declaração universal dos direitoshumanos

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063 Declaração Universal dos Direitos do Homem [1] Declaração Universal dos Direitos do Homem Adoptada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas na sua resolução 217A (III) de 10 de Dezembro de 1948. Publicada no Diário da República, I Série, n.º 57/78, de 9 de Março de 1978, mediante aviso do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Declaração Universal dos Direitos do Homem Preâmbulo Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liber- dade, da justiça e da paz no mundo; Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduzi- ram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do homem; Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão; Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações; Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igual- dade de direitos dos homens e das mulheres e se declararam resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla; Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em coopera- ção com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais;

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Declaração Universal dos DireitosHumanos

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063 Declarao Universal dos Direitos do Homem[1] Declarao Universal dos Direitos do Homem Adoptada e proclamada pela Assembleia Geral das Naes Unidas na sua resoluo 217A (III) de 10 de Dezembro de 1948. Publicada no Dirio da Repblica, I Srie, n. 57/78, de 9 de Maro de 1978, mediante aviso do Ministrio dos Negcios Estrangeiros.Declarao Universal dos Direitos do HomemPrembuloConsiderandoqueoreconhecimentodadignidadeinerenteatodososmembrosda famlia humana e dos seus direitos iguais e inalienveis constitui o fundamento da liber-dade, da justia e da paz no mundo; Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do homem conduzi-ram a actos de barbrie que revoltam a conscincia da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da misria, foi proclamado como a mais alta inspirao do homem; Considerandoqueessencialaprotecodosdireitosdohomematravsdeum regime de direito, para que o homem no seja compelido, em supremo recurso, revolta contra a tirania e a opresso; Considerandoqueessencialencorajarodesenvolvimentoderelaesamistosas entre as naes; Considerando que, na Carta, os povos das Naes Unidas proclamam, de novo, a sua f nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igual-dade de direitos dos homens e das mulheres e se declararam resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condies de vida dentro de uma liberdade mais ampla; Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em coopera-o com a Organizao das Naes Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos do homem e das liberdades fundamentais; 064 COMPILAO DE INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS [VOLUME I]Considerando que uma concepo comum destes direitos e liberdades da mais alta importncia para dar plena satisfao a tal compromisso: A Assembleia GeralProclama a presente Declarao Universal dos Direitos do Homem como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as naes, a m de que todos os indivduos e todos os rgos da sociedade, tendo-a constantemente no esprito, se esforcem, pelo ensino e pela educao,pordesenvolverorespeitodessesdireitoseliberdadeseporpromover,por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicao universais e efectivos tanto entre as populaes dos prprios Estados membros como entre as dos territrios colocados sob a sua jurisdio. Artigo 1.Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razo e de conscincia, devem agir uns para com os outros em esprito de frater-nidade. Artigo 2.Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na pre-senteDeclarao,semdistinoalguma,nomeadamentederaa,decor,desexo,de lngua, de religio, de opinio poltica ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situao. Alm disso, no ser feita nenhuma distino fundada no estatuto poltico, jurdico ou internacional do pas ou do territrio da naturalidade da pessoa, seja esse pas ou territrio independente, sob tutela, autnomo ou sujeito a alguma limitao de sobe-rania. Artigo 3.Todo o indivduo tem direito vida, liberdade e segurana pessoal.Artigo 4.Ningum ser mantido em escravatura ou em servido; a escravatura e o trato dos escra-vos, sob todas as formas, so proibidos. Artigo 5.Ningumsersubmetidoatorturanemapenasoutratamentoscruis,desumanosou degradantes. Artigo 6.Todos os indivduos tm direito ao reconhecimento em todos os lugares da sua persona-lidade jurdica. 065 Declarao Universal dos Direitos do HomemArtigo 7.Todos so iguais perante a lei e, sem distino, tm direito a igual proteco da lei. Todos tm direito a proteco igual contra qualquer discriminao que viole a presente Decla-rao e contra qualquer incitamento a tal discriminao. Artigo 8.Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdies nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituio ou pela lei. Artigo 9.Ningum pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.Artigo 10.Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigaes ou das razes de qualquer acusao em matria penal que contra ela seja deduzida. Artigo 11.1. Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente at que a sua culpa-bilidade que legalmente provada no decurso de um processo pblico em que todas as garantias necessrias de defesa lhe sejam asseguradas. 2.Ningumsercondenadoporacesouomissesque,nomomentodasuaprtica, noconstituamactodelituosofacedodireitointernoouinternacional.Domesmo modo, no ser inigida pena mais grave do que a que era aplicvel no momento em que o acto delituoso foi cometido. Artigo 12.Ningumsofrerintromissesarbitrriasnasuavidaprivada,nasuafamlia,noseu domiclio ou na sua correspondncia, nem ataques sua honra e reputao. Contra tais intromisses ou ataques toda a pessoa tem direito a proteco da lei. Artigo 13.1. Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residncia no inte-rior de um Estado. 2. Toda a pessoa tem o direito de abandonar o pas em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu pas. Artigo 14.1. Toda a pessoa sujeita a perseguio tem o direito de procurar e de beneciar de asilo em outros pases. 066 COMPILAO DE INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS [VOLUME I]2. Este direito no pode, porm, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrrias aos ns e aos princpios das Naes Unidas. Artigo 15.1. Todo o indivduo tem direito a ter uma nacionalidade.2.Ningumpodeserarbitrariamenteprivadodasuanacionalidadenemdodireitode mudar de nacionalidade. Artigo 16.1. A partir da idade nbil, o homem e a mulher tm o direito de casar e de constituir famlia, sem restrio alguma de raa, nacionalidade ou religio. Durante o casamento e na altura da sua dissoluo, ambos tm direitos iguais. 2. O casamento no pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos. 3. A famlia o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito proteco desta e do Estado. Artigo 17.1. Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito propriedade.2. Ningum pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.Artigo 18.Toda a pessoa tem direito liberdade de pensamento, de conscincia e de religio; este direito implica a liberdade de mudar de religio ou de convico, assim como a liber-dadedemanifestarareligioouconvico,sozinhoouemcomum,tantoempblico como em privado, pelo ensino, pela prtica, pelo culto e pelos ritos. Artigo 19.Todooindivduotemdireitoliberdadedeopinioedeexpresso,oqueimplicao direito de no ser inquietado pelas suas opinies e o de procurar, receber e difundir, sem considerao de fronteiras, informaes e ideias por qualquer meio de expresso. Artigo 20.1. Toda a pessoa tem direito liberdade de reunio e de associao paccas. 2. Ningum pode ser obrigado a fazer parte de uma associao.Artigo 21.1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direco dos negcios pblicos do seu pas, quer directamente, quer por intermdio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda a pessoa tem direito de acesso, em condies de igualdade, s funes pblicas do seu pas. 067 Declarao Universal dos Direitos do Homem3. A vontade do povo o fundamento da autoridade dos poderes pblicos; e deve exprimir--se atravs de eleies honestas a realizar periodicamente por sufrgio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto. Artigo 22.Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito segurana social; e pode legiti-mamente exigir a satisfao dos direitos econmicos, sociais e culturais indispensveis, graas ao esforo nacional e cooperao internacional, de harmonia com a organizao e os recursos de cada pas. Artigo 23.1. Toda a pessoa tem direito ao trabalho, livre escolha do trabalho, a condies equita-tivas e satisfatrias de trabalho e proteco contra o desemprego. 2. Todos tm direito, sem discriminao alguma, a salrio igual por trabalho igual. 3. Quem trabalha tem direito a uma remunerao equitativa e satisfatria, que lhe per-mita e sua famlia uma existncia conforme com a dignidade humana, e completada, se possvel, por todos os outros meios de proteco social. 4. Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se liar em sindicatos para a defesa dos seus interesses. Artigo 24.Todaapessoatemdireitoaorepousoeaoslazerese,especialmente,aumalimitao razovel da durao do trabalho e a frias peridicas pagas. Artigo 25.1.Todaapessoatemdireitoaumnveldevidasucienteparalheasseguraresua famliaasadeeobem-estar,principalmentequantoalimentao,aovesturio,ao alojamento, assistncia mdica e ainda quanto aos servios sociais necessrios, e tem direito segurana no desemprego, na doena, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistncia por circunstncias independentes da sua vontade. 2. A maternidade e a infncia tm direito a ajuda e a assistncia especiais. Todas as crian-as, nascidas dentro ou fora do matrimnio, gozam da mesma proteco social. Artigo 26.1.Todaapessoatemdireitoeducao.Aeducaodevesergratuita,pelomenosa correspondenteaoensinoelementarfundamental.Oensinoelementarobrigatrio. O ensino tcnico e prossional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em funo do seu mrito. 2. A educao deve visar plena expanso da personalidade humana e ao reforo dos direitosdohomemedasliberdadesfundamentaisedevefavoreceracompreenso,a 068 COMPILAO DE INSTRUMENTOS INTERNACIONAIS [VOLUME I]tolerncia e a amizade entre todas as naes e todos os grupos raciais ou religiosos, bem comoodesenvolvimentodasactividadesdasNaesUnidasparaamanutenoda paz. 3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gnero de educao a dar aos lhos. Artigo 27.1. Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso cientco e nos benefcios que deste resul-tam. 2.Todostmdireitoprotecodosinteressesmoraisemateriaisligadosaqualquer produo cientca, literria ou artstica da sua autoria. Artigo 28.Todaapessoatemdireitoaquereine,noplanosocialenoplanointernacional,uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciados na presente Declarao. Artigo 29.1. O indivduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual no possvel o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade. 2. No exerccio destes direitos e no gozo destas liberdades ningum est sujeito seno s limitaes estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a m de satisfazer as justas exigncias da moral, da ordem pblica e do bem-estar numa sociedade democrtica. 3. Em caso algum estes direitos e liberdades podero ser exercidos contrariamente aos ns e aos princpios das Naes Unidas. Artigo 30.Nenhuma disposio da presente Declarao pode ser interpretada de maneira a envol-ver para qualquer Estado, agrupamento ou indivduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.