de tal maneira é notável

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De tal maneira é notável, em Paulo Rónai, a qualidade de brasileiro, que agora me assalta uma dúvida: será original o título deste prefácio? Porém, mal acabo de lançar no papel esse período, lembro-me de correr a vista pela extraordinária “Pequena Palavra”, de João Guimarães Rosa, prefacial à Antologia do Conto Húngaro, e logo na segunda linha encontro: “Seu autor — o brasileiro Paulo Rónai é húngaro, de nascimento e de primeira nação”. Mantenho o título, contudo, a despeito da falta de originalidade. Sejamos verdadeiros — até pleonasticamente verdadeiros — antes que mediocremente originais. Na capa do Como Aprendi o Português, e Outras Aventuras, vemos Magalhães Júnior, Joel Pontes, Wilson Martins, a confirmarem essa brasilidade ronaiana. Do último dos três são estas palavras: “O Sr. Paulo Rónai, intelectual húngaro, escolheu, simultaneamente, a liberdade e o Brasil. Eu, de minha parte, se me fosse dado escolher um compatriota, teria escolhido o Sr. Paulo Rónai.” Dirão que estou citando muito. Contravirei: é pouco, a levarmos em conta a abundância do que se tem escrito do meu apresentado; e cederei ao desejo de ainda transcrever o que daquela obra escreveu Carlos Drummond: “O português, como o aprendi, Paulo Rónai conta, fagueiro. Outra façanha dele eu vi: aprendeu a ser brasileiro.” E aprendeu bem depressa. Chegado ao Brasil em 1941, não tardou muito que passasse a lecionar — o Índice de assuntos, nomes e títulos citados 201.

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Page 1: De Tal Maneira é Notável

De tal maneira é notável, em Paulo Rónai, a qualidade de brasileiro, que agora me assalta uma dúvida: será original o título deste prefácio? Porém, mal acabo de lançar no papel esse período, lembro-me de correr a vista pela extraordinária “Pequena Palavra”, de João Guimarães Rosa, prefacial à Antologia do Conto Húngaro, e logo na segunda linha encontro: “Seu autor — o brasileiro Paulo Rónai é húngaro, de nascimento e de primeira nação”.Mantenho o título, contudo, a despeito da falta de originalidade. Sejamos verdadeiros — até pleonasticamente verdadeiros — antes que mediocremente originais. Na capa do Como Aprendi o Português, e Outras Aventuras, vemos Magalhães Júnior, Joel Pontes, Wilson Martins, a confirmarem essa brasilidade ronaiana. Do último dos três são estas palavras: “O Sr. Paulo Rónai, intelectual húngaro, escolheu, simultaneamente, a liberdade e o Brasil. Eu, de minha parte, se me fosse dado escolher um compatriota, teria escolhido o Sr. Paulo Rónai.”Dirão que estou citando muito. Contravirei: é pouco, a levarmos em conta a abundância do que se tem escrito do meu apresentado; e cederei ao desejo de ainda transcrever o que daquela obra escreveu Carlos Drummond:“O português, como o aprendi, Paulo Rónai conta, fagueiro.Outra façanha dele eu vi:aprendeu a ser brasileiro.”E aprendeu bem depressa. Chegado ao Brasil em 1941, não tardou muito que passasse a lecionar — oÍndice de assuntos, nomes e títulos citados 201.