimento

FOTALECIMENTO POR REDUÇÃO DE TAMANHO DE GRÃO

• O tamanho dos grãos num metal policristalino influencia as

propriedades mecânicas. Grãos adjacentes normalmente têm

diferentes orientações cristalográficas, durante a deformação

plástica, movimento de escorregamento ou discordância deve

ocorrer através deste contorno,

• O contorno de grão age como uma barreira ao movimento da

discordância.

Na figura a discordância se

movimenta do grão A para o B

Page 39: Defeitos e Endurecimento

A tensão necessaria para deformar a amostra A é maior que na

amostra B.

Amostra A Amostra B

Page 40: Defeitos e Endurecimento

ENDURECIMENTO POR DEFORMAÇÃO

• Endurecimento por deformação é um fenômeno pelo qual

um metal dúctil se torna mais duro e mais resistente quando

é deformado plasticamente à frio.

• O fenômeno é explicado com base em interações dos campos

de deformação discordância-discordância a densidade de

discordância num metal aumenta com a deformação ou

trabalho a frio, as discordâncias são posicionadas mais

próximas entre si e o movimento de uma discordância é

impedido pela presença de outras discordâncias.

Page 41: Defeitos e Endurecimento

ENDURECIMENTO POR DEFORMAÇÃO

Aumento de tensão de

deformação por trabalho a frio Redução de ductilidade

por trabalho a frio.

Aço 1040 (azul), latão (amarelo) e cobre (vermelho)