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Índice

Dedicatória e Agradecimento.......................................................................................página 01

Introdução................................................................................................... ..................página 07

Capítulo 1 – O Início, A Origem..................................................................................página 09

Capítulo 2 – Circo Sudan, Experiências e Lembranças................................................página 16

Capítulo 3 – Contos, Causos, Perdas............................................................................página 26

Capítulo 4 – Quem Passava, Apresentava....................................................................página 31

Capítulo 5 – Museu de Imagens...................................................................................página 35

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DEDICATÓRIA

E

AGRADECIMENTOS

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Dedicatória e Agradecimentos

Bem, decidi escrever algumas palavras em agradecimento as pessoas que me

ajudaram e incentivaram na elaboração deste trabalho, direta ou indiretamente.

Começo agradecendo a Deus pela vida. Sigo agradecendo minha querida e amada

Avó, Dona Neyd! Uma pessoa encantadora, que em muitas vezes se preocupa até demais com

suas “crias”. Uma Artista, Filha, Irmã, Esposa, Companheira, Mãe de Família, Avó e Bisavó!

Sem seus conhecimentos jamais conseguiria descrever parte da história de minha família,

parte da história do Circo Sudan! Muito obrigado por compartilhar sua vida comigo.

Agradeço também aos amigos que sempre estiveram e estão ao meu lado,

incentivando a minha busca por um sonho e que acabam ficando preocupados com o meu

futuro.

Aos meus irmãos de sangue e aos meus irmãos de sintonia! Sempre que possível,

presentes em minha vida, na caminhada rumo a evolução, mesmo que falhando em vários

momentos.

Finalmente agradeço aos meus Pais, Meyre e Alcino! Que especialmente num

momento de grande dúvida, tiveram a sabedoria e o amor de me ajudar com palavras

grandiosas. Tenho certeza que nasci no lugar certo e que hoje venci diversas batalhas internas

para conseguir dizer o quanto os Amo. Obrigado pela vida, puxões de orelha, brigas, carinho!

Sem essa receita, não teria conseguido trilhar rumo ao meu sonho.

A dedicatória fica para todos os que fizeram parte do Circo Sudan e aqueles que hoje

vivem no mundo circense, trazendo arte e encantamento ao público. Tenho certeza que o seu

esforço nunca foi ou será em vão, afinal o “artista vai onde o povo está”.

Bem, a vida nos ensina muitas coisas e os desafios são gigantescos. Cabe a nós, tentar

pensar fora da caixa, arriscar algumas coisas. Certa vez ouvi uma frase “Se queres um

resultado diferente, porque continua fazendo sempre a mesma coisa?”. Bem, é hora de mudar

a tática e seguir medindo o novo resultado, afinal, estamos aqui para vencer os desafios e

obstáculos, preferencialmente em contato com aqueles que nos amam, fazendo deste mundo,

um mundo melhor.

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Gostaria de finalizar, deixando um texto que escrevi em 2009 no Dia do Palhaço.

Naquele momento, senti a necessidade de escrevê-lo, compartilhando um sentimento, uma

idéia.

Obrigado e um abraço muito carinhoso,

Ricardo

Quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

“Dia do Palhaço em 2009

Hoje, 10 de Dezembro comemoramos o dia do Palhaço...

Uma das artes mais antigas, que admiro e respeito muito!

Acordei ouvindo o velho rádio de meu pai e com ele, ouvi coisas

que não me agradaram muito...

O palhaço de acordo com o locutor, não foi homenageado...

fizeram na verdade uma alusão dizendo que a sociedade é que é

palhaça por aguentar o governo, corrupção, etc...

Agora fico naquela dúvida, porquê atribuir um sentimento tão

negativo àqueles que só querem trazer a alegria aos que

precisam?

Podemos então lembrar do bobo da corte, que dizia à realeza as

verdades que o povo gostaria de dizer, mas que se dissesse,

teriam suas cabeças cortadas.

Mesmo assim, hoje não vejo o palhaço desta forma... existem

diversas formas de contestar o que é feito em nosso país, mas

como sempre, o povo é bundão e não faz o que gostaria de

fazer...

Respeito muito a máscara, que muitos honraram e honram por

tantos e tantos anos, na difícil arte de fazer rir!

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Hoje estudando cada vez mais tal arte, vejo que se todos fossem

palhaços como o locutor disse, esse mundo seria muito

diferente, pois o palhaço é verdadeiro e sabe o que quer, faz o

que quer e é o único que tem a coragem de entrar em cena e

sofrer as consequências de seus atos! É o único que enfrenta o

público, pequeno ou gigante, expondo o seu lado ridículo com

um único objetivo, fazer rir... já olhando a sociedade como ela é

em sua maioria, acho que o locutor peca ao dizer que todos são

palhaços, diria que são seres humanos medrosos, inseridos nas

"regras" criadas por eles mesmos e que não tem coragem de

quebrá-las!

Peço desculpas, mas infelizmente é difícil julgar os ignorantes

do conhecimento, ao dizer que hoje, dia do palhaço, a sociedade

é que é palhaça dos governantes, bandidos, etc!

Parabéns aos verdadeiros palhaços em seus diferentes estilos,

que sabem como é difícil fazer rir, que suam a camisa para

aprender o melhor jeito de cair, perder, se jogar, para que o

público seja feliz!

Ricardo Reis

eterno aprendiz de palhaço”

Vamos mudar esse Brasil pra melhor! O futuro está em nossas mãos...

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INTRODUÇÃO

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Introdução

Esta obra foi desenvolvida a partir de histórias, lembranças, recordações e pesquisas a

respeito do Circo Sudan, um circo que se apresentou por muito tempo no interior Paulista

entre as décadas de 30 e 60, e teve muito sucesso e reconhecimento do público.

Aqui você terá a oportunidade de entender um pouco da vida no Circo de acordo com

relatos de Neyd Alves Somazz, uma atriz que começou sua carreira ainda criança nas rádios

de Campinas e que adentrou ao mundo do Sudan a convite de seu irmão Osmar Alves Goes,

proprietário.

As histórias foram registradas por Ricardo Somazz Reis, neto de Neyd e atualmente

palhaço, formado também em publicidade e propaganda e pós graduado em marketing.

Além das histórias, uma pequena pesquisa ajudou a complementar o trabalho e atestar

grande parte dos fatos.

Deixemos de papo e comecemos logo a leitura...

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CAPÍTULO 1:

O INÍCIO, A ORIGEM

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Capitulo 1 – O início, A Origem

Bem, sou Ricardo Somazz Reis, nasci em 8 de Agosto de 1983 numa família de

origem Portuguesa por parte de Pai e Alemã e Espanhola por parte de Mãe.

Não cheguei a conhecer meu avô paterno, Mário Reis, uma pessoa iluminada de

acordo com os relatos da família e amigos próximos. Se não me engano, foi bancário e, além

disso, compositor, chegando a gravar algumas de suas músicas utilizando o codinome HEMI

REIS já que na época havia o cantor Mário Reis. De acordo com o meu Pai, duas de suas

músicas foram utilizadas no primeiro filme gravado na cidade de Campinas – SP por volta de

1956 “Fernão Dias – O Caçador de Esmeraldas” com as músicas “Armei minha rede” e

“Chuva no Sertão”. Acredito que até hoje meu Pai tenha algumas dessas recordações

guardadas em algum lugar de sua casa.

Aos cinco anos aproximadamente, perdi meu avô materno, Sidiney de Felice Somazz,

um homem que lutou muito na vida para criar seus quatro filhos. Tenho algumas lembranças

com ele em seu apartamento no centro da cidade de Campinas, SP. Nunca soube muito sobre

a sua história, sabia que havia sido entregador e depois vendedor. Bons tempos.

Minha avó paterna, Nair Reis nos deixou em 1992, por conta de um câncer. Deixou

seus oito filhos e diversos netos até então. Lembro-me de alguns momentos em seu

apartamento, também no centro da cidade, que ficava pequeno quando alguns de seus filhos

apareciam, trazendo os netos para visitar. Ela foi por muitos anos, o elo de ligação entre seus

filhos, fazendo com que os natais fossem mais alegres, onde todos compareciam. Depois de

sua partida, esses encontros ficaram cada vez mais dispersos.

Minha avó materna, Neyd Alves Somazz, até

hoje nos acompanha e nos trás muito carinho e amor,

além de deliciosas comidas, rs. Recentemente ganhou

primeira bisneta, que veio para somar ao time de

outros quatro bisnetos.

Bem, desde pequeno soube que minha avó

Neyd era uma artista, tocava seu órgão e pintava diversos quadros, vasos, pratos de

porcelana, etc. Lembro-me das diversas vezes em que passava os finais de semana em sua

casa e ouvia suas músicas. Nos natais também, a música já fazia parte desse grande encontro,

Neyd Alves Somazz

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até uma de minhas irmãs começou a estudar teclado por conta desta influência. Em sua casa

sempre ouvi um dialeto de origem Espanhola, usado por muitos anos por minha família, mas

que hoje não é muito utilizado por minha mãe, consequentemente não utilizado por mim e

por meus irmãos.

Falando um pouco sobre minha casa, sempre tivemos nossos problemas como a

maioria das famílias Brasileiras, nada como ter mais quatro irmãos (três irmãs e um irmão),

dois cachorros, uma bagunça pra variar, mas sempre recebemos alguns ensinamentos de meus

pais. Aprendemos a ter caráter, responsabilidade, pensar no futuro, fazer o bem, ajudar ao

próximo na medida do possível, sermos homens e mulheres de família, claro que como todo

bom ser humano, temos nossos defeitos e manias. Nossa família sempre acreditou em Deus e

teve como base os ensinamentos do espiritismo.

Meus pais desde que me conheço por gente, ajudaram em uma creche beneficente no

bairro Parque Itália na cidade de Campinas. Esta creche foi construída com o objetivo de

atender as crianças de baixa renda da cidade e sei que minha avó Nair Reis foi uma das

pessoas que ajudaram desde o seu início. Meus pais juntamente com meu tio Alcimar Reis,

sempre estiveram na diretoria e no conselho voluntariamente desde que minha avó nos

deixou. Lembro-me de ter passado diversos finais de semana lá na creche ajudando meu Pai e

meu Tio nos pequenos reparos da creche.

Foi também na creche que pudemos iniciar um trabalho de entrega de sopa nas ruas de

Campinas para os moradores que ali vivem. Há mais de 10 anos que este trabalho existe,

sendo que hoje o grupo está reduzido e é liderado por meu Tio Alcimar.

Neste projeto lembro-me de voltar para casa com uma sensação muito boa. Havia

aprendido um pouco mais com esses moradores de rua, que passavam por diversas

necessidades e em muitas vezes estavam mais felizes do que eu, que reclamava por talvez não

estar calçando o tênis da moda por exemplo. Pude dar a mão, um abraço e conversar com

aqueles que normalmente renegamos no dia a dia, desviamos o olhar, ignoramos. Também

aprendi a agradecer por tudo o que eu tinha, pela família, pelo teto, pela comida. Sei que

mesmo assim, em alguns momentos me esqueci de tais ensinamentos e voltei a reclamar da

vida, mas a gente vai aprendendo.

Em 1994 iniciei dois projetos que também me ajudaram nesta história de vida, entrei

para o movimento Escoteiro, num grupo chamado Craós localizado no clube Círculo Militar

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de Campinas, e fui à primeira vez numa Caravana para uma cidade localizada em Goiás

chamada Cidade da Fraternidade, que faz parte do Movimento da Fraternidade (MOFRA).

Em ambos os projetos pude aprender muito. No escotismo, com a sua missão de formar

cidadãos para o mundo, baseado em leis escoteiras e princípios básicos de convivência,

formei uma família, construí amizades que as levarei para o resto de minha vida. No MOFRA

pude conhecer pessoas maravilhosas, hoje também grandes amigos, alguns como Pais e Mães

postiços como brincamos quando estamos juntos.

Bem, depois de passar por diversas experiências, como as que acabo de citar, senti a

necessidade de desenvolver um projeto que me trouxesse prazer e satisfação e que ao mesmo

tempo eu pudesse ajudar alguém. Lembro-me de ter assistido ao filme “O Amor é

Contagioso” de Patch Adams e ficar vislumbrado com a possibilidade de atuação em

hospitais. Até comprei seu livro e fui a uma de suas palestras para entender como foi e como

é a sua história, afinal as produções de Hollywood sempre alteram alguns detalhes.

No final de 1999 conversei muito com meu irmão mais velho, André Luis, sobre a

possibilidade de começarmos a fazer alguma coisa neste sentido, utilizando a figura do

palhaço como base, afinal, esta figura sempre me encantou e trouxe muita felicidade.

Reunimos então algumas pessoas que tinham o mesmo objetivo, inclusive um grande amigo

próximo da família, que também fazia parte do Movimento da Fraternidade e já atuava como

palhaço, seja com ou sem a máscara rs. Posso até dizer que este grande amigo, Néio Lucius

Penna, foi e é uma grande inspiração.

Em 2000, eu, meu irmão André e nosso amigo Néio ficamos sabendo de uma ONG na

cidade de Campinas chamada Hospitalhaços. Por meio de um anúncio de jornal soubemos da

abertura de novas vagas para voluntários e resolvemos nos candidatar. Nosso primeiro

encontro foi na Unicamp, onde fizemos nosso cadastro e aguardamos alguns dias até sermos

chamados para começar o trabalho.

Tive então o meu primeiro contato com a

máscara do palhaço neste momento, atuando aos

sábados à tarde no Hospital das Clínicas da

Unicamp. Ainda sem ter bases sólidas do que é ser

um palhaço, venci a grande timidez que eu tinha na

época, em que ficava vermelho por qualquer Ricardo Reis – Primeira maquiagem de palhaço

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motivo, principalmente ao ter contato com pessoas desconhecidas. Foi incrível como utilizei

a máscara para me libertar da timidez e mostrar quem era o Ricardo naquele momento. Foi na

casa do Néio que tive a primeira experiência com a maquiagem e o nariz vermelho (foto). Ele

me ajudou muito a descobrir alguns detalhes em meu rosto e explicou algumas coisas sobre

as tais maquiagens de palhaço existentes.

De lá para cá, após diversas mudanças entre os hospitais atendidos (Hospital Mário

Gatti e Hospital PUCC) fiz novos amigos e comecei a refletir um pouco mais sobre o trabalho

feito nos hospitais utilizando a figura do palhaço.

Em alguns momentos não me sentia muito a vontade utilizando meu nariz, minha

maquiagem e meu figurino, notei que por algumas vezes eu não me sentia engraçado e apenas

visitava os quartos como uma espécie de “acompanhante provisório”. Comecei então a me

perguntar se aquilo era palhaço, afinal quando eu assistia vídeos, filmes, etc com palhaços,

percebia que eles eram palhaços 100% do tempo.

Foi então que no final de 2008 comecei a pesquisar a linguagem do palhaço e a buscar

referências no mercado. Descobri que eu vivia na cidade em que a maioria dos palhaços são

formados e que muitos deles ainda vivem por aqui. No bairro Barão Geraldo, próximo da

Unicamp, descobri grandes palhaços como Ésio Magalhães do Barracão Teatro e Ricardo

Puccetti do LUME.

Entre Agosto e Outubro de 2008, por conta do trabalho que eu tinha na cidade de São

Paulo, tive a oportunidade de conhecer Wellington Nogueira, Fundador e Coordenador da

ONG Doutores da Alegria, uma referência profissional deste projeto de palhaços em

hospitais, focado no atendimento a crianças. Foi então que numa convenção de vendas, tive o

prazer de contracenar por cinco minutos com o Wellington no palco, para aproximadamente

120 pessoas. Posso dizer que a palestra de Wellington foi ótima, mas a minha atuação,

inexperiente. Natural, afinal estava sem base alguma, nem mesmo teatro. Deste encontro,

ganhei experiência e um grande amigo.

Após tamanho sufoco, iniciei meu primeiro curso intensivo com Ricardo Puccetti no

LUME no mês de Novembro por cinco dias. Foram diversos momentos de medo, alegria,

adrenalina, medo, medo e medo, rs. Medo ao descobrir que eu estava muito longe do que

realmente é ser um palhaço, e que não é fácil chegar lá. O curso passou muito rápido e pude

aprender muitas coisas, fazer muitos amigos e ver que não estava sozinho nesta luta.

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Neste mesmo período, conheci Allan Benatti, um ator, palhaço e improvisador,

integrante do grupo Jogando no Quintal de São Paulo. Pude participar por alguns meses de

um grupo de estudos sobre o improviso durante a semana, sob orientação dele. Nos

encontros, conheci grandes palhaços que sempre admirei como espectador, como João

Grandão (Márcio Ballas).

Mergulhado em todas as apresentações de teatro que eu ficava sabendo, e fuçando

diversos vídeos no Youtube, resolvi me inscrever para o curso ministrado por Ésio Magalhães

(palhaço Zabobrim) no Barracão Teatro durante o Feverestival de 2009 em Campinas.

O curso foi ótimo, entrei em desespero por diversas vezes ao me ver em cena. Percebi

que ainda faltava muito pra chegar lá, mas que estava no caminho certo, ser um palhaço,

trazer alegria para o público. Novos amigos, novas emoções, novos rumos neste caminho.

Aprendi muito sobre a arte do palhaço nestes encontros, pude ver que esta arte merece

todo o respeito do mundo, afinal são anos e anos de muito trabalho, na difícil arte de fazer rir.

Neste momento o peso do nariz vermelho ficou maior, percebi a responsabilidade que tenho

em minhas mãos ao me vestir de palhaço e encarar o meu lado ridículo é imensa, já que as

pessoas ao me verem esperam que eu seja um palhaço, certo? Bem, exatamente isso.

No objetivo de ajudar meus amigos na ONG Hospitalhaços, desenvolvi um

treinamento para os voluntários em conjunto com meus amigos Clayson (Soneca) e Regina

(Tika Bum). Nossa idéia era de ajudá-los nessa descoberta, já que muitos não têm acesso às

informações que eu tive por exemplo. Iniciamos então este projeto em conjunto com a

coordenação da ONG, focados principalmente naqueles que estão iniciando no projeto. Nesta

mesma época, juntamente com alguns amigos, montamos um grupo de teatro amador,

chamado Vila do Cachorro Magro e a banda Mudanssa S/A. Em ambas as atividades pude

aprender bastante com todos os membros, até que senti a necessidade de deixá-los seguirem

os seus caminhos.

Durante o ano, pude participar de um curso de palhaço oferecido aos grupos de

palhaços em hospital pelos Doutores da Alegria chamado Palhaços em Rede, ministrado por

Raul Figueiredo e Conrado Federici. Neste momento, conheci a realidade de diversos grupos

no estado de São Paulo e vi que as histórias e os problemas eram quase os mesmos. Fiz

muitos amigos e pensando no futuro e tendo alguns objetivos em comum, formei uma dupla

com meu amigo Renato Sarti. Iniciamos então alguns treinos.

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Em junho de 2009, numa festa Junina na escola de um dos meus sobrinhos, sentado ao

lado de minha avó Neyd, tive a grata e tardia surpresa de saber que minha família era

circense. Lembro-me com clareza das palavras de minha avó, perguntando se eu ainda era

palhaço. Respondi que sim e ela continuou dizendo “Você puxou o nosso lado da família” e

explicou rapidamente que o seu irmão era o dono do Circo. Numa mistura de emoções, fiquei

muito feliz ao descobrir tal história e fiquei com a promessa de registrá-la, entendendo

exatamente como tudo começou e terminou.

Com a correria do dia a dia, vivendo em São Paulo e com diversos compromissos,

deixei este projeto um pouco de lado, até que em Outubro de 2009 sai da empresa em que

trabalhava e retornei para Campinas. Foi à oportunidade que eu precisava para mergulhar

nessa vida de palhaço e resgatar tais lembranças de minha avó.

Ainda sem saber por onde começar e com o projeto de montar um número de palhaços

com o meu amigo Renato, seguimos rumo a apresentação na 11 Convenção de Malabares e

Circo CBMC em Piracaia – SP. Após a apresentação tive certeza de que estava no caminho

certo. Neste meio tempo entre o treino e a apresentação, o Renato comentou sobre uma

historiadora da Unicamp que poderia me ajudar no registro da história do Circo na minha

família.

Em novembro de 2009, fui para Florianópolis – SC para participar do Anjos do

Picadeiro 8 - Encontro Internacional de Palhaços. Por uma semana pude aprender muito com

grandes mestres, como Tomate (Argentina), Avner The Eccentric (Estados Unidos), Ésio

Magalhães (Brasil), Locco Brusca (Espanha), Chacovachi (Argentina), Seres de Luz (Brasil),

entre outros. Lá, além da experiência vista em cena, troquei muitas idéias com diversos

palhaços deste Brasil, que também estão em busca de melhorias.

Foi então que conheci Erminia Silva, que me incentivou a escrever sobre a história do

Circo Sudan, de minha família.

Retornando de lá, comecei a juntar todas as informações e fotos que consegui com

minha avó. Espero a partir de agora, trazer para você leitor, um pouco da vivência e

experiência de minha avó Neyd Alves Somazz, uma mulher de garra, coração e luta.

É com orgulho de minha origem, que começo a descrever a história do Circo Sudan.

Boa leitura.

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CAPÍTULO 2:

CIRCO SUDAN,

EXPERIÊNCIAS E LEMBRANÇAS

DE NEYD ALVES SOMAZZ

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Capitulo 2 – Circo Sudan, experiências e lembranças de Neyd Alves Somazz

Todos os registros foram feitos entre 2009 e 2010 durante

algumas entrevistas e almoços em seu apartamento.

Origem

A partir de agora, começo a descrever algumas das

lembranças de minha avó Neyd Alves Somazz, nascida em

Campinas – SP em 08 de Maio de algum ano, um segredo jamais

relevado por ela. Filha de Orestes e Durvalina Alves???, tinha 13

irmãos.

Antes de entrar na história do Circo, vale uma introdução. Minha avó juntamente com

sua irmã Conceição (conhecida carinhosamente como “Tia Titi”) eram cantoras na

adolescência, Neyd com 10 anos e Conceição com 16 aproximadamente. Conhecidas como

“As Irmãs Alves”, faziam apresentações na Rádio Educadora

de Campinas e no auditório da PRC9. Acompanhadas por

uma orquestra e regidas pelo professor e pianista renomado,

Mário Monteiro, cantavam músicas de época, como Rumba,

Valsa, Tango, Boleros entre outros estilos.

Em suas apresentações o público aguardava a entrada

da dupla vibrando e gritando “Irmãs Alves, Irmãs Alves...”.

Quando adentravam ao centro do palco, todos se levantavam

e aplaudiam calorosamente.

Na época de sucesso, alguns funcionários da Rádio

Nacional do Rio de Janeiro – RJ vieram assistir a apresentação e fizeram uma proposta de

trabalho para que fossem cantar no Rio. Mesmo sendo considerada a melhor rádio no Brasil,

infelizmente seus pais não permitiram a viagem, fazendo com que o sucesso das Irmãs Alves

ficasse “restrito” ao interior Paulista.

Bisavós: Durvalina e Orestes

Irmãs Alves – Conceição e Neyd

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Uma Lona, Um Sonho

De acordo com minha avó, seu irmão mais velho, Osmar Alves, nascido em Março de

1910, sempre gostou de Circo. Osmar era casado com Pierina, conhecida carinhosamente

como “Piara”, com quem tinha três filhos, Valter

Alves Goes e Laércio Alves Goes, gerados em seu

útero e Nery Alves Goes, adotado aos 5 anos de

idade.

Por volta de 1935 adquiriu um pequeno Circo

Teatro. Uma lona pequena, que precisava de reparos e glamour para a época. Com muito

amor e carinho, iniciou então sua busca para tornar-se um grande Circo do interior Paulista.

Sudan era o nome dado ao Circo por Osmar. Sem um significado específico, apenas

por gostar do nome, Osmar iniciou as atividades juntamente com sua família e irmãos. Por

coincidência, naquela época havia um cigarro chamado Sudan. Como era de se esperar, a

empresa produtora do cigarro chegou até a patrocinar o Circo por conta do nome, uma ação

comum para os dias de hoje.

Osmar era conhecido como o apresentador

do Circo e também como um dos palhaços,

chamado “Mocotó”. Seus filhos seguiram o

mesmo caminho, fazendo de tudo um pouco no

circo, algo comum em famílias circenses. Valter

por exemplo foi trapezista e tinha um número com

seu irmão Nery, também tocava acordeon e entre

outras coisas fazia o papel de escada para Laércio,

que também era palhaço, conhecido como

“Espirro”

Minha avó Neyd conta que começou a

trabalhar ainda na adolescência e apenas duas de

suas irmãs não quiseram trabalhar no Circo, todos

os demais se juntaram ao irmão Osmar, cada um

com uma função.

Walter (Clown); Osmar (Apresentador); Laércio (Espirro)

Walter; Laécio e Osmar – Alves Goes

Irmãs Alves – Conceição & Neyd

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No início o picadeiro era no chão, não havia uma estrutura muito elaborada, até por

conta da pequena lona. No auge, o picadeiro era alto, com 1,20m (um metro e vinte) de

altura, as cortinas eram vermelhas em veludo, muito bem arrumadas. A disposição para

atender ao público estava de acordo com os padrões da época com a geral e os camarotes.

Pierina era a responsável pela

alimentação de todos os artistas, ajudantes e

amigos que trabalhavam no circo, além de

dar uma mão com as roupas e figurinos. Em

cena Piara fazia o papel de escada para seu

marido Osmar, o palhaço Mocotó. Os filhos

Nery e Walter aos 15 anos de idade

começaram a fazer trapézio, um dos números

mais aguardados pelo público.

Osmar, sabendo do sucesso das irmãs Neyd e Conceição, as chamavam para se

apresentarem no Circo, certo de que seus fãs viriam assisti-las, fato consumado.

A estrutura do Circo Sudan era a mesma de um Circo Teatro tradicional, com a

primeira parte focada em variedades e a segunda com uma apresentação teatral. Não havia

animais e “no máximo um cachorrinho” era utilizado em

cena, de acordo com relatos de minha avó Neyd.

O inicio das apresentações era marcado pela

banda, que iniciava seu percurso nas ruas da cidade,

convidando e atraindo o público para o Circo. Quando o

público já estava aglomerado em frente à lona, a bilheteria

era aberta e a banda seguia para dentro, posicionando-se

para receber o público até o início das apresentações.

Com o público já posicionado, às 21h00min, sem

atrasos, o espetáculo começava. Ao som da banda uma

tradicional “barreira humana” era formada por todos os artistas do Circo, mulheres de um

lado, homens do outro, todos muito bem vestidos. Logo, percorriam o picadeiro

apresentando-se. Era então que Osmar iniciava o seu discurso para o público, dizendo “Boa

Noite” e apresentando a programação daquele dia.

Trapezista do Sudan & Walter Alves Goes

Artistas do Circo Sudan

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Conta minha avó que em todos os espetáculos, Osmar repetia a seguinte frase:

“Estejam certos de que não pouparemos esforços para melhor apresentarmos os nossos

números”. Além disso, Osmar preocupava-se em atender ao público com muito carinho e

respeito, por isso antes da estréia em cada cidade, percorria as ruas, falava com as autoridades

e portanto ganhava seu respeito e admiração. Era comum que prefeitos, delegados e padres

freqüentassem o Circo Sudan.

Os espetáculos eram desenvolvidos para que todas as famílias pudessem se divertir.

Ninguém precisava se preocupar com o linguajar dos artistas, já que tudo era feito com muito

bom gosto.

O Espetáculo

O primeiro ato ou a primeira parte era composta por apresentações de trapezistas,

malabaristas, palhaços, cantores entre outros. Neste contexto, Neyd ressalta que Nery fazia

um número de trapézio denominado “trapézios voadores”, o primeiro e mais arriscado da

noite. Os palhaços Mocotó e Espirro traziam graça para toda a família, inclusive Mocotó

fazia um número em que tocava acordeon e virava cambalhotas no chão. Além disso, as

piadas feitas nunca apelaram para a sexualidade ou tiravam sarro de qualquer tipo de pessoa.

Minha avó Neyd se apresentava inicialmente como

“Irmãs Alves”, mas logo depois, por volta de 1948

fez dupla cômica caipira com um de seus irmãos,

conhecido como “Ditinho”. A dupla era chamada de

“Tiolfo e Fiica” e entravam para animar e cantar

com o público, sempre que havia um espaço entre

cada um dos atos. Tiolfo era o pai de Fiica nas

apresentações, chegando a se apresentar na rádio. As

músicas eram compostas por Ditinho, que tinha um

humor refinado para tal. Certa vez, numa

competição de músicas de carnaval promovido pela

rádio PRC9, Ditinho enviou três músicas, sendo

pegando o primeiro lugar.

O segundo ato ou segunda parte trazia uma peça teatral de acordo com os dias da

semana. Aos finais de semana estreavam as comédias e durante a semana os dramas. Todas

Tilfo e Fiica / Ditinho e Neyd

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as peças apresentadas eram escolhidas a dedo, para que o público só assistisse aos sucessos

da época, como “Morro dos Ventos Uivantes”, “O Vento Levou”, etc. O reconhecimento era

visto ao final dos espetáculos, quando o público se levantava e aplaudia os artistas.

Minha avó Neyd lembra que ao ficar um pouco mais experiente, começou a encenar

as peças e que constantemente pegava o papel de atriz principal. Conta ainda, que a pessoa

que os dirigia era muito enérgica e rígida. Os ensaios começavam todos os dias às 09h00min,

para que a cada noite houvesse a apresentação de uma nova peça.

Mocotó fazia questão de participar das comédias como “palhaço”, conquistando o

público com o seu jeito e carisma.

Sudan com seus artistas percorria o interior Paulista,

possibilitando que todos conhecessem grande parte das

cidades, lembranças positivas para a minha avó. Por conta

do sucesso, Sudan chegou a se apresentar numa cidade do

estado do Paraná, algo muito importante e ousado para a

época, já que a maioria dos Circos ficava estabelecido numa

região específica.

“Tanto é que eu conheço todo o interior de São

Paulo, todas as cidades eu lembro porque eu conheci nessa

época. Desde pequenininha sempre indo lá... e era muito

interessante, no tempo em que eu era menina ainda, eu tenho muitas saudades porque eu

morava aqui (Campinas) estudava aqui, minha casa era aqui, mas quando a gente ia pra lá era

um passeio maravilhoso... era criança, criança gosta dessas coisas né? Daí quando chegava de

tardezinha a banda de música ficava andando, indo pela rua e um monte de molecada,

gentarada ia atrás da banda, era tão engraçado” diz minha avó Neyd.

Artistas do Sudan e Neyd (segunda)

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Mudança de Vida, saída e retorno ao Sudan

Ainda criança, minha avó conheceu Sidney de

Felice Somazz. Apresentado por sua prima, Sidney ia a

muitas das apresentações de minha avó, até que após

inúmeras cartas (mais de 50 cartas na época), olhares e

matines, começaram a namorar e casaram-se. Foi quando

minha avó deixou o Circo Sudan e mudou-se com meu

avô para São Paulo capital.

Neyd, hoje artista e cozinheira de mão cheia,

conta que ao casar não sabia fazer nem mesmo um café.

Quando engravidou de sua primeira filha (minha mãe), que ainda era muito pequena (1 ano e

meio aproximadamente), resolveu ir com meu avô numa segunda-feira até o Café dos Artistas

na Av. São João, quando por coincidência encontrou com seu irmão Osmar.

Osmar ficou todo entusiasmado ao rever a irmã e perguntou ao meu avô Sidney onde

estava trabalhando, que prontamente respondeu estar trabalhando num escritório, mas que

não estava muito feliz. Logo Osmar fez o convite para que viessem trabalhar no Sudan. Meu

avô, preocupado por não ser um artista, ficou preocupado, mas com o espírito jovem e com a

promessa de seu cunhado para aprender algum ofício no Circo, resolveu com minha avó e

filha.

Foi então que guardaram todos os seus pertences, principalmente móveis, na casa de

alguns parentes em Campinas e seguiram para o Circo portando duas malas enormes, uma

cheia de roupas e outra com utensílios domésticos. “Naquele tempo a gente era novo, tudo

era bonito, a gente não tinha minhoca na cabeça, achando que o mundo era ruim, tudo era

gostoso, tudo era bom” conta minha avó.

O retorno de minha avó ao Sudan e o início de meu avô Sidney no mundo do circense

foi marcado pela lembrança de uma viagem de trem. De acordo com as lembranças, Osmar

“fretava” praticamente todo o trem, levando a estrutura completa do Circo nos vagões. Os

artistas ficavam no vagão da primeira classe e os empregados na segunda.

Casamento de Neyd e Sidney

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Meu avô Sidney, na época franzino, começou a ajudar na montagem do Circo,

prendendo as estacas da lona no chão. Logo ficou encorpado por conta do ofício de montador

e assumiu a responsabilidade de montar o picadeiro e coordenar a equipe de montagem.

As chegadas nas cidades não eram fáceis. Minha avó lembra-se de chegar e percorrer

a cidade em busca de uma casa para locar durante a temporada do Circo. Os artistas de

renome, que ganhavam um salário maior, sempre ficavam hospedados em hotéis

(preferencialmente em hotéis luxuosos,quando os mesmos existiam).

Depois de algum tempo, meu avô Sidney recebeu um papel para interpretar um cego

em um dos dramas chamado “Noites de Natal”. Minha avó que também participava dos

espetáculos, sempre arrumava uma “babá” para cuidar de minha mãe (que tinha pouco mais

de 1 ano e meio na ocasião) e que ficava estrategicamente localizada na primeira fileira,

possibilitando que minha avó coruja pudesse observá-la durante toda a noite. Bem, a peça

teve início e a trama começou a se desenrolar. Meu avô como cego, tinha um filho. Em

determinada parte da peça, o colocava para cochilar num banco de uma praça, coberto por

seu paletó. Sentado ao lado de seu filho, surge então um ladrão para roubá-lo. Ao terminar o

roubo, por pura maldade, lhe apunhala o peito com uma faca, fazendo com que muito sangue

se espalhasse pela camisa, até que cai no chão, morre e as cortinas se fecham.

Um pequeno imprevisto acontece. Sua filha de

pouco mais de 1 ano e meio, que assistia ao espetáculo, vê

seu pai “morrer” em cena, coberto de sangue. Neste

momento, entra em desespero e começa a chorar e a dizer

“Papai Papai, dodói, dodói”. Minha avó ao ver o que estava

ocorrendo, correu para pegar a filha, mostrando a ela que

seu pai estava bem. Meu avô teve que dizer várias vezes que

ele estava bem e que era apenas uma brincadeira. Demorou para que ela entendesse o que

havia ocorrido e parasse de abraçar seu pai.

Depois de algum tempo, minha avó percebeu o tamanho do “problema” que

inocentemente tinha feito, afinal naquele momento sobrava experiência circense e os

aprendizados como mãe estavam apenas começando.

Passado algum tempo, minha avó participava de todas as peças e meu avô de algumas

outras. Quando estavam na cidade de São José dos Campos, seu irmão Osmar, propôs a ela e

Meyre Somazz - Criança

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a meu avô que treinassem algum outro número circense, para que pudessem aumentar a sua

renda. Foi ai que começaram a treinar todos os dias às 06h00min, durante 4 horas, um

número chamado “Estatuário” (estátuas vivas), até que aprenderam a técnica e iniciaram as

apresentações.

Ela não se lembra de ter ganhado mais dinheiro por conta deste número, afinal, o

tempo foi passando e algumas pessoas começaram a deixar de ir ao Circo, na conhecida

“época das águas”, em que as chuvas atrapalhavam muito. De acordo com ela, seu irmão

começou a diminuir os salários, causando um desconforto geral.

Saindo definitivamente do Circo

Preocupados e com uma filha crescendo, meus avôs Neyd e Sidney começaram a se

cansar da vida no Circo. Os desejos e sonhos para construir uma família foram aumentando,

até que resolveram deixar o Sudan e voltar a morar na cidade de Campinas, retomando a tal

“vida padrão”, levada pela grande maioria dos cidadãos na época.

A saída do Sudan não foi fácil, minha avó lembra que sua cunhada e todos no Circo

ficaram muito chateados, até por conta de sua importância nas peças, números entre outros. A

família circense perdia dois grandes irmãos de lona.

Para eles, encerrava-se um ciclo para que outro

tivesse inicio. A construção de uma família, composta

então por 4 filhos, que geraram até a presente data, 11

netos e 5 bisnetos.

O Circo Sudan continuou firme e forte por mais

alguns anos. De acordo com lembranças, minha avó conta

que seu irmão Osmar chegou a viajar duas vezes para a Europa. Sua esposa ficava tomando

conta do Circo durante as viagens, deixando-o sempre em melhores condições. A surpresa e a

satisfação eram garantidas no retorno.

Infelizmente minha avó não lembra o ano em que o Circo Sudan deixou de existir,

acredita que por volta de 1962. Foram muitos anos de trabalho, suor, glória e satisfação. Um

amor que começou com o sonho de ter um Circo e teve sucesso por conta da coragem de ser

um aventureiro, apoiado por uma família maravilhosa, seja por sangue, seja por sintonia.

Família Somazz na Praia

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Tenho certeza que essa vibração e esse carinho fizeram com que hoje a minha paixão

pelo mundo circense seja cada vez maior, afinal foram 26 anos sem saber sobre essa história,

mas serão muitos outros sentindo muito orgulho de hoje, carregá-la no sangue e no coração.

Como muitos já disseram, percorremos caminhos diferentes, mas no final, sempre

encontramos e nos reveremos no mesmo lugar.

Parabéns família Sudan!

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CAPÍTULO 3:

CONTOS, CAUSOS E PERDAS

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Capítulo 3: Contos, Causos e Perdas

Noturno, Eita Trem Perigoso

Em um mês de Novembro, ainda no início do Circo Sudan, minha avó adolescente

estava em casa com sua Mãe e Pai, quando receberam um telegrama de seu irmão Osmar

dizendo: “Queria Mamãe e Papai, tragam as meninas para a estréia aqui em Bauru, venham

no noturno...” (noturno naquela época era o nome que davam ao trem que partia durante a

noite). Na manhã seguinte, Osmar recebeu a notícia de que o “noturno” havia sofrido um

acidente no percurso e muitas pessoas tinham morrido. Logo Osmar correu para a estação de

trem em busca de notícias de seus pais e irmãs, pensando que os tinha enviado para a morte.

Como na época as informações eram lentas, ficou aguardando a pela lista de sobreviventes.

Osmar não sabia que seus pais e irmãs na verdade resolveram pegar o trem na manhã

seguinte, por volta de 05h00min. Foi quando o trem chegou à estação e todos

desembarcaram, para a surpresa de Osmar. Conta minha avó Neyd que seu irmão ficou bobo

e começou a chorar ao vê-los, suas pernas bambearam de tanta emoção e felicidade. “Foi

Deus que fez com que nos não pegássemos aquele trem”, palavras de Neyd.

Davi Alves Goes, Irmão Querido

Um de seus irmãos, Davi Alves Goes, que fazia quase todos os papéis de galã nos

dramas e comédias, faleceu com 29 anos, vitima de tuberculose. Num dia muito chuvoso, em

que parte das roupas ficaram molhadas, Davi estava se apresentando, com o corpo quente por

tanta agitação. Em parte do espetáculo, Davi teve

que mudar de figurino e pegou um casaco que estava

molhado, dando início a sua doença. Em poucos dias

veio a falecer, uma perda irreparável para a família e

para o Circo.

No início, fez dupla caipira com seu irmão

Ditinho, formando a dupla caipira “Tiolfo e Tiburço”. Foi assim que minha avó Neyd

assumiu seu lugar na dupla, tornando-se “Fiica”.

Tiolfo e Tiburço / Ditinho e Davi

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Fiuncha. Vai saber.

Minha avó e seus irmãos sempre falaram um dialeto Espanhol, trazido por seus

bisavós e perpetuado por seus avós e pais. Este dialeto familiar, denominado “Nasthala”

sempre foi falado, principalmente na frente de estranhos, ou em momentos em que os amigos

não podiam entender alguma coisa de interesse único e exclusivo da família.

Mesmo sendo um dialeto familiar, por conta da convivência no Circo, alguns

empregados e artistas acabavam pegando algumas coisas no ar e até chegavam a usar

algumas palavras esporadicamente.

Bem, minha avó ainda menina lembra que o Mágico do Sudan tinha uma filha

chamada Flor de Liz, trapezista. Em uma de suas apresentações, Flor de Liz estava subindo

no trapézio, como sempre fazia. Seu Pai ficava embaixo monitorando o seu número, sempre

atento à segurança. Quando ela chegou ao topo, seu Pai observou que sua roupa havia

rasgado e queria de alguma forma dizer isso à filha, mas sem que nenhuma outra pessoa

percebesse, principalmente o público. Foi então que ele começou a dizer “Fiuncha, la

roupucha rasgunducha na bunducha”, algo que não tinha nada a ver com o dialeto.

Naquele momento, todos os artistas começaram a rir, pois perceberam que ele tentava

dizer o dialeto, mas na verdade estava inventando palavras para alertar a filha.

Frankenstein

Certa vez, minha avó na época em que era solteira, chegou a contracenar com Nhô

Pai, numa peça chamada Frankenstein. Nhô Pai, normalmente participava no Sudan com a

sua dupla Nhô Fio, cantando músicas de viola, mas como era muito alto, recebeu o papel.

Conta minha avó que a roupa e a maquiagem de Nhô Pai eram horríveis, perfeitas

para o personagem. Ela, fazendo o papel principal, era a mocinha.

Sentada em frente a uma banqueta com um espelho, se arrumava, simulando que

estava em casa. Neste momento entrava o Frankenstein. Minha avó, quando começou a ver o

reflexo do monstro no espelho, ficou realmente com medo e não parou mais de gritar,

apavorada.

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Ouvindo os passos pesados produzidos por Nhô Pai, aguardou o momento em que ele

passava o braço em seu pescoço para arrastá-la, conforme haviam ensaiado durante o dia. Um

pequeno detalhe causou ainda mais “problemas”. A roupa usada por Nhô Pai era feita num

tecido muito áspero e acabou arranhando o pescoço de minha avó.

A junção de uma maquiagem que não tinha sido vista por minha avó antes de entrar

em cena, com uma roupa que também não tinha sido utilizada nos ensaios e que lhe

machucou um pouco, fizeram com que a cena se tornasse ainda mais real para o público,

afinal o monstro conseguiu assustar a mocinha.

Osmar ao final do espetáculo correu até a irmã e a parabenizou pela grande atriz que

era. Neste momento ela assumiu que realmente ficou com medo e por isso a cena foi tão

perfeita. Os dois caíram na risada por conta do ocorrido.

Aproveitando, o causo, vale uma breve apresentação de Nhô Pai. Nhô Pai (João Alves

dos Santos) compositor e cantor, nasceu em Paraguaçu Paulista (SP) em 28 de março de 1912

e faleceu na mesma cidade em 12 de março de 1988. Lançado por Ariowaldo Pires (o Capitão

Furtado) e, como intérprete, formou duplas com seu compadre Nhô Fio, sua prima Nhá Fia e

também com sua irmã Nhá Zéfa. Também chegou a cantar juntamente com Tonico da dupla

Tonico e Tinoco.

Como compositor, seu maior sucesso foi Beijinho Doce, gravado pela primeira vez

em 1945 pelas Irmãs Castro e, posteriormente pelas Irmãs Galvão, de Sapezal. A música

tornou-se popular quando foi incluída no filme “Aviso Aos Navegantes” em 1951. A música

também foi gravada por Tonico e Tinoco, José Augusto, Chitãozinho e Chororó e até mesmo

Ivete Sangalo, dentre tantos outros. Abaixo, a letra.

Música de Nho Pai, Beijinho Doce:

Que beijinho doce Que beijinho doce Coração que manda

Que ela tem Foi ela quem trouxe Quando a gente ama

Depois que beijei ela De longe pra mim Se estou junto dela

Nunca mais beijei ninguém Um abraço apertado Sem dar um beijinho

Um suspiro dobrado Coração reclama

Um amor sem fim

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Ainda em Cena, Saudades de Mamãe

Em um drama, em que minha avó contracenava com Tonico e Tinoco, fazendo o

papel de mocinha, outro fato muito real lhe ocorreu. Tinoco fazia o papel de namorado.

Num determinado momento da peça, Tinoco trazia a notícia que a mãe da personagem

havia morrido. Na época, fazia por volta de 3 anos que minha bisavó havia de fato deixado

seus entes queridos.

Naquele exato momento de pura dramaticidade, minha avó lembrou-se de sua mãe e

começou a chorar de verdade, por conta da saudade que havia em seu peito. A cena continuou

até que as cortinas se fecharam.

Seu irmão Osmar veio para cumprimentá-la pelo excelente trabalho. Acontece que

minha avó, mesmo recebendo os parabéns, não parou de

chorar. Osmar então disse “Pare que chorar querida, a peça

acabou” e minha avó respondeu “Mas estou lembrando de

Mamãe”.

Osmar lhe abraçou.

Minha avó Neyd diz que o papel acabou sendo perfeito

pra ela, afinal estava encenando uma peça muito parecida com

o que vivia naquele momento.

Durvalina Alves Goes

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CAPÍTULO 4:

QUEM PASSAVA, APRESENTAVA

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Capítulo 4: Quem passava, apresentava

Quando o Circo Sudan estava estabelecido

e era reconhecido pelo interior Paulista, muitos

artistas fizeram questão em se apresentar no

picadeiro. Nomes como Luiz Gonzaga, Tonico e

Tinoco, Mazzaropi entre outros passaram por lá.

De acordo com minha avó Neyd, meu tio-

avô Osmar viajava para São Paulo em busca de

novos talentos e atrações diferenciadas, com o objetivo de trazer cada vez mais novidades

para o público.

Localizado na Av. São João, o “Café dos Artistas” era o ponto de encontro de

empresários e artistas em busca de trabalho. Abaixo coloco uma nota retirada da internet.

“O “Café dos Artistas” ou simplesmente “Café” é um

encontro de artistas e empresários circenses que acontece no

dia de folga da categoria, segunda-feira, num ou em torno de

um café. O de São Paulo, já que existiu “cafés” em várias

capitais do país, foi sediado inicialmente no Largo do Rosário,

atual Praça Antonio Prado, e no início do século XX, passou a

acontecer no Largo do Paissandu, chegando a reunir mais de

600 pessoas em torno de vários cafés - Ponto Chic, Juca Pato,

518, entre outros - e ocupando todo quadrilátero que abrange

o Largo do Paissandu e a avenida São João, até o cruzamento

Mazzaropi

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com a Ipiranga. Era um lugar de encontros sociais, mas um

marco importante de referência dos artistas, que iam procurar

trabalho, e de empresários, agentes culturais e donos de circo

de todo Brasil, que procuravam artistas para trabalhar em

seus espetáculos.”

Depoimento: Tito Neto / Minha vida no Circo / Editora

Autores Novos, São Paulo, SP

“No final do século XIX, o número considerável de circos e de

artistas circenses, que atuavam na capital e interior de São

Paulo, deu azo ao costume, que acabou virando tradição, dos

circenses se encontrarem em seu dia de folga, segunda-feira,

num ou em torno de um café. Este encontro, que ficou

conhecido como Café dos Artistas ou simplesmente Café,

começou no Largo do Rosário, no final do século XIX, e nos

primeiros anos do século passado, passou a funcionar no

Largo do Paissandu.

No Paissandu, o Café funcionou em vários pontos: Juca Pato,

Ponto Chic, 518, esquina da Dom José de Barros. Sendo que

nos tempos áureos, reunia média de 500 pessoas, entre

artistas, empresários, músicos, cantores, atores, etc.. Era um

lugar de encontros sociais, mas um marco importante de

referência dos artistas, que iam procurar trabalho, e de

empresários, agentes culturais e donos de circo de todo Brasil,

que procuravam artistas para trabalhar em seus espetáculos.

Em meados da década de 80, com a redução significativa de

circos, e o avanço galopante da tecnologia eletrônica, o Café

esvaziou. Nos dias de hoje, um número reduzido comparado

aos tempos de outrora, se encontram às segundas-feiras na

galeria da Dom José de Barros. São os últimos remanescentes

de uma tradição que atravessou um século.

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Na ocasião em que nosso circo percorria os bairros da

capital, era de costume de todos os demais circos

apresentarem, uma vez por semana, um show extra com

artistas famosos da televisão. Como Luiz Gonzaga, Vicente

Celestino, Silvio Santos, Mazzaropi, Grande Othelo e outros.

Esses artistas eram contratados sempre às segundas-feiras à

tarde (dia de descanso dos circos) no “Ponto dos Artistas”, no

Largo Paissandu. O Silvio Santos possuía um show

denominado “Peru que Fala”, e ia pessoalmente ao café

procurar trabalho para a semana.

Fonte:

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/patrimonio_historico/me

moria_do_circo/largo_do_paissandu/index.php?p=7141

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CAPÍTULO 5:

MUSEU DE IMAGENS

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Capítulo 5: Museu de Imagens

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