decisão 9ª câmara de direito público tj sp proibição juros de mora superiores selic
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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Despacho
Agravo de Instrumento Processo nº 0146657-57.2013.8.26.0000
Relator(a): OSWALDO LUIZ PALUÓrgão Julgador: 9ª CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO
AG. DE INSTRUMENTO nº
0146657-57.2013.8.26.0000
COMARCA : SÃO PAULO
AGRAVANTE: NC GAMES & ARCADES
COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E
LOCAÇÃO DE FITAS E MÁQUINAS LTDA.
AGRAVADA : PROCURADOR GERAL DO ESTADO
DE SÃO PAULO
MM. Juiz de 1.ª instância: Adriano Marcos Laroca
1. Cuida-se de Agravo
de Instrumento interposto contra r.
decisão de f. 184 que, nos autos da
ação mandamental impetrada por NC
GAMES & ARCADES COMÉRCIO,
IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E LOCAÇÃO DE
FITAS E MÁQUINAS LTDA. em face do
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PROCURADOR GERAL DO ESTADO DE SÃO
PAULO, indeferiu a liminar pretendida.
Inconformada, insurge-se a impetrante
ao argumento de que os juros de mora
incidentes sobre dívida tributária
parcelada são abusivos, e calculados
de acordo com os artigos 86 e 96 da
Lei Estadual n.º 6.374/89, com a
redação dada pela Lei n.º 13.918/2009,
que foi julgada inconstitucional pelo
C. órgão Especial desta E. Corte,
determinando a interpretação da lei
originária de acordo com a CF.
Destarte, a taxa de juros incidente na
espécie não pode exceder aquela
utilizada pela União na cobrança de
seus créditos, ou seja, juros SELIC.
Deste modo, a consolidação do débito
de acordo com o Plano Especial de
Parcelamento segundo juros acima da
taxa SELIC se consubstancia em ato
coator ao seu direito líquido e certo
à correção de seu débito em
consonância com juros iguais ou
inferiores àqueles praticados pela
União. As taxas de juros praticadas
pela FESP sofreram brusca modificação,
baseada na controvertida norma
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superveniente, que redundou em
elevadíssima taxa de juros, que
extrapola a razoabilidade e a
proporcionalidade. O art. 145, do CTN
permite a modificação do lançamento
tributário em virtude de impugnação
administrativa ou judicial do
contribuinte, por meio de recurso de
ofício ou por iniciativa do próprio
tributante. Ademais, o art. 149, inc.
III, do referido diploma legal permite
a revisão ex officio por parte do
Fisco, quando presentes as hipóteses
de lançamento de ofício. Por tais
razões, pugna pela antecipação da
tutela e o acolhimento integral do
recurso.
2. Concedo a liminar
pleiteada, nos termos do art. 527,
III, combinado com o art. 558, ambos
do Código de Processo Civil, para
suspender os efeitos da r. decisão
agravada até o julgamento do presente
recurso pelo mérito, porquanto em
análise perfunctória, que é a única
possível neste momento processual, e
sendo estreitíssima a via de atuação
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do magistrado nessa esfera de cognição
sumária, verifica-se que a agravante
demonstrou a plausibilidade do direito
invocado, bem como a possibilidade de
risco de dano de difícil reparação,
tendo em vista a declaração de
inconstitucionalidade da Lei Estadual
n.º 13.918/09, proferida pelo C. Órgão
Especial, desta E. Corte, em
consonância com o entendimento
esposado pelo E. Supremo Tribunal
Federal na ADI n.º 442.
Trata-se de matéria que
o C. Órgão Especial deste Tribunal de
Justiça já definiu como
inconstitucional e a instância
monocrática parece desconhecer o teor
ou a força de tal precedente.
Fica impedida a Fazenda
Pública, até decisão em contrario
deste Tribunal, de aplicar ao caso a
Lei n.º 13.918/09, no que concerne
aos juros, como se disse, fundado em
lei estadual inconstitucional.
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Comunique-se com
urgência.
3. Intime-se a agravada
para contraminuta, tornando os autos,
a seguir, a conclusão.
São Paulo, 26 de julho de 2013.
Oswaldo Luiz Palu
Relator