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14 CMARA CVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO RJ APELAO CVEL PROCESSO N 0018212-31.2009.8.19.0202 APELANTE: ELIZABETH COSTA LEAL APELADO: BANCO IBI S.A. BANCO MLTIPLO RELATOR: DESEMBARGADOR JOS CARLOS PAES

APELAO CVEL. CARTO DE CRDITO RECUSADO. DANO MORAL. QUANTUM DEBEATUR. 1. Os incisos V e X do artigo 5 da Constituio da Repblica asseguraram a indenizao por dano moral como forma de compensar agresso dignidade humana, entendendo-se esta como dor, vexame, sofrimento ou humilhao, angstias, aflies sofridas por um indivduo, fora dos parmetros da normalidade e do equilbrio. 2. O quantum debeatur deve ser fixado em sintonia com os parmetros de razoabilidade e proporcionalidade, por representar uma compensao e no um ressarcimento dos prejuzos sofridos, impondo ao ofensor a obrigao de pagamento de certa quantia de dinheiro em favor do ofendido, pois ao mesmo tempo em que agrava o patrimnio daquele, proporciona a este uma reparao satisfativa. 3. manifesto que a recusa de carto de crdito em razo de bloqueio indevido, impossibilitando a parte de realizar compra, quando se encontrava na boca do caixa, expe o consumidor a evidente constrangimento e causa enormes dissabores. 4. In casu, mostra-se correto adequado o arbitrado em R$ 3.000,00 (trs mil reais), por guardar respeito ao princpio da razoabilidade e s circunstncias do caso concreto. Precedentes. 5. Negado seguimento ao recurso.

Trata-se de ao de indenizao proposta por ELIZABETH COSTA LEAL em face do BANCO IBI S.A. BANCO MLTIPLO, em que pretende, preliminarmente, a antecipao dos efeitos da tutela para que seu carto de crdito seja desbloqueado. No mais, requer a condenao do demandado ao pagamento de indenizao por danos morais no valor de R$ 50.000,00. Alega a parte autora que solicitou o desbloqueio de seu carto de crdito e do de seu pai, titular da relao jurdica, por meio de contato telefnico. A seguir, afirma que, apesar do regular funcionamento do carto principal, de seu genitor, teve sua compra recusada em determinado estabelecimento empresarial, fato que lhe causou enormes aborrecimentos. No mais, sustenta que, aps realizar novo contato com a central de relacionamento, foi informada que seu carto deveria ser mais uma vez desbloqueado, solicitao efetivada com sucesso, o que, todavia, no evitou nova recusa. O Juzo a quo, em sentena de fls. 111-118, julgou procedente em parte a pretenso autoral, ratificou a deciso que concedeu a antecipao parcial dos efeitos da tutela e condenou a instituio demandada ao pagamento de R$ 3.000,00, a ttulo de danos morais, quantia devidamente corrigida monetariamente a contar da sentena e acrescida de juros de mora desde a citao. Por fim, condenou o ru ao pagamento das custas processuais e dos honorrios advocatcios, estes fixados em 10% sobre o valor da condenao. Inconformada, a demandante apelou, s fls. 120-123, to-somente para requerer a majorao da verba indenizatria. Foram apresentadas contrarrazes s fls. 133-140, em prestgio sentena. RELATADOS. DECIDE-SE. Conhece-se o recurso, pois tempestivo e com gratuidade de justia deferida a fls. 56, presentes os demais requisitos para a sua admissibilidade.

A pretenso recursal restringe-se majorao do quantum indenizatrio. Pois bem. Os incisos V e X do artigo 5 da Constituio da Repblica asseguraram a indenizao por dano moral como forma de compensar agresso dignidade humana, entendendo-se esta como dor, vexame, sofrimento ou humilhao, angstias, aflies sofridas por um indivduo, fora dos parmetros da normalidade e do equilbrio. 1 2 E sua reparao deve atender aos parmetros de razoabilidade e proporcionalidade, por representar uma compensao e no um ressarcimento dos prejuzos sofridos, impondo ao ofensor a obrigao de pagamento de certa quantia de dinheiro em favor do ofendido, pois ao mesmo tempo em que agrava o patrimnio daquele, proporciona a este uma reparao satisfativa. Destaque-se, aqui, que a regra a de arbitramento judicial e o desafio continua sendo a definio de critrios que possam nortear o juiz na fixao do quantum a ser dado em favor da vtima do dano injusto. Com efeito, o Juiz deve adotar critrios norteadores da fixao do valor da condenao, onde deve levar em conta o grau de culpa do agente, culpa concorrente da vtima e condies econmicas das partes. No mais, manifesto que a recusa de carto de crdito em razo de bloqueio indevido, impossibilitando a parte de realizar compra, quando se encontrava na boca do caixa, expe o consumidor a evidente constrangimento e causa enormes dissabores. Contudo, in casu, mostra-se adequada a compensao dos danos morais fixada pelo Douto Juzo a quo, no importe de R$ 3.000,00 (trs mil reais), por guardar respeito ao princpio da razoabilidade e s circunstncias do caso concreto.

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V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem; 2 X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;

Confiram-se, na mesma direo, os seguintes precedentes desta Corte:APELAO CVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. RELAO CONTRATUAL. PRESTAO DE SERVIOS BANCRIOS. CONTA POUPANA. BLOQUEIO INDEVIDO DO CARTO COM O QUAL A AUTORA MOVIMENTAVA A REFERIDA CONTA, QUANDO HAVIA SALDO SUFICIENTE NESTA. NEGLIGNCIA E DESORGANIZAO DO RU. AUSNCIA DE QUALQUER INFORMAO PLAUSVEL. FALHA NO SERVIO. CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. DEVER DE INDENIZAR. DANO MORAL IN RE IPSA. Se o banco bloqueia indevidamente o carto do correntista, sem qualquer explicao ou motivo plausvel, resta evidenciada a falha na prestao dos servios. Relao de consumo, com responsabilidade objetiva e inverso do onus probatrio, no desempenhados pelo apelado. Responde civilmente a instituio financeira pelos danos que causar em decorrncia dos riscos do empreendimento. Ausncia de prova de quaisquer excludentes de responsabilidade. Dano in re ipsa. O arbitramento do dano moral deve atender o seu carter punitivo-pedaggico e a condio scio econmica das partes. Indenizao por danos morais fixada na quantia de R$ 1.000,00 (mil reais) que merece majorao.PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO COM ARRIMO NO ARTIGO 557, 1 - A DO CPC PARA MAJORAR O QUANTUM INDENIZATRIO PARA A QUANTIA DE R$ 3.000,00 (TRS MIL REAIS), CORRIGIDO MONETARIAMENTE A PARTIR DESTA DECISO, MANTENDO, NO MAIS, A SENTENA.3 Apelao Cvel. Ao de Reparao de Danos. Carto de crdito. Bloqueio indevido. Ru que admite ter implantado sistema preventivo ("Falcon") para detectar fraudes. Sistema que visa indicar a utilizao do carto em discrepncia com o perfil do consumidor. Ausncia de prvia comunicao. Falha na prestao do servio. Inteligncia do art. 14 e 1 Cdigo de Defesa do Consumidor. Surpresa imposta ao consumidor que revela descumprimento contratual. Dano moral caracterizado. Reforma da sentena recorrida. Reparao moral que deve ser arbitrada na quantia de R$ 3.000,00 (trs mil

BRASIL. TJRJ. APELAO CVEL. Processo. 0005411-53.2009.8.19.0212. DES. ISMENIO PEREIRA DE CASTRO. DECIMA QUARTA CAMARA CIVEL - Julgamento: 14/04/2010.

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reais). Recurso a que se d parcial provimento. Unnime.4 Direito do Consumidor. Demanda reparatria. Incluso de seguro no contratado em fatura de carto de crdito. Bloqueio do carto por dvida que se revelou inexistente. Falha na prestao do servio. Dano moral configurado. Fixao da compensao em patamar excessivo. Reduo de R$ 6.000,00 para R$ 3.000,00, em atendimento aos princpios da razoabilidade e da proporcionalidade. Alegao de impossibilidade de cumprimento da obrigao de fazer consistente no restabelecimento do carto de crdito, definitivamente cancelado. Desnecessidade de reforma do julgado. Obrigao de enviar outro carto com as mesmas caractersticas do antigo, tais como limite de crdito, bandeira e data de vencimento. Produo do resultado prtico equivalente, conforme determina o artigo 461 do CPC. Recurso parcialmente provido apenas para reduzir o valor da condenao pecuniria.5 APELAO CVEL. CARTO BLOQUEADO. FALHA NA PRESTAO DE SERVIO. DANO MORAL CONFIGURADO.1. A ausncia de repasse da instituio financeira no exime o demandado da responsabilidade pelos eventuais danos provocados pelo bloqueio do carto de crdito de titularidade da autora, haja vista que respondem solidariamente aqueles que integram a cadeia de consumo e tenham concorrido para a ocorrncia do evento danoso, pois assumem o risco do empreendimento.2. Outrossim, a relao entre as partes de consumo, pois a apelada enquadra-se no conceito de consumidor descrito no art. 2 do CPDC e o apelante no de fornecedor, nos termos do art. 3, 2 do mesmo diploma legal. 3. O banco efetuou bloqueio no carto de crdito da autora indevidamente, uma vez que a fatura encontrava-se quitada, expondo-a a constrangimento quando tentava efetuar compras, sem ao menos notific-la previamente. Dano moral configurado. 4. Manuteno do quantum debeatur fixado em R$ 3.000,00. Precedentes. 5. Correo monetria que dever contar do decisum de primeiro grau. Enunciado 50 do Aviso n 69 do Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro, que prev a possibilidade de conhecimento deBRASIL. TJRJ. APELAO CVEL. Processo. 0035377-83.2007.8.19.0001. DES. MARILIA DE CASTRO NEVES. DECIMA CAMARA CIVEL - Julgamento: 29/07/2009. 5 BRASIL. TJRJ. APELAO CVEL. Processo 0019189-52.2008.8.19.0042. DES. ALEXANDRE CAMARA. SEGUNDA CAMARA CIVEL - Julgamento: 19/10/2009.4

ofcio de tal questo. 6. Apelo que no segue. 6

Por tais fundamentos, conhece-se o recurso e negase seguimento, nos termos do art. 557, caput, do Cdigo de Processo Civil. 7 Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2011.

DESEMBARGADOR JOS CARLOS PAES RELATOR

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BRASIL. TJRJ. APELAO CVEL. Processo 0067357-43.2010.8.19.0001. DES. JOSE CARLOS PAES. DECIMA QUARTA CAMARA CIVEL- Julgamento: 30/03/2011. 7 Art. 557. O relator negar seguimento a recurso manifestamente inadmissvel, improcedente, prejudicado ou em confronto com smula ou com jurisprudncia dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior.

Certificado por DES. JOSE CARLOS PAESA cpia impressa deste documento poder ser conferida com o original eletrnico no endereo www.tjrj.jus.br. Data: 27/10/2011 17:18:09Local: Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro - Processo: 0018212-31.2009.8.19.0202 - Tot. Pag.: 6