decisão stf - marcha da maconha - metadireito e liberdade de expressão

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DECISÃO DO STF SOBRE AÇÃO DA MARCHA DA MACONHA (PROPOSTA POR DEBORAH DUPRAT)  Julgamento no STF q decidiu q marchas pela legalização de drogas não repr esentam apologia ao crime. A ação foi proposta em 2009 pela ice!"#$ %e&orah %uprat 'como (hefe )nterina da "#$* que defende a legalidade das marchas. A maioria das aç+es q tenta,am &arrar march as pela legalização de drogas - do " dos /stados enquanto que a ação que conseguiu a li&eração dos e,entos foi do inist-rio "1&lico da nião. As primeiras passeatas pela legalização da maconha surgiram no 3rasil no in4cio da d-cada de 2000 seguindo uma tend5ncia mundial q começou nos 60 anos anteriores. 7s e,entos são realizados tradicionalmente no m5s de maio e em quase todas as ediç+es hou,e pro&lemas com a li&eração na Justiça. P/ Deborah Duprat u!a "#terpreta$%o e&u"'oaa a *e+",*a$%o pe#a* te! *e'ao a -u,t"$a a pro"b"r a, !arha, pe*a *e+a*".a$%o e ro+a, E*a ". & !u"to, 0u1.e, t2! a#e*ao e,,e t"po e e'e#to a*e+a#o & !a#"3e,ta#te, e,t%o 3a.e#o apo*o+"a ao u,o e ro+a, Por4! o e#te#"!e#to re,tr"#+e o "re"to 3u#a!e#ta* a *"berae e e5pre,,%o E*a e3e#e & o CP (#o &ua* ,e ba,e"a! a, e",6e, 0u" "a", pro"b"# o !arha, a !ao#ha) e'e ,er re"#terpretao por ,er a#ter"or 7 Co#,t"tu"$%o e 89:: Se+u#o e*a e'e ,er ,up era a a '",%o po ,"t"'",ta (pe *a &u a* te 5to, *e +a ", #%o e 'e! ,er "#t erp retao,) E*a a;r !a & ,ua re,tr" $%o '"o *a <pr "# 1p"o 3u# a!e#ta* a or e! o#,t"tu"o#a*< Se+u# o e*a a *"berae e e5pre,,%o 4 u! <!eta"re"to< (p& 4 ba,e p/ & ,e 'erba*".e e ,e e5er$a o, e!a", "re"to,) N%o abe ao E,ta o 3a.er 0u1.o e 'a*ore, ,obre a e5 pr e, ,%o o "#" '1 uo E#erra#o ,ua ,u,te#ta$%o 3a. a#a*o+"a e#tre a, !arha, a !ao#ha e a pre,e#$a o e5=pre,"e#te (Fer#a#o He#r"&ue Caro,o) e! pro+ra!a, e T> tb e3e#e#o a e,r"!"#a*".a$%o e,,a ro+a O e5=pre,"e#te part""pa e +rupo e e,tuo, "#ter#a"o#a* ,obre o te!a e apare e e! o u!e#t?r"o e3e#e#o e,,a po,"$%o 7 ad,ogado arcos (hai&en da Associação 3rasileira de /studos Sociais do so de "sicoati,os 'A&esup* faz sustentação ressaltando a origem da proi&ição da maconha como um processo de segregação contra a população negra onde seu uso seria mais disseminado. %iz q o modelo pr oi&icionista não atingiu seu o&8eti ,o . /ncer ra sua sustentação ressaltando efeitos danosos da guerra s drogas e citando ,oto do falecido inistro (arlos Al&erto endes no 8ulgamento da :ei de )mprensa; </ntr e a li&erdade e a restrição de,e!se defender a li&erdade.< 7 ad,ogado :uciano Feldens do )nstituto 3rasileiro de (i5ncias (riminais t& defende q as manifestaç+es não se8am consideradas apologia ao crime. :em&ra q a ação não - p= dar direito aos manifestantes cometerem o ato criminoso 'consumir a droga* mas sim dar o direito de e>pressão e reunião. (ita inciso do art. ?@ (F; <todos podem reunir!se paci camente sem ar mas em locais a&er tos ao p1&lico independentemente de autor ização desde que não frustrem outra reunião anteriormen te con ,oc ada p= o mesmo local sendo apenas e>igido pr-,io a,iso autoridade competenteB. )ndaga se um partido pol4 ti co q incl u4 sse em seu pr ograma a descriminalização t& estaria incorrendo em apologia ao crime. /le conclamou o STF a dizer <um não ao Cdio e ,iol5ncia< referindo!se repressão pela pol4cia a manifestaç+es. inistro (elso de ello '$elator* diz q os conDitos em diferentes lugares mostra a diferença de interpretaç+es so&re o tema. Sustenta q os integrantes das marchas da maconha &uscam <conquistar pela força das ideias para conquistar coraç+es e mentes p= uma causa q consideram leg4timas<. :em&ra q o sistema democr Etico defende a diferença de opini+es. (onsiderou q a A&esup 'q passou a integrar a causa* não poderia incluir pedidos como a descriminalização do uso medicinal ou religioso entre outros da

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8/20/2019 Decisão STF - Marcha Da Maconha - Metadireito e Liberdade de Expressão

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DECISÃO DO STF SOBRE AÇÃO DA MARCHA DA MACONHA (PROPOSTA POR DEBORAH DUPRAT)

Julgamento no STF q decidiu q marchas pela legalização de drogas não representamapologia ao crime. A ação foi proposta em 2009 pela ice!"#$ %e&orah %uprat 'como(hefe )nterina da "#$* que defende a legalidade das marchas. A maioria das aç+es qtenta,am &arrar marchas pela legalização de drogas - do " dos /stados enquanto quea ação que conseguiu a li&eração dos e,entos foi do inist-rio "1&lico da nião.

As primeiras passeatas pela legalização da maconha surgiram no 3rasil no in4cio dad-cada de 2000 seguindo uma tend5ncia mundial q começou nos 60 anos anteriores.7s e,entos são realizados tradicionalmente no m5s de maio e em quase todas asediç+es hou,e pro&lemas com a li&eração na Justiça.

P/ Deborah Duprat u!a "#terpreta$%o e&u"'o a a a *e+",*a$%o pe#a* te!*e'a o a -u,t"$a a pro"b"r a, !ar ha, pe*a *e+a*".a$%o e ro+a, E*a ". &!u"to, 0u1.e, t2! a# e*a o e,,e t"po e e'e#to a*e+a# o & !a#"3e,ta#te,e,t%o 3a.e# o apo*o+"a ao u,o e ro+a, Por4! o e#te# "!e#to re,tr"#+e o

"re"to 3u# a!e#ta* a *"ber a e e e5pre,,%o E*a e3e# e & o CP (#o &ua* ,eba,e"a! a, e ",6e, 0u " "a", pro"b"# o !ar ha, a !a o#ha) e'e ,erre"#terpreta o por ,er a#ter"or 7 Co#,t"tu"$%o e 89:: Se+u# o e*a e'e ,er,upera a a '",%o po,"t"'",ta (pe*a &ua* te5to, *e+a", #%o e'e! ,er"#terpreta o,) E*a a;r!a & ,ua re,tr"$%o '"o*a <pr"# 1p"o 3u# a!e#ta* aor e! o#,t"tu "o#a*< Se+u# o e*a a *"ber a e e e5pre,,%o 4 u!<!eta "re"to< (p& 4 ba,e p/ & ,e 'erba*".e e ,e e5er$a o, e!a", "re"to,) N%o

abe ao E,ta o 3a.er 0u1.o e 'a*ore, ,obre a e5pre,,%o o "# "'1 uoE# erra# o ,ua ,u,te#ta$%o 3a. a#a*o+"a e#tre a, !ar ha, a !a o#ha e apre,e#$a o e5=pre," e#te (Fer#a# o He#r"&ue Car o,o) e! pro+ra!a, e T>tb e3e# e# o a e, r"!"#a*".a$%o e,,a ro+a O e5=pre," e#te part" "pa e+rupo e e,tu o, "#ter#a "o#a* ,obre o te!a e apare e e! o u!e#t?r"o

e3e# e# o e,,a po,"$%o

7 ad,ogado arcos (hai&en da Associação 3rasileira de /studos Sociais do so de"sicoati,os 'A&esup* faz sustentação ressaltando a origem da proi&ição da maconhacomo um processo de segregação contra a população negra onde seu uso seria maisdisseminado. %iz q o modelo proi&icionista não atingiu seu o&8eti,o. /ncerra suasustentação ressaltando efeitos danosos da guerra s drogas e citando ,oto do falecido

inistro (arlos Al&erto endes no 8ulgamento da :ei de )mprensa; </ntre a li&erdade e arestrição de,e!se defender a li&erdade.<

7 ad,ogado :uciano Feldens do )nstituto 3rasileiro de (i5ncias (riminais t& defende q

as manifestaç+es não se8am consideradas apologia ao crime. :em&ra q a ação não - p=dar direito aos manifestantes cometerem o ato criminoso 'consumir a droga* mas simdar o direito de e>pressão e reunião. (ita inciso do art. ?@ (F; <todos podem reunir!sepaci camente sem armas em locais a&ertos ao p1&lico independentemente deautorização desde que não frustrem outra reunião anteriormente con,ocada p= omesmo local sendo apenas e>igido pr-,io a,iso autoridade competenteB. )ndaga seum partido pol4tico q inclu4sse em seu programa a descriminalização t& estariaincorrendo em apologia ao crime. /le conclamou o STF a dizer <um não ao Cdio e ,iol5ncia< referindo!se repressão pela pol4cia a manifestaç+es.

inistro (elso de ello '$elator* diz q os conDitos em diferentes lugares mostra adiferença de interpretaç+es so&re o tema. Sustenta q os integrantes das marchas damaconha &uscam <conquistar pela força das ideias para conquistar coraç+es e mentes p=uma causa q consideram leg4timas<. :em&ra q o sistema democrEtico defende adiferença de opini+es. (onsiderou q a A&esup 'q passou a integrar a causa* não poderiaincluir pedidos como a descriminalização do uso medicinal ou religioso entre outros da

8/20/2019 Decisão STF - Marcha Da Maconha - Metadireito e Liberdade de Expressão

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maconha. 7 inistro lem&rou q a ação da "#$ propunha apenas uma interpretação doart. 2 G do (Cdigo "enal p= q não caracterizasse as marchas como apologia ao crimenão ca&endo associação o poder de <aditar ao pleito< 'acrescentar no,os pedidos*.%etalhando a questão do uso ritual da maconha em cerimHnia religiosa o inistrolem&rou q o uso restrito de outras su&stIncias alucinCgenas num conte>to religioso'especi cando o Santo %aime e a nião do egetal* 8E foi aceito pelo (onselho acionalde "ol4ticas So&re %rogasK mas o tema não ,ai ser tratado no 8ulgamento de ho8e por nãofazer parte da ação original da "#$. 7 inistro começa a ler seu ,oto so&re o m-rito da

ação dizendo q ela não &usca discutir e,entuais propriedades das drogas mas sim osdireitos de reunião e e>pressão. :em&ra q direitos de reunião e e>pressão sãoreconhecidos pela (onstituição e da %eclaração dos %ireitos Lumanos. <3usca!serea rmar o direito de qualquer cidadão em clima de li&erdade manifestar as suasopini+es< diz o ministro. )mp+e!se ao /stado numa sociedade democrEtica respeitar odireito de reunião a rma o inistro 'q citou ainda $ui 3ar&osa que em 6969 precisoude ha&eas corpus do STF para realizar um e,ento pol4tico na 3ahia proi&ido pela pol4cialocal*. (elso de ello cita precedentes de 8ulgamentos do STF defendendo os direitos dereunião e e>pressão incluindo A%) de 200G contra decisão do go,erno do %istritoFederal proi&indo manifestaç+es em di,ersos locais p1&licos. %ecis+es anterioresreiteram compromisso da (orte com a defesa das li&erdades do cidadão. %esrespeito dodireito de reunião pelo estado traduz ,iolação aos demais direitos. A praça ocupada pelopo,o se transforma no espaço mEgico onde as li&erdades Duem. 7 direito de reunião sCpode ser suprimido em situaç+es de a&soluta anormalidade institucional 'como osestados de defesa e s4tio*. inorias t& possuem o direito de reunião fundamental p=di,ulgação de suas ideias. esmo q se8am opini+es desagradE,eis de&ochadas oumesmo impopulares. "= ele a archa da aconha não incenti,a o consumo mas &uscae>pressar de forma organizada e pac4 ca opini+es d seus organizadores eparticipantes. A archa da aconha na a,aliação de (elso de ello - um mo,imentosocial leg4timo para a discussão das pol4ticas p1&licas so&re as drogas. o caso da

archa da aconha não hE defesa do trE co nem da posse. Trata!se de pautar

importante de&ate. 7 /stado não possui poder algum so&re ideias pensamentos eopini+es do cidadão. 7 direito de falar pensar e escre,er li,remente sem censura - o Mprecioso pri,il-gio do cidadão. )ncitação ao Cdio e ao preconceito não se inclui nessaproteção. /le lem&ra repressão ao con8unto "lanet Lemp acusado de apologia ao uso damaconha; foi uma interfer5ncia &rutal no processo de criação art4stica. /le lem&ra q%eodoro da Fonseca 6@ "residente da $ep1&lica mandou reprimir reuni+es decapoeiristas 'considerada crime na -poca*. Lo8e a roda de capoeira foi considerada pelo)phan patrimHnio imaterial do 3rasil. /le comenta artigo do e>!presidente FernandoLenrique t& defendendo a descriminalização da maconha. </le não esta,a fazendoapologia mas e>ercendo seu direito de e>por sua opinião. N um direito que cada um denCs tem. ão nos pode nos ser retirado por agente p1&lico. /le conclui seu ,otodeterminando que as marchas da maconha não representam apologia ao crime.:uiz Fu> condena a tentati,a do /stado de tutelar a li&erdade de e>pressão do cidadão./le se manifesta contra a participação de crianças e adolescentes em marchas damaconha. anifestação fa,orE,el descriminalização pressup+e a autonomia indi,idual'e pela lei menores não t5m essa autonomia*. /le lem&ra que a (onstituição procuraproteger a criança do consumo mesmo de drogas l4citas. /le ,ota c= o relator que asmarchas da maconha não são apologia ao crime mas defende que menores não de,amparticipar.

(Ermen :1cia começa ressaltando o espaço democrEtico da praça lem&rando q <a praçafoi negada< na sua geração. /nfatiza necessidade da tolerIncia e de ou,ir o outro.< archas como essa mostram a necessidade de tolerar discutir e chegar a um no,oconsenso. ão hE democracia intolerante<. /la concorda integralmente com o $elator.(onclui dizendo q não se de,e temer pala,ras.

8/20/2019 Decisão STF - Marcha Da Maconha - Metadireito e Liberdade de Expressão

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$icardo :eOandoOsPi diz q marcha - uma reunião em mo,imentoK logo protegida pelodireito. 7 conceito de droga no mundo não - uniforme; durante a :ei Seca nos / A oElcool era proi&ido e duramente reprimido.

AQres 3ritto cita decisão de um tri&unal canadense dizendo q não se pode confundir acriminalização da conduta c= o de&ate da prCpria criminalização. 7 caso em questãofala,a de um li,ro so&re a li&eralização das drogas. A li&erdade de e>pressão - a maiore>pressão da li&erdade. N l4cito discutir qq tema.

/llen #race ,otou rapidamente e acompanhou o relator ele,ando o placar p= R a 0.

arco Aur-lio diz q a interpretação de q a defesa da descriminalização - apologia sechoca c= a li&erdade de e>pressão e acrescenta q o prCprio conceito do q - crime ,aria.< uantos herCis nacionais não eram criminosos de acordo c= a lei do tempo em qpraticaram seus atos < 7 direito de e>pressão age p= impedir q o /stado trate umaopinião de forma fa,orE,el ou desfa,orE,el. :i&erdade de e>pressão não - o direito defalar sC o q as pessoas querem ou,ir ! e>iste p= proteger as manifestaç+es q incomodamagentes p1&licos e pri,ados.

7 "residente do STF ' inistro (ezar "eluso* diz q o #o,erno não pode proi&ir e>press+es,er&ais ou não ,er&ais sC pq a socieade as considera ofensi,as ou contrErias aopensamento dominante. :ogo neste caso o STF de,e agir contrama8oritariamente.

Termina o 8ulgamento. "or unanimidade ' a 0* o STF conclui que as marchas pelalegalização da maconha não constituem apologia ao crime.