decisÃo liminar - indeferindo pedido liminar em ms

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MANDADO DE SEGURANÇA Nº 5005215-37.2012.404.7101/RS IMPETRANTE : THOMAS K.L. INDÚSTRIA DE ALTO FALANTES LTDA. ADVOGADO : RENATO ROMEU RENCK JÚNIOR : Samuel de Oliveira Fritz IMPETRADO : INSPETOR DA ALFÂNDEGA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL NO PORTO DE RIO GRANDE MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL INTERESSADO : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL DECISÃO (LIMINAR/ANTECIPAÇÃO DA TUTELA) THOMAS K. L. INDÚSTRIA DE ALTO FALANTES LTDA ajuizou o presente mandado de segurança preventivo contra ato do INSPETOR-CHEFE DA ALFÂNDEGA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL NO PORTO DE RIO GRANDE, postulando, em sede de liminar: 'seja concedida a liminar a fim de que a autoridade coatora se abstenha de exigir as contribuições sociais do PIS-importação e da COFINS-importação, previstas na Lei nº 10.865/2004, sobre o ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e sobre o valor das próprias contribuições, afastando, por conseqüência, a utilização da fórmula prevista na Instrução Normativa 572/2005 para o cálculo das contribuições uma vez que nesta fórmula as alíquotas do IPI e do II também refletem no resultado, elegendo por base de cálculo montante outro que não apenas o 'valor aduaneiro', tal como disciplinado no Decreto-Lei nº 37/66 e artigo 77 do Decreto nº 4.543/2002 (Regulamento Aduaneiro), quando do desembaraço das mercadorias importadas pela impetrante que encontram-se depositadas no TECOM do Porto de Rio Grande até decisão final do presente mandamus, onde se espera a concessão definitiva da medida'. 'Requer também que a MEDIDA LIMINAR seja concedida em caráter preventivo para que a impetrante preencha e registre as Declarações de Importação referente a TODOS OS DESEMBARAÇOS DAS MERCADORIAS IMPORTADAS PELA IMPETRANTE, informando que a base de cálculo para pagamento do PIS e da COFINS sobre as importações será unicamente o valor aduaneiro, tal como disciplinado no Regulamento Aduaneiro, ou seja, sem a inclusão na base de cálculo das referidas contribuições do ICMS, do PIS-Importação e da COFINS-Importação, afastando a utilização da fórmula da IN 572/2005 a qual ainda inclui, ainda que indiretamente na base de cálculo, o IPI e o II'. Para tanto, disse que importa habitualmente partes e peças para a fabricação de alto-falantes automotivos. Narrou, inicialmente, que em situações similares, de caráter individual, foram deferidas várias medidas liminares, bem como sentenças concedendo a segurança pleiteada, sendo todas elas distribuídas em Novo Hamburgo uma vez que a impetrante vinha realizando o desembaraço de suas importações naquela cidade. Relatou que pretende utilizar uma única ação para obter o direito líquido e certo, pretendendo a unicidade do procedimento adotado perante a Alfândega de Rio Grande, ao invés

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Page 1: DECISÃO LIMINAR - INDEFERINDO PEDIDO LIMINAR EM MS

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 5005215-37.2012.404.7101/RS

IMPETRANTE : THOMAS K.L. INDÚSTRIA DE ALTO FALANTES LTDA.

ADVOGADO : RENATO ROMEU RENCK JÚNIOR

: Samuel de Oliveira Fritz

IMPETRADO :INSPETOR DA ALFÂNDEGA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL

NO PORTO DE RIO GRANDE

MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

INTERESSADO : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

DECISÃO (LIMINAR/ANTECIPAÇÃO DA TUTELA)

THOMAS K. L. INDÚSTRIA DE ALTO FALANTES LTDA ajuizou o presentemandado de segurança preventivo contra ato do INSPETOR-CHEFE DA ALFÂNDEGA DARECEITA FEDERAL DO BRASIL NO PORTO DE RIO GRANDE, postulando, em sede deliminar:

'seja concedida a liminar a fim de que a autoridade coatora se abstenha de exigir as

contribuições sociais do PIS-importação e da COFINS-importação, previstas na Lei nº

10.865/2004, sobre o ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e sobre o valor das

próprias contribuições, afastando, por conseqüência, a utilização da fórmula prevista naInstrução Normativa 572/2005 para o cálculo das contribuições uma vez que nestafórmula as alíquotas do IPI e do II também refletem no resultado, elegendo por base de

cálculo montante outro que não apenas o 'valor aduaneiro', tal como disciplinado no

Decreto-Lei nº 37/66 e artigo 77 do Decreto nº 4.543/2002 (Regulamento Aduaneiro),quando do desembaraço das mercadorias importadas pela impetrante que encontram-sedepositadas no TECOM do Porto de Rio Grande até decisão final do presentemandamus, onde se espera a concessão definitiva da medida'.

'Requer também que a MEDIDA LIMINAR seja concedida em caráter preventivo para

que a impetrante preencha e registre as Declarações de Importação referente a TODOS

OS DESEMBARAÇOS DAS MERCADORIAS IMPORTADAS PELA IMPETRANTE,informando que a base de cálculo para pagamento do PIS e da COFINS sobre asimportações será unicamente o valor aduaneiro, tal como disciplinado no RegulamentoAduaneiro, ou seja, sem a inclusão na base de cálculo das referidas contribuições doICMS, do PIS-Importação e da COFINS-Importação, afastando a utilização da fórmulada IN 572/2005 a qual ainda inclui, ainda que indiretamente na base de cálculo, o IPI eo II'.

Para tanto, disse que importa habitualmente partes e peças para a fabricação dealto-falantes automotivos. Narrou, inicialmente, que em situações similares, de caráterindividual, foram deferidas várias medidas liminares, bem como sentenças concedendo asegurança pleiteada, sendo todas elas distribuídas em Novo Hamburgo uma vez que a impetrantevinha realizando o desembaraço de suas importações naquela cidade.

Relatou que pretende utilizar uma única ação para obter o direito líquido e certo,pretendendo a unicidade do procedimento adotado perante a Alfândega de Rio Grande, ao invés

Page 2: DECISÃO LIMINAR - INDEFERINDO PEDIDO LIMINAR EM MS

de uma ação individual para cada lote de mercadoria.

Sustentou que o entendimento da autoridade coatora em relação ao cumprimentodo artigo 7°, inciso I ,da Lei 10. 865/2004 é de que há incidência de PIS e da COFINS sobre aimportação destes bens, calculada a uma base de cálculo que agrega ao valor aduaneiro o valordo ICMS e do valor das próprias contribuições incidentes sobre os bens importados.

Defendeu o seu direito liquido e certo de efetuar o desembaraço aduaneiro,recolhendo as referidas contribuições unicamente a partir do conceito jurídico de valoraduaneiro (valor da mercadoria + frete + seguro), afastando-se, destarte, a utilização da fórmulaprevista na Instrução Normativa 572/2005, uma vez que as alíquotas do IPI e II também refletemno resultado.

Requereu a concessão de liminar. Defendeu que se encontram presentes osrequisitos do fumus boni iuris e do periculum in mora.

Este Juízo proferiu decisão, no evento 4, determinando emenda à inicial para que aimpetrante indicasse o correto valor da causa e procedesse ao recolhimento das custascomplementares.

Foi atendido o determinado (evento 7). É o breve relatório. Decido. Consoante dispõe o artigo 7º, III, da Lei 12.016/09, a liminar em mandado de

segurança poderá ser concedida 'quando houver fundamento relevante e do ato impugnadopuder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigirdo impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento àpessoa jurídica'.

Da análise dos autos, verifica-se que não se encontra presente o periculum in

mora. Em que pese o caráter preventivo do presente mandado de segurança, depreende-

se que o impetrante visa provimento judicial para que a base de cálculo para pagamento do PIS eda COFINS, no desembaraço aduaneiro de todas as mercadorias importadas, obedeçaunicamente ao valor aduaneiro, ou seja, sem a inclusão na base de cálculo das referidascontribuições do ICMS, do PIS-Importação e da COFINS-Importação, afastando a utilização dafórmula da Instrução Normativa 572/2005, tratando-se, portanto, de prejuízo estritamentepatrimonial.

Tenho que o prejuízo estritamente patrimonial, como o apontado no caso dosautos, não configura risco de ineficácia da medida pelo aguardo da prolação da decisão final.

Registre-se que o mandado de segurança possui rito célere, havendo brevidade na

solução do litígio, e, entre a apreciação da liminar e a sentença há, tão somente, a intervenção doMinistério Público Federal, não restando, portanto, inócuo seu pedido se somente forconcedido ao final.

Page 3: DECISÃO LIMINAR - INDEFERINDO PEDIDO LIMINAR EM MS

Tal celeridade, ademais, restou majorada com o advento do processo eletrônico. Ante o exposto, INDEFIRO A LIMINAR.

Recebo a petição do evento 7 como emenda à inicial.

Retifique-se o valor atribuído a causa para que passe a constar R$ 500.000,00.

Notifique-se a autoridade impetrada para prestação de informações, no prazolegal.

Intimem-se, inclusive a Procuradoria da Fazenda.

Após, dê-se vista ao Ministério Público Federal.

Por fim, venham os autos conclusos para sentença.

Rio Grande, 08 de agosto de 2012.

Cristiano Estrela da SilvaJuiz Federal Substituto na Titularidade Plena

Documento eletrônico assinado por Cristiano Estrela da Silva, Juiz Federal Substituto na

Titularidade Plena, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 eResolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do

documento está disponível no endereço eletrônico http://www.jfrs.jus.br/processos/verifica.php, mediante o

preenchimento do código verificador 8556557v4 e, se solicitado, do código CRC 3E5EC290.

Informações adicionais da assinatura:

Signatário (a): Cristiano Estrela da Silva

Data e Hora: 09/08/2012 15:45