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Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Elétrica Graduação em Engenharia Biomédica DÉBORA PEREIRA SALGADO REALIDADE VIRTUAL E TECNOLOGIA ASSISTIVA: AMBIENTE SEGURO PARA TREINAMENTO DE CADEIRANTES CONTROLADO POR SINAIS ELETROMIOGRÁFICOS Uberlândia 2016

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Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Elétrica

Graduação em Engenharia Biomédica

DÉBORA PEREIRA SALGADO

REALIDADE VIRTUAL E TECNOLOGIA ASSISTIVA: AMBIENTE SEGURO PARA TREINAMENTO DE CADEIRANTES CONTROLADO

POR SINAIS ELETROMIOGRÁFICOS

Uberlândia 2016

DÉBORA PEREIRA SALGADO

REALIDADE VIRTUAL E TECNOLOGIA ASSISTIVA: AMBIENTE SEGURO PARA TREINAMENTO DE CADEIRANTES CONTROLADO

POR SINAIS ELETROMIOGRÁFICOS

Trabalho apresentado como requisito parcial de avaliação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Biomédica da Universidade Federal de Uberlândia.

Orientador: Eduardo Lázaro Martins Naves

______________________________________________

Assinatura do Orientador

Uberlândia 2016

Dedico este trabalho à minha família, pelo

estímulo, carinho e compreensão.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Eurico e Marilza pelo carinho, apoio e por estarem sempre

presentes e me incentivando a ir atrás dos meus objetivos.

Aos meus irmãos Augusto e Eduardo por todo o carinho e me encorajar a ser uma

pessoa melhor.

Ao Rainer pelo carinho, compreensão e por ser sempre a pessoa a me encorajar a

seguir adiante, não importando o tamanho das dificuldades.

Ao Prof. Eduardo Lázaro Martins Naves pelo incentivo, motivação e orientação

durante a graduação e pela oportunidade de realizar este trabalho.

Aos meus amigos, em especial à Felipe Roque Martins e Ludymila Ribeiro Borges,

pela paciência com as minhas perguntas, questionamentos e principalmente pelos

ensinamentos feitos ao longo deste trabalho.

Ao Prof. Edgard Afonso Lamounier Junior e Adriano Oliveira Andrade pela

oportunidade de mostrar o meu trabalho e pelos ensinamentos passados na minha

vida acadêmica.

Aos colegas da Faculdade de Engenharia Elétrica, em especial aos colegas do

Programa de Educação Tutorial, por todos os aprendizados durante o tempo que

participei do grupo.

A todos os funcionários da Faculdade de Engenharia Elétrica e os demais institutos

da Universidade Federal de Uberlândia com quem tive a oportunidade de conviver,

pela dedicação no serviço e pelos conhecimentos trocados.

RESUMO

Este trabalho baseia-se no projeto de controle de uma cadeira de rodas virtual por

meio de sinais de eletromiografia de superfície (sEMG) desenvolvido por Silva

(2013). O trabalho apresentado é uma versão modular em uma plataforma mais

flexível e atualizada. Além disso, este módulo faz parte de um sistema integrado

com design centrado no usuário para controle multimodal de uma cadeira de rodas.

O objetivo é de que o módulo seja uma ferramenta de treinamento para usuários

que venham a utilizar o acionamento por sEMG numa cadeira de rodas motorizada

(CRM) real de forma autônoma e segura. A metodologia proposta baseia-se na

utilização Realidade Virtual (RV) para desenvolver uma Tecnologia Assistiva (TA)

e, para tanto, foi utilizado um ambiente virtual desenvolvido na plataforma Unity

para desenvolver a interface e o controle do sistema. A aquisição do sinal entrada

foi feita através de um sensor EMG acoplado a um microcontrolador, com o

processamento e filtragem do sinal feito de forma embarcada. Os resultados do

projeto mostraram que o módulo é uma alternativa para treinamento seguro para

usuários de cadeiras de rodas motorizadas com grave deficiência motora,

entretanto, existe uma necessidade de novos testes com novas técnicas de

processamento para melhorar o seu desempenho.

Palavras-chave: tecnologia assistiva, realidade virtual, design centrado no usuário,

sinais de eletromiografia, sistema embarcado.

ABSTRACT

This work is based on a project about of virtual electric wheelchair controlled by

electromyography signals developed by Silva, 2013. The presented work is a

modular version of a more flexible and updated platform. In addition, this module

belong there is an embedded system centered design for multimodal user control a

wheelchair. The goal is that the module is a training tool for users who will use the

drive by sEMG a real motorized chair autonomously and safely. The proposed

methodology is based on the use of Virtual Reality (VR) to develop an Assistive

Technology (AT), therefore, a virtual environment developed on the Unity platform

to develop the interface and control of the system was used, the acquisition of the

input signal was done through an EMG sensor coupled to the Arduino, a single

board hardware electronics prototyping platform designed with a microcontroller,

processing and filtering the signal was developed embedded form in order that the

Arduino only send a command like trigger (trigger) for the interface presented to the

user in the simulator. The results of the project showed that the module is an

alternative to secure training for users of motorized wheelchairs with severe

physical disabilities, however, there is a need for new tests with new processing

techniques to improve their performance.

Keywords: assistive technology, virtual reality, user-centered design,

electromyography signals, embedded system

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Esquema geral de uma cadeira motorizada. ................................................. 17

Figura 2- Diagrama de blocos do sistema de controle pelo movimento da cabeça ... 19

Figura 3 - Diagrama de blocos do sistema de controle por voz. .................................... 20 Figura 4 - Representação do sistema de conexão entre a cadeira e o smartphone. . 21 Figura 5 - Headset TDS e a configuração experimental ................................................. 22

Figura 6 - Headset Emotiv EPOC – sensor EEG ............................................................. 24 Figura 7- Diagrama de Blocos do sistema de controle de uma CRM por EMG. ......... 25

Figura 8 - Protótipo do sistema de Interface de controle sem às mãos. (a) mostra o protótipo do dispositivo vestível e a Figura 8 (b) quadro geral do sistema. ................. 29

Figura 9 - Diagrama de Blocos Simplificado do Sistema de Controle da Cadeira Virtual por sEMG. ................................................................................................................... 31

Figura 10 - Diagrama de Blocos Detalhado do Sistema de Controle da Cadeira Virtual por sEMG. ................................................................................................................... 31 Figura 11 - Ilustração de um eletrodo de superfície de placa metálica. ....................... 32 Figura 12 - Eletrodos posicionados na configuração bipolar. ......................................... 33

Figura 13 - Equipamento MyoSystemBr1 .......................................................................... 33 Figura 14 - Sensor Myoware Fonte: (Datasheet Myoware,2016). ................................. 34

Figura 15 - Layout do Sensor Myoware. Fonte: (Datasheet Myoware ,2016). ............ 34 Figura 16 - Ilustração do Arduino. Fonte: (Datasheet Arduino,2016). .......................... 35

Figura 17 - Simulador Virtual ViEW na vista em primeira pessoa. Fonte:(SILVA et al., 2013). ....................................................................................................................................... 36 Figura 18 - Simulador Virtual ViEW na visão lateral. Fonte: :(SILVA et al., 2013). .... 37

Figura 19 - Simulador Virtual uViEW na visão em primeira pessoa. ............................. 37

Figura 20 - Simulador Virtual uViEW na vista lateral. ...................................................... 38 Figura 21 - lustração dos músculos selecionados para aquisição do sinal EMG. ...... 39

Figura 22 - Ilustração do posicionamento do sensor no músculo. ................................ 39 Figura 23 - Ilustração da ligação do Sensor no Arduino. ................................................ 40

Figura 24 - Fluxograma da rotina do processamento da Trigger. ................................. 41 Figura 25 - Histograma de uma Distribuição Normal. ...................................................... 42 Figura 26 - Diagrama de Blocos da comunicação do dispositivo de entrada. ............. 43

Figura 27 - Diagrama de Blocos da comunicação do dispositivo da interface. ........... 44

Figura 28 - Interface de controle proposta para uma cadeira de rodas real, primeira janela. ...................................................................................................................................... 45

Figura 29 - Interface de controle proposta para uma cadeira de rodas real, segunda janela ....................................................................................................................................... 45

Figura 30 - Interface de controle desenvolvida para a cadeira de rodas virtual, primeira tela. ........................................................................................................................... 46

Figura 31 - Interface de controle desenvolvida para a cadeira de rodas virtual, segunda tela. .......................................................................................................................... 46 Figura 32 - Mensagem ao usuário avisando que o sensor está desconectado .......... 47 Figura 33 - Teste do projeto. ................................................................................................ 48

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AV – Ambiente Virtual

BCI – Brain-Computer Interface

CAA – Comunicação Aumentativa Alternativa

CRM – Cadeira de Rodas Motorizada

FEELT – Faculdade de Engenharia Elétrica

EMG – Sinal de Eletromiografia

EEG – Sinal de Eletroencefalografia

EOG – Sinal de Eletroculografia

IHM – Interface Homen-Máquina

IROG – Oculografia por Infravermelho

NTA – Núcleo de Tecnologias Assistivas

OMS – Organização Mundial da Saúde

RV – Realidade Virtual

SSVEP –Steady State Visually Evoked Potentials

sEMG – Sinal de Eletromiografia de Superfície

TA – Tecnologia Assistiva

TDS – Tongue Driven System

UFU – Universidade Federal de Uberlândia

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................10

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..........................................................................................................................10

1.2 OBJETIVO DO ESTUDO .......................................................................................................................13

1.3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................................14

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................................................14

2 DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................................16

2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................................16

2.1.1 CADEIRAS DE RODAS ......................................................................................................................16

2.1.2 CADEIRAS DE RODAS COM CONTROLE ALTERNATIVO ........................................................................18

2.1.3 SINAL ELETROMIOGRÁFICO ..............................................................................................................25

2.1.4 REALIDADE VIRTUAL APLICADO NA ÁREA DE TECNOLOGIAS ASSISTIVAS ...........................................26

2.1.5 CADEIRA DE RODAS VIRTUAIS ..........................................................................................................28

2.2 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................................................30

2.2.1 ELABORAÇÃO DO SISTEMA DE CONTROLE DA CADEIRA VIRTUAL POR SEMG ......................................30

2.2.2 DEFINIÇÃO DOS MATERIAIS E FERRAMENTAS PARA PROGRAMAÇÃO ..................................................32

2.2.3 AQUISIÇÃO DO SINAL SEMG ............................................................................................................38

2.2.4 PROCESSAMENTO DO SINAL EMG ....................................................................................................40

2.2.5 COMUNICAÇÃO ENTRE O ARDUINO E O AMBIENTE VIRTUAL ................................................................43

2.2.6 DEFINIÇÃO DA INTERFACE DE CONTROLE DA CADEIRA VIRTUAL ..........................................................44

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................................................45

3.1 RESULTADOS .....................................................................................................................................45

3.2 DISCUSSÃO ........................................................................................................................................48

4 CONCLUSÕES ...................................................................................................................................49

5 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................50

10

1 INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um estudo em 2011 que revela

que mais de 1 bilhão de pessoas apresenta alguma deficiência. Isto representa

aproximadamente 15% da população mundial (WHO, 2011), ou seja, uma em cada

sete pessoas possui algum tipo de deficiência, sendo que, desse número, 70

milhões precisam de cadeiras de rodas. No Brasil, segundo dados do censo do

IBGE, existe um número superior a 45 milhões de pessoas com algum tipo de

deficiência, seja ela visual, auditiva, motora ou intelectual. Em torno de 9 milhões

de pessoas possuem algum tipo de dificuldade motora, sendo que destas

aproximadamente 3,7 milhões sofrem com dificuldades motoras severas (CENSO,

2010).

É esperado para os próximos anos que a incidência de deficientes aumente em

função do envelhecimento das populações e o risco de deficiência na população de

pessoas com idade avançada, resultando assim no aumento global de doenças

crônicas como câncer, distúrbios mentais, doenças cardiovasculares e entre outras.

O relatório da OMS evidência que as pessoas com deficiência apresentam as

piores perspectivas de saúde, níveis mais baixos de escolaridade, participação

econômica menor e taxas de pobreza mais elevada se comparado com pessoas

hígidas. Essa realidade se deve ao fato das barreiras enfrentadas por eles, que

incluem discriminação, ausência de serviços de reabilitação, mobilidade e

infraestrutura sem acessibilidade.

Para atingir perspectivas melhores e mais duradouras, novas tecnologias são

desenvolvidas pela motivação de tornar a vida do usuário cada vez mais fácil.

Sendo assim, diante desta realidade, é crescente a demanda por dispositivos de

tecnologia assistiva (TA). Dessa forma, ao auxiliar esses indivíduos, os dispositivos

de TA promovem acessibilidade, autonomia, reinserção na sociedade, autoestima e

melhoria de qualidade de vida dos mesmos.

TA é uma área que integra áreas interdisciplinares para desenvolver dispositivos,

recursos, serviços, práticas, entre outros facilitadores que proporcione uma

ampliação de uma habilidade funcional deficitária que possibilite a realização de

uma função que se encontra impedida por circunstância de deficiência. Além disso,

é importante entender que TA serve à pessoa com deficiência que necessita

11

desempenhar funções do cotidiano de forma independente, sendo então um

recurso não para o profissional e sim para o usuário (BERSCH, 2013).

De forma geral, Bersch definiu algumas categorias da TA. A categoria de auxilio

para vida diária e vida prática é uma delas, sendo exemplos os talheres

modificados, suportes para utensílios domésticos, equipamentos que promovem a

independência das pessoas com deficiência visual na realização de tarefas como

consultar o relógio, entre outros. Outra categoria é a comunicação aumentativa e

alternativa (CAA), destinada a atender pessoas que não consegue se comunicar

por meio da fala ou escrita funcional. Com essa tecnologia de comunicação o

usuário pode se expressar, demonstrar sentimentos, questionamentos e vontades.

Exemplos de CAA são as pranchas de comunicação construídas com simbologia

específica, pranchas com produção de voz, pranchas dinâmicas em dispositivos do

tipo tablets e outros.

Um dos recursos de TA com grande demanda são os das órteses e próteses. As

órteses são dispositivos permanentes ou transitórios, utilizadas para auxiliar as

funções de um membro, órgão ou tecido, evitando deformidades ou sua progressão

e/ou compensando insuficiências funcionais, sendo confeccionadas de forma

específica para cada usuário. As próteses, diferentes das órteses, são dispositivos

permanentes ou transitórios que substituem de forma total ou parcialmente partes

ausentes do corpo. As próteses podem ser internas (como prótese articular do

quadril, coração artificial, válvula cardíaca, entre outros), externas (prótese de

membro inferior e superior), implantadas (implante dentário) e estéticas (próteses

que mantém apenas a forma estética, como a prótese mamária).

A mobilidade é um dos pilares para reinserção desses indivíduos na sociedade. O

que existe hoje para auxílio em mobilidade são bengalas, muletas, andadores,

carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétricas, scooters e cadeiras de rodas

inteligentes (smart wheelchairs). Infelizmente, existe um alto índice de pessoas

que não consegue utilizar ferramentas manuais, ou que em algum determinando

momento terão que abandonar tais ferramentas em função do agravamento da

deficiência, por exemplo em casos em que o indivíduo perdeu quase a totalidade

de seus movimentos voluntários, como tetraplegia e esclerose lateral amiotrófica.

Como solução, os sinais bioelétricos são, frequentemente, um dos últimos recursos

possíveis para controlar um dispositivo de TA, onde o usuário pode expressar sua

12

intenção pelo sinal eletromiográfico ou EMG (PINHEIRO et al., 2011). O EMG,

derivado da atividade muscular, foi utilizado inicialmente com finalidade

estritamente clínica, considerado como uma ferramenta de diagnóstico durante a

segunda guerra mundial. Na engenharia de reabilitação, a eletromiografia é

utilizada por várias décadas para controlar próteses de membros, chamadas

também de próteses mioelétricas (BARROS, 2005).

Os pacientes que ainda são capazes de realizar movimentos residuais com um dos

membros, ou para mover sua cabeça, podem usar um dispositivo de pressão. O

mesmo princípio pode ser aplicado aos sinais de EMG em que a ação de pressão

pode ser substituída por contração muscular. Utilizando métodos computacionais, é

possível gerar sinais binários, com '1' a ser associado a atividade muscular e '0' à

ausência de atividade. O sinal binário pode ser usado para operar um dispositivo

de varredura, por exemplo, um teclado virtual, onde o usuário manda uma

contração ’1’ quando o sistema varrer a tecla desejada(PINHEIRO et al., 2011).

Sendo assim, na área de comunicação de dispositivos TA o EMG pode ser utilizado

para constituir uma interface de comando de uma cadeira de rodas motorizada

(SILVA et al., 2013).

A cadeira de rodas motorizada (CRM) é um dispositivo de TA indispensável para

auxílio à mobilidade de pessoas com deficiências motoras severas. Entretanto, os

usuários apresentam dificuldades em conduzi-las de forma adequada e os testes

com cadeiras de rodas reais podem envolver riscos à segurança (FEHR et al.,

2000). A partir dessa problemática, nota-se a necessidade do uso de treinamento

para utilização da TA de forma segura. A solução encontrada foi utilizar a

tecnologia da realidade virtual (RV) para desenvolvimento de uma ferramenta para

treinamento do uso da TA.

RV pode ser definida como uma tecnologia que oferece interface avançada para

aplicações computacionais, onde o usuário interage e “navega” em tempo real em

um ambiente tridimensional (KIRNER, 2007). A RV dispõe de uma variedade de

benefícios, pois “permite a criação de uma interface homem-máquina de forma

natural e poderosa, possibilitando ao usuário interação, navegação e imersão num

ambiente tridimensional sintético, gerado pelo computador através de canais

multissensoriais de visão, audição, tato, olfato ou paladar (Cardoso, 2011). Na

área saúde, a RV é bastante aplicada para reproduzir situações reais sem risco a

13

pacientes, pela possibilidade de simular e visualizar ações impossíveis de serem

percebidas no mundo real (NUNES et al., 2011), como ferramenta para

treinamento, reabilitação e educação (SANCHEZ et al., 2011).

Para projetos, existem três características importantes para aplicações da RV: a

imersão, interação e presença. A imersão pode ser feita por meio de dispositivos

especiais como o Oculus Rift®, dependendo da especificidade do projeto é um

aspecto necessário, mas dispensável se comparado com os outros aspectos.

Entretanto, a imersão potencializa a interação da interface e o usuário. A interação

refere-se à comunicação entre o usuário e o ambiente virtual (AV) e a presença

remete, neste contexto, à sensação do usuário sentir-se envolvido na aplicação.

No começo dos anos 90, alguns estudos se desenvolveram abordando a

concepção de simuladores de condução de CRMs (INMA,1994), permitindo a

realização de experimentos e a avaliação em diversas situações da condução de

CRMs de forma totalmente segura (Erren-Wolters, 2007). São diversas as

aplicações dos simuladores, podendo ser utilizadas para o aprendizado da

condução (ADELOLA et al., 2009) desenvolvimento de funcionalidades automáticas

de condução, entre outros.

1.2 Objetivo do Estudo

Considerando a otimização da tecnologia e a implementação em uma plataforma

mais flexível de desenvolvimento, este projeto se insere no cenário de tecnologias

assistivas com a proposta de desenvolver uma interface de comando de uma

cadeira virtual baseada em sinal bioelétrico. A ferramenta tem o propósito de ser

utilizada como treinamento para usuários que venham a utilizar uma cadeira

motorizada real com sistema de controle por EMG. Com esse objetivo foram

traçadas as seguintes metas:

- Detectar EMG em determinados pontos na superfície da face (EMG de superfície

ou sEMG), o que viabiliza sua aplicação como sinal de controle da cadeira no

ambiente virtual (AV).

- Definir quais técnicas devem ser utilizadas para o processamento do sEMG, a fim

de que possa extrair do sinal as características capazes de representar se ocorreu

uma contração.

14

- Desenvolver um protocolo de comunicação entre o sistema que coleta e

processa o sinal EMG com o AV desenvolvido.

- Desenvolver uma interface e algoritmo de controle da cadeira virtual.

- Desenvolver um sistema de validação do sensor utilizado.

1.3 Justificativa

Sabendo da importância da CRM para mobilidade dos seus usuários com

deficiências motoras severas e da dificuldade em conduzi-la de forma apropriada e

que os testes em cadeiras de rodas reais apresentam riscos à segurança, percebe-

se a importância e necessidade de desenvolver uma ferramenta de treinamento

para utilização da TA de forma segura. A solução encontrada foi utilizar a

tecnologia da realidade virtual (RV) para desenvolver esse sistema de treinamento

para uso da CRM.

Além disso, o sistema proposto em AV oferece alternativas de potencializar a

interação do usuário com a plataforma de treinamento por intermédio da

oportunidade de apresentar um ambiente divertido na forma de jogo e uso de

dispositivos alternativos como o RIFT, evitando assim, que a TA seja abandonada

por falta de motivação e treinamento ineficiente. Algumas pesquisas mostram que

mais 30% de todos os dispositivos TA adquiridos são abandonados pelos usuários

num intervalo de cinco anos de uso, sendo que alguns não chegam a ser utilizados

uma única vez (Verza, 2006; Philips, 1993). O pesquisador Emmel Cruz (2012)

constatou que, num grupo de 91 participantes, 18% dos recursos de TA foram

abandonados. Os motivos mais comuns que levam o usuário a abandonar o uso da

TA (BRACCIALLI, 2007): ausência da participação do usuário no desenvolvimento e

seleção da TA, desempenho ineficiente, alterações nas necessidades do usuário

que a TA não foi capaz de suprir, ausência de treinamentos, baixa aceitação social,

falta de motivação, dispositivos com funcionamento dificultoso e dispositivo com

aparência não estética.

1.4 Estrutura do Trabalho

Estruturalmente, este trabalho está dividido em mais 3 capítulos. O Capítulo 2

aborda o desenvolvimento do projeto, apresentando primeiro uma revisão

bibliográfica onde é comentado sobre alguns trabalhos relacionados e referentes às

aplicações da prática de treinamento em TA, RV como TA, a utilização de RV como

15

treinamento e o treinamento da TA com a utilização de um AV. Ainda no capítulo

dois é descrito os materiais e métodos do trabalho com detalhes técnicos do

desenvolvimento do projeto. No Capítulo 3 são abordados os resultados e

discussões, e por fim no Capítulo 4 são apresentadas as conclusões obtidas pelo

projeto desenvolvido.

16

2 DESENVOLVIMENTO

Na sub-seção 2.1 é feito o levantamento do estado de conhecimento relativo ao

tema de controle alternativo de uma CRM, mais especificamente quanto aos tipos de

sistemas de controle existentes, e os principais trabalhos na área, além de estudos

sobre os sinais e sensores biométricos. Na sub-seção 2.2 são apresentados os

materiais utilizados para implementação do sistema. O método é apresentado na

sub-seção 2.3, incluindo técnicas, ferramentas e outros processos envolvidos. Os

resultados do trabalho são apresentados no capítulo 3 e posteriormente discutidos.

2.4, e posteriormente discutidos nas seções seguintes.

2.1 Revisão bibliográfica

2.1.1 Cadeiras de Rodas

A cadeira de rodas é uma tecnologia assistiva para auxiliar a mobilidade do usuário.

Hoje existem diversos modelos que permitem alterações para proporcionar um maior

conforto ao usuário (ex: largura e profundidade do assento, altura do assento ao

assoalho, descansos do pé, encostos ajustáveis, controles e outros). Levando-se em

consideração o modo de energização da cadeira pode-se dividir em dois principais

grupos: cadeiras de rodas manuais e cadeiras de rodas elétricas (motorizadas).

A cadeira de rodas manual é uma cadeira que pode ser movida manualmente pelo

ocupante ou empurrada por alguém, onde o esforço necessário para que este tipo

de cadeira de locomova depende da força do braço. São largamente utilizadas e

muitas vezes depois de fabricadas elas passam por especialistas (ex:

fisioterapeutas) para serem adaptadas de acordo com as condições do usuário.

Esse tipo de cadeira é geralmente mais leve que o segundo tipo. Dentro desse

grupo existem modelos referentes ao local que a cadeira é utilizada, onde ela é

adaptada às condições do meio que ela é utilizada. Por exemplo, cadeira de rodas

para prática esportiva costuma ter rodas com inclinação diferente e possuem

proteções para amenizar o atrito, e algumas têm formato de triciclo (possuem três

rodas e um desenho alongado). Outro exemplo é a cadeira de rodas utilizada no

hospital. Essas cadeiras de transporte são projetadas para ser conduzidas por um

assistente por meio das alças, e as rodas traseiras são sem aro e menores.

A cadeira de rodas elétrica ou motorizada (CRM) funciona por meio de um par de

motores elétricos que propulsionam o movimento e o controle convencional é feito

17

por um joystick. O sistema de funcionamento da CRM pode ser descrito a partir do

diagrama de blocos representado na Figura 1. A velocidade de rastreamento é uma

função básica cujo objetivo é regular a velocidade da cadeira de rodas para conforto

e segurança do usuário. Além disso, a função recebe um comando por um

dispositivo de entrada, e alguns modelos de cadeiras de rodas apresentam funções

automáticas de evasão de obstáculo para aumentar a autonomia da mesma.

Figura 1 – Esquema geral de uma cadeira motorizada. Fonte: Adaptado: (DING; COOPER, 2005)

Esse tipo de cadeira é bastante útil para usuários incapazes de impulsionar a

cadeira com a força do braço ou para situações em que controlar de forma manual

(com os braços) seja fatigante. Entretanto, uma pesquisa com 200 praticantes

clínicos indicou que muitos usuários da CRM têm dificuldade em controlar a

tecnologia, e os resultados relatados mostram que, de acordo com os médicos,

quase metade das pessoas incapazes de controlar um CRM por métodos

18

convencionais podem se beneficiar de um sistema de controle alternativo (FEHR et

al., 2000).

2.1.2 Cadeiras de Rodas com controle alternativo

De acordo com os dados apresentados, o controle de uma CRM convencional

exige um grau de “habilidade manual” que uma boa parte dos indivíduos com

deficiência física grave não consegue obter de maneira confiável. Como

consequência, pensando sobre alternativas neste contexto que não envolva o

controle por joystick surgiu à área de desenvolvimento de sistemas de

comunicação e controle alternativo para TA. O método mais comum de realizar um

controle alternativo é por meio do monitoramento dos sinais biológicos que estão

diretamente relacionados a uma determinada função do usuário, como por

exemplo, as ondas cerebrais, atividade muscular e movimento dos olhos. O sinal

biológico apresenta padrões (características) para cada ação voluntária do

indivíduo, e ao identifica-los é possível fazer uma correspondência entre esses

padrões (gerados de forma voluntária) com os comandos de controle da cadeira.

Em outras palavras, ao gerar voluntariamente um desses padrões, é possível

utiliza-lo como um gatilho para determinada reação, ou seja, como um comando de

controle.

Controle pelo Movimento da Cabeça

Pajkanović(2013) desenvolveu um sistema de controle por meio de reconhecimento

dos movimentos da cabeça. O projeto consiste em um sistema digital, um

acelerômetro, microcontrolador e um atuador mecânico. O acelerômetro foi usado

para coletar dados dos movimentos da cabeça, e para processar os dados do

sensor foi implementado um algoritmo no microcontrolador. A saída do sistema

está ligada com o atuador mecânico, o qual é utilizado para movimentar o joystick

da cadeira de acordo com o comando do usuário. Assim, o movimento da cabeça

do usuário corresponde a uma posição do joystick. O diagrama de blocos do

sistema é mostrado na Figura 2.

19

Figura 2- Diagrama de blocos do sistema de controle pelo movimento da cabeça Fonte: Adaptado: (PAJKANOVIC; DOKIC, 2013)

O sistema de controle pelo queixo é um controle utilizando um joystick adaptado

para o queixo. Assim como o controle pelo movimento da cabeça o controle pelo

queixo é uma alternativa muito invasiva. O sistema exige que se aplique uma

constante pressão no sensor. O controle pelo queixo é um sistema que requer o

movimento da cabeça. O queixo fica em um suporte de joystick em forma de copo

e é geralmente controlado pela flexão, extensão e rotação do pescoço, sendo que

este tipo de sistema é projetado para um usuário com bom controle da cabeça

(FELZER; NORDMANN, 2007).

Controle pela Voz

Le Hoang Linh ( 2015) desenvolveu um sistema de controle por comando de voz. O

reconhecimento de voz é utilizado para detectar a presença da fala em fundo com

ruído, onde o começo e o final da palavra são detectados por técnica de

processamento de palavras. A principal dificuldade do reconhecimento de voz é no

caso em que a palavra foi dita por diferentes pessoas, com diferenças no tom,

sotaque regional e gênero, os padrões do sinal mudam. Além disso, o ruído e as

alterações dos sinais ao longo do tempo também são um dificultador para o

reconhecimento de voz. O reconhecimento de voz é um método popular, usado

para traduzir a voz humana em comandos. Os modelos comumente usados na

identificação são Hidden Markov Model (HMM), Vector Quantization, MFCC-DTW e

redes neurais. O HMM tem alta precisão, no entanto é muito complexa e gasta

tempo para treinamento. Os modelos MMFFC e DTW são mais simples, não toma

mais tempo de treinamento, porém tem menor precisão se comparado ao HMM.

O método de identificação utilizado para o controle da cadeira foi o de

reconhecimento de letras, ou contagem de números utilizando o microfone como

dispositivo de entrada. Os algoritmos MFCC e DTW são aplicados para a extração

de características e identificação. Os comandos de voz reconhecidos pela CRM

são esquerda, direita, frente e trás.

20

Esse sistema foi projetado para ser usado em ambiente interno, onde um sinal de

voz do usuário é recodificado em um intervalo de 2,5s e todos os sinais são

processados com frequência de amostragem de 16KHz. Em seguida, são extraídas

suas características. O sinal de voz utiliza uma combinação de características com

base na detecção de atividade de voz e na MFCC. O DTW é utilizado para

discriminar a característica na respectiva classe. Na Figura 3 é representado o

diagrama de blocos do sistema.

Figura 3 - Diagrama de blocos do sistema de controle por voz. Fonte: Adaptado: (HOANG, LE et al., 2015)

Controle da cadeira por reconhecimento de Voz do Smartphone

Kyung Mog Lee ( 2015) desenvolveu um sistema para controlar remotamente uma

CRM por comandos de voz. O sistema consiste um smartphone, um módulo de

controle da CRM e dois motores “brushless”. O smartphone foi programado com

reconhecimento de voz e um mapa da Google, que foi utilizado como um controle

remoto para sete comandos de voz: esquerda, direita, para frente, para trás, mais

rápido, mais lento e parar. Esses comandos de voz foram usados com a palavra

chave “comando” para aumentar a precisão do reconhecimento. Informações da

localização e a distância da movimentação da cadeira são mostradas no mapa do

Google. O tempo de reconhecimento de comando do smartphone para cada um

dos sete comandos foi medido por alteração do número de vários comandos de

voz. O módulo foi construído com um microcontrolador 89C2081 de um ATMEGA.

A cadeira foi equipada com um módulo de controle, uma bateria, um motor DC na

roda direita, um motor DC na roda esquerda e um joystick para controle manual. A

taxa de comunicação entre o smartphone e o módulo de controle da CRM foi em

9600 bps via comunicação Bluetooth.

21

A Figura 4 mostra o sistema de conexão de forma detalhada da placa de controle

da CRM e o controlador remoto (smartphone). A placa de controle consiste em um

módulo Bluetooth e um microcontrolador.

Figura 4 - Representação do sistema de conexão entre a cadeira e o smartphone. Fonte: (LEE, 2015)

Controle por um sistema de propulsão da língua

Um exemplo de sistema de controle por propulsão da língua ou Tongue Drive

System (TDS), é o que foi desenvolvido pelo The Georgia Institute of Technology

(KIM et al., 2013), no qual o sistema é uma TA vestível e wireless. Este sistema foi

projetado para indivíduos com deficiência motora grave, como a tetraplegia para

conseguir se locomover em um ambiente por meio do movimento voluntário da

língua. O usuário utiliza um headset que possui quatro sensores magnéticos, dois

em cada lado. Esses sensores são posicionados perto da bochecha. A Figura 5(a)

mostra a representação o módulo. O diagrama na Figura 5(b) demonstra o

funcionamento em níveis do sistema, onde o headset coleta dados dos quatro

sensores magnéticos e transmite-o para receptor do tipo “dongle USB” para PC, ou

para interface do iPhone que envia os comandos para CRM utilizando como base

de comunicação um protocolo assíncrono universal receptor/transmissor (UART) .

Para o desenvolvimento do módulo foram testados quatro dispositivos de controle

alternativo: um mouse de computador, um teclado, o TDS e o sensor de sopro e

sucção mostrado na Figura 5(c). Na Figura 5(d) é representado como foi feito o

22

treinamento do usuário. O usuário usou uma barra magnética na língua feito de

titânio que continha um pequeno marcador magnético em forma de disco, quando o

a língua se movimentava o sensor magnético identificava o movimento de acordo

com a movimentação do marcador fixado na língua.

Figura 5 - Headset TDS e a configuração experimental Fonte: (KIM et al., 2013).

Esse módulo apresenta alguns problemas, como por exemplo, o piercing na língua,

o custo, necessidade de uma limpeza regular, e a dificuldade de utilização. Por ser

um método invasivo, muitos usuários podem preferir um sistema alternativo que

ofereça métodos não invasivos como este.

23

Controle por EOG

Eletroculografia é a técnica de medir o sinal eléctrico gerado pela diferença de

potencial entre a córnea e a retina, resultando em um sinal elétrico do movimento

dos olhos (EOG). Na área de CAA, existem sistemas que utilizam esse sinal.

Borghetti desenvolveu, por exemplo, um sistema de teclado alfanumérico utilizando

dois canais EOG (vertical e horizontal) como controle.

No Núcleo de Tecnologias Assistivas da UFU (NTA) tem sido desenvolvido um

módulo para controle da cadeira por IROG (oculografia por infravermelho)

utilizando um sensor The Eye Tribe® Tracker, um sensor de baixo custo capaz de

detectar as coordenadas do olhar do indivíduo na tela após um processo de

calibração. O comando pode ser enviado para a cadeira por seleção direta, ou seja,

enquanto o olhar do usuário estiver direcionado para um determinado comando,

este é enviado pelo microcontrolador para a cadeira, a qual o executa até que a

direção do olhar se altere.

Controle por EEG

O controle baseado em ondas cerebrais, sinais EEG é uma alternativa real de

controle, pesquisas na área vem sido feitas em diversos lugares no mundo. Uma

versão protótipo foi desenvolvida na California State University Northridge (LIN et

al., 2011). O sensor utilizado nesse processo de detecção é o Emotiv® EPOC+

mostrado na Figura 6. Este sensor possui três diferentes sinais entrada:

expressões faciais, posição da cabeça e sensoriamento cerebral. O headset com o

conjunto de eletrodos para detecção de EEG precisa ser ajustado para otimizar a

sua funcionalidade. As assinaturas das formas de onda são identificadas e

analisadas e em seguida utilizadas para criar um comando de movimento para a

CRM. Esse projeto é um sistema de interface não invasivo, brain-computer

interface (BCI).

O projeto desenvolvido no NTA é um módulo de controle baseado na detecção de

potenciais evocados visualmente em regime estacionário (SSVEP), ou seja, sinais

que podem ser considerados respostas naturais advindas de estimulações visuais

em frequências específicas. A interface possui os itens de controle (setas

direcionais e comando de parar), todos piscando em frequências específicas e

distintas. O sensor capta o sinal provido do usuário e, após um processo de

24

classificação, transforma o sinal em um comando a ser enviado para a cadeira. O

sensor utilizado nesse processo de detecção também é o Emotiv® EPOC+.

Uma das dificuldades da aplicação desse método é o custo do projeto, porém a

principal desvantagem é que a interface de aprendizagem BCI é difícil de controlar.

O usuário pode se distrair e não pensar no comando correto, fazendo com que a

cadeira de rodas reaja de forma inesperada. Isso pode levar a muitas situações de

risco para o usuário.

Figura 6 - Headset Emotiv EPOC – sensor EEG

Controle por sinal EMG

Existem inúmeros dispositivos de TA que utilizam o sinal EMG como forma de

controle e comunicação alternativa, como por exemplo, dispositivos vestíveis de

Interface Homem-Máquina (IHM) para controle de uma CRM ( MOON, , 2005)

controle por meio de cursor bidimensional por EMG ( MALDONADO et al., 2010),

CRM com detector de obstáculos (Sathishbalaji, 2014) e outros. A Figura 7

representa um diagrama de blocos de um sistema de controle de uma cadeira de

rodas por EMG de forma simplificada. As etapas do sistema são divida em coleta

do sinal por meio de eletrodos e um eletromiógrafo, processamento e interpretação

do sinal e envio de comandos para o sistema de controle da CRM.

25

Figura 7- Diagrama de Blocos do sistema de controle de uma CRM por EMG.

2.1.3 Sinal Eletromiográfico

O sinal eletromiográfico (EMG) tem origem quando o cérebro envia o comando

para o músculo se contrair, enviados por meio dos neurônios motores que inervam

as fibras musculares esqueléticas. Quando os neurônios transmitem impulsos

nervosos até a junção neuromuscular é liberado o neurotransmissor acetilcolina,

que por sua vez gera um potencial de ação na proximidade das fibras musculares

com duração de aproximadamente de 8ms. Esse potencial de ação gerado se

propaga ao longo de toda a membrana muscular, gerando a contração muscular

(HALL, 2011). O somatório da propagação dos potenciais de ação das fibras

musculares da unidade motora forma o potencial de ação da unidade motora

(PAUM). Para manter a força exercida pelo músculo, os PAUMs são disparados

repetidamente com uma frequência de 7 a 20 Hz, formando uma sequência

conhecida como PAUM de treinamento (PAUMT). O conjunto de PAUMTs compõe

o sinal de EMG (LEE, 2008). O sinal eletromiográfico possui uma amplitude muito

baixa, na faixa de 0 a 10 mV (pico a pico) ou de 0 a 1,5 mV (RMS). Sua frequência

está entre 0 e 500 Hz, apesar de sua energia dominante estar na faixa de 50 a 150

Hz (LUCA, 2002).

Para a aquisição do sinal EMG é necessária a utilização de eletrodos. Para a coleta

do sinal dois tipos de eletrodos podem ser utilizados, os invasivos e os de

superfície. Os invasivos, como eletrodos intramusculares, são estruturas metálicas

finas que são inseridos por uma agulha no ventre muscular. Eles são capazes de

coletar sinais de músculos bem específicos e reduz a possibilidade de captar

ruídos de cross-talk (interferência de sinais EMG de músculos vizinhos e artefatos

mecânicos). Porém, a desvantagem é que causam desconforto ao paciente, e isso

26

o inviabiliza em aplicações que exigem repetições do experimento. Os eletrodos de

superfície são compostos por material de Ag/AgCl, e para fixa-los na pele é

necessário a utilização de um gel (pasta condutora) que contém íons de cloro, com

o objetivo de diminuir a impedância entre o eletrodo e a pele. Para captar sinais

mais precisos, deve-se realizar a tricotomia e a remoção da camada superficial da

pele. A desvantagem da utilização desse eletrodo é a possibilidade de cross-talk

(BARROS, 2005).

Para o registro eletromiográfico pode ser utilizado dois tipos de configuração,

bipolar ou monopolar. A configuração monopolar é a menos comum, onde o

eletrodo é colocado sobre ou dentro do músculo e o eletrodo de referência é

colocado sobre uma parte não muscular do corpo. A desvantagem desta

configuração é que detecta todos os sinais dos músculos vizinhos. A configuração

bipolar é composta pelo eletrodo positivo, eletrodo negativo e o eletrodo de

referência. Nessa configuração, o sinal EMG é a medido pela diferença potencial

entre os dois eletrodos.

2.1.4 Realidade Virtual aplicada às Tecnologias Assistivas

Sabe-se que a RV tem um grande impacto na área de TA. Durantes as últimas

décadas, pesquisas relacionadas a aplicação desse tipo de tecnologia tem levado à

criação de sistemas e exemplos de casos simples que apresentam grande

potencial para monitorar o desempenho, avaliação funcional e reabilitação do

indivíduo com deficiência. Em função dos avanços tecnológicos, aumentaram-se as

formas de como a RV pode ser aplicada para reabilitação e suporte de apoio para

uma variedade de grupos de usuários finais, tanto de profissionais da saúde como

de pacientes com diferentes necessidades e com habilidades especificas. A RV de

forma geral é uma grande ferramenta para auxiliar nos campos de reabilitação,

treinamento e avaliação. Desta forma pessoas com deficiências estão usando cada

vez mais a tecnologia para a vida independente. São exemplos da utilização da

realidade virtual para desenvolver interfaces, jogos, simulações, ambientes virtuais

e outros. De forma geral, o papel principal dessas tecnologias desenvolvidas por

27

meio da RV é providenciar melhoria da vida social e inclusão de todas as pessoas

com deficiência, independente da idade ou gênero (SANCHEZ et al., 2011).

Um exemplo de aplicação da RV na área de reabilitação é do jogo desenvolvido

para reduzir quedas de pessoas idosas com problemas de equilíbrio (LANGE et al.,

2011). Neste projeto, foi levantado por meio de dados estatísticos que um terço das

pessoas acima de 65 anos tem problemas de equilíbrio e que isso muitas vezes

resulta em quedas constantes. Essas quedas são responsáveis por causar uma

deficiência significativa, reduzir a função física e perda de independência. Revisões

sistemáticas sobre estudos de intervenções de quedas têm estabelecido que

programas de prevenção podem reduzir as quedas. Jogos de dança que detectam

os movimentos do jogador têm demonstrado uma melhora na qualidade de vida

para crianças e jovens. Entretanto, estes jogos muitas vezes incluem música de

ritmo acelerado, movimentos de saltos e uma sobrecarga de informação visual na

tela que não promove um resultado positivo para reabilitação de pessoa idosas.

Portanto, percebeu-se a necessidade em desenvolver um protótipo em RV,

específico para atender as necessidades dessas pessoas de buscar uma melhora

no equilíbrio e reduzir as quedas.

Resultados de uma pesquisa feita com 200 especialistas sobre as dificuldades

encontradas pelos usuários de CRMs apontam uma necessidade, não para mais

inovação nas interfaces de direção, mas para criação de novas tecnologias para

navegação autônoma supervisionada. Quase a metade dos pacientes da pesquisa

é incapaz de controlar uma cadeira de rodas de forma que testes com cadeiras de

rodas reais possam envolver riscos à segurança (FEHR et al., 2000). Diante deste

fato, encontra-se a necessidade da utilização ferramentas de treinamento que não

tenha risco a segurança ao usuário. Os primeiros simuladores de condução de

CRMs foram desenvolvidos na década de 90 para solucionar este tipo de

problemática. Dado como exemplo, em 1998 McComas desenvolveu trabalhos

utilizando RV para auxiliar crianças com deficiência para reabilitação, minimizar os

efeitos da deficiência, e para aperfeiçoamento e formação, utilizando os

simuladores para prática de suas habilidades que possam ser transferidas para o

mundo real.

28

2.1.5 Cadeira de Rodas Virtuais

A proposta de utilizar RV para desenvolver ambientes virtuais (AV) para capacitar

usuário de CRMs não é uma novidade. Projetos de simulação para treinamento de

crianças deficientes para operar uma CRM é um exemplo (HASDAI et al., 1995). O

objetivo do trabalho na época foi avaliar a capacidade de um simulador de

condução para avaliar e treinar as crianças com deficiência para operar uma

cadeira de rodas motorizada. Os resultados encontrados foram que os condutores

inexperientes aumentaram significativamente a seu desempenho no simulador

durante o período de treinamento. Seu desempenho na cadeira de rodas real foi

significativamente melhor após o treinamento em simulador, embora seu

desempenho manteve-se mais baixo do que os motoristas experientes. Deste

modo, pode-se confirmar que um simulador pode ajudar no desenvolvimento e

avaliação das habilidades necessárias para operar uma CRM. Os projetos para

treinamento mais recentes buscam focar na interação do usuário e imersão, com

simulações precisas dos sensores e comportamentos físicos. A operação de uma

CRM por controle alternativo necessita de treinamento assim com uma CRM de

controle convencional. Nos últimos anos foram desenvolvidos sistemas de controle

alternativo capazes de controlar não somente CRM reais mais também simuladores

de CRM virtuais. Por exemplo, a interface de controle vestível (GULREZ et al.,

2016). Este sistema foi apresentado para ser capaz de aprender os movimentos do

usuário por meio de mapeamento dos graus de liberdade dos movimentos do

mesmo e estabelecer assim padrões para enviar comandos para a cadeira real e

virtual. A Figura 8 serve para ilustrar o dispositivo vestível e o quadro geral do

projeto.

29

Figura 8 - Protótipo do sistema de Interface de controle sem às mãos. (a) mostra o protótipo do dispositivo vestível e a Figura 8 (b) quadro geral do sistema.

Fonte: (GULREZ et al., 2016)

(a)

(b)

30

2.2 Materiais e Métodos

2.2.1 Elaboração do sistema de controle da cadeira virtual por sEMG

O primeiro passo no desenvolvimento do projeto consistiu na definição do tipo de

sinal de entrada, hardware, funções e opções da interface de controle de acordo

com os objetivos do projeto. Para isso utilizou-se como referência o trabalho

desenvolvido anteriormente por Silva (2013).

O trabalho referenciado utilizou para a aquisição do sinal o equipamento

MyosystemBr1 com um software dedicado para processar o sinal em tempo real. O

processamento consistiu em calcular a envoltória do sinal EMG com uma janela de

125ms. Foram utilizados dois canais de eletromiografia como dado de entrada do

sistema, onde os comandos definidos para controlar a cadeira foram: frente, atrás,

direita e esquerda. Um dos canais EMG foi associado com os dois primeiros

comandos e o outro com os dois últimos comandos. A modelagem do ambiente

virtual foi desenvolvida com o 3DVirtools e C++. A comunicação dos sistemas foi

feita por meio de um servidor socket, com ambos os softwares, de processamento

e o simulador virtual, agindo como clientes conectados ao servidor que permite a

troca de informações entre os dois sistemas.

Desta forma, o projeto proposto é uma versão modular do sistema existente em

uma plataforma mais atualizada e flexível. Para o desenvolvimento do projeto de

controle da cadeira virtual por sEMG, o trabalho foi dividido nas seguintes etapas:

1) Definição dos materiais e ferramentas para programação.

2) Aquisição do Sinal sEMG

3) Processamento do Sinal sEMG

4) Comunicação entre o Arduino e o Ambiente Virtual.

5) Definição da interface do módulo de controle da Cadeira Virtual

Para o projeto de sistema de controle da cadeira virtual por sEMG foram

construídos os diagramas da Figura 9 e da Figura 10 para representar o conceito

abstrato das interligações entre as plataformas utilizadas no sistema.

31

Figura 9 - Diagrama de Blocos Simplificado do Sistema de Controle da Cadeira Virtual por sEMG.

Figura 10 - Diagrama de Blocos Detalhado do Sistema de Controle da Cadeira Virtual por sEMG.

Funcionamento do módulo de controle por sinal sEMG – No usuário, são colocados

os sensores específicos. A detecção do sinal de eletromiografia de superfície é

feita em um músculo localizado na face. No projeto foi utilizado apenas um canal

EMG como entrada. Foram pré-selecionados os músculos masséter e

occipitofrontal, de forma que os eletrodos posicionados nestes músculos

captassem a atividade de contração dos mesmos. O sinal captado seria então

32

filtrado, processado e transformado em um comando do tipo trigger (gatilho) para

uma interface apresentada para o usuário. Para o processamento do sinal, foi

utilizado um processo de detecção limiar dinâmico, calculado a partir de uma janela

de 200 amostras coletadas e armazenadas no microcontrolador.

2.2.2 Definição dos materiais e ferramentas para programação

i. Definição dos materiais para coleta do sinal de eletromiografia

Para a coleta do sinal de eletromiografia foram utilizados eletrodos de superfície

passivos de Ag/AgCl em configuração bipolar. A utilização dessa configuração é

uma tentativa de eliminar interferências oriundas de outras atividades biológicas do

paciente ou da rede elétrica, já que por meio da utilização de um amplificador

diferencial com alta taxa de rejeição de modo comum (CMRR), qualquer ruído

comum aos dois eletrodos será atenuado(BOYLESTAD, 2012). A Figura 11 mostra

a representação do tipo de eletrodo de superfície utilizado e a Figura 12 indica o

posicionamento dos eletrodos na configuração bipolar para a captação do sinal.

Figura 11 - Ilustração de um eletrodo de superfície de placa metálica.

Fonte: Adaptado: de Luca, 2002.

33

Figura 12 - Eletrodos posicionados na configuração bipolar. Fonte: de Luca,2002.

Na escolha do sensor para desenvolvimento do módulo, levou-se em consideração

três fatores principais:

- Valor de aquisição acessível;

- Desenvolvido especificamente para microcontroladores;

- Wearable Design (Design Vestível);

O sensor escolhido foi o Myoware da fabricante Adafruit. O sensor em questão

detecta a atividade elétrica muscular, em seguida converte-a para uma voltagem

variável que é lida no pino de entrada analógico de um microcontrolador. Além de

atender aos requisitos mínimos para aplicação do projeto, o Myoware tem duas

opções de outputs, o sinal bruto e o sinal encapsulado (envoltória do sinal). Essa

característica do sensor oferecer à envoltória do sinal evita a necessidade de

algumas de processamento do sinal. Esse modelo de sensor é compacto que

permite aplicações tanto indoor com outdoor, diferente do MyoSystemBr1

(mostrado na Figura 13) utilizado no projeto anterior. A Figura 14 mostra o sensor

Myoware e o layout do sensor é mostrado na Figura 15.

Figura 13 - Equipamento MyoSystemBr1 Fonte: (SILVA et al., 2013).

34

Figura 14 - Sensor Myoware Fonte: (Datasheet Myoware,2016).

Figura 15 - Layout do Sensor Myoware. Fonte: (Datasheet Myoware ,2016).

ii. Definição do microntrolador

Para a escolha do microntrolador do projeto levou-se em consideração os

seguintes requisitos:

- Acessibilidade;

- Compatibilidade com o sensor EMG.

- Experiência prévia com o microcontrolador;

- Flexibilidade de programação para posteriores ajustes;

- Tempo de resposta necessário para o processamento;

- Possibilidade de utilização em sistemas embarcados;

Deste modo, foi o escolhido o Arduino (mostrado na Figura 16) como kit de

desenvolvimento do projeto. O Arduino é uma plataforma de prototipagem

eletrônica de hardware livre e de placa única projetada com um microcontrolador

35

Atmel AVR com suporte de entrada/saída embutido e utiliza a linguagem de

programação padrão C/C++. Porém, a programação do Arduíno não usa o mesmo

esqueleto de programação adotada na programação ANSI C padrão. Além disso,

ele disponibiliza muitas funções que abstraem o hardware e facilita o

desenvolvimento do algoritmo.

Comparando-se com as outras opções de microcontrolador o Arduino possui a

melhor relação custo e benefício para o projeto. Qualquer modelo de Arduino é

compatível para a função desejada, não precisando fazer nenhuma alteração do

projeto caso haja a necessidade de alterar o modelo de microncontrolador.

Figura 16 - Ilustração do Arduino. Fonte: (Datasheet Arduino,2016).

iii. Definição do Simulador e a linguagem de programação

O simulador utilizado anteriormente foi o ViEW (MORÈRE, 2015) Apesar de possuir

todas as funções necessárias para uma simulação do tipo a versão utilizada até

então não apresentava muita compatibilidade para implementação de dispositivos

mais atuais para controle, como por exemplo dispositivos de eye tracking, (Rift®,

The Eye Tribe® Tracker, e outros). Além disso, para fazer implementação no ViEW

é necessário instalar a versão 2005 do Visual StudioTM, considerada obsoleta para

desenvolvimento de novas aplicações.

Atualmente está sendo desenvolvido uma nova versão do ViEW na plataforma

Unity 3D. A plataforma é uma engine (motor gráfico) para desenvolvimento de

jogos 3D e 2D. Ela apresenta um editor visual que torna possível visualizar todo o

desenvolvimento de acordo com um contexto WYSIWYG (what you see is what you

36

get, algo como “o que você vê é o que você tem”). Diferente da plataforma utilizada

na versão anterior, essa engine é compatível em diferentes sistemas operacionais

(multiplataforma). Além disso, o sistema desenvolvido nessa engine tem a

flexibilidade para ser implementado com dispositivos alternativos de controle.

Em razão disso, foi utilizado um simulador desenvolvido em Unity denominado de

uViEW. Na escolha de plataforma de desenvolvimento da interface e o sistema de

controle do módulo, levou-se em consideração experiência prévia com a

linguagem, flexibilidade de programação para posteriores ajustes, resposta rápida

de processamento e principalmente compatibilidade com o simulador. Assim, a

linguagem escolhida para desenvolvimento foi o C# e a plataforma utilizada foi o

Unity. Os simuladores ViEW e uViEW são mostrados na Figura 17, Figura 18,

Figura 19 e Figura 20.

Figura 17 - Simulador ViEW - Perspectiva do usuário. Fonte:(SILVA et al., 2013).

37

Figura 18 - Simulador Virtual ViEW na visão lateral. Fonte:(SILVA et al., 2013).

Figura 19 - Simulador uViEW na perspectiva do usuário

38

Figura 20 - Simulador Virtual uViEW na vista lateral.

2.2.3 Aquisição do Sinal sEMG

Para aquisição do sinal foi utilizado um procedimento operacional padrão (POP)

para evitar problemas na hora da coleta. Inicialmente, foi feito a escolha do

músculo. Os músculos pré-selecionados foram o masséter e o occipitofrontal,

mostrados Figura 21, devido ao seu tamanho e a amplitude do sinal captado. Em

seguida, na presença de pelos é necessário fazer a Tricotomia (raspagem) e a

limpeza com álcool na região. Isso se faz necessário para uma captura mais

precisa. Ao posicionar os eletrodos, é importante que os eletrodos estejam

conectados no meio do ventre muscular e o eletrodo de referência conectado numa

região que não tenha interferência do sinal EMG desejado, de preferência em uma

região óssea ou parte muscular não adjacente do músculo alvo. Na Figura 22 é

possível ver representação do tipo de sinal captado em diferentes partes do

músculo, percebe-se que o sinal que tem maior amplitude é o da região do ventre

muscular. Para fazer a coleta do sinal o sensor é ligado ao arduino e alimentado

por uma fonte ou bateria, na Figura 23 é ilustrado a configuração da ligação do

sensor.

39

Figura 21 - lustração dos músculos selecionados para aquisição do sinal EMG.

Fonte: Adaptado: (PUTZ, 2000)

.

Figura 22 - Ilustração do posicionamento do sensor no músculo. Fonte: Adaptado: (TECHNOLOGIES, 2015)

40

Figura 23 - Ilustração da ligação do Sensor no Arduino.

Fonte: Adaptado: (TECHNOLOGIES, 2015)

2.2.4 Processamento do sinal EMG

Os sinais captados pelos eletrodos possuem amplitudes muito baixas. Além disso,

sua detecção é contaminada por interferências. Sendo assim, o condicionamento

do sinal é necessário para minimizar essas interferências para então poder

manipula-lo. A manipulação do sinal foi feito por técnicas de processamento digital

de sinais (PDS). O objetivo do PDS é medir, filtrar e/ou comprimir sinais analógicos

contínuos.

A primeira etapa para processar o sinal é digitaliza-lo, por meio do conversor

analógico-digital, que transforma o sinal analógico para uma sequência de valores

digitais de forma discreta. Existem inúmeras aplicações para PDS, estão inclusos

o processamento de sinais sonoros, estimação espectral, imagens digitais,

biomedicina, processamento de controle, entre outros.

Nesta etapa do projeto, o sensor que está ligado ao Arduino (constituído por um

microcontrolador do modelo ATmega328 que possui um conversor A/D de 10 bits

com precisão de ± 2 LSBs), onde o sinal é digitalizado, processado e transmitido

para a interface de controle do simulador virtual. Após a conversão do sinal

analógico para o digital é iniciada a rotina de processamento do sinal, a Figura 24

ilustra o fluxograma dessa rotina. No final do processamento é identificada a ação

do usuário (neste caso se houve contração muscular ou não), se ação do usuário

41

foi uma contração o processador envia uma trigger (do tamanho de dois bytes do

tipo char) para o sistema de controle do simulador.

O processamento do sinal foi feito de forma embarcada, no qual o computador é

completamente dedicado ao dispositivo (ao sistema que ele controla). Deste modo,

é possível aperfeiçoar o projeto reduzindo custos, tamanho e recursos

computacionais do projeto.

Figura 24 - Fluxograma da rotina do processamento da Trigger.

No primeiro momento, a média do sinal é verificada, por meio do “janelamento” do

sinal, ou seja, a cada janela com 200 amostras do sinal e calculado a média e o

valor RMS (Root Mean Square ou Raiz do Valor Quadrático Médio) do sinal. Para

determinar o limiar do sinal em repouso é feita verificação se é o estado inicial.

Para determinar o limiar de contração, foi utilizado o teorema da distribuição normal

padronizada.

42

Sabe-se que os dados podem ser espalhados em diversas formas, mas há muitos

casos em que os dados tendem a ficar em torno de um valor central sem viés para

esquerda ou direita, e fica perto da “Distribuição Normal” como representado na

Figura 25 a seguir:

Figura 25 - Histograma de uma Distribuição Normal.

Devido que o sinal EMG digitalizado tem uma distribuição normal (por conta que o

sinal digital é uma representação do sinal analógico com valores discretos), é

possível calcular o limiar de contração com a seguinte equação:

Limiar= média + 2*(desvio padrão) (I)

Onde o limiar é determinado por meio da média mais duas vezes o desvio padrão,

de acordo com a fórmula estatística de uma distribuição normal unimodal, isso

determina que o intervalo de confiança seja de 95%, ou seja, o limiar determinado

pela fórmula (I) tem a probabilidade de 95% de ser verdadeiro. Após determinar o

limiar, verifica-se o rms do sinal se é maior que o limiar, se o resultado da condição

for verdadeiro é emitida uma sinalização que houve uma contração, um gatilho

(“trigger”).

43

2.2.5 Comunicação entre o Arduino e o ambiente virtual

Sobre as formas de comunicação do Arduino, o Uno tem uma série de facilidades

para se comunicar com um computador, com outra placa Uno, e ou outros

microcontroladores. O ATmega328 fornece UART TTL (5V ) para comunicação

serial, que está disponível nos pinos digitais 0 ( RX) e 1 (TX) . O Software do

Arduino (IDE) inclui um monitor serial que permite que dados simples de texto

sejam enviados de/para a placa. Os LEDs RX e TX na placa pisca quando os

dados estão sendo transmitidos por meio de conexão USB-serial para o

computador (mas não para comunicação serial nos pinos 0 e 1). Existem

dispositivos externos que foram desenvolvidos para serem conectados no Arduino

para aumentar suas funcionalidades, esses dispositivos são conhecidos como

shields, a shield Bluetooth permite que seja feita uma comunicação serial sem fio

com um outro dispositivo que tenha bluetooth. Sendo assim a comunicação entre o

Arduino e o ambiente virtual foi feita por comunicação serial. Esse tipo de

comunicação pode ser feito por cabo USB ou bluetooth. As etapas da comunicação

estão ilustradas na forma de diagrama de blocos na Figura 26 e Figura 27. No

dispositivo de entrada e feito a leitura do sinal, processamento e identificação da

ação do usuário. Se a ação foi de contração é escrito na porta serial um valor do

tipo char. Em seguida, essa informação é lida e feita um processamento para

selecionar o comando desejado e enviar para o bloco de saída.

Figura 26 - Diagrama de Blocos da comunicação do dispositivo de entrada.

44

Figura 27 - Diagrama de Blocos da comunicação do dispositivo da interface.

2.2.6 Definição da interface de controle da cadeira virtual

O módulo de controle da cadeira virtual foi desenvolvido com o objetivo de ser

utilizado como forma de treinamento, avaliação e calibração do sistema da cadeira

real, sendo assim, é obrigatório que exista uma correspondência do ambiente

virtual com o real, ou seja, a interface do simulador tem que ser o mais próximo do

que se encontra no sistema de controle da cadeira de rodas real, e os mesmos

comandos de controle são utilizados para ambos os ambientes, real e ou virtual.

Em paralelo ao projeto proposto, está sendo desenvolvido um sistema de controle

por módulo sEMG para uma cadeira de rodas real, o modelo de interface proposta

para cadeira de rodas real é. Deste modo, a interface de controle para cadeira de

rodas virtual foi desenvolvida de forma semelhante à interface para cadeira de

rodas real.

45

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Resultados

Após o desenvolvimento do módulo de controle da cadeira virtual por sEMG da

face, obteve-se um programa de processamento embarcado baseado na

linguagem C/C++, uma interface gráfica e um algoritmo em C# para o controle da

cadeira do simulador uViEW. A interface de controle da cadeira virtual foi

desenvolvida de forma semelhante ao da cadeira de rodas real mostrado na Figura

28 e Figura 29. Na Figura 30 e Figura 31 é possível visualizar a interface de

controle da cadeira virtual.

Figura 28 - Interface de controle proposta para uma cadeira de rodas real, primeira janela.

Figura 29 - Interface de controle proposta para uma cadeira de rodas real, segunda janela

46

Figura 30 - Interface de controle desenvolvida para a cadeira de rodas virtual, primeira tela.

Figura 31 - Interface de controle desenvolvida para a cadeira de rodas virtual, segunda tela.

O controle da cadeira funciona a partir de um princípio de seleção indireta por

varredura linear. Um primeiro gatilho detectado no músculo é usado para seleção

47

da do movimento desejado (frente, trás, esquerda, direita e pare). Assim que

selecionado o item desejado pelo usuário, que recebe então um feedback visual

indicado qual comando foi selecionado. Este comando é então enviado para a

cadeira, que irá executá-lo até um comando diferente seja recebido. Toda vez que

um comando é selecionado o próximo comando esperado da cadeira é o de “pare”.

Na Figura 30 e Figura 31 é possível ver a seleção do comando “frente” logo em

seguida o próximo comando esperado é de “pare”.

Todo o sistema foi testado por voluntários, foram feitos testes nos músculos do

masseter e do occipitofrontal. Ambos os músculos são localizados na face uma vez

que o objetivo do presente trabalho é fornecer controle do simulador para pessoas

com grave deficiência motoras. O dispositivo de entrada é composto pelo sensor

Myoware, Arduino e o programa para processamento do sinal. A comunicação

entre o dispositivo de entrada e a interface é verificada pelo algoritmo de controle

da cadeira (Figura 32), e o teste final do projeto é mostrado na Figura 33.

Figura 32 - Mensagem ao usuário avisando que o sensor está desconectado

48

Figura 33 - Teste do projeto.

3.2 Discussão

Os resultados obtidos com os primeiros testes foram que o voluntário conseguiu

conduzir a cadeira de rodas, os comandos foram passados de forma rápida para

ambiente virtual que proporcionou uma boa resposta e um bom feedback para o

usuário. Entretanto, durante a fase de testes com outros voluntários percebeu-se a

necessidade de desenvolver um sistema de calibração do limiar de contração.

Uma vez que o sistema de detecção funciona perfeitamente com algumas pessoas

e com outras não desempenha de forma plena, foi identificado problemas de

detecção de contração duplicada e de falta de reconhecimento de contração em

determinados momentos do teste. Dessa forma, o sistema calibração ajudaria

detectar características especificas do sinal cada usuário, e ajustando a detecção

de contração de forma mais precisa. Verificou-se que a comunicação serial, entre

os dispositivos de entrada e o simulador, teve um bom desempenho, não

apresentando problemas durante os testes.

O sistema de controle foi desenvolvido para que o usuário pudesse controlar a

cadeira de forma simplificada, com menor número de contrações possíveis e uma

demanda menor sinais EMG. Desta forma, o módulo utiliza apenas um canal EMG

49

diferente do trabalho anterior que utilizou dois canais, e o sistema de seleção dos

comandos da cadeira foi desenvolvido baseado no princípio de seleção indireta por

varredura linear. Para trabalhos futuros, o método precisa passar por um processo

de validação para saber se o sistema pode ser utilizado por mais tempo sem gerar

fadiga muscular, seriam necessários testes mais extensos, com duração maior de

20 minutos, não realizados neste trabalho.

4 CONCLUSÕES

O presente trabalho criou a oportunidade para o aprendizado de áreas específicas

dentro da Engenharia Biomédica, e por ser um trabalho com conhecimentos da

área de Tecnologia Assistiva e Realidade Virtual, o trabalho proporcionou contato

com tecnologias emergentes da área e um melhor entendimento da mesma.

Neste trabalho, foi desenvolvido um módulo de controle para uma cadeira virtual

por sinais de eletromiografia de músculos faciais. O módulo apresenta uma

interface de controle que funciona com o princípio de seleção indireta por varredura

linear. A interface mostrou-se capaz de operar a cadeira virtual com o uso do

sensor, porém apresentou dificuldade para detectar contração muscular em alguns

testes. Por usar um método de seleção indireta, o sistema funciona a partir de um

gatilho, e dessa forma não são necessários dois músculos para interagir com ele

fazendo com que o treinamento seja feito de forma simplificada.

Em vista das perdas de contração observadas, o próximo passo do projeto é

buscar outras formas de processar o sinal para aumentar o desempenho de

detecção, além disso, desenvolver um sistema de validação do sensor para auto

avaliação do projeto. Após alcançar esses dois objetivos, o próximo passo é fazer

testes com módulo funcionando com dispositivos que aumente a imersão do

usuário no simulador, neste caso deverá ser utilizado o Rift, tendo em vista que, o

objetivo final é oferecer uma ferramenta confiável e robusta para comunidade

externa como ferramenta de auxilio ao treinamento da cadeira de rodas com

controle alternativo.

50

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