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Módulo de Recuperação LITERATURA 1º Ano Wagner Luís Julho/2016
De volta ao lugar da despedida
Saí de São Paulo às seis e trinta da manhã e voei para o passado que um dia foi meu presente. Parecia um
sonho, mal consegui acreditar que tinha novamente o rio Negro a minha frente e estava assistindo ao espetáculo
mais belo do universo: o pôr-do-sol ao vivo e a cores. Seus raios dourados eram tão fortes e brilhantes que
pareciam faróis em noites escuras apontando o lugar no qual o marinheiro solitário deveria ancorar seu barco.
É uma paisagem exuberante, aos meus olhos que estão sempre sensíveis às belezas da natureza. Sempre
aprendo com ela através dos recados deixados a mim: às vezes através do vôo de uma gaivota, outras na bravura
das águas de uma cachoeira e ainda no sorriso de uma criança. É preciso parar e ouvir o que a natureza tem a nos
dizer. [...] A natureza é como uma mãe que te põe no colo para ninar. Sou completamente apaixonada por ela e
sensível ao seu encanto. (MAFFRA, Laila. Se não fosse o crack, te teria outra vez. São Paulo. Ed Betânia, 1ª edição. Página 19)
01. O texto caracteriza-se como narrativa:
a) de feição épica b) de tom modernista
c) de natureza confessional
d) de caráter naturalista. e) Do cotidiano
02. Na frase: “... e voei para o passado que um dia foi meu presente.” Assinale a alternativa que indica recurso
empregado na palavra em destaque na frase extraída do texto acima.
a) Intertextualidade, já que se pode notar apropriação explicita e marcada, por meio de citações, de trechos de outros textos.
b) Conotação, uma vez que o texto emprega em toda a sua extensão uma linguagem que adota tom pessoal subjetivo.
c) Ironia observada no emprego de expressões que conduzem o leitor a outra possibilidade de interpretação, sempre critica
d) Denotação, pois há utilização objetiva de palavras e expressões que destacam a presença da função
referencial. e) Metalinguagem, uma vez que a linguagem adotada serve exclusivamente para tratar da própria linguagem.
De volta ao bosque
“Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança”. Escreveu o profeta Jeremias, quando viu a
cidade de seus sonhos sendo destruída. Neste momento de desolação quero trazer a minha lembrança três
verdades, que me farão sobreviver. A primeira é que a misericórdia de Deus sempre me alcançará, elas não têm
fim; a segunda é que mesmo destruída pelo crack, posso ver sua fidelidade que é maior do que essa pedra; e a
terceira é que minha porção é o Senhor, portanto esperarei Nele.
(MAFFRA, Laila. Se não fosse o crack, te teria outra vez. São Paulo. Ed Betânia, 1ª edição. Página 237)
03. De acordo com o fragmento do texto, podemos inferir:
a) Que precisamos da religião para termos salvação.
b) Que devemos ter pensamentos positivos para superar qualquer problema. c) Que devemos crer em Deus, principalmente nas adversidades.
d) Que o tempo tudo resolve. e) Que devemos ler a bíblia com frequência.
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Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o país era povoado de índios. Importaram, depois, da África,
grande número de escravos. O Português, o Índio e o Negro constituem, durante o período colonial, as três bases
da população brasileira. Mas no que se refere à cultura, a contribuição do Português foi de longe a mais notada.
Durante muito tempo o português e o tupi viveram lado a lado como línguas de comunicação. Era o tupi que
utilizavam os bandeirantes nas suas expedições. Em 1694, dizia o Padre Antônio Vieira que "as famílias dos
portugueses e índios em São Paulo estão tão ligadas hoje umas com as outras, que as mulheres e os filhos se
criam mística e domesticamente, e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos Índios, e a portuguesa a vão os
meninos aprender à escola.” TEYSSIER, P. História da língua portuguesa. Lisboa:
Livraria Sá da Costa, 1984 (adaptado).
04. A identidade de uma nação está diretamente ligada à cultura de seu povo. O texto mostra que, no período
colonial brasileiro, o Português, o Índio e o Negro formaram a base da população e que o patrimônio
linguístico brasileiro é resultado da:
a) contribuição dos índios na escolarização dos brasileiros.
b) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos indígenas. c) importância do padre Antônio Vieira para a literatura de língua portuguesa.
d) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as línguas tupi.
e) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da língua tupi.
05. Para a interpretação do conjunto de informações do folheto de divulgação ao lado, que utiliza tecnologias diversificadas ao explorar
texto visual e verbal, é necessário considerar que
a) o uso de dois códigos ilustra uma representação fiel de mundo que
constitui o significado dos signos verbais e visuais.
b) o interlocutor que não domine o código linguístico não recebe informações suficientes para compreender as informações visuais.
c) a comunicação plena nesse gênero textual depende da estruturação prévia de significados não ambíguos em diferentes códigos.
d) o uso adequado de signos verbais e visuais permite que se elimine
um dos códigos porque as informações são fornecidas pelo outro. e) a coerência do texto se constrói na integração das informações
constituídas em linguagem verbal e em linguagem visual.
SONETO DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Morais)
06. O SONETO é um tipo de texto pertencente ao gênero lírico. O
soneto de Separação de autoria de Vinicius de Morais, pode ser classificado como:
a) Petrarquiano b) Inglês
c) Shakespereano
d) Monofrásico e) Hino.
07. No verso: “Silencioso e branco como a bruma”, temos uma:
a) Metáfora b) Prosopopéia
c) Símile
d) Catacrese e) Sinestesia
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Textos para a próxima questão
JACÓ ENCONTRA-SE COM RAQUEL
Depois disse Labão a Jacó: Acaso, por seres meu
parente, irás servir-me de graça? Dize-me, qual será o
teu salário? Ora Labão tinha duas filhas: Lia, a mais
velha, e Raquel, a mais moça. Lia tinha olhos baços,
porém Raquel era formosa de porte e de semblante.
Jacó amava a Raquel, e disse: Sete anos te servirei por
tua filha mais moça, Raquel. Respondeu Labão: Melhor
é que eu te dê, em vez de dá-la a outro homem; fica,
pois, comigo.
Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete
anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo
muito que a amava. Disse Jacó a Labão: Dá-me minha
mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com
ela. Reuniu, pois, Labão todos os homens do lugar, e
deu um banquete. À noite, conduziu a Lia, sua filha, e a
entregou a Jacó. E coabitaram. (...) Ao amanhecer, viu
que era Lia, por isso disse Jacó a Labão: Que é isso que
me fizeste? Não te servi por amor a Raquel? Por que,
pois, me enganaste? Respondeu Labão: Não se faz
assim em nossa terra, dar-se a mais nova antes da
primogênita. Decorrida a semana desta, dar-te-emos
também a outra, pelo trabalho de mais sete anos que
ainda me servirás.
Concordou Jacó, e se passou a semana desta;
então Labão lhe deu por mulher Raquel, sua filha. (...)
E coabitaram. Mas Jacó amava mais a Raquel do que a
Lia; e continuou servindo a Labão por outros sete anos.
(Gênesis, 29,15-30) BÍBLIA SAGRADA (Trad. João Ferreira de Almeida.) Rio de Janeiro:
Sociedade Bíblica do Brasil, 1962.
SONETO 88
Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assi[m] negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos, Dizendo: -Mais servira, se não fora
Pera tão longo amor tão curta a vida!
CAMÕES. OBRA COMPLETA. Rio de Janeiro: Aguilar, 1963, p. 298.
08. Assinale a alternativa que indica recurso empregado na palavra em destaque na frase extraída do texto acima.
a) Intertextualidade, já que se pode notar apropriação explicita e marcada, por meio de citações, de trechos de outros textos.
b) Conotação, uma vez que o texto emprega em toda a sua extensão uma linguagem que adota tom pessoal
subjetivo. c) Ironia observada no emprego de expressões que conduzem o leitor a outra possibilidade de interpretação,
sempre critica d) Denotação, pois há utilização objetiva de palavras e expressões que destacam a presença da função
referencial.
e) Metalinguagem, uma vez que a linguagem adotada serve exclusivamente para tratar da própria linguagem.
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EU SOU FAVELA
(Sérgio Mosca – Noca da Portela)
A favela nunca foi reduto de marginal
A favela nunca foi reduto de marginal Ela só tem gente humilde, marginalizada
E essa verdade não sai no jornal
A favela é um problema social A favela é um problema social
Sim, mas eu sou favela
Posso falar de cadeira
Minha gente é trabalhadeira E nunca teve assistência social
Ela só vive lá
Porque para o pobre não tem outro jeito Apenas só tem o direito
A um salário de fome e uma vida normal
A favela é um problema social
A favela é um problema social
MOSCA, Sérgio; PORTELA, Nocada.Eu sou favela. In: Seu Jorge. Cru. Paris: Naive, 2004.)
09. Os versos do samba procuram desconstruir a imagem da favela como “reduto de marginal” e
propor a de que ela é “um problema social”. Com base no texto, pode-se afirmar que uma das
razões para que a primeira imagem seja alimentada pelo senso comum é a constante na
alternativa:
a) Os pobres só encontram a marginalidade como jeito de sobreviver.
b) A imprensa deixa de divulgar as condições de vida nesses espaços.
c) Os moradores dessas comunidades silenciam-
se diante dos problemas. d) A assistência social garante alguns direitos,
exceto o direito de trabalhar. e) A gente humilde e marginalizada é propensa a
viver de assistência social.
TEXTO PARA A QUESTÃO 10.
Motivadas ou não historicamente, normas privilegiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao
longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a interseção
de usos que configuram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que
opõe não só as normas do português de Portugal às normas do português brasileiro, mas também as chamadas
normas cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na idéia de que essas normas se consolidaram em
diferentes momentos da nossa história e que só a partir do século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação
das variantes continentais, ora em conseqüência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em
ambos os territórios.
(CALOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S.R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (Adaptado).
10. O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser
aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a:
a) Desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta. b) Difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII.
c) Existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta de Portugal. d) Inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país.
e) Necessidade de se rejeitar a idéia de que os usos freqüentes de uma língua devem ser aceitos.
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Texto para questão 11.
O GRANDE AMOR
Haja o que houver
Há sempre um homem para uma mulher E há de sempre haver
Para esquecer um falso amor E uma vontade de morrer
Seja como for Há de vender o grande amor
Que há de ser no coração
Como um perdão para quem chorou.
(Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes)
11. O poema pertence ao gênero:
a) Lírico
b) Dramático c) Épico
d) Narrativo e) Mitológico
Texto para questão 12.
Leia o texto de Machado de Assis para responder.
“A aranha parece-vos inferior, justamente porque não a conheceis. Amais o cão, prezais o gato e a galinha,
e não advertis que a aranha não pula nem ladra como o cão, não mia como o gato, não cacareja como a galinha,
não zune nem morde como o mosquito, não nos leva o sangue e o sono como a pulga. Todos esses bichos são o
modelo acabado da vadiação e do parasitismo. A mesma formiga, tão gabada por certas qualidades boas, dá no
nosso açúcar e nas nossas plantações, e funda a sua propriedade roubando a alheia. A aranha, senhores, não nos
aflige nem defrauda; apanha as moscas, nossas inimigas, fia, tece, trabalha e morre. Que melhor exemplo de
paciência, de ordem, de previsão, de respeito e de humanidade? Quanto aos seus talentos, não há duas opiniões.
Desde Plínio até Darwin, os naturalistas do mundo inteiro formam um só coro de admiração em torno desse
bichinho, cuja maravilhosa tela a vassoura de vosso criado destrói em menos de um minuto.
(A Sereníssima República”.Papéis Avulsos, 1882)
12. O texto pode ser caracterizado como um pseudoelogio, em que se observa a subversão do senso comum, porque:
a) Denuncia, por ironia, o que o costume aceita.
b) Parodia, por homenagem, o que a biologia acata. c) Elogia, por ironia, o que o senso comum condena.
d) Elogia, por metáfora, o que a ciência confirma. e) Elogia o homem por meio da aranha.
TEXTO PARA QUESTÃO 13
Leia estes versos:
“As ondas amarguradas Encostam a cabeça nas pedras do cais.
Até as ondas possuem
Uma pedra para descansar a cabeça. Eu na verdade possuo
Todas as pedras que há no mundo, Mas não descanso”. (Murilo Mendes)
13. A figura de linguagem que ocorre nos versos: “Eu na verdade possuo – Todas as pedras que há no
mundo” é:
a) Metáfora
b) Metonímia c) Aliteração
d) Hipérbole
e) Símile
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TEXTO PARA QUESTÃO 14
"Não faz muito tempo, SiobhanHealey, uma jovem que hoje tem 23 anos, obteve seu primeiro cartão de crédito. Ela o saudou como o amanhecer de sua liberdade, a ser comemorado e festejado todos os anos, como o
dia de sua alforria. Daí em diante, ela se tornava dona de si mesmo, livre para administrar suas finanças pessoais, livre para escolher suas prioridades e compatibilizar seus desejos com possibilidades reais. Não muito tempo
depois, Siobhanobeteve um segudo cartão de crédito para pagar a dívida contraída no primero.".
BAUMAN, Zygmunt. 44 cartas do mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2011. p. 63 (fragmento).
14. Na crônica, o produtor do texto estabelece uma crítica, usando também o recurso de:
a) ironia.
b) oposição. c) contraste.
d) formalidade.
e) exemplificação.
TEXTO PARA QUESTÃO 15
[...] Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João Porque adormeci
Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues Tomásia
Rosa Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados Dormindo
Profundamente. Antropofagia poética, de Manuel Bandeira.
15. O trecho sugerido começa com a lembrança de
um acontecimento: o eu lírico adormeceu e não viu o fim da festa de São João. Nesse trecho, o verbo adormecer
a) está empregado no sentido próprio, literal. b) procura impor um processo verbal ao leitor.
c) exprime um processo verbal provável, duvidoso, hipotético.
d) tem o mesmo sentido de “estão todos
dormindo profundamente”. e) revela traços de oralidade, muitas vezes comuns
ao gênero em que se insere.
TEXTO PARA QUESTÃO 16
Peguntar-vos quero por Deus Senhor fremosa, que vos fez
mesurada e de bonprez,
que pecados forom os meus que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.
Pero sempre vos soub' amar,
desaquel dia que vos vi, mays que os meus olhos em mi,
e assy o quis Deus guisar, que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.
Des que vos vi, sempr' o mayor ben que vos podia querer
vos quigi, a todo meu poder,
e pero quis Nostro Senhor que nunca tevestes por ben
de nunca mi fazerdes ben.
Mays, senhor, ainda com ben
se cobraria ben por bem. Dom Dinis
Notas de tradução: Senhor: senhora. Fremosa: formosa, bonita. Mesurada: comedida. Bon prez: honrada. Foron: foram. Pero: já que, porém. Des: desde. Mays: mais. Mi: mim. Assy: assim. Guisar: decidir, preparar. Quigi: dei, dediquei. A todo meu poder: de todo meu coração.
16. Na cantiga de Dom Dinis, predominam as características de uma
a) cantiga de amigo
b) cantiga de maldizer c) cantiga de escárnio
d) cantiga de amor
e) cantiga de gesta
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17. Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal.
a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia e a música.
b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de cancioneiros.
c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre o senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e extrema submissão.
d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.
e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas.
TEXTO PARA QUESTÃO 18
SONETO DE SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Morais)
Releia com atenção a última estrofe:
Fez-se de amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. 18. Tomemos a palavra AMIGO. Todos conhecem o sentido
com que esta forma linguística é usualmente empregada no
falar atual. Contudo, na Idade Média, como se observa nas cantigas medievais, a palavra AMIGO significou:
a) colega b) companheiro
c) namorado
d) simpático e) acolhedor
TEXTO PARA QUESTÃO 19
Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
por isso se declara e declama um poema: Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar.
MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
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19. A memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma nação. Ela está presente nas lembranças do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o fazer poético como uma das maneiras de se guardar o que se quer, o texto
a) ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da memória social de um povo.
b) valoriza as lembranças individuais em detrimento das narrativas populares ou coletivas. c) reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores humanos.
d) destaca a importância de reservar o texto literário àqueles que possuem maior repertório cultural.
e) revela a superioridade da escrita poética como forma ideal de preservação da memória cultural.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
Ardor em firme coração nascido; pranto por belos olhos derramado;
incêndio em mares de água disfarçado; rio de neve em fogo convertido:
tu, que em um peito abrasas escondido; tu, que em um rosto corres desatado;
quando fogo, em cristais aprisionado; quando crista, em chamas derretido.
Se és fogo, como passas brandamente,
se és fogo, como queimas com porfia?
Mas ai, que andou Amor em ti prudente!
Pois para temperar a tirania, como quis que aqui fosse a neve ardente,
permitiu parecesse a chama fria.
(GREGÓRIO DE MATOS)
20. O poema de Gregório de Matos, pertence ao gênero:
a) Soneto b) Ode
c) Elegia
d) Hino e) Sátira
21. É correto afirmar sobre o Trovadorismo que:
a) Os poemas são produzidos para ser encenados.
b) As cantigas de escárnio e maldizer têm temáticas amorosas. c) Nas cantigas de amigo, o eu lírico é sempre feminino.
d) As cantigas de amigo têm estrutura poética complicada. e) As cantigas de amor são de origem nitidamente popular.
Leia a cantiga para responder às questões 22 e 23
Cantiga de Amor
Senhora minha, desde que vos vi, Lutei para ocultar esta paix~~ao
Que me tomou inteiro o coração;
Mas não posso mais e decidi Que saibam todos o meu grande amor,
A tristeza que tenho, a imensa dor Que sofro desde o dia em que vos vi.
Já que assim é, eu venho-vos rougar
Que queirais pelo menos consentir
Que passe a minha vida a vos servir [...]
Afonso Fernandes
22. Uma característica desse fragmento, também presente em outras cantigas de amor do Trovadorismo, é:
a) A certeza de concretização da relação amorosa. b) A situação de sofrimento do eu lírico.
c) A coita de amor sentida pela senhora amada.
d) A situação de felicidade expressa pelo eu lírico. e) O bem-sucedido intercâmbio amoroso entre pessoas de
camadas distintas da sociedade.
23. Observando-se a última estrofe, é possível afirmar que o apaixonado:
a) Se sente inseguro quanto aos próprios sentimentos.
b) Se sente confiante em conquistar a mulher amada. c) Se declara surpreso com o amor que lhe dedica a mulher
amada. d) Possui o claro objetivo de servir sua amada.
e) Conclui que a mulher amada não é tão poderosa quanto
parecia a princípio.
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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO
A literatura do amor cortês, pode-se acrescentar, contribuiu para transformar de algum modo a realidade extraliterária, atua como componente do que Elias (1994) chamou de processo civilizador. Ao mesmo tempo, a
realidade extraliterária penetra processualmente nessa literatura que, em parte, nasceu como forma de sonho e de evasão.
Revista de Ciências Humanas, Florianopolis, EDUFSC, v 41, n.1 e 2, p.83-110, abril e outubro de 2007, p. 91-92.
24. Interprete o comentário acima e, com base nele e em seus conhecimentos acerca do lirismo medieval galego-
português, marque a alternativa correta:
a) As cantigas de amor recriaram o mesmo ambiente palaciano das cortes galegas.
b) “A literatura do amor cortês” refletiu a verdade sobre a vida provada medieva. c) A servidão amorosa e a idealização da mulher foi o grande tema da poesia produzida por vilões.
d) O amor cortês foi uma prática literária que aos poucos modelou o perfil do homem civilizado.
e) Nas cantigas medievais mulheres e homens submetem-se às maneiras refinadas da cortesia.
Texto para questões 25 e 26
A Jesus Cristo Nosso Senhor Gregório de Matos Guerra
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03 04
05
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07 08
09
10
11
12 13
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Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido, Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada, Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
25. No texto, o eu lírico conversa com Cristo, comparando os seus defeitos às virtudes de Cristo.
a) Como eu lírico se coloca diante de Cristo?
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b) Podemos afirmar que pela estrutura do poema, temos um SONETO? Justifique sua resposta.
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26. Nota-se que o eu lírico, no final do poema, chantageia Cristo, invertendo dessa forma os papéis de ambos.
a) Como se dá essa inversão de papéis? Justifique a sua resposta.
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b) O que Cristo perderia, caso não perdoasse o eu lírico?
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Soneto de fidelidade (Vinicius de Moraes)
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.
Por enquanto (Renato Russo)
Mudaram as estações
Nada mudou Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Tá tudo assim, tão diferente Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre Sem saber
Que o pra sempre Sempre acaba.
27. Em relação ao amor e ao poeta, qual é a ideia apresentada nos dois primeiros quartetos do soneto de Vinicius
de Moraes? Justifique com passagens do texto.
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27.1. Podemos considerar os textos (Soneto de Fidelidade e Por enquanto) literários? Justifique sua resposta.
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28. Os textos abordam a questão da mudança a partir de diferentes perspectivas. De que maneira é tratada a
mudança em cada um desses textos?
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Com base no texto a seguir, responda às questões de números 29 e 30.
Mineração do outro
Os cabelos ocultam a verdade,
Como saber, como gerir um corpo alheio? Os dias consumidos em sua lavra
Significam o mesmo que estar morto.
Não o decifras, não, ao peito oferto,
Monstruário de fomes enredadas, Ávidas de agressão, dormindo em concha.
Um toque, e eis que a blandícia erra em tormento,
E cada abraço tece além do braço A teia de problemas que existir
Na pele do existente vai gravando.
Viver-não, viver-sem, como viver Sem conviver, na praça de convites?
Onde avanço, me dou, e o que é sugado
Ao mim de mim, em ecos se desmembra; Nem resta mais que indício,
Do que era amor e dor agora, é vício.
O corpo em si, mistério: o nu, cortina
De outro corpo, jamais apreendido, Assim como a palavra esconde outra
Voz, prima e vera, ausente de sentido.
Amor é compromisso
Com algo mais terrível do que amor? Pergunta o amante curvo à noite cega,
E nada lhe responde, ante a magia: Arder a salamandra em chama fria.
(Andrade, Carlos Drummond de.Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1988)
Vocabulário:
Blaudícia – meiguice, brandura; afago, mimo, carícia.
Salamandra – animal anfíbio que, segundo a mitologia, era capaz de viver no fogo sem ser consumido.
Como Uma Onda
Nada do que foi será
De novo do jeito Que já foi um dia
Tudo passa, tudo sempre passará A vida vem em ondas
Como mar
Num indo e vindo infinito Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir Nem mentir pra si mesmo
Agora Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre Como uma onda no mar.
(Lulu Santos \ Nelson Mota)
Como nossos pais
Não quero lhe falar, meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo. (...)
Minha dor é perceber que
Apesar de termos feito tudo que fizemos Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não enganam não
(...) Minha dor é perceber que
Apesar de termos feito tudo que fizemos Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais.
(Antônio Carlos Belchior)
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29. Explique, em uma frase completa, o que há de comum entre o “corpo nu” e a “palavra”, segundo a analogia estabelecida por Drummond nos versos 19 a 22.
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30. Indique, em no máximo duas frases completas, o ponto de vista do eu-lírico em relação ao amor carnal.
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Leia o texto a seguir
Valsinha Chico Buarque
Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços com há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz
31. Com base na leitura atenta da letra da música Valsinha, responda, objetivamente, com suas próprias palavras:Todo texto narrativo relata transformações que vão ocorrendo através do tempo. Nos dois versos
iniciais: ”Um dia... sempre chegar” dá a entender que a personagem chegava habitualmente de um jeito e
passou a chegar de outro. Levando em consideração os dados fornecidos pelo texto, como ele costumava chegar habitualmente?
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32. Naquele dia diferente, uma das atitudes dele, de modo especial, causou surpresa a ela. Qual foi essa atitude?
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33. A transformação que ocorreu com a personagem masculina desencadeou outra transformação na personagem feminina? Justifique sua resposta.
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TEXTO PARA QUESTÃO 34
João Grilo: Ah isso é comigo. Vou fazer um chamado especial, em verso. Garanto que ela vem, querem ver? (Recitando.)Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré! A vaca mansa dá leite, a braba dá quando quer. A
mansa dá sossegada, a braba levanta o pé.Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher.
Encourado: Vá vendo a falta de respeito, viu?
João Grilo: Falta de respeito nada, rapaz! Isso é o versinho de Canário Pardo que minha mãe cantava para eu dormir. Isso tem nada de falta de respeito!
Já fui barco, fui navio, mas hoje sou escaler. Já fui menino, fui homem, só me falta ser mulher. Valha-me.Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré.
Cena igual à da aparição de Nosso Senhor, e Nossa Senhora, A compadecida, entra. Encourado, com raiva surda: Lá vem a compadecida! Mulher em tudo se mete! João Grilo: Falta de respeito foi isso agora, viu? A senhora se zangou com o verso que eu recitei?
A Compadecida: Não, João, porque eu iria me zangar? Aquele é o versinho que Canário Pardo escreveu para mim e que eu agradeço. Não deixa de ser uma oração, uma invocação. Tem umas graças, mas isso até a torna
alegre e foi coisa de que eu sempre gostei. Quem gosta de tristeza é o diabo. João Grilo: É porque esse camarada aí, tudo o que se diz ele enrasca a gente, dizendo que é falta de respeito.
A Compadecida: É máscara dele, João. Como todo fariseu, o diabo é muito apegado às formas exteriores. É um
fariseu consumado. Encourado: Protesto.
Manuel: Eu já sei que você protesta, mas não tenho o que fazer, meu velho. Discordar de minha mãe é que eu não vou.(...)
Fonte: Auto da Compadecida. 15 ed. Rio de Janeiro: Agir, 1979.
34. A obra Auto da Compadecida foi escrita por Ariano Suassuna, tendo como base romances e histórias
populares do Nordeste brasileiro. Sabendo-se que o gênero auto é uma peça curta, geralmente de conteúdo religioso ou profano, e, sobretudo, simbólico, uma vez que seus personagens não eram humanos, e
sim, entidades abstratas, caracterizadas pela hipocrisia, bondade, luxúria, virtude, dentre outras. Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre a obra, o narrador, ao humanizar personagens como Manuel e a
Compadecida, tem qual objetivo?
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SONETO DA SEPARAÇÃO
De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.
(Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1974. p. 226.)
35. O poema se intitula ‘Soneto da separação’. De que tipo de separação ele trata? Justifique sua resposta com elementos do texto.
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36. O “Soneto de Separação” pertence ao gênero:
a) Lírico
b) Dramático
c) Épico
d) Narrativo
e) Dissertativo
37. Em relação a Lucíola, de José de Alencar, assinale a alternativa incorreta.
a) A obra apresenta muito adequadamente o tema da prostituta regenerada, bem ao gosto do Romantismo.
b) O narrador tem, além dos leitores da obra, explicitamente uma interlocutora como personagem-leitora.
c) A narrativa se constrói em dois tempos muito bem marcados: o da vivência e o da narração da vivência.
d) A aparição de Maria da Glória resolve todos os problemas da personagem Lúcia, porque aponta o caminho
da expiação da culpa, construindo um final feliz para a narrativa.
e) A presença de muitos paradoxos românticos (virtude x vício, alma x corpo, amor x prazer, ingenuidade x
devassidão, família x prostituição) é possível perceber nesse romance.
38. Assinale a alternativa incorreta a respeito de Lucíola, de José de Alencar.
a) É Paulo – como protagonista – simultaneamente agente da narração e objeto da narrativa.
b) É um romance que apresenta uma pluralidade de olhares narrativos, principalmente na caracterização da
personagem Lúcia.
c) É um romance que traz uma visão alienada da sociedade urbana do Rio de Janeiro, por focalizar unicamente o drama individual da protagonista.
d) É através do distanciamento temporal que a narrativa se torna possível, pois a narração é ativada pela memória.
e) É a protagonista construída em dualidade, uma vez que, dissociando corpo e alma, ela também tem dois nomes, duas casas, dois estilos de vida.
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39. De acordo com a leitura da obra Lucíola, de José de Alencar, julgue as afirmativas e, a seguir, marque a alternativa CORRETA.
I. Há, em Lucíola, um clima de sensualidade constante, combinado com o ardor e sofrimento, bem no clima da literatura romântica que predominava na segunda metade do século XIX.
II. O romance entre os protagonistas, Lúcia e Paulo, “sacode”a Corte e provoca um excitado burburinho na
sociedade. De um lado, a mulher que, sendo de todos, jurava não se prender a nenhum homem; de outro, o homem em dúvida entre o amor e o preconceito.
III. O foco narrativo é em 3ª pessoa; o narrador-observador não participa da história; com isso, há um forte
apelo à imaginação do leitor.
IV. Em Lucíola, o amor não resiste às barreiras sociais e morais. Assim é o romance da bela Lúcia, a mais rica e cobiçada cortesã do Rio de Janeiro, e Paulo, um jovem modesto e frágil.
a) Apenas a afirmativa I é correta.
b) Apenas as afirmativas I, II e IV são corretas.
c) Apenas as afirmativas I e IV são corretas.
d) Apenas as afirmativas I e II são corretas.
e) Apenas as afirmativas I, II e III são corretas.
Leia o texto para responder à questão 40.
Uma mulher como eu não se pertence; é uma coisa pública, um carro de praça, que não pode
recusar quem chega. (Fragmento - Lucíola - José de Alencar)
40. Pelas palavras da protagonista, percebe-se um forte desabafo. Esse sentimento é consequência
a) de submissão, que é característica da própria personagem.
b) do forte apego que Lucíola tinha à sua família.
c) da impossibilidade de se manter como centro do poder e do domínio.
d) de resignação, recusando-se a abandonar sua vida para viver com Paulo.
e) de velhos preconceitos, já que a sociedade primava pelos bons costumes.
41. A sociedade da época do humanismo viveu um grande conflito de ideias, quando o pensamento teocêntrico dominante deu lugar à visão antropocêntrica. Veja o conflito também presente nesta tirinha da Mafalda e
respondão que se pede.
A conversa entre Mafalda e seus amigos
a) revela a real dificuldade de entendimento entre posições que pareciam convergir.
b) desvaloriza a diversidade social e cultural e a capacidade de entendimento e respeito entre as pessoas.
c) expressa o predomínio de uma forma de pensar e a possibilidade de entendimento entre posições
divergentes.
d) ilustra a possibilidade de entendimento e de respeito entre as pessoas a partir do debate político de ideias.
e) mostra a preponderância do ponto de vista masculino nas discussões políticas para superar divergências
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VERSOS DE ORGULHO
No poema, Florbela Espanca revela algumas das características que a definiram como uma mulher de perspectivas muito avançadas para o seu tempo.
O mundo quer-me mal porque ninguém Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém.
Porque o meu Reino fica para além... Porque trago no olhar os vastos céus
E os oiros e clarões são todos meus!
Porque eu sou Eu e porque EU sou Alguém!
O mundo! O que é o mundo, ó meu Amor? - O jardim dos meus versos todo em flor...
A seara dos teus beijos, pão bendito...
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços...
- São os teus braços dentro dos meus braços, Via láctea fechando o Infinito.
ESPANCA, Florbela. Livro de mágoas. In: FARRA, Maria Lúcia Dal (Org). Poemas de Florbela Espanca. São Paulo: Martins Fontes, 1996.p.210.
Oiros: ouros. Seara: terra cultivada.
42. Em termos formais, como se estrutura o poema acima?
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43. O eu lírico do poema é feminino. Como isso é marcado no texto?
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43.1 – Qual é o sentimento expresso pelo eu lírico nas duas primeiras estrofes?
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44. Como o eu lírico define seu mundo?
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Leia um trecho de um texto escrito por Florbela para um revista portuguesa intitulada A mulher (1913)
“Mulheres da minha terra! Gatas borralheiras com o cérebro vazio, que esperam, sentadas à lareira e com
estremecimentos mórbidos, a hipotética aparição do príncipe encantado; [...] bonecas de luxo, vestidas como as senhoras de Paris e com a inteligência toda absorvida na decifração das modas, incapazes de outro interesse ou de
outra compreensão! [...] Pobres mulheres da minha terra!”
ESPANCA, Florbela. Florbela: um caso feminino e poético. In: FARRA, Maria Lúcia Dal. (Org>, int. e notas). Poemas de Florbela Espanca. São Paulo: Martins Fontes, 1996.p.XXXVIII.
45. O que esse trecho permite concluir a respeito da opinião de Florbela sobre o comportamento das mulheres no
início do século XX?
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46. O aspecto inovador do poema é marcado pelo fato de a postura de eu lírico ser totalmente oposta ao comportamento criticado por Florbela. Explique.
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47. Os versos finais podem ser lidos como expressão de um desejo de fusão entre os amantes, como símbolos da
realização plena. Explique.
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48. Essa imagem final pode ser vista como contraditória em relação à postura libertária assumida pelo eu lírico feminino?
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49. Assinale a afirmativa correta com relação ao Trovadorismo.
Texto I Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo! E ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado! E ai Deus, se verrá cedo!
(Martim Codax)
Obs.: verrá = virá levado = agitado.
Texto II 1. Me sinto com a cara no chão, mas a verdade precisa ser dita
ao 2. menos uma vez: aos 52 anos eu ignorava a admirável forma
lírica da
3. canção paralelística (...). 4. O “Cantar de amor” foi fruto de meses de leitura dos
cancioneiros. 5. Li tanto e tão seguidamente aquelas deliciosas cantigas, que
fiquei
6. com a cabeça cheia de “velidas” e “mha senhor” e “nula ren”; 7. sonhava com as ondas do mar de Vigo e com romarias a San
Servando. 8. O único jeito de me livrar da obsessão era fazer uma cantiga.
(Manuel Bandeira)
a) Um dos temas mais explorados por esse estilo de época é a exaltação do amor sensual entre nobres e mulheres camponesas.
b) Desenvolveu-se especialmente no século XV e refletiu a transição da cultura teocêntrica para a cultura antropocêntrica.
c) Devido ao grande prestígio que teve durante toda a Idade Média, foi recuperado pelos poetas da Renascença, época em que alcançou níveis estéticos insuperáveis.
d) Valorizou recursos formais que tiveram não apenas a função de produzir efeito musical, como também a
função de facilitar a memorização, já que as composições eram transmitidas oralmente. e) Tanto no plano temático como no plano expressivo, esse estilo de época absorveu a influência dos padrões
estéticos greco-romanos
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50. Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal.
a) Durante o Trovadorismo, ocorreu a separação entre poesia e a música.
b) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de cancioneiros.
c) Nas cantigas de amor, há o reflexo do relacionamento entre o senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e extrema submissão.
d) Nas cantigas de amigo, o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino.
e) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas.
51. Leia a tirinha de “Calvin e Haroldo”, de Bill Watterson:
Qual figura de linguagem está presente na fala do
garoto?
a) Antítese.
b) Prosopopeia. c) Pleonasmo.
d) Anacoluto.
e) Ironia.
As figuras de linguagem são importantes recursos
expressivos da linguagem oral e escrita.
TEXTO PARA QUESTÃO 52
Eu nasci há dez mil anos atrás E não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais
(...)
Eu vi a arca de Noé cruzar os mares Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros prá ?oresta Pro Quilombo dos Palmares, eu vi
(...)
Eu fui testemunha do amor de Rapunzel Eu vi a estrela de Davi brilhar no céu
E pr’aquele que provar que eu tô mentindo Eu tiro o meu chapéu.
(Eu nasci há dez mil anos atrás, Paulo Coelho e Raul Seixas. LP, Há dez mil anos atrás, Philips, 1976)
52. É possível observar a seguinte figura de linguagem no fragmento da música de Raul Seixas e Paulo
Coelho:
a) Metonímia.
b) Hipérbole. c) Catacrese.
d) Ironia.
e) Sinestesia.
GABARITO NAAC
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
C B C E E A C A B C A C
13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
D A A D A C C A C B D D