decisão monocr 0001

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  Superior Tribunal de Justiça AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 646.114 - SP (2014/ 0340869-9)  RELATOR  : MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEV A AGRAVANTE : ARMEN YEGHIA ASDOURIAN ADVOGADO :  J OSÉ ROGÉRIO CRUZ E TUCCI AGRAVANTE : NILZE GIUDUGLI SANCHEZ ADVOGADO : NADER DAL COLLETTO ULEIQ AGRAVADO : MARIANA CARVALHO AGRAVADO :  J B C C (MENOR) REPR. POR : MARIANA CARVALHO ADVOGADO : ANDRÉA SUTANA DIAS AGRAVADO :  TOKI O MARINE BRASIL SEGURADORA S/ A ADVOGADO : ROBERTA NIGRO FRANCISCATTO INTERES. : GUSTAVO SANCHES ASDOURIAN DECISÃO  Tr at a-se de agrav o con t r a decis ão qu e inadmitiu recurso especial interposto por ARMEN YEGHIA ASDOURIAN. O apelo extremo, fundamentado no artigo 105, inciso III, alínea "a" e "c", da Constituição Federal, insurge-se contra acórdão proferido pelo Tribunal de J u st i ça do Estado de São Paulo assim ementado: "  Acidente de trânsito. Ação de indenização  por danos morais e materiais,  pr omovi da contra o autor do ilícito e, solidariamente, contra seus pais. Exclusão destes últimos do pólo  pa ssivo da lide, extinto o feito com relação a eles, com  pr ossegu imento qua nto ao  fi lh o, menor de 21 anos de idade. 1. Aplicável o pri ncí pio da fungibili dade a recurso de apelação manejado em lugar de agravo de instrumento, sobretudo quando interposto no prazo menor e diante de fundada dúvida sobre qual recurso seria o efetivamente cabível. 2. Ocorrido o acidente quando ainda em vigor o Código Civil de 1916, obedecido o princípio tempus regit actum, ostentam os pais responsabilidade solidária para integrarem com o  fi lh o de 20 anos de idade o pólo  pa ssivo de ação indenizatória  pr omovi da  pela s vítimas. Inteligê ncia dos art igo s 1518 e 1 521, d o CC/ 1916. Precedentes do STJ. 3. Recurso  pr ovid o" (fl. 840 e-STJ). Nas razões do especial, além de dissídio jurisprudencial, a agravante alegou violação do art. 522 do Código de Processo Civil, pois impunha-se o decreto de não conhecimento do recurso de apelação, visto que o recurso cabível contra decisão interlocutória implicativa da extinção parcial do processo, em relação a algum dos litisconsortes passivos, é o agravo de instrumento, não sendo aplicável ao caso o princípio da fungibilidade recursal. Apontou, ainda, contrariedade aos arts. 156 e 1.521 do Código Civil de 1916, porque o acórdão recorrido atribuiu responsabilidade solidária aos pais do autor do ilícito sem qualquer justificativa plausível. Registrou que o menor à época dos fatos era habilitado e dirigia veículo de sua pr opri edade, por isso não há falar em responsabil idade solidár ia dos ge n it ores. Documento: 45728322 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 09/04/2015 Página 1 de 4

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STJ - recurso de apelação em lugar de agravo de instrumento

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7/18/2019 Decisão Monocr 0001

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 Superior Tribunal de Justiça 

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 646.114 - SP (2014/0340869-9) 

RELATOR   : MINISTRO RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA

AGRAVANTE : ARMEN YEGHIA ASDOURIAN

ADVOGADO :  JOSÉ ROGÉRIO CRUZ E TUCCIAGRAVANTE : NILZE GIUDUGLI SANCHEZADVOGADO : NADER DAL COLLETTO ULEIQAGRAVADO : MARIANA CARVALHOAGRAVADO :  J B C C (MENOR)REPR. POR : MARIANA CARVALHOADVOGADO : ANDRÉA SUTANA DIASAGRAVADO :  TOKIO MARINE BRASIL SEGURADORA S/AADVOGADO : ROBERTA NIGRO FRANCISCATTOINTERES. : GUSTAVO SANCHES ASDOURIAN

DECISÃO

 Trata-se de agravo contra decisão que inadmitiu recurso especial interposto por

ARMEN YEGHIA ASDOURIAN. O apelo extremo, fundamentado no artigo 105, inciso III, alínea

"a" e "c", da Constituição Federal, insurge-se contra acórdão proferido pelo Tribunal de  Justiça

do Estado de São Paulo assim ementado:

"  Acidente de trânsito. Ação de indenização  por danos morais e materiais, promovida contra o autor do ilícito e, solidariamente, contra seus pais. Exclusãodestes últimos do pólo  passivo da lide, extinto o feito com relação a eles, com

 prosseguimento quanto ao filho, menor de 21 anos de idade.

1. Aplicável o princípio da fungibilidade a recurso de apelação manejado em lugarde agravo de instrumento, sobretudo quando interposto no prazo menor e diantede fundada dúvida sobre qual recurso seria o efetivamente cabível.2. Ocorrido o acidente quando ainda em vigor o Código Civil de 1916, obedecidoo princípio tempus regit actum, ostentam os pais responsabilidade solidária paraintegrarem com o  filho de 20 anos de idade o pólo  passivo de ação indenizatória promovida  pelas vítimas. Inteligência dos artigos 1518 e 1521, do CC/1916.Precedentes do STJ.3. Recurso  provido" (fl. 840 e-STJ).

Nas razões do especial, além de dissídio jurisprudencial, a agravante alegou

violação do art. 522 do Código de Processo Civil, pois impunha-se o decreto de não

conhecimento do recurso de apelação, visto que o recurso cabível contra decisão interlocutória

implicativa da extinção parcial do processo, em relação a algum dos litisconsortes passivos, é o

agravo de instrumento, não sendo aplicável ao caso o princípio da fungibilidade recursal.

Apontou, ainda, contrariedade aos arts. 156 e 1.521 do Código Civil de 1916,

porque o acórdão recorrido atribuiu responsabilidade solidária aos pais do autor do ilícito sem

qualquer justificativa plausível.

Registrou que o menor à época dos fatos era habilitado e dirigia veículo de sua

propriedade, por isso não há falar em responsabilidade solidária dos genitores.Documento: 45728322 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 09/04/2015 Página 1

 

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 Superior Tribunal de Justiça 

Por fim, pugnou pela anulação do v. acórdão recorrido com o consequente não

conhecimento do recurso de apelação.

Com as contrarrazões e inadmitido o recurso na origem, sobreveio o presente

agravo, no qual se busca o processamento do apelo nobre.

 É o relatório.

DECIDO.

Ultrapassados os requisitos de admissibilidade do agravo, passa-se ao exame do

recurso especial.

A irresignação merece prosperar.

O acórdão recorrido está em dissonância com a orientação desta Corte no

sentido de que não cabe apelação contra decisão que, antes da sentença, reconhece a

ilegitimidade de alguma das partes sendo, além disso, incabível a aplicação do princípio da

fungibilidade recursal, consoante se observa dos seguintes precedentes:

"AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSUAL CIVIL. EXCLUSÃO DE ALGUMA DASPARTES DO PÓLO PASSIVO. RECURSO CABÍVEL. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIODA FUNGIBILIDADE. DESCABIMENTO.1.- Segundo a juris pru dência des ta Corte , éin cabível r e cu rso d e Apelaçãoem face de dec isão que reconhece a i l eg i t im idade d e a lguma das partes,antes d a pro la tação da se n tença.

2.- Diante d a au sênc ia d e dúvida objet iva e do reconhec imento d e er rogrosse i ro , mostra -se in v iáve l a ap l ic ação do p ri n cípi o da f ung ib i l i daderecursa l .3.- Agravo Regimental improvido ".(AgRg nos EDcl no Ag 1.303.939/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,  TERCEIRA

 TURMA, julgado em 09/08/2011, DJe 22/08/2011 - grifou-se)

"PROCESSUAL CIVIL. ILEGITIMIDADE PASSIVA DE LITISCONSORTE.EXCLUSÃO DA LIDE. RECURSO CABÍVEL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.1. O agravo d e i n s t rum en to é o r e cu rso cabível para desaf iar ato ju d ic ial que

exc lu i l i t i sconsor te pass ivo – no caso , o Banco do Bras i l S/A –, mas não põe

te rmo ao processo, o qual p rossegue em relação ao ou t ro réu, i s to é, a Un ião .  Precedentes.2. Recurso especial não provido ".(REsp 1.168.312/PE, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado

em 16/03/2010, DJe 26/03/2010 - grifou-se)

"PROCESSUAL CIVIL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. PROCEDÊNCIA.EXCLUSÃO DE PRETENSO CO-DEVEDORA. RECURSO CABÍVEL. DECISÃOINTERLOCUTÓRIA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. APELAÇÃO. INCABIMENTO.I. Com natureza d e d eci são interlocutória, o p ronunc i amen to  ju r isd ic io n alque reconhece a i l eg i t im idade passiva de co-devedora em exceção d e

pré-exe cu tiv id ad e desaf ia agravo d e i ns t rum ento , e não apelação .

II. Impossibilidade de aplicação do princípio da fungibilidade recursal.Precedentes.

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 Superior Tribunal de Justiça 

III. Agravo desprovido ".(AgRg no REsp 1.055.585/MG, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO  JUNIOR,QUARTA TURMA, julgado em 06/08/2009, DJe 08/09/2009 - grifou-se)

"PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. EXCLUSÃODE SÓCIO COOBRIGADO POR ILEGITIMIDADE PASSIVA. DECISÃOINTERLOCUTÓRIA. INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE APELAÇÃO.INADMISSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADERECURSAL. IMPOSSIBILIDADE.1. A  ju r isp rudênc ia do STJ  já conso l idou o en t end imen to d e que não cabeApelação con t ra dec isão que, antes da sen tença, reco nh ece a i l eg i t im idaded e a lguma das par tes.2. Diante d a au sênc ia d e dúvida objet iva e do reconhec imento d e er rogrosse i ro , mostra -se in v iáve l a ap l ic ação do p ri n cípi o da f ung ib i l i daderecursa l na h ipótese dos au tos .

3. Agravo Regimental não provido ".(AgRg no REsp 732.567/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 16/10/2008, DJe 19/12/2008 - grifou-se)

Incide, na espécie, a Súmula nº 83/STJ, segundo a qual "Não se conhece do

recurso especial  pela divergência, quando a orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido

da decisão recorrida ", aplicável a ambas as alíneas autorizadoras.

Nesse sentido os seguintes julgados:

"AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - (...) - DECISÃODO ACÓRDÃO REGIONAL EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTODESTA CORTE - INCIDÊNCIA DA SÚMULA/STJ 83 - DECISÃO AGRAVADAMANTIDA - IMPROVIMENTO.(...) 2.- Aplica-se o Enunciado nº 83 da Súmula do Superior Tribunal de Justiçaquando o recurso especial tiver  fundamento nas alíneas a e c do  permissivoconstitucional. (...) ".(AgRg no AREsp 10.808/SE, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,  TERCEIRA TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 01/07/2011)

"(...) SÚMULA 83 DO STJ. RECURSO ESPECIAL PELA ALÍNEA 'A'.

PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. SÚMULA 291/STJ.1. A  jurisprudência do STJ entende que a Súmula 83 não se restringe aosrecursos especiais interpostos com  fundamento na alínea 'c' do  permissivoconstitucional, sendo também aplicável nos recursos fundados na alínea 'a'.(...) ".(AgRg no Ag 1.151.950/DF, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA

 TURMA, julgado em 07/04/2011, DJe 29/04/2011)

Ante o exposto, conheço do agravo para dar provimento ao recurso especial e

determinar o retorno dos autos à Corte de origem, a fim de que seja apreciado o agravo de

instrumento interposto pelos recorridos.

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 Superior Tribunal de Justiça 

Publique-se.

Intimem-se.

Brasília (DF), 20 de março de 2015.

Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVARelator

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