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DECLÍNIO DO DESEMPREGO NO CEARÁ, EM 2017: MOTIVAÇÕES PRINCIPAIS

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DECLÍNIO DO DESEMPREGO NO CEARÁ, EM 2017: MOTIVAÇÕES PRINCIPAIS

Estudo realizado pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) - Organização Social Decreto Estadual nº 25.019, de 03/07/98.

Análise e Redação Mardônio de Oliveira Costa Apoio Técnico Erle Cavalcante Mesquita Editoração eletrônica e layout Ana Clara Braga Meneses Revisão Regina Helena Moreira Campelo

É permitida a reprodução parcial ou total dos textos desta publicação, desde que citada a fonte.

Correspondências para: Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT Av. da Universidade, 2596 - Benca CEP 60.020-180 Fortaleza-CE Fone: (085) 3101-5500 Endereço eletrônico: [email protected]

C837d COSTA, Mardônio

CDD: 331.137

Declínio do desemprego no Ceará, em 2017: motivações principais/ Mardônio Costa. Fortaleza: Instituto de Desenvolvimento do Trabalho, 2018, 49p.

1. Desemprego. 2. Emprego Formal. 3. Atividade Econômica.

Governador do Estado do CearáCamilo Sobreira de Santana

Secretário do Trabalho e Desenvolvimento SocialFrancisco José Pontes Ibiapina

Coordenador do SINE/CERobson de Oliveira Veras

Instituto de Desenvolvimento do Trabalho - IDT

Presidente Antônio Gilvan Mendes de Oliveira

Diretora Administrativo-Financeira Sheila Maria Freire Cunha

Diretor de Promoção do Trabalho e Empreendedorismo Francisco das Chagas Nascimento Araújo

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

I - A DINÂMICA DA ECONOMIA CEARENSE, EM 2017 9

II - EVOLUÇÃO RECENTE DO EMPREGO FORMAL NO CEARÁ 19

III - DECOMPONDO AS VARIAÇÕES DA TAXA DE DESEMPREGO 27

IV - SEGMENTOS CONTEMPLADOS COM O DECLÍNIO DO DESEMPREGO 37

V – CONCLUSÃO 45

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INTRODUÇÃO

Após alcançar taxas recordes nos primeiros meses de 2017, reexo de dois anos de forte retração da economia nacional, em 2015 e 2016, o desemprego no País começou a recuar, lenta e gradualmente, ao longo daquele ano, decorrente principalmente da retomada da atividade econômica nacional, que saiu de uma das mais robustas recessões já vivenciadas pela economia brasileira, senão a mais profunda e intensa delas, para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1%, em 2017.

Um comportamento muito similar foi observado no Estado do Ceará, que registrou uma taxa de desemprego recorde no primeiro trimestre de 2017, declinando continuamente desde então, mesmo que lenta e gradualmente, com os primeiros sinais de recuperação do mercado de trabalho estadual, repercutindo melhoras na economia do Estado, melhoras estas que começaram a se manifestar no segundo trimestre do ano passado, conforme os indicadores do PIB estadual divulgados pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), culminando com um crescimento da economia local de 1,87%, em 2017.

À propósito, a economia cearense registrou alta do PIB a partir do segundo 1

trimestre de 2017 (1,90%), relativamente ao mesmo período de 2016, após oito trimestres seguidos de resultados negativos nessa base de comparação. Cresceu 0,85% em comparação com o primeiro trimestre do ano, o segundo resultado positivo nessa mesma base, pois crescera 2,24% nos três meses anteriores, depois de uma sequência de nove resultados negativos.

Após a alta do segundo trimestre, a economia do Ceará voltou a crescer no terceiro trimestre (3,03%), diante do mesmo período do ano anterior, além da sinalização de um crescimento mais robusto. No acumulado até o terceiro trimestre de 2017, a economia do Estado do Ceará já registrara uma ampliação em torno de 1,36%, o melhor resultado para o período nos últimos três anos, tornando a previsão de crescimento do IPECE, de 1,5%, em 2017, bastante factível. Na verdade, o resultado cou ligeiramente acima do previsto (1,87%).

Diante dessa retomada da economia e de algumas melhoras percebidas no mercado de trabalho, como a redução do nível de desocupação da população economicamente ativa, o arrefecimento no ritmo das demissões de trabalhadores no mercado de trabalho formal, dentre outras, o presente estudo tem como objetivo maior avaliar a trajetória recente do desemprego e as principais motivações para o seu declínio no Estado do Ceará, no ano de 2017, após registrar taxas recordes no primeiro trimestre do ano.

1Estes números incorporam, pela primeira vez, os impactos das atividades da Companhia Siderúrgica do Pecém na economia estadual.

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Para tanto, além dessa introdução, o estudo está estruturado em quatro capítulos. O primeiro destina-se à avaliação de alguns indicadores econômicos do Ceará (Produto Interno Bruto e Valor Adicionado por setor de atividade), para ilustrar o crescimento da economia cearense no ano passado, posto que o crescimento econômico é um forte indutor da geração de empregos. Foram incorporadas análises desagregadas por setor de atividade, utilizando-se também de indicadores das pesquisas mensais do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística (IBGE), tais como a Pesquisa Industrial Mensal, Pesquisa Mensal do Comércio e Pesquisa Mensal de Serviços.

O segundo capítulo tratará do movimento do número de empregos formais gerados no Ceará, com séries históricas mensais acumuladas de 12 meses, de 2015 até 2017, inclusive desmembradas por setores econômicos, que descreve as trajetórias recentes dos saldos mensais de emprego formal no Ceará. Nesse caso, a fonte de informação é o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho.

O terceiro capítulo aborda a decomposição das variações anuais do desemprego estadual, como estratégia de melhor compreender essa trajetória. Esta decomposição se utiliza de metodologia desenvolvida pelo Banco Central do Brasil, que desmembra as variações anuais do desemprego em três componentes principais, facilitando bastante o entendimento desse comportamento e auxiliando sobremaneira na percepção de suas principais motivações. Os dados originais são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC trimestral) do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística (IBGE).

O estudo ainda destaca os segmentos populacionais mais contemplados com a recente queda do desemprego da força de trabalho no Estado, no ano passado, a que se propõe o quarto capítulo, além de algumas inserções sobre as taxas históricas de desocupação no Ceará, desagregadas para diversos segmentos populacionais, considerando a série de 2012 a 2017, dados disponibilizados também pela PNADC trimestral. Na última parte apresentam-se as principais conclusões.

Destaque-se ainda que, ao longo de todo o texto, os termos desemprego e desocupação são utilizados indistintamente, fazendo referência às pessoas sem trabalho e em busca efetiva de uma colocação no mercado laboral.

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I - A DINÂMICA DA ECONOMIA CEARENSE, EM 2017

O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPECE), quando da divulgação dos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) cearense do segundo trimestre de 2017, ressaltou o desempenho positivo da economia estadual, o que se constituíra em um primeiro indício de que a atividade econômica local estava começando a se recuperar, após os resultados negativos dos anos de 2015 e 2016, quando o PIB estadual encolhera 3,4% e 5,3%, respectivamente.

À propósito, no Ceará, este movimento teve início no segundo trimestre de 2015, com encolhimento do PIB da ordem de 1,46%, quatro trimestres após o início da recente crise econômica nacional. Constata-se que, no interstício que se estende do terceiro trimestre de 2015 até o primeiro trimestre de 2017, a economia cearense sentiu mais fortemente os efeitos da retração econômica, quando foram mensuradas variações negativas máximas do PIB de quase 8%, nos dois primeiros trimestres de 2016 (Gráco 1).

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Gráco 1 – Evolução do Produto Interno Bruto - Brasil, Estado do Ceará - 1º Trim./2013 - 4º Trim./2017 (Em %)

Fonte: IBGE/IPECE.Base: Mesmo trimestre do ano anterior.

Invertendo essa trajetória, a economia cearense registrou alta do PIB do segundo trimestre de 2017 de 1,90%, relativamente ao mesmo período de 2016, após oito trimestres seguidos de resultados negativos nessa base de comparação, como pode ser percebido no Gráco 1. Cresceu também 0,85% em comparação com o primeiro trimestre do ano, o segundo resultado positivo nessa mesma base, pois crescera 2,24% nos três meses anteriores, depois de uma sequência de nove resultados negativos.

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Ceará BrasilCeará Brasil

Na análise dos três primeiros trimestres de 2017, a economia estadual evoluiu de um resultado negativo no primeiro trimestre (-0,83%), diante igual período do ano anterior, para dois resultados positivos, além da sinalização de um crescimento mais robusto, na medida em que as variações trimestrais do PIB estadual foram de 1,90% e 3,03%, no segundo e terceiro trimestres do mesmo ano, utilizando-se a mesma base de comparação. De fato, esse crescimento mais robusto é conrmado pela expansão de 3,24% do PIB cearense no quarto trimestre do ano.

No acumulado de 2017, a economia do Estado do Ceará registrou uma ampliação de 1,87%, o melhor resultado dos últimos três anos, dadas as retrações ocorridas em 2015 (-3,4%) e em 2016 (-5,3%). Destaque-se ainda que este ritmo de expansão foi quase duas vezes maior que o da economia brasileira, que cresceu apenas 1,0%, números que indicam que a recuperação da economia do Estado do Ceará está se processando em um ritmo superior à média nacional.

O resultado de 2017 foi bastante inuenciado pela performance da agropecuária cearense (28,90%) e do setor de serviços (1,09%), este reetindo muito o comportamento do comércio (3,21%), que mostrou importantes incrementos no terceiro (6,66%) e no quarto trimestres (5,80%). E, apesar da discreta retração da atividade industrial (-0,64%), experimentando sucessivas quedas até meados de 2017, a indústria de transformação voltou a crescer a partir do segundo trimestre, com incrementos superiores a 3%, alcançando incremento de 2,74% no ano, ao mesmo tempo em que a construção civil, com números nada favoráveis até o terceiro trimestre, apesar de quedas mais modestas, volta a crescer no último trimestre do ano passado (2,36%), o que foi insuciente para reverter o resultado anual negativo (-4,22%) (Tabela 1).

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Tabela 1 – Taxas de crescimento do Valor Adicionado, por setores e atividades selecionados - Estado do Ceará - 4º Trim./2016 - 4º Trim./2017 (Em %)

Fonte: IBGE/IPECE.Base: Mesmo período do ano anterior.

2016

4º Trim. 1º Trim. 2º Trim. 3º Trim. 4º Trim. No Ano

Agropecuária -4,73 0,40 54,37 25,21 29,06 28,90

Indústria -8,56 -2,56 -2,64 0,42 2,08 -0,64

Ext. Mineral 11,22 -20,06 -21,06 -20,89 -15,68 -19,51

Transformação -1,21 0,03 3,32 3,11 4,29 2,74

Construção Civil -18,16 -7,59 -9,47 -1,71 2,36 -4,22

Eletricidade, Gás e Água (SIUP) -6,28 5,68 1,22 1,20 -1,67 1,56

Serviços -4,10 -0,50 0,25 2,20 2,36 1,09

Comércio -8,76 -0,86 1,04 6,66 5,80 3,21

Alojamento e Alimentação -2,78 -3,15 -2,01 -0,17 0,74 -1,16

Transportes -3,08 -1,63 -2,08 0,31 3,32 0,03

Intermediação Financeira -7,24 -1,91 -1,21 2,41 3,33 0,69

Administração Pública -0,01 1,33 1,69 0,43 -0,47 0,75

Outros Serviços 4,99 -1,56 -1,09 -1,74 -0,63 -1,26

VA a preços básicos -5,01 -0,85 2,08 3,17 3,48 2,00

PIB pm -4,95 -0,83 1,90 3,03 3,24 1,87

Setores e Atividades2017

Nos serviços, as retrações perdem intensidade na maioria das atividades, como é o caso das atividades de alojamento e alimentação, que voltaram a crescer no último trimestre de 2017 (0,74%), mas registraram contração em termos anuais (-1,16%). Nas atividades de transportes e de intermediação nanceira, as variações negativas deram lugar a valores positivos no segundo semestre, demonstrando alguma recuperação destas atividades, que passaram a apresentar uma dinâmica mais favorável, demonstrando que a retomada da economia do Ceará parece perpassar os diversos setores econômicos, ilustrando a descentralização do processo.

O excelente número do comércio repercutiu a evolução positiva dos incrementos no volume e na receita nominal de vendas do comércio varejista ampliado no Ceará, com crescimento continuado desde maio de 2017, propiciando uma elevação de 5,80% no valor adicionado do setor, entre os meses de outubro e dezembro. Desta forma, foram computados oito meses de expansão das vendas e da receita nominal de vendas no Estado, após inúmeros resultados negativos, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, o que viabilizou expansão no volume e na receita nominal de vendas de 1,9%, no acumulado do ano (Grácos 2 e 3).

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Gráco 2 – Variações mensais do volume de vendas do comércio varejista ampliado – Brasil, Estado do Ceará – Jan./2015 – Dez./2017 (Em %)

Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração do autor.Base: Mesmo mês do ano anterior.

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Brasil CearáBrasil Ceará

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Gráco 3 – Variações mensais da receita nominal de vendas do comércio varejista ampliado – Brasil, Estado do Ceará – Jan./2015 – Dez./2017 (Em %)

Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. Elaboração do autor.Base: Mesmo mês do ano anterior.

Destaca-se que o último crescimento do volume de vendas do varejo ampliado no Ceará ocorreu em março de 2015 (2,8%). Além disso, através da análise da ilustração gráca, percebe-se que o comportamento do volume de vendas e o da receita nominal do comércio varejista ampliado cearense, em muito, assemelham-se à trajetória traçada pelas vendas e pela receita nominal no País, que também registraram seguidos incrementos nos últimos oito meses de 2017.

Portando, há sinais evidentes de melhoria na atividade comercial no Ceará e no Brasil, no transcorrer do segundo semestre de 2017, o que está sendo percebido pelos empresários do setor. A propósito, levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, abrangendo todas as Capitais do País, vem embasar esta constatação. Segundo matéria veiculada no Jornal Diário do Nordeste, em 18 de janeiro desse ano,

O percentual de comerciantes e empresários de serviços que notaram piora na situação nanceira de seus negócios diminuiu de 48%, em 2016, para 30%, em 2017, uma queda expressiva de 18 pontos percentuais em 12 meses. [...] A sondagem mostrou também que aumentou de 15% para 21% o volume de empresários que observaram um desempenho melhor no último ano na comparação com 2016. A situação permaneceu estável para 40% dos entrevistados. [...] Entre aqueles que melhoraram a performance de suas empresas, ao longo do ano passado, 51% presenciaram resultados mais expressivos nas vendas e 27% conseguiram ampliar a clientela (COMÉRCIO..., 2018).

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No âmbito estadual, o Índice de Conança do Empresário do Comércio, Bens, Serviços e Turismo do Ceará (ICEC), calculado pela Fecomércio-CE, foi quanticado em 105,9 pontos, no primeiro bimestre de 2018, 3,2 pontos a mais do que o do bimestre imediatamente anterior (102,7 pontos) e 6,8 pontos acima do observado no mesmo período do ano anterior (98,4 pontos). É a terceira elevação consecutiva, após alcançar o menor índice do ano nos meses de julho e agosto de 2017 (90,5 pontos), revelando maior otimismo dos empresários do setor e, consequentemente, perspectivas melhores para o varejo cearense em 2018, alicerçado no aumento da massa salarial real, melhoria do nível de ocupação, mais facilidade de crédito, com a queda dos juros, e consumidores mais conantes.

Seguindo nessa direção, números da Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE, para o mês de janeiro de 2018, acusaram elevações do volume de vendas e da receita (nominal) de vendas no Ceará, no comércio varejista e no comércio

2varejista ampliado . No primeiro caso, o volume de vendas cresceu 2,5% e a receita nominal de vendas, 2,4%, e, no segundo, as expansões foram de 5,1% e 5,7%, respectivamente, considerando a variação mensal, ou seja, janeiro de 2018 diante de janeiro de 2017.

Atendo-se à atividade industrial do Estado, como já mencionado, há indicativos robustos de que a indústria de transformação cearense voltou a crescer, com variações positivas no valor adicionado industrial do segundo ao quarto trimestre de 2017, no confronto com os mesmos trimestres de 2016. Na verdade, o ritmo da produção física industrial do Estado do Ceará entrou no plano positivo desde maio de 2017, diante do mesmo mês do ano anterior, mesmo momento de alta no varejo, após o longo interregno de resultados negativos, que se estenderam pelos anos de 2015 e 2016, de acordo com os números da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF) do IBGE (Gráco 4).

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2O comércio varejista ampliado, além das atividades do comércio varejista, engloba as atividades de comercialização de veículos, motocicletas, partes e peças e de material de construção.

Gráco 4 – Variações mensais da produção física industrial – Brasil, Estado do Ceará – Jan./2015 – Dez./2017 (Em %)

Fonte: IBGE – Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física. Elaboração do autor.Base: Mesmo mês do ano anterior.

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Além do mais, em cinco dos sete meses de maio a novembro de 2017, o aumento da produção cearense foi superior à média brasileira, conferindo mais consistência à realidade constatada, e, no acumulado de janeiro a dezembro do mesmo ano, a produção industrial do Estado contabilizou uma alta de 2,2%, diante do mesmo período de 2016, a primeira variação anual positiva desde 2013 (10%), revertendo os resultados negativos dos últimos três anos: 2014 (-2,5%), 2015 (-9,9%) e 2016 (-4,3%). Esta performance foi bem melhor do que a da Região Nordeste (-0,5%), resultante, notadamente, das retrações na produção industrial dos Estados de Pernambuco (-0,9%) e Bahia (-1,7%).

Reforçando a argumentação, especicamente no mês de novembro, na comparação anual, o crescimento da produção industrial do Estado em 2017 (3,4%) reverteu os resultados negativos dos anos de 2014 (-6,6%), 2015 (-10,5%) e 2016 (-4,2%). Isto decorreu dos incrementos na fabricação de outros produtos químicos (27,9%), de produtos têxteis (5,7%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (7,1%), da produção de bebidas (19,3%), metalurgia (7,5%) e da confecção de artigos do vestuário (6,9%), o que, em parte, foi atenuado pelas quedas na fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-11,2%), de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-35,6%) e de produtos de minerais não metálicos (-7,1%). Já em dezembro, a produção industrial mostrou acomodação, registrando uma variação mínima (-0,1%), no confronto com o mesmo mês de 2016.

Outro impulsionador do crescimento econômico do Estado do Ceará, em 2017, foi a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que iniciou suas atividades em meados de 2016, com a produção de placas de aço destinadas ao mercado externo. Segundo a PIM-PF, a principal contribuição para o avanço da produção industrial cearense neste ano adveio do setor metalúrgico, com ampliação de 41,8%.

Adicionadas as contribuições das demais empresas instaladas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém e de outras unidades industriais espalhadas pelo Estado, o que totaliza 272 empresas exportadoras, as exportações cearenses alcançaram a cifra de US$ 2,1 bilhões, em 2017, um recorde estadual, o equivalente a um adicional de 62,5%, diante do valor de 2016 (US$ 1,3 bilhão).

Nessa conjuntura, destacaram-se novamente os produtos metalúrgicos, com representação de 51,1% das exportações cearenses, resultado muito impactado pela comercialização de semimanufaturados de ferro e aço, e calçados e suas partes (14,9%), que responderam conjuntamente por 2/3 das exportações do Estado desse ano, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC/SECEX). Desta forma, a movimentação de cargas no Terminal Portuário do Pecém foi 41% maior em 2017, com faturamento da ordem de R$ 144 milhões, ultrapassando o de 2016 em 62,2%.

Mais precisamente , apenas com a exportação de produtos semimanufaturados de ferro e aço foi movimentado US$ 1,03 bilhão no referido período, com representação de 49% do volume total exportado pelo Ceará, no ano passado. Nesse contexto, a participação do Município de São Gonçalo do Amarante, onde está localizada a CSP, no cômputo global das exportações do

Estado, saltou de 18%, em 2016, para 52,2%, em 2017, ao evoluir de US$ 238,26 milhões para US$ 1,10 bilhão, um adicional de 362,8%, conforme valores da mesma fonte.

Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC),

Em novembro, a indústria de transformação cearense apresentou crescimento no indicador de Faturamento e estabilidade na geração de empregos, em sinal claro de recuperação das atividades industriais após a redução apresentada até o início do 3º trimestre de 2017. De fato, comparado ao mês anterior, o Faturamento registrou uma ascensão de 1,2%; em relação ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 4,0%. [...] Por outro lado, os indicadores Emprego e Horas Trabalhadas apresentaram queda em relação ao mês anterior. As variações negativas foram de 1,4% e 2,7%, respectivamente.” (FEDERAÇÃO ..., 2017, p. 1).

A FIEC ainda destacou que, em novembro de 2017, o emprego na indústria de transformação cearense acompanhou a tendência nacional de declínio no acumulado do ano, mas em menores proporções, com quedas de 1,2%, no Estado, e 3,0%, no País, e que, diferente de meses anteriores, a massa salarial acusou alta de 6,3% no mesmo mês, diante do mês anterior, embora ainda esteja com resultado negativo no acumulado do ano (-6,4%).

No que concerne aos serviços, ainda não há sinais de retomada, pelo menos no Ceará, ao contrário do ocorrido no País, onde o setor vem se recuperando paulatinamente, como ilustram as variações interanuais do volume e da receita (nominal) de serviços, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE.

O volume de serviços prestados no Brasil mostra sinais de retomada da atividade, passando a apresentar números positivos. Por exemplo, em 2017, com incremento de volume de serviços de 0,5%, diante do mesmo mês do ano anterior, voltou a crescer o volume de serviços no País no mês de dezembro, após uma longa sequência de resultados negativos nessa base de comparação. Por sua vez, a receita nominal de serviços, além de mostrar seguidas elevações desde maio, registrou a maior variação positiva (5,0%) em dezembro, desde 2014 (Gráco 5, Tabela 2).

Isto não vem acontecendo no Ceará, Estado que contabiliza seguidas reduções em volume, que oscilaram de -5% a -11,1%, entre abril e novembro de 2017, com máxima de -16,6%, em dezembro, acompanhadas de oito variações negativas em receita nesses nove meses, especialmente em dezembro, quando a receita diminuiu fortemente (-13,2%). Além disso, nesse período, as quedas no volume de serviços no Ceará superaram as vericadas em âmbito nacional, particularmente no mês de dezembro, como pode ser percebido no Gráco 5.

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Tabela 2 – Variações mensais e acumuladas no ano do volume e da receita nominal de serviços - Brasil, Estado do Ceará - Dez./2012 - Dez./2017 (Em %)

Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Serviços. Elaboração do autor.(1) Base: Mesmo mês do ano anterior.(2) Base: Mesmo período do ano anterior.

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Gráco 5 – Variações mensais do volume de serviços – Brasil, Estado do Ceará – Jan./2015 – Dez./2017 (Em %)

Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Serviços. Elaboração do autor.Base: Mesmo mês do ano anterior.

O mesmo acontece com a receita (nominal) de serviços. No Brasil, desde maio, são registradas variações positivas em receita, enquanto no Ceará elas ainda estão no campo negativo desde abril de 2017. Além disso, na variação mensal, a receita e o volume de serviços no Estado mostram queda expressiva no mês de dezembro do mesmo ano (Grácos 5 e 6 e Tabela 2). E, tomando-se o acumulado de 2017, o volume de serviços no Estado do Ceará apontou uma queda signicativa (-7,0%), o terceiro ano seguido de queda, concomitante a uma pía redução da receita (nominal) de serviços (-0,8%), a primeira nos últimos seis anos, após registrar crescimentos anuais cada vez menores, até 2016.

Receita

nominalVolume

Receita

nominalVolume

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nominalVolume

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nominalVolume

Dez/12 8,70 3,40 14,70 7,80 10,00 4,30 15,20 7,70

Dez/13 8,30 3,50 7,60 0,30 8,50 4,10 13,00 6,50

Dez/14 4,00 0,50 11,70 5,80 6,00 2,50 8,00 3,20

Dez/15 0,30 -5,00 1,00 -6,60 1,30 -3,60 3,50 -3,80

Dez/16 -1,50 -5,70 3,50 -0,50 -0,10 -5,00 3,40 -2,10

Dez/17 5,00 0,50 -13,20 -16,60 2,50 -2,80 -0,80 -7,00

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Gráco 6 – Variações mensais da receita nominal de serviços – Brasil, Estado do Ceará – Jan./2015 – Dez./2017 (Em %)

Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Serviços. Elaboração do autor.Base: Mesmo mês do ano anterior.

Atendo-se especicamente às atividades turísticas no Estado, na contramão do ocorrido no agregado setorial, houve crescimento em volume e em receita em dezembro de 2017, comparativamente ao mesmo mês do ano anterior. Em termos de volume, este foi 12,0% maior, a terceira melhor evolução do País, e de receita, 28,8%, favorecendo expansões anuais de volume e de receita nominal das atividades turísticas no Ceará de 0,9% e 13%, respectivamente, em 2017.

Enm, os diversos indicadores analisados sobre o comportamento do PIB, produção industrial e atividade varejista, à exceção do setor de serviços, apontam para um processo lento, contínuo e gradual de recuperação da economia do Estado do Ceará, a partir do segundo trimestre de 2017, que, de fato, avançou 1,87% no ano, segundo números divulgados pelo IPECE, quase duas vezes mais que o resultado nacional (1%), o que ressalta o atual poder de recuperação da economia do Estado. Mais especicamente, as pesquisas do IBGE indicam, com base em variações interanuais, que as primeiras sinalizações de melhoria foram percebidas em abril/maio do mesmo ano, o que impactou positivamente os números do PIB cearense já no segundo trimestre de 2017.

Nesse contexto, é por demais plausível concluir que um dos fatores determinantes do início da retomada, lenta e gradual, do mercado de trabalho no Ceará tenha sido a visível melhoria da atividade econômica estadual, a partir do segundo trimestre de 2017, que parece ter se espalhado pelos mais diversos setores econômicos. Para tal, muito contribuíram os investimentos realizados pelo

3governo do Estado, no ano passado, que foram da ordem de R$ 2,5 bilhões , 10,3% a mais do que fora investido em 2016 (R$ 2,2 bilhões), iniciativa de suma importância para fomentar a recuperação da economia cearense, além da própria retomada da atividade econômica do País.

3IPECE – Boletim de Finanças Nº 8, de dezembro de 2017. 41,4% do valor empenhado foi direcionado para a Grande Fortaleza (R$ 1,0 bilhão), segundo o IPECE.

-15,0

-10,0

-5,0

0,0

5,0

10,0

15,0Jan1

5

Mar

Maio Jul

Set

Nov

Jan1

6

Mar

Maio Jul

Set

Nov

Jan1

7

Mar

Maio Jul

Set

Nov

Brasil CearáBrasil Ceará

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De fato, o mercado de trabalho cearense parece responder positivamente à volta do crescimento econômico do Estado, pois, desde junho de 2017, em relação ao mês anterior, há variações positivas do nível de emprego com carteira assinada no Ceará, especialmente de agosto até novembro, quando ocorreu o primeiro saldo acumulado do ano positivo, segundo dados ociais do Ministério do Trabalho, além da diminuição continuada da taxa de desemprego a partir do segundo trimestre do referido ano, como é mostrado a posteriori, raticando a referida conclusão.

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II - EVOLUÇÃO RECENTE DO EMPREGO FORMAL NO CEARÁ

Uma das contribuições signicativas para a recente diminuição do desemprego no Estado do Ceará foi a queda ininterrupta no ritmo com que as demissões de trabalhadores vinham ocorrendo no mercado de trabalho formal cearense, diante dos números de admissões, ou seja, a diminuição do desemprego no Estado, a partir do segundo trimestre de 2017, decorreu também da intensidade cada vez menor com que os empregos com carteira assinada foram extintos no período, como atestam as análises a seguir, que têm como fonte de informação o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho (MTb).

4 Após o registro de saldos de emprego cada vez menores, desde os primeiros meses de 2015, a efetiva eliminação de empregos no Ceará teve início em setembro do mesmo ano, com saldo acumulado de doze meses de 4.203 empregos a menos, atingiu o auge da crise em agosto de 2016, quando o total de empregados desligados ultrapassou o de admitidos em 50.719 empregados, e estes números continuaram negativos até o nal de 2017, embora bem mais modestos, ou seja, desde setembro de 2015, não há registro mensal de geração de emprego no

5acumulado de doze meses na região, o que deixa evidente a grave crise do emprego no Ceará (Tabela 3 e Gráco 7).

Analisando o comportamento mensal dos saldos acumulados em doze meses, de 2015 a 2017, percebe-se que, embora ainda se registre queda do emprego (saldo negativo), o início do processo de recuperação do emprego formal no Ceará data do segundo semestre de 2016 e se intensicou no segundo semestre de 2017, com as demissões proporcionalmente em menor número do que as admissões, mas ainda produzindo saldos negativos de emprego em doze meses.

Atendo-se aos últimos três anos, dezembro de 2017 registrou o menor saldo negativo mensal de doze meses no Ceará (2.139 empregos a menos), fruto de 381,2 mil admissões e 383,3 mil desligamentos, retratando um quadro de relativa estabilidade do emprego formal no Estado, posto que o número de admissões foi apenas 0,6% inferior ao número de desligamentos. Em 2015, as admissões foram 6,5% menores do que os desligamentos e, em 2016, também menores em 8,6%.

4 O saldo de emprego é calculado a partir da diferença existente entre os números de trabalhadores admitidos e desligados. Se positivo, o número de admissões supera o de desligamentos, ocasionando expansão do emprego. Caso contrário, há diminuição na oferta de emprego. 5 Optou-se por trabalhar com saldos de emprego acumulados de 12 meses para se evitarem variações sazonais de curto prazo.

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Tabela 3 - Saldos mensais de emprego formal, acumulados em 12 meses, segundo os setores de atividade selecionados – Estado do Ceará – Jan./2015 – Dez./2017

Fonte: : Ministério do Trabalho – CAGED. Elaboração do autor.

Esta evolução retrata que o número de desligamentos, frente às admissões, é cada vez menor, favorecendo saldos ainda negativos, mas cada vez menores, apontando que o movimento de desligamentos de trabalhadores vem perdendo força e que o processo de recuperação do emprego já foi iniciado, embora ainda não em ritmo suciente para o surgimento de novos empregos no Ceará, ou seja, para a geração de saldos positivos de emprego, indícios de que esta recuperação se manifesta lenta e gradualmente, como se apreende da análise do Gráco 7.

Estado do CearáIndústria de

TransformaçãoConstrução Civil Comércio Serviços

Jan 44.009 203 6.648 10.940 23.350

Fev 33.785 -1.035 3.886 10.056 18.547

Mar 35.292 -1.847 3.170 11.693 19.524

Abr 27.448 -4.226 2.200 11.137 15.999

Maio 21.709 -6.017 1.473 10.329 13.890

Jun 23.990 -5.970 3.210 10.669 14.426

Jul 18.019 -7.755 2.555 9.686 12.256

Ago 8.201 -9.481 -443 7.587 8.999

Set -4.203 -12.081 -4.553 4.924 5.416

Out -15.560 -14.038 -8.251 1.707 2.886

Nov -28.145 -16.781 -11.403 -1.479 -314

Dez -33.826 -17.513 -12.164 -3.114 -3.027

Jan -35.955 -19.320 -12.687 -3.089 -2.111

Fev -38.790 -20.248 -11.848 -3.901 -2.768

Mar -44.819 -21.721 -12.735 -5.313 -4.317

Abr -43.481 -21.052 -12.921 -6.850 -1.597

Maio -45.789 -18.620 -14.321 -7.094 -4.567

Jun -48.922 -17.987 -17.265 -7.797 -4.157

Jul -49.882 -17.478 -19.622 -7.575 -3.412

Ago -50.719 -16.493 -19.685 -7.880 -3.315

Set -47.875 -15.284 -19.155 -7.382 -1.734

Out -45.605 -12.799 -18.270 -6.882 -2.618

Nov -41.852 -10.825 -16.594 -6.881 -1.787

Dez -37.499 -9.688 -14.850 -6.944 -1.141

Jan -36.603 -8.796 -14.474 -5.837 -3.018

Fev -32.081 -6.703 -14.575 -5.166 -1.601

Mar -31.883 -5.574 -14.473 -5.699 -2.582

Abr -29.890 -5.044 -14.063 -4.468 -3.276

Maio -29.465 -6.515 -13.173 -4.926 -2.448

Jun -27.481 -6.681 -11.339 -3.626 -3.392

Jul -20.045 -5.912 -9.876 -2.672 520

Ago -15.732 -4.757 -8.234 -1.882 728

Set -13.792 -4.138 -6.887 -1.286 -367

Out -8.442 -3.515 -4.734 -233 738

Nov -4.587 -3.300 -3.895 315 2.004

Dez -2.139 -3.798 -2.070 524 2.809

2015

2016

2017

Ano/Mês

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Gráco 7 – Saldos mensais de emprego formal acumulados em 12 meses – Estado do Ceará, RMF – Jan./2015 – Dez./2017

Fonte: Ministério do Trabalho – CAGED. Elaboração do autor.

Ilustrando numericamente, no Estado do Ceará, o saldo de emprego, nos doze meses encerrados em dezembro de 2017, foi de menos 2.139 empregos, o equivalente a apenas 4,2% do total de empregos eliminados no auge da crise, em agosto de 2016 (-50,7 mil vagas), e o emprego formal na região metropolitana de Fortaleza, que delineia uma trajetória semelhante à estadual, sentiu um pouco menos os efeitos da crise desde outubro de 2015, quando o seu saldo negativo (-15.521 empregos) cou ligeiramente abaixo do número estadual (-15.560). Porém, estes valores vêm convergindo no tempo, pois, em 2017, o mercado de trabalho formal da região metropolitana de Fortaleza extinguiu 2.283 empregos, bem próximo do valor estadual.

Da perspectiva dos principais setores econômicos, indústria de transformação, com fechamento de 3.798 vagas, e construção civil (2.070 empregos a menos) foram os maiores responsáveis pela eliminação de empregos no Ceará em 2017, totalizando 5,8 mil empregos a menos no ano, posto que serviços e comércio ampliaram seus estoque de empregos formais, com 2.809 e 524 empregos adicionais, respectivamente.

Retrocedendo um pouco no tempo, desde 2015, a indústria de transformação, principalmente, e a construção civil desempregam no mercado de trabalho cearense, apresentando saldos negativos de emprego desde então. O mesmo passou a ocorrer no comércio e serviços somente em novembro do mesmo ano, o que reduziu o estoque de emprego com carteira assinada no Ceará.

O saldo negativo da indústria de transformação, em 2017, resultou, preponderantemente, da eliminação de empregos na indústria de produtos minerais não metálicos (-1.420 empregos), de produtos alimentícios, bebidas e álcool (-1.504), da madeira e do mobiliário (-459) e da borracha, fumo, couros, peles e similares (-433).

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Dando continuidade à análise dos dados por setor de atividade, que retrata o mesmo comportamento global do emprego no Estado, esta trajetória de recuperação do emprego formal no Ceará, ao longo do segundo semestre de 2017, foi se acentuando em todos os quatro principais setores da economia. Embora ainda com destruição líquida de empregos, no acumulado de 12 meses, a indústria de transformação, que apresenta saldos negativos desde fevereiro de 2015 (-1.035 empregos), atingindo valor máximo em março de 2016 (-21.721), é o setor que apresenta a recuperação mais rápida do nível de emprego com registro em carteira. Foram eliminados mais empregos na indústria de transformação que na construção civil até junho de 2016, sendo ultrapassada por ela de julho em diante. Além do mais, o nível de emprego vem se recuperando mais lentamente na construção civil, em comparação com a trajetória do emprego na indústria de transformação, embora haja convergência de valores nos últimos meses de 2017 (Gráco 8).

Gráco 8 – Saldos mensais de emprego formal acumulados em 12 meses, segundo os setores de atividade selecionados – Estado do Ceará – Jan./2015 – Dez./2017

Fonte: Ministério do Trabalho – CAGED. Elaboração do autor.

Quanto à avaliação do terciário, o emprego no comércio sentiu um pouco mais os efeitos da crise que os serviços, mas também se apresenta em recuperação mais recentemente, com saldos acumulados de 12 meses cada vez menores e com o registro do segundo saldo positivo consecutivo em dezembro de 2017 (524 empregos a mais).

Quedas de menor intensidade também foram constatadas no emprego dos serviços, além do que ele já apresentara três meses seguidos de ampliação do número de empregos: outubro (738 empregos adicionais), novembro (2.004 novos empregos) e dezembro de 2017 (mais 2.809 empregos). Daí porque ele foi o setor que apresentou a evolução mais satisfatória, em que o nível de emprego foi relativamente menos afetado pela citada crise econômica, notadamente após os impactos iniciais de 2015. Nesse ínterim, o número máximo de empregos extintos nos serviços data de maio de 2016, quando o saldo acumulado contabilizou 4.567 empregos extintos, conforme consta na Tabela 3 apresentada anteriormente.

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Em síntese, da análise do comportamento do emprego formal no Estado do Ceará, segundo os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, pode-se extrair que a robusta recessão econômica que o País experimentou, nos anos de 2015 e 2016, impactou muito negativamente no nível de emprego cearense desde o seu início. Nos primeiros meses daquele ano, a economia cearense ainda gerava empregos, mas em quantidades cada vez menores. O emprego na indústria de transformação foi, de longe, o mais atingido, seguido pelo emprego na construção civil e, na sequência, no comércio e nos serviços.

Por outro lado, números da mesma fonte ilustraram que a recuperação do emprego no Estado está em andamento, de forma lenta e gradual, especialmente na segunda metade de 2017, acompanhando o ritmo de retomada da economia, dados a perda de ritmo das demissões, o que viabilizou a ocorrência de saldos negativos cada vez menores, nos diversos setores econômicos, e os primeiros registros de geração (líquida) de emprego no terciário, no acumulado de 12 meses. Indústria de transformação e construção civil, apesar de ainda estarem demitindo mais do que contratando, isto é, ainda gerando saldos negativos de emprego em 2017, estes são muito menores do que os registrados em 2015 (-17.513 e -12.164 empregos) e em 2016 (-9.688 e -14.850 empregos), respectivamente.

Estes movimentos mais recentes do emprego formal demonstram que este início de retomada do mercado de trabalho formal no Estado do Ceará parece perpassar os principais setores de atividade e tem, inegavelmente, contribuído para atenuar, mesmo que discretamente, a magnitude do desemprego cearense, movimentos estes que favoreceram a migração de resultados negativos para uma dimensão mais positiva, conforme enfatizado, o que aponta para um cenário mais otimista para o emprego no Ceará em 2018, independente do setor de atividade, com perspectivas mais consistentes de geração de empregos formais, mais perceptível no segundo semestre, e de desemprego em queda gradual, ao longo do ano.

Esta assertiva encontra respaldo, em boa medida, nas projeções de uma retomada mais substanciosa do crescimento econômico estadual no corrente ano – de aproximadamente 3%, segundo o IPECE - seguindo o comportamento da economia nacional, que deverá contabilizar um avanço muito similar, na medida em que as projeções de crescimento para 2018 estão cada vez mais próximas de 3%, alicerçadas em níveis de inação historicamente baixos (2,95% em 2017, medida pelo IPCA, e, atualmente, previsão de 3,6% para 2018, segundo a Pesquisa Focus do Banco Central); a taxa Selic em 6,5% a.a, após a 12ª redução consecutiva, situando-se no mais baixo patamar da taxa básica de juros da economia desde sua criação em 1996, com possibilidade de mais uma redução na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, a depender do comportamento da inação e do ritmo de atividade econômica; melhora na oferta de crédito; rendimento médio real do trabalho em recuperação; nível de conança

6dos agentes econômicos registrando sensível melhora ; retorno moderado e

6 Exemplicando, o Índice de Conança do Empresário Industrial do Ceará, elaborado pelo Núcleo de Economia e Estratégia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, marcou 57,4 pontos em fevereiro deste ano, terceiro mês seguido com pontuação próxima aos 60 pontos e acima do índice de fevereiro de 2017 (53,2 pontos), o que indica que os industriais cearenses estão mais conantes. O índice nacional apresentou comportamento similar, crescendo de 53,1 para 58,8 pontos, no mesmo interstício.

7 Segundo o Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Físico, o nível de investimento na economia brasileira registrou um avanço considerável no nal de 2017, com crescimento de 4,2%, na passagem de novembro para dezembro. Em termos trimestrais, o avanço foi de 1,7% no quarto trimestre, diante do terceiro trimestre do mesmo ano, apesar da queda anual de 2%.8 Conforme a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Índice de Intenção de Consumo das Famílias brasileiras, de fevereiro de 2018, marcou 87,1 pontos, uma alta de 4,2%, ante janeiro, e com avanço de 13%, na comparação com fevereiro de 2017, apesar de ainda estar abaixo da linha de indiferença (100 pontos).

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7cauteloso dos investimentos, que já registraram avanços no nal de 2017 ; e incrementos no consumo das famílias, com maior ânimo dos consumidores a

8comprar ; dentre outros.

Este cenário macroeconômico inuencia e fortalece as melhores perspectivas econômicas para 2018, apesar do grau de incerteza existente, notadamente quanto à aprovação de algumas reformas e por se tratar de um ano de eleição, concomitante a sérios problemas de representação dos presidenciáveis e um cenário muito incerto e imprevisível para o desfecho das eleições presidenciais desse ano, até então. Diante dessa perspectiva econômica mais otimista, com expectativa de melhoria dos negócios, é bem razoável supor que o País e o Estado do Ceará deverão gerar mais empregos em 2018.

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Figura 1 - Saldo de emprego formal, por município – Estado do Ceará – 2016

Fonte: : Ministério do Trabalho – CAGED. Elaboração do autor.

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Figura 2 - Saldo de emprego formal, por município – Estado do Ceará – 2017

Fonte: : Ministério do Trabalho – CAGED. Elaboração do autor.

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III – DECOMPONDO AS VARIAÇÕES DA TAXA DE DESEMPREGO

A trajetória de elevação do nível de desemprego no Estado do Ceará tem se mostrado em linha com o ocorrido no País e, particularmente, na região Nordeste, crescendo por dois anos seguidos (2015 e 2016) e alcançando recorde histórico no primeiro trimestre de 2017, com perdas de parte dos avanços conquistados nos últimos anos, tais quais os ganhos reais do salário mínimo, a ampliação da formalização dos vínculos empregatícios, o menor patamar de desemprego em 2014, dentre outros. Além da reversão de tendência, este comportamento voltou a se repetir em 2016 com um incremento mais substancial do desemprego local, quando alcançou a média anual recorde de 12%, ano em que a crise nanceira internacional atingiu mais fortemente o País.

Após declinar para 7,4%, na média de 2014, a taxa de desemprego no Ceará avançou 1,4 p.p, em 2015, evoluindo para 8,8%, o que signicou um incremento de 19,8% no número de desempregados, alcançando um total de 333 mil indivíduos. No ano seguinte, com uma taxa média anual bem mais elevada (12,0%), o indicador de desemprego cresceu 3,2 p.p, frente a 2015, e o contingente de desempregados, 38,4%, totalizando 461 mil desempregados no Ceará, na média de 2016. Diante de 2014, a taxa cresceu expressivos 4,6 p.p e o número total de desempregados, 65,8%, o equivalente a adição de 183 mil pessoas na condição de desempregados, em apenas dois anos (Tabela 4).

Tabela 4 - Taxa média anual de desocupação, por sexo – Estado do Ceará - 2012 - 2017 (Em %)

Fonte: : IBGE/PNADC trimestral.

Neste cenário, entre 2014 e 2016, a taxa de desemprego masculina cresceu 4,1 p.p, de 6,7% para 10,8%, e o contingente de homens desempregados ampliou-se em 65,8%, ou seja, 96 mil homens foram incorporados ao desemprego. No caso das mulheres, a taxa foi acrescida de 5,1 p.p, passando de 8,3% para 13,4%, e o total de mulheres desempregadas aumentou 65,9%, adicionando 87 mil mulheres a esta condição laboral. Desta forma, esta recente crise de desocupação no Estado não poupou nem os homens (242 mil desempregados, ou 52,5%) e nem as mulheres (219 mil, ou 47,5%), em 2016.

Ano Total Homens Mulheres

2012 7,70 6,70 9,20

2013 7,80 7,00 9,00

2014 7,40 6,70 8,30

2015 8,80 8,20 9,70

2016 12,00 10,80 13,40

2017 12,60 11,80 13,70

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Em 2017, a média anual da taxa de desocupação cearense cou em 12,6%, ligeiramente acima da média de 2016 (12%), crescendo uma vez mais entre os homens (11,8%) e mostrando relativa estabilidade entre as mulheres (13,7%), com o registro das mais elevadas taxas desde 2012. Com base em números do IBGE, estima-se que, na média de 2017, o Estado do Ceará possuía um contingente de 500 mil desocupados, sendo 267 mil homens e 233 mil, mulheres. Para ns de comparação, em termos médios de 2014, eram 146 mil homens e 132 mil mulheres desempregados no Estado, portanto, entre 2014 e 2017, o contingente de homens desocupados foi acrescido de 121 mil indivíduos e o de mulheres, mais 101 mil.

De fato, apesar das seguidas quedas nas taxas de desocupação ao longo de 2017, em termos de patamar de desemprego, este foi o pior ano para os mercados de trabalho do País e, em particular, do Estado do Ceará, desde 2012, pois as médias anuais das taxas de desocupação nas duas regiões foram as mais expressivas desde então. A média anual nacional foi estimada em 12,7% e a cearense, 12,6%, em 2017, acima das médias de 2016 (11,5% e 12%, respectivamente) e bem mais elevadas que as registradas no início da série, em 2012 (7,4% e 7,7%, respectivamente) (Gráco 9), o que repercutiu os níveis signicativos de desocupação dos seis primeiros meses do ano passado, com taxas trimestrais que oscilaram entre 13% e 14,3%.

Gráco 9 – Taxas médias anuais de desocupação – Brasil, Estado do Ceará – 2012 – 2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

Vale destacar ainda o forte crescimento em 2016, que se prolongou até os primeiros meses do ano seguinte, quando a taxa se mostrou duas vezes mais elevada, em apenas dois anos, o que sugere uma rápida elevação da desocupação, o que expôs a força de trabalho local a um nível bem mais expressivo de ociosidade. Desde o nal de 2014, a taxa de desemprego e o total de desempregados duplicaram no País e no Ceará. Atualmente, isto é, no quarto trimestre de 2017, 11,1% da população economicamente ativa cearense estava desempregada, totalizando 451 mil pessoas nessa condição. No último trimestre de 2014, havia 246 mil desempregados no Estado, com uma taxa de apenas 6,6%, o

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que deixa transparecer a escalada do desemprego no território cearense, tal qual o ocorrido no mercado de trabalho nacional, realidade raticada pelas médias anuais mais altas de 2017 (Gráco 10).

Gráco 10 – Taxas trimestrais de desemprego – Brasil, Região Nordeste, Estado do Ceará – 1º Trim./2012 – 4º Trim./2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

Ainda assim, a evolução trimestral da desocupação, em 2017, não deixa de ser um resultado favorável e muito oportuno, precipuamente após a máxima do primeiro trimestre de 2017, indicando alguma recuperação do mercado de trabalho. A ilustração contida no Gráco 10 demonstra, muito claramente, o comportamento de queda da desocupação em 2017, com taxas cada vez menores, trimestre a trimestre, independente do espaço geográco analisado. Brasil e Ceará com taxas ligeiramente acima de 11% e a região Nordeste com uma taxa bem mais elevada (13,8%), evidenciando a problemática da falta de emprego na região.

Após alcançar recorde histórico no primeiro trimestre de 2017, quando cerca de 14,3% da população economicamente ativa (PEA) cearense de 14 anos ou mais de idade estava buscando uma ocupação (561 mil pessoas), o desemprego começa a recuar no Ceará, declinando por três trimestres seguidos, com taxas de 13,2%, 11,8% e 11,1% da PEA, no segundo, terceiro e quarto trimestres. Estas duas últimas, inclusive, menores que as taxas dos mesmos trimestres de 2016 (13,1% e 12,4%), sinalizando que o nível de desocupação da força de trabalho estadual, no segundo semestre de 2017, estava ligeiramente abaixo do observado no mesmo período de 2016.

Estes números atestam que, mesmo com as reduções observadas no ano passado, interrompendo uma trajetória de alta iniciada em 2015, atualmente, o nível de desemprego cearense é ainda expressivo, registrando taxas de dois dígitos desde o primeiro trimestre de 2016, e não fazendo distinção de sexo, idade ou escolaridade, posto que seu crescimento foi muito disseminado, além do que, usualmente, situa-se acima da média nacional, embora se apresente inferior ao nível de desemprego vigente na região Nordeste. Esta realidade demonstra que a

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dinâmica recente do desemprego no Estado é ainda mais preocupante que o quadro nacional, em face da maior exposição da força de trabalho estadual às situações de desocupação, mesmo em momentos de expansão do emprego, como foram os anos de 2013 e 2014.

Para que se tenha uma melhor compreensão do comportamento do desemprego no Estado do Ceará, nos últimos anos, mais precisamente sobre as motivações das reduções ocorridas no terceiro e quarto trimestres de 2017, é oportuno que as considerações feitas anteriormente sobre o referido indicador sejam complementadas pela avaliação da desagregação dos fatores determinantes da variação da taxa de desocupação, assim como das utuações desses determinantes ao longo do tempo, utilizando-se, para tal, de uma série histórica trimestral de 2013 a 2017.

9 Segundo metodologia desenvolvida pelo Banco Central , são considerados três determinantes da variação da taxa de desemprego: efeitos associados à população ocupada, à população em idade ativa e à taxa de atividade. Esses efeitos foram mensurados a partir das denições conceituais de população em idade ativa (pessoas de 14 anos ou mais de idade), população ocupada, que retrata o comportamento global do nível de ocupação; taxa de desemprego, dada pela relação entre o número de desempregados e a população economicamente ativa (pessoas de 14 anos ou mais de idade ocupadas e/ou em busca efetiva por trabalho); e taxa de participação (proporção de pessoas de 14 anos ou mais de idade que trabalham e/ou buscam trabalho na população de 14 anos ou mais, ou a relação PEA/PIA).

Nesse particular,

[...] a variação da taxa de desocupação é aproximadamente a soma do resultado de três efeitos: a) o efeito relacionado à população ocupada (efeito PO), ou o comportamento do nível de emprego, tendo este evoluído de acordo com a política econômica praticada pelo Governo Federal, e que por natureza é inverso ao comportamento da desocupação, uma vez que aumentos da ocupação levam à redução do número de desocupados e da taxa de desocupação; b) o efeito devido à população em idade ativa (efeito PIA), que responde às variações demográcas tendo em vista a transição demográca em curso, e que é direto, pois sua elevação (queda) gera acréscimos (decréscimos) na taxa de desocupação, e; c) o efeito da taxa de participação, ou taxa de atividade (efeito TP), relacionado à pressão exercida pela oferta de trabalho, que varia segundo a opção dos trabalhadores quanto à inserção no mercado de trabalho ou pela inatividade. A exemplo do anterior, também age de maneira direta sobre a taxa de desocupação, elevando-a quando aumenta e reduzindo-a quando cai. (MEDEIROS JUNIOR, 2016, p.5).

9 Ver (BANCO..., 2014).

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O Gráco 11 apresenta, na linha contínua, a variação anual da taxa de desemprego, em pontos percentuais de trimestre para trimestre, assim como a sua decomposição segundo os efeitos das variações anuais do nível de ocupação, da população em idade ativa e da taxa de participação, dispostos nas barras verticais. Efeitos situados abaixo do eixo das abscissas contribuem para reduzir a taxa de desemprego, enquanto o oposto ocorre com aqueles posicionados acima do mesmo eixo, cujas contribuições elevam a referida taxa. De sua análise pormenorizada seguem as conclusões a seguir, que objetivam destacar alguns fatores principais que induziram, pelo menos em boa medida, à queda do desemprego no Estado do Ceará, no segundo semestre de 2017, informações de suma importância para a elaboração de políticas públicas do trabalho e adoção de estratégias que minorem os impactos sociais do desemprego.

Inicialmente, constata-se que, no intervalo de tempo transcorrido entre os terceiros trimestres de 2013 e de 2014, a crescente oferta de vagas no mercado de trabalho possibilitou que os efeitos associados ao nível de ocupação (Efeito PO) contribuíssem efetivamente para diminuir o desemprego no Estado, mais do que compensando as contribuições do crescimento da população em idade ativa (Efeito PIA) e da taxa de participação, particularmente no trimestre ndo em março de 2014, quando a crescente oferta de emprego pressionou com mais intensidade a taxa de desemprego para baixo (-4,8 p.p.).

1Gráco 11 - Decomposição da taxa trimestral de desemprego – Estado do Ceará – 1º

Trim./2013 – 4º Trim./2017 (Em pontos percentuais)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.(1) Comparação trimestre/mesmo trimestre do ano anterior.

Esta contribuição do maior número de oportunidades de trabalho não se fez presente na maioria dos trimestres seguintes, muito pelo contrário, em que se destaca o ocorrido em 2015 e em três trimestres de 2016, quando a redução dessas oportunidades favoreceu a elevação substancial da desocupação. O Efeito PO volta a se manifestar favoravelmente à redução do desemprego estadual em 2017, mais enfaticamente no terceiro e quarto trimestres, destacando-se a vigorosa contribuição deste último (-5,6 p.p.), período em que se fazem presentes fatores sazonais mais favoráveis à ampliação das oportunidades de trabalho.

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Consequentemente, a melhoria recente na evolução da taxa de desemprego cearense, apontando que o desemprego começou a declinar no Estado, deve-se, quase que integralmente, à expansão da ocupação, que contribuiu com -2,5 p.p. na redução do desemprego, no 3º trimestre, e com -5,6 p.p, no 4º trimestre de 2017, a contribuição mais robusta da séria histórica, superando inclusive as relevantes contribuições do início de 2014, ano de forte incremento do emprego. Foi exatamente nesse mesmo período que a economia cearense cresceu a taxas mais expressivas no ano passado: 3,03%, no terceiro trimestre, e 3,24%, no quarto trimestre de 2017, no paralelo com igual trimestre de 2016, conforme já explicitado.

O problema reside no fato de que a expansão recente da ocupação foi muito localizada em atividades informais, na medida em que a retomada da economia vem ocorrendo lentamente e o nível de investimento em atividades produtivas ainda está muito baixo, o que inviabilizou um maior dinamismo do mercado de trabalho mais formalizado, dado o elevado nível de incerteza e insegurança dos agentes econômicos, conforme citado anteriormente.

Os números apresentados a seguir raticam a assertiva do parágrafo anterior. Em 2017, tendo como base de comparação o ano anterior, o número de empregados no setor privado com carteira assinada, exclusive trabalhador doméstico, acusou estabilidade (-0,7%), enquanto aumentou o dos sem carteira (2,3%), recuou em 20,6% o contingente de trabalhadores domésticos com carteira assinada e aumentou o trabalho doméstico sem carteira (6,8%). Idêntico movimento foi observado no setor público, exclusive militar e funcionário público estatutário, onde o emprego com carteira diminui (-5,4%) e cresceu o sem carteira (6,6%). Além do mais, o trabalho por conta-própria encolheu 3% e aumentou substancialmente a categoria trabalhador familiar auxiliar, que avançou substanciais 47,1%.

Portanto, houve ampliação das categorias de trabalhadores em atividades informais, em detrimento dos com registro em carteira, o que elevou o nível global de ocupação no Estado, em 2017, pressionando paulatinamente para baixo os indicadores de desocupação, mas com evidente perda de qualidade do emprego, pois o trabalhador ca à margem dos benefícios e da proteção das leis trabalhistas, além de perceber uma remuneração inferior à dos vínculos mais formalizados. À propósito, no trimestre encerrado em dezembro de 2017, por exemplo, e atendo-se à realidade cearense, o rendimento médio real habitual dos empregados no setor privado com registro em carteira, exclusive os trabalhadores domésticos, fora estimado em R$ 1.561, enquanto os sem carteira percebiam apenas R$ 810 e os conta-própria, R$ 871, segundo a PNADC trimestral do IBGE.

O Gráco 12 não deixa dúvidas de que, em bases anuais, o número de ocupados cresceu mais rapidamente do que o de economicamente ativos, amenizando a problemática do desemprego local. Este fato se torna ainda mais relevante por ter ocorrido em um momento de taxas de participação em alta, expressão da maior oferta de mão de obra, nos dois últimos trimestres de 2017. Precisamente no trimestre encerrado em dezembro do ano passado, a taxa pontuou 56,2% da população em idade ativa, a mais elevada da série histórica.

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1Gráco 12 - Taxa de participação e variação interanual do número de pessoas

economicamente ativas e ocupadas – Estado do Ceará - 1º Trim./2013 – 4º Trim./2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.(1) Comparação trimestre/mesmo trimestre do ano anterior.

Por outro lado, observa-se que o efeito demográco – expresso pela variação anual da população em idade ativa - tem contribuído insistentemente para incrementar a taxa de desemprego em quase todo o período analisado, papel que é reforçado em 2016 e 2017, com impactos em torno de 1,5 p.p. na variação anual do desemprego estadual. Observar que esta componente sempre se situa acima do eixo das abscissas, região onde estão localizados os efeitos que alimentam o desemprego.

No Ceará, estimativas das médias anuais de pessoas em idade ativa (14 anos ou mais) evidenciaram um crescimento de 1,4% a.a, entre 2012 e 2017, e, embora tenha decrescido a fração juvenil (14 a 24 anos) da população em idade ativa e da força de trabalho, no mesmo intervalo de tempo, estes jovens compunham 23,7% da PIA e 18,9% da PEA, em 2017, contabilizando 747 mil cearenses, de 14 a 24 anos, economicamente ativos, dos quais cerca de 212 mil desempregados, com representação de 42,4% no total de desempregados, o que reforça a inuência de fatores demográcos na evolução do desemprego.

Fazendo alusão à inuência da taxa de participação, conforme ilustrado no Gráco 11, ela volta a alimentar substancialmente a taxa de desemprego desde o segundo trimestre de 2016 até o primeiro trimestre de 2017, elevando a pressão sobre o mercado de trabalho, após ter contribuído para amenizá-la nos primeiros seis meses de 2015. Fato é que, em decorrência das reduções do nível de ocupação e do rendimento médio real do trabalho, até então, a oferta efetiva de mão de obra volta a crescer, externando a necessidade premente da população de trabalhar, seja pela inexistência de renda ou objetivando complementar a renda familiar, em 2016. Este comportamento também é percebido no terceiro e, mais enfaticamente, no quarto trimestres de 2017, que relatam taxas de participação em expansão (Gráco 12).

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Segundo o Banco Central do Brasil, a trajetória delineada pela taxa de participação/atividade apresenta sentido inverso à evolução das condições macroeconômicas de um país (BANCO..., 2012).

De fato, similar à PIA, a população economicamente ativa estadual avançou 1,6% a.a, entre 2012 e 2017, além da ocorrência da mais elevada taxa de participação na força de trabalho cearense (56,2%), desde o primeiro trimestre de 2012, registrada no quarto trimestre de 2017, quando foi aferida a maior contribuição positiva do Efeito Taxa de Participação (2,9 p.p) à variação anual da taxa de desemprego local.

10 Utilizando-se de metodologia apresentada pelo Banco Central , a população economicamente ativa é decomposta em três componentes (população total (POP), razão de suporte (RS) e taxa de atividade (TA), possibilitando- se aferir os determinantes das oscilações desta. A razão de suporte é mensurada pela relação entre a população em idade ativa (14 anos ou mais) e a população total, enquanto a taxa de atividade, ou participação, é dada pelo quociente entre a população economicamente ativa e a população em idade ativa.

Nos últimos dois anos, ressalte-se que a PEA do Estado vem se expandindo de forma continuada, após encolher em 2015 (-0,6%), com aumento de 2,6%, em 2016, e 2,8%, em 2017. Nesses dois últimos anos, esta trajetória foi sustentada por incrementos nos três componentes, sendo as mais relevantes as contribuições da taxa de atividade (1,1 p.p.) e da razão de suporte (0,8 e 1,0 p.p, respectivamente). Concretamente, houve substancial contribuição da taxa de atividade para a ampliação de PEA, em 2016 e 2017, manifestando o desejo dos indivíduos de ofertar sua capacidade de trabalho e/ou a necessidade de obter uma ocupação, devido à falta de renda ou de renda insuciente (Gráco 13).

10 Ver (BANCO..., 2012).

Gráco 13 - Decomposição da variação anual da PEA – Estado do Ceará – 2013 – 2017 (Em pontos percentuais)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

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Assim, paralelamente a 2016, a PEA estadual cresceu 2,8%, em 2017, sendo de 1,1 p.p. a contribuição da taxa de participação e de 1,0 p.p., a da razão de suporte. Por conseguinte, 39,7% da variação média anual da população economicamente ativa pode ser explicada pelo incremento na taxa de atividade, explicitando os efeitos da maior oferta de mão de obra sobre a taxa de desemprego.

Retomando a decomposição da variação da desocupação, constatou-se ainda que 2016 foi o único ano da série estudada onde os três efeitos determinantes da evolução da taxa de desemprego inuenciaram positivamente o crescimento desse indicador, o que justica a forte elevação da taxa nesse ano e sua duplicação frente a 2014. Por isso mesmo, os maiores desvios da taxa de desemprego em relação ao eixo das abscissas ocorreram no segundo semestre de 2016, na medida em que todos os três efeitos pressionaram positivamente a taxa de desemprego. Em 2015, prevaleceu o impacto da eliminação de empregos, ao qual se associaram os efeitos da taxa de participação.

Se quer explicitar que o robusto crescimento da desocupação em 2016, no Ceará, foi fomentado por todos os três efeitos que buscam elucidar as variações desse indicador, ou seja, o desemprego local cresceu forte nesse ano em virtude de uma população em idade de trabalhar cada vez mais numerosa (efeito demográco), da maior oferta efetiva de mão de obra (crescente taxa de participação), tudo associado a um menor nível de ocupação (subtração de oportunidades de trabalho).

Importante esclarecer que os dois primeiros efeitos impactaram bem mais no crescimento da taxa de desemprego em 2016, sendo inuências determinantes desse crescimento, dado que a contribuição da queda da ocupação foi residual. Mesmo assim, é preocupante a ausência do efeito da ocupação ou do nível de emprego como atenuador do crescimento do desemprego local, nos anos 2015 e 2016.

Por outro lado, em 2017, mais exatamente em três dos quatro trimestres desse ano, o início do movimento de recuperação do emprego no Estado volta a produzir quedas nas taxas de desocupação, especialmente no último trimestre. Se por um lado, a contínua queda da taxa de desemprego no Ceará sofre inuência direta da expansão do nível de ocupação e/ou diminuição do ritmo de desligamentos dos empregos formais, por outro, ganha evidência o fato de que um recuo mais expressivo da desocupação é prejudicado por maiores taxas de crescimento da população economicamente ativa. Isto pode levar a taxas de atividade mais expressivas e pressionar os indicadores de desemprego, realidade que pode estar associada à retomada da procura por trabalho diante dos indícios de recuperação da atividade econômica e do mercado de trabalho.

Por conseguinte, os efeitos associados à recente ampliação das oportunidades de trabalho, mesmo que na informalidade, contribuíram efetivamente para atenuar a grave realidade do desemprego no Estado do Ceará, mais do que compensando as contribuições do crescimento da população em idade ativa e da taxa de participação, particularmente no último trimestre de 2017,

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quando a crescente oferta de emprego pressionou com mais intensidade a taxa de desemprego para baixo, registrando a maior contribuição de toda a série histórica (-5,6 p.p.).

Além do mais, o número de ocupações criadas foi maior do que o de pessoas que se incorporaram à população economicamente ativa, uma constatação relevante por ter ocorrido em um contexto de crescente pressão sobre o mercado de trabalho, com a taxa de atividade em elevação, em um ambiente de moderado crescimento da economia cearense, movimento que ganhou mais força no nal de 2017.

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IV – SEGMENTOS CONTEMPLADOS COM O DECLÍNIO DO DESEMPREGO

O ano de 2017 foi o ano da reversão da tendência de alta sistemática do desemprego no País, assim como no Estado do Ceará, como apontam as estatísticas ociais sobre o tema. No primeiro trimestre do ano, a taxa de desemprego no Ceará atingiu recorde histórico (14,3%), declinando nos trimestres seguintes, até alcançar a menor marca do ano (11,1%), no 4º trimestre do ano em apreço. Mas quais foram os segmentos populacionais beneciados com estes primeiros sinais de melhoria do mercado de trabalho cearense? É o que se propõe investigar a seguir.

No recorte por sexo, após contínuos incrementos trimestrais, com máxima no 1º trimestre de 2017, quando as taxas de desemprego dos homens (12,6%) e mulheres (16,5%) bateram recordes históricos, elas começaram a declinar gradualmente. Entre os homens, a desocupação registrou forte queda no quarto trimestre, atingindo 10,4% da população economicamente ativa (PEA) masculina, a menor taxa em sete trimestres seguidos. Entre elas, mesmo com reduções até o 3º trimestre, a desocupação feminina apresentou relativa estabilidade no nal do ano, ao passar de 11,7% para 12%, nos dois últimos trimestres de 2017. De qualquer modo, ambos chegaram ao nal do ano com taxas de desemprego inferiores às do início do mesmo ano (Gráco 14).

Algumas considerações merecem destaque diante dessas constatações, ilustrando certa fragilidade desses resultados e a necessidade de cautela quando das conclusões baseadas nesses números, mesmo porque se tratam dos primeiros

Gráco 14 – Taxa de desocupação, por sexo – Estado do Ceará – 1º Trim./2012 – 4º Trim./2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

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sinais de recuperação do mercado de trabalho estadual, em um contexto de moderado crescimento econômico, após dois anos de forte retração da atividade econômica.

O primeiro aspecto destaca que, nos anos de 2016 e 2017, todas as taxas trimestrais de desocupação no Estado do Ceará foram maiores do que a média histórica estadual (9,4%), o que redundou em médias anuais também superiores à média histórica, revelando o longo período de convivência com altos patamares de desocupação da força de trabalho, o que incrementou o desemprego de longa

11duração , especialmente entre janeiro e junho de 2017.

A média histórica estadual, considerando as taxas trimestrais de 2012 a 2017, foi calculada em 9,4%, com a taxa masculina (8,5%) abaixo da feminina (10,6%), como de costume, ou seja, a média histórica da taxa de desocupação das mulheres ultrapassa em 2,1 p.p. a média masculina, revelando a maior exposição delas ao desemprego. De outra forma, no Ceará, o patamar de desocupação das mulheres é 24,7% mais elevado do que o dos homens.

O segundo aspecto faz menção às taxas médias anuais de desocupação, na medida em que elas não repercutiram, mais exatamente, as quedas trimestrais de 2017, pelo menos no recorte por sexo. De fato, a média anual de desocupação no Ceará aumentou discretamente, de 12%, em 2016, para 12,6%, no ano seguinte, no que foi acompanhada por homens e mulheres, com médias que evoluíram de 10,8% para 11,8% e de 13,4% para 13,7%, respectivamente (Gráco 15).

11 O desemprego de longa duração é denido como aquela situação em que os indivíduos sem trabalho estão em busca efetiva por uma colocação há, no mínimo, um ano, e ainda não lograram sucesso. No Estado do Ceará, entre 2014 e 2017, cresceu a proporção de trabalhadores nessa condição. Em 2014, eram 31,8% dos desocupados cearenses e, em 2017, 36,6%, com o número de desempregados de longa duração duplicando em três anos (108%), de 89 para 183 mil. No País, o desemprego de longa duração também cresceu, de 33,7%, em 2014, para 39,6%, em 2017, segundo o IBGE, proporções ligeiramente maiores que as do Ceará.

Gráco 15 – Taxas médias anuais de desocupação, por sexo – Estado do Ceará – 2012 – 2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

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Esta aparente contradição pode ser creditada tanto ao recorde histórico de desemprego do primeiro trimestre de 2017 quanto à lenta e gradual redução do indicador ao longo do segundo semestre do mesmo ano. Desta forma, o declínio do desemprego deu-se a partir de uma base muito elevada e, como este processo foi lento e gradual, a queda observada não foi suciente para propiciar um declínio em bases anuais.

Estes números revelam ainda que, em termos médios anuais, o crescimento do desemprego masculino, em 2017, foi mais intenso, até porque as médias femininas são maiores, o que pode estar vinculado ao movimento de maior oferta de mão de obra, expresso por taxas de participação na força de trabalho mais elevadas, nos últimos seis meses do ano passado. De fato, no trimestre de outubro a dezembro de 2017, a taxa de participação dos homens chegou a 67% da população masculina de 14 anos ou mais de idade, enquanto a das mulheres cou em 46,3%, ambas mais expressivas que as taxas do mesmo trimestre de 2016 (65,8% e 44%, respectivamente) e as do trimestre imediatamente anterior (64,9% e 45%, respectivamente).

Frente à realidade da desocupação de 2014, antes do agravamento da crise econômica do biênio 2015/2016, no Estado do Ceará, a desocupação média anual, em 2017, avançou mais rapidamente entre os homens, onde a taxa aumentou 76,1%, praticamente duplicando de 6,7% para 11,8%, respectivamente, embora a elevação feminina também tenha sido expressiva (65,1%), atingindo 13,7% da PEA feminina. Assim, novamente se constata que o crescimento do desemprego masculino, em 2017, foi mais robusto, o que pode, em boa medida, ter sido fomentado pela retomada da procura por trabalho, dos problemas de geração de emprego nos setores da construção e dos serviços, dentre outros.

Mas, mais especicamente no transcorrer de 2017, pode-se concluir que o nível de exposição da força de trabalho cearense ao desemprego diminuiu, independente de sexo, um resultado positivo, mas que deve ser encarado com ressalvas, na medida em que esta redução não se processou em termos anuais e os indicadores de desocupação do Estado ainda estão na casa dos dois dígitos, ou seja, situam-se em patamares ainda bem elevados, quer entre os homens, quer entre as mulheres, evidenciando melhorias muito frágeis.

Do ponto de vista da faixa etária, os Grácos 16 e 17 deixam transparecer, com bastante evidência, quão penalizados são os jovens cearenses com o desemprego, notadamente quando este quadro se agrava, como ocorrido no nal de 2016 e início de 2017, com uma competição ainda mais acirrada por uma vaga no mercado, além da concorrência com outros indivíduos geralmente mais experientes, tornando-os ainda mais vulneráveis à pobreza.

Sem sombra de dúvida, é o segmento mais visado quando das demissões, sendo os primeiros a serem desligados e os últimos a serem contratados, na maioria das ocasiões, além de apresentar níveis de rotatividade do trabalho geralmente mais elevados, em decorrência dos menores custos de demissão, dentre outras motivações, como a inserção via ocupações informais, que geralmente remuneram menos e os afastam dos empregos de melhor qualidade,

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no futuro próximo. Ademais, a idade juvenil favorece a prática da experimentação, o que tem rebatimentos nos indicadores laborais desse segmento populacional.

As taxas médias históricas da desocupação juvenil no Ceará raticam as armações anteriores. Considerando o período de 2012 a 2017, a média histórica de desocupação dos jovens de 14 a 17 anos foi calculada em 23,8%, na faixa seguinte, de 18 a 24 anos, esta média decresce ligeiramente para 20,8% e, substancialmente mais nas demais: 25 a 39 anos, 8,7%; 40 a 59 anos, 4,7%: e na faixa de 60 anos ou mais, apenas 1,8%. E, tendo como base a média histórica estadual de 9,4%, o patamar de desemprego dos jovens de 18 a 24 anos é 2,2 vezes mais elevado.

Ilustrando essa realidade, o Gráco 16 traz as médias anuais de desocupação, por faixa etária, para os últimos seis anos, destacando as médias de 2012, ano de início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral, de 2014, ano anterior à crise econômica do biênio 2015/2016, e de 2017, início da recuperação da economia.

Adicionalmente, a análise do Gráco 16 mostra que, em termos médios anuais, a desocupação só cedeu entre os mais jovens (14 a 17 anos), de 35,9%, em 2016, para 33,4%, em 2017, embora a desocupação nesse segmento tenha sido a que mais avançou (104,9%), na comparação com 2014.

A média de desocupação aumentou para 27,7% entre os jovens de 18 a 24 anos, tal qual nas duas faixas seguintes, e mostrou-se relativamente estável entre os de mais idade (2,3%), mas em patamar relativamente ainda elevado, diante dos anos anteriores, especialmente 2014 (1,6%).

Gráco 16 – Taxas médias anuais de desocupação, por faixa etária – Estado do Ceará – 2012 – 2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

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12 A propósito, relatório divulgado pelo Banco Mundial , no início de março desse ano, alertava para o fato de que um em cada dois jovens brasileiros, na faixa etária de 19 a 25 anos (52%, ou 25 milhões de pessoas), corre o risco de car fora do circuito dos bons empregos no País e, com isso, mais vulnerável e/ou exposto à pobreza. Nas palavras de Martin Raiser, diretor do Banco Mundial, “É uma população que vai ser vulnerável, vai ter mais diculdade de achar emprego, corre o maior risco de cair na pobreza.” (METADE, ... 2018) O relatório ressalta ainda que, além da ameaça ao futuro da juventude brasileira, esta situação põe em risco o crescimento da economia nacional, posto que o País vai necessitar do trabalho dessa juventude para continuar produzindo e, preferencialmente, que sejam mais produtivos.

Gráco 17 – Taxa de desocupação, por faixa etária – Estado do Ceará – 1º Trim./2012 – 4º Trim./2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

Retomando a análise trimestral, além de o desemprego juvenil ser o mais elevado, destaque-se o vigoroso avanço do desemprego na faixa de 14 a 17 anos no 2º trimestre de 2016, quando quatro de cada dez pessoas, nessa faixa de idade, estavam desocupadas, e a taxa recorde entre os de 18 a 24 anos, no 1º trimestre de 2017, momento em que 31,6% da PEA de 18 a 24 anos estava desocupada (Gráco 17).

Em poucas palavras, pode-se armar que, ao longo de 2017, as taxas de desocupação, quando vistas sob a ótica da idade, declinaram em todos os grupos analisados, particularmente entre os mais jovens, mas a situação ainda é muito preocupante em decorrência de taxas de desocupação acima de média histórica desde nal de 2015, independente da faixa etária, e de médias anuais que não recuaram em 2017, na maioria dos segmentos estudados.

12 Ver (BANCO MUNDIAL, 2018).

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Gráco 18 – Taxa de desocupação dos trabalhadores com instrução até o nível médio incompleto – Estado do Ceará – 1º Trim./2012 – 4º Trim./2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

A análise desagregada por nível de instrução revela uma melhoria disseminada da desocupação em todos os níveis, quando analisada por trimestres consecutivos de 2017, tal qual apreendido nas análises por sexo e idade, apesar de as maiores taxas de desemprego continuarem a ocorrer entre aqueles com instrução de nível médio incompleto, enquanto as menores taxas são percebidas entre aqueles que concluíram o ensino superior, o que sugere maior facilidade na obtenção de trabalho dos mais escolarizados (Grácos 18 e 19).

Gráco 19 – Taxa de desocupação dos trabalhadores com instrução de nível médio completo ou mais – Estado do Ceará – 1º Trim./2012 – 4º Trim./2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

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Considerando as médias históricas, enquanto a desocupação entre os primeiros foi estimada em 14,8%, têm-se 4,5% entre os últimos, ou seja, os trabalhadores com instrução de nível médio incompleto detêm um patamar de desocupação três vezes mais elevado, já para os que concluíram o ensino fundamental, a média de desocupação chegou a 9,6%, considerando os anos de 2012 a 2017.

Raticando conclusões anteriores, independente do nível de instrução, a partir dos últimos meses de 2015, as taxas trimestrais de desocupação vigentes no Estado são mais elevadas que a média histórica, alcançando máxima no primeiro trimestre de 2017, na maioria das situações, até mesmo entre os mais escolarizados. Estas ilustrações mostram claramente que a recente realidade do desemprego cearense começou a se manifestar com mais veemência a partir de 2015, em todos os níveis de instrução, comprovando que esta elevação se deu de forma ampla e irrestrita (Grácos 18 e 19).

O Gráco 20 também demonstra que, apesar das reduções das taxas trimestrais em 2017, em todos os níveis de instrução, a média anual de desocupação desse ano se mostra ligeiramente acima da de 2016, reforçando as argumentações anteriores do pico da desocupação no primeiro trimestre de 2017, associado à lenta queda do indicador, nos trimestres seguintes, conforme vericado nas análises por sexo e faixa etária. Nessa base de comparação, o crescimento foi substancial entre os indivíduos com instrução superior incompleto, com avanço de 13,2% para 16,1%, nos últimos dois anos.

Gráco 20 – Taxas médias anuais de desocupação, por nível de instrução – Estado do Ceará – 2012 – 2017 (Em %)

Fonte: IBGE/PNADC trimestral. Elaboração do autor.

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Quando do paralelo entre 2017 e 2014, o desemprego avançou mais rapidamente entre os indivíduos com instrução de nível fundamental, a exemplo daqueles que nalizaram esta etapa, onde a taxa aumentou 87,6%, ao quase duplicar de 7,3% para 13,6%, respectivamente. No outro extremo, os menores incrementos foram localizados entre os prossionais de nível médio, a exemplo da elevação de 59,4% dos que concluíram o ensino médio, cuja taxa aumentou de 9,5% para 15,1%, o que não deixa de ser um aporte considerável.

Portanto, as análises sobre o comportamento recente da desocupação no Ceará, no recorte por nível de instrução, conduzem, em grande medida, às mesmas conclusões das análises anteriores, por sexo e faixa etária, conrmando os recuos trimestrais da desocupação nos diversos níveis, mas em ritmo muito lento, além dos recordes do 1º trimestre de 2017, como ocorrido entre aqueles com instrução de nível médio completo ou mais, o que inviabilizou que o indicador anual também recuasse em qualquer dos níveis de escolaridade analisados.

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CONCLUSÃO

A economia do Estado do Ceará sofreu os reexos de dois anos de forte retração da economia brasileira, especialmente no biênio 2015/2016, o que fez com que a economia estadual também encolhesse, no referido biênio, aproximadamente 9%, no acumulado dos dois anos, o que impactou muito negativamente na dinâmica do mercado de trabalho cearense, notoriamente na oferta de emprego com carteira assinada, vis-à-vis, o ocorrido nacionalmente. O Estado do Ceará perdeu 33,8 mil empregos formais, em 2015, e outros 37,5 mil, em 2016, totalizando 71,3 mil empregos extintos, nesses dois anos.

Diante dessa realidade, a partir de 2015, as taxas de desocupação da força de trabalho cresceram sistematicamente, quadro que se agravou ainda mais em 2016, o que culminou com taxas recordes no primeiro trimestre de 2017, quando fora computado um contingente de 561 mil pessoas de 14 anos ou mais de idade desocupadas no Ceará, o equivalente a 14,3% de sua população economicamente ativa. Este movimento, que fora acompanhado por forte contração do emprego formal, conforme já explicitado, aconteceu de forma generalizada, o que independeu de sexo, idade ou nível de instrução dos trabalhadores, além de fortalecer sobremaneira o desemprego de longa duração no território cearense, que chegou a atingir quase quatro de cada dez desocupados no estado, em 2017.

Já no segundo trimestre de 2017, com base em dados da atividade econômica, começam a surgir os primeiros indícios de que o processo de recuperação da economia nacional havia dado os primeiros passos, a exemplo do vericado no Ceará, em virtude, especialmente, das variações trimestrais positivas do Produto Interno Bruto (PIB). Em face desse novo cenário, o presente estudo buscou investigar as principais motivações para este comportamento de declínio da desocupação no Estado do Ceará, no transcorrer de 2017, mais especicamente.

Inicialmente, foi percebida uma coincidência temporal relevante, na medida em que o momento em que a taxa de desemprego cearense passa a declinar, no 2º trimestre de 2017, coincide com o mesmo período em que a economia do Estado volta a crescer, sinalizando os primeiros impactos positivos deste crescimento sobre o mercado de trabalho da região. Pode-se então concluir que, em boa medida, uma atividade econômica mais dinâmica, com variações do PIB crescentes, deve ter induzido o início do processo de recuperação do mercado de trabalho estadual, com as empresas um pouco mais dispostas em contratar novos trabalhadores.

De fato, diante da manutenção dessa trajetória de recuperação da economia, os indicadores do mercado de trabalho, quer nacional quer estadual, começam a melhorar, embora lenta e gradualmente, onde a principal evidência é a redução da desocupação por seguidos trimestres que, no Ceará, alcançara a marca de 11,1%, no último trimestre de 2017, 3,2 pontos percentuais abaixo da taxa do primeiro trimestre.

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Em linhas gerais, a trajetória de queda das taxas de desemprego, no País e no Ceará, está muito associada ao surgimento de novas oportunidades de trabalho, embora que muito centralizadas no mercado informal, notadamente como empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, trabalhadores por conta-própria e trabalhadores familiares auxiliares, o que nos leva à segunda conclusão.

Portanto, cresceram as oportunidades de trabalho na informalidade e, mesmo com perda de qualidade do emprego, este ocorrido não deixou de inuenciar na diminuição da desocupação, até porque o crescimento do número de pessoas ocupadas superou o de indivíduos incorporados à população economicamente ativa. Isto ocorreu, por exemplo, no 4º trimestre de 2017, quando 33 mil pessoas deixaram a condição de desocupadas, fruto de 215 mil novas ocupações e da entrada de 182 mil pessoas na população economicamente ativa, frente ao mesmo período de 2016.

Um forte indicativo dessa conjuntura foi percebido quando das análises da evolução do emprego formal, na série com ajuste, quando se observou, inicialmente, a extinção de empregos com registro em carteira no Estado desde 2015, com máxima em agosto de 2016 (50,7 mil empregos a menos). Desde então, este movimento perde força continuadamente, um indício de que o ritmo dos desligamentos de empregados no mercado de trabalho formal arrefecia, o que certamente contribuía para a ocorrência de menores taxas de desocupação no Estado, em 2017, apesar de não ter havido geração líquida positiva de emprego no Ceará, até então, pois fechou este ano com a extinção de 2,1 mil empregos, no acumulado de 12 meses.

Quando das análises das variações anuais da taxa de desocupação, segundo metodologia do Banco Central do Brasil, percebe-se, mais precisamente, o impacto do crescimento do nível ocupacional sobre a queda da desocupação no Estado, em 2017, para além dos efeitos contrários da crescente taxa de atividade e do crescimento da população em idade ativa (efeitos demográcos), que, usualmente, contribuem para reduzir os impactos da elevação dos níveis de ocupação na redução da desocupação.

Estas considerações ilustram que a evolução da ocupação volta a se manifestar favoravelmente à redução do desemprego estadual em 2017, mais enfaticamente no terceiro e quarto trimestres, sendo muito vigorosa a contribuição deste último (-5,6 p.p.), a mais robusta da séria histórica, coincidentemente o trimestre de maior avanço da economia do Ceará, no mesmo ano. Consequentemente, a melhoria recente na evolução da taxa de desocupação cearense deve-se, quase que integralmente, à expansão da ocupação, posto que as contribuições das duas outras componentes foram no sentido de elevá-la, no período em questão.

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Por m, contribuíram para o recente declínio da desocupação no Ceará, de maneira muito relevante, o retorno do crescimento da economia do Estado, a expressiva queda no ritmo de desligamentos de trabalhadores em empregos formais e a ampliação gradual das oportunidades de trabalho, mesmo que informais, em ritmo superior ao do crescimento da população economicamente

13ativa, entre outras, como o incremento da massa de rendimento real cearense, estimada em R$ 5 bilhões, no 4º trimestre de 2017, 12,3% maior que a do mesmo trimestre de 2016, tornando menos premente a necessidade de obtenção de trabalho, pelo menos em certas situações.

O estudo ainda sugere cautela na interpretação dos dados apresentados, justicada pela constatação de que, além de taxas de desocupação acima da média histórica, nos últimos dois anos, elas se mantiveram em alta, em 2017, em bases anuais, apesar das reduções trimestrais, o que, apesar de tudo, mostra alguma recuperação do mercado de trabalho cearense, o que favoreceu diversos segmentos populacionais, independente de sexo, idade e instrução do trabalhador, amenizando a preocupante realidade da desocupação no Ceará, muito evidenciada entre os mais jovens.

Estas constatações evidenciam que, apesar de taxas de desocupação em declínio, a situação do mercado de trabalho estadual continua difícil, mas com perspectivas mais favoráveis ao emprego em 2018, quando é esperado um crescimento econômico mais signicativo.

13 A PNAD Contínua trimestral do IBGE revela que, no Estado do Ceará, a massa de rendimento médio real habitual de 2017, estimada em R$ 4.651 milhões, retornou ao patamar de 2014 (R$ 4.662 milhões), após avanço de 3,9%, ante 2016. Ela cresceu também frente a 2012 (8,7%).

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REFERÊNCIAS

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