de volta do subconsciente

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Edward é um jovem humilde que sofre um acidente, causado por um veículo em alta velocidade. Esse acontecimento é o ponto de partida para a sua vida ser completamente transformada. Paraplégico e desacordado, ele descobre que tem a capacidade de viajar pelo subconsciente e entrar na mente e no corpo das pessoas. Um poder que permitirá a ele, como única chance, fugir e escapar de uma perigosa teia de corrupção e crimes, que envolve um experimento científico extremamente arriscado do qual Edward é cobaia. Agora, o desejo de se livrar das garras maléficas do Dr. Rhais e resgatar a sua amada, unidos aos estranhos experimentos, parece estar o transformando em um homem frio e meticuloso. Nesta envolvente e misteriosa trama, será ele capaz de retomar a vida e voltar ileso à realidade?

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Edmilson Cruz

TALENTOS DA LITERATURA BRASILEIRA

São Paulo, 2015

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De volta do subconscienteCopyright © 2015 by Edmilson S. CruzCopyright © 2015 by Novo Século Editora Ltda.

Aquisições

Cleber Vasconcelos

prepArAção

Luiz Alberto Galdini

diAgrAmAção

Equipe Novo Século

revisão

Cris Toledo

ilustrAção

Alexandre Santos (capa)Edmilson Cruz (miolo)Thiago Lima da Silva (miolo)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Cruz, Edmilson S.De volta do subconsciente / Edmilson S. Cruz.Barueri, SP: Novo Século Editora, 2015. (coleção talentos da literatura brasileira)

1. Ficção brasileira I. Título. II. Série

15-07154 cdd-869.3

Índice para catálogo sistemático:1. Ficção: Literatura brasileira 869.3

novo século editora ltda.Alameda Araguaia, 2190 – Bloco A – 11o andar – Conjunto 1111 cep 06455-000 – Alphaville Industrial, Barueri – sp – BrasilTel.: (11) 3699-7107 | Fax: (11) 3699-7323www.novoseculo.com.br | [email protected]

Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), em vigor desde 10 de janeiro de 2009.

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Dedico este livro aos meus filhos: Kevin Gomes da Cruz,

Khaio Gomes da Cruz.

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aGRadeciMentos

Agradeço a Deus, por me ajudar a finalizar este projeto, sem essa ajuda este livro não seria possível.

A meus pais Maria Dalvani Silva da Cruz e Filinto Silva da Cruz, por terem me educado da forma correta.

A minha esposa Mirian J. Gomes, à professora Neide M. Kazan, que através de seus preciosos ensinamentos me deu uma direção a seguir.

A Thiago Lima da Silva e José Anselmo dos Santos Junior, por me ajudarem com as ilustrações. E a todos que me deram apoio para continuar. Muito obrigado!

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Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento.(Provérbios 2:6)

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ao leitoR

Prezado leitor, os personagens, assim como os nomes aqui descritos são fictícios. Caso se identifique com alguns casos ou situações descritas nesta história, trata-se apenas de mera coincidência.

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uM

o acidente

Carlos Edward Henrique, um jovem de estatura mediana, aproximadamente 1,70 m de altura, gostava de usar cavanha-que fino, tinha cabelos castanho-escuros bem penteados com um topetezinho dando um toque de elegância em seu jeito de garoto maroto. Era um moreno de pele clara, mestiço tipicamente brasileiro, tímido com as garotas, mas muito comunicativo. Obser-vador, paciente e moderado, porém firme em suas convicções, gostava de vestir roupas sociais, ocasionalmente um paletó e uma gravata. Persuasivo em suas ideias, mas cético em relação a certos ensinamentos religiosos que lhe causaram grandes conflitos com o pastor da igreja de sua mãe. Desde a última vez em que confli-tou com o pastor, deixou de ir à igreja. Seus conceitos religiosos mudaram muito, tornando sua forma de ver o mundo e a religião diferentes do que antes via.

Como era um rapaz humilde e muito trabalhador, Carlos Edward Henrique arrumou um emprego em uma empresa na cidade de São Paulo, onde tinha que cumprir dois períodos, o que o obrigava a acordar bem cedo, porém não tinha nenhum pro-blema com isso, porque seu histórico de vida lhe dava incentivo para não recusar nenhuma oferta de trabalho. No decorrer dessa história, você saberá como foi difícil a vida e a infância dele.

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Sua história de vida, embora pareça duvidosa, uma ficção, traz grandes exemplos e reflexões para a vida cotidiana daqueles que não dão valor e só lamentam suas vidas miseráveis, e não veem nenhuma perspectiva de melhora em seu dia a dia. Lembre-se, não há nada melhor do que um dia após o outro e, quando tudo parece estar perdido, uma luz sempre surge na mente daqueles que não se entregam diante dos gigantes da vida, os problemas.

No cotidiano, Edward enfrentava muitas dificuldades, como todo brasileiro enfrenta, e continuava persistente para alcançar seus objetivos. Ele possuía uma habilidade incrível em manipular situações com as palavras. Sempre foi um garoto articulador e cheio de planos para o futuro, até o dia que a sorte pareceu ouvir todas as suas preces e lhe abençoou, ou amaldiçoou, com um poder incrível, que ele aperfeiçoou com grande habilidade.

Segundo o que me contaram quando viajei para nossa cidade de origem, tudo parecia estar dando errado na vida de Edward. Esse jovem manso e pacato, de grande inteligência e muita sabedoria, que às vezes as utilizava de tal forma que surpreendia a todos que estivessem a sua volta. Inconformado com sua rotina diária, ele passou a desejar que acontecessem coisas incríveis em sua vida, coisas maravilhosas ou extraordi-nárias, mas a decepção logo lhe abatia, pois nada acontecia de diferente. Todos os dias ele vivia os mesmos dramas, os mesmos problemas, e a sua maneira de viver era sempre a mesma. A vida parecia não ter graça nenhuma, era somente trabalho, trabalho, mais trabalho e estudos.

– Que vida essa minha? – refletia em silêncio. Essa era uma pergunta que ele se fazia com frequência nessa época.

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Um dia entediante

Edward acorda muito cedo, levanta-se cambaleando, mal consegue escovar os dentes; seus olhos lutando para se manterem abertos de tanto sono. Uma disputa entre comodismo e necessi-dade angustia sua mente, obrigando-o a ir trabalhar. Logo toma um copo de água, pega sua mochila com seus pertences e põe nas costas. Naquele exato momento, não se sabia qual dos dois lhe pesava mais, a bolsa com os pertences nas costas ou o peso da madrugada ao sair de casa às 3h30 para realizar mais uma tarefa diária. Sem saber o que o destino lhe aguardava no caminho, só consegue orar a seu Deus e pedir proteção por mais um dia de vida e um bom dia de trabalho. Sai em sua jornada e deixa sua família a dormir num profundo e adorável sono.

Tamanha era a dificuldade financeira que o escravizava e que ainda o oprimia, obrigando-o a empurrar o seu transporte precá-rio, uma mobilete na qual mal conseguia se equilibrar por conta da folga que havia no guidão. Os pneus já estavam carecas e a pintura muito velha, enferrujada e, além de tudo, ele precisava empurrar a mobilete por quase um quilômetro de distância de casa para não acordar a vizinhança por conta do barulho que ela fazia quando funcionava. Edward não queria ter mais problemas com os vizi-nhos como havia tido no início, quando a comprou.

Depois de uma longa jornada, chega bem ao seu trabalho, faz suas tarefas costumeiras e volta à noite para casa, às 22h20, após ter ido para a faculdade. Isso acontecia todos os dias, porque, depois de realizar o seu trabalho, ainda se sentia esperançoso de que, após concluir o curso superior, pudesse mudar de profissão o mais rápido possível.

Este fora mais um dia de Edward, não muito diferente dos demais. Para ele parecia que a vida nunca iria mudar, era uma rotina difícil, no entanto era o preço que tinha que pagar para sua

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sobrevivência, e ainda tinha que suportar as implicâncias de sua mãe quando chegava tarde a casa. Ela pegava muito em seu pé, porque ultimamente ele tinha se associado a um grupo de cinco jovens que não eram bem vistos em seu bairro, principalmente o que se chamava Marcos, que tinha uma péssima reputação. Con-tudo, no fundo, ele amava muito sua mãe e sabia que ela o amava também e só queria o seu bem.

Certo dia, numa madrugada de domingo, já próximo do amanhecer da segunda-feira, ele saiu de casa como de costume, inocente e fiel como um cordeirinho indo para o matadouro. A caminho do seu trabalho, do nada surgiu um carro vindo em sua direção em altíssima velocidade, fugindo da polícia. Ele tentou desviar, mas não foi rápido o suficiente para se livrar do mal que parecia predestinado. O automóvel acertou-o de frente em cheio. Em fração de segundos, o rosto de Edward bateu no para-brisa e ele ficou cara a cara com o motorista do veículo. O impacto foi tão grande que o arremessou a uma grande distância. Sua mobilete ficou em pedaços. Edward sofreu um traumatismo craniano e fraturou várias partes do corpo. Para sua sorte, a polícia desistiu da perseguição em prol de socorrê-lo. Logo chamaram o resgate e ele foi socorrido às pressas em estado gravíssimo, parecia ser o seu fim, todavia, mal sabia ele que tudo estava para mudar a seu favor.

Ao chegar ao hospital, Edward estava em coma. Levaram-no apressadamente para a sala cirúrgica, fizeram a primeira operação e ele resistiu muito bem, depois realizaram outra e mais outra e, milagrosamente, o rapaz resistiu a todas elas. O hospital provi-denciou o contato com a família, porém, só conseguiram localizar seus familiares uma semana depois. E só conseguiram porque um enfermeiro havia encontrado o crachá da empresa onde ele traba-lhava no bolso de sua calça no momento em que ia jogá-la no cesto de lixo. Ligaram para o local de trabalho e pediram informações a respeito dele e também solicitaram o endereço da família.

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No dia em que recebeu a notícia do acidente de Edward, sua mãe, preocupada com o sumiço do filho, entrou em desespero e teve um colapso nervoso. Podia-se ouvir os gritos desesperados a centenas de metros. Eram sua mãe e seus irmãos, todos estavam extremamente abalados, muito sentidos com a notícia do acidente. As informações que eles tinham do hospital era que o rapaz estava gravemente ferido, parecia não ter mais jeito, estava machucado demais e em estado de coma profundo. Os familiares e os amigos choraram com a notícia, pois todos o amavam muito. Edward era um jovem simpático que se dava bem com todo mundo em seu bairro, simples e humilde, estava próximo de todos, gostava de andar de skate e soltava pipa nas horas vagas nos finais de semanas. Procurava ajudar as pessoas e, quando via alguém em apuros, fazia de tudo, até mesmo dar sua própria vida, se necessário, para ajudar quem precisava.

Em nossa adolescência, ele enfrentou muitas brigas na escola e no bairro onde morávamos, sempre me protegendo ou defendendo alguém que estava sendo injustiçado. Meu apelido,“Kabuletê” (vagabundo), e o dele “Mironga” (feitiço ou feiticeiro) tinham signi-ficados um tanto forte para dois adolescentes que não faziam juízo ao apelido que levaram por seus “colegas” de escola. Ele tinha esse grande defeito. Para mim, era uma grande qualidade. Se ele sou-besse que alguém iria fazer mal a outra pessoa inocente, resolvia o problema ali na mesma hora sem medir as consequências. Por esse motivo, se metia em questões alheias. Edward tinha algo peculiar, um olhar diferente. Na hora dos conflitos, quando ele fazia aquele olhar, sempre conseguia sair de todas as questões sem se machucar e numa boa. Parecia ter algum tipo de poder sobrenatural para resolver problemas, que o tornava incompreensível para alguns.

Esse acidente causou uma grande comoção na família e nos vizinhos. Agora todos se mobilizaram para ajudar de alguma forma. Correntes de orações foram feitas em todas as igrejas da vizinhança, todos estavam apreensivos com a gravidade do

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acidente de Edward. Sua mãe estava inconformada com a notícia. Desesperada, foi até o hospital ver o estado de saúde do filho.

Enquanto isso, no hospital, Edward parecia querer acordar, demonstrava muita inquietação como se um barulho muito estra-nho estivesse a incomodá-lo. Parecia que ouvia muitas vozes. Após manifestar essas reações, ele volta ao coma novamente.

Na recepção do hospital, a mãe dele procura saber notícias do estado de saúde do filho. Ela é tranquilizada por uma atendente que providencia tudo para que ela veja Edward o mais rápido possível. Parecia que a moça já a conhecia, todavia, dona Maria Estefani da Conceição, nunca havia visto aquela atendente antes, porém, isso não a interessava. Pelo contrário, estava muito grata, pois precisava muitíssimo de alguém como aquela moça para ajudá-la a encontrar seu filho naquele hospital enorme e luxuoso.

– Sra. Estefani, ao lhe perguntarem por qual paciente pro-cura, diga apenas que veio ver o Edward, o rapaz acidentado na madrugada da segunda-feira passada. Diga-lhes que é a mãe dele e não comente nada mais, se não a perguntarem – disse a moça, conduzindo-a até a sala de atendimento às visitas.

Talvez a Sra. Estefani tenha recebido esse conselho devido ao seu jeito espontâneo de falar, esse era um de seus grandes defeitos.

Ela segurou sua tagarelice e logo já estava na sala de espera, onde um médico responsável pelo paciente levou-a para vê-lo. De repente, apareceu um médico de meia-idade, um senhor já de cabelos grisalhos.

– Pois não, senhora, em que posso ajudá-la? – falou o homem enquanto abria a porta e entrava no recinto.

– Bom dia, doutor! Muito prazer! Sou Maria Estefani da Con-ceição, a mãe de Carlos Edward Henrique.

– Bom dia! Prazer.– Como está meu filho, doutor?– Qual é mesmo o nome dele?

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– Carlos Edward! Ele está bem?– Senhora, o seu filho vai sobreviver, entretanto, ficará com

um defeito na mão esquerda. Estamos fazendo o possível para restaurar a saúde dele.

– Tudo bem, doutor. O importante é salvar a vida do meu filho.– Não se preocupe, senhora. Ele logo estará recuperado!– Espero que sim, doutor. Mas posso vê-lo agora mesmo?– Não neste momento. Você vai agora até o setor que vou lhe

mostrar e dirá que o Dr. Valérius a encaminhou para pedir um cartão de visita. Elas irão providenciar e depois poderá visitá-lo quando quiser.

– Muito obrigada, doutor!– De nada, senhora! Estou fazendo apenas meu trabalho. Com um sentimento de imensa gratidão, a Sra. Estefani eleva

uma prece ao seu Deus agradecendo-o por ajudá-la a encontrar seu filho com vida. Já com o cartão de visita em mãos, ela não consegue ver Edward. Entretanto, sai satisfeita, pois foi tratada muito bem e sabe que a partir do dia seguinte terá livre acesso ao quarto do amado filho, poderá visitá-lo todos os dias.

Antes de sair do hospital, ela encontra o Dr. Valérius no corredor.

– Como foi atendida, Sra. Estefani? – perguntou o doutor.– Foi tudo bem – disse ela, e lhe contou como foi o atendi-

mento. Depois de agradecer por tudo que fez, ela se despede, mas o médico insiste em saber se ainda pode ajudá-la em alguma coisa. Sua preocupação e cuidado evidencia que gostou muito da mulher, provavelmente está querendo paquerá-la.

– Só não estou completamente satisfeita porque não consegui ver meu filho nem de longe – disse a Sra. Estefani.

– Poxa, então me acompanhe – disse o médico, comovido com o caso. Juntos vão até o quarto onde está Edward.

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Diante do filho gravemente ferido, ela o observa atentamente dormir como uma pobre e indefesa criança.

Eu o pegaria em meus braços e o encheria de beijos se não fosse essa barreira de vidro que nos separa nesse momento.

Quase dava para ouvir seus pensamentos. A pobre mãe, incansável de orar por seu filho, se contenta em apenas olhar para seu ente mais querido, seu amado filho, atrás daquele vidro transparente. Sussurrando baixinho, ela dava graças a Deus e aos enormes esforços médicos por terem salvado a vida dele, satisfeita em vê-lo, mesmo de longe. Ela agradece ao médico e se dirige para ir embora.

As cirurgias tinham sido muito recentes, e ele não estava ainda disponível para visitas, afinal de contas, Edward ainda estava em coma profundo. O Dr. Valérius conduziu-a de volta ao corredor, onde a encontrou, e se despediu dando-lhe um caloroso abraço e um beijo na testa, e voltou para continuar o seu trabalho.

Sra. Estefani se retirou do hospital, voltou para sua casa, medi-tando sobre tudo o que aconteceu lá dentro, maravilhada com o atendimento que recebeu e com o tamanho do hospital em que o filho estava internado.

Mas que homem atrevido! Por que ele me abraçou tão forte daquele jeito e ainda me beijou? Acalme-se, Estefani, ele salvou a vida do seu filho. Quem me dera eu tivesse um convênio como esse de Carlos... Se não fosse o convênio dele, provavelmente não teria sobrevivido e não sei onde eu estaria agora – ela pensa.

A partir daquele dia, Sra. Estefani passa a visitar Carlos Edward Henrique todos os dias.

***

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Quebra-quebra no hospital

Dias depois, houve um grande tumulto no hospital. Um paciente acordou do coma profundo e começou a quebrar tudo em sua volta, causando um grande pânico. Deveria pensar ser o “Hulk” e que o tinham aprisionado naquele quarto. Ele estava louco, parecia procurar por alguém ou alguma coisa, porque gri-tava o nome de uma mulher.

– Não deixe o Ed encontrar-se com... A...! – berrava o paciente.Mas até aquele momento, ninguém entendia nada do que

dizia, pois ele estava descontrolado.. Os três seguranças do hospital não conseguiram segurar o homem e chamaram reforços.

A polícia veio imediatamente. Quando o grupo de policiais chegou, oito ao todo, um deles se destacou por sua irreverência, pois fazia gracejos e contava piadas de mau gosto. Seu apelido era Fonfom, por gostar de imitar sons de buzinas de automóveis. No momento em que o grupo estava planejando suas estratégias para agarrar o paciente e imobilizá-lo, Fonfom, o policial brincalhão e folgado, começou a contar suas piadas de mau gosto.

– Vamos lá, rapazes! Vamos lá! Vamos pegar esse menino malcriado – disse ele.

– Vai você! Seu imbecil, oferece um pirulito para ele! Talvez até ele te chame de titio, seu idiota! Estamos planejando algo sério e você aí fazendo piadas bobas – repreendeu um policial do outro lado.

– Tudo bem, pessoal! Eu sei que o garoto não está nada ami-gável e vocês estão todos se borrando de medo dele. Deixa que o papaizinho aqui resolve, afinal de contas, o que seria de vocês se eu não estivesse aqui, hein? – gritou Fonfom, ainda não satisfeito com a repreensão de seu companheiro.

– Cale a boca, seu idiota! Pare com isso, Fonfom, agora não é hora de brincadeiras. Vamos em frente, rapazes! Não há tempo

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para brincadeiras – bradou Railson, parceiro de Fonfom, em tom agressivo e audível.

Sob a voz de comando do capitão, todos partiram para cima do paciente que estava louco e reagiu com tanta violência que jogou-os ao chão, alguns por cima de mesas, cadeiras e jarros com plantas que ornamentavam o ambiente. Não conseguiram contê--lo. Ele tinha uma força incrível, algo sobrenatural. Durante a luta com a polícia e os guardas, ele agarrou dois pelos colarinhos de uma só vez, ergueu-os e arremessou-os contra a parede.

Graças a Deus, não sofreram lesões graves, mas continuaram desmaiados. O policial Railson, homem grande e forte, porém ainda inexperiente e recém-integrado ao grupo de policiais, sacou a arma com intenção de atirar no paciente depois que tomou um soco muito forte e também foi arremessado contra a parede. O paciente louco fitou-o nos olhos. Imediatamente Railson ficou imóvel como se fosse uma estátua de pedra, e começou a levitar alguns centíme-tros acima do chão. Não conseguia se mover de forma alguma. O policial forçava o dedo no gatilho da arma para disparar, mas era em vão. Em um lapso de segundo, enquanto todos estavam atônitos sem entenderem absolutamente nada do que viam, o paciente louco, como se estivesse em sã consciência, disse:

– Seu maldito, por que você praticou aquele crime? Por sua causa, agora o Ed está neste hospital devido ao mal que você lhe causou. Você irá pagar um preço muito caro, não deveria nem estar aqui, muito menos apontando essa arma para mim! Vou pou-par sua vida, mas será desabilitado do seu cargo e perderá seu bem mais precioso por ter praticado algo que não deveria e por tê-lo trazido para esse lugar. Se quiser salvá-la, procure o Ed e mate-o!

Em seguida, os dois caíram desmaiados no chão: o PM Railson e o paciente louco. Seus colegas de ofício, junto com os médicos e os enfermeiros, socorreram os dois o mais rápido pos-sível. Todos que estavam ali por perto, nos corredores do hospital,

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viram as cenas bizarras e estavam horrorizados, sem a menor ideia do que se tratava toda aquela bagunça, e se perguntavam: “O que foi aquilo? E a respeito de quem ele falava?”.

– É só um louco. Não sabe o que diz – diziam.Não entenderam o que o rapaz queria dizer, afinal de contas, foi

só um surto psicótico de um louco e ninguém conhecia esse tal de Ed. Quando o paciente foi tranquilizado em seu quarto, ele reco-

brou a consciência. Chamaram o seu médico e um psiquiatra para conversar com ele. Queriam tentar compreender o que acontecera. Durante a conversa, ele falou para o psiquiatra muitas coisas, dentre elas que não deixassem o Ed se aproximar da Lavínia. Porém, não lhe deram crédito, pois tudo o que dizia não fazia sentido algum. Eram coisas terríveis e impossíveis de acontecer, segundo pensa-vam os médicos. Afinal, ele não pronunciava o nome completo, por mais que tentasse, sua língua dobrava e só conseguia dizer Ed. Já o nome da mulher conseguia pronunciar perfeitamente, Lavínia. O homem se indignou por não acreditarem nele, começou a ficar irado e a ter outro ataque, porém logo foi sedado e dormiu.

Segundo o prontuário médico, aquele cidadão nunca havia tido um surto psicótico ou algo parecido. Foi uma grande surpresa para o médico que o acompanhava desde o início. O rapaz tinha sido internado por consequência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), ocorrido dois dias antes, mais um caso inexplicável para os médicos daquele hospital. No seu histórico, constava que o jovem era saudável, praticava esportes, tinha um porte atlético e era de uma família muito rica. Um jovem naturalista cheio de saúde que nunca apresentou sequer um quadro de doença ou algo assim e, de repente, sofre um AVC. O mais curioso é que depois do ataque, ou surto psicótico, o rapaz ficou completamente curado do acidente vascular, sem nenhum vestígio ou sequela.

Os médicos do hospital não conseguiram explicar para os pais dele como o filho acordou de um coma e logo em seguida

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teve um surto psicótico. O rapaz milagrosamente se recuperou do problema de saúde como se nada lhe tivesse ocorrido. Após esse incidente, estava muito bem de saúde, em observação e repouso, e aguardava apenas para receber alta e voltar à vida normal.

Quanto a Edward, algo de muito estranho estava lhe aconte-cendo nesse hospital. Descobriram nele algo assustador. Segundo os exames e os laudos médicos, foi constatado que um dos seus lobos cerebrais estava com o formato diferente do normal e com o dobro do tamanho. Ainda não se sabia se a diferença era pato-lógica, algum incidente durante a gestação, ou até mesmo sido vítima de um experimento científico macabro. Embora o trauma-tismo craniano tenha sido grave, parece não ter afetado nenhum de seus lobos cerebrais, mesmo com a anomalia descoberta no seu lobo occipital. Os médicos puderam constatar que os demais não foram afetados, tornando o seu caso menos grave. Entretanto, Edward tinha alucinações incríveis, como se tivesse achado um portal para outras dimensões.

Desde que chegou ao hospital no dia do acidente, ele não parava de viajar por outros mundos, ou pelo menos pensava que viajava. Durante todo esse tempo, ele tinha visões ou sonhos, sei lá.

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