- de -sao paulo - usp · 2014. 4. 17. · spln. um exemplo deste tipo de ligação ê o marcador...
TRANSCRIPT
-
-UNIVERSIDADE DE SAO PAULO- - -
INSTITUTO DE FISICA E QUIMICA DE SAO CARLOS
ESTUDOS POR RPE DE RADICAIS
NITROXIDOS EM MATRIZES DIA-- -MAGNETICAS: DETERMINAÇAO= =DOS TENSORES 9 E A E INTE-- -RAÇOES MAGNETICAS·
ANTONIO ALONSO
Dissertação apresentada ao IFQSC, para-., "'* •
obtençao do tLtulo de Mestre em FLsLca.
Orientador:
MarceI Tabak
Departamento de Física e Ciência dos Materiais
são Carlos - 1982
_...--,~-"---BIBLIOTECA00 INSTl1iJTO DE Fl'
-
MEMBROS DA COMISSAO JULGADORA DA DISSERTACAO DE MESTRADO DE
Antonio Alonso
APRESENTADA AO INSTITUTO DE FrSICA E nuTMICA DE SAo CARLOS, DA
•
UNIVERSIDADE DE SAO PAULO, EM 24 DE setembro
COMISSAo JULGADORA:
DE 1982
--------~-----------------------Dr. Otaciro RanRel Nascimento - Orientador
Substituto
,
-------------.----------------------------------Or. Ren~ AyresCarvalho
/-j ~
(. / ., .'. "\:,lhlcl h '"'v( _
Or. ~oberto Lu zi
-
AGRADECIMENTOS
Seria difícil mencionar todas as pessoas que
direta ou indiretamente me ajudaram na realização
trabalho. Mas, dentre todos, gostaria de destacar
cUJas colaborações foram mais preciosas.
deste
aqueles
Ao meu orientador, o Professor Marcel Tabak,
por ter acompanhado o trabalho passo a passo com sua orlen
taçao segura e o incentivo de sua amizade.
à Professora Yvone Mascarenhas pela sua pr~
c~osa colaboração nos estudos de cristalografia, pelo ~n
centivo e amizade.
Ao Professor Otaciro R. Nascimento pela boa
vontade em acompanhar o trabalho com seus ensinamentos ~n
teressantes e o apoio de sua amizade.
Ao Professor Sergio Mascarenhas pelo seu es
forço no desenvolvimento da Biofísica, propiciando maiores
facilidades para o trabalho.
Aos meus colegas de laboratório: Prof. Aldo,
Prof. João Rugiero, Márcio Colombo, Ignez Caracelli, Prof.
a ~Oswaldo BafIa, Prof. Rosemary, Heloisa e outros por colabo
rações, amizades e incentivos.
Ao Sanches e Isabel pela importante colabora
ção e amizade.
A Sra. Wilma e Sra. Cristina pela datilogra-
fia perfeita e ao Paulinho pelos desenhos.
Ao CNPq pela bolsa durante dois anos e FA
PESP pela bolsa durante meio ano.
-
RESUMO
Os radicais nitr~xidoo tem sido muito utili
zados em estudos de sistemas biológicos através do método
de marcagem de spin. Apesar do grande número de public~
ções sobre aplicaç;es, o n~mero de estudos das propried~
des intrínsecas dos nitrõxidos ê bem reduzido. A importâ~
cia de tais estudos é grande uma vez que o estudo de um
sistema simples permite avaliar e interpretar os resulta
dos dos sistemas biológicos, geralmente mais complicados
Assim no presente trabalho estudou-se o es
pectro do RPE do 4-hidroxi-2,2,6,6-tetrametil piperidina-
1 oxil (I) introduzido como impureza na sua matriz diamag-
n~tica 4-hidroxi-2,2,6,6-tetrametil piperidina (11). Este
processo de dopagem muito utilizado em física do esta
do sólido permitiu a determinaçio dos tensores g e A. Os
valores obtidos g = 2.0098, g = 2.0061, g = 2.0024, exx yy zz
A = 5.3 G, A = 7.0 G, A = 35.0 G, encontram-se dentroxx yy zz
do esperado sendo que o valor de g = 2.0061 e A = 15.8 G eo o
videncia a interaçio do fragmento N-O com ponte de hidro
g~nio (de hidroxila na posiçio 4 de uma mol~cula vizinha).
A exist~ncia de dois centros paramagn~ticos inequivalentes
~ interpretada corno devido a presença de duas possíveis con
formações do fragmento N-O. As larguras das linhas de RPE
observadas são grandes e em certas orientações do campo
magnetico ocorre o desdobramento da transiçio eletrônica
num dubleto devido a interaçio com o hidrogênio da hidroxi
Ia que faz ponte com o N-O.
-
o -A temperatura de cerca de -140 C e observa-
da uma mudança sens!vel nos espectros de RPE evidenciando
a desaparição da estrutura hiperfina na região de A exx
A . Esta mudança esti relacionada com o congelamento dayy
rotaçao dos grupos metila afetando assim a interação dos
protons destes grupos com o eletron do fragmento N-O. O
sistema estudado parece ser extremamente interessante do
ponto de vista do estudo de influ~ncia de protons na rela-
xação eletrônica do radical nitroxido. ~ evidenciada a
forte depend~ncia das propriedades paramagn;ticasdo nitr~
xido em re!ação à estrutura da v~zinhança do fragmento N-O.
-
ABSTRACT
Nitroxide radicals are being used in many
studies af bialagical systems thraugh the spin label
methad.Despite the great number af publications invalving
t h e a pp lica t ion o f n i t r ox id es on 1y a r ed u c ed num b e r o f wo rk sabout nitroxides thcmselves is known. These studies are
important because the knawledge af the praperties of simple
systems cauld be used in the interpretatian af results 1n
bialagical systems, normally mare complicated.
In the present work the EPR spectra of
4-hydraxy-2,2,6,6-tetramethyl piperidine-l oxyl (I)
intraduced as impurity in the diamagnetic matrix af
4-hidraxy-2,2,6,6-tetramethy1 piperidine (11) were studied.
This process commonly used in solid state physics made it
possible the determinatian of the g and A tensors. The
values ob tained : g = 2.0098, g = 2.0061, g =2.002~xx yy zz
A = 5.3G, Axx yy
7.0G, A = 35.0G are typica1zzfor
nitraxides. Tbe mean values g = 2.0061 and Ao o15.8G are
consistent with the presence af hydrogen bond to the N-O
fragment (this bond is made with the proton of a hydroxyl
in pasition 4 af a neighbour molecule). The existence of
two magnetically inequivalent centers is interpreted so
that two different conformations for the N-O fragment are
possible.
The linewidths of the EPR lines are quite
-
great and for some orientations of the magnetic field a
splitting of the eletronic transition in to a dublet occur.
This splitting is due to the interaction of the electron
in the N-Q fragment with the hydroxyl hydrogen which 1S
bonded to the nitroxide group.
At a temperature around -140°C a change in
the EPR spectra is observed, when the hyperfine nitrogen
structure in the region of A and A disappear. This changex y
is related to the freezing of the rotation af the methyl
groups affecting the interaction of the protons of these
groups with the electron in the N-O.
The system studied in the present work seems
to be very interesting from the point of view of the
influence of the protons in the eletronic relaxation ~n
the nitroxide radical. ln this context the strong
dependency of the properties of the nitroxide relative to
the structure of the neighbouring of the N-O fragment
become evident.
-
ÍNDICE
CAPÍTULO 1 - O MÉTODO DE MARCAGEM DE SPIN
1. Introdução 1
2. O sinal de RPE dos nitroxidos .................•...... 2
..... .."3. Anallse dos espectros de amostras dlluldas •....••.... 15
CAPÍTULO 2 - DETERMINAÇÃO DOS TENSORES g e A
1. Dependência angular do fator-g ................•...... 25
Determinação
=') dotensorg............................. 29....
3 .
DeterminaçãodotensorA............................. 35
CAPÍTULO 3 - INTERAÇÃO DE SPINS
1. Interação dipo1ar ...•............•..•..•.•.••.•....•. 39
2. Interação de intercâmbio ...•......................... 42
CAPÍTULO 4 - MATERIAIS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS
1. Introdução ....................•...•..•.•......•...... 44
2. Preparaçao das amostras ....•...•.•.•...•........•.... 45
3. Cr is ta1 ogr afia .........•.•...... ~.•...••............. 46
4. Medidas de RPE no monocrista1 dopado ..•••.••.•....... 48
5. Medidas de RPE em policristal e solução •............. 49
6. Tratamento de dados de RPE .......•.••.....•.•........ 50
CAPÍTULO 5 - RESULTADOS
1. Cr ista10gr af ia .............•.••.....•..•....•........ 51
2. Medidas de RPE no monocrista1 dopado ........•........ 79
3. Es p ec tro d e p~ ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 81
4. Espectro da solução diluída .......•.................. 81
-
5. Espectro da soluçao congelada 81
6. Transição L\M = 2 84
7. Medidas a baixa temperatura .......•.......•..••..... 84
CAPÍTULO 6 - DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
1. Determinação dos tensores g e A 97
2. Interaçoes magnéticas 101
3. Conclusões 108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ••••••••••••••••••••••••••••• 110
AP~N DI CE A ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••. 112
AP~NDICE B •.•.•..•••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 113
-
CAPíTULO 1
O M~TODO DE MARCADORES DE SPIN
1. INTRODUÇÃO
A maioria dos sistemas biológicos sao
cos e assim não produzem sinais de Ressonância paramagnéti
ca Eletrônica (RPE). Um recurso para se estudar estes SlS
temas através da técnica de RPE é utilizando o método de
marcadores de spins.
o marcador de spin é uma molécula orgânica port~
dora de um radical livre paramagnêtico. ~ importante que o
radical seja estável nas condições de pH, temperatura e con
centraçao salina normalmente encontradas nos sistemas biolô
g1. COS •
Estes marcadores de splns, uma vez introduzidos
nos sistemas biológicos dão informações sobre o meio em que
se encontram. Seu sinal de RPE, de interpretação
mente fácil é sensfvel i polaridade, viscosidade,relativa
acidez.
estrutura e ordem do meio e também depende de possíveis res
trições de seu movimento.
Uma classe de marcador de spin muito utilizada
noS últimos anos é a do radical nitrõxido. Isto se deve-a
estabilidade destes radicais e numerosas possibilidades de
reações químicas sem o envolvimento do elemento paramagnêti
cO.
- 1 -
-
A estrutura química do radical nitrõxido é
pela fórmula química geral mostrada na figura l.a.
o sinal de RPE ê produzido pelo elétron
dada
desemp~
relhado da ligaçio N-O. Hi uma probabilidade de 80 a 90% da
presença do elétron no orbital 2pTI do átomo de nitrogênio
(figura 6). O radical pode ser ligado a uma molecula malor
através de Rl e RZ' formando assim os diversos
de spins de radicais nitrõxidos.
marcadores
Hi duas maneiras de inserçio do radical no siste
ma de estudo. A primeira seria através de uma ligação quími
ca covalente em que o radical fica fortemente preso às mole
culas do sistema. Este processo ê chamado de marcagem de
spln. Um exemplo deste tipo de ligação ê o marcador maleim!
da (figura l.b) que é muito usado na marcagem de mioglobi
nas e hemoglobinas. Uma segunda maneira seria simplesmente
difundir o radical no sistema de estudo. Aqui O marcador
tem maior liberdade de movimento e pode ser considerado urna
sonda de spin. O marcador tempol (figura l.c) ê um marcador
típico usado neste processo.
o desenvolvimento da química dos radicais nitróxi
dos é a base para a técnica de marcador de spin que é muito
utilizada em físico-química e biologia molecular.
2. O SINAL DE RPE DOS NITRÓXIDOS
Quando um dipolo magnético é colocado na presença
de um campo magnético sua tendência é ficar paralelo ~ dir~
- -. - ~ ..çao do campo. Esta e a orlentaçao de mlnlma energla para um
momento magnético em um campo magnético. A energia magneti
- 2 -
-
0=0=0OHN
RI
Rz
H,C~1
CH,H,C,- II/CH)H,CI I...C~
C/c
H C / \ / ""CHHC/......N/"CH,H,C
, N "5
,'I O( a )
( b)(c)
Fig.l: a) fórmula química do nitrõxido, b) marcador malei-
mida, c) marcador tempo.
Z = Ho = WO Z = Ho = WO
x (a)
--s2 = V5( 5+1 )fI = Y3' 1i2
y
.-'If n
y
Fig.2: Cones representando as posições do momento magneti-1 1
co do eletrou" a) S = - "b) S =--, z 2 ~. z 2
- 3 -
-
ca é dada por:
+ .•.•. + .•.onde ~ e o vetor momento magnetico (erg/gauss) e H e o ve
tor campo magnético (gauss).
As propriedades fundamentais de um elétron-
sao: a
sua carga, massa, momentum angular intrinseco (spin) e seu
momento magnetico.+
A componente do vetor de spin S ao longo de urna
direção z, especificada por um experimento, pode assumir so
mente os valores 8 - m h, onde m é o número quântico dez s s
valoresspin. Para um eletron em que S • 1/2, o número de
que m pode assumir é igual a (28+1) - 2 e os valoress-
sao
m - -1/2,1/2.s
O momento magnético do elétron depende de seu mo. +
mentum angular. intrinseco 8 com a seguinte expressao
+];I - -
+g e S
h e_eh-2mc
onde g é o fator - a de Lande e g • 2,0023 para o
livre; e é o magneton de Bohr do elétron qu~ tem o-20
0,92732 x 10 erg/gauss.
elétron
valor
+Na presença de um campo magnético Ho' o vetor mo
mento magnético eletr6nico só pode assumir as orientações
que estao representadas na figura 2 por dois cones e o seu+
movimento é de precessão em torno de H com a frequência ano •guIar de Larmor dada por:
+ e +W - g(-) Ho '"2mc o
- 4 -
-
gi a:
Cada cone representa um nível diferente de ener
S
E - g S H ·hZ - g S Ho oms - ±
12" g S Ho
o nível de menor energia (estado fundamental)
e aquele em q~e a proj eção do spin. S • está noz sen
tido contrário ao campo e normalmente tem a maior população
de spin.
Estes dois níveis de energia que aparecem com a
aplicação do campo são chamados de "níveis de Zeeman". A se
paraçao entre eles é proporcional ao campo como ilustra a
figura 3, e a diferença de energia entre eles á dada por:
AE - g S Ho
A ressonância ocorre quando se excita o sistema
magnético de modo a induzir transições do nível de energia
mais baixo para o de energia mais alto. Isto ocorre quando
se aplica um quantum de energia (hV ) igual ã diferença deo
en~rgia entre os níveis (AE).
~~Esta energia..e ~ornecida por um campo magnéti
co de microonda variável dado por.2Hlcos2~Vo~' que.osci
lando perpendicularmente+ .
a H no meSmo sent1doo e com
a mesma frequência angular da precessão do momento magnéti
co eletrônico exerce um acoplamento com ele causando a in
versao da orientação da componente S em relação ap campo.z
Isto está ilustrado na figura 4. A frequência v em que ao
ressonância ocorre é chamada frequência de ress~nância e p~
ra os experimentos de RPE estas frequências estão situadas
'- 5 -
-
E
6E : h "\10
1
2
H
1
m,: -"2
Fig.3: Niveis de Zeeman em função do campo magnetico para
um úniéo eletron
Wo
\\\\
\\\I,I,I
II
//I
Fig.4: Diagrama vetorial ilustrando a transição de sp1n.
- 6 -
-
na região das frequências de microondas.
Nos radicais nitrõxidos o momento magnético do e
létron desemparelhado não interage somente com o campo ma~
nético externo mas também com o momento magnético nuclear
do nitrogênio vizinho. Esta interação, chamada de interação
hiperfina, produz outros desdobramentos dos...
n1ve1S.
o nitrogênio tem spin nuclear I • 1, por isso ca
da nível resulta em três devido aos três valores permitidos
do número quântico de spin nuclear (mI - -1,0, 1). Veja a
figura 5.
Quando existe interação hiperfina a condição de
ressonância se transforma em:
hV • g B Ho 'o
onde A é a constante de desdobramento hiperfino (erg).
A condição de ressonância é satisfeita para tres
valores do campo, dando origem ao espectro de três linhas
de ressonancia~
o fator-g define a posição da linha central em re
lação ao campo e o desdobramento hiperfino A pode ser repre
sentado no espectro como a distância em gau8s entre duas li
nhás adjacentes.
Na ausência do campo magnético 08 spins da amos+
tra estão aleatoriamente orientados e a magnetização M, de
finida como o vetor soma dos momentos magnéticos eletrôni
cos, é nula. O campo polariza os spins, criando um.novo+ +
quilíbrio onde há uma magnetização M alinhada' a H eZo o
porcional a n que é a diferença de população entre oso
veis no estado de equilíbrio.
- 7 -
BIBLIOTECA DO INSTITúTO DE rlSIC\ E OU1M1CA DE SÃO CARLOS· USP
Fi., i C A
e
pr~
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-
E
dAdH
tO
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•. 1O
- 1
-1O
•. 1
.H
+1-2
- 8 -
Fig.S: Nívei~ de Zeeman do radical nitrõxido(S=; e 1.= 1)e ilustração da ressonância.
z
""'N~O/ .•
( Q )
Fig.6: a) Os eixos principais (x,y,z) dos tensores g e A,
b) Ilustração da interação do eletron com o meio
polar
-
o campo de microonda perturba o sistema de spln
podendo deslocá-Io do equilíbrio, criando uma pequena magn~
tização........
transversal (M , M ) e mudando M para um valor M .x y zo z
~ .No retorno ao equillbrio M relaxa para M comz z o
uma constante de tempo intrínseca caraéterística TI da or
-6 - ..dem de 10 s chamada relaxaçao longltudlnal ou spin-rede.
Neste processo de relaxação os spins eletrônicos do nível
de energia mais alto, liberam energia para graus de liberda
de de todo sistema molecular, usualmente chamado a rede.
Para que isto ocorra eficientemente é necessário que a [re
quência de vibração da rede seja tal que possa receber a e
nergia doada pelo spin.
Ao mesmo tempo a magnetização transversal relaxa
-8para zero com a constante de tempo T2 da ordem de 10 s ch~
mada relaxação transversal ou spin-spin. Este processo de
relaxação não envolve troca de energia com a rede e pode
ser visto como uma perda de coerência entre os momentos maK
néticos ou um aumento de entropia no sistema de spin.
o comportamento da relaxação pode ser descrito p~
la~ equações fenomenolõgicas de Bloch.
dM H -Mz
oZ__ a __ dt TI
dH
Mx
x--=-- dt T2dH
M---L >= - .J:..dt T2
Uma propriedade importante dos radicais nitrôxi
dos é a anisotropia de fator-g e de desdobramento hiperfino.
- 9 -
-
espectro de pó
II z
11 Y
11 x
I H••
9 = 2
Fig.7: Espectro de pô (distribuição aleatória) e os es,e~
tros com o campo magnético ao longo dos eixos pri~
cipais.
- 10 -
-
Estas anisotropias sao representadas pelos tensores de 2~
ordem g e A que têm seus eixos principais orientados na mo
lecula da seguinte forma: o eixo x normalmente coincide com
a direção da ligação N-O, o eixo z está ao longo do orbital
2pn e o eixo y perpendicular a esses dois eixos. Veja a fi
gura 6.a. Os eixos principais dos tens ores g e A norrnalmen
te coincidem, porém, esta coincidência não é obrigatória.
° estudo destas anisotropias é feito usando mono
cristais dopados com urna pequena quantidade do radical, on
de se pode tirar os espectros de variação angular do campo
em tr~s planos perpendiculares e onde se conhece o sistema
de coordenada molecular.
Quando o campo está paralelo ao eixo z um grande
desdobramento hiperfino A ; 32Gzz
gu r a 7)
é observado (veja a
e um desdobramento menor na direção de x e y: A xx
fi
-••
; A ; 6G. Ao mesmo tempo a posição da linha central variayy
com os valores de g (g ; 2,0027; g ; 2,0060 ;zz yy
; 2,0090). O espectro de pã tem a forma em que aparecem as
contribuições de todas as orientações possíveis.
Se os cristais forem dissolvidos estas anisotro
pias desaparecem devido ao movimento rápido de rotação do
radical em solução produzindo os valores médios isotrópicos:
A o1 I
•• - (A + A + A ) e g •• - (g + g + g )3 xx yy zz o 3 xx yy zz'
No entanto, se o movimento do radical é anisotrõ
pico estas anisotropias não desaparecem completamente e as
sim é possível obter informações sobre a ordem do
no sistema.
radical
Estes resultados podem ser descritos quantitativ~
mente em termos da hamiltoniana de spin:
- 11 -
-
-+ - -+ -+ - -+
,',) =pHgS+IAS
-+ ••••
onde g e A sao tensores, S e o operador de spin do eletron
-+ ••
e I e o operador de spin nuclear.
o sucesso e a importância da técnica de marcado
res de spin baseiam-se no fato de que pequenas mudanças das
características do meio circundante, tal como polaridade,
viscosidade ou estrutura podem causar efeitos dramaticos na
forma do sinal.
Para a maioria dos marcadores de spins o desdobra
mento hiperfino varia de 13 a 17G com a polaridnde do sol
vente. Isto porque os solventes polares estabilizam a forma
dipolar do marcador. Veja a situação (B) da figura 6.b.
Desde que o desdobramento hiperfino aumenta com
a densidadé de spin próxima do nitrogênio. ao aumentar as
contri~uiç3es para a forma polar aumenta~se ovalor do desd~
bramento. Mas efeitos de movimento também contribuem para o
valor do desdobramento e isto limita as possibilidades de
medida da polaridade do solvente através do valor do desdo
bramento.
No experimento de RPE, o campo magnético que atua
sobre o elétron é dado por:
-+ -+H •.•H o
-++ H cos
m-+z -+-+
wmt + H~(t) + ~Hz+2HICOS wt
onde H é o campo do eletroimã, H cos w t é o campo de moo m m
dulação instrumental, H~(t) é o campo local devido aos mo
mentos magnéticos vizinhos
tal de varredura do campo.
e ~H é o incrementoz instrumen
Quando o môdulo do campo de microonda Hl é
- 12 -
aumen
-
(- O,OlG)
tado gradualmente (até - O,3G) a diferença de população en
tre os níveis de energia diminui indo para zero. Os mecaniS
mos de relaxação não são suficientes para liberar a energia
absorvida e o sistema de spin ê parcialmente ou totalmente
saturado.
Normalmente se usa um pequeno campo HI
onde o sistema alcança um estado de equilrbrio estivel em
que a diferença de população n esti pr~xima de seu valor no
. ~ .. - - -estado de equlllbrio n • Nesta sltuaçao de nao-saturaçao oso
mecanismos de relaxação são bastante eficazes. Hã pouca ou
nenhuma ml1danç:a de energi.a no sistema de spin. A intenRid;1
de do sinal i porporcional a Rl e por is~o esse tipo de experimento é chamado de experimento de resposta linear.
No estudo de amostras em solução é conveniente de
finir o parâmetro tempo de correlação T corno o tempo de rec
orientação da principal componente de movimento do marcador.
Se um marcador estã com seu orbital 2p~ paralelo
a H a um dado tempo t e depois perpendicular a H a t +o o o o+ T devido a reorientação molecular, então o valor do desc
dobramento hiperfino variou entre duas linhas de-
ressonan
cia distantes de ~ em unidades de frequência. Em um meioa
isotrôpico para movimento rãpido em que T «1/6 - 10-7s,c a
um mesmo marcador contribui para estas duas linhas de resso
nância nesse intervalo de tempo. Com isto as anisotropias
do desdobramento hiperfino ficam promediadas'e o espectro
ê constituído de três linhas finas e igualmente intensas.
Para movimentos mais lentos em que T ~c 1/6 ficam limitaa
das as possibilidades de um mesmo marcador contribuir para
estas duas linhas de ressonância e começa a aparecer no es
pectro os efeitos da anisotropia fazendo com que as
- 13 -
linhas
~" :E".~_~"'''''''1
-
do espectro se alarguem. Depois quando t aumentac ainda
mais o espectro aproxima-se assintoticamente do espectro de
pô originado de uma distribuição aleatória totalmente imobi
lizada.
Em conclusão o sinal de resposta linear é bastan
região dos valores do tempo de correlação (t c
te insensível a movimentos mais lentos que 1/t, • Paraa
> 10-7s)
esta
fo
ram desenvolvidas as técnicas de resposta não linear,
cipalmente com os trabalhos pioneiros de Hyde, Dalton
(1 2 3)McConnell " •
prl~
e
o fato f[sico importante neste tipo de experime~
to é que sob condições de saturação o sistema é sensível-a
velocidade de passagem do campo pelo seu valor de
ci a.
-ressonan
Para um marcador de spin de dada orientação esta
velocidade de passagem depende da amplitude e frequência do
campo de modulação:
dHdt
a. \"m
Hm
Devido a reorientação molecular o campo local
H:Ct) varia com o tempo funcionando como modulaçio do campo
e fazendo o campo passar pelo seu valor de ressonância.
1 •a. -T
C
Desde que o sistema de spin perde toda mem;ria no
tempo de relaxação spin-rede TI' este tipo de experimento
depende desta passagem do campo sempre que Tc > TI·
- 14 -
-
Existem outros fatores que influenciam o espectro:
- a concentraçao do marcador.
ção spin-spin.
Acima de 5% ocorre a intera
o tipo de molécula portadora do radical. A orientação do
orbital 2prr em relação ao eixo molecular longo quando eX1S
te um tal eixo;
- a geometria global da amostra. Pode ser planar quando obti
da por pressão do material entre placas de quartzo, cilín
dricas quando obtidas em capilares e isotrõpica quando S1m
plesmente em solução não orientada.
3. ANÁLISE DOS ESPECTROS DE AMOSTRAS DILUIDAS
Em amostras diluidas o tempo de correlação T c
quase sempre o parâmetro mais importante. Neste tipo de
lise é conveniente distinguir três regiões de valores de
-e
ana
T •C
. - . - . -9A reglao de mOVlmento rapldo para T < 10 s, dec
.. d' - . 10-9 10-7mOV1mento lnterme lar10 para s < T < s, e de mOV1c-7
mento lento para T > 10 s.c
A aplicação da técnica de marcadores de spin no
estudo de sistemas biológicos em solução permite geralmente,
obter informações sobre o movimento do marcador no sistema.
A partir destas informações se pode estudar a dinâmica, es
trutura e ordem dos sistemas.
- ....Na analIse dos espectros de 11qu1dos an i s o t r ôp i..
cos muitas vezes é preciso fazer uma simulação dos
tros para se obter informações mais detalhadas. Estas
espe~
slmu
lações dos espectros envolvem cálculos bastante extensos e
- 15 -
-
considerações teóricas no sentido de aprOXlmar os resulta
dos. Contudo, existem maneiras de se obter informações atra
vés de calculas mais simples.
a) Região de movimento rapido: t < 10-9sc
Esta é a região dos valores de t onde osc espe~tros de resposta linear mostram a melhor sensibilidade.
Em amostras diluidas, devido ao efeito de movimen
to, a hamiltoniana de spin tem uma dependência do tempo e
podemos escrevê-Ia como:
isto-e , um valor médio no tempo somado com o desvio da
-me
dia. Isto ainda pode ser escrito como a soma de uma hamilto
niana efetiva e outra parte dependente do tempo represent~
L «1. Assim ac
da por ~ l(t). Para movimento rapido
sultando na condição que I~ l(t)l~l (t)
-e pequeno re
teo
ria da perturbação dependente do tempo pode ser aplicada e
a posição das linhas é determinada a partir dos autovalores
da hami1toniana efetiva.
Em amostras planares orientadas, muitas vezes e
xiste um movimento preferencial em torno de um eixo de sime
tria z'. O desdobramento hiperfino depende de 8, o ângulo
entre z' e H •o
A •• sen2S)1/2
Arr e Al são medidos nos espectros, com o campo i10
- 16 -
-
na direção paralela e perpendicular a z'. Veja figura 8.
A partir de medidas diretas nos espectros dos parâ
metros tu e An se pode avaliar a hamiltoniana para ~ • 0°,
cffi 1/ •• 3 H g S + A S Mo "z "z
onde M ê o número quântico de spin (-1,0 , +1).
O mesmo pode ser feito para avaliar 1(,.l com g =
A matriz de ordem Ilsij I i definida por saupe(4) ê
habitualmente usada para descrever a orientaçio dos
principais x, y, z em relação a z'.
e~xos
1 2S ...•• S ..•• -2 (3 cos e. - 1)~~ ~ ~ i ...1,2,3
++ ++cos e 1
aX.z' cos82I:Y.z ',
+
+ 3e
cose)...z.z' Is....o, ~ial
o conhecimento de Ali e Ai permite
ção do parâmetro de ordem 83,
uma prê-avali~
8 '"3
!u - AI1
A - -(A +A )zz 2 xx yy
- a,
a
Ambos 83 e Ali são usados para caracterizar bicama
o fatora,
a
-e uma correção para efeitos de polaridade.
das lipídicas, veslculas de membranas e
transições de fase em cristais líquidos.
- ~.sao senSl.vel.S a
Se o meio ê isotropico, T pode ser avaliado pelac
lei de 8tokes.
- 17 -
-
"
(a)
.L
gll
2AII
(e)
Fig.S: Espectros de amostras orientadas. a) O campo esta
na direção do eixo de simetria,b) perpendicuiar,c)
amostra de g~ometria cilíndrica.
1I ,
, \2t.l 'I \
, ,, ,I ,
I \
, \, \, /~, \
.•...- \ I \
\ I \\ I V'J
I IOG ~
- 2Az
t.Hh
2M
II
___ ••••••--- - - ~ i ",,- - --
",,- .----'\J. /L--u-( ~h
, I\ I\ I\J
Fig.9: Definiç~o de parimetros usados para determinar b(.
A linha contínua ~ o espectro parcialmente imobili-
zado e a linha tracejada ~ o espectro totalmente imobilizado.
- 18 -
-
onde "1)11 ê a viscosidade do meio e "r" é o raio molecular,
assumindo forma esférica.
Como existem outras maneiras de avaliar T , pode-c
-se usá-Ia nessa expressão para calcular a viscosidade 10
calou o raio molecular.
Nesta regiio de movimento rápido, T pode ser obc
tido da expressão para o tempo de
termos do número quântico de spin
onde
relaxação spin-spin
(5)nuclear .
em
4B •• - b (/5,y) H15 o • T •• B' •c T C
1 b 2 ,C •• ã . Te •• C •
b •• t lT (Ali - A1)
T c
"
(3
~y - h
Substituindo M •• O se obtém que a largura da li
nha central é igual ao parâmetro A •
•• A
Como B e C são funções de
- 19 -
T pode-se escrever:e
-
1
TZr=IT == A + (-B' + C') • T C
1TZ r=n
1
TZ(ü) == (-B' + C') • TC
T == 1 1c .-----
-B'+C' T2(O)
T2(ü)==
T2(Ü)
T2(ü)
T2(-1) - 1 = T2(ü) • (-B'+C')·T c.
TZ(ü)
T2(-1) - 1
Considerando que a área da curva de absorção, da
da pelo produto da intensidade da linha pelo quadrado da
largura da linha ê constante, pode-se chegar a uma expre~
sao mais conveniente para
h(M) • (liH)2 -
T •c
cte
h (M).1 2
(T (M» - ct e2
1
~T 00 -
h (M)2
1/T2(-1)
1!T2(0)
Tc
= 1-B'+C'
• liH(O) •
-1 -10onde (-B'+C') - 6,5 x 10 •
b) Região de movimento intermediário: 10-9s < T < 10-7sc
Para movimento mais lento as oscilações no valor
- 20 -
-
d a h am i Iton i anas ti o m aiores. I í~;I(t) I '( - I e a teoriac
solvente.
da perturbação não pode mais ser aplicada.
Nesta região os espectros obtidos por simulação a
presentam uma forte dependência do modelo de reorientação
escolhido. A reorientação molecular não depende somente de
T , mas também do tamanho relativo de soluto ec
Por exemplo, a difusão browniana explica satisfatoriamente
o espectro de uma macromolécula em solução aquosa, enquanto
a difusão por saltos não correlacionados ê mais conveniente
quando soluto e solvente são de tamanhos comparáveis.
Nos espectros mais imobilizados, os marcadores
que contribuem para as linhas extremas do desdobramento hi
perfino são aqueles que possuem o eixo z de seus
paralelos a H . Como consequência os desvios dao .
tens ores
simetria
axial, que poderiam afetar o centro do espectro, oao tem e
feito sobre as extremas que podem ser ajustadas separadame~
te nos cálculos. Usando um modelo isotrôpico de difusão
browniana, se pode ter, da simulação destas extremas, info~
mações da reorientação do eixo principal z e medidas do seu
tempo de correlação, mesmo em situação anisotrõpica.
Tem sido proposto vários tipos de calibração dos
espectros com os valores do tempo de correlação. Nestas ca
librações são assumidos modelos de reorientação e todas en
volvem as posições ou larguras das linhas extremas.
(6) f" -Goldman, Bruno e Freed de 1n1ram um parametro
S para caracterizar os espectros.
,A
zS • -
Az
- 21 -
-
o valor de Az é a metade da diferença de campo ma~
nético entre as posições das linhas extremas no espectro de
total imobilização e A' é a mesma grandeza parazmovimento
lento do marcador. A figura 9 mostra a definição destas gran
dezas.
o valor de S aumenta monotonicamente com T e ac
simulação dos espectros fornece a seguinte fórmula...
emplrlca
para T •C
bT ••• a(1-5)c
- paradifusãobrownianaa::5,4x10-10s,b::-1,36 comerro
de3%:
difusão
salto2,55-9
b0,615- para pora:: X10 s, =com
erro
de27..
McCalley,Shimshick
(7)utilizaram
e McConnell ame
dida do deslocamento para dentro da linha de campo alto em
relação ao espectro de total imobilização. Este deslocamento
está relacionado com S e funciona bem para T c-]10 s.
maior que
ou
Um outro metodo de calibração, proposto por Mason
e Freed(8). relaciona o valor de T com a mudança da largurac
das linhas extremas e produz uma boa estimativa de T mesmoc-6
superior a 10 s.
Te = a (W-l)-b
- 22 -
A ' •u 1tii i :: h,Q..
-
- para difusão livre-8
a = 1,31 x 10 b = 1,033
- para difusão browniana b = 0,943
c) Região de movimento lento: t > 10-78C
(9) •
Nesta região o espectro de resposta linear e insen., - . -.
s1vel as mudanças em T , p01S os espectros sao do t1pocbas
tante imobilizados. Para se obter informações do movimento
molecular nesta região foi necessário desenvolver as
cas de resposta não linear que parecem promissórias.
tecni
Ainda
aqu1 o parâmetro importante é o tempo de correlação.
Hyde e Dalton(1) estudaram o sistema de tempol em
sec-butilbenzeno, no qual i conhecida a viscosidade em função da temperatura. e T pode ser calculado pela lei de Stoc
kes. Nesse sistema foi registrado o sinal de dispersão para
diferentes valores de T e diferentes frequências de modulac
ção (Wm) e observou-se que os espectros em que o
W . T - constante, são bem semelhantes.m c
produto:
o que se faz neste tipo de experimento é formar es
pectros-modelos bem definidos para servir como espectros de
referência para obter T em outros sistemas através da compac --
raçao.
No estudo de Hyde e Thomas(lO) de hemoglobinas
cadas com maleimidas, a viscosidade do solvente aquoso
mar
foi
mudada por adição de glicerol. De uma comparação qualitativa
dos espectros com aqueles de tempol em sec-butilbenzeno houve
concordância nos tempos de correlação estimados.
Este método permite obter informações da dinâmica
molecular em um intervalo de reorientação de 10-7s a 10-45.
- 23 -
-
o bom êxito da técnica de marcadores de spin depe~
de da escolha das amostras, da precisão da analise dos espe~
tros, do conhecimento das propriedades do marcador tal como
seu local e tipo de ligação e seus eventuais efeitos no SlS
tema.
Comparada com outras técnicas tem duas vantagens:
1. A sua sensibilidade. O recente avanço nos equipamentos de
RPE melhorou muito o sinal em relação ao ruido.
2. Os espectros permitem o estudo do movimento em um grande
.. - -11 -41nterva10 de tempo de reOTlentaçao (10 sala s).
Em vista disso, os marcadores de spin são um bom
instrumento para estudos comparativos, especialmente em sis
temas biológicos.
- 24 -
-
CAPfTULO 2
DETERMINAÇÃO DOS TENSORES g e Ã
No Capítulo 1 foi apresentada a hamiltoniana de
spin:
+ = + + = +SHgS+I ·A·S
= =onde g e A são tens ores que representam a anisotropia do
fator-g e do desdobramento hiperfino respectivamente. O
que veremos neste capítulo é como determinar estes tenso
res a partir das medidas experimentais de variação angular.
1. DEPEND~NCIA ANGULAR DO FATOR - g
Em um sistema de coordenadas cartesianas
quer (a, b, c) o tensor g se expressa como:
'"gabgacDaa
=gabc =
gabgbbgbc I ....(2.1)
gac
gbcgcc
o tensor g é simétrico g .. = g ..•1J J 1Diagonalizando a matriz correspondente se obtem
o mesmo tensor no sistema de eixos principais (x~ y, z). A
- 25 -
-
orientação destes eixos no radical nitrõxido está mostrada
na figo 6.a).
••
g =Do
o
o
o
o
o • • •• (2. 2 )
Existe uma matriz de transforção m que transfor
ma o tensor g do sistema arbitrário (a, b, c) no
diagonal através da operação matricial:
tensor
== m t = ·n •••• (2.3)
onde nt é a matriz transposta de m. •
Esta matriz mé formada pelos cossenos diretores
entre o sistema abc e o sistema dos eixos principais xyz.
cos ecoa ecos eax ayaz
m=
Icos ebxcoa ebcoa 6b.l....(2.4)
. y
cos e
coa ecosecxcycz
Estes ângulos estão mostrados na figo 10.
Estes cossenos diretores se relacionam com os e
lementos g .. de g b através das fórmulas:lJ a c
g ..•• g cose. cose. + g cose. cose. + g cose. cosA.lJ xx lX JX yy lY JY zz lZ JZ
- 26 -
-
c
x
b
y
o
Fig.10: Os cossenos diretores entre o sistema arbitrário
abc e o sistema de eixos principais xyz
c
a
.b
Fig.ll: A direção do campo magnético H .em coordenadas esfé
r1cas.- 27 -
-
222g .. = g cos e. + g cos e. + g coa e.11 xx 1X YY 1Y zz 1Z
•••• (2.5)
o efeito da matriz m na equação (2.3) é girar o
sistema de referência até coincidir com o sistema de refe
rência dos eixos principais.
No caso destes dois sistemas já possuírem um dos
eixos em comum,]R. assume uma forma bem mais simples. Por
exemplo, se o eixo "a" for coincidente ao eixo "x" o efei
to de IR seria o de fazer o sistema de referência girar um
certo ângulo em torno do eixo "x" fazendo os dois siste
mas coincidirem totalmente. Nesta situação particular m e
dada por:
1 o o
lR=x o cos sen •••• (2.6)
o -sen cos
Do mesmo modo nas rotaçoes em torno de "y" e "z"
as formas da matriz m -sao:
:IR==y
cos
o
-sen
o
1
o
sen
o
cos
:IR==z
cos
-sen
o
sen
-
IR = R~ • IR ~x x • ]R ~z•••• (2.7)
••• 1lI
2. DETERMINAÇAO DO TENSOR g
A parte da hamiltoniana de spin que depende do
fator-g pode ser escrita na forma matricial como:
+ = += S (H • g • s) •••• (2.8)
Em relação ao sistema de referência do laborató
rio temos:
gaagabgac II
saI
1f," S[Ha Hb Ho]gab
gbb
8bc jl::~gac gbcgcc....(2.9)
A direção de quantização do spin eletrônico não
+e a mesma direção do campo H., aliás. a anisotropia do ten
sor g se deve ao fato que o spin eletrônico não está exa
tamente orientado ao longo da direção do campo. Também há
que considerar a interação do spin com o campo de microon
+ .. +da Hl que osc1la perpend1cularmente a H •
Considerando 'um
. • - + •S1stema com-uma componente na d1reçao do vetor H·g, que p~
• -. +demos denotar pelo ve~or un1tar10 N. E as outras duas com
ponentes perpendiculares, sendo muito menores. podem ser
desprezadas nos tratamentos quantitativos. Esta aproxim~
- - h d d . - d .. d (11)çao e c ama a e aprox1maçao e pr1me1ra or em . Dessa
- 29 -
-
forma podemos escrever:
A energia ê dada por:
~ a }E' = (~ ii' g' M = + ..:.. R
•.... I'S -2-
•••• ( 2 .10 )
•••• (2.11)
~ usual escrever a equação (2.11) em termos
valores principais do tensor g e das projeções dos
~principais na direção do campo H. Denominando estas
ções por l, m, n temos:
dos
e 1 XO s.
.proJ'::'
-+
H a (t, m,n) H •••• (2.12)
gxxOO
••
Ig = OgyyO ....(2.13)
O
Ogzz
-+ =H·g = (g ~,g m, g n)H
xx yy zz•••. (2. 14)
portanto, da equaçao (2.11) temos:
1E •• + - (3H- 2
1•• ± "2 gBH (2.15)
Para que haja transições entre os dois níveis de
energia da equação (2.15) ê necessário um quantum hv de
energia, tal que:
- 30 -
-
ou
hv - llE - gBH
H _ hvgB
•••• (2.16)
•••• (2.17)
A equação (2.17) define a posição da linha cen
traI do espectro em relação ao campo, mas aqui "g" é aniso
trópico e dado pela expressão:
•••• (2.18)
Indicando a direção do vetor R.g pelo vetor uni
târio N e o módu10 por HgN podemos escrever:
•••• (2.19)
onde o-
numero gN é o momento magnético efetivo quando o
•••• I • _ + ~sp1n e quant1zado ao longo da d1reçao N. Dessa forma a e
quaçao (2.11) pode ser escrita como:..
E - •••• (2.20)
A diferença de energia entre os dois nlveis é i
gua1 a gNBH e de acordo com a equação (2.19) podemos escre
ver:
2 2 2 2 2 ~ - - + 2+ -2 +(IlE) - gNB H - B (H·g)-(g.H) - B H • g • • H
•••• (2.21)
-2 - -onde g e o quadrado do tensor g.
- 31 -
-
1Consideremos agora a medida esperimental do valor
~
aparente de g, gN' quando o campo H esta na direção indic~
da na figura 11. Em relação ao sistema de eixos do laborató~ .. -
rio, as componentes de H em coordenadas esfericas sao:
~H = (cos~sene, sen~sene, cose) H
e assim encontramos:
•••• (2.22)
-222
(g) (g) (g) I Icos~seneaa ab ac
(gN)2.[cos~8eno sen~sene cose]
222(g) (g ~ (g 6 I 18en~8enOab b c
(g2) (g2~ (g2) 1 L
•cosaac c cc
-•.•. ·(2.23)
2 2(g) cos~sena+(g) bsen~senS+aa . a
2+(g) cosSac
2 2(g) cos~senS+(g)b sen~sen8+ac c
2+ (g) cosecc
•••• (2.24)
. 2 2 2+ cose«g) cos~sene+(g) sen~sene+(g) cose)ac bc cc-
(2.25)
- 32 -
-
1) Fazendo e = n/2 e variando ~ obtemos a expressão que
nos da a variação angular das medidas do fator-g no pl~
no ab •
.••• (2.26)
2) Fazendo ~ = O e variando e
no plano ac.
obtemos-
a mesma expressao
22222 2g (8) a (g) sen 8+(g) cos 8+2(g) sen8cos8aa cc ac
•••• (2.27)
3) Fazendo ~ = n/2 e variando e obtemos a mesma expressao
no plano bc.
22222 2g (8) = (g)bbsen 8+(g)cccos 8+2(g)bcsen8cos8
•••• (2.28)
Os valores dos elementos diagonais do tensor (g)2,aa
(g)~b e (g)~c são o quadrado das medidas diretas do fator-g
nas direções "a", "b" e "c" respectivamente. Para determi
nar os elementos não diagonais (g)2b, (g)b2 e (g)2 e necesa c ac
sârio obter as medidas de "g" com variação angular nos pl~
nos e determinar o melhor ajuste do valor desses elementos
nas equações (2.26), (2.27) e (2.28).
A figura 12 mostra a representação geométrica do
fator-g no plano ab, ilustrando a função do elemento
diagonal. A figura 13 é a mesma representação na forma
- 33 -
-nao
gr~
-
b
Figol2: Representação geometrica do fator-g no plano "ab"o
a
b -------------
"'II . O
/.1 Oob&I I
901»0 f i Oob < o, .I I1/
0+---------- ...•.------ _, \i \. \I \. \\. \\ \\1
O.H
Figo13: A mesma representaçao da figura 12 na forma gráfica
- 34 -
-
fica do fator-g versus ângulo. Experimentalmente cada cur
va da figura 13 representa a variaçio angular das posiç~es,
em relação ao campo, da linha central do espectro.
Para definir o sinal dos elementos nio diagonais
foi considerado o seguinte sentido dos ângulos positivos
- -O processo usual de determinaçao do tenso r g
-e
-2 (' 1 b ..•• ) .compor o tenso r g b no slstemade a oratorlO a partlra c
das medidas experimentais. E diagonalizando o tensor g2b 'a c
'se obtem: o quadrado dos auto-valores na diagonal do ten
-2 ..•. 1 d •Bor gD e os auto-vetores lao os vetorel co unas a matrlz
de transformaçio m (equaçio 2.3).
- -3.,DETERMINAÇAQ DO TENSOR A
A hamiltoniana de spin que representa as intera
ções de Zeeman e hipeffina pode ser escrita na forma matri
cial como:
J~ ~ - ~ ~]{O - a (H • g • S) + s-
• A . t •••• (2.29)
As medidas experimentais .do desdobramento hipe~
fino A, têm a dependência do fator g. No caso do fator-g
ser isotrópico e o desdobramento hiperfino anisotrôpico, a-
determinaçio do tensor hiperfino A envolve procedimentos!- .
nãlogos ao do tensor g e somente o segundo termo da equ~
ção (2.29) e usado. Entretanto, o que se encontra na maio
ria dos casos e a anisotropia dos dois parâmetros g e A ào
mesmo tempo. Assim, no desenvolvimento teórico da determi
- 35 ,-
-
nação do tensor A ê necessário manter as relações entre
e A.
Como o primeiro termo da equação (2.29) é muito
maior que o segundo, podemos desprezar os termos de segu~
da ordem e reescrever a hamiltoniana como:
~ = B · I 'N •••• (2.30)
o spin eletrônico ê quantizado na direção do ve-i- =
tor H·g que e a-i-
direção de N. A direção de quantização do
- + - • -spin nuclear e a mesma do vetar H·g·A, denotada na equaçao
-i-! _(2.30) por N . Assim nessa equaçao foi considerado apenas
os efeitos de primeira ordem, ou seja, foram desprezados
os efeitos das componentes dos operadores de spin que
estão na direção em que foi assumida a quantização.
-nao
A energia, com termos ate primeira ordem, e dada
por:
onde
••.• (2. 31)
Aexp= •••• (2.32)
Denotando a direção do campo pelo vetor unitário-i-
~, podemos expressar A na seguinte notação matricial:exp
2
Aexp•••• (2.33)
Para simplificar a notação podemos definir uma
• 2nova matr~z K .
- 36 -
-
assim,
-2 - -2-K -g.A.g
1 + -2 +--R,. IC.R,28N
•••• (2.34)
•••• (2.35)
-Com desenvolvimento análogo ao do tenàor g pod~
mos deduzir expressões, análogas das equações (2.26),(2.27)
e (2.28), que relacionam as medidas experimentais de varia
- -2çao angular nos planos com os elementos do tensor K b •a c
•••• (2.36)
•••• (2.37)
•••• (2.38)
A medida de A (6) ê a metade da diferença emexp
gauss entre as posições das linhas de desdobramento biperfi
no. Estas medidas de A (6) e g(6r permitem a determinaçãoexp+2
do tensor K b • Ea c
terminar o tensor
por inversão
-2A b •a c
da equação (2.34) podemos de
•-2 - -2 -K - g • A • gabc abc abc abc
.... (2.34.a)
- -1 - -2 - (- -1(g)abc·gabc·Aabc·gabc· g)abc•••• (2.34.b)
- 37 -
-
I
- \
r- '.
=2
Aabc
-1= (g) abc
=2 -1
Kabc . (g) abc•••• (2.39)
!~),,
Na seçao anterior temos os procedimentos de deter
só muda o siste
o tensor g b pode ser obtidoa c. -
mlnaçao
tensor
=2
do tensor g b •a c=?
g"b como segue:a c
Como a matriz de transformação m
do
ma de referência sem alterar o valor do tensor, então a ffieS
ma matriz que diagona1iza g2b tambem diagona1iza g b' Asa c a c
sim, da cqu3}ão (2.3) temos:
•.•• (2.3.a)
Obtido ~~ para extrair a rafz quadrada do mesmo
ê simples; basta extrair a rafz de seus elementos (diag~
nais). Com gn e lli1 podemos determinar gabc' Como a matriz m
ê ortogonal a sua matriz inversa é igual ã sua matriz trans
posta. Então temos:
•••• (2.3.1»
. t = tlRl • lRI" gabe ']R°l ·ml•· (2.3.d
=•.•. (2.40)
Invertendo o tensor g b e aplicando-o na equaçãoa e
(2.39) obtemos finalmente o tensor A2b • Diagonalizandoa e es
=2te tansor obtemos o quadrado dos autovalores em An e os au
tovalores em lR .
- 38 -
-
CAPITULO 3
INTERAÇÃO DE SPINS
Quando a concentraçao molar de um marcadormo
norradical aumenta, há um aumento da probabilidade de inte
raçao entre os spins eletrônicos.
As interações entre marcadores de spins dão
origem a uma variedade de efeitos interessantes no espe~
tro de RPE. O espectro varia com o número de spins que es
tao interagindo ao mesmo tempo, com o movimento dos marca
dores de spins, a orientação e a distância entre eles.
Existem dois tipos de interação de spin que
são representados por dois novos termos na hami1toniana de
spin. A hami1toniana de interação dipo1ar eletrônica (1G )D
e a hami1toniana de intercâmbio eletrônico (~E)'
a) Interação dipo1ar eletrônica
~A interação de
dois momentosmagneticos~l~ e ~2produzaenergiadeinteraçãodipolar(12) .- ---J. ~~~~ul .~2 3(~l.r)(~2.r)E = - ...(3.1)d 3 5r r
~onde r e o vetor que une os dois dipo10s magneticos.
A relação entre o momento magnetico e o sp1n...• -..)
~=-g B S e usada para converter a equação (3.1)
que representa o termo de interação dipo1ar da
na de spin.
-na equaçao
hamiltonia
Ed= g2
~3 (S .
J
~ ~
• rjk) (Sk •5
rjk
Na figura 14 esta a representaçao esquema-
- 39 -
-
tica da interação dipolar.
-Z=H
-S.1. I
(a)
Fig. 14 - a)
b)
/0. /I J If-...;./I It
7{JZ
~Z
(b)
Representação esquemitica da iriteração dipolar;
sua versão simpliticada
A figura l4.b ilustra uma maneirZwmais sim -ples de considerar a interação dipolar. ~ e s. são as
1.Z JZprojeções dos spins na direção do campo magnético externo
e o campo magnético adicional que o spin "j"produz no~
spin "i" a uma distância "r .." é considerado.1.J
- li. 2H. == g B S. (1 - 3 cos 0) I
JZ JZ
ou
- 3r ..1.J
( 3 • 3) .
...•H. = +
JZ
12
... (3.4)
Isto faz com que o campo magnético tota: que
atua rio eletro "i" tenha dois valores com uma pequena dife
rença dada por: .
,,2 ~ 3~H= g B (1 - 3 cos 0) / r ..
1.J(3.5)
Esta diferença de campo magnético fa~
que o eletron "i" encontre a ressonância para dois
com
valo
res de frequência com a diferença ~v. A diferença de ener
gia devido a essa interação é:
(3.6)
- 40 -
-
Usando a equação (3.5) temos:
2 2 2 ~ 3
Ed= g S (1 - 3 cos 0) / r ..1J... (3.7)
Esta interação eletron-eletron normalmente ~
corre para marcadores de spin quando estão proximos entre
si. O efeito desta interação e desdobrar a linha de res
sonância num dubleto (cujo centro seria a posição da linha
sem a interaçâo).
Caso a interação seja com um proton vizinho
basta usar na equação (3.5) o valor do fator g do proton
(gN) e o magneton de Bohr do proton (SN) e a equação que
dá a energia de interação pode ser escrita como:
- 3r ..~J
(3.8)
Em geral vários spins contribuem para o ca~
po magnético local e o campo magnético total que atua so
bre o eletron "i" ê dado pela equação:
-4 ~~ f.# 2~3
H . =H+ gS S. (1-3cos 8)/r .. ...(3.9)total Zj >k JZ ~J
o
totalsendodadopela-
(3.9)campo equaçao
frequência
de Larmordeum eletron"i"-
alterada dea ea
cordo com o campo local. Dependendo da estrutura do me10 o
campo local varia de spin para spin e suas frequências de
preces são ficam diferenciadas por um valor que podemos de
signar por 8w= w. - w., que é proporcional ao campo local.~ J
As transições para os vários spins ocorrem
em frequências de ressonância ligeiramente diferentes. A~
sim a forma global da linha é alargada e como mostra a fi
gura 15, pode ser vista como um envelope de linhas e~
treitas correspondentes às transições de spins sujeitos a
a campos locais diferentes.
Como a distribuição do campo local de um si~
tema randômico é aproximadamente gaussiana, a forma da li
nha com alargamento devido a interação dipolar é gaussia-na.
- 41 -
-
b) Interaçao de intercâmbio
Esta interaçao resulta do intercâmbio entre
dois estados de spins devido a sobreposição das funções de
onda dos eletrons desemparelhados. Por exemplo, há inter -
câmbio quando a função de onda al 62 muda para aZ 61•
defini
que:
funções de onda ~A e ~B
pela distância r .. temos1J
Se a integral de intercâmbio J .. for1J
de dois eletrons
A e B separados
da em termos das
2e
r ..1.J
) fA (r,) fB· (r.) d 1, d L.J 1 1 J(3.8)
o termo da hamiltoniana de spin que represe~
ta a interação de intercâmbio pode ser escrito como:-J .. S .
1.J 1.
~• S.
J(3.9)
A interação de intercâmbio J cai muito rap~damente com a distância e geralmente ocorre em colisões
dos marcadores. Neste caso o espectro depende do número de
possíveis colisões e isto está relacionado com a concentr~
ção local, a viscosidade do meio e características de difu
são do marcador .
• •H local
Fig. 15 - O efeito da variação docampo local que atua em
um eletron desemparelh~do.
- 42 -
-
Existe tamb~m a interaç~o de super intercim
bio. Esta interaç~o ~ um intercimbio indireto que ocorre
entre dois ions magnéticos apesar de suas funções de onda
terem sobreposições desprezíveis. Neste caso a funç~o da
onda de um ou mais ions diamagn~ticos sobrepõe ambas fun
çoes de onda dos ions magn~ticos e pode-se dizer que eXlS
te um caminho favor~vel ~ interaç~o mesmo que os centros
paramagn~ticos estejam a uma distincia razoivel.
Os efeitos das mudanças de concentraçao do
marcador na interação de intercâmbio, em sólidos, são bas
tallte complicados devido aos efeitos de par;metros estrutu
ra1S especIficas na integral de sobreposiç~o J.
Geralmente ambos tipos de interaç~o influem
fortemente sobre a forma da linha de RPE e o seu estudo re
quer uma analise cuidadosa da forma de linha.
- 43 -
r-·----·--··--···
-
CAPíTULO 4
MATERIAIS E MftTODOS EXPERIMENTAIS
1. INTRODUÇÃO
Os radicais livres nitr~xidos e seus espectros
de RPE foram muito estudados, nos ultimos anos, particula~
mente pela sua importância biológica como marcadores de
. (13,14,15)sp1n
Suas propriedades mais importantes são a sua es
tabilidade química, a simplicidade e sensibilidade de seus
espectros em relação às mudanças que ocorrem no me10 C1r
cundante. Muitas vezes é possível obter, das mudanças dos
espectros, informações sobre as características estrutu
rais e eletrônicas do sistema em que o radical se encontra.
Estas mudanças geralmente provém das interações de transf~
rência de carga, de ligações de hidrogênio ou de ligações
de contato intermolecular do tipo van der waals. Recente
mente surgiram estudos dos radicais nitróxidos em estrutu
ras cristalogrãficas com o intuito de obter relações entre
estrutura do cristal e propriedades físicas, tal como inte
rações de cargas e transformações de fase.
Os espectros de RPE de monocristais de radicais
nitróxidos possuem uma única linha larga. Isto devido a
fortes interações dipolares e de intercâmbio que existem
quando os radicais estão muito próximos entre si. Neste ca
- 44 -
-
- --~ ~ - -so nao e posslvel determinar os tensores g e A. Uma maneira
de contornar o problema é usar o método de dopagem onde as
distâncias entre os radicais, na estrutura cristalina, sao
bem maiores. Com os espectros de variação angular se deter
mina os autovalores e a orientação dos tens ores g e A no
cristal. Com a orientação desses tensores se estuda a orien
tação da molécula do radical no cristal e a partir das mu
, ~ ~danças nos autovalores, as vezes, e possivel estudar as ln
teraçoes e tipos de liga)ões com a estrutura cristalina,
Neste trabalho i usado o mitodo de dopagem para
estudar o marcador tempol em uma matriz diamagnetica que
tem a sua molicula semelhante ã do tempol. Na figura abaixo
são vistas as moléculas do marcado r (I) e da matriz (11).
OH OH
H3C '"I I ~vl'3H3C.
H C .....
-N ' CH H C'"
,~.••.CH33 33N
IOH
(1)
(I I)
2. PREPARA~ÃO DAS AMOSTRAS
a) O monocristal da matriz
Os mono~ristais da molicula diamagnitica 4-hidro
xi-2,2,6,6 tetrametilpiperidina (11) são obtidos pelo mêto
do da evaporação lenta em éter a partir da dissolução do
composto obtido comercialmente da Aldrich Co.
- 45 -
-
b) o monocristal dopado
No processo de cristalização do composto (11) foi
adicionado como impureza uma pequena quantidade (menor que
5%) da molécula paramagnética 4-hidroxi-2,2,6,6 tetrametil
piperidina-l oxil, conhecida como marcador de spin tempol
(1). Esta mol~cula (1) tamb~m participa da cristalização
formando o monocrista1 de (11) dopado com (I). Quando a
quantidade de (1) adicionada ê grande (acima de 15%) o cres
cimento do cristal-
nao ocorre. A forma externa dos monocris
tais assim obtidos é bem definida e está mostrada na fig~
ra (16) As dimensões são aproximadamente as seguintes:
2 mm para a diagona1 maior, 1,5 mm para a diagonal menor e
0,5 mm de espessura.
c) Outros marcadores
Foram feitas tentativas de dopar o cristal de(ll)
com os seguintes marcadores; 2,2,6,6-tetrametilpiperidina-
l-oxi1 e 4-c10ro-2,2,6,6 tetrametilpiperidina-l oxil. A
forma externa ê semelhante ã do cristal de (Il)puro.
3. CRISTALOGRAFIA
Os estudos de cristalografia foram feitos em cola
boração com a Profa. Dra. Yvone Mascarenhas. Usando um di
fratômetro modelo CAD-4 da Enraf-Nonius foi determinada to
da a estrutura cristalografica. A estrutura é ortorrômbica
e os eixos cristalograficos (a,b,c) em relação ao formato
externo do cristal estão mostrados na figura ( 16 ). A dia
gonal maior corresponde ao eixo "c", a diagonal menor ao
- 46 -
-
c
b-mm
Fig.16: A forma do monocristal e os eixos cristalogrãficos
"abc"
- 47 -
-
eiXO "b Ile O eixo lia11 perpendicular a esses dois elXos.
Com o fim de visualizar melhor a estrutura do
cristal foi construido um modelo da cela unitária represe~
tando os átomos por bolas de isopor.
4. MEDIDAS DE RPE NO MONOCRISTAL DOPADO
a) A temperatura ambiente
Inicialmente. a face maior do monocristal foi co
locada em um cristal cúbico de KCt. a fim de obter as medi
das de variação angular do campo nos três planos perpendic~
lares determinados pelos eixos cristalogrãficos. Este cris
tal de KCt com o monocristal foi colocado em um "dedo" de
cobre (de 3 mm de diâmetro) usado para introduzir a amostra
na cavidade de ressonância.
Os espectros foram tirados com um espectrômetro Va
r~an. modelo E-I09. banda X. usando a cavidade cilíndrica.
As condições de medidas foram as seguintes: Ho = 3420 G,
frequência ; 9.520 GHz, 68 = 160 G. tempo de varredura de
2 minutos, modulação de 1,6 G, frequência de modulação de
4100 KHz. constante de tempo de 0.128 s. ganho de - 1,0 x 10
e potência de 1 mw.
Os espectros de variação angular foram obtidos va
ri ando a posição do eletroimã (ou a direção do campo) de
o o o+90 a -90 com passos de 10 •
Como padrão do fator-g foi usada uma amostra con
tendo simultaneamente DPPH (g • 2,0036) e Cr3+ em MgO (g =
= 1,9797).
Além disso a dependência dos espectros coma poteE.
- 48 -
-
cia de microondas foi medida mantendo a orientação e outros
parâmetros dos espectros e variando apenas a potência do
Klystron.
b) A baixa temperatura
As medidas a baixa temperatura foram realizadas u
sando-se um aparelho accessório especialmente construido
para esta função. Este aparelho possui um "dewar"
lico onde é colocado nitrogênio líquido. O f1dedoi'de
que contem a amostra fica em contato com o nitrgênio e
volvido por um tubo de quartzo onde ~ produzido vicuo
-4 . d - f .10 torro A medlda a temperatura e elta usando um
.•.meta
cobre
en
de
termo
par de cobre - constantan, sendo que a junção fica em conta
to com o "dedo" de cobre em um ponto bem próximo da amostra.
Quando o nitrogênio evapora totalmente a temper~
tura começa a subir lentamente. Isto permite obter os espe~
tros com variação da temperatura. Antes de esfriar a amos
tra ê possível obter os espectros na ausência de oxigênio.
Neste caso também foi medida a variação angular do espectro
da maneira descrita acima.
5. MEDIDAS DE RPE EM POLICRISTAL E SOLUÇÃO
a) Espectro de pó
O espectro de pó foi obtido de um cristal moido
inserido na cavidade de ressonância através de um tubo de
quartzo.
b) Solução diluida (temperatura ambiente)
- 49 -
-
Este espectro foi obtido da solução de um cristal
dissolvido em metanol, utilizando uma cela plana especial.
Neste caso o número de marcadores foi comparado com o de
uma solução padrão.
c) Solução congelada
o tubo de quartzo contendo a solução diluida foi
mergulhado em nitrogênio contido em um "dewar" de quartzo e
introduzido na cavidade. Quando a ebulição do nitrgênio di
minuiu o suficiente, foi tirado o espectro da solução con
gelada na temperatura do nitrogênio líquido (770K).
6. TRATAMENTO DE .DADOS DE RPE
Com os espectros de variação angular nos três pla
nos (ab, ac, bc) foram construidos os gráficos da
da linha de ressonância versus ângulo.
posição
Para ajustar as c~rvas centrais do espectro cor-
respondentes ao tensor g, foi utilizado um programa, que es
tá apresentado no Apêndice A e o computador usado foi o
WAX-ll. Este programa, operando com as equaç~es (2~26) a
termina o elemento não diagonal que comp~e
(2.28) dá o melhor ajuste da curva sobre os.pontos ~ de-2
o tensor g b .a c
Neste programa, inicialmente são arquivadas as 19
medidas experimentais de variação angular correspondente
curva a ser ajustada. A partir das medidas do fator-g
-anos
dois eixos cristalográficos que .~~inem o plano e de um va
lor arbitrário do elemento não diagonal, é gerado 19 valo
res teóricos e calculada a dispersão em relação aos valores
- 50 -
-
experimentais. Variando o valor do elemento não diagonal se
obtêm o melhor 4juste da curva quando o valor da dispersao
for mfnimo.
Para traçar as curvas do desdobramento hiperfino
e determinar os valores dos elementos não diagonais do ten
sor K2b ' foi usado um programa semelhante ao citado acima.a c
Neste programa são usadas as equações (2.36) a (2.38) e o
mesmo está no Apêndice B.
- 51 -
-
CAPiTULO 5
RESULTADOS
1. CRISTALOGRAFIA
A estrutura do monocristal de (11) é ortor-
rômbica (cela de oito moléculas) com grupo espacial C2221'
. - - o oAs d1mensoes da cela sao: a a 10.129 A , ba 14.135 A e
Na tabela I encontram-se as coordenadas ato
micas. As distâncias interatômicas e os ângulos entre as
ligações na molécula estão na figura 17. A molécula tem
conformação do tipo cadeira sendo que o plano C2-C4-C5 fo~~ o o
ma um angulo de 45.4 com o plano C2-N-C5 e de 52.5 com
TABELA I: COORDENADAS ATÔMICAS
ATOM
N
H(N)C(2)C(3)C(4)O
M(O)C(5)C(b)C (7)C(8)C(9)C(0)
XIA
0,3314(3)0,339(4)0,2683(8)0,231(1)0,1502(3)0,1175(3)0,035(5)0,230(1)0.2b7(l)0,375(1)0.145(1)0,3&7(1)0.148(1)
A estrutura do
V/B Z/C0.2523(9) _0,1414(2)0.250(6) -0.205(3)0.160(1) .e,1099(8)0,1638(9) -0,0036(9)'0.252(1) 0,0234(2)0~248b(9) 0,1274(2)0,22(1) O,132(3)0.337(1) -0,0018(9)0,341(1) -0.1163(1)~.420(1) -0.128(1)0,3b3(1) .0.181(1)0.085(1) -0.129(1~0,131(1) -0,17i(1)
cristal consiste de camadas de mole
culas com seus planos da "cadeira" paralelos ao eixo. "b".
Cada nitrogênio está ligado ao oxigênio de duas das
- 52 -
-
V1W
Fig. 17: Distâncias interatômicas na molecula e ãngu10s entre as ligações.
-
moléculas vizinhas por pontes de hidrogênio. As direções
destas ligações estão no plano "ac" como mostra a figura
18.
A estrutura de (11) é diferente da estrutura
do radical nitrõxido (1) onde existe apenas uma ponte de
hidrogênio entre o nitrogênio e o hidrogênio de hidroxila
de uma molécula vizinha e o ampacotamento ê feito atraves
de uma cadeia linear e nao no plano.
A Tabela 11 mostra as distâncias interat~mi-
eas e os ângulos nas ligações de hidrogênio.
TABELA 11
A BC D(AB)D(BC)ângu 10
HN
NOi0.86
2.9088.50
HN
NOii0.86
3.134.7°
N
HNO~~0.86 2.28173.5°
N
ROiO~ 2.09 0.92143.5°
Oii
NOi
2.903.1384.2°
HOi
O~N 0.92 2.9025.5°
Cota de simetria i = 0.5 + x;0;5-y;-z
ii = 0.5-x;0.5-y;0.5+z
Desta tabela e da figura 18 pode-se ver que as duas
ligações por pontes de hidrogênio para um átomo de nitrog~
nio est~o apontadas apro~imadamente nas direções dos eixos
"e" e "a"·
- 54 -
-
---
..- - .-
---
--------
••
---
---
H'
V1V1
H------ ••
;C(7)I C(9) c
0--' --,_--'H
- - - -- ----
Fig. 18: As direções das pontes de hidrogênio es tao no
------
pia
----.
-----
no "ac".
-
2. MEDIDAS DE RPE NO MONOCRISTAL DOPADO
a) Temperatura ambiente
Nas figuras 19 e 20 estao mostrados alguns
espectros em diversas orientações do campo magnético em re
lação ao cristal. Nos três planos cristalogrãficos estes
espectros apresentam uma forte dependência da orientação e
apesar das linhas serem largas (-IOG) tentamos determinar
as posições das linhas na forma usual.
As figuras 21, 22 e 23 apresentam os grãfi-
cos da variação das intensidades relativas das linhas em
função da potência do campo de microonda. Podemos observar
nesses gráficos que para potências de microondas acima de
5 mW os espectros deixam de ser de resposta linear, as li-
nhas saturam e as intensidades máximas normalmente ocorrem
para potências em torno de 10 mW. Além disso em algumas o-
rientações há linhas que saturam com maior dificuldade. A
saturação das linhas de RPE do marcador indica que o mesmo
está fortemente ligado ã rede cristalina ao contrário do
marcador que se move livremente e cujo sinal não satura fa
cilmente.
As figuras 24, 25 e 26 apresentam os gráfi-
cos das posições das linhas em função da orientação do cam
po nos planos cristalográficos "bc", "ac" e "ab" respecti-
vamente. Urna análise dos pontos experimentais indicados ne~
ses gráficos nos sugere a existência de seis linhas de re~
sonância, o que corresponde a dois centros paramagneticos
na cela unitária, uma vez que cada centro contribui com o
- 56 -
-
~ gOPPH
a
b
d
8G, .
Fig. 19: a) Espectro com a direção do campo magnético ao lon-
go do eixo "a"; b) a 200 do eixo lia" no plano
"ab"; c)a200
doeixo"a"noplanolIac";d)a
400
doeixona qnoplano"ac".
57
-
-
Fig. 20: a) Espectro com a direção do campo magnético a 450
b
c
do eixo "c" no plano õ1b";
c) ao longo do eixo "c".
- 58 -
b) ao longo do eixo "b";
-
I15
<:>HH
-
I45o
5
2
3-10 VfS'5o
5
10
4~• I
I2.3
4°1
/'18~
I
I
35,
/~
I
:>
I
H
H~
~
30
~
:>
w
H
p:::
H
~
W
....:I
q
W
~
p:::
q
25
H
w
cn
p
Z
~
w
P
H
H
Z
cn
H
Z
205
w
HZHa-
O
Fi;;. 22: Intensidade versus raiz da potência para o espeE. Iig. 23: Intensid ade versusraiz da potência para o espe5:
tro da fig. 20a. tro da f ir;- 1'1a.
-
Cr3+
J
50
70
90
IX:
-
DPPH
Cr3+
I9°1
~
~ÀC~A
70 çr::
50
-
Cr3+
Ia•
OPPH~• I •
• I ••90
50~
~....:I 30;::J 0z
-
seu triplete .
Para determinar os tensores g e A..e funda
mental o ajuste correto das curvas sobre os pontos experl-
mentais. No caso de existir mais de um centro paramagneti
co, devido a sobreposição das linhas de ressonância, este
ajuste requer um estudo cuidadoso. Em nosso caso,em muitas
das orientações estudadas, especialmente nos planos "ab" e
"ac" as linhas são largas e a resolução ê insuficiente e
por isso decidimos fazer várias tentativas para interpre -
~tar os espectros e obtermos os parametros corretamente.
As curvas traçadas nas figuras 24, 25 e 26
são o primeiro do ajuste dos pontos experimentais. Deste a
juste obtemos os seguintes tensores relativos ao
de laboratório.
sistema
=2gabe(1) =
4.0244
O
-0.0085
o 0.0085
4.0224 0.015
0.015 4.0244
=2; g b (2) •a c
4.0244
O
0.0065
o 0.065
4.0244 -0.0137
-0.0137 4.0244
k2b (1)a e13 .0
O
3.0
o
159.3
-150.0
3.0
-150.0
159.3
13.0
'k2 (2) =[ O, abc-3.0
o
159.3
150.0
-3.0
150.0
159.3
centrosonde os indices 1 e 2 entre parentesis referem-se aos dois
paramagneticos.
Usando a teoria apresentada no Capitulo 2 p~
demos determinar os autova10res e autovetores corresponde~
tes desses tensores. Aqui ainda não apresentaremos os cál
cu10s com mais detalhes. Isto será discutido nas determina
ções relativas ao terceiro e último ajuste das curvas. Na
Tabela 111 são dados os autovalores dos tensores g e A e
os ângulos entre seus eixos principais.
- 64 -
-
TABELA 111
AUTOVALORES ÂNGULOS (o)
cent.ro(l)
centro(2)centro(l) centro(2)
gxx
2.0103 ~ 0.00052.0099
gyy
2.0061 2.0061gxx
-A 7.47.4xx
gzz
2.0017 2.0022
go
2.0060 2.0061gyy
-A 20.218.2yy+ A
5.ÔG-O.Z 5.8xx
A
7.5 7.5gzz
-A 20.817.4yy
zz
A
35.2 35.2zz
A
16.2 16.2o
Os ângulos mencionados na Tabela 111 são calcu
lados da matriz de transformação R que nos dã os cossenos
diretores dos eixos principais do tensor. Para o centro (1)
neste primeiro ajuste encontramos as seguintes matrizes R.
0.87-0.35-0.35
R (1)=' 0.49
0.620.62
g O0.71-0.71
I0.910.42
0.01
0.30
-0.64-0.71
\ 0.29
-0.650.71
Os autovalores são ligeiramente diferentes cbs
existentes na literatura (2.0090, 2.0060, 2.0027) mas sabe
- 65 -
-
mos que a presença de cargas próximas do radical pode cau
sar pequenas mudanças nos autovalores. No entanto, as 0-
rientações dos tensores g e à normalmente coincidem e em al
guns trabalhos que tratam de situações em que a coincidên-
elXos
Portanto, os ângulos
trabalhos que mencionam ângulos de
.... (16)prlnClpalS X dos d01S tensores •
cia não ocorre, esta diferença de orientação é pequena. Há
o6 a 8 entre os
encontrados nesta primeira tentativa de ajuste nao sao con
dizentes com a literatura, ou então os tensores tem siste-
mas principais diferentes. Alem disso, os eixos principais
dos dois centros (1) e (2) são bem diferentes não mantendo
nenhuma relação de simetria simples.
Urna segunda tentativa de ajuste das eu rv as
dos planos "ac" e "ab" encontra-se nas figuras 27 e 28. Su
pomos que o plano "bc" não ofereça outra possibilidade de
ajuste. Notemos que os planos "ac" e "ab" possuem o el.xo
"a" em comum e no ajuste deve haver coerência. Os planos
"ac" e "bc" possuem o eixo "c" em comum; se no ajuste do
plano "bc" (figura 24) deslocarmos de 50 a posição dos el
xos, a coerência com o novo ajuste do plano "ac" é alcanç~
da. No entanto, para que exista a coerência necessária com
os outros planos ê preciso ajustar o plano "ab" de urna ma-
nel.ra um tanto ousada, uma vez que a resolução experimen -
tal ê absolutamente insuficiente. Para evidenciar esta po~
sibilidade de ajuste na figura 28 indicamos por barras as
larguras das linhas centrais dos espectros. Neste plano
há sobreposição das linhas dos dois centros e para a maio-
ria dos ângulos aparecem três linhas igualmente largas e
igualmente intensas.
- 66 -
-
Fig. 27: Gráfico das posições das linhas dos espectros de
variação angular da direção do campo no plano "ac"
(29 aj uste).
- 67 -
-
Cr3+
-..o
70
50
90
..
p:::
-
Para este segundo ajuste encontramos os se-
guintes tensores:
=2gabc(1)=
4.0175 O
O 4.0270
O O
\
0.~15 J\;4.0195
=, Igabc(2)=/ I
\
4.0307
o
O
O O
4.0195 -0.015
-0.015 4.0270
I \'
112•3 O O \ I2 I I 2 112.3 O O
Kabc(l)= O 154.8 -150.0 '; Kabc(2)=\ O 169.8 150.0\ O -150.0 169.8 I O 150.0 154.8
Na Tabela IV estao os autova10res e os angu-
10s entre os eixos principais de g e A.
TABELA IV
AUTOVALORES
centro (1)
centro(2)
+2.00978
2.0097-0.0005xx
8yy
2.0044 2.0077
8zz
2.0020 2.0020
80
2.0054 2.0065
+A
6.9-0.2G 6.9xxA
7.O 7.0yy
A
35.3 35.3zzA
16.4 16.4o
ÂNGULOS
centro(l) centro(2)o o
8 -A 4.7 4.7xx xx
8 -Ayy yy
8 - A 4 70 ozz zz· 4.7
As matrizes R para o centro (1) sao:
- 69 -
-
.elXOS
1.0OO\ 1.0O O
R (1)=
O0.79O .62 !;RA(l)=O0.720.69
gI
IO O .62 -O. 79 I ' O0.69-0.72
\ I
A pequena diferença de orientação dos
... = =,/ -. -prlnclpals dos tensores g e A esta em concordancla com va
rios trabalhos publicados. No entanto, o autovalor refe-
rente ao eixo "y" do tensor g normalmente encontrado está
em torno de 2.0060 e encontramos para o centro (1) o valor
2.0044, ou seja, 0.0016 abaixo do valor normal e para o
centro (2) encontramos o valor 2.0077, ou seja, 0.0017 aC1
ma do valor normal. Observemos agora que hã simetria em r~
lação ao eixo "a" tanto no plano "ac" como no plano "ab" e
isto faz com que os elementos não diagonais (referentes a
esses dois planos) dos tensores no sistema abc sejam nulos.
Assim a medida encontrada no eixo "a" nos dã um autovalor
que no caso corresponde ao eixo principal "y". Variando e~
ta medida variamos o autovalor e observamos que para o ten
sor g a medida que nos forneceria o autovalor 2.0060 se re
fere a posição intermediãria das linhas dos dois centros
Isto nos faz pensar na existência de alguma interação que
separa as linhas num dubleto (cada linha do dubleto conS1S
te de um triplete característico do nitrõxido). Assim o
centro do dubleto nos dã a posição efetiva da linha (sem o
efeito desta interação). Observemos que se não houvesse in
teração, todos os espectros do plano "ac" seriam consti -
tuídos de três linhas como no plano "ab" onde as linhas
mais alargadas não permitiram a resolução do desdobramento
devido a essa interação. Ou seja, no plano "ab" as
- 70 -
largu-
/,
-
ras das linhas sao maiores do que a interação e só vemos
três linhas largas enquanto que no plano "ac" como as lar
guras das linhas são menores ou iguais a interação
-entao
vemos dois tripletes ligeiramente deslocados. Aexistência
de algum tipo de interação que alarga e/ou desdobra as li
nhas é evidente desde o início pelas larguras das linhas
dos espectros que no nosso caso ê de cerca de 10 Gauss (g~
ralmente as larguras de linhas de nitrõxidos são de cerca
de 2 Gauss).
A fim de mostrar que o espectro na direção do
eiXO "a" pode ser interpretado como a superposição de dois
tripletes com linhas largas separados por uma interação
ãa ordem das larguras foi feita a simulação deste espectro.
Nesta simulação usamos a curva de Lorentz p~
ra definir a forma de cada linha. Como nossos espectros
são dados pela primeira derivada das curvas de absorção,na
simulação usamos diretamente a derivada da equação de Lo-
rentz.
Para cada centro representamos um triplete
como a soma de três curvas separadas pela constante A que
representa o desdobramento hiperfino no eixo "a"
A equação da curva de Lorentz e dada por:
Y (H)
- 2
yLM exp [ -0.693 (~~::JJE a equação do triplete podemos escrever da
seguinte maneira
m
y (H) + 1 ; o , - 1 yLM exp
- 71 -
-
A derivada desta equação é dada por:
y'LM / H-H + mA \: o \
\ 1/2 l1H jpp
exp
,- ( \l2-1 H-H +mA \",i"2 o .ill 1/2 l1H ,'jpp
a..•eonde y'LM e a intensidade da linha pico a pico, l1H pp
largura da linha pico a pico e H ê a posição da linha ceno
traI do triplete.
Para obter a curva da superposiç~o dos tri-
pletes referentes aos dois centros foi feita a soma de
duas curvas, dadas pela equaç~o acima, com H diferentes.o
Esta diferença de posições das linhas centrais foi repre -
sentada por DELH •o
A figura 29 mostra o espectro simulado do e1
xo "a" e os parâmetros que dão o melhor ajuste com o espe~
tro experimental.
No último ajuste das curvas consideramos o
centro do dubleto como a posiç~o da linha, nos casos em
que há resoluç~o da interação. Isto só modifica o ajuste
no plano "ac" em relaç~o ao primeiro ajuste. A figura 30
mostra o novo ajuste do plano "ac" e os ajustes nos pla-
nos "bc" e "ab" s~o aqueles mostrados nas figuras 24 e 26.
Para este último ajuste encontramos os se
guintes tensores no sistema de referência "abc";
OOI
OO 4.0246
_ /4.0246
g~bC(1)=\
O4.0246O•• O 15. g2 (2)=O 4.0246-0.015, abcO
0.0154.0246 O-0.015 4.0246
\
I
- 72 -
-
oC1l
op.Smuo"d
"J,~)
-'n
j~,rV-J
'J"\J
\.\~,.
"-
"-'-'-
..•..•••••..•..••..••
o:
-
bPPHCr3+
90 l-r '1 ~
.1 ,
-IC.170
• I'•. I •• I •50
••
•
•
30••,
l:r:l I. ,.• I.
-
12.3O O
!12.3 O O
_2 I
_2
Kabc(2) =
O157.2 -150.0; Kabc(2) = O 157.2 150.0
O -150.0
157.2
\ O 150.0 157.2
Agora apresentaremos com mais detalhes os
cálculos usados para determinar os autova10res e autoveto-
res dos tens ores referentes ao centro (1), cuja parte
rica foi apresentada no Capítulo 2.
~teo
o tensor
Diagonalizando o tensor g2bâ C
e a matriz R.
obtemos
4.0396O
O
; R (1) =1 O.~l
1.0O
8~(1)
IO4.0246 O O-0.71=1
\
gO
O4.0096I 0.71
OO •71
Os autovalores do tensor g estão na diagonal
do tensor 8n e os autovetores são os vetores colunas da ma
triz R
2.0099
O
O
O
2.0061
O
O
O
2.0024
o maior autovalor (2.0099) corresponde ao
eixo principal "x". Como este autovalor apareceu, neste ca
so, na primeira coluna do tensor 8n então a orientação do
eixo "x" e dada pelo primeiro vetor da coluna da matriz R.
Ou seja, tem as coordenadas (0.00; 0.71; 0.71) em relação
aos eixos "abc". O autovalor 2.0061 corresponde ao
- 75 -
eixo
-
"y" que tem as coordenadas (1.00; 0.00; O.OO)e o autova1or
2.0024 corresponde ao eixo "z" com as coordenadas
-o . 71; o. 71) .
A figura 31 mostra a orientação dos
principais do tensor g.
(0.00;
eiXOS
Para determinar o tensor A2b temos que aplia c -
ear a equação (2.39) que transcrevemos aqui.
g_labc
:: 1g-
abe(2.39)
••Onde o tensor ,g
abeê dado pela equação (2.40)
•• tR. gn • R (2.40)
Portanto temos:
••
g (1)abe
0.00
O .71
0.71
1. 00
0.00
0.00
0.00
-0.71
0.71
2.0099
O
O
O O
2.0061 O
O 2.0024
O 0.71 0.71
1.0 O O
O -0.71 0.71
~
gabe (1) 12.0061•• O
\ O
O
2.0062
0.0038
\
O \
0.0038 \
2.00621
Invertendo a matriz de g b obtemos:a e
-1g (1)abe
0.4985
O
O
O
0.4985
-0.0009
o
-0.0009
0.4985
- 76 -
-
C
Xl = 2:2
IIIIIIIII bI IIIIIIIII'il = Yaa o. / I ~L ________ 1,,= 'ta
Fig. 31: Orientação dos eixos principais dos tensores g e Ã.
- 77 -
-
Substituindo na equação (2.39) e efetuando
a multiplicação obtemos:
13.O 56O
O
;\, (1) = \
O39.199-37.417abcO
-37.41739.1991
\
f
Diagonalizando este tensor encontramos:
I
!3.056 O O I 11
OO
\
A~ (1) =1 O 1.782 O ; RÃ(!) =10
O • 71O • 71 I
IO O '6.616 \. O
I
O • 71 -o . 71 /
As medidas do desdobramento hiperfino foram
feitas em unidades de cm que corresponde a 4 gauss. Portan
to, para obtermos os autovalores do tensor A, em gauss, t~
mos que extrair a raíz quadrada de seus elementos e multi-
plicá-los por 4.
7.0 O
O 5.3
O
O
O O 35.0
A orientação dos eixos principais do tensor
A coincide com os de g e está mostrada na figura 31.
Na Tabela V estão os autovalores e
do último ajuste.
- 78 -
ângulos
-
TABELA V
AUTOVALORES ÂNGULOS
c.entro(l)
centro(2)centro(l)centro(2)
+
gxx
2.0099-0.00052.0099
gyy
2.0061 2.0061gxx
-A 0° O.Soxx
gzz
2.0024 2.0024
go
2.0061 2.0061gyy
-A 0° 0°yy1-
A5.3G -0.2 5.3xx
A
7.0 7.Ogzz
-A 000.80
yy
zz
A
35.0 34.5zz
A
15.8 15.6o
Podemos notar tambem a grande simetria dos
centros (1) e (2): os eixos "y" coincidem para os dois en-
quanto que os eixos "x,z" estão deslocados no plano "bc"
(figura 31).
3. ESPECTRO DE PÔ
O espectro de pô se encontra na figura 32.0s
parâmetros obtidos são:
2A = 17.4cm x 4 G = 69.6Gzz -'-
cm
Azz
= 34.8 G
0.7144487 x 9532 hz3400 G
- 79 -
-
80-
10o-
(~)
(l)U
'O1;',1
.~
O
\'f"')
'-'••