de olho no orçamento criança 2005

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Iniciativa

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SUM

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l 03 APRESENTAÇÃO

05 CADERNO 1Apurando o Orçamento Criança –

Como calcular e analisar os gastos públicos em

benefício da criança e do adolescente

71 CADERNO 2Promovendo o Controle Social do Orçamento Criança

– Iniciativas para aumentar os recursos públicos em

benefício da criança e do adolescente

141 bibliografia

145 anexos147 Anexo I – Modelo de Solicitação de Informações

Orcamentárias148 Anexo II – Funções e subfunções de governo150 Anexo IIi – Leitura do Orçamento152 Anexo Iv – Glossário

Concepção e Coordenação Técnica: Alejandra Meraz Velasco

(Fundação Abrinq), José Antônio Moroni, Jussara de Goiás (INESC),

Manuel Rojas Buvinich, Marco Segone (UNICEF)

Redação e consultoria para o Material Pedagógico: Wieland

Silberschneider

Consultoria para a Metodologia de Apuração do Orçamento

Criança: Francisco Sadeck

Colaboração: André Araripe Pacheco de Souza (CCFL),

Jorge Kayano (Pólis),Talita de Araújo Maciel (CEDECA)

Supervisão: Fernanda Favaro e Solange Tassotti

Edição: Alejandra Meraz Velasco e Fernanda Favaro

Revisão: Verba Agência Editorial

Ilustração: Duke

Layout e Diagramação: Link EGF Estúdio Gráfico

Impressão: Margraf

Tiragem: 8.000 exemplares

ISBN: 85-88060-21-3

São Paulo, outubro de 2005

ficha técnica

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O Brasil tem um gasto social similar ao dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvi-mento Econômico - OCDE, correspondendo a quase um quarto do PIB, porém, estes recur-sos nem sempre alcançam à maioria da população nem aos mais necessitados. Os dados do re-latório Um Brasil para as Crianças, lançado em 2004 pela Rede de Monitoramento Amiga daCriança reforçam esta afirmação. De acordo com o estudo, estima-se que até a primeira me-tade do século XXI sejam gastos apenas 56% do total necessário para alcançar as metas inter-nacionais na área da infância e da adolescência, assinadas junto às Nações Unidas.

A Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente e colocam a criança e o adolescentecomo prioridade absoluta das políticas públicas. Entretanto, o que significa ser prioridade? Sig-nifica estar em primeiro lugar quando se desenha um programa de saneamento, de habitação,de educação, de saúde. Significa ter mecanismos eficientes para a proteção contra abusos, vio-lências e explorações. Mas, acima de tudo, significa ter recursos garantidos nos orçamentos fe-deral, estadual e municipal para que seus direitos saiam, efetivamente, do papel.

Com a publicação do material de capacitação De Olho no Orçamento Criança – Atuando para priori-zar a criança e o adolescente no orçamento público, a parceria da Fundação Abrinq, o Institu-to de Estudos Socioeconômicos (INESC) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Uni-cef) cumpre um dos seus mais importantes objetivos: oferecer à sociedade civil uma ferramen-ta para o acompanhamento, a avaliação e a atuação política por um orçamento público quepriorize as crianças e os adolescentes, isto é, por um Orçamento Criança e Adolescente.

No âmbito desta parceria, formalizada em maio de 2003, tendo como referência os esforços iniciadosem 1995 pelas organizações governamentais e não-governamentais que formaram o Pacto pe-la Infância, foi desenvolvida uma metodologia para o acompanhamento do OrçamentoCriança e Adolescente nas esferas municipal, estadual e federal. O material de capacitaçãoaqui apresentado detalha esta metodologia, dá elementos para sua análise e propõe estratégiasde mobilização pelo Orçamento Criança e Adolescente.

A esta iniciativa se somaram parceiros fundamentais no aperfeiçoamento da proposta. No ano de 2004,a Save the Children UK passou a integrar a aliança, e introduziu no debate a necessidade dedesenvolver mecanismos para a participação de crianças e adolescentes, assim como apoiouas ações do projeto no estado de Pernambuco. O Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF), oCentro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca-CE) e o Pólis - Instituto de Estudos,Formação e Assessoria em Políticas Sociais vêm aplicando a metodologia proposta como pi-loto nos estados de Pernambuco, Ceará e São Paulo, respectivamente, e contribuíram com suaexperiência para o aperfeiçoamento do mesmo. O Fórum Nacional dos Direitos da Criança edo Adolescente, a Fundação Kinder Not Hilfe e os Maristas somam seus esforços a esta ini-ciativa com o objetivo de ampliar a divulgação e o alcance do material.

Ao colocar nas mãos de centenas de organizações e ativistas a possibilidade de alterarem o rumo dasverbas públicas que devem garantir, entre outros, educação, saúde e saneamento para as crian-ças e adolescentes de suas comunidades, essa publicação busca ajudar a cumprir o que diz o Es-tatuto da Criança e do Adolescente, em seu quarto artigo: “é dever do Estado, da sociedade eda família” garantir os direitos de seus pequenos e jovens.

Mais do que isso, procura realizar um sonho ousado: dar à população mecanismos para que ela possaentender os problemas relacionados ao bem estar de suas crianças e adolescentes, e agir sobreeles. Isto é, promover sua participação efetiva sobre um bem que é seu. Como sabemos, a po-pulação cumpre papel fundamental nesta luta.

Fundação Abrinq Instituto de EstudosSocioeconomicos (INESC)

Fundo das Nações Unidaspara a Infância (UNICEF)

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Investir em crianças e respeitar seusdireitos formam a base de umasociedade justa, uma economia forte eum mundo sem pobreza.

Nações Unidas, 2002

Page 6: De Olho no Orçamento Criança 2005

Como calcular e analisar os gastos públicos em benefício da criança e do adolescente

o o r ç a m e n t o C R I A N Ç A e a d o l e s c e n t e

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INTRODUÇÃO7 para usar o caderno Apurando o Orçamento Criança

e Adolescente

CAPÍTULO 111 CONHEÇA O ORÇAMENTO CRIANÇA12 1.1. Bases do Orçamento Criança e Adolescente

14 1.2. Orçamento Criança e Adolescente

15 1.3. Cálculo do Orçamento Criança e Adolescente

18 1.4.Análise do Orçamento Criança e Adolescente

CAPÍTULO 223 Entenda o Orçamento público24 2.1. Ciclo orçamentário

25 2.2. Plano Plurianual (PPA)

26 2.3. Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

27 2.4. Lei de Orçamento Anual (LOA)

28 2.5. Execução orçamentária

28 2.5.1. Programação e provisionamento

29 2.5.2 Licitação

30 2.5.3 Empenho da despesa

31 2.5.4 Liqüidação da despesa

32 2.5.5 Pagamento

CAPÍTULO 333 obtenha OS DADOS PARA O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente34 3.1. Dados necessários

35 3.2. Base orçamento anual

35 3.3. Base execução orçamentária

36 3.4. Leitura do orçamento

CAPÍTULO 443 calcule O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescenteFase da Seleção Funcional

44 4.1.Apurando a partir da Seleção Funcional

45 4.2. Correlação das funções e subfunções

CAPÍTULO 555 calcule O ORÇAMENTO CRIANÇA – Fase da Seleção Direta

56 5.1.Apurando a partir da Seleção Direta

57 5.2. Buscando a consistência da Fase Funcional

CAPÍTULO 659 analise O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente60 6.1.Tipos de avaliação

61 6.2.Avaliação básica

62 6.3 Avaliação situacional

64 6.4 Avaliação temporal

65 6.5. Relatando as conclusõesAp

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As páginas a seguir constituem um caderno para que você e sua comunidade possam

apurar, de forma simplificada e didática, o chamado Orçamento Criança e

Adolescente. O Orçamento Criança e Adolescente, que chamaremos algumas

vezes de OCA, constitui o levantamento do conjunto de ações e despesas do

orçamento público destinado à proteção e desenvolvimento da criança. Este

caderno contém as orientações para a seleção, agrupamento e apuração des-

sas ações e despesas a partir do orçamento de seu município ou de seu Esta-

do, ou ainda da União, de acordo com a Metodologia do Orçamento Crian-

ça e Adolescente (Metodologia do OCA), desenvolvida pela Fundação

Abrinq, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Instituto de

Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Muitas comunidades já procuraram no orçamento de sua cidade e sabem que o orça-

mento público no Brasil não permite a identificação direta dos compromissos

de políticas públicas assumidos, tampouco o acompanhamento claro do seu de-

sempenho. Isso ocorre porque o orçamento público está submetido a exigên-

cias técnico-legais e imerso em uma cultura política de precária prestação de

contas. A Metodologia do OCA, que ora apresentamos nesta publicação, foi

estruturada justamente para superar essa obscuridade. Ela se destina a verificar,

apurar e analisar, a partir do orçamento público, o montante previsto e/ou gas-

to com ações gerais de proteção e desenvolvimento da criança pelo Poder Pú-

blico em um determinado período.

Além disso, a Metodologia do OCA foi desenvolvida em sintonia com as diretrizes con-

tidas no documento Um Mundo para as Crianças, aprovado pela Assembléia

Geral da ONU, e com as resoluções do Pacto pela Paz – agenda para o desen-

volvimento de políticas e planos de ação aprovada na IV Conferência Nacio-

nal dos Direitos da Criança e do Adolescente, realizada em 2003. Orienta-se

também pela diretriz do artigo 4º da Convenção dos Direitos das Crianças, que

determina que “os Estados utilizem ao máximo os recursos disponíveis para a

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o caderno apurando o orçamento criança e adolescente

para usar

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promoção das medidas administrativas, legislativas e de outra natureza” para

a realização e não-violação dos direitos das crianças e dos adolescentes.

A iniciativa desse caderno insere-se na estratégia de promoção dos Objetivos de Desen-

volvimento do Milênio e do Pacto pela Paz, de modo a contribuir para a criação

de um verdadeiro Brasil para as crianças, com base no desenvolvimento hu-

mano ativo e sustentável. Seis dos Objetivos ajustam-se diretamente às metas

estabelecidas em Um Mundo para as Crianças e conjugam-se com as áreas de

atuação de um Pacto pela Paz (veja Quadro 1). Por meio da apuração do Or-

çamento Criança e Adolescente, pode-se acompanhar a sua implementação.

Nessa perspectiva, esta publicação apresenta-se como instrumento de ação para as or-

ganizações que atuam para efetivar os direitos das crianças e dos adolescen-

tes. Nas três esferas de governo, o OCA permite obter informações relevan-

tes sobre o desempenho dos programas e ações governamentais destinados a

reduzir a vulnerabilidade dos direitos das crianças e adolescentes. A Metodo-

logia já foi aplicada para analisar o Plano Presidente Amigo da Criança, apre-

sentado pelo governo federal, em agosto de 2003, durante a V Conferência

Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.

A apuração do Orçamento Criança e Adolescente constitui uma poderosa ferramenta

para a promoção e a defesa dos direitos da infância e da adolescência. Ela per-

mite que a sociedade civil penetre na escuridão do orçamento público e tra-

ga à luz a realidade dos gastos públicos com a parcela da população de 0 a 18

anos de suas cidades, estados e até do país. Com o resultado do OCA, você e

sua comunidade terão à disposição informações importantes que contribuirão

para organizar sua ação. Você saberá qual o real esforço realizado pelo Poder

Público para beneficiar a causa da criança e do adolescente. Terá, sob seu do-

mínio, argumentos mais consistentes e ancorados no diagnóstico real de

atuação das autoridades públicas para reivindicar e tratar, junto a elas, a so-

lução dos problemas sociais identificados. Poderá, assim, lutar para que as

despesas voltadas para proteger e promover a criança sejam ampliadas, com a

respectiva ampliação de cobertura/oferta de serviços e qualidade da atenção,

que é a prioridade do OCA.

Nos seis capítulos a seguir, você encontrará orientações que o habilitarão a extrair e

organizar informações do orçamento público para aplicar a Metodologia, as-

sim como interpretar seu resultado. Você observará que as instruções do ca-

derno foram dirigidas para o levantamento na esfera municipal, mas podem

também servir para a apuração do OCA no âmbito do orçamento da União e

dos estados, levando-se em conta as suas peculiaridades. O Capítulo 1 "Co-

nheça o Orçamento Criança e Adolescente" apresenta sinteticamente a Me-

todologia do Orçamento Criança e Adolescente. O Capítulo 2 "Entenda o Orça-

mento Público" aborda as principais questões sobre a organização dos orça-

mentos e do processo orçamentário no Brasil, mostrando sua relação com o

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o

O máximo de recursos públicos paraas crianças Os Estados Partes adotarão todas asmedidas administrativas, legislativase de outra natureza, visando àimplantação dos direitosreconhecidos nesta Convenção.Com relação aos direitoseconômicos, sociais e culturais, osEstados Partes adotarão essasmedidas utilizando ao máximo osrecursos disponíveis e, quandonecessário, dentro de um quadro decooperação internacional.

Convenção sobre os Direitos das Crianças (art. 4º)

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Orçamento Criança e Adolescente. No Capítulo 3 "Obtenha os Dados para o

Orçamento Criança e Adolescente" encontram-se as orientações para obter as

bases de dados necessárias à apuração do OCA, assim como para sua interpre-

tação por meio da leitura da classificação funcional-programática do orçamen-

to, cuja função aprofundaremos mais adiante. Os capítulos 4 e 5 "Calcule o

Orçamento Criança e Adolescente – Fase da Seleção Funcional e Direta" tra-

zem os passos para o cálculo propriamente dito por meio da seleção funcional,

modo de operação que se baseia na classificação funcional-programática. No

último capítulo, "Analise o Orçamento Criança e Adolescente", são indica-

dos tipos de análise possíveis do OCA a serem escolhidos pelo interessado,

além de diretrizes para redigir o Relatório do OCA, que conclui o processo.

Ao longo do caderno, há dicas para facilitar o aprendizado (Siga por Aqui), assim como

documentos legais (Consulte a Legislação) mais relevantes a serem consultados.

Há também três níveis de alerta (Tempo Bom, Tempo Nublado e Tempo Ruim)

sobre episódios possíveis na fase de estudo e apuração do OCA.

Para que este caderno seja mais bem aproveitado, sugerimos consultar o Caderno 2

“Promovendo o Controle Social do Orçamento Criança e Adolescente”, em

que são analisadas diversas iniciativas para potencializar o uso das informações

organizadas a partir da apuração do OCA. Acesse também o site www.orcamen-

tocrianca.org.br para se manter atualizado sobre a metodologia e o projeto.

OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO

MILÊNIO

• Erradicar a extrema pobrezae a fome

• Atingir o ensino básico universal

• Promover a igualdade entre os sexose a autonomia das mulheres

• Reduzir a mortalidade infantil• Melhorar a saúde materna• Combater o HIV/Aids, a malária

e outras doenças• Garantir a sustentabilidade ambiental• Estabelecer uma Parceria Mundial

para o Desenvolvimento

um mundo para as crianças

• Promovendo Vidas Saudáveis eCombatendo o HIV/Aids

• Acesso à Educação de Qualidade • Proteção contra Maus Tratos,

Violência e Exploração Sexual

pacto pela paz

• Saúde • Educação• Cultura, Esporte e Lazer • Assistência Social• Proteção Especial• Erradicação da Violência Sexual • Prevenção e Erradicação do Trabalho

Infantil• Aplicação de Medidas Socioeducativas• Implantação e Implementação de

Conselhos de Diretos,Tutelares e Fundo • Mecanismos de Exigibilidade de

Direitos• Meios de Comunicação

quadro 1

OS OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO, eixos DO DOCUMENTOUM MUNDO PARA AS CRIANÇAS E estratégias DO PACTO PELA PAZ

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No decorrer deste

caderno você

encontra as

legendas mostradas

ao lado. Fique

atento: elas trazem

informações muito

importantes para

seu trabalho com o

Orçamento Criança

e Adolescente.

CONSULTE A LEGISLAÇãoTexto legal importante para sua ação.

UM MUNDO para as crianÇasIndicação de formulação relevante dos documentos “Um Mundo para as Crianças” e“Convenção dos Direitos das Crianças”.

SIGA POR AQUIIndicação de procedimento importante para atingir determinado objetivo no cálculo do Orçamento Criança e Adolescente.

Dicas, alertas e informações importantes para a apuração e aanálise do Orçamento Criança e Adolescente.

tempo bom NUBLADO RUIM

Pacto pela pazIndicação de formulação relevante do documento “Pacto pela Paz”.

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o orçamento criança e adolescente

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O Orçamento Criança e Adolescente é o resultado da aplicação

de uma metodologia para demonstrar e analisar o gasto público

com crianças e adolescentes. Não é um documento, nem mesmo

um conceito oficial. Sua concepção se orienta pelo princípio

de que uma sociedade justa, uma economia forte e um mundo

sem pobreza só serão possíveis com investimento na criança

e respeito aos seus direitos.

Desde a Cúpula Mundial pela Criança, realizada em 1990, “os dirigentes mundiais assu-miram um compromisso comum e fizeram um apelo universal e urgente por umfuturo melhor por todas as crianças” (Um Mundo para as Crianças: p. 12). Essepacto resultou no estabelecimento de diversas metas para promover a proteçãoe o desenvolvimento das crianças. Em 2002, durante sua Sessão Especial pelaCriança, a Assembléia Geral das Nações Unidas retomou a promoção e a pro-teção dos direitos de todas as crianças, redefinindo objetivos e estratégias, queculminaram no documento Um Mundo para as Crianças. Um mundo para ascrianças é entendido como aquele em que as crianças podem desfrutar de opor-tunidades capazes de lhes proporcionar o desenvolvimento de sua capacidadeindividual. Essa condição só pode ser alcançada com o apoio à família comounidade básica de proteção, educação e desenvolvimento da criança. A pobre-za crônica, por sua vez, é apontada como “o maior obstáculo para satisfazer asnecessidades, a proteção e a promoção dos direitos das crianças” (Um Mundopara as Crianças: p. 20).

Nessa perspectiva, “os governos e autoridades locais, mediante, entre outras coisas, ofortalecimento da colaboração em todos os níveis, podem conseguir que ascrianças sejam o centro dos programas de desenvolvimento” (Um Mundo para asCrianças: p. 29). Dos parlamentares, espera-se que “promulguem as leis necessá-rias; facilitem e destinem recursos financeiros necessários para a implementaçãode um plano de ação a favor da criança; e acompanhem e controlem sua utiliza-ção eficaz” (Um Mundo para as Crianças: p. 29).

De fato, o Poder Público, paralela e conjuntamente com a sociedade civil, pode cumpririmportante papel para a proteção e desenvolvimento das crianças e adolescen-tes. Desde a década de 1930, os Estados Nacionais são chamados a implementarações voltadas para o desenvolvimento social, para o qual somente a lógica domercado tem sido insuficiente. Ao longo de décadas, sistemas de proteção socialforam constituídos em diversos países, com destaque para sistemas públicos deprevidência social, educação e saúde.

1.1. BASES DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

Page 14: De Olho no Orçamento Criança 2005

O Poder Público implementa tais ações ao edi-tar a legislação pertinente, mas, princi-palmente, quando realiza gastos paraestruturar esses sistemas. Nos estadosmodernos, essas ações devem, obrigato-riamente, constar do orçamento públi-co. Por tratar-se de lei que contém aprevisão de receitas e por ser o progra-ma de trabalho do Poder Público paraum determinado período, o orçamentoconstitui peça fundamental para viabi-lizar as ações públicas. Compreendercomo ele se estrutura e agir para dire-cioná-lo a favor de objetivos determi-nados, no caso, políticas em benefíciodas crianças, passa portanto a ter di-mensão estratégica.

Na perspectiva de monitorar os gastos com po-líticas públicas direcionadas paracrianças e adolescentes, foi constituí-do no Brasil, em 1995, o Grupo Exe-cutivo do Pacto pela Infância, que vi-sa desenvolver uma metodologia capazde monitorar os gastos do orçamentopúblico direcionados a crianças e ado-lescentes. A primeira proposta meto-dológica, chamada então de Orçamen-to Criança, foi desenvolvida em parce-ria pelo Instituto de Pesquisa Econô-mica Aplicada (Ipea) e a Fundação deAssistência ao Estudante (FAE), como apoio do Fundo das Nações Unidaspara a Infância (Unicef). O Orçamen-to Criança identificava as ações e res-pectivos recursos orçamentários do go-verno federal destinados a garantir asobrevivência, o desenvolvimento e aintegridade de crianças e adolescentes.Uma revisão da proposta metodológi-ca foi realizada a partir do Projeto DeOlho no Orçamento Criança (POC),uma iniciativa da Fundação Abrinqpelos Direitos da Criança e do Adoles-cente, do Inesc e do Unicef, propi-ciando sua extensão para as esferas es-taduais e municipais.

O objetivo central da iniciativa do Projeto DeOlho no Orçamento Criança é atuar pa-ra que o Poder Público dê prioridadeabsoluta à criança e ao adolescente noorçamento público. Para tanto, o pro-jeto propõe ações que buscam influen-

ciar a gestão do processo orçamentá-rio, de modo a conseguir o monitora-mento das ações para a criança e oadolescente e promover a visibilidadede sua execução, assim como oferecersubsídios para a formulação de estraté-gias de fortalecimento do sistema degarantia de direitos da criança e doadolescente e para a luta pela imple-mentação de políticas públicas. Emsíntese, o projeto se orienta pelas se-guintes diretrizes:

a. Criação de mecanismos que permitam moni-torar o planejamento e a execução orça-mentária na área da infância e da ado-lescência nos três níveis de governo.

b. Criação de uma rede de organizações quemonitorem o orçamento público vol-tado a crianças e adolescentes em âm-bito local e trabalhem para que os go-vernos priorizem recursos crescentespara tanto.

c. Disponibilização, para a sociedade, de infor-mações relativas ao planejamento e àexecução dos recursos destinados à in-fância e à adolescência realizados pelaUnião, estados e municípios.

d. Priorização das ações voltadas para crianças eadolescentes, pelas organizações públicas.

Em sintonia com o acompanhamento do Orça-mento Criança e Adolescente, a Rede deMonitoramento Amiga da Criança,formada por organizações sociais na-cionais e organismos internacionais,formulou indicadores de monitora-mento das metas do documento UmMundo para as Crianças, como subsí-dios para análises quantitativas dasações realizadas em benefício dascrianças. A rede, organizada em comi-tês temáticos, pretende acompanhar eavaliar as ações que o governo federaldesenvolverá nos próximos anos paracumprir os compromissos firmados pe-lo Brasil ao assinar o Um Mundo paraas Crianças, analisando o desempenhodos orçamentos e seu impacto real so-bre as condições de vida das crianças edos adolescentes.

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Eliminar apobreza ereduzir as disparidades:objetivoprincipalA pobreza crônicacontinua sendo o maiorobstáculo parasatisfazer asnecessidades, aproteção e a promoçãodos direitos dascrianças. Comoconseqüência, aeliminação da pobrezae a redução dasdisparidades devemestar entre osprincipais objetivos detodas as iniciativas dedesenvolvimento. (...)Investir na infância erealizar os direitos dacriança estão entre asformas mais efetivas deerradicar a pobreza

Um Mundo para as Crianças

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1.2. ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

O Orçamento Criança e Adolescente, ou OCA,constitui o resultado da aplicação deuma metodologia de seleção chamadaMetodologia do OCA, que permiteidentificar, com clareza e objetividade, omontante de recursos destinado à prote-ção e desenvolvimento da criança e doadolescente. O orçamento público éuma lei que contém a previsão de recei-tas e a programação de despesas do go-verno para o período de um ano. Ele éestruturado a partir de determinações le-gais constantes principalmente daConstituição Federal, Lei nº 4.320/1964e Lei Complementar nº 101/2000, quelevam à classificação e ao registro dasdespesas do Poder Público por unidadesadministrativas (ministérios, secretarias,departamentos etc.), funções de estado(administração, saúde, educação, assis-tência social etc.), programas e ações(projetos, atividades e operações espe-ciais) e natureza de despesas. Entretan-to, tal classificação de ações e respecti-vas despesas destinam-se para a contabi-lidade dos gastos públicos. Ela não mos-tra clara e diretamente a destinação dosrecursos por setores sociais, tampoucofavorece a leitura das despesas progra-madas sob o ponto de vista da imple-mentação de políticas públicas, como éo caso daquelas para a promoção e pro-teção da criança e do adolescente.

A Metodologia do OCA tem como objetivo orga-nizar as informações contidas no orça-mento público, de forma a esclarecer oque se destina à promoção e ao desen-volvimento da criança e do adolescen-te. Para tanto, a Metodologia descreveações relevantes a favor da criança a se-rem identificadas no orçamento paracompor o Orçamento Criança e Adoles-cente. A definição desse conjunto deações foi feita em consonância com asesferas prioritárias de ação apresentadasno documento Um Mundo para asCrianças. Essas esferas se correspondemcom os eixos de ação indicados peloPacto pela Paz, documento de estraté-gias de ação definidas pelo Conselho

Nacional dos Direitos da Criança e doAdolescente (Conanda). A correspon-dência entre os dois documentos podeser conferida no Quadro 2.

A partir da correspondência, a Metodolgia de-finiu três esferas prioritárias de ação:

(a) Saúde: ações de promoção de saúde, sanea-mento e habitação, e combate aoHIV/AIDS.

(b) Educação: ações de promoção da educação,da cultura, lazer e esporte.

(c) Assistência Social e Direitos de Cidadania:ações de promoção de direitos e prote-ção e assistência social.

Com o intuito de melhor definir as ações consi-deradas essenciais para a criança, as esfe-ras prioritárias de ação foram detalhadasem áreas de atuação e subáreas, comomostra o Quadro 3. Para todas as áreas esubáreas, a Metodologia do OCA apre-senta ainda a descrição detalhada dositens orçamentários que cada umaabrange, de modo a auxiliar sua identifi-cação no orçamento.

A Metodologia considera como integrantes doOrçamento Criança e Adolescente tantoações implementadas para a atenção di-reta às crianças e aos adolescentesquanto aquelas que melhoram as condi-ções de vida das famílias. Naturalmen-te, ações cujo objetivo central é a crian-ça, como as voltadas para a promoçãoda educação e da saúde materno-infan-til ou para a proteção contra a violênciasexual, entre outras, ocupam posição dedestaque, pois, sem elas, torna-se visívele imediata a ameaça à vida, à integrida-de e ao desenvolvimento da criança. Noentanto, a proteção e o desenvolvimen-to das crianças também estão direta-mente vinculados a aspectos do desen-volvimento econômico e social, sem oqual não se constrói sua cidadania. Nes-se sentido, o OCA integra dois gruposdistintos de ações:

(a) Um grupo que contém ações voltadas di-retamente para a promoção da criança

A Metodologiado OCA não dizse os recursossão suficientesTEMPO NUBLADOA Metodologia do OCAconstitui um grandeavanço na análise doorçamento público edas políticas públicasem benefício dacriança e doadolescente, pois écapaz de demonstrarde forma objetiva osrecursos destinados emseu favor. Entretanto,ela ainda não permiteavaliar se os recursosaplicados sãosuficientes ou não,embora o Projeto DeOlho no OrçamentoCriança e Adolescentepretenda atingir esseponto. Ela oferecemuitos elementos paraque a comunidadeavance nesse debate.

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e adolescente, denominado Orçamen-to Criança e Adolescente Exclusivo(OCA-E).

(b) Um grupo integrado por ações dirigidas paraa promoção e melhoria das condições devida das famílias – que acabam tambémpor beneficiar o desenvolvimento e aproteção da criança e do adolescente,chamado de Orçamento Criança e Ado-lescente Não Exclusivo (OCA-NE).

A reunião desses dois agrupamentos de ações edespesas compõe propriamente o Orça-mento Criança e Adolescente, chamadode Orçamento Criança e AdolescenteGeral (OCA-G), ou seja:

Orçamento Criança ou OrçamentoCriança Geral = Orçamento Exclusivo+ Orçamento Não Exclusivo

Cabe ressaltar que pode haver dotações orça-mentárias pertencentes aos OrçamentosExclusivo e Não Exclusivo dentro damesma área ou subárea. Essa observaçãoé importante, pois, enquanto os valoresapurados do Orçamento Exclusivo de-vem ser considerados na sua integralida-de, os valores do Orçamento Não Exclu-sivo devem ser submetidos ao cálculo daproporcionalidade.

De acordo com a Metodologia, o valor encontra-do de despesas do Orçamento Não Exclu-sivo deve ser calculado considerando-se aquantidade proporcional de crianças eadolescentes beneficiários. Esse cálculodestina-se a dimensionar aproximada-mente os benefícios de ações governa-mentais não diretamente voltadas paracrianças e adolescentes, visto que atin-gem uma população maior do que a in-fanto-juvenil. Certamente, para proces-sar esse cálculo há diversos indicadorespopulacionais específicos de crianças(por exemplo, o número de crianças comdeficiência) que devem ser consideradosquando são mais apropriados. Entretanto,na inexistência desses indicadores, a Me-todologia sugere o uso de dois indicadoresgerais para o cálculo da proporcionalida-de (a serem aplicados adequadamentepor área de atuação), conforme se segue:

(a) A população de crianças e adolescentes pre-sentes no total da população do país, doestado ou município, dependendo da es-fera da governo analisada. Essa propor-ção pode ser obtida por meio dos dadosdo Censo Demográfico ou da Pesquisa Na-cional por Amostra de Domicílios (PNAD)quando da necessidade de dados maisatualizados de estados ou União.

(b) No caso dos gastos em educação, deve serusado o número total de matrículas nonível de ensino analisado, em relação àcompetência da esfera de governo, dis-ponibilizado pelo: Ministério da Educa-ção (MEC)/ Instituto Nacional de Estu-dos e Pesquisas Educacionais AnísioTeixeira (Inep)/ Diretoria de Tratamen-to e Disseminação de Informações Edu-cacionais (DTDIE)/ Diretoria de Esta-tísticas da Educação Básica (DAEB).

O cálculo da proporcionalidade é um critérioque dá realismo à apuração do Orça-mento Criança e Adolescente. Mesmo as-sim, é importante sempre determinardiretamente a dimensão dos gastos coma criança e o adolescente na Fase de Se-leção Direta (veja explicação na próximapágina). Assim, será possível avaliarcom maior precisão os eventuais acrés-cimos de recursos em benefício da po-pulação infanto-juvenil.

1.3. CÁLCULO DO ORÇAMENTO CRIAN-ÇA E ADOLESCENTE

Conforme será detalhado no Capítulo 3 "Obtenhadados para o Orçamento Criança", a Me-todologia do OCA prevê que os agentesinteressados busquem, em seu municípioou estado, o orçamento e os relatórios deexecução orçamentária para extrair delesas informações necessárias ao cálculo doOrçamento Criança e Adolescente. Essa ta-refa poderá ser um desafio. A Lei do Or-çamento Anual (LOA) é publicada, maso Relatório Resumido de Execução Orça-mentária (RREO), que também é publi-cado, não oferece as informações neces-sárias para o OCA. Isso significa a neces-sidade de solicitar o relatório adequado àprefeitura ou ao governo do estado ana-

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lisado. Contudo, embora a legislaçãobrasileira preveja o princípio da publici-dade das contas públicas, muitas prefei-turas resistem em disponibilizar, o quepoderá exigir um ação judiciária.

De posse dos relatórios ou do orçamento, a tare-fa é identificar e selecionar as ações embenefício da criança e do adolescente.Como já foi dito, elas não são imediata-mente identificáveis. No atual marconormativo orçamentário, o administra-dor público pode decidir, no âmbito deseu município ou estado, qual títuloconferir às ações orçamentárias (proje-tos e atividades), o que não permite ofe-recer uma orientação padronizada para apesquisa e identificação das informaçõespertinentes na peça orçamentária.

As prefeituras e governos estaduais podem tam-bém destinar recursos para empreendi-mentos distintos em um mesmo títulode ação orçamentária, tornando igual-mente difícil a verificação do que deveser considerado para o OCA. Para nãose incorrer em imprecisões dessa nature-za, é preciso analisar cuidadosamente oorçamento, atentando, sobretudo, paraações integrantes do Orçamento CriançaNão Exclusivo. Um exemplo interessan-te dessa situação refere-se às despesascom informática para a manutenção ad-ministrativa de escolas e para a estrutu-ração de laboratórios de informática pa-ra ensino. Elas podem constar de umamesma ação orçamentária (por exem-plo: Manutenção de Atividades Admi-nistrativas), embora tenham relevânciadiferente para o cálculo do OCA.

Para facilitar a identificação e seleção das açõesque deverão compor o OrçamentoCriança e Adolescente, a Metodologiapropõe que o levantamento seja feitoem duas fases complementares: (a) Se-leção Funcional (veja Capítulo 4 "Cal-cule o Orçamento Criança e Adoles-cente – Fase da Seleção Funcional") e(b) Seleção Direta (veja Capítulo 5"Calcule o Orçamento Criança e Ado-lescente – Fase da Seleção Direta"). Oobjetivo é possibilitar que todos os inte-ressados possam seguir um caminho co-

mum na aplicação da Metodologia, aomesmo tempo que se oferece, para aque-les que detêm menor domínio da temá-tica orçamentária, uma orientação sis-temática e didática para a apuração. Emcada uma das fases, o levantamento dasdespesas a favor da criança e do adoles-cente é realizado das seguintes formas:

(a) Fase da Seleção Funcional: a partir da clas-sificação orçamentária funcional.

(b) Fase da Seleção Direta: a partir da seleçãodos projetos e atividades orçamentá-rios pertinentes ao Orçamento Criançae Adolescente.

Na Fase da Seleção Funcional, a Metodologia doOCA orienta para a apuração do Orça-mento Criança e Adolescente a partir daidentificação das funções e subfunçõesorçamentárias apontadas como corres-pondentes às áreas e subáreas identifica-das pela Metodologia. As funções e sub-funções são classificações padronizadasdas ações governamentais registradas noorçamento, determinadas pela legislaçãoorçamentária, que caracterizam as gran-des frentes de atuação da administraçãopública (veja Capítulo 2 "Entenda o Or-çamento Público").

Em virtude dessa padronização, a Seleção Fun-cional permite levantar de forma rápidae direta as informações, independente-mente de maiores exigências analíticasquanto à forma por meio da qual asações que beneficiam a criança encon-tram-se estruturadas no orçamento.Por outro lado, esse levantamento ten-de a registrar menor grau de precisão.Isso porque, de um lado, a classificaçãoorçamentária funcional envolve inter-pretações de quem a realizou – nemsempre consensuais ou mesmo clara-mente explicitadas e justificadas – eenfrenta a generalidade do enquadra-mento das ações governamentais emgrandes frentes de atuação, que podemenglobar ações de natureza distinta sobuma mesma classificação. Em outraspalavras, nessa fase corre-se o risco deincluir ações e despesas não pertinen-tes, assim como excluir outras perti-

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nentes, devido ao alto grau de agrega-ção da classificação funcional. Isso, po-rém, não invalida a apuração inicial doOrçamento Criança e Adolescente pormeio dessa fase. Essa forma de apura-ção constitui, sim, um primeiro passopara superar a falta de clareza e publi-cidade do orçamento público.

Já a Fase da Seleção Direta possibilita a devida eprecisa identificação das ações e respec-tivas despesas que devem compor o Or-çamento Criança e Adolescente. Esse le-vantamento exige maior dedicação eapuro na pesquisa e análise do orçamen-to, para correlacionar adequadamente ostítulos de projetos e atividades com asáreas e subáreas indicadas pela Metodo-logia. Isso implica certamente maiortempo de análise e atenção à realidadedas políticas públicas do município ouestado analisado.

A Fase da Seleção Direta pode ser processada lo-go após a Fase da Seleção Funcional paradar consistência ao levantamento, oumesmo conduzida exclusivamente, umavez que permite, àqueles com maior co-nhecimento sobre o orçamento do seumunicípio ou estado, a apuração diretadas ações e despesas a favor da criança edo adolescente. O seu processamentocomplementar à Seleção Funcional sig-

nifica que o analista do OCA busca ve-rificar, a partir da titulação dos projetose atividades do orçamento e de infor-mações adicionais obtidas junto a técni-cos do Executivo ou Legislativo, a cor-reção e a coerência do levantamentorealizado por meio das funções e subfun-ções indicadas pela Metodologia.

O exclusivo processamento da Fase da SeleçãoDireta, sem a apuração prévia de fun-ções e subfunções, é indicado para pes-soas com pleno domínio da realidadeorçamentária de seu município ou es-tado. Nesse caso, a seleção do que de-ve compor o Orçamento Criança e Ado-lescente é feita a partir da própria des-crição, no orçamento, das realizações aserem implementadas, que são chama-das de projetos e atividades. Projetose atividades orçamentários são descri-ções sintéticas de ações governamen-tais autorizadas para as quais são esta-belecidos valores monetários classifi-cados conforme a natureza do gasto,que são intitulados tecnicamente dedotações orçamentárias e, popular-mente, de verbas.

No Quadro 4 "Fases Metodológicas para Apura-ção do Orçamento Criança e Adoles-cente" consta um resumo sobre o proces-samento de cada uma das dotações orça-

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Cálculorecomendado

TEMPO BOMO Orçamento Criança eAdolescente pode serapurado de formafacilitada e ágil, por meioda Seleção Funcional,que considera apesquisa das funções esubfunções previstas naclassificaçãoorçamentária oficial,seguida da SeleçãoDireta, que verifica, apartir da análise direta, aconsistência dolevantamento.

mentárias. A Seleção Funcional consti-tui uma fase facilitada, mas deve serconsiderada incompleta. Por isso, reco-menda-se a combinação das Fases Fun-cional e Direta, uma vez que tal procedi-mento garante, simultaneamente, apu-rar conforme as orientações da Metodo-logia e refinar o levantamento segundo arealidade orçamentária do município ouestado analisado.

1.4.ANÁLISE DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

A Metodologia oferece orientações para que, apósa apuração do Orçamento Criança, sejafeita sua análise. Os números do orça-mento não dizem tudo. Para transformá-los em importante ferramenta de promo-ção e defesa das políticas públicas a favorda criança e do adolescente, a Metodolo-gia orienta para que sejam reunidas in-formações complementares sobre a situa-ção político-administrativa da esfera pú-blica analisada. A Metodologia sugereestudos comparativos preliminares (vejaCapítulo 6 "Analise o OrçamentoCriança e Adolescente") que permitamcorrelacionar sistematicamente os nú-meros apurados e, assim, não reduzir aanálise da atuação do Poder Público a fa-vor da criança e do adolescente à simplesavaliação dos gastos públicos.

Para tanto, a Metodologia propõe a elaboraçãodo Relatório do OCA. O relatório deveser preferencialmente redigido com aparticipação da comunidade, com des-taque para lideranças, economistas, as-sistentes sociais, sociólogos etc., co-nhecedores das finanças e políticas pú-blicas do município ou estado. Neledevem constar as avaliações quantitati-vas realizadas (básica, situacional e tem-poral) e o parecer contendo as devidasanálises qualitativas, claras e contex-tualizadas a partir da realidade políti-co-administrativa identificada sobre aspolíticas e gastos públicos com a crian-ça e o adolescente.

Durante a análise, é importante lembrar que aMetodologia considera pertinente a in-

clusão de todos os gastos envolvidos naimplementação das ações selecionadas,exceto gastos com pagamento de inati-vos (aposentados), pois eles não contri-buem para a implementação das açõesgovernamentais em curso. Ela procuradestacar separadamente as despesas compesquisas e atividades administrativas.A Metodologia aponta a necessidade deanálise mais detalhada do que está sen-do computado nesses casos como despe-sas com informática, publicidade e en-cargos gerais, entre outras.

Assim, para o Orçamento Criança e Adolescente,as finalidades de gastos de cada ação noorçamento podem ser distintas: desti-nam-se à manutenção de atividades (cus-teio) ou à expansão de programas e serviços(investimento). Os gastos também po-dem estar voltados para a gestão dasações, como manutenção, administração,pessoal e controle (despesas-meio), oucom os programas e serviços propriamen-te ditos (despesas finalísticas), como opagamento de fornecedores de bens eserviços. Embora seja possível diferenciaressas despesas a partir do orçamento, issoé desnecessário pois a Metodologia con-sidera que todas são relevantes para via-bilizar as ações voltadas à criança.

As despesas com pessoal são consideradas inte-gralmente na apuração do OCA, exce-to o pagamento de inativos (aposenta-dos), que é feita, em alguns municí-pios, diretamente pela prefeitura. AMetodologia, porém, considera quetais despesas merecem atenção espe-cial, pois constituem a principal parce-la de gastos. Analisá-las separadamen-te, no entanto, constitui um desafio,pois o levantamento de todas as despe-sas dessa natureza no orçamento públi-co é muito complexo. Somente as des-pesas de pagamento de servidores pú-blicos (pessoal concursado e ocupantesde cargos comissionados) encontram-se visivelmente registradas. Outrosgastos relativos a pessoal, como empre-sas de mão-de-obra terceirizadas, sãoclassificados no orçamento como pres-tação de serviços e não como despesasde pessoal, o que dificulta sua identifi-

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cação. Além disso, muitas transferên-cias de recursos para organizações dasociedade civil, sobretudo na área daassistência social, destinam-se a finan-ciar serviços, cujo peso principal é acontratação de pessoal para atendi-mento. Ainda que a legislação em vi-gor não permita a destinação expressade recursos para essa finalidade, sabe-mos que esse tipo de contratação é ne-cessário para complementar o quadrogeral de prestadores de serviço.

Portanto, é preciso bastante conhecimento parase tirar conclusões sobre o volume dedespesas com pessoal. Embora a LeiComplementar nº 101/2000, determi-ne limites para esse tipo de gasto, ava-liar gerencialmente a adequação dosgastos com pessoal requer diversasanálises sobre a legislação do municí-pio ou estado, a natureza da ação à

qual se refere, a política salarial vi-gente, o nível de atividade econômicae de inflação, entre outras questões.

Vale dizer que as diversas áreas governamentaisapresentam comportamento diferenteem relação a despesas com pessoal. Asáreas de saúde, educação e assistênciasocial são intensivas na contratação detrabalhadores. Apesar disso, a participa-ção relativa desse gasto em relação àsdemais despesas de custeio, em cadauma dessas áreas, apresenta comporta-mento distinto, devido às peculiaridadesdos serviços. A área da saúde, por exem-plo, demanda, de modo geral, mais insu-mos e gastos com manutenção de equi-pamentos do que as outras áreas, geran-do uma relação menor entre despesas depessoal e custeio. Nesse caso, procuresempre apoio em sua comunidade paraavançar nessas análises.

quadro 2

CORRELAÇÃO ENTRE ESFERAS PRIORITÁRIAS DE AÇÃO do “UM MUNDO PARA AS CRIANÇAS” E EIXOS DE AÇÃO DO “PACTO PELA PAZ”

UM MUNDO PARA AS CRIANÇASesferas Prioritárias de Ação

1. Promoção de Vidas Saudáveis2. Acesso à Educação de Qualidade3. Proteção contra os Maus Tratos, a Exploração e a Violência

3.1. Proteção Geral3.2. Proteção contra os Conflitos Armados3.3. Eliminação do Tráfico e da Exploração Sexual de Crianças3.4. Combatendo o Trabalho Infantil

4 Combatendo o HIV/AIDS

pacto pela paz eixos de Ação

I. SaúdeII. EducaçãoIII. Cultura, Esporte e LazerIV. Assistência SocialV. Proteção Especial

V.1 Violência SexualV.2 Trabalho Infantil

VI. Medidas SocioeducativasVII. Conselhos de Direitos,Tutelares e FundoVIII. Mecanismos de Exigibilidade de DireitosIX. Meios de Comunicação

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1 quadro 3

ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO – ORÇAMENTO CRIANÇA

áreas de atuação

1.1. Combate à Mortalidade naInfância e Materna

1.2. Promoção da Saúde

1.3. Desnutrição

1.4. Saneamento

1.5. Habitação

1.6. SuporteProfilático/Terapêutico

1.7. Combate a Doenças eAgravos

1.8. Combate ao HIV/AIDS

1.9. Pesquisas

1.10. Atividades Administrativas

2.1. Educação Infantil

2.2. Ensino Fundamental

2.3. Ensino Médio

2.4. Alfabetização de Jovens eAdultos

2.5. Educação Especial

subáreas de atuação

• Abastecimento de Água• Esgotamento Sanitário• Coleta de Lixo• Saneamento

• Creche • Educação Pré-escolar

• Ensino Fundamental• FUNDEF

FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO

10 – Saúde301 - Atenção Básica302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial 306 - Alimentação e Nutrição

10 – Saúde301 - Atenção Básica 302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial 306 - Alimentação e Nutrição

10 – Saúde301 - Atenção Básica303 - Suporte Profilático e Terapêutico 306 - Alimentação e Nutrição

17 – Saneamento511 - Saneamento Básico Rural 512 - Saneamento Básico Urbano

16 – Habitação481 - Habitação Rural 482 - Habitação Urbana

10 – Saúde303 - Suporte Profilático e Terapêutico

10 – Saúde302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial303 - Suporte Profilático e Terapêutico

10 – Saúde304 - Vigilância Sanitária305 - Vigilância Epidemiológica

10 – Saúde304 - Vigilância571 - Desenvolvimento Científico572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia573 - Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico

04 - Administração

12 – Educação365 - Educação Infantil243 - Assistência à Criança e ao Adolescente

12 – Educação 361 - Ensino Fundamental

12 – Educação 362 - Ensino Médio

12 – Educação 366 - Ensino de Jovens e Adultos

12 – Educação 367 - Educação Especial

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saúde

educação

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1 continuação do quadro 3

ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO – ORÇAMENTO CRIANÇA

áreas de atuação

2.6. Ações de ImpossívelDesagregação

2.7. Alimentação Escolar

2.8. Combate à Evasão Escolar

2.9. Material Didático eTransporte Escolar

2.10. Capacitação e Qualificaçãode Professores

2.11. Difusão Cultural

2.12. Desporto e Lazer

2.13. Pesquisas

2.14. Atividades Administrativas

3.1. Sistema de Garantias deDireitos

3.2. Exploração Sexual

3.3. Trabalho Infantil

3.4. Assistência Social

3.5. Transferência de Renda àsFamílias

3.6. Pesquisas

3.7. Atividades Administrativas

subáreas de atuação

• Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes

• Criança/Adolescente em Conflito com a Lei

• Conselhos Tutelares

• Erradicação do Trabalho Infantil• Qualificação e Capacitação • Profissional• Educação Profissional

• Assistência à Criança e ao • Adolescente• Assistência Comunitária• Geração de Renda

FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO

12 – Educação 363 - Ensino Profissional367 - Educação Especial

12 – Educação 306 - Alimentação e Nutrição845 - Transferências

12 – Educação 361 - Ensino Fundamental362 - Ensino Médio

12 – Educação 361 - Ensino Fundamental362 - Ensino Médio785 - Transportes Especiais

12 – Educação 128 - Formação de Recursos Humanos

13 – Cultura 392 - Difusão

27 – Desporto e Lazer

12 – Educação571 - Desenvolvimento Científico 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia 573 - Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico

04 – Administração

14 – Direitos da Cidadania421 - Custódia e Reintegração Social422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos243 - Assistência à Criança e ao Adolescente846 - Outros Encargos Especiais

08 – Assistência Social243 - Assistência à Criança e ao Adolescente

08 – Assistência Social243 - Assistência à Criança e ao Adolescente

08 – Assistência Social243 - Assistência à Criança e ao Adolescente244 - Assistência Comunitária334 - Fomento ao Trabalho

08 – Assistência Social845 - Transferências

08 – Assistência Social14 – Direitos da Cidadania

571 - Desenvolvimento Científico572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia573 - Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico

04 – Administração

ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIREITOS DE CIDADANIA

1. Descrição e numeração de Funções e Subfunções conforme a Portaria nº 42, de 14 de abril de 1999, do MOG – DOU de 15.4.99.

educação (cont.)

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Fluxograma da Apuração do Orçamento Criança e adolescente

Mobilizaçãopara

levantamentodo Orçamento

Criança

Base Orçamento

Anual

Base Execução

Orçamentária

Seleção Funcional

+ Seleção Direta

Obtenção de dados

Cálculo do Orçamento

Criança

Análise doOrçamento

Criança

Tabela de Totalização do

Orçamento Criança

Mobilizaçãocom o

resultado doOrçamento

Criança

Relatório doOrçamento

CriançaROCA

AvaliaçãoBásica

AvaliaçãoDinâmica

AvaliaçãoTemporal

Lei do OrçamentoPublicada

Identificação e Seleção de ações segundo a classificação

funcional-programática

Consistência da seleção de ações e despesas feitas a partir

da Seleção Funcional

fases

SELEÇÃOFUNCIONAL

SELEÇÃOFUNCIONAL+SELEÇÃODIRETA

CÁLCULODIRETO

descrição

Apuração preliminar exclusivamente a partir dolevantamento das classificações funcionais-programáticas indicadas pela Metodologia.

Apuração a partir do levantamento dasclassificações funcionais-programáticas indicadaspela Metodologia, seguida de verificação daconsistência de aspectos selecionados dolevantamento a partir da análise dos títulos dosprojetos/atividades orçamentários.

Apuração direta a partir da identificação dosprojetos e atividades voltados para a criança e oadolescente.

situação

FACILITADA, porém incompleta, pois considerasomente a apuração das funcionais-programáticas recomendadas, mas carece deconsistência complementar.

RECOMENDADA, pois permite realizar olevantamento conforme a Metodologia eadequá-lo à realidade.

AVANÇADA, pois exige domínio, pelo analista,da temática orçamentária e da realidade doorçamento e políticas públicas domunicípio/Estado analisado.

quadro 4

FASES METODOLÓGICAS PARA APURAÇÃO DO ORÇAMENTO CRIANÇA

Relatório de Execução Orçamentária por Órgão,

Projeto e Atividades

Identificação e Seleção de ações diretamente do

orçamento

Fase de Seleção

Direta Exclusiva

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O O R Ç A M E N T O P Ú B L I C OentENDA

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Para apurar e analisar o Orçamento Criança e Adolescente, é

preciso compreender como se estrutura o orçamento público no

Brasil. Basicamente, ele se organiza em torno de três leis principais

que, por estabelecerem entre si importantes relações, constituem

um ciclo orçamentário: a Lei do Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes

Orçamentárias e a Lei do Orçamento Anual. As informações

necessárias ao cálculo do OCA devem ser extraídas da Lei do

Orçamento Anual e dos relatórios de execução orçamentária, mas as

demais leis podem oferecer informações relevantes para a análise.

2.1. CICLO ORÇAMENTÁRIO

O cálculo do Orçamento Criança e Adolescente é feito a partir de informações da Lei do Or-çamento Anual (LOA) e dos relatórios que mostram como ele foi executado.Para levantar e analisar essas informações, é necessário entender o papel queas outras duas leis orçamentárias, a do Plano Plurianual (PPA) e a de DiretrizesOrçamentárias (LDO), desempenham na definição e priorização das ações go-vernamentais, assim como conhecer alguns conceitos técnicos definidos legal-mente. As principais determinações legais para elaborar e executar os orça-mentos públicos encontram-se presentes na Constituição Federal (CapítuloII, Das Finanças Públicas). A Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que ins-titui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos or-çamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Fe-deral, por sua vez, estabelece as normas específicas sobre a elaboração e a or-ganização orçamentária, e a Lei Complementar nº 101, de 5 de maio de 2000,Lei de Responsabilidade Fiscal, dispõe sobre diversas outras exigências, embusca do estabelecimento da responsabilidade fiscal na gestão orçamentária.Para a plena compreensão da forma e do conteúdo do orçamento público, aconsulta dessas leis é certamente obrigatória.

A Lei do Orçamento Anual constitui a principal referência para a Metodologia porque éo documento orçamentário que, de fato, detalha o programa de trabalho dogoverno. É a partir dessa autorização legislativa que a administração públicarealiza as despesas. Entretanto, a Constituição Federal exige não apenas a ela-boração dessa lei, mas das duas outras já mencionadas, visando gerar um pro-cesso sistemático de planejamento e publicidade dos gastos públicos. Assim, oPlano Plurianual constitui-se de um plano de ação de médio prazo, enquantoque a Lei de Diretrizes Orçamentárias cumpre o papel de definir a seleção deprioridades de ação para o ano a partir do PPA, assim como as diretrizes paraa elaboração da LOA. Desse modo, a legislação espera que o detalhamento do

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programa da ação governamental parao período de um ano constante daLOA reflita objetivos e prioridadessistemáticos e coerentes.

Todo esse processo de planejamento, priorizaçãoe detalhamento de ações envolvendo astrês leis constitui o ciclo orçamentário.Nele, segundo a Constituição Federal, aLDO deve ser compatível com o PPA e,logicamente, como a LDO orienta a es-truturação da LOA, esta também acabadevendo ser compatível com o PPA. Emalguns municípios, de acordo com a suaLei Orgânica, a Constituição do municí-pio, o Plano Plurianual deve ser compa-tível também com o Plano Diretor – pla-no contendo diretrizes gerais para o de-senvolvimento do município.

2.2. PLANO PLURIANUAL (PPA)

No ciclo orçamentário, o Plano Plurianual, tam-bém chamado de Plano Plurianual deAção Governamental (PPAG), cons-titui um documento de planejamentoestratégico por excelência, pois incluidiretrizes, objetivos e metas de investi-mentos (despesas de capital) e deações de duração continuada para qua-tro anos. Ele é elaborado no início decada nova administração e enviado,até o final de setembro, à Câmara deVereadores ou à Assembléia Legislati-va, no caso dos estados. No entanto,para uma informação mais precisa, érecomendável consultar a data especí-fica em que esse envio ocorre em seumunicípio ou estado. Uma vez imple-mentado, o PPA vale até o final doprimeiro ano do próximo governo.Portanto, quando um prefeito ou go-vernador inicia o mandato, está em vi-gor o Plano Plurianual aprovado na le-gislatura anterior e em execução peloseu antecessor.

No Plano Plurianual, o que o governo pretenderealizar costuma estar descrito no âmbi-to de programas. Cada programa cons-titui uma agregação de ações (projetose atividades que não aparecem detalha-dos) que concorrem para um objetivo

comum preestabelecido pelo gestor pú-blico, destinado à solução de um pro-blema ou ao atendimento de determi-nada necessidade ou demanda da socie-dade. Trata-se, portanto, de um grau deagregação muito geral, que não permitevisualizar claramente as ações do Orça-mento Criança e Adolescente. Apesardisso, dois elementos do PPA, os valo-res totais e as metas físicas, que sãocalculados para cada programa do do-cumento, podem contribuir para a in-terpretação do OCA.

Os valores totais representam uma previsão degastos para o período de quatro anos.Uma vez feita a apuração do OCA,você pode verificar se a execuçãoanual do governo para a área da infân-cia e adolescência está proporcionalao previsto no PPA. Para isso, bastadividir o valor do PPA por quatro ecomparar tanto com o previsto naLOA, quanto com o somatório dos va-lores realmente executados, conformeos relatórios de execução orçamentá-ria. Caso verifique valores proporcio-nalmente menores, você pode questio-nar o representante do Poder Executi-vo de seu município sobre os motivos,com vistas a obter argumentos maisconsistentes para suas conclusões.

Uma outra variável importante para avaliar a ex-tensão da cobertura prevista para o pe-ríodo de quatro anos são as chamadasmetas físicas do PPA. As metas físicasquantificam, por exemplo, o número debeneficiários, de equipamentos construí-dos, de municípios beneficiados, de pro-fissionais capacitados que se pretende al-cançar, permitindo assim avaliar a ex-tensão da cobertura para o período. Apartir do somatório de metas físicasconstantes da LOA com a previsão doPPA, também é possível fazer a análisecomparativa da execução anual do go-verno para a área da infância. Vale des-tacar que nem sempre as metas físicasexpressam adequadamente os objetivosa serem atingidos pelo programa, o quepode implicar dificuldades para se che-gar a conclusões consistentes sobre o de-sempenho alcançado pelo Executivo.

Compare aexecução doorçamento coma previsão doPlano Plurianual

SIGA POR AQUIVerifique se a soma dosvalores financeirosexecutados noorçamento em cada ano,ou mesmo a soma dasmetas físicas para umdeterminado programaexistente no PlanoPlurianual, estáproporcionalmenteadequada com a previsão de gastospara o período de quatro anos.

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2.3. LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi con-cebida para que o Poder Executivo ante-cipe os critérios que deverão nortear aelaboração da Lei Orçamentária Anual(LOA) e o seu conteúdo. Deve ser reme-tida ao Legislativo até 15 de abril de ca-da ano. Em alguns municípios e estados,a data limite é 15 de maio. Por isso, é im-portante verificar a data exata em que is-so acontece em seu município ou estado.

A Constituição Federal determina que a lei deveestabelecer metas, prioridades e diretri-zes para orientar a elaboração da lei orça-mentária e as alterações na legislação tri-butária. Em princípio, as prioridades de-vem ser definidas a partir do PPA vigen-te. Entretanto, como os formatos da LDOe do PPA ainda não foram regulamenta-dos por lei complementar, prefeitos e go-vernadores tendem a remeter, para o Le-gislativo, uma LDO bastante generalista

e excessivamente técnica. Em geral, elacostuma repetir, com outras palavras, asdeterminações legais já existentes.

Apesar do seu caráter relativamente genérico, aLDO oferece importantes oportunida-des para promover o controle social doOrçamento Criança e Adolescente, em ra-zão das exigências da Lei Complemen-tar nº 101/2000 (veja Capítulo 3 do Ca-derno 1 “Promovendo o Controle So-cial”). Por meio dessa lei, pode-se solici-tar ao Poder Executivo que sejam esta-belecidos critérios para transferência derecursos para organizações privadas, co-mo também regras de avaliação de pro-gramas e ações, além de transparênciade suas ações. A lei também pode serusada para definir critérios que evitem aredução de recursos para as ações embenefício da criança e do adolescente,em caso de contingenciamento do orça-mento, isto é, de corte dos gastos devi-do à queda da receita efetiva comparadacom a receita prevista.

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2.4. LEI DO ORÇAMENTO ANUAL (LOA)

A Constituição Federal estabelece, nos artigos 165a 169, que é obrigação do Poder Execu-tivo elaborar todo ano a Lei Orçamentá-ria Anual (LOA), estabelecendo a pre-visão de receitas e a programação de des-pesas para o ano seguinte. Ela represen-ta o grande momento de todo o ciclo or-çamentário, pois todo o processo de pla-nejamento e priorização de ações deveser traduzido nesse instrumento. A LOAreúne os projetos e atividades, acompa-nhados das respectivas despesas nasquais incorrerão, que constituem a basepara a pesquisa e apuração do OCA.

Tal lei deve ser enviada ao Legislativo para apre-ciação e aprovação até quatro meses an-tes do encerramento do exercício finan-ceiro (art. 35, § 2º, do Ato das Disposi-ção Constitucionais Transitórias daConstituição Federal), ou seja, até o dia30 de agosto de cada ano, no caso daUnião, e 30 de setembro, em grandeparte dos estados e municípios. Portan-to, é necessário verificar a data precisaem que isso acontece em seu municípioou estado, assim como ocorre para asdemais leis citadas. Caso o prefeito ou ogovernador não envie dentro do prazolegal o projeto da LOA, a Comissão deOrçamento da Câmara Municipal ouAssembléia Legislativa deve elaboraruma proposta. Se a proposta enviadapelo Executivo for rejeitada pelos ve-readores, de modo geral, passa a valerpara o exercício seguinte o orçamentodo exercício em curso.

Uma vez encaminhada a LOA, o Poder Legislati-vo deve apreciá-la até o fim do exercícioque antecede sua entrada em vigor. Isto é,até o final de dezembro cabe aos parla-mentares analisar e aprovar o orçamento,pois ele deve entrar em vigor no primeirodia de janeiro do ano seguinte. Os parla-mentares têm a atribuição de fazer emen-das à proposta do Executivo, indicandosimultaneamente de onde são retiradosos recursos e para onde devem ser trans-feridos. Eles não podem movimentar re-cursos destinados a pessoal e encargos,serviço da dívida e transferências tribu-tárias constitucionais (art. 166, § 3º, II,da Constituição Federal). Por outro lado,eles podem, por exemplo, aprovar umaemenda que transfere recursos destinadosà construção de uma praça para a cons-trução de uma escola.

A LOA é um documento único. Contudo, as do-tações orçamentárias, por determinaçãoda Constituição Federal, são identifica-das como integrantes de três tipos de or-çamentos distintos:

(a) Orçamento Fiscal: inclui as despesas desti-nadas à implementação dos serviços pú-blicos e à manutenção da burocracia pú-blica.

(b) Orçamento de Investimentos das Estatais:inclui as despesas com investimentos(obras e instalações, aquisição de veícu-los, material permanente, imóveis e par-ticipações societárias etc.) das empresasestatais em que o Poder Público, diretaou indiretamente, detenha a maioria docapital social com direito a voto.

(c) Orçamento da Seguridade Social: inclui asdespesas previstas no art. 202 da Consti-tuição Federal (previdência social, assis-tência social e saúde).

Para o OCA essa classificação é importante por-que uma parte expressiva das despesas depromoção e proteção da criança é consi-derada como gastos de seguridade socialque, na Constituição, desfrutam de umtratamento diferenciado. Desse modo, épossível analisá-las nesse contexto, veri-ficando a evolução do Orçamento da

TEMPO NUBLADOPreste atenção nas datas em que oExecutivo envia as leisorçamentárias ao Legislativo. Elasvariam entre estados e municípios eentre municípios de um mesmoestado. Muitos seguem a dataprevista para a União, como segue:• Lei de Diretrizes Orçamentárias(LDO): até 15 de abril.

• Lei Orçamentária Anual (LOA): até30 de agosto.• Lei do Plano Plurianual (PPA)(proposta de PPA no primeiro ano degoverno e, a cada ano, revisões): até30 de agosto.Em muitos lugares, a LDO costumaser enviada em maio e a LOA e oPPA tendem a ser enviados até 30 desetembro.

Atenção para o calendário do Ciclo Orçamentário

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Seguridade Social e a participação pro-porcional dos gastos com crianças e ado-lescentes (veja Capítulo 6 "Analise oOrçamento Criança e Adolescente").

2.5. EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

A apuração do Orçamento Criança e Adolescentepode ser feita a partir das informaçõesconstantes na Lei do Orçamento Anual(veja Capítulo 3 "Obtenha os Dadospara o Orçamento Criança e Adoles-cente"). Mas o que se busca calcular, defato, é o resultado alcançado em favorda criança por meio da execução orça-mentária, ou seja, a verificação do querealmente foi gasto para a promoção e odesenvolvimento das crianças e dosadolescentes.

A execução do orçamento consiste em um pro-cesso que se inicia no começo de cadaano e acaba no final de dezembro, noqual se programam e se realizam as des-pesas previstas, levando-se em conta adisponibilidade financeira da adminis-tração pública e o cumprimento das exi-gências legais para a realização de despe-sas. No entanto, como o orçamento pú-blico é uma lei autorizativa, ou seja, queapenas autoriza o gasto público comações de interesse coletivo, não há obri-gatoriedade de execução das demandasnela previstas. Assim, as autoridades doPoder Público precisam autorizar e ope-rar a execução das ações programadas no

orçamento em todos órgãos da adminis-tração. Esse processo muitas vezes en-volve a revisão de prioridades de ações etem como desafio a capacidade adminis-trativa e executiva de cada órgão, o quepode significar, ao final, o redimensio-namento da programação originalmenteconstante da LOA.

A execução orçamentária se desdobra em cincoetapas executivas: programação, licita-ção, empenho, liquidação e pagamento.Ao longo delas, os recursos previstos emcada dotação orçamentária (crédito or-çamentário autorizado na LOA) vãogradativamente se transformando de re-cursos previstos e autorizados, chamadosde valores orçados, para valores provi-sionados (liberados pelo órgão responsá-vel para processamento), valores empe-nhados, valores liqüidados e, finalmen-te, valores pagos. Para a Metodologia doOCA, cada uma dessas etapas possui umvalor analítico.

2.5.1 PROGRAMAÇÃO E PROVISIONAMENTO

O início da execução orçamentária exige a libera-ção da cota orçamentária, para que cadaunidade da administração municipal ouestadual possa ter, à sua disposição, aparte do orçamento que lhe cabe. A co-ta é uma fração das dotações orçamentá-rias. Em princípio, cada dotação podeser dividida em até 12 partes, caso a

ETAPAS DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

PROGRAMAÇÃO E PROVISIONAMENTO ORÇAMENTÁRIOS: distribuição da cota orçamentária; confere aorecurso orçamentário liberado o status de valor provisionado.

LICITAÇÃO: escolha do melhor preço e técnica para o fornecimento de bens e serviços.

EMPENHO: comprometimento efetivo das dotações orçamentárias; confere ao recurso orçamentárioprovisionado o status de valor empenhado.

LIQUIDAÇÃO: verificação legal do fornecimento do bem ou serviço comprado para pagamento posterior;confere ao recurso orçamentário empenhado o status de valor liqüidado.

PAGAMENTO: entrega de valores financeiros ao fornecedor do bem ou serviço adquirido; confere aorecurso orçamentário liqüidado o status de valor pago.

Orçamentopúblico não éobrigação derealizaçõesTEMPO NUBLADOO orçamento público éuma autorização e nãouma obrigação derealizações. É naexecução orçamentáriaque o autorizado na Leido Orçamento torna-serealidade. Para oOrçamento Criança eAdolescente, é nessafase que se garante queo que foi previsto serárealmente executado.

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ação/despesa prevista possa ser adminis-trada em parcelas mensais, como a exe-cução de um contrato de prestação deserviços. Entretanto, há despesas sazo-nais, que podem exigir a disponibiliza-ção de grande parcela da dotação. Umexemplo disso é o que ocorre com aaquisição de medicamentos ou de outrosprodutos na área da saúde, cuja comprapara estoque é mais racional e econômi-ca, embora a distribuição do produtoaconteça ao longo de meses.

De acordo com a Lei nº 4.320/1964, as cotas or-çamentárias deveriam ser distribuídas portrimestre, sendo que cada unidade orça-mentária deve conhecer previamente adistribuição prevista das quatro cotas, pa-ra poder programar adequadamente seufuncionamento. Em razão da incertezaquanto à disponibilidade financeira (di-nheiro em caixa), o Poder Executivo temtido o costume de liberar cotas bastantelimitadas, com o horizonte máximo detrês meses e de forma seletiva, isto é, nãoliberando recursos para todas as dotaçõesorçamentárias existentes. Para o Orça-mento Criança e Adolescente, essa etapaconstitui um momento fundamental. Osignificado disso é que, caso não aconte-ça a liberação de uma determinada dota-

ção orçamentária, ela não poderá ser exe-cutada. (veja Capítulo 3 do caderno 2“Promovendo o Controle Social”).

O processo de liberação da cota, em geral, fica acargo da Secretaria de Planejamento,da Secretaria da Fazenda ou de quemdesempenha papel correlato, que fixa acota e faz o provisionamento de crédi-to orçamentário nos projetos e ativida-des indicados com seus respectivos ele-mentos de despesa (pessoal civil, mate-rial de consumo, outros serviços e en-cargos etc.), autorizando então as uni-dades administrativas a realizar despesasno limite dos créditos provisionados.Normalmente, isso se processa em umsistema informatizado, por meio do qualsão emitidos os documentos necessáriosà realização das despesas. No caso daUnião, temos o Sistema Integrado deAdministração Financeira (Siafi).

Feito isso, cada unidade pode encaminhar, paraos setores competentes, suas solicitaçõesde aquisição de materiais de consumo epermanentes, bem como de contrataçãode serviços de terceiros e de obras, ou se-ja, nesse momento é que as ações come-çam de fato a ser implementadas.

2.5.2 LICITAÇÃO

Autorizados os créditos orçamentários, as despe-sas devem ser efetivadas por meio deum processo de licitação. A licitação éo processo administrativo legal e públi-co ao qual o Poder Público deve se sub-meter para selecionar a proposta maisvantajosa financeira e tecnicamente,para poder contratar ou comprar. Oprocesso busca assegurar, sobretudo, atransparência dos atos públicos e aigualdade na competição entre os for-necedores interessados.

A licitação pode ocorrer em seis modalidades pa-ra seleção de propostas comerciais, con-forme o valor e a complexidade da aqui-sição: convite, tomada de preços, con-corrência, leilão, concurso e pregão.Nem todas as despesas precisam ser lici-tadas para serem realizadas, como é o ca-

TEMPO NUBLADOO orçamento público pode seralterado por meio de créditosadicionais, que são chamadospopularmente de suplementação.Na verdade, a suplementação é umtipo de crédito adicional em queuma ação orçamentária recebe umreforço de seu valor por meio daanulação de outra despesa previstano orçamento (remanejamento), ouem razão do crescimentocomprovado da receita. Ele precisaobrigatoriamente ser autorizado porlei. Em geral, o Poder Executivo jáinclui esse pedido na própria Lei doOrçamento, por meio da

autorização de um percentual parasuplementação. Mas é comumhaver encaminhamento de leidurante o ano para solicitar asuplementação. Há também ocrédito adicional especial, que serefere à solicitação de créditos parauma ação que não existia noorçamento, e os créditosextraordinários, que são solicitadosem caso de calamidade sem anecessidade de autorizaçãolegislativa prévia. Para o OCA , éimportante acompanhar esseprocedimento, porque ele podealterar toda a programaçãoorçamentária.

Acompanhe a suplementação do orçamento

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so dos gastos com pagamento de pessoalou mesmo do serviço da dívida pública.Há também a previsão de situações deinexigibilidade e de dispensa de licita-ção, respectivamente quando há invia-bilidade de competição ou determina-ção legal para não realizá-la.

De fato, sem licitação não se pode comprar oucontratar a maioria das coisas necessá-rias ao funcionamento do serviço públi-co. Por outro lado, processos licitatóriosirregulares resultam em compras ou con-tratações indevidas, com preços e quali-dade inadequados. Sem dúvida, quais-quer dessas situações são prejudiciais àconsecução de ações previstas no Orça-mento Criança e Adolescente.

2.5.3 EMPENHO DA DESPESA

Realizada a licitação, a administração pública es-tá apta a consumar a despesa. No entan-to, a Lei nº 4.320/1964, em seu artigo60, “proíbe expressamente a realização

de despesa sem prévio empenho”. O em-penho da despesa é o ato administrativopor meio do qual o Poder Público com-promete o crédito orçamentário provi-sionado com a realização da despesa pre-tendida. Em outras palavras, é a garantiade que determinado recurso será usadoapenas para determinada ação.

Isso significa que o montante empenhado dosrecursos disponíveis não pode mais serutilizado para outra finalidade, impedin-do que sejam realizadas novas despesascom o mesmo recurso liberado ou quesejam assumidas despesas maiores doque o valor previamente autorizado.

Para cada ato de empenho é emitida a nota deempenho, que indica o nome do credor,a especificação e o valor da despesa, bemcomo a dedução do valor desta do saldoda dotação orçamentária própria.

Para a apuração do Orçamento Criança e Ado-lescente, esse é um momento importan-te porque, com o empenho, os recursosorçamentários previstos em algumaação a favor da criança passam a estarcomprometidos com a implementaçãoda ação. Valores empenhados do orça-mento significam que já se cumpriuetapa decisiva para viabilizar a ação,embora não representem ainda o iní-cio da ação prevista. Desse modo, averificação dos valores empenhadosem ações do OCA mostra o quanto jáestá comprometido com essa finalida-de, mas não realmente o quanto foiexecutado. Isso ocorre porque, como oorçamento público é autorizativo, épossível, até o final do ano, anular oumesmo não ser consumado o paga-mento daquilo que foi empenhado.

É preciso estar atento para interpretar as despe-sas empenhadas, visto que despesas re-ferentes a contratos, por exemplo, po-dem ser empenhadas pelo seu valor glo-bal e só serem pagas à medida que foremexecutadas e medidas. Por exemplo, umcontrato de prestação de serviços de lo-cação de mão-de-obra pode ter a dura-ção de um ano. Assim, se você estiverapurando o Orçamento Criança e Adoles-

TEMPO NUBLADOQuando vamos analisar oorçamento público, sempre nosdeparamos com a decisão sobrequal desses três tipos de valoresiremos trabalhar. Eles são bemdiferentes, pois, como o orçamentoé uma autorização e nãoobrigação de gastos, elesrepresentam cada uma das fasesde sua execução. Assim, a questãoé escolher a fase que interessapara a sua análise. Se você desejaanalisar o que já foi comprometidodo orçamento, então deve tomaros valores empenhados. Significaque foram comprometidos, masnão necessariamente serão todospagos, podendo, inclusive, seremanulados até o final do exercício.Se você quer considerar o que jáfoi realizado, analise os valoresliqüidados. Você irá trabalhar com

os valores de serviços realmentejá medidos e bens entregues. Casoqueira realmente saber o que foirealizado e pago, disponha dosvalores pagos. Os valores pagos sóvão se diferenciarsignificativamente dos valoresliquidados se houver inflação altaou se o Poder Público estivercontratando, comprando e nãopagando, ou seja, dando “calote”.Na prática, o que foi liqüidadorapidamente vira pago,dependendo apenas do tempo daburocracia para a tesouraria fazero pagamento, normalmente viabancos. De qualquer modo, paraapurar o Orçamento Criança emperíodos completos de um ano,recomenda-se a adoção de valoresliqüidados que dão uma realnoção dos gastos dentro doexercício.

Valor empenhado, liqüidado ou pago?

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cente executado no primeiro semestredo ano por meio do valor empenhado,incluindo o contrato exemplificado aci-ma (iniciado hipoteticamente em janei-ro do exercício corrente), é possível queesteja computando todo o valor empe-nhado até dezembro, embora as parcelasdo segundo semestre ainda não tenhamsido pagas. O que ocorre para esse perío-do é que essa abordagem distorce os va-lores porque a maioria das outras despe-sas terá sido empenhada só até o mêsexecutado e não até o final do ano.

As despesas empenhadas também podem nãoser pagas, gerando débitos não honradosque poderão se tornar dívida de curtoprazo. Assim, o valor empenhado podeser maior do que o realmente executa-do. No exemplo acima, imagine que,apesar de empenhado para todos os 12meses do ano, o contrato de locação demão-de-obra pode não ser pago, diga-mos, a partir do início do segundo se-mestre. Assim, se você estiver apurandoo período pelo valor empenhado, estarácomputando valores que não foram, doponto de vista financeiro, realmenteexecutados, embora o serviço possa tersido prestado.

Além disso, as despesas empenhadas e não pagasao final de um ano, quando não anula-

das, tornam-se Restos a Pagar (RAP).Isto é, transformam-se em compromissode execução e, portanto, de pagamento,que continuam a existir sem constar noorçamento do ano seguinte. Tais despe-sas extra-orçamentárias deverão ser qui-tadas ao longo do ano conforme as re-ceitas ingressam nos cofres públicos. OOrçamento Criança e Adolescente nãocomputa despesas registradas como Res-tos a Pagar, pois são de difícil identifica-ção, uma vez que não aparecem no or-çamento vigente.

2.5.4 LIQÜIDAÇÃO DE DESPESA

A liquidação da despesa é a etapa contábil naqual são verificados todos os documentosque comprovem a conclusão da despesa.

Essa verificação deve confirmar a origem, o ob-jeto, o valor e o destinatário do que sedeve pagar, juntando-se a isso os docu-mentos do processo de licitação e con-tratos, quando assim couber, bem comoa nota de empenho com a respectiva no-ta fiscal do fornecedor ou comprovaçãodo serviço contratado. Quando a despe-sa se refere a obra ou serviço, deve cons-tar um relatório (ou planilha) com amensuração dos serviços prestados, queprecisa ser atestado pelo gestor do con-

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trato e servirá para o cálculo do paga-mento a ser efetuado. No caso da com-pra de bens, um servidor responsável de-ve atestar o seu recebimento e a sua con-formidade com as especificações dacompra, o que, normalmente, ocorre noverso ou na frente do documento fiscal.

Para o OCA, a apuração dos valores liqüidadosconstitui uma etapa mais realista da im-plementação de ações, pois já se refere adespesas que foram realizadas e atesta-das, implicando serviços ou obras efeti-vamente implementados. Em virtudedisso, em algumas prefeituras e gover-nos estaduais, a expressão valor liqüida-do é usada praticamente como sinôni-mo de valor pago. Entretanto, vale lem-brar que os valores liqüidados ainda pre-

cisam ser pagos, carregando o risco denão pagamento e correspondente gera-ção de dívida de curto prazo, fato quetem sido realidade em diversas adminis-trações públicas.

2.5.5 PAGAMENTO

O pagamento constitui a etapa final da execuçãoorçamentária. Após a liquidação da des-pesa, é emitida a nota de pagamento dadespesa, que autoriza a tesouraria a qui-tar, via operação bancária, o compro-misso efetivado. Para o OrçamentoCriança e Adolescente, a contabilizaçãodos valores liqüidados é a que materiali-za a plena consecução das ações progra-madas a favor da criança.

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os dados PARA O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente

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Para calcular o Orçamento Criança e Adolescente, você deve obter

os dados junto aos órgãos públicos. O passo seguinte é conseguir

ler corretamente a classificação funcional para, então, selecionar as

ações no orçamento que farão parte do OCA.

O cálculo do Orçamento Criança e Adolecente exige que você tenha acesso a dados sobreo orçamento de seu município ou estado. Para saber quais informações são neces-sárias, você precisa ter certeza sobre o que pretende analisar. Para definir o objeti-vo de sua análise, consulte o Capítulo 6 "Analise o Orçamento Criança e Adoles-cente", que indica as principais possibilidades analíticas a partir do OCA e os res-pectivos dados necessários para processá-las.

Em geral, é possível apurar o Orçamento Criança e Adolescente a partir da evolução dosorçamentos anuais e da evolução da execução orçamentária. Para chegar a con-clusões sobre as previsões de gastos a cada ano, é necessário analisar as informa-ções constantes da LOA. Essa abordagem oferece conclusões gerais sobre a con-cepção inicial do orçamento e a estratégia para enfrentar a situação da criança edo adolescente. Já a análise do resultado da execução do orçamento permite ava-liar a real destinação de recursos para promover e proteger a criança e o adoles-cente e oferece elementos para acompanhar imediata e diretamente as realiza-ções dos governos. Disso resulta a identificação de duas bases de dados possíveispara o cálculo do OCA:

(a) Base do Orçamento Anual: dados constantes da Lei do Orçamento Anual.

(b) Base da Execução Orçamentária: dados disponíveis em relatórios de acompa-nhamento da execução orçamentária.

Estratégias distintas de mobilização são necessárias para obter essas bases de dados. En-quanto a LOA é publicada e, portanto, relativamente acessível, os relatórios de exe-cução orçamentária não estão condicionados a formatos predefinidos ou mesmo àpublicação obrigatória, o que torna mais complexa sua obtenção. Nas seções seguin-tes, apresentamos orientações para se conseguir cada um deles.

Formalizar uma solicitação às autoridades públicas, dirigida preferencialmente ao Secre-tário de Planejamento ou da Fazenda por uma organização representativa, é uma açãorecomendável para obter esses dados. Tais solicitações estão amparadas, sobretudo,pelo princípio constitucional de publicidade das ações e realizações públicas, assimcomo pela Lei Complementar nº 101/ 2000, que reafirma o direito a informações so-bre o orçamento e a execução orçamentária. Outro caminho possível é solicitar ao

3.1. DADOS NECESSÁRIOS

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CONSULTE A LEGISLAÇÃOSão instrumentos datransparência dagestão fiscal, aosquais deverá ser dadaampla divulgação,inclusive em meioseletrônicos de acessopúblico: os planos,orçamentos e leis dediretrizesorçamentárias; asprestações de contase o respectivo parecerprévio; o RelatórioResumido daExecuçãoOrçamentária e oRelatório de GestãoFiscal; e as versõessimplificadas dessesdocumentos.

Lei Complementar101/00, art. 48

Secretário de Assistência Social ou equi-valente, ou ainda ao Secretário-executivodo Fundo dos Direitos da Criança e doAdolescente de seu município ou estado.No Anexo I há um modelo de ofício paraa requisição de informações.

3.2. BASE ORÇAMENTO ANUAL

Para dispor da Base Orçamento Anual, devem-se obter os quadros integrantes da Lei deOrçamento Anual (LOA). Por determi-nação legal, a LOA é publicada antes doinício do exercício, normalmente na últi-ma quinzena de dezembro, no Diário Ofi-cial do município ou do estado ou mesmoem um jornal de grande circulação. Con-tudo, nem sempre os quadros são publica-dos na íntegra, devido ao grande volumeque representam. Nesse caso, eles ficamdisponíveis em local público para consul-ta. Em geral, após a aprovação pelo Leg-islativo, o Executivo publica, no formatode livro, o texto propriamente dito da leiorçamentária acompanhado do conjuntode quadros exigidos pela Lei nº4.320/1964. Essa publicação, que costu-ma ser constituída por dois volumes oumais, normalmente pode ser encontradanas Secretarias de Planejamento ou deFazenda ou ainda na Presidência ouComissão de Orçamento da Câmara Mu-nicipal ou Assembléia Legislativa, con-forme for o caso. Entre esses quadros, va-mos encontrar o que nos permite apuraro Orçamento Criança e Adolescente.

Para a fase do cálculo funcional do OCA, énecessário que você identifique, dentreos quadros da LOA, o Quadro Demons-trativo de Despesas (veja Quadro 5). OQDD apresenta a discriminação da des-pesa por cada órgão da administração,com as respectivas ações (projetos e ati-vidades) acompanhadas da previsão degastos por grupo de despesa. Cada açãovem acompanhada de uma codificaçãoexigida por lei, que se chama classifica-ção funcional-programática. A partir dainterpretação dessa codificação, vocêpoderá selecionar as ações e despesasque serão parte do OCA.

3.3. BASE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

As informações relativas à Base Execução Orça-mentária exigem maior persistência, poisnão há obrigação legal expressa de di-vulgação de relatório periódico de exe-cução orçamentária por ação (projeto eatividade). A Constituição Federal, ra-tificada pela Lei Complementar nº101/2000, Lei de Responsabilidade Fis-cal, determina a publicação, até 30 diasapós o encerramento de cada bimestre,do Relatório Resumido de Execução Orça-mentária (RREO). Embora compostopor vários demonstrativos referentes àexecução da receita e da despesa, os for-matos dos demonstrativos integrantesdo RREO não trazem a discriminaçãodas despesas realizadas por ação orça-mentária, o que não permite a apuração

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Atuando para obter asinformações

TEMPO RUIMApesar de tratar-se de um direito constitucional,o acesso às informações sobre as finançaspúblicas, sobretudo aquelas relativas àexecução do orçamento, costuma apresentardificuldades. É sempre importante oficializar asolicitação, endereçando-a para a autoridadepública adequada, preferencialmente aosecretário responsável pela administraçãodessas informações (Secretário da Fazenda oudo Planejamento), com um prazo razoável paraatendimento como, por exemplo, 15 dias. Emcaso de negativa, deve-se tentar o prefeito ou ogovernador, ou mesmo o presidente da CâmaraMunicipal ou Assembléia Legislativa, os quaistêm poderes para demandar oficialmente asinformações. Na situação limite em que asinformações não são disponibilizadas,resta acionar o Ministério Públicoem defesa do direito à informaçãopública. Para mais informações,veja a seção 1.4. "Como Conseguiros Dados para Calcular o OrçamentoCriança e Adolescente",no Capítulo 1 do caderno“Promovendo o Controle Social”.

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Defina qualanálisepretenderealizar

SIGA POR AQUIPara saber qual basede dados buscar(orçamento anual ouexecuçãoorçamentária), épreciso que vocêdefina previamentequal análise pretenderealizar, conforme asorientações doCapítulo 6 "Analise oOrçamento Criança eAdolescente".

do OCA. Vale citar que tais formatos dedemonstrativos são definidos pela Se-cretaria do Tesouro Nacional (STN),do Ministério da Fazenda.

De fato, para apurar a partir da Base ExecuçãoOrçamentária, necessitamos de um qua-dro com o formato básico do Quadro De-monstrativo de Despesas (QDD), quetraga a discriminação de projetos/ativida-des com a devida classificação funcional-programática, e com os dados referentesàs despesas empenhadas, liquidadas e pa-gas para o período desejado. Caso isso es-teja suficientemente claro para você, váem frente! Contudo, caso você queira teruma justificativa legal para obter um qua-dro nesse formato, ou mesmo dispor deuma referência que prove que sua solici-tação não é excessiva, solicite seu de-monstrativo com base nos demonstrati-vos previstos no RREO, com as comple-mentações necessárias, para atender àsnecessidades do Orçamento Criança eAdolecente, conforme descrito a seguir.

Entre os demonstrativos previstos no RREO, odemonstrativo de despesas por função e sub-função é o que mais se aproxima das nos-sas necessidades (veja Quadro 6). O de-monstrativo traz a discriminação de fun-ção e subfunção e os detalhes das despe-sas (empenhadas e liqüidadas), validandoa perspectiva de que são informações le-galmente pertinentes para divulgação.Faltará apenas introduzir uma coluna in-

dicando as despesas pagas para que vocêtenha em mãos todos os valores da execu-ção orçamentária, e possa solicitar queele seja discriminado para todas as secre-tarias com suas respectivas ações (proje-tos/atividades). Lembre-se de que as áreasde saúde, educação e assistência social outrabalho são as que concentram a maioriadas despesas a ser apurada (veja a seção2.4 "Atuando Junto ao Poder Executivo",do Capítulo 2 do Caderno “Promovendoo Controle Social”). Com essas modifica-ções, vamos chamá-lo de Relatório de Exe-cução Orçamentária por Órgão, Projetos eAtividades (RexO) que, na prática, cons-titui-se em um Quadro Demonstrativo deDespesas (QDD), com a discriminação dedotação inicial, despesas empenhadas, li-qüidadas e pagas, para um período solici-tado (veja Quadro 7).

3.4. LEITURA DO ORÇAMENTO

Uma vez obtida a base correta de informações,o próximo passo é selecionar as açõesgovernamentais que deverão compor oOrçamento Criança e Adolescente. Nocálculo funcional, tanto para a BaseOrçamento Anual quanto para a BaseExecução Orçamentária, é preciso saberfazer a leitura do orçamento. Isto sig-nifica saber ler a dotação orçamentáriapara identificar os projetos e atividadescorretos, que representam as ações aserem incluídas.

CONSULTE A LEGISLAÇÃOO Poder Executivo publicará, até 30 dias após oencerramento de cada bimestre, relatório resumido daexecução orçamentária.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL,ART. 165, 3º

O relatório resumido da execução orçamentáriaabrangerá todos os poderes e o Ministério Público, serápublicado até 30 dias após o encerramento de cadabimestre e composto de:I - Balanço orçamentário, que especificará por categoriaeconômica as:

a) Receitas por fonte, informando as realizadas e arealizar, bem como a previsão atualizada.b) Despesas por grupo de natureza, discriminando adotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo.

II - Demonstrativos da execução das:a) Receitas, por categoria econômica e fonte,especificando a previsão inicial, a previsão atualizadapara o exercício, a receita realizada no bimestre, arealizada no exercício e a previsão arealizar.b) Despesas, por categoria econômicae grupo de natureza da despesa,discriminando dotação inicial,dotação para o exercício,despesas empenhada eliquidada, no bimestre eno exercício.c) Despesas, por função esubfunção.

Lei Complementar no101/00, art. 52

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Conforme já foi mencionado, no orçamento asobras e os serviços a serem realizados sãoprogramados na forma de projetos e ativi-dades. Projetos e atividades são os títulosdas ações governamentais que cada órgãoestá autorizado a implementar, acompa-nhados dos respectivos créditos orçamen-tários destinados ao pagamento das despe-sas de pessoal, compra de bens e contrata-ção de obras e serviços durante o períodode um ano. Esses projetos e atividadesaparecem de modo claro no Quadro deDetalhamento de Despesas (QDD).

De acordo com a legislação em vigor, cada pro-jeto e atividade deve ser classificado se-gundo a sua natureza, tanto para ajudarna apreciação das ações e despesas pro-gramadas, quanto para possibilitar acontabilidade nacional, de forma unifi-cada, dos gastos governamentais.

Em geral, os projetos e atividades encontram-sealocados pelo órgão e unidade orçamen-tária (secretaria, superintendência, fun-do, empresa, fundação, administraçãoregional, autarquia etc.) responsável pe-la sua implementação. Em alguns entespúblicos, ela pode receber outro nome,como unidade de despesa ou unidade degestão. Ora, quando localizamos um pro-jeto ou atividade em uma unidade orça-mentária, vemos que ele está ligado aum outro título mais abrangente de açãoque se chama programa. O programa éum conjunto de projetos e atividadesque contribuem para o alcance de ummesmo objetivo. Trata-se de uma agre-gação concebida para conferir à defini-ção das ações caráter mais sistemático depolítica pública.

Os projetos e as atividades, por sua vez, en-contram-se classificados conformefunções e subfunções, que descrevemgrandes áreas de atuação do Poder Pú-blico. As subfunções podem ser com-binadas com funções diferentes daque-las a partir das quais se originaram, oque chamamos de subfunção cruzada.Desse modo, é possível, por exemplo,classificar um projeto ou atividade nafunção Administração e, ao mesmotempo, em uma subfunção integrante

da função Assistência Social, como,por exemplo, a subfunção Assistênciaà Criança e ao Adolescente.

Além disso, em cada projeto ou atividade, osgastos previstos são classificados confor-me sua categoria econômica, grupo dedespesa e elemento de despesa. Cadaelemento de despesa determina um tipode gasto, estabelecendo se os recursos sãodestinados, por exemplo, para gastos compessoal, com obrigações patronais, equi-pamentos e materiais permanente e assimpor diante. Em cada elemento de despe-sa, os créditos orçamentários podem seralocados segundo as fontes de recursosque os financiam. As modalidades deaplicação destacam o ente público ou pri-vado a que se destinam as despesas, o que,entretanto, não é obrigatório.

Toda essa classificação aparece no orçamentocomo uma codificação dos projetos/ativi-dades, recebendo o nome de classifica-ção funcional-programática. Ela se re-veste de grande importância para a pro-gramação das ações governamentais,pois oferece sinteticamente subsídios pa-ra analisar de modo qualitativo as finali-dades das ações e a natureza dos gastosprevistos no orçamento. Na realidade, afuncional-programática representa a jun-ção de quatro classificações:

(a) Classificação institucional: codificação,cujo padrão é definido por cada ente pú-blico, destinada a identificar órgãos eunidades orçamentárias.

(b) Classificação funcional: codificação obri-gatória e padronizada para estados,municípios e União, oriunda da Porta-ria MOG n° 42, de 14 de abril de 1999(vide Anexo II), que discrimina a des-pesa por funções conforme estabeleceo inciso I do § 1º do art. 2º e § 2º doart. 8º da Lei n.º 4.320/64.

(c) Classificação programática: codificação,cujo padrão é definido por cada ente pú-blico, destinada a identificar os objeti-vos executivos para os quais as despesasestão programadas (programa, projeto,atividade e operação especial).

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Confira sempremudanças naclassificaçãofuncional-programática

TEMPO NUBLADOVerifique sempre, junto àSecretaria do TesouroNacional (STN), Ministériodo Planejamento,Orçamento e Gestão (MP)ou à Secretaria deOrçamento Federal (SOF),a existência de eventuaismudanças ouatualizações dos quadrosde Função, Subfunção eNatureza de Despesa.Essas três classificaçõessão iguais para as trêsesferas de governo.Confirme, ainda, junto aosórgãos responsáveispelos orçamentos, nosmunicípios, estados eUnião sobre possíveismudanças naclassificação das fontesde recursos e dasmodalidades deaplicação realizadas poressas esferas, pois essassão diferentes para cadaente da Federação.

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TEMPO RUIMOs demonstrativos do RelatórioResumido de ExecuçãoOrçamentária (RREO) não são

adequados para o cálculo doOCA, porque trazem

informações muito agregadas.Dois deles (Despesas por

Função e Subfunção e

Execução das Despesas porCategoria Econômica), porém,podem servir como referênciaquanto ao formato de apresentaçãodas despesas. De qualquer modo,lembre-se: o que você precisa é deum Quadro de Detalhamento dasDespesas (QDD) contendo os dadossobre a execução orçamentária.

Demonstrativos oficiais não são adequadospara o Orçamento Criança

Codificação válida para municípios, estados e União,do programa de trabalho orçamentário, conforme aclassificação e a estrutura correspondente decódigos prevista no Anexo 5 da Lei nº 4.320/64, comalterações realizadas pela Portaria MOG n° 42, de14 de abril de 1999, que “atualiza a discriminaçãoda despesa por funções de que tratam o inciso I do§ 1º do art. 2º e § 2º do art. 8º, ambos da Lei n.º4.320/64, estabelece os conceitos de função,subfunção, programa, projeto, atividade, operaçõesespeciais.”

Função: maior nível de agregação, que designa asatribuições permanentes da administração, ou seja,suas áreas de atuação. É padronizada paramunicípios, estados e União. Ex.: 10 - Saúde.

Subfunção: representa uma partição da função, visandoagregar determinado subconjunto de despesas eidentificar a natureza básica das ações que sedistribuem em torno das funções. Podem sercombinadas com funções diferentes, sendochamadas de subfunções cruzadas: a programaçãode um órgão, via de regra, será classificada em umaúnica função, ao passo que a subfunção seráescolhida de acordo com a especificidade de cadaação ou projeto/atividade. É padronizada paramunicípios, estados e União. Ex.: 306 - Alimentação eNutrição.

Programa: conjunto de ações que concorrem paraum objetivo comum preestabelecido, mensuradopor indicadores instituídos no Plano Plurianual(PPA), visando a solução de um problema ou aoatendimento de determinada necessidade oudemanda da sociedade. O programa é o nível

integrador entre o PPA e o orçamento. Em termosde estruturação, o plano termina e o orçamentocomeça no programa. Cada administração tem aliberdade de definir os títulos de seus programas.Ex.: 1061 - Brasil Escolarizado.

Atividade: é o instrumento de programação utilizadopara alcançar o objetivo de um programa,envolvendo um conjunto de operações que serealizam de modo contínuo e permanente, das quaisresulta um produto ou serviço necessário àmanutenção da ação dos governos. Cadaadministração tem a liberdade de definir os títulosde suas atividades. Ex.: 6351 - Produção eDistribuição de Periódicos para a Educação Infantil.

Projeto: é o instrumento de programação paraalcançar o objetivo de um programa, envolvendo umconjunto de operações, limitadas no tempo, dasquais resulta um produto que concorre para aexpansão ou aperfeiçoamento da ação dosgovernos. Cada administração tem a liberdade dedefinir os títulos de seus projetos. Ex.: 1001 -Construção,Ampliação e Modernização de Creche.

Operação especial: despesas em relação às quais nãose pode associar, no período, a geração de um bemou serviço, tais como dívidas, ressarcimentos,transferências, indenizações, financiamentos eoutras afins. Ou seja, são aquelas despesas nasquais o administrador incorre, mesmo sem combinarfatores de produção para gerar produtos, isto é,seriam neutras em relação ao ciclo produtivo sobsua responsabilidade. Ex.: 0047 - Fundo deManutenção e Desenvolvimento do EnsinoFundamental e de Valorização do Magistério(Fundef).

O que é a classificação funcional-programática

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O que é classificação por natureza da despesa

Classificação da despesa determinada pela Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001, que se destina a identificar oobjeto do gasto previsto, padronizando o registro contábil para municípios, estados e União dos gastos dos entes.

Categoria econômica: classificação da despesa segundo sua finalidade econômica, que se desdobra em duas categorias, com seurespectivo código:3 – Despesas Correntes: classificam-se nesta categoria todas as despesas que não contribuem diretamente para a formação ouaquisição de um bem de capital.4 – Despesas de Capital: classificam-se nesta categoria aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formação ouaquisição de um bem de capital.

Grupo de despesa: é a agregação de elementos de despesa que apresentam as mesmas características quanto ao objeto de gasto.São seis os Grupos de Despesa, conforme se segue, com o seu respectivo código: 1 – Pessoal e Encargos Sociais; 2 – Juros eEncargos da Dívida; 3 – Outras Despesas Correntes; 4 – Investimentos; 5 – Inversões Financeiras; 6 – Amortização da Dívida.

Fonte de recursos: visa identificar a origem dos recursos (do Tesouro, Operações de Crédito,Transferências Voluntárias, Fundef etc.)que financiam os elementos de despesa; um elemento de despesa pode dispor de mais de uma fonte distinta para seufinanciamento; cada ente público (município, estado e União) define sua classificação.

Modalidade de aplicação: tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito damesma esfera de governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas entidades, e objetiva eliminar a dupla contagem dosrecursos transferidos ou descentralizados. Elas podem ser dos seguintes tipos: 10 – Transferências Intragovernamentais; 20 –Transferências à União; 30 – Transferências a estados e ao Distrito Federal; 40 – Transferências a Municípios; 50 – Transferências aInstituições Privadas sem Fins Lucrativos; 60 – Transferências a Instituições Privadas com Fins Lucrativos: despesas realizadasmediante transferência de recursos financeiros a entidades com fins lucrativos que não tenham vínculo com a administração pública;70 – Transferências a Instituições Multigovernamentais; 80 – Transferências ao Exterior; 90 – Aplicações Direta; 99 – A Definir.

Elemento de despesa: tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias,material de consumo, serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos ematerial permanente, auxílios, amortização e outros de que a administração pública se serve para a consecução de seus fins.

(d) Classificação das despesas: codificação quebusca identificar o objeto do gasto pre-visto, a qual é obrigatória e padronizadapara estados, municípios e União, no ca-so de categoria econômica, grupo dedespesa e elemento de despesa, e nãoobrigatória e de padrão definido pelopróprio ente, no caso de modalidade deaplicação e fonte de recursos.

A codificação é composta por diversos dígitosem seqüência. A partir da leitura dacodificação fornecida pela classifica-ção funcional-programática, podemosidentificar adequadamente as açõesque compõem o Orçamento Criança eAdolescente. Para compreendê-la, épreciso entender o que cada dígito sig-nifica. De fato, embora a ordem do sig-nificado dos dígitos não mude, o totalde dígitos da classificação funcional-programática pode variar para a identi-

ficação de algumas das variáveis que acompõem. Isso resulta do fato de so-mente os códigos referentes à classifi-cação funcional (função e subfunção)e parte dos referentes à classificaçãodas despesas (categoria econômica,grupo de despesa e elemento de despe-sa) serem padronizados. Os demais có-digos relativos às classificações institu-cional e programática e à outra parteda classificação das despesas (modali-dade de aplicação e fonte de recursos),são livremente definidos por cada entepúblico (município, estado e União).

Com o objetivo de simular a estrutura da classi-ficação funcional-programática, toma-mos como referência a codificação prati-cada pela União, como mostra o Quadro8, excluindo as classificações que apenasela processa. Nela, a quantidade de dígi-tos totaliza 22 algarismos, ordenados na

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seqüência, de modo que os primeiros dí-gitos indicam o órgão e a unidade orça-mentária, seguidos da função e subfun-ção, e os últimos algarismos representamo elemento de despesa acompanhado docódigo da fonte de recursos. Na últimalinha do Quadro, observa-se um exem-plo de classificação funcional-programá-tica com a respectiva interpretação doscódigos. No Quadro 9, encontra-se umabreve amostra da diferença de quantida-de de dígitos na classificação funcional-programática entre o estados de SãoPaulo e o do Ceará e o município deFortaleza. Para mais exemplos de inter-pretação da classificação, consulte oAnexo III "Lendo o Orçamento".

De qualquer modo, muita atenção. É possívelque alguns municípios e estados intro-duzam, em sua classificação funcional-programática, variáveis adicionais. Al-guns entes públicos chegam a desdobrarseus projetos/atividades em subproje-tos/subatividades, conferindo-lhes nu-meração de identificação que aparece nacodificação. Outros introduzem umaidentificação complementar chamadalocalizador do gasto, para classificar umpossível subtítulo do projeto/atividade.A própria União apresenta essa últimaclassificação, assim como o Identificadorde Operações de Crédito. Além disso,muitos fundem as classificações de fontede recursos com modalidade de aplica-ção, tornando-as uma codificação únicade dois dígitos. Vale lembrar ainda que,para diferenciar os orçamentos fiscal, deinvestimento e da seguridade social, écostume introduzir-se uma letra paraidentificá-los, respectivamente, por “F”,“I” e “S” ou mesmo outros códigos.

CONSULTE A LEGISLAÇÃO A dotação global denominada "Reserva de Contingência",

permitida para a União no Art. 91 do Decreto-Lei n.º 200, de 25 defevereiro de 1967, ou em atos das demais esferas de Governo, a ser

utilizada como fonte de recursos para abertura de créditos adicionais epara o atendimento ao disposto no Art. 5º, inciso III, da Lei Complementarn.º 101/2000, sob coordenação do órgão responsável pela suadestinação, será identificada nos orçamentos de todas as esferas deGoverno pelo código "99.999.9999.xxxx.xxxx", no que se refere àsclassificações por função e subfunção e estrutura programática, onde o"x" representa a codificação da ação e o respectivo detalhamento."

Portaria no 163/2001, art. 8º

O que é subfunção cruzada

As funções são classificações das finalidades gerais dasações governamentais. Para cada função, a normaestabelece um grupo de subfunções, que servem paracaracterizar finalidades específicas dessas ações.Uma subfunção, entretanto, não se presta apenas acaracterizar a especificidade de uma ação no âmbitoexclusivo de sua função original. Devido à complexidade daação governamental e, ao mesmo tempo, da necessidadede precisar melhor sua classificação, a legislação permitecorrelacionar as subfunções com qualquer função.

Como exemplo, sabemos que é possível ter ações voltadaspara a informatização tanto no âmbito da saúde,quanto noda educação.Desse modo,podemos ter a subfunção 126"Tecnologia da Informação", originalmente vinculada àfunção Administração,aparecendo nas seguintesclassificações, respectivamente conforme os exemplos:Função 10 – Saúde/ 126 "Tecnologia da Informação" eFunção 12 – Educação/ 126 "Tecnologia da Informação".Essa possibilidade de uso das subfunções se chamasubfunção cruzada.

Onde encontraras basesde dados SIGA POR AQUIPara conseguir a BaseOrçamento Anual, procureo livro publicado da Leido Orçamento Anual comseus quadros anexos. Jápara conseguir a BaseExecução Orçamentária,solicite, na Secretaria daFazenda ou dePlanejamento, a emissãodo demonstrativo para operíodo determinado quedenominamos deRelatório de ExecuçãoOrçamentária por Órgão,Projetos e Atividades(RexO). Ele é o RelatórioResumido de ExecuçãoOrçamentária publicadobimestralmente, comalterações quediscriminam dotaçãoinicial, despesasempenhadas, liquidadas epagas para o períodosolicitado.

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ESPECIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA VALOR Projetos e Funcional-programática (R$)

Atividades (*) FUN SUBF PRG ID P/A F C GD M ED PARCIAL TOTAL

Administração da ação educacional

Desenvolvimento profissional e valorização do educador

Fonte: ( * ) Títulos de projetos/atividades simulados.Variam de município para município. Normalmente, a classificação funcional-programática é apresentada como umaseqüência de dígitos sem a distinção dos códigos a que se refere. Pode haver alteração na ordem sequencial dos códigos apresentada nessa simulação ou mesmo ainclusão de outros. – FUN: Código da Função; SUBF: Código da Subfunção ; PRG: Código do Programa; ID: Código Identificador de Projeto ou Atividade; P/A: Número de Ordemdo Projeto ou da Atividade; F: Código da Fonte de Receita; C: Código da Categoria Econômica de Despesa; GD: Código do Grupo de Despesa; M: Código da Modalidade deAplicação; ED: Código do Elemento de Despesa; PARCIAL:Valor autorizado para o elemento de despesa;TOTAL:Valor total autorizado para o projeto/atividade

quadro 5

SIMULAÇÃO DO QUADRO DEMONSTRATIVO DE DESPESAS - QDDÓRGÃO: Secretaria de Educação • UNIDADE ORÇAMENTÁRIA: Secretaria de Educação

FUNÇÃO E DOTAÇÃO CRÉDITOS DOTAÇÃO DESPESAS DESPESAS DESPE-SAS DESPESAS SUBFUNÇÃO INICIAL ADICIONAIS AUTORIZADA EMPENHADAS LIQÜIDADAS PAGAS PAGAS S/

(LEI APÓS (B) (LEI + CRÉDITOS) (D) (E) (F) AUTORIZADOVETOS) (A) (C)=(A)+(B) (G)=(F)/(C) (%)

01 – Legislativa02 – Judiciária03 - Essencial à Justiça04 - Administração05 - Defesa Nacional06 - Segurança Pública07 - Relações Exteriores08 - Assistência Social09 - Previdência Social10 – Saúde11 - Trabalho12 - Educação13 – Cultura14 - Direitos da Cidadania15 - Urbanismo16 – Habitação17 – Saneamento18 - Gestão Ambiental19 - Ciência e Tecnologia20 - Agricultura21 - Organização Agrária22 - Indústria

quadro 6

MODELO DEMONSTRATIVO DE DESPESAS POR FUNÇÃO E SUBFUNÇÃOPeríodo: mês aa/ano bb – mês nn/ano bb

OBS: As subfunções devem ser discriminadas abaixo das respectivas funções.Fonte: Relatório Resumido da Execução Orçamentária – Secretaria do Tesouro Nacional/STN(A) Dotação Inicial – Lei após Vetos: montante de recursos orçamentários alocados na LOA publicada, após os vetos do Prefeito ou Governador, conforme o caso;(B) Créditos Adicionais: montante de recursos agregados ou reduzidos da LOA, em virtude de créditos adicionais suplementares ou especiais, durante o exercício financeiro;(C) Dotação Autorizada – Lei mais/menos Créditos: consiste na Dotação Inicial acrescida das variações (para maior ou para menor) ocorridas no montante de recursos alocados na LOA a uma determinadafuncional-programática ao longo do exercício em razão de créditos adicionais;(D) Despesas Empenhadas: Créditos orçamentários para os quais houve emissão de empenho, estando, assim, comprometidos para a cobertura de despesas com aquisição de bens ou serviços prestados;(E) Despesas Liqüidadas: Créditos orçamentários prontos para pagamento em razão do reconhecimento por parte da Administração Pública de que o bem/serviço foi entregue ou prestado;(F) Despesas Pagas: Pagamentos realizados em favor do fornecedor/prestador devido a um bem entregue ou serviço prestado;(G) Valores Pagos sobre Autorizado(%): Percentual de real comprometimento dos créditos orçamentários autorizados em razão de pagamentos por bens e serviços.

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VARIÁVEL ESTADO DE ESTADO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO CEARÁ FORTALEZA

ÓRGÃO OU UNIDADE ORÇAMENTÁRIA 2 dígitos 2 dígitos 2 dígitos

UNIDADE DE DESPESA 3 dígitos 6 dígitos 3 dígitos

CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL-PROGRAMÁTICA 13 dígitos 15 dígitos: 17 dígitos

Função 2 dígitos 2 dígitos 2 dígitos

Subfunção 3 dígitos 3 dígitos 3 dígitos

Programa 4 dígitos 3 dígitos 4 dígitos

Projeto/Atividade 4 dígitos projeto/atividade: 5 dígitos macrorregião ação: 4 dígitos (total de 9): 2 dígitos localização: 4 dígitos

saúde

ESPECIFICAÇÃO DOTAÇÃO CRÉDITOS DOTAÇÃO DESPESAS DESPESAS DESPESAS DESPESAS (PROJETOS E INICIAL ADICIONAIS AUTORIZADA EMPENHADAS LIQÜIDADAS PAGAS PAGAS S/ ATIVIDADES)* (LEI APÓS (B) (LEI + CRÉDITOS) (D) (E) (F) AUTORIZADO

VETOS) (A) (C) = (A) + (B) (G) = (F)/(C) (%)

Administração da ação educacional

Desenvolvimento profissional e valorização do educador

* Títulos de projetos/atividades simulados. Variam de município para município porque não são padronizados.

4 1 4 2 4 3

quadro 8

ESTRUTURA DA CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL-PROGRAMÁTICA REFERÊNCIA UNIÃO (*)

FUNÇÃO

2 dígitos

08

AssistênciaSocial

SUBFUNÇÃO

3 dígitos

243

Assistênciaà Criança

e ao Adolescente

PROGRAMA

4 dígitos(Em prefeiturase estados, varia

entre 2 a 3 dígitos)

0070

ProteçãoSocial àInfância,

Adolescência eJuventude

FONTE DERECURSOS

3 dígitosdefinidos pelo entepúblico

100

Recursos doTesouro/ RecursosOrdinários

IDENTIFICADOR

Número ímpar (1 , 3, 5 ou 7) indica projeto e par

( 2, 4, 6 ou 8 ) indicaatividade; zero ( 0 ) indica

operação especial (Emprefeituras e estados,

costuma-se usar 1, 2 e 3respectivamente para

projeto, atividade e operação especial)

2

Atividade

CATEGORIAECONÔMICA

1 dígito:Código ( 3 )

indica DespesaCorrente e

código ( 4 ) indica Despesa

de Capital

3

DespesaCorrente

GRUPO DE DESPESAS

1 dígito

3

Outras DespesasCorrentes

MODALIDADEDE

APLICAÇÃO

2 dígitos

40

Transferênciasa Municípios

ELEMENTODE

DESPESA

2 dígitos

30

Material de

Consumo

NUMERAÇÃO DO PROJETO E DA

ATIVIDADE

Numeração sequencial

normalmente de3(três) dígitos

(de 001 a 999)

556

É a atividade denúmero 556-Serviços

de Proteção Sócio-assistencial à Infância

e Adolescência

quadro 7

MODELO RELATÓRIO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA POR ÓRGÃO, PROJETO EATIVIDADES Período: mês aa/ano bb mês nn/ano bb – ÓRGÃO: Secretaria de Educação • UNIDADE ORÇAMENTÁRIA: Secr. de Educação

( * ) Exclui classificação institucional e a classificação própria referente à Esfera Orçamentária, Localizador do Gasto, Identificador de Operação de Crédito - IDOC, Identificador de Uso - IDUSO, Identificador deResultado Primário

quadro 9

CÓDIGOS DA FUNCIONAL-PROGRAMÁTICA EM ENTES PÚBLICOS SELECIONADOS

FUNCIONAL PROGRAMÁTICA DAS DESPESAS

Trad

ução

Ex.

Núm

ero

De D

ígito

s

V

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veis

Tip

o

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O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescenteCALCULEc

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FASE DASELEÇÃO

FUNCIONAL

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Uma vez de posse da base de dados escolhida (veja Capítulo 3) e sabendo ler a classifica-ção funcional-programática, chegou a hora de fazer a apuração do OrçamentoCriança e Adolescente. Você pode seguir os passos da Fase da Seleção Direta, indica-da para quem possui grande domínio da temática orçamentária e da realidade po-lítico-administrativa analisada. Se for assim, vá direto para o Capítulo 5.

Caso você deseje realizar a apuração começando pela Fase da Seleção Funcional, siga asorientações a seguir. Basicamente, nesta fase, você identificará e selecionará asações segundo funções e subfunções previamente indicadas pela Metodologia doOCA. Depois, deverá seguir a Fase da Seleção Direta para chegar ao OCA.

Para viabilizar a Fase da Seleção Funcional, a Metodologia do OCA apresenta a corre-lação das funções e subfunções com as áreas e subáreas de atuação do OrçamentoCriança e Adolescente, conforme mostra o Quadro 10. Ela foi feita para facilitar ainterpretação quanto à correspondência mais lógica e provável entre ambas, poiscada ente público tem a liberdade para classificar funcionalmente seus proje-tos/atividades, não havendo uma vinculação padronizada entre as áreas e subáreascom a função/subfunção. Por isso, é possível que, para alguns entes, essa correla-ção apresente algumas diferenças. Entretanto, tal possibilidade é pequena, devidoà própria generalidade da classificação funcional. Além disso, caso ocorra, é tam-bém verificável, a partir das orientações complementares da Seleção Direta.

Conhecidas as justificativas da correlação entre as funções e subfunções orçamentárias eas áreas e subáreas do OCA, conforme descrição na seção 4.2., você pode realizarcom segurança a Seleção Funcional. Para tanto, de posse do Quadro de Detalha-mento de Despesas (QDD) (Base Orçamento Anual) ou do Relatório de Execu-

4.1.APURANDO A PARTIR DA SELEÇÃO FUNCIONAL

Com os dados nas mãos e sabendo fazer a leitura correta da

classificação funcional, você pode partir para o cálculo do

Orçamento Criança e Adolescente. Se você pretende seguir a

recomendação da Metodologia do OCA, que sugere a combinação

da Fase da Seleção Funcional, na qual a apuração começa a partir

da seleção de funções e subfunções do orçamento, e prossegue

com a Seleção Direta, siga as orientações abaixo. Caso você opte

pela Fase da Seleção Direta, analisando cada projeto/atividade,

então vá para o Capítulo 5 "Calcule o Orçamento Criança e

Adolescente – Fase da Seleção Direta".

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ção Orçamentária por Órgão, Projetos eAtividades (RexO) (Base Execução Or-çamentária), você deve, então, identifi-car e selecionar os projetos/atividadesclassificados nas funcionais-programáti-cas, como mostra a Planilha Modelo pa-ra o Cálculo do Orçamento Criança eAdolescente (Quadro 11).

Para que o seu trabalho seja produtivo, façauma cópia do Quadro 11, deixando embranco a coluna (E) Funcional Progra-mática. Nessa parte, você deve regis-trar os projetos e as atividades selecio-nados de modo a criar um arquivo pa-ra posterior conferência e avaliação.Lembre-se de escrever o título dasações levantadas, pois eles serão im-portantes para dar consistência. Visitetambém o site www.orcamentocrian-ca.org.br para obter outros subsídiospara seu levantamento.

Uma vez obtidos os valores, basta somá-los pa-ra encontrar o OCA do seu municípioou estado. Nesse sentido, utilize o mo-delo da Tabela 1 "Modelo para Totali-zação do Orçamento Criança e Adoles-

cente/Seleção Funcional" para lançaros valores obtidos a partir do Quadro11. Lembre-se de registrar na coluna(B) o tipo do valor apurado (orçado,empenhado, liqüidado ou pago). Nacoluna (C) "Composição", proceda aocálculo percentual de cada parcela emrelação às Despesas Totais do Orça-mento Criança e Adolescente, confor-me indicado no box “Como Fazer oCálculo Proporcional do OrçamentoNão Exclusivo”.

4.2. CORRELAÇÃO DAS FUNÇÕES ESUBFUNÇÕES

Para que a correlação sintetizada no Quadro 10seja mais bem compreendida, mostra-mos a seguir as principais consideraçõesque orientaram a escolha das funções esubfunções para representar as áreas esubáreas destacadas em cada esfera prio-ritária de ação.

I – SAÚDE: coberta pelas funções orçamentá-rias saúde, saneamento e habitação daseguinte forma:

Como fazer o cálculoproporcional do orçamentonão exclusivoSIGA POR AQUIPara o cálculo doorçamento nãoexclusivo pelo númerode crianças de seumunicípio(proporcionalidade decrianças), faça oseguinte:a. Obtenha asinformações sobre ototal da população(poptotal) e aquantidade de crianças(criançatotal) em seumunicípio/Estado noIBGE;b. Realize o cálculo aseguir: valor apuradodo OCA x (criançatotal÷ poptotal) Lembre-se que se tiverestatísticas maisapropriadas do que arazão populacionalpara realizar o cálculoda proporcionalidade,a mais exata deveráser usada.

PASSO 1Escolha com qual base de dados vai trabalhar(Base Orçamento Anual ou Base ExecuçãoOrçamentária) para poder selecionar odemonstrativo entre aqueles indicados nascolunas (C) ou (D) do Quadro 11.

PASSO 2Escolha com que tipo de valor vai trabalhar:valor orçado, valor empenhado, valor liquidado ou valor pago e anote na coluna (G)do Quadro 11.

PASSO 3Identifique, em cada órgão (Secretarias de Saúde, de Educação, de AçãoSocial ou equivalentes), os projetos/atividadescuja classificação funcional-programáticacontenha as funções/subfunções indicadas nacoluna (E) do Quadro 11 para todas áreas esubáreas (coluna (A)), agregando-asseparadamente.

PASSO 4Calcule as demais funções indicadas(Saneamento, Habitação, Cultura e Desporto eLazer), identificando, no demonstrativo para cadaórgão pertinente (Secretaria de Obras ou deServiços Urbanos ou ainda de Administração,Secretaria de Cultura e Esporte ou equivalente),os projetos/atividades cuja classificaçãofuncional-programática contenha asfunções/subfunções indicadas na coluna (E).

PASSO 5Faça o cálculo da proporcionalidade pelo númerode crianças no município para as funcionaisindicadas como “NEx“ na coluna (F) "Tipo deOCA", por se tratar de orçamento não exclusivo.

PASSO 6Lance os valores obtidos na Tabela 1 "Modelopara Totalização do Orçamento Criança e Adolescente/Seleção Funcional" para consolidar a apuração do OCA.

PASSOS PARA A FASE DA SELEÇÃO FUNCIONAL

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FUNÇÃO 10 – Saúde: em virtude denão ser possível identificar precisa-mente o que se destina à criança e aoadolescente por via das subfunções e,portanto, constituírem benefícios in-diretos para eles, considera-se o valorproporcional da função, envolvendotanto as subfunções próprias (códigos301 a 306), quanto as subfunções cru-zadas (isto é, pertencentes a outrasfunções e vinculadas à Saúde), espe-cialmente as correlacionadas a Pesqui-sas (códigos 571 a 573) e a AtividadesAdministrativas (códigos 121 a 124,126, 128 e 131) que estiverem sob es-sa função.

FUNÇÃO 17 – Saneamento: considera-se somente o valor das subfunções pró-prias (códigos 511 e 512), havendo apossibilidade de inclusão da subfunçãocruzada Infra-estrutura Urbana (código451); para as subáreas Abastecimento deÁgua e Coleta de Lixo, indica-se a apu-ração da subfunção cruzada Serviços Ur-banos (código 452), registrando-se apossibilidade delas serem classificadastambém nos códigos 551 e 512 ou ain-da sob a funções Administração (código04), Urbanismo (código 15) ou GestãoAmbiental (código 18) nas subfunçõesmencionadas; trata-se de orçamentonão exclusivo sujeito à proporcionali-

dade pela população de crianças e ado-lescentes presentes no total da popula-ção do município ou estado.

FUNÇÃO 16 – Habitação: considera-sesomente o valor das subfunções próprias(códigos 481 e 482) mais a subfunçãocruzada Infra-estrutura Urbana (código451), caso apareça sob essa função; orça-mento não exclusivo sujeito à propor-cionalidade pela população de criançase adolescentes presentes no total da po-pulação do município ou estado.

II – EDUCAÇÃO: coberta pelas funções orça-mentárias Educação, Cultura e Desportoe Lazer da seguinte forma:

FUNÇÃO 12 – Educação: em virtudedessas despesas beneficiarem direta-mente a criança e o adolescente emsuas diversas fases de crescimento, comexceção das despesas com Ensino Su-perior, considera-se o valor total dafunção, envolvendo tanto as subfun-ções próprias (códigos 361 a 365); maisas subfunções cruzadas Formação de Re-cursos Humanos (código 128), Assistên-cia à Criança e ao Adolescente (código243), Alimentação e Nutrição (código306), Assistência aos Povos Indígenas(código 423) e Transportes Especiais(código 785); as despesas correlaciona-das a Pesquisas (códigos 571 a 573) e aAtividades Administrativas (códigos 121a 124, 126, 128 e 131), caso apareçamsob essa função, são consideradas orça-mento não exclusivo sujeito à propor-cionalidade pela população de criançase adolescentes presentes no total dapopulação do município ou estado.

FUNÇÃO 13 – Cultura: considera-se so-mente o valor da subfunção própria Di-fusão Cultural (código 392); orçamentonão exclusivo sujeito à proporcionalida-de pela população de crianças e adoles-centes presentes no total da populaçãodo município ou estado; possibilidade declassificação das subfunções menciona-das como subfunções cruzadas sob a fun-ção Assistência Social (código 08) ou declassificação das ações em subfunções daAssistência Social na função Desporto e

TEMPO NUBLADOA seleção de áreas e ações quedevem integrar o OrçamentoCriança e Adolescente foi feita apartir dos documentos Um Mundopara as Crianças e Pacto pela Paz.A partir dessa base, foram definidasquais delas devem serconsideradas não exclusivas,visando conferir maior realismo àapuração. Nessa perspectiva, foramidentificadas como ações voltadaspara adultos, a serem consideradasintegralmente, apenas o Combate àMortalidade Materna e a

Alfabetização de Adultos. Por suavez, para a Seleção Funcional,optou-se por considerar assubfunções 126 – Tecnologia daInformação e 128 – Formação deRecursos Humanos como exclusivassomente na área 2 – Educação. Dequalquer modo, vale a regra geral:se você tiver informações paraconsiderar como parte doOrçamento Exclusivo ou NãoExclusivo, independentemente dasorientações básicas daMetodologia, vá em frente eclassifique corretamente.

Como foi definido o que entra comoorçamento não exclusivo

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Lazer (códigos 243 e 244) – nesses casos,não se trata de orçamento não exclusivodevido à condição de identificação doobjetivo da ação.

FUNÇÃO 13 – Desporto e Lazer: consi-dera-se somente o valor das subfunçõespróprias Desporto Comunitário (código812) e Lazer (código 813); orçamentonão exclusivo sujeito à proporcionalida-de pela população de crianças e adoles-centes presentes no total da populaçãodo município ou estado; possibilidade declassificação das subfunções menciona-das como subfunções cruzadas sob a fun-ção Assistência Social (código 08) ou declassificação das ações em subfunções(códigos 243 e 244) da Assistência Socialna função Desporto e Lazer – nesses ca-sos, não se trata de orçamento não ex-clusivo devido à condição de identifica-ção do objetivo da ação.

III – ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIREITOS DE CI-DADANIA: coberta pelas funções orça-mentárias Assistência Social e Direitos daCidadania da seguinte forma:

FUNÇÃO 08 – Assistência Social: à ex-ceção da subfunção 243 – Assistência àCriança e ao Adolescente, consideram-seas demais, por constituírem benefíciosindiretos para as crianças e os adolescen-tes, pelo valor proporcional ao númerode crianças, envolvendo tanto as sub-funções próprias (códigos 242 a 244); assubfunções cruzadas Empregabilidade(código 333), Fomento ao Trabalho (có-digo 334), Ensino Profissional (código363), Transferências (código 845) e As-sistência aos Povos Indígenas (código423), quanto àquelas correlacionadas aPesquisas (códigos 571 a 573) e a Ativi-dades Administrativas (códigos 121 a 124,126, 128 e 131), caso apareçam sob essafunção; há a possibilidade das ações dequalificação, capacitação e educaçãoprofissional, assim como as de geraçãode renda serem classificadas sob a funçãoTrabalho (código 11) com as subfunções363, 333 e 334. Já as ações de transfe-rência de renda às famílias podem apare-cer, sobretudo nos estados, classificadasna função Direitos da Cidadania (código14) com a subfunção 845.

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Procure semprea prefeitura

TEMPO BOMPara permitir acoerência de seucálculo, procure sempreque possível o órgãoresponsável naSecretaria dePlanejamento ou deFazenda, a fim deconfirmar o realismoda correlação entrefunções/subfunções(Quadro 10) para omunicípio ou estadoque estiver sendoanalisado.

FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES

10 – Saúde301 – Atenção Básica302 – Assistência Hospitalar e Ambulatorial303 – Suporte Profilático e Terapêutico 304 – Vigilância Sanitária 305 – Vigilância Epidemiológica 306 – Alimentação e Nutrição

10 – Saúde571 – Desenvolvimento Científico 572 – DesenvolvimentoTecnológico e Engenharia573 – Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico

17 – Saneamento511 – Saneamento Básico Rural 512 – Saneamento Básico Urbano451 – Infraestrutura Urbana452 – Serviços Urbanos

16 – Habitação481 – Habitação Rural 482 – Habitação Urbana451 – Infraestrutura Urbana

10 – Saúde121 – Planejamento e Orçamento122 – Administração Geral123 – Administração Financeira124 – Controle Interno126 – Tecnologia da Informação128 – Formação de Recursos Humanos131 – Comunicação Social

ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO

1.1. Combate à Mortalidade na Infância e Materna1.2. Promoção da Saúde1.3. Desnutrição1.6. Suporte Profilático/Terapêutico1.7. Controle de Doenças e Agravos1.8. Combate ao HIV/AIDS

1.9. Pesquisas

1.4. Saneamento• Esgotamento Sanitário• Saneamento • Abastecimento de Água• Coleta de Lixo

1.5. Habitação

1.10. Atividades Administrativas

OBSERVAÇÃO

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.

Possibilidade de classificação doAbastecimento de Água e daColeta de Lixo como 452 -Serviços Urbanos ou nas funçõesAdministração, Urbanismo ouGestão Ambiental;

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.

quadro 10

CORRELAÇÃO ENTRE ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO DOORÇAMENTO CRIANÇA E FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO

FUNÇÃO 14 – Direitos da Cidadania: àexceção da subfunção 243 Assistência àCriança e ao Adolescente, consideram-seorçamento não exclusivo, sujeito à pro-porcionalidade pela população de crian-ças e adolescentes presentes no total dapopulação do município ou estado, to-das as subfunções próprias (códigos 421a 423) e outras cruzadas que possamaparecer, sobretudo aquelas referentes a

ações de transferência de renda às famí-lias, especialmente nos estados, classifi-cadas nessa função na subfunção cruza-da Transferências (código 845) ou Ou-tros Encargos Especiais (código 846); de-vem ser excetuadas as despesas correla-cionadas a Pesquisas (códigos 571 a573) e a Atividades Administrativas (có-digos 121 a 124, 126, 128 e 131), casoapareçam sob essa função.

1. saúde

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FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES

12 – Educação126 –Tecnologia da Informação243 – Assistência à Criança e ao Adolescente361 – Ensino Fundamental 362 – Ensino Médio363 – Ensino Profissional 365 – Educação Infantil366 – Educação de Jovens e Adultos367 – Educação Especial423 – Assistência aos Povos Indígenas785 – Transportes Especiais845 – Transferências

12 – Educação128 – Formação de Recursos Humanos

12 – Educação306 – Alimentação e Nutrição

13 – Cultura392 – Difusão Cultural

27 - Desporto e Lazer812 – Desporto Comunitário813 – Lazer

12 – Educação 571 – Desenvolvimento Científico572 – Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia 573 – Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico

12 – Educação 121 – Planejamento e Orçamento122 – Administração Geral123 – Administração Financeira124 – Controle Interno131 – Comunicação Social

ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO

2.1. Educação Infantil2.2. Ensino Fundamental2.3. Ensino Médio2.4 Alfabetização de Jovens eAdultos 2.5. Educação Especial 2.6.Ações de Impossível Desagregação 2.8. Combate à Evasão Escolar2.9. Material Didático e TransporteEscolar

2.10. Capacitação e Qualificaçãode Professores

2.7. Alimentação Escolar

2.11. Difusão Cultural

2.12. Desporto e Lazer

2.13. Pesquisas

2.14. Atividades Administrativas

OBSERVAÇÃO

Orçamento Exclusivo: funçãoconsiderada na integralidade.A subfunção 845 - Transferênciaspoderá aparecer especialmenteem Estados, referindo-se arepasses para Municípios.

Orçamento Exclusivo: funçãoconsiderada na integralidade.No caso de Estados, deve serconsiderada a possibilidade daexistência de Ensino Superior,que deve ser excluídoproporcionalmente dessasdespesas.

Orçamento Exclusivo: funçãoconsiderada na integralidade.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças. Possibilidade declassificação da subfunção sob afunção Assistência Social.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.Possibilidade de classificaçãodas subfunções sob a funçãoAssistência Social.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.No caso de Estados,deve ser considerada apossibilidade da existência deEnsino Superior, que deve serexcluído proporcionalmentedessas despesas, antes docálculo proporcional pelapopulação de crianças.

continuação quadro 10

CORRELAÇÃO ENTRE ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO DOORÇAMENTO CRIANÇA E FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO

O que incluir eo que excluirdo cálculo

TEMPO BOMVocê sabe que asfunções e subfunçõesnão guardam perfeitacorrespondência comas áreas de atuaçãodo Orçamento Criançae Adolescente. Pordiversas vezes,você certamenteficará na dúvida sobreo que incluir ou excluir na apuração.Aregra é simples:inclua o que vocêtiver certeza que sedestina à proteção e àpromoção da criançae do adolescente.Exclua o que não tiveressa função.

2. educação

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FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES

14 - Direitos da Cidadania421 – Custódia e Reintegração Social422 – Direitos Individuais, Coletivos e Difusos423 – Assistência aos Povos Indígenas243 – Assistência à Criança e ao Adolescente845 – Transferências846 – Outros Encargos Especiais

08 - Assistência Social243 – Assistência à Criança e ao Adolescente363 – Ensino Profissional 333 – Empregabilidade334 – Fomento ao Trabalho423 – Assistência aos Povos Indígenas845 – Transferências

08 - Assistência Social242 – Assistência ao Portador de Deficiência244 – Assistência Comunitária423 – Assistência aos Povos Indígenas

08 - Assistência Social571 – Desenvolvimento Científico572 – Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia573 – Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico

08 - Assistência Social121 – Planejamento e Orçamento122 – Administração Geral123 – Administração Financeira124 – Controle Interno126 – Tecnologia da Informação128 – Formação de Recursos Humanos131 – Comunicação Social

ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO

3.1. Sistema de Garantia de Direitos • Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes• Criança/Adolescente em Conflito com a Lei• Conselhos Tutelares

3.2. Exploração Sexual3.3.Trabalho Infantil

• Erradicação do Trabalho Infantil• Qualificação e Capacitação Profissional• Educação Profissional

3.4. Assistência Social• Assistência à Criança e ao Adolescente• Geração de Renda

3.5.Transferência de Renda às Famílias

3.4. Assistência Social• Assistência Comunitária

3.6. Pesquisas

3.7. Atividades Administrativas

OBSERVAÇÃO

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças, exceto no caso daSubfunção 243 - Assistência àCriança e ao Adolescente.Possibilidade de classificaçãodas ações de Qualificação eCapacitação Profissional,Educação Profissional e Geraçãode Renda na função 11 –Trabalho.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças.

Orçamento Não Exclusivo,devendo ser consideradoproporcionalmente à populaçãode crianças, exceto no caso daSubfunção 243 - Assistência àCriança e ao Adolescente.Possibilidade da existência deprograma de Transferência deRenda às Famílias.

continuação quadro 10

CORRELAÇÃO ENTRE ÁREAS E SUBÁREAS DE ATUAÇÃO DOORÇAMENTO CRIANÇA E FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO

3. assistência social e direitos da cidadania

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4 quadro 11

PLANILHA PARA A SELEÇãO FUNCIONAL – ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

1. SAÚDE

funções e subfunções (B)BASE DE DADOS

ORÇ.(C)

EX. OR.(D)

funcional- programática (E)

VALOR(G)

TIPODE OCA

(F)

PRIN

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ÃO

ÁREAS E SUBÁREAS

(A)

10 – Saúde• 301 - Atenção Básica QDD RExO OOuuu.10.301.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial QDD RExO Oouuu.10.302.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 303 - Suporte Profilático e Terapêutico QDD RExO Oouuu.10.303.PPPP.i.ppp.ftr. XY.ma.ed NEx• 304 - Vigilância Sanitária QDD RExO Oouuu.10.304.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 305 - Vigilância Epidemiológica QDD RExO Oouuu.10.305.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 306 - Alimentação e Nutrição QDD RExO OOuuu.10.306.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 571 - Desenvolvimento Científico QDD RExO OOuuu.10.571.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia QDD RExO OOuuu.10.572.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 573 - Difusão do Conhecimento Científico QDD RExO OOuuu.10.573.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx

e Tecnológico• 121 – Planejamento e Orçamento QDD RExO OOuuu.10.121.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 122 – Administração Geral QDD RExO OOuuu.10.122.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 123 - Administração Financeira QDD RExO OOuuu.10.123.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 124 – Controle Interno QDD RExO OOuuu.10.124.PPPP.i.ppp.ftr.XYed.ma NEx• 126 -Tecnologia da Informação QDD RExO OOuuu.10.126.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 128 – Formação de Recursos Humanos QDD RExO OOuuu.10.128.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 131 – Comunicação Social QDD RExO OOuuu.10.131.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx17 – Saneamento• 511 - Saneamento Básico Rural QDD RExO OOuuu.17.511.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 512 - Saneamento Básico Urbano QDD RExO OOuuu.17.512.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 451 - Infraestrutura Urbana QDD RExO OOuuu.17.451.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 452 - Serviços Urbanos QDD RExO OOuuu.17.452.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx16 – Habitação• 481 - Habitação Rural QDD RExO OOuuu.16.481.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 482 - Habitação Urbana QDD RExO OOuuu.16.482.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 451 - Infraestrutura Urbana QDD RExO OOuuu.16.451.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx12 – Educação• 126 -Tecnologia da Informação QDD RExO OOuuu.12.126.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 361 - Ensino Fundamental QDD RExO OOuuu.12.361.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 362 - Ensino Médio QDD RExO OOuuu.12.362.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 363 - Ensino Profissional QDD RExO OOuuu.12.363.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 365 - Educação Infantil QDD RExO OOuuu.12.365.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 366 - Educação de Jovens e Adultos QDD RExO OOuuu.12.366.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 367 - Educação Especial QDD RExO OOuuu.12.367.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente QDD RExO OOuuu.12.243.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 423 – Assistência aos Povos Indígenas QDD RExO OOuuu.12. 423.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 785 - Transportes Especiais QDD RExO OOuuu.12.785.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 128 - Formação de Recursos Humanos QDD RExO OOuuu.12.128.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 306 - Alimentação e Nutrição QDD RExO OOuuu.12.306.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 571 - Desenvolvimento Científico QDD RExO OOuuu.12.571.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia QDD RExO OOuuu.12.572.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 573 - Difusão do Conhecimento Científico QDD RExO OOuuu.12.573.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx

e Tecnológico• 121 – Planejamento e Orçamento QDD RExO OOuuu.12.121.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 122 – Administração Geral QDD RExO OOuuu.12.122.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 123 - Administração Financeira QDD RExO OOuuu.12.123.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx

2. educação

PRIN

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5 1 5 2 5 3

ABREVIATURAS DO QUADRO 11• QDD = Quadro Demonstrativo deDespesas• RExO = Relatório de ExecuçãoOrçamentária por Órgão, Projetos eAtividades, discriminando dotação inicial,dotação para o exercício, despesasempenhada, liquidada e paga• Ex = Orçamento Exclusivo• NEx = Orçamento Não Exclusivo sujeito à

proporcionalidade do número de crianças• OOuuu.FF.sss.PPPP.i.ppp. ftr.Xy.ma.ed. =Códigos da funcional-programática

OO = Órgãouuu = UnidadeFF = FunçãoSss = SubfunçãoPPPP = Programa

i = Identificador de projeto, atividade ouoperação especialppp = Número doprojeto/atividade/operação especialftr = Fonte de Recursos X = Categoria Econômica da DespesaY = Grupo de Despesama = Modalidade de Aplicaçãoed = Elemento de Despesa

cont. quadro 11

PLANILHA PARA A SELEÇÃO FUNCIONAL ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

2. educação (continuação)

funções e subfunções (B)ORÇ.(C) EX. O

R. (D)

funcional- programática (E)

TIPODE OCA

(F)

VALOR(G)

PRIN

CIP

AIS

ÁR

EAS

E SU

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EAS

DE

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ÇÃ

O

AT

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DES

AD

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IS-

TR

AT

IVA

S

ÁREAS E SUBÁREAS

(A)

• 124 – Controle Interno QDD RExO OOuuu.12.124.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 131 – Comunicação Social QDD RExO OOuuu.12.131.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx13 – Cultura• 392 - Difusão Cultural QDD RExO OOuuu.13.392.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx27 – Desporto e Lazer• 812 – Desporto Comunitário QDD RExO OOuuu.27.812.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 813 - Lazer QDD RExO OOuuu.27.813.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx

08 – Assistência Social• 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente QDD RExO OOuuu.08.243.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 244 - Assistência Comunitária QDD RExO OOuuu.08.244.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 363 - Ensino Profissional QDD RExO OOuuu.08.363.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 333 - Empregabilidade QDD RExO OOuuu.08.333.PPPP.i.ppp ftr.XY.ma.ed NEx• 334 - Fomento ao Trabalho QDD RExO OOuuu.08.334.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 845 – Transferências QDD RExO OOuuu.08.845.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 423 – Assistência aos Povos Indígenas QDD RExO OOuuu.08.423.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 242 - Assistência ao Portador de Deficiência QDD RExO OOuuu.08.242.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 571 - Desenvolvimento Científico QDD RExO OOuuu.08.571.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia QDD RExO OOuuu.08.572.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 573 - Difusão do Conhecimento Científico QDD RExO OOuuu.08.573.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx

e Tecnológico• 121 – Planejamento e Orçamento QDD RExO OOuuu.08.121.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 122 – Administração Geral QDD RExO OOuuu.08.122.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 123 - Administração Financeira QDD RExO OOuuu.08.123.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 124 – Controle Interno QDD RExO OOuuu.08.124.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 126 -Tecnologia da Informação QDD RExO OOuuu.08.126.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 128 – Formação de Recursos Humanos QDD RExO OOuuu.08.128.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 131 – Comunicação Social QDD RExO OOuuu.08.131.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx12 – Direitos da Cidadania• 421 - Custódia e Reintegração Social QDD RExO OOuuu.12.421.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos QDD RExO OOuuu.12.422.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 243 - Assistência à Criança e ao Adolescente QDD RExO OOuuu.12.243.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed Ex• 423 – Assistência aos Povos Indígenas QDD RExO OOuuu.08.423.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 845 - Transferências QDD RExO OOuuu.12.845.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 846 - Outros Encargos Especiais QDD RExO OOuuu.12.846.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx• 813 - Lazer QDD RExO OOuuu.12.813.PPPP.i.ppp.ftr.XY.ma.ed NEx

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3. assistência social e direitos da cidadania

BASE DE DADOS

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4 tabela 1

MODELO PARA TOTALIZAÇÃO DO ORÇAMENTO CRIANÇA MUNICÍPIO/ESTADO XXXX

SELEÇãO FUNCIONALOrçamento Criança

ESFERAS DE AÇÃO PRIORITÁRIAS EFUNÇÕES GOVERNAMENTAIS (A) VALOR*

(R$) (B)COMPOSIÇÃO

(%) (C)

SaúdeDespesas Totais com Saúde, Saneamento e Habitação• Saúde

• Principais áreas e subáreas de atuação B1 C1• Pesquisas B2 C2• Atividades administrativas B3 C3

• Saneamento B4 C4• Habitação B5 C5

EducaçãoDespesas Totais com Educação, Cultura, Esporte e Lazer• Educação

• Principais áreas e subáreas de atuação B6 C6• Pesquisas B7 C7• Atividades administrativas B8 C8

• Cultura B9 C9• Desporto e Lazer B10 C10

ASSISTÊNCIA SOCIAL E DIREITOS DE CIDADANIADespesas Totais com Proteção Social• Assistência Social

• Principais áreas e subáreas de atuação B11 C11• Pesquisas B12 C12• Atividades Administrativas B13 C13

• Direitos de Cidadania B14 C14orçamento criança e adolescentedespesas totais (D ) 100,00

* Indicar o tipo de valor apurado: orçado, empenhado, liquidado ou pago.OBSERVAÇÃO: Para o cálculo dos percentuais da coluna (C) – Composição, sigaa seguinte fórmula:• Valor de cada Item - Valor da Coluna (B) = B1-14 • Valor percentual de cada Item - Percentual da Coluna (C) = C1-14 • Valor Total do OCA = número encontrado em (D)• Fórmula de cálculo do percentual: C1-14 = (B1-14/ ( D ) – 1) X 100

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O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescenteCALCULEc

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FASE DASELEÇÃO

DIRETA

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5.1.APURANDO A PARTIR DA SELEÇÃO DIRETA

Uma vez processada a Fase da Seleção Funcional do Orçamento

Criança e Adolescente, você deve prosseguir tornando

consistentes as informações obtidas a partir da análise direta

dos projetos/atividades selecionados. Caso detenha maior

domínio sobre finanças e políticas públicas, você pode apurar o

OCA diretamente a partir da interpretação dos projetos e

atividades dos orçamentos.

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No capítulo anterior, foram apresentadas as orientações para apurar o Orçamento Criançae Adolescente a partir da classificação funcional-programática correlacionada comas áreas e subáreas de atuação, discriminadas com base nas três esferas prioritáriasde ação definidas pela Metodologia do OCA (saúde, educação e assistência sociale direitos de cidadania). Com essa Seleção Funcional, a Metodologia oferece con-dições para os segmentos não especializados realizarem o levantamento prelimi-nar, assim como fornece indicações mais objetivas sobre o conteúdo do OCA quese pretende apreender.

Contudo, a idéia geral do Orçamento Criança e Adolescente é muito simples: agregar os gas-tos públicos em favor da criança e do adolescente. O OCA é a identificação e oagrupamento de ações e despesas do orçamento público que permitem identificar,com clareza e objetividade, a quantidade e a qualidade dos recursos destinados àproteção e ao desenvolvimento da criança. Portanto, a sua apuração pode ser fei-ta por meio da seleção direta do orçamento público das ações (projetos/atividades)que estiverem de acordo com as definições da Metodologia.

Para tanto, é necessário que o analista seja excelente conhecedor da temática orçamen-tária e da realidade político-administrativa que estiver em análise. Isso porque,conforme já se abordou anteriormente, o orçamento público é uma lei de carátermarcadamente técnico-contábil, que não mostra clara e diretamente a destina-ção dos recursos por setores sociais nem favorece a leitura das despesas programa-das sob o ponto de vista da implementação de políticas públicas. Desse modo, pa-ra se extrair as informações necessárias à apuração do Orçamento Criança e Ado-lescente sem correlacionar com critérios previamente estabelecidos como a indi-cação de classificações funcionais-programáticas selecionadas (Fase da SeleçãoFuncional), é preciso ser capaz de interpretar o título dos projetos e atividades or-çamentários e conhecer sua finalidade. Isso é possível de ser feito, sobretudo poraqueles que lidam diretamente com o orçamento público ou políticas de prote-ção e promoção da criança e do adolescente.

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O levantamento do Orçamento Criança e Adoles-cente exclusivamente a partir da Fase daSeleção Direta exige os demonstrativosorçamentários, seja da base orçamentoanual, seja da base execução orçamentá-ria. Embora o levantamento seja conduzi-do, basicamente, em torno do conheci-mento e da interpretação direta do ana-lista, é desejável que, enquanto pesquisara estrutura de ações do orçamento, tenhaà disposição o Quadro 3 "Áreas e Subá-reas de Atuação do Orçamento Criança eAdolescente", sobretudo as colunas Áreade Atuação e Subárea de Atuação, comoreferência geral para a seleção e a organi-zação das informações levantadas. Dessemodo, o resultado final do levantamentoacompanhará em mais detalhes os con-teúdos indicados pela Metodologia.

Além disso, a Metodologia recomenda que seelabore um quadro em que as ações e asdespesas selecionadas, com os seus res-pectivos valores, estejam discriminadaspor unidade administrativa (secretaria,fundo, autarquia, empresa, fundaçãoetc.). Esse procedimento confere legiti-midade ao trabalho, na medida em queconstitui um arquivo disponível para di-vulgação, análise e posterior avaliaçãopor interessados.

5.2. BUSCANDO A CONSISTÊNCIA DAFASE FUNCIONAL

Você realizou a Seleção Funcional e dispõeagora do Orçamento Criança e Adoles-cente apurado preliminarmente, segundoas classificações funcionais-programáti-cas indicadas para seleção. Como já foivisto, essa fase oferece a vantagem daagilidade e da composição do OCA deacordo com a orientação objetiva daMetodologia. Contudo, também foi ob-servado o risco de se agregar dados nãopertinentes ao Orçamento Criança e Ado-lescente ou mesmo de se deixar de foraoutros tantos, devido à generalidade daclassificação funcional-programática e àinexistência de titulação oficial padro-nizada de ações. Para sanar esses possí-veis problemas, você deve seguir asorientações complementares previstasna Fase da Seleção Direta.

Certamente, ao longo da apuração, aparecemdúvidas sobre o que incluir ou excluirou, ainda, sobre o que considerar exclu-sivo ou não exclusivo. O princípio daMetodologia é incluir o que certamen-te se destina à proteção e promoção dacriança e do adolescente e excluir oque não tem essa função. Nessa fase,

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você tem a oportunidade de confirmarde modo sistemático as decisões toma-das, além de controlar a qualidade dolevantamento.

Com o resultado da apuração em mãos, sobretu-do quando o levantamento já compõeum arquivo com a discriminação dosprojetos/atividades, reveja a titulação dasações. A partir desse ponto, verifique:

(a) A ocorrência de títulos de ações imprecisosou genéricos: discuta e busque informa-ções complementares que auxiliem nasolução da dúvida.

(b) Compare os títulos selecionados com asáreas e subáreas descritas no Quadro 3:caso avalie que alguma área/subárea deatuação não tenha sido incluída, procu-re verificar onde possivelmente ela po-deria ter sido contemplada ou se real-mente não integra o orçamento.

Busque também a consistência de correlaçõesprevistas pela própria Metodologia co-mo sujeitas a imprecisões:

(a) Despesas com Informática: podem serclassificadas na subfunção 126 Tecno-logia da Informação ou outras. Verifi-que o verdadeiro projeto/atividade emque foram lançadas e confirme se suafinalidade pode ser realmente conside-rada como benefício para a criança e oadolescente.

(b) Despesas com Pessoal: a Metodologia prevêa inclusão de todas essas despesas, comofoi abordado na Seção 1.4, excluindo asdespesas com o pagamento de inativos(aposentados). Em alguns orçamentos,parte dessa despesa como pagamento devale-transporte, tíquete refeição e reco-lhimentos previdenciários pode estar re-gistrada em projetos/atividades específi-cos que não foram inicialmente conside-rados no Quadro 11. Entretanto, eles de-vem ser incluídos na apuração.

(c) Despesas com Habitabilidade: para apuraros gastos públicos com as áreas de atua-ção 1.4. Saneamento e 1.5. Habitação, aFase Funcional prevê, entre outras, a se-leção das subfunções 451 – Infra-estrutu-ra e 452 – Serviços Urbanos. Nelas, po-dem ser classificadas diversas obras e ser-viços urbanos, que devem ser avaliadosem detalhe para se verificar a possibili-dade de serem considerados benefíciospara a criança e o adolescente. Comodespesas promotoras da habitabilidade,também devem ser consideradas as queconcorram para a melhoria da acessibili-dade, prevenção e proteção de áreas derisco de alagamentos e desabamentos,além daquelas destinadas à regularizaçãofundiária. Em algumas localidades, porexemplo, há controvérsia quanto à per-tinência de inclusão de gastos com pavi-mentação e recapeamento asfáltico, quepodem ser aí registrados.

(d) Despesas com Publicidade: essas despesaspodem ser classificadas na subfunção131 – Comunicação Social. Entretanto,nem sempre isso ocorre pois, muitas ve-zes, não estão imediatamente visíveis noorçamento, tampouco discriminadas porórgão ou função (Saúde e Educação, porexemplo). É preciso analisar, sobretudo,as despesas de comunicação de utilidadepública (campanhas educativas, publi-cações didáticas etc.), para avaliar oquanto realmente beneficiam a criançae o adolescente. Despesas de comunica-ção institucionais, de modo geral, são denatureza promocional.

É bem possível que, em diversas situações, nãohaja pleno consenso sobre uma determi-nada escolha quanto à inclusão ou exclu-são de uma determinada ação ou sua clas-sificação como orçamento exclusivo ounão exclusivo. O importante é reunir ar-gumentos para subsidiar a opção. Registrea sua avaliação no campo do RelatórioOCA (veja Quadro 14) e mantenha umarquivo das informações levantadas.

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O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescenteANALISEc

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Nos capítulos anteriores, você aprendeu a obter a base de dados necessária à apuração doOCA e a fazer a leitura da classificação funcional-programática, que permite sele-cionar as ações que devem integrá-lo. Para saber na prática qual a base de dadosnecessária, porém, você precisa definir que tipo de avaliação pretende realizar.

De forma geral, entendemos que você e sua comunidade devem refletir sobre a possibi-lidade de abordar a questão do destino de recursos públicos em atenção à criançasob três perspectivas gerais, distintas e complementares entre si. Sua comunidadepode estar interessada somente em:

(a) Levantar o OCA de seu município ou estado. Veja, então, no que chamamos de ava-liação básica, os principais estudos que podem ser realizados. Feito esse levanta-mento, você pode pretender:

(b) Comparar o OCA apurado com algum indicador de eficiência, o que chamamos deavaliação situacional. Ou, ainda:

(c) Avaliar a evolução de Orçamentos Criança e Adolescente apurados em vários perío-dos, que chamamos de avaliação temporal, dispondo de outras alternativas de es-tudos.

Antes de realizar qualquer uma dessas formas de avaliação, entretanto, é necessário ve-rificar se o objetivo pretendido é avaliar o desempenho do orçamento previsto (ba-se orçamento anual) ou do orçamento realizado (base execução orçamentária). Is-so é imprescindível para determinar que base de dados precisará ser obtida, con-forme as orientações do Capítulo 3 "Obtenha a Base de Dados do OrçamentoCriança e Adolescente".

Para sua melhor orientação, apresentamos a seguir os tipos de avaliação (veja Quadro12), detalhando o objetivo de cada estudo sugerido, assim como a base de dadosnecessária, os procedimentos principais para seu encaminhamento e as conclusõespossíveis que cada um deles proporciona.

6.1.TIPOS DE AVALIAÇÃO

Uma vez calculado o Orçamento Criança e Adolescente, você

deve extrair as conclusões mais completas possíveis sobre as

informações que organizou, com o objetivo de utilizá-las a

favor da promoção e proteção da criança e do adolescente em

seu município ou estado.

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6.2.AVALIAÇÃO BÁSICA

A avaliação básica considera as informaçõesapuradas no próprio OCA para procedera comparações. Para avançar nas demaisanálises, é necessário, primeiramente,proceder aos estudos indicados aqui.Eles vão oferecer as informações pararealizar os outros tipos de análises.

a. Comparação do OCA executado com oOCA previsto no ano

�OBJETIVO: verificar proporção exe-cutada do OCA previsto �BASE DE DADOS: QDD, RExO�PROCEDIMENTOS:

a. Calcule o OCA a partir do orça-mento previsto.b. Calcule também o OCA a partir daexecução orçamentária, utilizandodados cumulativos referentes a tri-mestres (1º trimestre; até 2º trimes-tre; até 3º trimestre, até 4º trimestre).c. Divida o resultado do item b pelodo item a e multiplique por cem paraencontrar o percentual executado.

� CONCLUSÃO POSSÍVEL: o per-centual do OCA executado no período.

b. Verificação da participação relativa doOCA previsto no orçamento total

�OBJETIVO: verificar a proporção derecursos previstos em atenção à criançae ao adolescente em relação ao total dedespesas programadas.�BASE DE DADOS: QDD�PROCEDIMENTOS:

a. Pegue o valor total do orçamento.b. Calcule o OCA a partir do orça-mento previsto. c. Divida o resultado do item b pelodo item a e multiplique por cem paraencontrar o percentual de participa-ção do OCA no orçamento total.

�CONCLUSÃO POSSÍVEL: o com-prometimento das despesas totais públi-cas com as ações em favor da criança.

c. Verificação da participação relativa doOCA no Orçamento de Seguridade So-cial da Lei do Orçamento Anual

�OBJETIVO: verificar a proporção derecursos destinados para a atenção àcriança e ao adolescente na parcela doorçamento destinado especificamente àseguridade social (assistência social,educação, saúde e previdência social).�BASE DE DADOS: QDD�PROCEDIMENTOS:

a. Pegue o valor total do orçamentoda seguridade social, identificandoeste montante no corpo da lei ou noquadro orçamentário próprio.b. Calcule o OCA a partir do orça-mento previsto. c. Divida o resultado do item b pelodo item a e multiplique por cem paraencontrar o percentual de participa-ção do OCA no orçamento da segu-ridade social.

�CONCLUSÃO POSSÍVEL: o com-prometimento das despesas públicas deproteção social com ações a favor dacriança, considerando que nem todo oOCA poderá ter sido classificado comoseguridade social.

d. Verificação da participação relativa das des-pesas com Atividades Administrativase Pesquisas do OCA

BASES DE DADOS• QDD = Quadro Demonstrativo de Despesas• RExO = Relatório de Execução Orçamentária porÓrgãos, Projetos e Atividades, discriminando dotaçãoinicial, despesas empenhada, liquidada e paga

TEMPO BOMAs informações da apuração doOrçamento Criança e Adolescentesão muito importantes para acompreensão da situação dasações governamentais a favor dacriança. Para extrair delas omelhor, é preciso sempre reunirinformações complementaressobre a situação político-administrativa do ente público.Lembre-se de que os estudos

comparativos do OCA indicadossão avaliações que integram oprocesso de análise da açãogovernamental a favor da criançae do adolescente. Portanto, nolugar de reduzir a análise daatuação do Poder Público embenefício da criança à avaliaçãodos gastos públicos com acriança, trabalhe também paraanalisar a sua avaliação e extrairdela o melhor resultado.

Avaliando a análise ou analisando a avaliação?

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�OBJETIVO: verificar a proporçãoprevista ou executada de despesas comatividades Administrativas e Pesquisas emrelação ao OCA total, previsto ou exe-cutado.�BASE DE DADOS: QDD�PROCEDIMENTOS:

a. Calcule o OCA a partir do orça-mento previsto.b. Pegue, na Tabela 1 do OCA apura-do, as linhas contendo os valores rela-tivos a Atividades Administrativas ePesquisas e calcule o somatório dessemontante.c. Divida o resultado do item b pelo doitem a e multiplique por cem para en-contrar o percentual de participaçãodo somatório de Atividades Administra-tivas e Pesquisas no total do OCA.

�CONCLUSÃO POSSÍVEL: a parti-cipação das atividades meio no total doOrçamento Criança e Adolescente.

6.3.AVALIAÇÃO SITUACIONAL

A avaliação situacional compara o valor apura-do do Orçamento Criança e Adolescentecom variáveis econômico-fiscais. Essacomparação permite estabelecer indica-dores de eficiência das despesas com aatenção à criança. Em princípio, há vá-rias possibilidades analíticas. Os gastospúblicos com crianças podem ser compa-rados com outros tipos de gastos públicos(por exemplo: gastos administrativos ouserviço da dívida), com o número de fa-mílias pobres existentes, com a receita deImposto Predial e Territorial Urbano

(IPTU), em municípios, ou com o Im-posto sobre a Circulação de Mercadoriase Serviços (ICMS), nos estados ou, ain-da, com o Produto Interno Bruto (PIB),entre outras variáveis. Em todos esses es-tudos, é preciso considerar as particulari-dades dos indicadores e as implicações deutilizá-los como meios de comparação, afim de chegar a conclusões adequadas apartir das informações obtidas.

Neste manual, foram escolhidos dois estudosque avaliam a eficiência fiscal das despe-sas com a atenção à criança e ao adoles-cente. O primeiro aborda a relação entreo OCA e a receita própria ou recursospróprios do município ou estado analisa-do. O segundo calcula o gasto públicoapurado no OCA por criança no municí-pio ou estado.

A receita própria constitui uma classificação ge-rencial que agrega somente os recursostributários próprios; as taxas; as receitasde serviços, patrimoniais, agropecuária eindustrial; e as transferências constitucio-nais de que o ente público dispõe. Elamostra os recursos diretos de que o muni-cípio ou o estado dispõe, sem consideraroperações de crédito e transferências vo-luntárias de outras esferas públicas (vejaQuadro 13). Já os recursos próprios refe-rem-se às disponibilidades da receita pró-pria menos as transferências constitucio-nais. Na maioria dos municípios, os re-cursos próprios são pequenos, e eles de-pendem, portanto, de transferências. So-bra apenas a parcela sobre a qual o entepossui governabilidade direta de gestão.Desse modo, comparando o OCA com areceita própria ou com os recursos pró-prios, pode-se avaliar a relação entre o es-forço arrecadador e as despesas relativas àatenção à criança e ao adolescente. Épossível considerar as diversas fontes emque a receita é classificada como base dedados para estudo semelhante.

Já o cálculo per capita do OCA oferece a opor-tunidade de se comparar a evolução darenda pública agregada para a melhoriadas condições de vida das crianças porunidade de público-alvo. As compara-ções entre Orçamentos Criança e Adoles-

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TEMPO BOMO Orçamento Criança e Adolescenteque você apurou é o retrato de umdeterminado momento, seja doorçamento, seja da execuçãoorçamentária de seu município ouestado. Para transformá-lo em umaimportante ferramenta de promoçãoe defesa das políticas públicasvoltadas à criança, é preciso quevocê explore o potencial analítico

das informações obtidas. De posseda apuração do OCA, reúna acomunidade, convide lideranças,economistas, assistentes sociais esociólogos, e discutasistematicamente para chegar aconclusões mais consistentes. Nãoesqueça de registrar tais conclusõesno Relatório do OCA (veja Capítulo 5do Caderno “Promovendo o ControleSocial”).

Explore e debata o OCA apurado

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6 cente per capita de municípios e estadosdistintos devem ser analisadas cuidado-samente, pois há diferenças político-ad-ministrativas sensíveis, para além da rea-lidade imediata dos indicadores obtidos.

a. Comparação do OCA com a receita própriaou recursos próprios

�OBJETIVO: verificar a proporção derecursos destinados ao OCA em relaçãoà capacidade de arrecadação direta domunicípio ou estado.�BASE DE DADOS: QDD�PROCEDIMENTOS:

a. Calcule a receita própria ou os re-cursos próprios previstos, fazendo osomatório das rubricas de receitas in-dicadas no Quadro 13, a partir de in-formações obtidas no quadro de recei-tas do orçamento.b. Calcule o OCA a partir do orça-mento previsto.c. Divida o resultado do item b pelodo item a e multiplique por cem paraencontrar o percentual de participa-ção do OCA no somatório da receitaprópria ou dos recursos próprios.

�CONCLUSÃO POSSÍVEL: qual ocomprometimento da receita própria oudos recursos próprios, ou seja, das dispo-nibilidades imediatas com o OrçamentoCriança e Adolescente.

b. OCA per capita no município ou estadoanalisado�OBJETIVO: verificar a destinaçãomédia de recursos públicos por criançano município ou Estado.�BASE DE DADOS: QDD (base or-çamento anual) ou RExO (base execu-ção orçamentária) e número de criançasno município ou estado a partir de in-formações do Censo do IBGE ou daPesquisa Nacional por Amostra de Do-micílios (PNAD).�PROCEDIMENTOS:

a. Levante o número de crianças nomunicípio ou estado.b. Calcule o OCA a partir do orça-mento previsto ou da execução or-çamentária.c. Divida o resultado do item b pelodo item a para encontrar o valor percapita do OCA por ano, caso a baseanalisada seja anual.

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quadro 13

COMPOSIÇÃO DA RECEITA PRÓPRIAE DOS RECURSOS PRÓPRIOS

( 1 ) No caso de estados, considerar o Fundo de Participação do Estados-FPE.

quadro 12

TIPOS DE AVALIAÇÃO DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

(OCA) COM PRINCIPAIS ESTUDOS

AVALIAÇÃO BÁSICA: utiliza-se de informações apuradas no próprio OCA paraproceder a comparações:

• Comparação do OCA executado com o OCA previsto no ano.• Verificação da participação relativa do OCA no Orçamento de Seguridade

Social da Lei do Orçamento Anual.• Verificação da participação relativa do Orçamento Criança no

orçamento total.• Verificação da participação relativa das despesas com Atividades

Administrativas e Pesquisas do Orçamento Criança.

AVALIAÇÃO SITUACIONAL: utiliza informações do OCA comparadas comvariáveis econômico-fiscais;

• Comparação do OCA com a Receita Própria.• OCA per capita no município ou estado analisado.

AVALIAÇÃO TEMPORAL: permite a comparação de Orçamentos Criança eAdolescente apurados em períodos diferentes.

• Comparação anual dos OCA previstos nas respectivas LOAs.• Comparação trimestral do OCA nos últimos 12 meses.

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RECEITAS CORRENTESReceita Tributária

ImpostosTaxas

Receita de ContribuiçõesReceita PatrimonialReceita AgropecuáriaReceita IndustrialReceita de ServiçosTransferências CorrentesFundo de Participação dos Municípios –FPM (1)Transferências VoluntáriasOutras Receitas Correntes

RECEITAS DE CAPITALOperações de CréditoAlienação de BensAmortização de EmpréstimosTransferências de CapitalOutras Receitas de Capital

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�CONCLUSÃO POSSÍVEL: o mon-tante de recursos públicos empregadopara a promoção e a proteção da criançano período analisado.

6.4.AVALIAÇÃO TEMPORAL

A avaliação temporal permite a comparação deOrçamentos Criança e Adolescenteapurados em períodos diferentes. Paraprocessá-la, é preciso colocar todos osvalores apurados em uma mesma basede preços, ou seja, considerar todos osvalores como realizados em um mesmoano. Esse procedimento é chamado dedeflação ou atualização de preços. Comisso, a variação de preços (inflação) de-saparecerá, permitindo uma compara-ção mais realista.

Para procedermos à deflação dos valores doOCA, precisamos escolher um índicede preços oficial. Há diversos índicescalculados com base em diferentes me-todologias de ponderação, cestas deprodutos e serviços e para diferentes fai-xas de renda e abrangências, como oÍndice Geral de Preços – Disponibilida-de Interna (IGP-DI), o Índice Geral dePreços de Mercado (IGP-M), amboscalculados pela Fundação Getúlio Var-gas (FGV), e o Índice Nacional de Pre-ços ao Consumidor (INPC) e o ÍndiceNacional de Preços ao ConsumidorAmplo (IPCA), estes calculados peloInstituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE).

Para escolher o índice a utilizar, lembre-se deque o IGP-DI acompanha mais de pertoos preços da realidade do setor público,enquanto que, desde junho de 1999, ogoverno federal, por meio do Banco Cen-tral do Brasil, adotou o IPCA/IBGE co-mo índice oficial de inflação no país, quereflete a variação dos preços de bens con-sumidos pelas famílias. Os índices men-sais do IGP-DI e do IGP-M podem serencontrados no site da Fundação GetúlioVargas (www.fgv.br). Já os índices doIPCA podem ser encontrados no site doIBGE (www.ibge.gov.br). Como exemplode atualização de preços do OCA, utiliza-mos, nesse manual, o IPCA.

Para promover a atualização, é necessário disporde uma tabela com os índices anuais depreços, como a Tabela 2 “Planilha comÍndices de Atualização para Preços de2005”, que traz uma série anual do IPCA.Os índices devem estar organizados deforma decrescente, de modo que o anopara o qual se quer atualizar tenha índiceigual a 1 (um).

Uma vez disponibilizada a tabela, a operaçãode atualização é simples. Como mostra aTabela 2, basta multiplicar o índice deatualização para o ano pretendido, nacoluna (B), pelo valor a corrigir, na colu-na (C), e lançar na coluna (D) o valorcorrigido obtido. Esses valores estarão apreços constantes ou reais do ano defi-nido, no caso, 2005.

a. Comparação anual dos OrçamentosCriança e Adolescente previstos nasrespectivas LOAs

�OBJETIVO: verificar a variação(crescimento ou redução) na previsãode gastos com crianças e adolescentes aolongo dos anos.�BASE DE DADOS: QDD�PROCEDIMENTOS:

a. Calcule o OCA previsto para oano em curso e também para os anosanteriores.b. Use a tabela com o índice de atua-lização para o ano em que deseja atua-lizar os preços, transformando os pre-ços apurados do OCA dos anos ante-riores, conforme a Tabela 2.c. Divida o resultado do valor do anoem curso pelo valor do ano anterioratualizado; diminua 1 (um) do resul-tado e multiplique por cem para en-contrar o percentual de variação doOCA no período analisado.

�CONCLUSÃO POSSÍVEL: o cresci-mento real das despesas previstas em be-nefício da criança.

b. Comparação trimestral da execução doOCA nos últimos 12 meses

�OBJETIVO: verificar a variação (cres-cimento ou redução) de curto prazo (pe-ríodos consecutivos de três meses) ou de

Atenção parao tipo de valoravaliado

TEMPO NUBLADOEm princípio, todasavaliações podem serfeitas com relatórioscontendo valoresorçados, empenhados,liqüidados ou pagos. Oimportante é você terclareza quanto à fasedo processoorçamentário que quer avaliar.

Page 65: De Olho no Orçamento Criança 2005

um exercício completo em relação a ou-tros exercícios anteriores da execução dedespesas com a criança e o adolescente.�BASE DE DADOS: RExO para oano em curso e anos anteriores, confor-me o interesse, ou para períodos trimes-trais completos cumulativos (1º trimes-tre; até 2º trimestre; até 3º trimestre;até 4º trimestre).�PROCEDIMENTOS:

a. Calcule o OCA executado no anoem curso e nos anos anteriores, ounos períodos trimestrais selecionados,lembrando que, por exemplo, o 1ºtrimestre de um ano deve ser compa-rado com o 1º trimestre do ano ante-rior e, assim, sucessivamente.b. Use a tabela com o índice de atua-lização para o ano em que deseja atua-lizar os preços, transformando os pre-ços apurados do OCA dos anos ante-riores, conforme a Tabela 2.c. Divida o resultado do valor do anoou período em curso pelo valor doano ou período anterior atualizado;diminua 1 (um) do resultado e multi-plique por cem para encontrar o per-centual de variação do OCA no pe-ríodo analisado.

�CONCLUSÃO POSSÍVEL: o cresci-mento real das despesas a favor dascrianças e dos adolescentes.

6.5. RELATANDO AS CONCLUSÕES

Levantar os dados e fazer o cálculo do Orça-mento Criança e Adolescente consti-tuem duas etapas desafiadoras. Entre-tanto, a consolidação das conclusões

sobre as informações alcançadas certa-mente representa a etapa mais relevan-te. Para conferir valor ao levantamen-to feito, capaz de influenciar a formu-lação e a implementação de políticaspúblicas voltadas à criança e ao adoles-cente, é preciso produzir o Relatóriodo OCA, contendo reflexões sustenta-das, claras e contextualizadas a partirdas informações apuradas.

O relatório deve ser sintético, apresentando so-mente as informações relevantes, con-forme o modelo sugerido no Quadro 14.Deve identificar a organização respon-sável por sua elaboração e ser assinado,a fim de lhe conferir caráter oficial. Érecomendável anexar a Tabela 1, quemostra a totalização do OrçamentoCriança e Adolescente apurado.

Certamente, a parte principal do Relatório doOCA é a seção parecer. Nesta, você de-ve ser capaz de registrar as conclusõesque mostrem os pontos principais obser-vados pela análise, de forma clara e sus-tentada, considerando as especificidadespolítico-administrativas do municípioou estado analisado.

Partindo dos valores apurados, algumas indaga-ções básicas podem ajudar você a estru-turar sua análise. De modo geral, pode-mos identificar seis questões fundamen-tais, que podem ser debatidas junto aogrupo interessado, para gerar reflexõessobre as avaliações obtidas do Orçamen-to Criança e Adolescente:

1. Que dificuldades foram identificadas duran-te o levantamento do OCA que podemter afetado a apuração?

2. Houve ou não crescimento das despesas a fa-vor da criança? Por quê? Há explicaçõesoficiais sobre o crescimento ou decrésci-mo do OCA?

3. O OCA previsto originalmente está sendoexecutado no ritmo e volume adequa-dos?

4. A proporção do OCA em relação ao orça-mento total é adequada? Cresceu ou di-minuiu no período? Por quê?

5. O OCA previsto é suficiente para atingir asmetas nacionais e internacionais?

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ANO ÍNDICE DE VALOR A VALOR(A) ATUALIZAÇÃO CORRIGIR (C) CORRIGIDO

PARA 2003* (B) (D = B x C)2000 1,510122001 1,424992002 1,323442003 1,176072004 1,076002005 1,00000

TABELA 2

PLANILHA COM ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO PARAPREÇOS DE 2005 ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO

CONSUMIDOR AMPLO - IPCA

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6 5 6 6 6 7

6. É possível, a partir do levantamento feito,identificar áreas em que se deva reivindi-car o aumento do OCA? Quais? Por quê?

Além disso, é importante considerar algumasquestões gerais sobre o desafio de usaravaliações referentes ao desempenho deorçamentos públicos para a defesa damelhoria de políticas públicas, especial-mente dirigidas para a criança e o ado-lescente. De um lado, é preciso lembrarque a própria estruturação do orçamentopúblico, determinada por exigênciascontábeis legais, não favorece a leiturado desenho e do desempenho das políti-cas públicas. Muita coisa fica submersa,dependendo de informações adicionais.De outro, vale reconhecer que é precáriointerpretar exclusivamente os resultadosorçamentários e financeiros sem as devi-das contextualizações político-adminis-trativas. Eles são indicadores valiosos so-bre a condução das políticas públicas,mas precisam ser esclarecidos a partir deuma análise delas e não o contrário.

Em razão disso, para otimizar sua análise final,sugerimos que ela leve em conta seis re-flexões relevantes (Quadro 15), antes dofechamento do Relatório do OCA. Defato, os números não dizem tudo e de-vem, preferencialmente, ser considera-dos no contexto de uma série histórica.É possível que algumas ações em benefí-cio da criança possam ter ficado de foraou mesmo entrado indevidamente nocálculo do OCA, devido à linguagem

ambígua do orçamento. As comparaçõesde realidades municipais e estaduais de-vem, por sua vez, também considerarsuas particularidades. Ao final, o impor-tante é que você e sua comunidade che-guem à conclusão se o OCA previsto es-tá realmente sendo cumprido e se houveincremento dos gastos a favor da criançae do adolescente.

Lembre, reflita e discuta. O orçamento pú-blico é um contrato social em que sãoregistrados, em termos de programa-ção de ações e previsão de receitas edespesas, os entendimentos entre asociedade e o governo sobre as realiza-ções a serem implementadas em bene-fício da população. Certamente, asautorizações e quantitativos registra-dos na Lei do Orçamento Anual, bemcomo o desempenho executivo advin-do da sua implementação, constituemelementos significativamente repre-sentativos do próprio desempenho daspolíticas públicas. Contudo, os resul-tados das políticas públicas envolvemdiversas outras decisões sobre sua con-cepção e implementação que não es-tão diretamente vinculadas à estrutu-ração e execução dos orçamentos. Ca-be a você, no fechamento do seu Re-latório do OCA, trazer à tona toda es-sa realidade. Assim, você saberátransformar o seu Orçamento Criança eAdolescente apurado em um real ins-trumento de defesa das políticas pú-blicas para a criança e o adolescente.

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6

SIGA POR AQUIPara fins de atualizaçãodos preços doOrçamento Criança eAdolescente,recomenda-se o uso doÍndice Nacional dePreços ao ConsumidorAmplo (IPCA), por ser oíndice de preçosutilizado oficialmentepara o cálculo dainflação. O Índice Geralde Preços –Disponibilidade Interna(IGP-DI), também usadocomumente, é maissensível a variaçõescambiais e outrasvariáveismacroeconômicas.

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Município/Estado:Base de Dados Utilizada:Entidade Responsável:

Valor total(SOMATÓRIO DE TODAS AS FUNÇÕES/SUBFUNÇÕES LEVANTADAS)

( ) Orçado ( ) Empenhado ( ) Liquidado ( ) Pago

ESFERA DE AÇÃO Ano 1/Tri 1 Ano 1/Tri 2 Ano1/Tri 3 Ano1/Tri 4

R$ (%) R$ (%) R$ (%) R$ (%)

Saúde

Educação

Assistência Social e Direitos de Cidadania

TOTAL

CRESCIMENTO DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

Em relação a Em relação a Em relação ao Em relação ao ano 0/Tri 1 .... % ano 0/Tri 2 ....% ano 0 Tri 3 .....% ano 0 Tri 4 .....%

PARTICIPAÇÃO EM RELAÇÃO AO ORÇAMENTO TOTAL: .... %

PARTICIPAÇÃO EM RELAÇÃO À RECEITA PRÓPRIA TOTAL: .... %

ORÇAMENTO CRIANÇA per capita: ......

parecer

ASSINATURA DO RESPONSÁVEL:

quadro 14

RELATÓRIO DO ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente – MODELO GERAL

TEMPO NUBLADOA apuração do Orçamento Criança eAdolescente é o primeiro passo paravocê compreender melhor como sãogastos os recursos com as crianças eos adolescentes em seu município ouestado. Mas há questões importantesa serem consideradas em cada área,

que vão além do cálculo imediato.Como, por exemplo, odesempenho de indicadores

sociais perante os gastosrealizados, o comportamentoda execução do Fundo

Nacional, Municipal ou Estadualdos Direitos da Criança e do

Adolescente, do Fundo Nacional,Municipal ou Estadual de AssistênciaSocial, ou mesmo a avaliação daqualidade das despesas que foramconsideradas para comprovar asexigências constitucionais comgastos com educação e saúde.Discuta na sua comunidade. Consultepessoas que podem aprofundar aanálise do orçamento. E não deixe debuscar, no Caderno “Promovendo oControle Social do OrçamentoCriança e Adolescente”, maissubsídios para a ir a fundo na defesados diretos da criança e doadolescente.

Muita coisa para ser analisada com atenção

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1. A apuração do Orçamento Criança eAdolescente carrega as dificuldades daprópria falta de transparência doorçamento público no Brasil.Os resultados obtidos poderão serquestionados sob o argumento deestarem considerando ou deixando deconsiderar determinadas ações/despesas.Isso se deve à linguagem contábil dosorçamentos, que não se destina aevidenciar as políticas públicasimplementadas, e ao poder público que,de modo geral, não se preocupa em darclareza orçamentária às suas realizações.

2. Os números do orçamento nãodizem tudo.Os resultados numéricos obtidos são umindicador importante para mostrar odesempenho das ações a favor dacriança. Entretanto, eles são, antes detudo, a tradução sintética de aspectosqualitativos das políticas públicas, queprecisam ser levantados e analisadossimultaneamente. É importante destacarque grande parte das decisões queafetam a concepção e implementaçãodessas políticas não está diretamentevinculada à estruturação e execução dosorçamentos.

3.Uma série histórica de despesasrealizadas oferece conclusões maisconsistentes sobre realizações.A apuração de um ano ou um período é oretrato de um momento. A análise de umasérie de Orçamentos Criança eAdolescente previstos ou executadosoferece melhores condições para seavaliar o perfil e a tendência dos gastospúblicos.

4. A comparação do Orçamento Criançae Adolescente entre municípios ouEstados precisa considerar as realidadespolíticas-administrativas e não somenteos resultados orçamentários.Os resultados numéricos permitemcomparações entre realidades distintas.Isso, porém, exige considerarsimultaneamente as respectivasrealidades político-administrativas. Alémdisso, é recomendável analisar sérieshistóricas e buscar indicadorescomplementares, que ajudem a esclareceras semelhanças e diferenças observadas.

5. A plena execução das despesasprevistas com a Lei do Orçamento Anualé fundamental.O orçamento é um compromisso derealizações, negociado a partir doLegislativo. Isso envolve o investimento deesforços para a conquista de ações emetas a serem atingidas, gerandoexpectativas. Para garantir sualegitimidade, é imprescindível exigir aplena execução dos compromissosregistrados na Lei do Orçamento Anual.

6.O objetivo principal do OrçamentoCriança e Adolescente é o incrementoqualitativo e quantitativo das despesaspúblicas.A ampliação das despesas voltadas paraa proteção e promoção da criança e doadolescente, com a respectiva ampliaçãode cobertura/oferta de serviços equalidade da atenção, é prioridade doOrçamento Criança e Adolescente.

quadro 15

SEIS REFLEXÕES PARA CONCLUSÕES SOBRE O ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE APURADO

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Iniciativa

Parceria

Apoio

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A humanização da informação parasua utilização na tomada de decisões,nos processos de aprendizagem e no empoderamento da população e da criança é, talvez, um dos maiores desafios que enfrentam ospaíses latino-americanos.

UNICEF, 2003

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O CO N T RO L E S O C I A L D O O R Ç A M E N TO C R I A N Ç A e a d o l e s c e n t e

PROMOVENDO

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Iniciativas para aumentaros recursos públicos em benefício da criança e do adolescente

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INTRODUÇÃO73 PARA USAR O CADERNO PROMOVENDO O CONTROLE

SOCIAL DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

CAPÍTULO 177 POR QUE CALCULAR O ORÇAMENTO CRIANÇA e

adolescente78 1.1. O que é o Orçamento Criança e Adolescente79 1.2. Por que calcular o Orçamento Criança e Adolescente 80 1.3. Como calcular o Orçamento Criança e Adolescente 81 1.4. Como conseguir os dados para calcular o Orçamento

Criança e Adolescente

CAPÍTULO 283 POR QUE FAZER CONTROLE SOCIAL DO ORÇAMENTO

CRIANÇA e adolescente84 2.1. Razões para lutar por um Brasil pelas Crianças86 2.2.A importância do controle social do Orçamento Criança e

Adolescente89 2.3. Fortalecendo a rede de controle social do Orçamento Criança e

Adolescente91 2.4.Atuando junto ao Poder Executivo95 2.5. Priorizando a defesa do Orçamento Criança com o Poder

Legislativo

CAPÍTULO 399 GARANTINDO O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente

NO CICLO ORÇAMENTÁRIO100 3.1 A importância do ciclo orçamentário para o Orçamento Criança

e Adolescente101 3.2. Como implementar ações a favor da criança e do adolescente

no Plano Plurianual103 3.3. O que pode ser feito na Lei de Diretrizes Orçamentárias a favor do

Orçamento Criança e Adolescente106 3.4. Como incluir ações e aumentar despesas a favor do Orçamento

Criança e Adolescente na Lei do Orçamento Anual109 3.5. Garantindo a execução do Orçamento Criança e Adolescente

CAPÍTULO 4115 COMO AUMENTAR OS RECURSOS PÚBLICOS para o

orçamento criança e adolescente116 4.1.Aumentando os recursos para o Orçamento Criança e

Adolescente118 4.2.Atuando sobre as receitas próprias do município120 4.3.Atuando sobre as transferências voluntárias123 4.4.Atuando sobre os recursos federais da educação126 4.5.Atuando sobre os recursos federais da saúde128 4.6.Atuando sobre os recursos federais da proteção social

CAPÍTULO 5133 MONITORANDO E AVALIANDO INFORMAÇÕES do oca134 5.1. Por que e como monitorar e avaliar 134 5.2.A importância das metas e indicadores 136 5.3. Utilizando os meios de comunicação

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7 2 7 3 74

As páginas a seguir trazem um conjunto de informações e orientações para apoiar a

participação da sociedade civil na efetivação de políticas públicas para melho-

ria das condições de vida da criança e do adolescente. Elas procuram mostrar

que conhecer, apurar, analisar e divulgar os resultados do Orçamento Criança e

Adolescente podem ser importantes instrumentos na luta pelo real compromis-

so das autoridades públicas com a promoção e a proteção da criança e do ado-

lescente, assim como podem contribuir para a necessária compreensão do fun-

cionamento da administração pública e do uso dos recursos públicos. O Orça-

mento Criança e Adolescente (OCA), representa o conjunto de ações e despesas

governamentais destinado à infância e adolescência, tanto no âmbito da

União, quanto de estados e municípios. Ele é definido pela aplicação da Meto-

dologia do Orçamento Criança e Adolescente (Metodologia do OCA), apre-

sentada no caderno anterior.

As orientações aqui apresentadas fazem parte do Projeto de Olho no Orçamento Crian-

ça, que tem como estratégia sensibilizar, informar e mobilizar a sociedade para

o controle social dos recursos e das políticas públicas em benefício da criança

e do adolescente. O projeto considera a elaboração e execução do orçamento

público, momentos decisivos para a definição e consecução de políticas públi-

cas, assim como para a promoção de direitos. Além do cumprimento da exigên-

cia legal de autorização para a realização de ações com a correspondente dispo-

nibilização de recursos, é no processo orçamentário que se materializa a efetiva

decisão de realização da ação e a conseqüente priorização de políticas.

O projeto também desenvolveu o Caderno 1 “Apurando o Orçamento Criança” e o si-

te <www.orcamentocrianca.org.br>. O livro apresenta a Metodologia do Orça-

mento Criança e Adolescente e oferece instruções para a apuração do OCA. O

site traz informações detalhadas sobre o projeto e suporte para a apuração do

OCA. Combinando esses materiais, esperamos que as organizações da socieda-

de civil possam dispor de informações fundamentais para o pleno diagnóstico

dos problemas e para a cobrança de eficiência, publicidade e clareza no anda-

int

ro

du

çã

o

o caderno promovendo o controle social do OCA

para usar

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int

ro

du

çã

o

7 3 74 7 5

mento das ações governamentais volta-

das à criança e ao adolescente, melho-

rando a qualidade da alocação dos recur-

sos no OCA, colocando, assim, as crian-

ças em primeiro lugar.

USANDO ESSE CADERNO

Esse caderno foi estruturado para apoiar a

ação de controle social de sua comuni-

dade. No Capítulo 1 “Por que calcular

o Orçamento Criança e Adolescente”,

você relembra o que é OCA e os ele-

mentos necessários para calculá-lo. No

Capítulo 2 “Por que fazer controle so-

cial do Orçamento Criança e Adoles-

cente”, é apresentada a avaliação sobre

a importância do acompanhamento e

monitoramento das ações e despesas

públicas destinadas à criança e ao ado-

lescente, destacando a relevância do

Poder Legislativo e da articulação da

rede de organizações que atuam nesse

campo para o alcance dos objetivos. No

Capítulo 3 “Garantindo o Orçamento

Criança e Adolescente no ciclo orça-

mentário”, você toma conhecimento

das ações de controle social que podem

ser empreendidas durante o ciclo orça-

mentário para garantir o OCA. O Ca-

pítulo 4 “Como aumentar os recursos

públicos para o Orçamento Criança e

Adolescente”, mostra quais fontes de

recursos financiam o Orçamento Crian-

ça e Adolescente e o que é possível fazer

para incrementá-las. Finalmente, no

Capítulo 5 “Monitorando e avaliando

informações do Orçamento Criança e

Adolescente”, você tem orientações so-

bre a importância e as estratégias prin-

cipais de uso das informações geradas

pelo levantamento do OCA.

Em cada capítulo, você encontrará referências

aos principais atores envolvidos com a te-

mática apresentada e à legislação básica

pertinente (Consulte a Legislação), para

ajudá-lo a compreender melhor o tema

abordado. Você também irá identificar

sugestões de ações de vigilância social e mo-

bilização social para diversos aspectos re-

levantes de controle social do OCA. Ao

longo do caderno há dicas para facilitar o

aprendizado (Siga por Aqui), assim como

três níveis de alerta (Tempo Bom, Tempo

Nublado e Tempo Ruim) no processo de

controle social. Em algumas situações se-

rá indicada a consulta ao Caderno 1

“Apurando o Orçamento Criança” e ao

site <www.orcamentocrianca.org.br>,

que integram o projeto.

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74 7 5 76

No decorrer destecaderno você

encontra aslegendas mostradas

ao lado. Fiqueatento: elas trazeminformações muito

importantes paraseu trabalho com oOrçamento Criança

e Adolescente.

CONSULTE A LEGISLAÇãoTexto legal importante para sua ação.

UM MUNDO para as crianÇasFormulação relevante do documento “Um Mundo para as Crianças” ou “Convençãodos Direitos das Crianças”.

SIGA POR AQUIIndicação de procedimento importante para atingir determinado objetivo no cálculo do Orçamento Criança e Adolescente.

Dicas, alertas e informações importantes para a apuração, aanálise e o controle social do Orçamento Criança e Adolescente.

tempo bom NUBLADO RUIM

Pacto pela pazIndicação de formulação relevante dodocumento “Pacto pela Paz”.

vigilância social e mobilização sociaLSugestões de ações possíveis parao controle social.

Agentes principaisAgentes sociais relevantes na implementação de ações em uma determinada arena de negociação.

leg

end

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CALCULAR O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente

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O Orçamento Criança e Adolescente contém o que você precisa saber sobre o que foi gas-to ou está previsto para ser gasto com a criança e o adolescente. Ele constitui o re-sultado da aplicação da Metodologia do Orçamento Criança (Metodologia doOCA) para seleção, agrupamento e apuração de ações e despesas do orçamentopúblico e da execução orçamentária, que permite identificar, com clareza e obje-tividade, o volume de recursos destinados à proteção e ao desenvolvimento dacriança e do adolescente. O orçamento público é uma lei que contém a previsãode receitas e a programação de despesas do governo para o período de um ano. En-tretanto, a classificação de ações e suas respectivas despesas apresentam carátervoltado, sobretudo, para a contabilidade dos gastos públicos. Ela não mostra clarae diretamente a destinação dos recursos por setores sociais. Com o OCA, conse-guimos extrair essas informações e, assim, compreendemos melhor como as polí-ticas públicas para a promoção e proteção da criança e do adolescente estão estru-turadas e em qual estágio de implementação se encontram.

A Metodologia do OCA oferece orientações para organizar as informações contidas no or-çamento público, de forma a evidenciar o que é destinado à promoção e ao desen-volvimento da criança e do adolescente. Para tanto, indica ações relevantes a se-rem identificadas no orçamento para comporem o OCA e disponibiliza, também,orientações para a avaliação dos resultados obtidos e do desenvolvimento na aná-lise das políticas públicas em benefício da criança e do adolescente.

O Orçamento Criança e Adolescente é composto por gastos governamentais selecionadossegundo três esferas prioritárias de ação:

(a) Saúde: ações de promoção da saúde, do saneamento e da habitação, e combate aoHIV/AIDS.

(b) Educação: ações de promoção da educação, da cultura, do lazer e do esporte.

(c) Assistência Social e Diretos de Cidadania: ações de promoção de direitos e pro-teção social.

Como já foi dito no Caderno 1 “Apurando o Orçamento Criança”, o OCA consideratanto ações implementadas para a atenção direta às crianças e aos adolescentes (co-

1.1. O QUE É O ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

O Orçamento Criança e Adolescente pode tornar-se um importante

instrumento para o avanço da luta de sua comunidade na

promoção dos direitos da criança e do adolescente. Saiba por que

e como calculá-lo.

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mo, por exemplo, promoção da educaçãoe da saúde materno-infantil) quantoaquelas voltadas para a promoção e me-lhoria das condições de vida das famílias.O primeiro grupo de ações é chamado deOrçamento Criança Exclusivo (OCA-E) e o segundo de Orçamento CriançaNão Exclusivo (OCA-NE). Para o cál-culo efetivo desse último, a Metodologiadetermina que os valores apurados sejamcalculados sobre a parcela de crianças eadolescentes beneficiários, para se alcan-çar o benefício aproximado dessas ações.

1.2. POR QUE CALCULAR OORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

A apuração do Orçamento Criança e Adolescenteé uma poderosa ferramenta para a pro-mover e defender os direitos da criançae do adolescente. Ela consegue pene-trar na escuridão do orçamento públicoe trazer à luz a realidade das ações go-vernamentais em benefício da criança edo adolescente. Com o seu resultado,você e sua comunidade terão à disposi-ção informações importantes para orga-nizar ações e avançar em sua luta. Osgastos públicos são importantes indica-dores da qualidade da ação governa-mental. Afinal, a qualidade de vida eda assistência à criança, assim como apossibilidade de mudança das políticaspúblicas, passam pela avaliação da dis-ponibilidade de recursos públicos paraas despesas necessárias. Com o OCA,

você saberá qual é o real esforço do Po-der Público para beneficiar a causa dacriança. E, desse modo, você e sua co-munidade terão argumentos mais con-sistentes e ancorados na verdadeiraatuação das autoridades públicas parareivindicar e tratar, junto a elas, a solu-ção dos problemas sociais identificados.

Assim, o Orçamento Criança e Adolescente:

1 – Proporciona acesso a informação clara e ob-jetiva sobre a situação da criança e doadolescente; algo fundamental na orga-nização de sua ações. A apuração doOCA oferece dados sobre o que e quan-to é destinado para a área da infância.Por meio de sua análise, é possível de-fender mais e melhor a alocação de re-cursos para o desenvolvimento de crian-ças e adolescentes.

2 – Oferece elementos para exigir que as auto-ridades do governo respondam publica-mente, de forma periódica e transparen-te, por suas ações, pelas políticas imple-mentadas e pelo uso dos recursos. Como resultado do OCA é possível acompa-nhar e avaliar o desempenho dos gover-nos em benefício das crianças, exigin-do-lhes efetividade em suas ações ecumprimento dos quesitos legais aosquais estão submetidos. A comunidadepode, assim, ir além da simples reivindi-cação, exigindo a implementação depolíticas sistemáticas e consistentes pa-ra a criança e o adolescente.

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1 3 – Contribui para uma melhor construção dainclusão social da população infanto-ju-venil. A partir da análise do OCA, sur-gem elementos para diagnosticar quem equantas crianças e adolescentes têm sidobeneficiadas pelos gastos públicos e de-fender a priorização dos recursos para suaproteção e promoção social. A amplia-ção das despesas voltadas para a proteçãoe promoção da criança, com a respectivaampliação de cobertura/oferta de servi-ços e qualidade da assistência, é priorida-de do Orçamento Criança e Adolescente.

1.3. COMO CALCULAR O ORÇAMENTOCRIANÇA E ADOLESCENTE

Para calcular o Orçamento Criança, foi elabora-do o Caderno 1 “Apurando o Orçamen-to Criança” com orientações detalhadaspara que você e sua comunidade apli-quem a Metodologia do OCA. A apura-ção exige que você se capacite no temaorçamento público para identificar e sele-cionar as ações e despesas que compõemo OCA. O auxílio para o levantamentodessas informações está disponível no si-te <www.orcamentocrianca.org.br>.

Basicamente, você deverá seguir quatro etapaspara apurar o OCA: a) obtenção de da-dos; b) seleção funcional de ações e des-pesas; c) seleção direta de ações e despe-sas e d) análise do OCA apurado.

Na etapa de obtenção de dados, você deve de-cidir se deseja apurar o OCA direta-mente da Lei do Orçamento Anual(LOA) e/ou do relatório da execuçãoorçamentária. A apuração a partir daLOA (Base Orçamento Anual) vai lhepropiciar uma avaliação do que estáprevisto para a criança e o adolescente.É possível, por exemplo, comparar oque foi programado em benefício dacriança e do adolescente durante os úl-timos anos. Para tanto, é necessáriodispor de uma cópia da LOA, especial-mente do “Quadro de Detalhamentode Despesas” (QDD) para os anos a se-rem analisados.

A apuração a partir do que foi executado no or-çamento lhe possibilita conhecer o queestá, de fato, sendo realizado do Orça-mento Criança e Adolescente. Na verda-de, o orçamento é apenas uma previsão,uma autorização para realização de gas-tos. Assim, muita coisa pode constar de-le e não ser executada ou mesmo serexecutada parcialmente. É possível, porexemplo, apurar o que foi realmente gas-to com a proteção e promoção da crian-ça e do adolescente nos últimos seis me-ses. Nesse caso, você deve obter o rela-tório de execução orçamentária (BaseExecução Orçamentária) junto à prefei-tura ou Câmara Municipal, ao governodo estado ou à Assembléia Legislativa,referente ao período. O modelo do rela-tório necessário para essa apuração en-contra-se no Caderno 1 “Apurando oOrçamento Criança” e também no site<www.orcamentocrianca.org.br>.

De posse dos dados que obteve, você deveráprosseguir na etapa seleção funcional edireta de ações e despesas. Nesta fase, vo-cê identificará as ações e despesas doOCA e as agregará de acordo com as trêsáreas de ação prioritária (Saúde, Educa-ção e Assistência Social). O Caderno 1“Apurando o Orçamento Criança” mos-tra como você deve proceder para fazeresse levantamento a partir da classifica-ção funcional-programática do orçamen-to (cálculo funcional) e, na seqüência,como dar consistência a esse estudo pormeio do chamado cálculo direto.

SIGA POR AQUIA apuração do Orçamento Criança eAdolescente pode ser feita a partirdos dados da Lei do OrçamentoAnual (Base Orçamento Anual) ou apartir de relatórios de execuçãoorçamentária (Base ExecuçãoOrçamentária). A primeira forneceinformações sobre a previsão anualde gastos com a criança e oadolescente. A segunda forneceinformações sobre o que foi

realmente gasto em umdeterminado período (três meses,um semestre, um ano etc.).Para a apuração pela BaseExecução Orçamentária, você podeutilizar relatórios com valoresempenhados, valores liquidados ouvalores pagos. A Metodologia doOCA recomenda considerar osvalores liqüidados, pois representamaquilo que já foi realizado, aindaque não pago.

Qual a base dados para calcular o OrçamentoCriança e Adolescente

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Na etapa de análise do Orçamento Criança eAdolescente apurado, dispondo da apu-ração do OCA, você deverá redigir oRelatório do Orçamento Criança (Rela-tório do OCA) de acordo com asorientações do Caderno 1 (veja seção6.5). Para isso é importante reunirmembros da comunidade que dete-nham um conhecimento maior sobre oorçamento e as políticas públicas da ci-dade, para chegar a conclusões consis-tentes sobre o resultado apurado.

1.4. COMO CONSEGUIR OS DADOS PARA CALCULAR O ORÇAMENTOCRIANÇA E ADOLESCENTE

O acesso à base de dados orçamentários é im-prescindível para que você possa realizara apuração do Orçamento Criança e Ado-lescente. Para a Base Orçamento Anual,é necessário ter em mãos o Quadro deDetalhamento de Despesas (QDD), queintegra a Lei do Orçamento Anual(LOA). A obtenção da LOA é relativa-mente fácil, pois, por exigência legal, elaé publicada em jornal de ampla circu-lação ou no próprio diário oficial do mu-nicípio, estado ou União. Você tambémpode obtê-la na Secretaria da Fazenda,no gabinete do prefeito ou governador,na presidência da Câmara Municipal ouna Assembléia Legislativa.

Para a Base Execução Orçamentária, você de-ve conseguir, junto à prefeitura, um rela-tório que traga o resultado da execuçãodo orçamento municipal por projeto eatividade orçamentários. O relatório deexecução orçamentária que serve para a

apuração do OCA deve trazer a posiçãoda realização das despesas, discriminadaconforme o “Quadro de Detalhamentode Despesas” (QDD) existente no orça-mento, que chamamos de Relatório deExecução Orçamentária por Órgão, Proje-tos e Atividades (RexO) (veja modelo naseção 3.3 do Caderno 1). Apesar de setratar de um relatório bastante simples eamplamente usado pelas próprias prefei-turas para o acompanhamento da execu-ção orçamentária, não há previsão legalexpressa de sua divulgação ou publica-ção periódica. Na verdade, a Constitui-ção Federal prevê a publicação bimestraldo Relatório Resumido de Execução Orça-mentária (RREO), cujo formato e con-teúdo são atualmente definidos pela Se-cretaria do Tesouro Nacional do Minis-tério da Fazenda. Porém, RREO nãooferece dados com o detalhamento ne-cessário para o OCA.

Para conseguir o Relatório de Execução Orça-mentária com o formato e conteúdoadequado, você deve solicitá-lo oficial-mente à prefeitura ou ao governo do es-tado. Protocole ofício de organizaçãorepresentativa com a solicitação e sugi-ra um prazo razoável para retornar e re-ceber o relatório (veja, no Anexo I, omodelo de ofício). Pode ser mais produ-tivo solicitar, inicialmente, ao respon-sável direto por sua elaboração: o secre-tário da Fazenda. Em municípios maio-res, solicite ao secretário de Planeja-mento. Se após o prazo estabelecido,você não obtiver resposta, encaminhenova solicitação ao secretário de Assis-tência Social (ou do Trabalho), pois eleé o responsável pelas políticas diretas

CONSULTEA LEGISLAÇÃO

“É dever da família, dacomunidade, dasociedade em geral edo Poder Públicoassegurar, comabsoluta prioridade, aefetivação dos direitosreferentes à vida, àsaúde, à alimentação, àeducação, ao esporte,ao lazer, àprofissionalização, àcultura, à dignidade, aorespeito, à liberdade eà convivência familiare comunitária.”

Estatuto da Criança e do Adolescente,

art. 4º

Obtendo os dados para o Orçamento Criança e Adolescente

SECRETÁRIO MUNICIPAL DA FAZENDA

PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL

MINISTÉRIO PÚBLICO

• É o responsável legal pela emissão dos relatórios contábeis sobre amovimentação orçamentária e financeira da prefeitura.• Tem a obrigação legal de responder às solicitações de informações.

• É o dirigente principal do Poder Legislativo, que, além de apreciar e aprovar asleis orçamentárias, tem o dever constitucional de fiscalizar o Poder Executivo ezelar para que os cidadãos tenham acesso às informações do Poder Público.

• Tem competência para exigir judicialmente a disponibilização dos dados, emcaso de recusa de disponibilização pelas autoridades do Poder Executivo.

AGENTES PRINCIPAIS

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de proteção da criança e do adolescen-te, o que sugere que dispensará maioratenção ao seu pedido.

É possível que você tenha dificuldades paraconseguir o Relatório de Execução Or-çamentária ou mesmo a cópia da Lei doOrçamento Anual. Embora a legisla-ção brasileira preveja o princípio dapublicidade e da clareza na gestão dasfinanças públicas (Constituição Fede-ral e Lei Complementar nº 101/00),em alguns municípios e estados costu-ma prevalecer a cultura do autoritaris-mo, que resiste em atender aos direitosda cidadania. Você deve, em primeirolugar, procurar esgotar todas as possi-bilidades de obter essas informaçõesna prefeitura ou na Câmara Munici-

pal. Se for necessário, dirija sua solici-tação diretamente ao prefeito. Apro-veite para agendar uma audiência, oque certamente ajudará a esclarecer omotivo do pedido.

Se, depois de tudo isso, você não conseguir ob-ter o relatório, a solução é realizar umamobilização social, acionando a via judi-cial. Procure os representantes do Mi-nistério Público em sua região. Faça umarepresentação pela publicidade das in-formações orçamentárias, que devemser, por natureza, de conhecimento pú-blico. Além disso, você e sua comunida-de podem entrar na justiça comum comum mandato de segurança para garantiro direito à publicidade das informaçõessobre o orçamento.

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1. Calcular o Orçamento Criança e Adolescente a fim de dispor de informaçõesestruturadas para promoção da inclusão social de crianças, adolescentes e suasfamílias, bem como para acompanhamento e avaliação das políticas implementadas afavor dessas pessoas.

1. Solicitar ao Secretário da Fazenda dados para apuração do OCA.2. Encaminhar junto ao Ministério Público ação para obtenção dos dados necessáriospara a apuração do OCA, em caso de recusa da prefeitura.

AÇÕES IMPORTANTES DE:

CONSULTE A LEGISLAÇÃO“O acompanhamento e a

avaliação, de formapermanente, da

política e daoperacionalidade da gestão

fiscal serão realizados porconselho de gestão fiscal,constituído por representantes detodos os poderes e esferas deGoverno, do Ministério Público e deentidades técnicas representativas

da sociedade, visando à adoção denormas de consolidação das contaspúblicas, padronização dasprestações de contas e dosrelatórios e demonstrativos degestão fiscal de que trata esta LeiComplementar, normas e padrõesmais simples para os pequenosmunicípios, bem como outros,necessários ao controle social.”

Lei Complementar nº 101/00,art. 7, III

Criação de instrumentos necessários ao controle social

Obtendo os dados para o Orçamento Criança e Adolescente

VIGILÂNCIA

SOCIAL

MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

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CONTROLE SOCIAL DO ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente

POR QUE fazer ca

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2.1. RAZÕES PARA LUTAR POR UM BRASIL PELAS CRIANÇAS

O controle social constitui o direito democrático que a sociedade

tem de defender, acompanhar e avaliar a execução de políticas

públicas. Neste capítulo, você conhecerá a importância de realizá- lo

a favor do Orçamento Criança e Adolescente.Também será

informado de como participar da rede de organizações do OCA e

articular uma frente parlamentar voltada para esse controle.

A luta por um futuro melhor para as crianças e os adolescentes no Brasil não começouagora. Remonta a décadas de mobilização da sociedade civil brasileira. Muitascausas sociais foram conquistadas e muitas vêm sendo defendidas e viabilizadas.Outras tantas precisam, ainda, ganhar corações e mentes para tornarem-se reali-dade na nossa agenda pública. De qualquer forma, hoje a luta pelo desenvolvi-mento da criança e do adolescente e pela garantia de seus direitos é realidadeconsciente em nosso país, marcada por conquistas relevantes na última década esintonizada com compromissos internacionais.

Nessa luta, a sociedade brasileira, por meio de organizações sociais, tem sido a grandeprotagonista. Situadas em bairros, localizadas nas cidades, mirando no horizontedos desafios do estado e do país, organizações das mais diversas naturezas vêmatuando em defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes, buscando obter in-formações para suas ações e sobre a situação da criança, lutando para sensibilizarautoridades, tentando compreender a lógica de funcionamento da administraçãopública e do uso dos recursos públicos. Essas organizações lutam para promover ocontrole social das ações públicas capazes de garantir um futuro melhor para todasas crianças brasileiras.

A luta pela promoção e proteção da criança e do adolescente é a luta pelo verdadeiro fu-turo do Brasil. Crianças e adolescentes que crescem pobres, tornam-se vulnerá-veis, com chances mínimas de desfrutarem uma vida saudável e oportunidadesdignas de trabalho e renda na idade adulta. Conforme destaca o documento UmMundo para as Crianças, da ONU, ao conferirmos “alta prioridade aos direitos dascrianças, sua sobrevivência, proteção e desenvolvimento, cuidamos dos melhoresinteresses de toda a humanidade e asseguramos o bem-estar de todas as criançasem todas as sociedades”. A implementação de ações prioritárias em benefício dacriança e do adolescente, por sua vez, se desdobra em diversos eixos de ação e es-tratégias, como assinala o documento Pacto pela Paz.

Hoje, crianças e adolescentes são parcela expressiva da população brasileira, representan-do 33,20% do total. De acordo com dados do IBGE, cerca de 47,3% da população

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de 0 a 17 anos vivem em famílias comrenda per capita inferior a meio salário mí-nimo. São mais de 27 milhões de meni-nos e meninas sofrendo privações de vá-rios tipos, como falta de alimentação ade-quada e de acesso a saneamento básico,água potável e educação de qualidade.

Além de inseridas em um ambiente de pobreza,nossas crianças e adolescentes estão su-jeitos a graves riscos sociais. No Brasil,segundo dados da Pesquisa Nacional porAmostragem de Domicílios (PNAD) de2003, do Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE), há cerca de 2,7milhões crianças na faixa etária de 5 a15 anos submetidas ao trabalho infantil,a grande maioria em áreas rurais. Deacordo com o estudo Matriz Intersetorialde Enfrentamento da Exploração SexualComercial de Crianças e Adolescentes, daSecretaria Especial de Direitos Huma-nos, existem no país 932 cidades ondeocorre a exploração sexual comercial in-fanto-juvenil, 495 das quais com popu-lação entre 20 mil e 100 mil habitantes,principalmente no Nordeste e no Sudes-te. No caso do ensino, a escolarizaçãoainda não alcança todas as crianças. NoEnsino Fundamental, a taxa de escolari-zação líquida não cobre todo o universo,atingindo 93,9%. No Ensino Médio, es-

sa taxa está gravemente distante de atin-gir a principal parcela de jovens, cobrin-do somente 40,6%, segundo dados de2002 da PNAD. Nesse último nível es-colar, de cada cem adolescentes, 17abandonam a escola na rede pública. Ataxa de repetência para ambos os níveisde ensino é alta, representando 20%, e ade evasão, 5,4% e 7,6%, respectivamen-te para os níveis fundamental e médio.Noutra vertente, embora venha caindogradativamente, a mortalidade infantilpara menores de 1 ano registra no país aalta taxa de 27,8 óbitos para cada milnascidos vivos, chegando a 41,4 nosmunicípios do Nordeste, de acordo comdados de 2002 do IBGE. Porém, o per-centual de crianças com baixo peso aonascer tem subido nos últimos anos,atingindo 8,1% em 2002, de acordocom o Ministério da Saúde.

Mais do que a gravidade dos problemas, des-pontam as dificuldades do Poder Públi-co de alterar de forma significativa esustentada esse cenário. De acordo como acompanhamento do Plano de AçãoPresidente Amigo da Criança realizadopela Rede de Monitoramento Amiga daCriança, o ritmo dos gastos governa-mentais no país em várias ações nãotem se mostrado suficiente para o cum-

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primento dos Objetivos do Milênio até2010, período da primeira avaliação ge-ral. A tendência histórica indica que,até lá, serão despendidos apenas 56%dos recursos necessários para alcançar asmetas, sendo que, no quadriênio 2004/2007, o governo federal investirá ape-nas entre 16% e 20% dos recursos ne-cessários para alcançar essas metas noperíodo. A priorização das políticas vol-tadas às crianças e aos adolescentes de-penderá, então, da articulação e do estí-mulo a iniciativas de estados, municí-pios, sociedade civil e comunidade in-ternacional. Além disso, a tendênciahistórica dos indicadores mostra que oBrasil provavelmente alcançará apenastrês das oito metas de Um Mundo paraas Crianças passíveis de mensuração.Também continuam a faltar informa-ções para o monitoramento das metas esobre a destinação de recursos para acriança e o adolescente.

Portanto, são muitas as razões para lutar por umBrasil para as crianças. Defender o aces-so à educação de qualidade para todos,incrementar os recursos públicos paraações em benefício da população infan-to-juvenil, assim como lutar pela efetivi-dade, publicidade e clareza das políticase recursos públicos empregados são algu-mas delas. É preciso que nós, organiza-ções de defesa dos diretos e assistência àscrianças, conselhos e lideranças, seja-mos capazes de promover o controle so-cial dessas ações para que consigamosconstruir um outro país para nossascrianças, nossos adolescentes e jovens.

2.2.A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE SOCIAL DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

Criar um Brasil para as crianças, baseado no de-senvolvimento sustentável e em princí-pios democráticos de igualdade, não-dis-criminação, justiça social e universalida-de, é uma tarefa complexa e desafiadora.Ela exige a atuação intensa e organizadada comunidade, mas, principalmente, detoda a sociedade, para produzir as mu-danças que queremos no âmbito da pró-pria sociedade e do governo. Ela exigeque consigamos promover o controle so-cial das ações em benefício da criança edo adolescente, como forma de consoli-darmos a proteção de direitos e a promo-ção de políticas públicas que precisamos.

Em princípio, a família, como unidade básica dasociedade, tem a responsabilidade deproteger e promover a educação e o de-senvolvimento das crianças e dos ado-lescentes. Porém, na vida em sociedade,a família tem direito a receber proteçãoe apoio completos para levar adiante es-sa tarefa. Esse apoio e proteção devem

“Os problemas críticos continuam:a cada ano morrem mais de 10milhões de crianças, embora amaioria dessas mortes pudesse serevitada; 100 milhões de criançasainda estão fora da escola, 60 %das quais são meninas; 150milhões de crianças sofrem dedesnutrição; e o HIV/AIDS propaga-se a uma velocidade

catastrófica. (...) A infância demilhões de seres humanoscontinua sendo destruída pelanecessidade de trabalhar emcondições de perigo e exploração,pela venda e o tráfico de crianças eadolescentes e por outras formasde maus-tratos, descuido,exploração e violência.”

Um Mundo para as Crianças, p. 18

POPULAÇÃO RESIDENTE POR GRUPOS DE IDADE – 2005

FAIXAS NÚMERO DE PESSOAS (%)

Menos de 1 ano 3.666.884 1,99

1 a 4 anos 14.303.865 7,77

5 a 9 anos 16.992.071 9,23

10 a 14 anos 16.463.415 8,94

15 a 17 anos 10.315.317 5,60

SUBTOTAL 61.741.552 33,52

18 a 19 anos 7.041.885 3,82

20 a 24 anos 17.782.204 9,65

SUBTOTAL 24.824.089 13,48

25 a 29 anos 15.735.323 8,54

30 a 39 anos 27.623.855 15,00

40 a 49 anos 23.112.620 12,55

50 a 59 anos 14.860.109 8,07

60 a 69 anos 9.181.801 4,99

70 anos ou mais 7.104.915 3,86

TOTAL 184.184.264 100,00

Fonte: IBGE Diretoria de Pesquisas. Projeção da População do Brasil.Revisão de 2004

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A defesa de uma educação de qualidade é

o principal desafio para o desenvolvimento das

crianças.

O Brasil quase alcançou a universalização damatrícula no ensino infantil, porém, osresultados das provas de aproveitamentomostram que quase 20% das crianças chegamà 4ª série do Ensino Fundamental sem saber lere escrever.

2. A redução da mortalidade infantil ainda é

um grande desafio para alguns grupos da

população brasileira.

Apesar da mortalidade infantil ter caído mais de40% entre 1990 e 2002, essa melhoria não foia mesma para todas as crianças. Hoje, umacriança pobre tem o dobro de probabilidade deuma criança rica de morrer antes de completar1 ano. Da mesma forma, uma criança que morano estado de Alagoas tem uma probabilidadequatro vezes maior de morrer do que umacriança que vive no Rio Grande do Sul.

3. Cada vez mais, as crianças e os adolescentes

brasileiros são vítimas da violência.

Entre 1990 e 2002, a taxa de mortalidade porhomicídio de crianças e adolescentes entre 0 e17 anos de idade quase dobrou.

4. É preciso erradicar o trabalho infantil.

Apesar do percentual de crianças trabalhadorasentre 10 e 15 anos de idade ter caído mais de40% entre 1992 e 2002, ainda existem 13,5%de crianças nessa faixa etária trabalhando.A probabilidade de uma criança pobre serexplorada no trabalho infantil é quatro vezesmaior do que a de uma criança rica.

5. A superação da desigualdade e da pobreza

constitui condição básica para consolidação de

um futuro para as crianças.

A manutenção de um padrão dedesenvolvimento econômico que exclui osbenefícios sociais básicos compromete as açõesde proteção de direitos das crianças e de suasfamílias. No Brasil, quase 50% das crianças edos adolescentes vivem em famílias pobres cuja

renda familiar per capita é menor que meiosalário mínimo.

6. É preciso combater a impunidade da

exploração sexual comercial infanto- juvenil.

O enfrentamento da exploração sexualcomercial infanto-juvenil depende da superaçãoda fragmentação de ações e programas, demaneira a permitir o fortalecimento do sistemade garantia de direitos e, fundamentalmente, ofim da impunidade dos exploradores.

7. Os recursos públicos destinados à atenção

à criança são insuficientes.

Para alcançar as metas mensuráveis do UmMundo para as Crianças, ao longo do período de2000-2010, a tendência histórica aponta gastosequivalentes a apenas 56% dos recursosnecessários.

8. É preciso incrementar a ação dos conselhos

constituídos para defesa dos direitos das

crianças e dos adolescentes.

Os Conselhos de Defesa dos Direitos dasCrianças e dos Adolescentes e seus respectivosFundos são fruto de determinação legal e devemser criados para permitir a formulaçãoconsistente de ações e a destinação inequívocade recursos a favor das crianças.

9. Os preceitos do Estatuto da Criança e do

Adolescente precisam tornar-se um verdadeiro

Sistema de Garantia de Direitos.

A violação dos direitos das crianças e dosadolescentes ainda é uma constante na formade maus-tratos, abandono e tráfico, exigindoações concretas para a instituição de políticasestáveis e abrangentes de proteção.

10. É preciso que a sociedade saiba quais

são os recursos e as ações a favor da criança e

como eles estão sendo conduzidos.

Existe uma grande precariedade na atuação dopoder público no que se refere à clareza e àpublicidade de informações que permitam oacompanhamento das políticas públicas e doorçamento a favor da criança.

DEZ RAZÕES PARA LUTAR POR UM MUNDO PARA AS CRIANÇAS

1.

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“Comprometemo-nos anão poupar esforços nacontinuação da criaçãode um mundo para ascrianças, construído apartir das conquistas dadécada passada eguiado pelo princípiodas crianças emprimeiro lugar. (...) Aooutorgar alta prioridadeaos direitos dascrianças, suasobrevivência, proteçãoe desenvolvimento,cuidamos dos melhoresinteresses de toda ahumanidade easseguramos o bem-estar de todas ascrianças em todas associedades.”

Um Mundo para asCrianças, p. 70

vir do Estado constituído, que tem odever de satisfazer as necessidades epromover e proteger os direitos dos ci-dadãos. Para tanto, o Estado, organiza-do em instituições e dirigido por gover-nantes eleitos democraticamente, des-fruta de competências legais para pro-por e aplicar leis, conceber e imple-mentar políticas públicas, assim comopara obter e destinar os recursos neces-sários à promoção do desenvolvimentoeconômico e social das famílias, de suascrianças e adolescentes.

Durante o último século, o padrão de desen-volvimento econômico e social que vi-gorou no país não priorizou o desenvol-vimento humano e o Estado constituí-do não conseguiu proteger a maioriadas famílias brasileiras da exclusão so-cial de suas conquistas básicas. Hojeprevalece um cenário de não universa-lização de direitos sociais, que resultaem um quadro de disparidades sociais epobreza, materializado, principalmen-te, na fragilização do direito e do aces-so aos benefícios das políticas públicasde saúde, educação, assistência social,segurança, meio ambiente, entre ou-tras, e, conseqüentemente, comprome-tedor do desenvolvimento da criança edo adolescente.

Alguns governantes têm se mostrado empe-nhados na superação dessa dívida so-cial, mas enfrentam problemas políti-cos e administrativos para implemen-tar soluções. Têm dificuldades paraadministrar os diversos interesses so-ciais e colocar como prioridade a pro-teção e a promoção do desenvolvi-mento da criança e do adolescente, emum cenário onde a questão social ain-da não ocupa claramente o primeirolugar da agenda política e administra-tiva dos governos. A efetividade desuas ações, por sua vez, vê-se freqüen-temente comprometida por entravesburocráticos e processos decisóriospouco sujeitos à transparência e ava-liação. A alocação de recursos públi-cos quase sempre está submetida a pro-cedimentos e condutas que, em geral,não permitem a compreensão dos cri-

térios que a orientou e dos resultadosque pretendeu atingir.

Nessa perspectiva, é preciso que a sociedadeatue decididamente defendendo, deba-tendo, propondo, questionando e bus-cando o devido compromisso das auto-ridades e a eficácia de suas ações, paraque as soluções concretas para o desen-volvimento da criança e do adolescentee para a defesa de seus direitos sejamproduzidas. É essa ação de controle so-cial que levará, de fato, à edição de leise à implementação de políticas públicasrealmente orientadas democraticamen-te por critérios de eficácia e eficiência,com o devido envolvimento dos inte-ressados. Na verdade, as comunidades járealizam ações dessa natureza junto àsautoridades públicas e mesmo à socieda-de para que suas causas sociais se tor-nem objetos de leis e políticas públicas,e levem à efetiva superação das carên-cias que as geraram. Promover o contro-le social, especialmente da elaboração egestão do OCA, é uma ação estratégicanesse contexto.

O controle social dos recursos públicosdestinados à criança e ao adolescenteconstitui um momento especial, pois éno orçamento público que as prioridadesde ação e o Poder Público passam a des-frutar de plena legalidade para sua im-plementação. O Poder Público processauma série de decisões para definir o for-mato e conteúdo da ação governamen-tal, envolvendo diversos agentes políti-cos e administrativos, mas as políticaspúblicas e leis se efetivam mesmo com adisponibilização e gasto de recursos. Porisso, consideramos que o controle socialdo OCA permite a você e sua comuni-dade disporem de mais elementos para:

a. Avaliar concretamente o desempe-nho das ações a favor da criança e doadolescente.

b. Decidir com maior clareza quais aspolíticas públicas que devem ser priori-zadas a cada período.

c. Estabelecer uma política de ação es-

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tratégica a favor da criança e do adoles-cente, ao invés de apresentar apenas rei-vindicações pontuais.

d. Exigir eficiência e eficácia do PoderPúblico na alocação dos recursos públi-cos para o combate à pobreza e a promo-ção do desenvolvimento econômico esocial das famílias beneficiárias.

O controle social refere-se ao direito de atuaçãoda sua comunidade e de toda a sociedadecivil em um Estado democrático, pormeio da vigilância social e da mobiliza-ção social, em defesa e promoção de suacidadania. Por meio da mobilização so-cial, os indivíduos podem promoverações para articulação e organização depessoas e apoios destinados à otimizaçãodos recursos em benefício da criança e doadolescente. Pela vigilância social, é pos-sível desenvolver ações para o levanta-mento e a difusão de informações neces-sárias ao alcance de seus objetivos. NoOrçamento Criança e Adolescente, o con-trole social que você e sua comunidadedesenvolverão se dirigirá para ações devigilância social destinadas ao diagnósti-co e à divulgação dos valores e critériosutilizados para a alocação de recursos pú-blicos, enquanto as ações de mobilização

social buscarão criar oportunidades paraa defesa de direitos das crianças e dosadolescentes. Na prática, essas iniciati-vas não estarão separadas, mas sim juntascomo, por exemplo, quando aconteceruma audiência pública em que o levanta-mento e a divulgação de informações ne-cessárias à sua organização será, certa-mente, uma ação de vigilância e a con-vocação da comunidade à participação,ou seja, mobilização social.

2.3. FORTALECENDO A REDE DE CONTROLE SOCIAL DO ORÇAMENTOCRIANÇA E ADOLESCENTE

A eficácia do controle social do OCA dependeda capacidade de articulação das organi-zações que atuam em defesa da criança edo adolescente na sua região, assim co-mo do acompanhamento de todos os as-pectos que afetam a qualidade de vida eos direitos desta população. A luta porum Brasil para as crianças terá sucesso seconseguirmos ir além do enfrentamentoisolado dos problemas que atingem a in-fância, a adolescência e a juventude,construindo uma política que otimize autilização dos recursos públicos em seubenefício. Temos pela frente um proble-ma social que só será superado com aação integral e articulada dos envolvidosnesse campo, uma capacidade de açãoque configure um verdadeiro Sistema deGarantia de Direitos.

No Brasil, em sintonia com a Convenção Inter-nacional dos Direitos da Criança, o con-trole social das ações públicas para a in-fância e adolescência está alicerçado noprincípio de proteção integral. Desde adécada de 1990, com a promulgação doEstatuto da Criança e do Adolescente(ECA) (Lei nº 8.069, de 13 de julho de1990), a criança e o adolescente passa-ram a ser reconhecidos como indivíduossujeitos de direitos e em condição pecu-liar de desenvolvimento que, do pontode vista social, merecem o acompanha-mento e a proteção durante seu cresci-mento e formação. Com o ECA, essepapel passa a ser conferido a toda a so-ciedade e ao Estado constituído, que

• Garantir a erradicação da violência sexual infanto-juvenil,viabilizando a implantação eimplementação do Plano Nacionalde Enfrentamento à Violência,Exploração e Abuso Sexual nosestados e respectivos municípios.• Garantir a prevenção e erradicaçãode qualquer forma de trabalhoinfantil, e a proteção do trabalhadoradolescente conforme a Lei.• Garantir a cidadania das famíliaspor meio de uma política nacional deassistência social, que tenha comofoco o enfrentamento da pobreza,garantindo a proteção integral dasfamílias, crianças e adolescentes.• Assegurar uma política nacional de

cultura, esporte e lazer, de caráteruniversal, para crianças eadolescentes, que contemple aintegração regional e a valorizaçãoda cultura local, garantindo recursosfinanceiros nos orçamentos públicosdas três esferas de governo.• Reunir forças na universalizaçãodo atendimento à educação infantil baseado nos princípios de democratização do acesso,permanência e gestão e qualidade social.• Garantir políticas de saúde públicade acesso universal e equânime nosaspectos da promoção, prevenção,proteção e recuperação da saúde decrianças e adolescentes.

Compromissos do Pacto pela Paz

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tem o dever de criar e manter políticaspúblicas específicas e básicas para a ga-rantia dos direitos fundamentais dacriança e do adolescente.

Como conseqüência dessa doutrina de proteçãointegral e especial à criança e ao adoles-cente, foi criado por força de lei um Sis-tema de Garantia de Direitos, visando àproteção propriamente dita, à responsa-bilização por ação ou omissão de viola-ção dos direitos, à aplicação dos instru-mentos postulados pelo sistema e à inte-ração entre os atores do sistema. O siste-ma, por sua vez, prevê a atuação articu-lada de sociedade civil e Poder Público(art. 8º do ECA) para implementaçãodas políticas necessárias, balizadas pelofuncionamento dos Conselhos dos Di-reitos da Criança e do Adolescente eConselhos Tutelares.

Os Conselhos de Direitos são formados pormembros do Poder Público e da socieda-de civil. Funcionam nos âmbitos federal,estadual e municipal e são responsáveispela formulação e pelo controle das polí-ticas de atendimento às crianças e aosadolescentes, bem como pela gestão dosFundos de Direitos das Crianças e dosAdolescentes. Já os Conselhos Tutelares(CTs), organizados por município, sãoresponsáveis pelo acolhimento e encami-nhamento de crianças e adolescentes quetêm seus direitos ameaçados ou violados.

Segundo dados do Sistema de Informa-ções para a Infância e Adolescência (Si-pia) de 2005, existem no país 4.561 Con-selhos Municipais de Direitos e 4.260Conselhos Tutelares, para um universototal de 5.562 municípios. A legislaçãoexige no mínimo um Conselho Tutelarpor município, mas os municípios maio-res podem ter mais. O Município de SãoPaulo, por exemplo, tem 35 CTs, cadaum responsável por uma região da cidade.Além disso, constatou-se que, de um mo-do geral, o funcionamento e a estruturadesses conselhos e fundos são deficitários.

Apesar de estarem no centro do Sistema deGarantia de Direitos da criança e doadolescente, os Conselhos de Direito eos Conselhos Tutelares estão inseridosem um cenário onde atuam outros con-selhos setoriais, instituições do setor pú-blico, e organizações não-governamen-tais que prestam atendimento ou agemem defesa da infância e adolescência.Dentre os conselhos setoriais, destacam-se os Conselhos de Assistência Social,nas esferas federal, estadual e municipalpois, atualmente, cumprem papel funda-mental na implementação de políticasbásicas e especiais. Aos Conselhos deSaúde e ao Fundo de Manutenção doEnsino Fundamental (Fundef) cabetambém função central, uma vez queacompanham a gestão da principal par-cela dos recursos do OCA.

Entre os atores do setor público, o MinistérioPúblico ocupa papel relevante. Ele de-tém prerrogativas plenas para atuar noâmbito direto da defesa de todos os di-reitos. Os agentes públicos que respon-dem pela concepção e implementaçãodireta das políticas públicas, bem comopela gestão de equipamentos públicos deatendimento à criança e ao adolescentesão atores centrais para a construção doSistema de Garantia de Direitos.

No campo das organizações da sociedade civil,encontramos aquelas que prestam aten-dimento direto e as que atuam pela pro-moção e proteção da infância e da ado-lescência. Elas são o elemento propulsordo controle social.

“Nós, os governos que participamosda sessão especial,comprometemo-nos a implementar oPlano de Ação, considerando apossibilidade de adotar medidascomo as seguintes:

a. Colocar em prática, conforme asituação, leis, políticas e planosde ação nacionais eficazes edestinar recursos para realizar eproteger os direitos das crianças eassegurar seu bem-estar.b. Estabelecer ou fortalecer órgãosnacionais, como mediadores

independentes que defendam osdireitos das crianças, quandonecessário; ou outras instituiçõespara promover e proteger osdireitos das crianças;c. Elaborar sistemas nacionais deacompanhamento e avaliaçãopara determinar os efeitos dasmedidas adotadas em relação às crianças;d. Promover ampla consciência e compreensão dos direitos das crianças.”Um Mundo para as Crianças, p. 27

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Nesse cenário, o Conselho Nacional dos Direi-tos da Criança e do Adolescente (Co-nanda) desempenha papel-chave, a par-tir do Estatuto da Criança e do Adoles-cente, na definição das diretrizes para adinamização de todo esse Sistema deGarantia de Direitos. Ao Conanda cabea tarefa de integrar, fiscalizar, acompa-nhar e avaliar o conjunto das políticaspúblicas, bem como de fortalecer a redede atenção integral à criança e ao ado-lescente. No quadro “Ações de Contro-le Social do Orçamento Criança” en-contram-se definições importantes doConanda para orientar as ações de vigi-lância e mobilização social.

Como já foi dito, o orçamento público é decisi-vo para a gestão pública, pois ele é frutode um conjunto de decisões em diversasáreas. Para alcançar sucesso no direcio-namento desse orçamento em benefícioda criança, é preciso promover uma redede controle social que comprometa comesse objetivo todos os agentes atuantesnesse campo. Nessa perspectiva, dispo-mos de um avançado marco legal para agarantia de direitos da criança e do ado-lescente, que se destina a assegurar a im-plementação de políticas públicas com aparticipação da sociedade civil e o cum-primento efetivo dos seus direitos.

2.4.ATUANDO JUNTO AO PODER EXECUTIVO

O Poder Executivo desempenha o papel princi-pal na concepção e implementação dasações que integram o OCA. É ele quedetém a competência para cobrar os tri-butos, gerenciar a arrecadação, adminis-trar os recursos financeiros, humanos eadministrativos e definir as ações gover-namentais a serem executadas.

No âmbito do município, o Poder Executivo setraduz na figura da prefeitura e se mate-rializa, de fato, na pessoa do prefeito. Aprefeitura é uma instituição complexa,que envolve o funcionamento de diver-sos órgãos distintos e, muitas vezes,complementares. Ela conta com funcio-nários para o desempenho de suas fun-ções. Uma parte desses funcionários écontratada por meio de concurso públi-co (servidores públicos municipais) eoutra é contratada por meio de empre-sas prestadoras de serviços (terceiriza-dos). Já o prefeito tem a responsabilida-de, conferida pelas urnas, de governar acidade, respondendo legalmente pelosatos praticados pela prefeitura. Entre-tanto, a atuação do prefeito também écomplexa, porque, além de estar condi-cionada a leis, esse gestor público exer-

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ce seu poder por meio de indivíduos in-dicados para ocupar posições relevantesno comando e na administração do ór-gão (cargos comissionados), com desta-que para os que são indicados para diri-gir os órgãos da municipalidade (secre-tários, presidentes de empresas, funda-ções e autarquias).

Desse modo, o funcionamento da prefeitura sedeve à ação da chamada administração,integrada pelo pessoal de carreira e ter-ceirizados, e também à ação do governo,composto pelos indicados pelo prefeitopara comporem sua equipe. O desafio deum bom governo e de uma boa adminis-tração reside, então, na qualidade da ar-ticulação entre esses atores.

De fato, a atuação da administração e do gover-no se desdobra em diversos órgãos. Aeficiência da prefeitura vai dependerdessa estrutura e de como os órgãos rela-cionam-se entre si. Em princípio, não épossível definir um modelo. Cada prefei-tura pode ter a estrutura de órgãos quedesejar, definida em lei aprovada pelaCâmara Municipal. Tradicionalmente,as prefeituras estão organizadas em tornode secretarias, mas, em alguns municí-pios de menor porte, o nível mais impor-tante pode ser o departamento. Além dogabinete do prefeito, de modo geral, te-mos as Secretarias de Fazenda, Adminis-tração, Obras, Educação (costuma en-globar esporte, turismo e lazer), Saúde,Assistência Social e Trabalho, e a Pro-curadoria, que responde pela gestão jurí-dica da prefeitura. Em alguns municí-pios, é possível não haver a Secretariade Assistência Social e Trabalho, embo-ra as suas funções certamente sejam de-sempenhadas por algum órgão hierar-quicamente inferior dentro do gabinetedo prefeito ou das Secretarias de Educa-ção e Saúde. Além disso, muitos muni-cípios possuem Secretaria de Planeja-mento e Secretaria de Governo, o quetende a ser uma vantagem, pois valorizaa dimensão do planejamento e da coor-denação para o funcionamento da pre-feitura. Outras secretarias como as deMeio Ambiente e Serviços Urbanos,que costumam existir em cidades de

maior porte, tendem a ter suas funçõesdesempenhadas pela Secretaria deObras e pela Secretaria de Administra-ção nas menores.

A concepção e a execução do Orçamento Crian-ça e Adolescente envolve praticamentetodas essas secretarias. A correlação dasesferas prioritárias de ação do OCA seestabelece de forma quase que diretacom a nomenclatura das secretarias. As-sim, a Secretaria de Saúde responde pe-lo eixo saúde, a de Educação por educa-ção e a de Assistência Social e Trabalhopelo eixo assistência social e direitos decidadania. Entretanto, as eventuaisobras das três esferas encontram-se, emgeral, sob a responsabilidade executivada Secretaria de Obras, assim como asações de saneamento (água, esgoto, lim-peza urbana e habitação) incluídas pelaMetodologia do OCA na esfera saúde.Isso pode significar que as decisões de di-mensionamento e execução de obras emdiferentes áreas sejam de responsabilida-de da Secretaria de Obras.

Para o OCA, a Secretaria de Administração e aProcuradoria desfrutam de importânciadiferente dos demais órgãos. Em vez deresponderem diretamente pela execu-ção de alguma ação do OCA, elas sãoresponsáveis pela criação de importan-tes condições para sua implementação,sobretudo pela viabilização do processode licitação, que possibilita a escolha dofornecedor do bem, serviço em geral oudo serviço de obra. Compete à Procura-doria responder pela legalidade das lici-tações e contratações. Se ela não estiveradequadamente capacitada e devida-mente sintonizada com as prioridadesda prefeitura, é bem possível que ocor-ram dificuldades para a operação, emtempo hábil, dos empreendimentos doOrçamento Criança e Adolescente sujei-tos a licitação.

Já a Secretaria de Administração pode even-tualmente ser responsável pela gestão dosserviços ambientais e de limpeza urbanaque compõem as ações do OCA. Entre-tanto, na maioria das prefeituras, cabe aela a operacionalização do processo lici-

Política deatendimentoCONSULTE ALEGISLAÇÃO“A política deatendimento dosdireitos da criança edo adolescente far-se-áatravés de umconjunto articulado deações governamentaise não-governamentais,da União, dos estados,do Distrito Federal edos municípios.”

Estatuto da Criança edo Adolescente, art. 86

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2 Rede de entidades de garantia dos direitos da criançae do adolescente

CONSELHOS NACIONAL, ESTADUAIS

E MUNICIPAIS DOS DIREITOS DA CRIANÇA

E DO ADOLESCENTE

CONSELHO TUTELAR

CONSELHOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

PODER JUDICIÁRIO

MINISTÉRIO PÚBLICO

DEFENSORIA PÚBLICA

AGENTES PÚBLICOS

FORMADORES DE OPINIÃO PÚBLICA

(COMUNICADORES, ARTISTAS, IGREJAS,

LIDERANÇAS)

ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS

Órgão de gestão dos Fundos Nacional, Estaduais eMunicipais dos Direitos da Criança e do Adolescente edeliberação da política de atuação em benefício da criança e doadolescente no âmbito de sua esfera governamental. Definem o Plano deAplicação de recursos do fundo e sua prestação de contas.

Órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pelasociedade, no âmbito municipal, de zelar pelo cumprimento dos direitos dacriança e do adolescente (ECA, art. 131). Formado por membros eleitos pelacomunidade representativa da infância e juventude do município, temautonomia conferida por lei para agir, contornar e corrigir desvios eviolações por parte da família, da sociedade e do Poder Público.

Atualmente, são os órgãos responsáveis pela gestão das transferências daUnião em benefício da criança e do adolescente, tanto na esfera estadualquanto municipal. Definem o Plano de Aplicação de recursos do Fundo deAssistência Social e sua prestação de contas.

É formado por um conjunto de autoridades com o poder de julgar.Representa o Estado na missão de aplicar as leis, vigiar sua execução ereparar violações às relações jurídicas. A autoridade competente é o juiz,também conhecido como magistrado, pessoa investida no cargo, porconcurso público, com competência e jurisdição (limites de sua atuação),tendo como fim julgar – dar uma sentença ou ordem judicial.

Instituição jurisdicional do Estado, à qual cabe a defesa da ordem jurídica,do regime democrático e dos direitos/interesses sociais e individuaisindisponíveis por incapacidade ou impossibilidade. Zela pelo fielcumprimento das leis. Em relação à criança e ao adolescente, o promotorpúblico é a autoridade competente para defender e zelar pelos interessesdessa população, nos termos dos artigos 200 a 205 do ECA.

Instituição para prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos quecomprovarem insuficiência de recursos, e de defesa, em todos os graus, naforma do art. 5o, LXXIV, da Constituição Federal. De acordo com o art. 4o, daLei 80/94, que trata da organização da Defensoria Pública da União, doDistrito Federal e dos estados, o defensor público tem a função institucionalde exercer a defesa dos interesses e direitos da criança e dos seusfamiliares.

Autoridades do Poder Executivo Federal, Estadual e Municipal, responsáveispela implementação das políticas públicas de proteção e promoção dacriança e do adolescente, formulam e gerenciam o orçamento público,dirigem as instituições públicas de atendimento à infância e adolescência.

Personalidades da comunidade que podem utilizar sua visibilidade públicapara atuar em defesa da promoção e proteção da infância e adolescência.

Organizações que prestam serviços de defesa ou atendimento à criança e aoadolescente. Desempenham papel central no controle social das açõespúblicas por serem porta-vozes dos interesses das crianças e dosadolescentes.

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AGENTES PRINCIPAIS

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tatório, cuidando da organização dos pro-cessos, escolha da comissão de licitação eandamento das contratações. Esse tam-bém constitui ponto sensível para a exe-cução do OCA, visto que toda documen-tação e encaminhamento de soluções en-contram-se a cargo dessa Secretaria.

Entretanto, para a garantia do OCA, o impor-tante é que você e sua comunidade co-nheçam o fluxo decisório da sua prefei-tura. De modo geral, há uma falsa idéiade que todas as decisões são tomadas pe-lo prefeito. Embora ele tenha responsa-bilidade legal e seja, como se diz na lin-guagem popular, “quem assina os docu-

mentos” (em algumas prefeituras demaior porte, o prefeito delega a secretá-rios por meio de decretos ou portarias),as decisões tendem a ser compartimen-tadas, descentralizadas ou carregadas deinfluência por aqueles que se encontramna administração direta do assunto. Poroutro lado, é comum se considerar comoresponsável principal para a temática doOrçamento Criança e Adolescente o Se-cretário(a) de Assistência Social e Tra-balho. Na verdade, como já abordamosacima, isso não procede, porque as açõesdo OCA se situam em diversas secreta-rias. Certamente, esse(a) secretário(a)responde por ações de proteção social

I. Garantir recursos orçamentários e financeiros nas trêsesferas governamentais, com vistas a fortalecer ossistemas de saúde, educação e segurança social, paraampliar o acesso, aos serviços, de crianças eadolescentes em situação de vulnerabilidade social.

II. Estimular a mobilização social e efetivar aparticipação dos Conselhos de Educação naelaboração, aprovação e execução da Lei Orçamentáriado Município, assegurando-se os recursos específicospara a educação infantil.

III. Propor a aprovação de Lei Federal que garanta opercentual de 5% da Seguridade Social no orçamentoda União e 5% do orçamento geral dos estados emunicípios para a política de Assistência Social,garantindo que o repasse de recursos se operacionalizede fundo a fundo, respeitando a autonomia do municípiona definição de políticas e aplicação de recursos.

IV. Realizar diagnósticos das demandas sociais paraorientar a formulação e a alocação de recursos para osprogramas sociais, em conformidade com a realidade ea especificidade dos municípios e regiões,instrumentalizando conselhos e gestores paraaprovação dos programas da assistência social.

V. Garantir recursos financeiros para a divulgação erealização de atividades que venham a erradicar otrabalho infantil e a proteger o adolescentetrabalhador, ampliando o orçamento de todas aspolíticas sociais básicas, nas três esferas de governo,com a garantia de que não haja atraso no repasse da

verba, para não prejudicar as ações e a continuidadedos projetos e programas.

VI. Garantir a urgente necessidade de capacitação dasociedade civil em relação ao orçamento público(federal, estadual e municipal), com vistas a permitir ocontrole social e estabelecer mecanismos demonitoramento da utilização dos recursos públicos.

VII. Propor legislação que destine, para o FundoCriança, os valores de multas aplicadas a pessoas eempresas que exploram mão-de-obra infantil.

VIII. Incluir, obrigatoriamente,nos orçamentosmunicipais e distrital, previsão de recursos paramanutenção dos conselhos de direitos e tutelares.

IX.Promover a alteração da legislação vigente sobre oImposto de Renda, de forma a possibilitar as doaçõesaté o momento das declarações, assim como asdoações de pessoas físicas e jurídicas em qualquermodelo e em qualquer modalidade.

X. Editar Resolução do Conanda que estabeleça orepasse de recursos, fundo a fundo, para Conselhos deDireitos que, comprovadamente, estejam em efetivofuncionamento.

XI. Envolver os conselheiros de direitos e tutelares,promotores públicos e a sociedade na elaboração e noacompanhamento da execução orçamentária derecursos destinados às ações de atendimento dosdireitos da criança e do adolescente.

AÇÕES DE CONTROLE SOCIAL DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

FONTE: Estratégias e Ações da V Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Brasília, 2003. CONANDA

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importantíssimas e pode ser tratado co-mo patrocinador principal dos interessesda criança e do adolescente, mas na hie-rarquia das prefeituras raramente conse-gue ocupar papel relevante.

Sem dúvida, em toda prefeitura, o gabinete doprefeito constitui o centro polarizadordos demais órgãos. Porém, os órgãos mu-nicipais detêm poder distinto no anda-mento do fluxo decisório. Normalmente,a Secretaria da Fazenda aparece comoelemento estruturante desse processo,visto que a lógica da disponibilidade derecursos e da capacidade de pagamentoda prefeitura apresenta-se como condiçãoprimeira para qualquer decisão sobre em-preendimentos. Pela primazia na forma-ção de opinião dentro da prefeitura, noentanto, concorrem com esta Secretaria,a Procuradoria e a Secretaria de Obras. Aprimeira detém o juízo das condições delegalidade do que se pretende realizar,que também desponta como condiçãofundamental devido às conseqüênciasque possíveis irregularidades podem acar-retar para o governo e para a administra-ção. Já a segunda ocupa posição relevan-te porque, no Brasil, prevalece a culturade que somente obras são realizações go-vernamentais válidas, deixando-se em se-gundo plano outras ações promovidas poroutros órgãos finalísticos. Assim, o Secre-tário de Obras tende a deter um poder deinfluência superior aos demais. Contudo,dependendo das correlações políticas, aposição do órgão de obras pode, certa-mente, ser ocupado pelo implementadorde uma das duas políticas sociais conside-radas prioritárias hoje no nosso país, emvirtude da sua importância político-so-cial: a Secretaria de Saúde ou Educação.

Diante desse cenário, você e sua comunidadedevem procurar o melhor caminho parapotencializar o OCA em seu município.Como vimos, as prefeituras funcionamde modo complexo. De um lado, admi-nistração e governo procuram se articu-lar para levar adiante seus objetivos. Dooutro, os diversos órgãos participam doprocesso decisório em busca igualmenteda consecução de seus objetivos. Nessaperspectiva, é forte a influência das Se-

cretarias de Fazenda, assim como a daSecretaria de Obras. As de Saúde e Edu-cação mostram-se sempre detentoras deforça própria, prontas para liderar o de-senvolvimento social do município. Ade Assistência, por sua vez, ocupa posi-ção secundária no contexto de prioriza-ção de ações. Caberá a você extrair des-sa realidade as melhores oportunidadespara alcançar sua causa social.

2.5. PRIORIZANDO A DEFESA DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE COM O PODER LEGISLATIVO

O sucesso do controle social do OCA em suacomunidade passa pela participação ati-va da Câmara Municipal de sua cidadee, certamente, da Assembléia Legislati-va de seu estado e da Câmara dos Depu-tados de modo geral, na rede de agentespara garantia dos direitos da criança e doadolescente. O Poder Legislativo ocupapapel central no Estado democrático,pois a garantia da legitimidade do exer-cício do governo está condicionada àatuação do governante eleito segundoleis produzidas pelos representantes dopovo, reunidos no Parlamento. Ao Le-gislativo cabe aprovar as leis que deve-rão orientar a atuação do Poder Executi-vo e, ao mesmo tempo, acompanhar efiscalizar a ação desses governantes à luzdo marco legal que ele próprio produziu.No exercício dessas competências, des-taca-se seu papel em relação ao orça-mento público que, sob a democracia,apresenta-se como o programa de traba-lho do Poder Executivo para o períodode um ano. São os parlamentares quedefinem as regras para a elaboração des-se programa e, na seqüência, o apreciame o aprovam para execução, assim comoanalisam a prestação de contas das reali-zações nele previstas.

A atuação do Legislativo na edição de leis, espe-cialmente, das leis orçamentárias – PlanoPlurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orça-mentárias (LDO), e Lei do OrçamentoAnual (LOA) – e o exercício do seu po-der de fiscalização são bastante comple-

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xos. No município, quando chegam àCâmara Municipal de vereadores, todosos projetos, inclusive o relativo à matériaorçamentária, são encaminhados, em pri-meiro lugar, para a Comissão de Legisla-ção e Justiça para apreciação de sua lega-lidade. Uma vez aprovada a legalidade daproposta de lei, o projeto tramita para acomissão temática pertinente (Educação,Saúde, Assistência Social) para receberum parecer e proposição de emendas. Pa-ralelamente, segue para a Comissão deOrçamento, que avaliará seu impacto or-çamentário-financeiro. Caso se trate delei orçamentária, o projeto segue diretopara essa última comissão, onde igual-mente receberá parecer e emendas.

Até a década de 1980, o Legislativo no Brasilnão tinha competência para alterar osorçamentos, visto que o art. 67 daEmenda Constitucional nº 01/67, quefazia parte da Constituição Brasileira noperíodo, havia vedado emendas decor-rentes do “aumento da despesa global oude cada órgão, projeto ou programa” ouaquelas visando “modificar o seu mon-tante, natureza e objetivos” (§ 1º). Apartir da Constituição de 1988, os parla-mentares puderam propor emendas deforma limitada, somente remanejandoprevisões de dotações e sem poder alte-rar a previsão de receitas.

Nos últimos anos, as comissões de orçamento,juntamente com as assessorias técnicasdo Legislativo, têm desempenhado o pa-pel principal na apreciação e no debatedos projetos de leis orçamentárias. O sta-

tus de comissão permanente, a centrali-dade institucional da matéria e mesmo asua complexidade são fatores que favore-ceram esse desempenho. Sob esse cená-rio, há uma forte tendência para que osentendimentos sobre a distribuição de re-cursos aconteçam no âmbito dessa comis-são. Ao Plenário, praticamente tem res-tado a homologação regimental das deci-sões. Com isso, o presidente da comissãoacaba por ocupar posição de destaque nasnegociações, gerando uma centralizaçãodecisória nem sempre desejável.

Por sua vez, o desempenho dos parlamentaresna apreciação das leis orçamentárias – so-bretudo do Orçamento Anual – tem sepautado marcadamente pela atenção àsemendas individuais e não por uma aná-lise integral da proposta orçamentária.Normalmente, prevalece a apresentaçãode um grande número de emendas, comvalores insuficientes para a realização deseus objetivos. Estas recebem o nome deemendas-janela e destinam apenas recur-sos simbólicos na tentativa de atender omaior número de demandas. Embora nãohaja impedimento legal a tal prática, elacontribui para o distanciamento do deba-te sobre viabilização de políticas gerais.Além de fragilizar sensivelmente a eficá-cia da atuação parlamentar, tais condutasmostram-se nitidamente desagregadorase deseducativas, pois sinalizam para a so-ciedade a possibilidade de não serem rea-lizadas, além de valorizar uma faceta ins-titucional secundária do trabalho parla-mentar, que é a de responder pelo atendi-mento localizado de demandas.

PRESIDENTE DA CÂMARA

MUNICIPAL

PRESIDENTE DA COMISSÃO DE

ORÇAMENTO

LÍDER DOS PARTIDOS OU BLOCOS

PARTIDÁRIOS

Dirige os trabalhos da Câmara, tendo competência para colocar emapreciação projetos de lei e conduzir negociações para escolha depresidentes e relatores de comissões, entre outras questões.

Dirige os trabalhos de apreciação de todas leis orçamentárias e tributárias (PPA, LDOe LOA), assim como de outros projetos de lei que envolvam despesas.Comanda o processo de recebimento e validação de emendas ao projeto de lei doorçamento.

Representa os interesses dos partidos na Câmara e responde pelas negociações queantecedem a apreciação das matérias em plenário.

Atuando junto ao legislativoAGENTES PRINCIPAIS

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Em grande medida, tal comportamento deve-seà inexistência de normatização da legisla-ção orçamentária, que estabeleça clara-mente a relação entre as três leis orça-mentárias (ciclo orçamentário). Issoacontece também devido à pouca explo-ração que o Legislativo faz de seu papelfiscalizador, sobretudo das exigências in-troduzidas pela Lei Complementar nº101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal)para a Lei de Diretrizes Orçamentárias(LDO). Nessa perspectiva, você e sua co-munidade devem procurar explorar, jun-to aos parlamentares, as oportunidades deacompanhamento da estimativa de recei-ta e de controle das contas públicas paraincremento do controle social do OCA.

A estimativa de receita é o principal balizador daproposta orçamentária. A Lei Comple-mentar nº 101/00 passou a conferir ao Le-gislativo a prerrogativa para apreciar ametodologia de estimativa de receitas,conferindo se ela é procedente. Duranteo período inflacionário, eram freqüentesprevisões superestimando as receitas.Com a estabilização da moeda a partir de1994, as estimativas de receitas torna-ram-se mais realistas. Contudo, em mui-tos casos persiste a prática da superesti-mação das receitas sob alegação de que is-so facilita a execução do orçamento –uma vez que o aumento dos valores no or-çamento permite incluir de maneira fictí-cia todas as demandas para depois nãorealizá-las. Desse modo, esta prática con-tribui negativamente para o falseamentodo programa de trabalho contido no or-çamento, além de estimular a formaçãode déficit orçamentário. Quando combi-nada com o mecanismo de suplementa-ção orçamentária, a superestimativa de-forma completamente o pacto original doorçamento durante a execução orçamen-tária. Na contramão dessa prática, a Leide Responsabilidade Fiscal passou a exigirque o Poder Executivo apresente, naLDO, a sua estimativa de receita acompa-nhada da metodologia. Com isso, os par-lamentares garantem o pacto orçamentá-rio de forma direta e eficaz, fazendo a devi-da avaliação da forma como a receita foiestimada e corrigindo-a, se for o caso.

I. Cumprimento das metasestabelecidas na Lei de DiretrizesOrçamentárias.

II. Limites e condições pararealização de operações de créditoe inscrição em Restos a Pagar.

III. Medidas adotadas para o retornoda despesa total com pessoal aorespectivo limite.

IV. Providências tomadas para

recondução dos montantes dasdívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites.

V. Destinação de recursos obtidoscom a alienação de ativos, tendo emvista as restrições constitucionais eas desta Lei Complementar.

VI. Cumprimento do limite de gastostotais dos legislativos municipais,quando houver.

Lei Complementar 101/00, art. 59

PRINCIPAIS PONTOS DE FISCALIZAÇÃO DO PODER LEGISLATIVO

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No caso do acompanhamento e controle dascontas públicas, a partir da Lei Comple-mentar nº 101/00 os parlamentares pas-saram a desfrutar de um conjunto de in-formações qualitativas que lhes possibi-lita exercer seu papel fiscalizador duran-te toda a execução do orçamento. A ati-vidade de análise da prestação de contasdo Executivo ficava, praticamente, res-trita à apreciação anual das contas damunicipalidade com o suporte do pare-cer do Tribunal de Contas. Tal ação, en-tretanto, passou a ser periódica em razãodo Executivo estar obrigado a emitirquadrimestralmente o Relatório de Ges-tão Fiscal e comparecer em audiênciapública para debater a gestão orçamen-tária e financeira. Por sua vez, o Relató-rio Resumido de Execução Orçamentária,uma exigência constitucional cuja pe-riodicidade é bimestral, passou a ter oseu conteúdo definido pela Lei Comple-mentar nº 101/00. Diversos quesitos re-ferentes à destinação de recursos passa-ram a ser exigidos, tais como o percen-tual de comprometimento das receitascom despesas de pessoal e dívida, crité-rios para repasse de recursos a entidades

privadas (subvenções), além dos per-centuais obrigatórios de recursos para asaúde e educação.

Além das competências diretas na formulaçãoe apreciação de leis, o Legislativo seapresenta como um rico e produtivo es-paço público para a promoção dos temasligados ao Orçamento Criança e Adoles-cente. Os parlamentares são liderançaspolíticas e formadores de opinião no mu-nicípio, que devem ser mobilizados nãosomente para a inclusão de emendas noorçamento, mas para a implementaçãode ações de vigilância social e mobiliza-ção social. Eles estão inseridos nos diver-sos estratos sociais do município e desfru-tam de trânsito em várias instituiçõestanto no município, quanto no âmbitodo estado e da União. Assim, eles devemser articulados para apoiar, criticar, de-fender, influenciar e divulgar as açõesnecessárias à promoção e proteção dacriança e do adolescente. Essa articula-ção pode envolver o parlamentar indivi-dualmente, um conjunto de parlamenta-res ou ainda seu partido. O envolvimen-to de diversos parlamentares irmanadosem torno da temática da infância, daadolescência ou da juventude apresentavantagens, pois potencializa a atuação doLegislativo em favor do OCA e o colocacomo tema permanente da agenda. Nes-se caso, trata-se da constituição de umaFrente Parlamentar em defesa dos direi-tos da criança e do adolescente, congre-gando representantes de todos os parti-dos. A partir dela, você e sua comunida-de estarão iniciando a organização de umparlamento para as crianças.

1. Mapeamento de organizações e lideranças que atuam em defesa da criança e doadolescente no município.2. Levantamento dos principais indicadores relativos à qualidade de vida e promoçãodos direitos da criança e do adolescente no muncípio.

1. Organizar, na Câmara Municipal, uma frente parlamentar para a promoção dosdireitos das crianças e dos adolescentes.2. Reunião com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente paraconhecimento das diretrizes de ação e do orçamento do Fundo dos Direitos daCriança e do Adolescente.

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Fazendo controle social do Orçamento CriançaAÇÕES IMPORTANTES DE:

CONSULTE A LEGISLAÇÃORegimento Interno da Câmara Municipal – É a base para a definição dosprocedimentos de funcionamento da Câmara Municipal.

Lei Orgânica do Município – É a Constituição do Município, trazendonormatizações complementares às da Constituições Federal e Estadual paradiversas matérias no âmbito do município, sobretudo no que diz respeito aodesenvolvimento urbano e econômico da cidade.

Fazendo controle social do OCA

VIGILÂNCIASOCIAL

MOBILIZAÇÃOSOCIAL

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O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente NO CICLO ORÇAMENTÁRIO

GARANTINDO

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3.1.A IMPORTÂNCIA DO CICLO ORÇAMENTÁRIO PARA O ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

O principal momento para o controle social do Orçamento

Criança e Adolescente acontece durante o ciclo

orçamentário.Você será informado do que pode ser feito

para garantir recursos e ações a favor da criança e do

adolescente no PPA, na LDO e na Lei do Orçamento.

O ciclo orçamentário constitui o principal espaço político para você e sua comunidadepromoverem o controle social do OCA. O ciclo orçamentário é o conjunto dastrês leis orçamentárias previstas na Constituição Federal Brasileira – Lei Anual doOrçamento (LOA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei do Plano Plu-rianual (PPA) – que se inter-relacionam ao longo do tempo (daí o nome ciclo),possibilitando ao Poder Público implementar suas ações. Fazer controle social doOCA nesse âmbito significa incluir, nas leis orçamentárias, as ações em benefícioda criança e do adolescente e atuar para que elas sejam realmente executadas. Sig-nifica também obter informações sobre o andamento dessas ações, assunto quediscutiremos com mais detalhes no capítulo 6.

A natureza da vigilância e mobilização social a serem desenvolvidas sofrerá variações de-pendendo do momento do ciclo. Na fase da Lei Anual do Orçamento (LOA), co-nhecida simplesmente como orçamento, você poderá inserir ações e aumentar osgastos a favor da criança e do adolescente. Afinal, é na LOA que a destinação derecursos para as ações governamentais é garantida anualmente. Os projetos e as ati-vidades com os respectivos valores de despesas são, ao mesmo tempo, autorizaçõese limites de gastos para as ações, que tornam possível sua execução de fato. Na fa-se da lei do Plano Plurianual (PPA), você poderá discutir a previsão de ações a fa-vor da criança e do adolescente para todo o mandato do prefeito ou governador. Is-to porque o PPA constitui um plano de ação para quatro anos, a contar do segun-do ano de governo, e deve constituir-se na principal referência para a elaboraçãoanual da LOA. Na fase da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), você poderá in-terferir na formulação de diretrizes, metas e prioridades do orçamento, assim comona exigência de transparência da execução do orçamento. A LDO é elaboradaanualmente, fornecendo orientações e diretrizes para a elaboração da LOA, deven-do também tomar o PPA como base principal para priorização de ações.

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3.2. COMO IMPLEMENTAR AÇÕES A FAVOR DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO PLANO PLURIANUAL

O Plano Plurianual deve compreender as diretri-zes, os objetivos e as metas de investi-mentos (despesas de capital) e de açõesde duração continuada para quatro anos.Ele é elaborado no início de cada novaadministração e enviado à Câmara deVereadores (ou para a Assembléia Legis-lativa, no caso dos estados, ou para a Câ-mara dos Deputados, se for União) até ofinal de setembro para a sua aprovação

como lei. Uma vez aprovado, é válido atéo final do primeiro ano do governo poste-rior. Portanto, quando um prefeito iniciao mandato, vigora o PPA aprovado na le-gislatura anterior e executado em maiorparte pelo gestor público antecessor.

De acordo com a Constituição Federal, o PlanoPlurianual é o plano de ação do gover-no. Contudo, até hoje nenhuma leicomplementar estabeleceu como ele de-ve ser estruturado nem o que deve con-ter, como deve ser sua relação com aLDO e a LOA ou de que maneira deveser feita a sua atualização ao longo dogoverno. Isso diminui sua força legal, le-vando muitas prefeituras a elaborar o seuPPA apenas para cumprir a determina-ção constitucional. Por isso, em grandemedida, a atuação da comunidade peloOrçamento Criança e Adolescente no PPAsignifica agir para garantir a essa lei opapel de ordenar e comprometer efeti-vamente as ações da prefeitura, pelo me-nos no âmbito das ações em benefício dacriança e do adolescente.

Nessa perspectiva, você deve estar atento atrês importantes ações de vigilância so-cial: (a) garantir, no PPA, a inclusão deuma grade programas e ações claras e vi-síveis para a criança e o adolescente; (b)garantir a elaboração de um diagnósticoconsistente sobre a situação da criança e

CONSULTE A LEGISLAÇÃOPrograma eleitoral de

governo Base para a definição das diretrizesgerais do PPA. Deve ser bemconhecido, para que se possacobrar coerência com oscompromissos de campanha.Constituição Federal Determina que o PPA destaque osinvestimentos e os programassociais de ação continuada.Exige que haja tratamento especial

para regiões da cidade commaiores problemas.Constituição EstadualPode apresentar diretrizescomplementares para a elaboraçãodo PPA.Lei Orgânica do Município Pode apresentar diretrizescomplementares para a elaboraçãodo PPA, como obedecer a diretrizesdo Plano Diretor, que diz respeitoao desenvolvimento urbano eeconômico da cidade.

Documentos que dão diretrizesao Plano Plurianual

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do adolescente; e (c) pactuar e garantiro estabelecimento de metas para a solu-ção dos problemas e para a conquista dascausas sociais. Avance na implementa-ção dessas ações, combinando-as com arealização das audiências previstas comoações de mobilização social.

Para garantir a inclusão da grade de programase ações no PPA (ação de vigilância so-cial 1), você deve definir uma lista deprogramas e ações que permita a aloca-ção inequívoca de recursos segundo ob-jetivos finalísticos voltados para a crian-ça e o adolescente. Desse modo, haverátransparência no monitoramento e naavaliação ao longo de sua execução.Uma referência para esse trabalho po-dem ser as esferas prioritárias de ação dodocumento Um Mundo para as Crianças,as estratégias do Pacto pela Paz ou, ainda,as resoluções do Conselho de Direitos dasua localidade.

Para que você encontre a melhor concepção deestrutura de ações a favor da criança edo adolescente, é bom verificar qualtem sido a forma de estruturação do

PPA de seu município, visto que, em ra-zão da inexistência de uma normatiza-ção clara, existem duas formas distintas:uma analítica e outra sintética. Na pri-meira, mais comum em municípios depequeno porte, o Plano Plurianual pra-ticamente se constitui de uma reprodu-ção da estrutura do orçamento anualmultiplicado por quatro, em referênciaao número de anos exigido constitucio-nalmente. Nesse caso, é prática comumconstar um quadro equivalente ao“Quadro de Detalhamento de Despesas”(QDD) previsto na Lei do OrçamentoAnual, com o devido detalhamento deprogramas, ações e valores totalizando oequivalente a quatro anos de gastos. Pa-ra alguns analistas, essa forma não seriaadequada, pois a Constituição Federalrestringe o conteúdo do Plano Pluria-nual a Despesas de Capital e Outras De-las Decorrentes e a Despesas com AçõesContinuadas e não a um orçamento plu-rianualizado. Apesar de isso enfraquecera natureza estratégica do PPA – uma vezque tudo encontra-se incluído e, por-tanto, sem diferenciação de importân-cia – por outro lado dá oportunidadepara estabelecer um compromisso estra-tégico mais amplo e detalhado.

Na segunda forma de estruturação do PlanoPlurianual, que segue o modelo do go-verno federal e é usado com mais fre-qüência em municípios de grande porte,é conferido um papel central aos progra-mas, que são descritos em detalhe. Umprograma constitui uma agregação deações (projetos e atividades) que con-correm para um objetivo comum prees-tabelecido pelo gestor público, destina-do à solução de um problema ou aoatendimento de determinada necessida-de ou demanda da sociedade. Embora asações também sejam descritas, nesse ca-so elas costumam ser vinculadas a metase não a valores, os quais aparecem demodo agregado nos programas.

A elaboração do diagnóstico (ação de vigilân-cia social 2) tem sua justificativa naprópria natureza do PPA. Por se tratarde um plano, cabe a ele o estudo da rea-lidade sobre a qual pretende atuar, para

PREFEITO

SECRETÁRIO DA FAZENDA

SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO

SECRETÁRIO DE ASSISTÊNCIA

SOCIAL

GRUPOS DE INTERESSE

• Define as diretrizes gerais.• Tem no PPA a oportunidade de reafirmarcompromissos de campanha.

• Elabora a previsão da disponibilidade de recursospara os quatro anos do PPA.

• Principal autoridade sobre o PPA.• Tem grande influência sobre o prefeito.• Coordena o processo que definirá o que o governodeverá considerar prioritário.• Precisa realizar um bom processo de negociaçãocom os agentes políticos do governo e da sociedade.• Pode entrar em conflito com o Secretário daFazenda, quando da definição de recursos.

• É responsável por uma parcela significativa dasações de proteção social, que são de naturezacontinuada.

• Os grupos interessados procuram incluir as obrasque consideram mais convenientes, pois é exigêncialegal que empreendimentos com duração superior aum ano sejam incluídas no PPA.

Atores envolvidos no Plano PlurianualAGENTES PRINCIPAIS

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se ter maior clareza e consistência sobrea gravidade dos problemas e das solu-ções que se apresentam. Aliás, em ter-mos de metodologia de planejamento, oestabelecimento de programas e açõesdeve sempre ser precedido de estudoexaustivo da realidade sobre a qual sepretende atuar. Entretanto, de modo ge-ral, não se encontram análises sistemá-ticas sobre os contextos que as prefeitu-ras enfrentam para levar adiante seusobjetivos sociais e econômicos. Incluin-do um diagnóstico sobre a situação dacriança e do adolescente do seu municí-pio no Plano Plurianual, você e sua co-munidade conhecerão de modo maisconsistente essa situação e com certezaobterão um PPA mais respaldado, po-dendo debater e avaliar melhor o futurode suas crianças e seus adolescentes.

O estabelecimento de metas físicas (ação de vi-gilância social 3) constitui uma iniciati-va importante para a avaliação da exten-são da cobertura ou do benefício previs-to para o período de quatro anos que de-verá resultar das despesas programadas.A inclusão de metas físicas no PPA éprática normal da administração, inclu-sive por exigência constitucional. Entre-tanto, essa ação também costuma ser fei-ta de forma pouco rigorosa, apenas paracumprimento da determinação legal. Naverdade, embora seja exigido o estabele-cimento de metas, a legislação vigentenão determina qualquer sanção pelo seudescumprimento ou mesmo esclarecequal deva ser seu formato. De modo que,via de regra, as metas físicas não expres-sam adequadamente os objetivos a seratingidos pelo programa ou pelas ações,principalmente devido à precária culturade gestão orientada para resultados exis-tente no setor público.

Para que as metas sejam consistentes, avalie seelas possibilitam vislumbrar a dimensãodo problema identificado e sua corres-pondente solução. Procure avaliar se asmetas estabelecidas não se referem ape-nas ao dimensionamento do que se pre-tende adquirir ou contratar, mas in-cluem a cobertura das crianças e dosadolescentes a ser atendidos. No caso,

por exemplo, de um programa de aten-ção a meninos e meninas em situação derisco, o conteúdo da meta a constar doPlano Plurianual deve ser a quantidadede crianças a ser atendidas e não o nú-mero de monitores a ser contratados.

Lembre-se de que a elaboração do PPA é coor-denada pelo Secretário de Planejamen-to. O prefeito define as diretrizes políti-cas básicas. Em geral, para a elaboraçãodo plano, são considerados o programade governo do então candidato junta-mente com o PPA vigente. A ação desua comunidade visando garantir estru-tura de programas, ações e metas no PPAfará com que ele interfira positivamentena estratégia de atuação da prefeitura.

3.3. O QUE PODE SER FEITO NA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS A FAVOR DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deveconter metas, prioridades e diretrizes pa-ra orientar a elaboração da lei orçamen-tária e alterações na legislação tributá-ria, assim como na política de pessoal dosetor público. Deve também, de acordocom a Lei Complementar nº 101/00 tra-zer um Anexo de Metas Fiscais e estabe-lecer diversos critérios relativos ao iní-cio de novos projetos, contingencia-mento de despesas, avaliação de resulta-dos, transferência de recursos para enti-dades, entre outros. Ela deve ser remeti-da ao Legislativo até 15 de abril de cadaano. Em alguns municípios e estados, adata limite é 15 de maio.

A LDO foi concebida para que o Poder Executi-vo antecipe os critérios que deverão nor-tear a elaboração da Lei OrçamentáriaAnual, bem como ser um instrumentopara priorização anual das ações previs-tas no Plano Plurianual. Entretanto, talcomo o PPA, os formatos e conteúdos daLDO – sobretudo os referentes à relaçãoda LDO com o PPA e o emprego de me-tas e prioridades – ainda não foram regu-lamentados por lei complementar, o queleva prefeitos e governadores a remete-

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CONSULTE ALEGISLAÇÃO

“O projeto do PLANOPLURIANUAL, paravigência até o final doprimeiro exercíciofinanceiro domandato presidencialsubseqüente, seráencaminhado atéquatro meses antesdo encerramento doprimeiro exercíciofinanceiro (final desetembro) e devolvidopara sanção até oencerramento dasessão legislativa.”

Constituição Federal,ADCT, art. 35, § 2º, I

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1. Garantir programas e ações.2. Garantir a elaboração e inclusão de um diagóstico da situação da criança e doadolescente no município.3. Estabelecer planejamento e metas físicas para solução do problema.

1.Audiência com secretário de planejamento ou de assistência social para discutirplano de ação.2.Audiência pública na Câmara Municipal para discussão da proposta (previsto naLei Complementar nº 101/00, art. 48, Parágrafo Único).3.Audiência pública anual para avaliação do cumprimento do PPA.

Buscando o compromisso estratégico com o Plano PlurianualAÇÕES IMPORTANTES DE:

rem para o Legislativo um projeto de leibastante generalista e excessivamentetécnico, que tende a repetir determina-ções legais já existentes.

Para tornar a Lei de Diretrizes Orçamentáriasum instrumento que potencialize o Orça-mento Criança e Adolescente, você poderealizar cinco ações de vigilância social:(1) garantir normas de avaliação de pro-gramas e ações; (2) estabelecer critériospara transferência de recursos para insti-tuições privadas; (3) analisar a adequa-ção da alocação e execução dos recursosdestinados às ações de proteção e promo-ção da criança e do adolescente no Fun-do Municipal de Defesa dos Direitos daCriança e do Adolescente; (4) estabele-cer a obrigatoriedade de apresentação,no projeto da Lei do Orçamento Anual,de quadro com os programas e as açõesintegrantes do Orçamento Criança e Ado-lescente; e (5) garantir a obrigatoriedadede publicação periódica do Relatório deExecução Orçamentária do OCA. Alémdisso, organize-se para levar adiante asações de mobilização sugeridas no qua-dro “Garantindo a transparência com aLei de Diretrizes Orçamentárias”. O esta-belecimento de critérios de avaliação deprogramas e ações (ação de vigilância so-cial 1) é fundamental para a verificaçãodos níveis de eficiência, eficácia e efeti-vidade atingidos pelo Poder Público nautilização dos recursos para os objetivospropostos. Essa iniciativa sucede coeren-temente o estabelecimento de metas pre-visto no Plano Plurianual. A existênciade tais critérios obriga o Poder Público à

prestação qualitativa de contas, possibili-tando a você e sua comunidade o acessoa informações qualitativas sobre a execu-ção do orçamento, principalmente doOCA, para aprimorar o desenvolvimen-to de futuras ações.

Apesar de ser determinação legal, essa exigên-cia não tem sido cumprida. A avaliaçãode resultados demanda a estruturação,pelo Poder Público, de um sistema devalores baseado em opiniões, registros,dados objetivos, critérios de comparaçãoqualitativos e quantitativos etc., susten-tado por um sistema de informações efi-caz nos registros e eficiente na possibili-dade de cruzamentos. No entanto, essacultura inexiste, o que é apresentado co-mo justificativa para o descumprimentoda lei. Lutar para a explicitação dessescritérios na LDO é lutar pela atuação doPoder Público em benefício da criança edo adolescente.

A definição de condições para transferência derecursos do Fundo Municipal dos Direi-tos da Criança para instituições privadas(ação de vigilância social 2), principal-mente as que prestam atenção à criançae ao adolescente, são fundamentais paraa otimização do OCA. Elas possibilitamà sua comunidade estabelecer tanto exi-gências de prestação de contas, como decritérios para a própria distribuição derecursos e a definição de contrapartidas.

Para que sua comunidade incremente o con-trole social sobre os recursos destina-dos à criança e ao adolescente, tam-

VIGILÂNCIA

SOCIAL

MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

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bém é recomendável analisar a ade-quação da alocação e execução dos re-cursos em seu benefício no Fundo Mu-nicipal de Defesa dos Direitos daCriança e do Adolescente (ação de vi-gilância social 3). O fundo é uma exi-gência legal que, embora instituído,muitas vezes não congrega as ações quelhe deveriam caber. Para que sua co-munidade incremente o controle so-

cial sobre os recursos destinados àcriança e ao adolescente, é bom tam-bém analisar a adequação da alocaçãoe execução dos recursos em seu benefí-cio no Fundo Municipal de Defesa dosDireitos da Criança e do Adolescente(ação de vigilância social 3). O fundoé uma exigência legal que, embora ins-tituído, muitas vezes não congrega asações que lhe deveriam caber. O Con-selho de Defesa dos Direitos da Crian-ça e do Adolescente, além da políticados direitos da criança e do adolescen-te (cujos recursos devem estar incluí-dos no Fundo), pode priorizar determi-nados programas de outras políticas,como saúde e educação, cujos recursosdeverão também estar alocados no Fun-do, conquistando maior transparênciana execução do Orçamento Criança eAdolescente. Caso concluam que esseé o melhor caminho, vocês podem in-cluir essa determinação na LDO.

As ações de vigilância social 4 e 5 referem-seà criação de condições para dar clarezae publicidade ao OCA. Elas deman-dam, em conformidade com o papelque constitucionalmente é atribuído àLei de Diretrizes Orçamentárias, que aestrutura de ações que pode ser defini-da como orçamento destinado à crian-ça ao adolescente seja explicitada nalei orçamentária. Também demandama emissão de relatórios periódicos, que

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DETERMINAÇÕES LEGAIS DO PPA RELEVANTES PARA O ORÇAMENTO CRIANÇA

(a) Dispor sobre diretrizes, objetivos e metas paradespesas de capital e outras delas decorrentes eações de duração continuada (Constituição Federal,Art. 165, § 1º).

(b) Compatibilidade com a Lei do Orçamento Anual(LOA) e Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)(Constituição Federal, Art. 166, §§ 3º, I e 4º).

(c) Redução das desigualdades regionais.(Constituição Federal, Art. 165, § 7º).

(d) Dispor sobre todos investimentos com duraçãosuperior a um ano (Constituição Federal,Art. 167, § 1º).

Exigência de definição clara e objetiva de condições queorientam as ações do Orçamento Criança que integrarão o PPA.

Exigência de coerência entre as do Orçamento Criançaprevista no PPA, enquanto plano estratégico, e os outrosinstrumentos legais, que dispõe sobre ações no curto prazo.

Exigência de tratamento preferencial às áreas e aossegmentos mais desprotegidos envolvidos no OCA.

Critérios para monitoramento e avaliação de investimentosestruturantes do OCA.

COMANDO LEGAL RELEVÂNCIA PARA O OCA

PREFEITO

SECRETÁRIO DA FAZENDA

SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO

RELATOR DA COMISSÃO DE

ORÇAMENTO DA CÂMARA MUNICIPAL

GRUPOS DE INTERESSEL

• Define diretrizes gerais.

• Indica se haverá mudança na legislação tributáriae a política de reajustes salariais para inclusão dediretrizes na LDO.• Desempenha o papel do Secretário dePlanejamento em municípios de menor porte.

• Principal autoridade da LDO.• Define o conteúdo da lei.• Coordena processo interno para definição dediretrizes setoriais anuais.• Propõe quais intervenções do PPA deverão serpriorizadas pela LDO.

• Desempenha papel fundamental, pois dá parecera todas as emendas feitas na LDO.

• Grupos diversos podem incluir metas paraenfatizar políticas que defendem.• Podem propor o estabelecimento de exigências departicipação popular para a elaboração doorçamento e transparência na execuçãoorçamentária.• Podem propor a inclusão de critérios paratransferência de recursos para instituições.

Atores envolvidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias AGENTES PRINCIPAIS

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possibilitem o acompanhamento daexecução desse orçamento. A viabiliza-ção dessas ações de vigilância ofereceráà sua comunidade o cálculo direto doOCA e as informações sobre a exe-cução orçamentária.

Em busca do sucesso de sua atuação no âmbitoda LDO, procure o Secretário de Plane-jamento para viabilizar suas ações. É elequem responde pela elaboração da LDOna prefeitura. Em prefeituras de menorporte, normalmente é o Secretário daFazenda quem desempenha essa função.O Secretário de Assistência Social e osdas outras secretarias finalísticas (Saúdee Educação) também podem ser procu-rados, pois cabe a eles a formulação dasdiretrizes pertinentes a suas áreas. A Câ-mara Municipal, especialmente o relatorda Comissão de Orçamento, exerce pa-pel relevante, pois todas as alterações noprojeto de lei passam obrigatoriamentepor sua prévia aprovação.

Além dessas ações, a Lei Complementar nº101/00 estabelece outras exigências, quepodem ser oportunas para instruir açõesem defesa do OCA, conforme mostra oquadro “Determinações da Lei Comple-mentar nº 101/00 relevantes para o Or-çamento Criança”.

3.4. COMO INCLUIR AÇÕES E AUMENTAR DESPESAS A FAVOR DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTENA LEI DO ORÇAMENTO ANUAL

A Lei do Orçamento Anual (LOA) estabelece aprevisão de receitas e a programação dedespesas da prefeitura para o ano seguin-te, na forma de projetos e atividadesacompanhados das respectivas despesasnas quais incorrerão. Ela deve ser envia-da ao Legislativo para apreciação e apro-vação até quatro meses antes do encer-ramento do exercício financeiro (art.35, § 2º, ADCT-CF), ou seja, até o dia30 de agosto de cada ano, no caso daUnião, e 30 de setembro, em grande par-te de estados e municípios. Até o finalde dezembro, os parlamentares precisamanalisar e aprovar o orçamento, pois eledeve entrar em vigor no primeiro dia dejaneiro do ano seguinte.

Durante a apreciação no Legislativo, os verea-dores têm competência para fazer emen-das à proposta do Executivo, indicandode onde deverão ser retirados os recursose para onde deverão ser transferidos.Eles podem, por exemplo, aprovar umaemenda transferindo os recursos que se-riam utilizados na construção de umapraça para uma escola. Podem tambémcriar novas ações (projetos e atividades),mas para isso devem anular despesas pre-vistas para outros projetos e atividades.Mas eles não podem movimentar recur-sos destinados a pessoal e encargos, ser-viço da dívida e transferências tributá-rias constitucionais (art. 166, § 3º, II, daConstituição Federal).

Em termos legais, a LOA constitui a autorizaçãopara a implementação de ações que de-mandem a realização de despesas. Os tí-tulos dos projetos e das atividades cons-tituem as autorizações de “finalidade” eos valores representam os “tetos” para aefetivação de gastos, acompanhados darespectiva definição das naturezas de gas-tos possíveis de ser realizados (por exem-plo, a compra de material de consumo oumaterial permanente, contratação deempresas, pagamento de salários de ser-vidores públicos etc.). Essa autorização

CONSULTE A LEGISLAÇÃOLei Complementar 101/00

Estabelece as principais exigências para estruturação da LDO.Constituição FederalEstabelece que a LDO deve conter metas, prioridades ediretrizes para elaboração da Lei Orçamento Anual (LOA).Plano Plurianual Contém os programas e as ações para o período dequatro anos a partir dos quais a LDO deve priorizar açõesna LOA.

Documentos que dãodiretrizes para a Lei deDiretrizes Orçamentárias

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1. Garantir regras para avaliação da eficiência de programas e ações.2. Estabelecer critérios para transferência de recursos para instituições privadas de atenção à criançae ao adolescente.3. Garantir que os recursos destinados às ações de proteção e promoção da criança e do adolescentesejam alocados e executados no Fundo Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.4. Estabelecer a obrigatoriedade de apresentação, no projeto da Lei do Orçamento Anual, de quadrocom os programas e as ações integrantes do Orçamento Criança e Adolescente.5. Garantir a obrigatoriedade de publicação de relatório de execução orçamentária do OCA.

1.Audiência com o Secretário de Assistência Social para discutir diretrizes para o OCA a seremincluídas na LDO.2.Audiência pública na Câmara Muncipal para discussão do projeto de lei (previsto na LeiComplementar 101/00, art. 48º, Parágrafo Único).3.Audiência pública bimestral na Câmara Municipal para avaliação do cumprimento das metasorçamentárias (previsto na Lei Complementar 101/00, art. 9º, § 4º).

compõe um quadro com os títulos dasações e seus valores correspondentes,chamado de “Quadro de Detalhamentode Despesa” (QDD).

Diante disso, a ação de vigilância de sua comu-nidade no âmbito da Lei do Orçamentopode ter dois objetivos: (a) incluir açõesde interesse da comunidade; ou (b) au-mentar recursos para determinada açãoem benefício da criança e do adolescen-te. Para viabilizá-las, você deverá organi-zar ações de mobilização social.

Certamente, para chegar à necessidade de inclu-são de uma ação concreta em benefíciodas crianças e adolescentes no orçamen-to (ação de vigilância social 1, você e suacomunidade terão passado por um inten-so processo de reflexão sobre a natureza

dos problemas em questão e das possibi-lidades de solução, chegando, primeiro, àdelimitação objetiva do empreendimen-to a ser viabilizado e, em seguida, à esti-mativa de custos. Para que essa ação pos-sa ser realizada pela prefeitura, ela preci-sa ser enquadrada em algum projeto/ati-vidade do orçamento e dispor, na nature-za de gasto adequada, da dotação de re-cursos suficientes para sua execução. Ca-be, então, em primeiro lugar, verificar noQDD os projetos e atividades existentes,para depois avaliar a existência de algumque seja compatível.

Preste atenção, porque os orçamentos costu-mam dispor tanto de ações com títulosamplos (ex.: “Construção de Escolas”)como de ações com títulos mais preci-sos (ex.: “Construção da Escola da Vila

Garantindo a transparência com a Lei de Diretrizes OrçamentáriasAÇÕES IMPORTANTES DE:

VIGILÂNCIA

SOCIAL

MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

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‘A’”). No caso de obras/construções,mesmo havendo títulos genéricos nosquais seja possível incluir a ação, me-diante o devido registro da meta físicaque se pretende para diferenciar das ou-tras já previstas, é melhor que vocêatue para a inclusão de uma ação pró-pria para o empreendimento proposto,justamente para incrementar a garantiade execução diante do caráter autoriza-tivo do orçamento. Se a ação defendidafor um programa social, além do estabe-lecimento de metas objetivas, é neces-sário que você delimite bem o escopodo que deseja ver realizado, registran-do-o no corpo da emenda parlamentarou em ata com o representante da pre-feitura. Ao contrário da obra, que éuma realização definida em formato eprazo, programas e prestação de servi-ços demandam o consenso preciso so-bre forma e amplitude de implementa-ção, sob o risco de não conseguir alcan-çar o que foi pactuado.

Entretanto, sua ação de vigilância pode ser ape-nas para aumentar os recursos destina-dos à criança e ao adolescente (ação devigilância social 2). Nesse caso, é impor-tante saber qual será o destino do mon-

tante adicional, para alocá-lo na nature-za de gasto correta. Caso tenha conse-guido incluir na LDO a exigência deapresentação de um quadro contendo asações do orçamento que compõem o Or-çamento Criança e Adolescente, você po-derá utilizá-lo para avaliar onde é neces-sário o incremento de recursos.

Para viabilizar essas ações de vigilância, vocêpoderá atuar tanto junto ao Poder Exe-cutivo quanto ao Poder Legislativo.Normalmente, as organizações procu-ram os vereadores para o encaminha-mento de emendas ao projeto da Lei doOrçamento Anual. Como alternativapara garantir as emendas, pode-se atuarjunto à Comissão Temática Permanen-te da Câmara Municipal (Saúde, Edu-cação, Assistência Social etc.) ou mes-mo da Comissão do Orçamento. Aquitambém o relator do orçamento exercepapel influente, cabendo-lhe a aprecia-ção prévia das emendas encaminhadas.Em todas as situações, procure incluiremendas com valores realistas, para queseu pleito seja realmente reconhecido.Internamente à prefeitura, o Secretáriode Planejamento (ou o da Fazenda) de-tém a coordenação da elaboração do

Determinações da lei complementar nº 101/00 para a ldo relevantes para o orçamento criança

COMANDO DA LDO

(a) Critérios para início de novos projetos, após oadequado atendimento dos que estão em andamento(art. 45, caput)

(b) Critérios para contingenciamento financeiro ede dotações, quando a evolução da receitacomprometer os resultados orçamentáriospretendidos ou não confirmar sua previsão (art. 4º, I,b e art. 9º, § 2º)

(c) Regras para avaliar a eficiência das açõesdesenvolvidas (art. 4º, I, e)

(d) Condições para transferência de recursos aentidades públicas e privadas (art. 4º, I, f, art. 26 eart. 62, I)

(e) Condições complementares para transferênciasvoluntárias entre União e demais entes (art. 25, § 1º)

RELEVÂNCIA PARA O OCA

Exigência do cumprimento universal do comando, mas,principalmente, a conclusão dos empreendimentos destinadosà criança e ao adolescente antes do início de novos.

Caso a receita realizada seja menor do que a prevista,estabelecer proteção absoluta aos programas e às açõesdestinados à criança e ao adolescente, que não sofrerãodescontinuidade, continuando a receber os recursosnecessários.

Critérios para monitoramento e avaliação do custo-benefício deprogramas e ações do Orçamento Criança.

Critérios para o convênio de instituições privadas que recebemrecursos públicos para realizar ações de proteção e promoçãoda criança e do adolescente.

Critérios a ser incluídos na LDO, seja da União ou do estado,para transferências de recursos para ações específicas nosmunicípios.

CONSULTE A LEGISLAÇÃO

“A transparência seráassegurada tambémmediante incentivo àparticipação populare realização deaudiências públicas,durante os processosde elaboração e dediscussão dosplanos, lei dediretrizesorçamentárias eorçamentos.”

Lei Complementar nº 101/00, art. 48,

Parágrafo Único

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orçamento. Nesse momento, os secre-tários temáticos desempenham papelrelevante para a definição das ações desuas pastas. Destaca-se o Secretário deObras que, de modo geral e principal-mente em prefeituras de menor porte,ocupa papel decisivo na priorização deobras. Lembre-se de que é no momentoda elaboração da proposta orçamentá-ria e de sua apreciação pelo Legislativoque o prefeito costuma exercer plena-mente seu comando.

3.5. GARANTINDO A EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

A etapa da execução orçamentária é de maiorimportância para a viabilização dasações defendidas por sua comunidade.Além de lutar para incluí-las no orça-mento, é preciso lutar para que elas se-jam executadas. A Lei do OrçamentoAnual (LOA) é um programa de traba-lho para 12 meses, que precisa ser ope-racionalmente implementado a partir

1. Avaliação do cumprimento das metas relativasao ano anterior.

2. Demonstrativo das metas anuais, instruído commemória e metodologia de cálculo quejustifiquem os resultados pretendidos,comparando-as com as fixadas nos trêsexercícios anteriores, e evidenciando aconsistência dessas metas com as premissase os objetivos da política econômica nacional.

3. Evolução do patrimônio líquido, também nosúltimos três exercícios, destacando a origem ea aplicação dos recursos obtidos com aalienação de ativos.

4. Avaliação da situação financeira e atuarial:a) Dos regimes geral de previdência social epróprio dos servidores públicos e do Fundo deAmparo ao Trabalhador.b) Dos demais fundos públicos e programasestatais de natureza atuarial.

5. Demonstrativo da estimativa e compensaçãoda renúncia de receita e da margem deexpansão das despesas obrigatórias decaráter continuado.

6. Resultados nominal e primário e montante dadívida pública.

Lei Complementar 101/00

Conteúdo principal do Anexo de Metas Fiscais da LDO segundo aLei Complementar nº101/00

Simulação de quadro de detalhamento de despesa – qdd

Unidade Orçamentária Secretaria Municipal De Educação

Atividade Administração de Unidades de Ensino Código do Elemento de Despesa 3111 Pessoal Civil 200.000,00 Valor do Crédito

3113 Encargos Sociais 140.000,00 Orçamentário 3120 Material de Consumo 160.000,00 3132 Outros Serviços e Encargos 200.000,00 4110 Equipamentos e Material 100.000,00 Permanente4120 Obras e Instalações 200.000,00

1.000.000,00 Valor total de Créditos

Descrição do Elemento de OrçamentáriosDespesa Destinados à atividade

PREFEITURA MUNICIPAL DE ESPERANÇA DA FÉ EM R$ 1,00

CONSULTE ALEGISLAÇÃO

“Até o final dos mesesde maio, setembro efevereiro, o PoderExecutivodemonstrará eavaliará ocumprimento dasmetas fiscais de cadaquadrimestre, emaudiência pública nacomissão referida no§ 1o do art. 166 daConstituição ouequivalente nasCasas Legislativasestaduais emunicipais.”

Lei Complementar nº 101/00,art. 9º, § 4º

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do início do ano, considerando a dispo-nibilidade financeira mensal real daprefeitura, as suas condições adminis-trativas e as exigências legais para viabi-lização do gasto público. Assim comonão há a definição de uma ordem se-qüencial para execução, o orçamento,embora lei, também não obriga as auto-ridades do Poder Público à execuçãocompulsória das ações contidas naLOA, pois trata-se juridicamente deuma previsão de realizações. É uma leiautorizativa e não mandatária. Na ver-dade, a força legal da Lei do Orçamen-

to reside no fato de só permitir a execu-ção de um conjunto determinado deações conforme finalidades delimitadase de despesas segundo naturezas preesta-belecidas de gastos e montante de valo-res limitados. Nesse sentido, desde queessas determinações não sejam violadas,as ações e despesas inicialmente previs-tas no orçamento podem ser operacio-nalizadas parcialmente ou mesmo nãoser executadas, sem que isso impliqueem sanções legais para as autoridadesgovernamentais.

Para que você e sua comunidade tenham certe-za de que o OCA incluído na LOA serárealmente executado, é necessário, por-tanto, que acompanhem a execução or-çamentária. Essa execução é um proces-so complexo que envolve diversos ór-gãos da prefeitura e se desdobra em eta-pas executivas seqüenciais, iniciadas noprimeiro dia do ano e finalizadas no finalde dezembro. Na LOA, cada despesaprecisa seguir individualmente uma tra-mitação para que seja realmente realiza-da. Em geral, uma ação engloba mais deuma despesa e, portanto, necessita doprocessamento de várias tramitações. Oponto de partida do processo é a defini-ção de cotas orçamentárias (provisiona-mento) para compatibilizar o fluxo daarrecadação de receitas com a execuçãode gastos. Ele prossegue pelos procedi-mentos legais para escolha do melhorpreço de serviços e bens a serem contra-tados ou adquiridos (licitação) e a devi-da confirmação da destinação dos recur-sos (empenho). Conclui-se o processo

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1. Incluir ações de interesse da comunidade.2.Aumentar recursos para determinada ação em benefício da criança e doadolescente.

1.Atuação junto ao Secretário de Planejamento e/ou Secretários de Obras,AssistênciaSocial, Saúde e Educação para viabilizar a inclusão de ações ou o aumento de gastos.2.Atuação junto à Comissão de Orçamento e seu relator para viabilizar emendas.3.Atuação junto às comissões temáticas permanentes (saúde, educação, assistênciasocial etc.) para viabilizar emendas.4.Atuação junto a vereadores para viabilizar emendas.

Aumentando recursos na Lei do Orçamento AnualAÇÕES IMPORTANTES DE:

SIGA POR AQUIO orçamento público é autorizativoe a execução de suas açõesdepende da conjugação dediversas ações administrativas,que se iniciam com oprovisionamento de recursos epassam pela licitação e chegamaté o empenho, que é o ato queconfirma o início propriamente ditoda ação. Somente oacompanhamento criterioso e aatuação decidida da comunidadejunto às autoridades podemgarantir a certeza de execução dosempreendimentos do OrçamentoCriança e Adolescente. Algumasações dependem de convêniosque, de modo geral, demandammuitos documentos complexos e

regularidade cadastral e deprestação de contas, que podemexigir ações jurídicas para seremsolucionadas. Outra parcela exigelicitação, sem a qual o recurso nãopode ser gasto. Como o processode licitação demanda cerca de trêsmeses para ser concluído, érecomendável que até o mês desetembro, no máximo, você e suacomunidade consigam apublicação do edital de licitação.Caso contrário, não haverá maistempo hábil, pois o orçamento valeaté 31 de dezembro do anocorrente. Em razão da naturezaautorizativa do orçamento, restaráa denúncia pública do nãocumprimento do compromissoassumido.

Atuando para garantir a execução de ações

VIGILÂNCIA

SOCIAL

MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

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com o recebimento dos bens ou a medi-ção dos serviços (liqüidação) e, final-mente, os pagamentos correspondentes(pagamento). Para mais detalhes, con-sulte o Capítulo 2 do Caderno “Apuran-do o Orçamento Criança”

Como as etapas são seqüenciais, as ações decontrole social devem se concentrar ini-cialmente no provisionamento de recur-sos. Se não houver liberação dos recur-sos pelo agente público responsável peloorçamento da prefeitura (normalmente,o Secretário da Fazenda), a ação obvia-

mente não será realizada. Em geral, a li-beração ocorre por meio da permissão deacesso do agente público a um sistemainformatizado conhecido como SistemaInformatizado de Administração Finan-ceira (SIAFI), com o objetivo de emitiros documentos necessários ao início doprocessamento da licitação. De acordocom a Lei 4.320/64, a autorização para ouso de créditos orçamentários deveriaacontecer por meio da definição de co-tas para cada período de três meses (tri-mestre) do ano. Isso dificilmente ocorre.A prática corrente tem sido a autoriza-ção mensal, o que dificulta ao gestor pú-blico o planejamento de sua ação, já queele não consegue prever a disponibilida-de de recursos que terá.

Naturalmente, ao longo do ano é possível reverprioridades ou tomar decisões comple-mentares para se proceder à liberação dedeterminadas dotações. Contudo, mui-tas vezes o agente responsável pelo pro-cesso orçamentário alega dificuldadestécnicas ou legais como um estratagemapara adiar ações que foram incluídas noorçamento com o intuito de administrartensões políticas.

Após o provisionamento, temos a necessidadedo controle social da licitação. O pro-cesso de licitação visa propiciar a esco-

• Define diretrizes gerais.• Tem participação ativa.

• É responsável pela definição das receitas que constarão do orçamento.• Define o quanto deverá ser pago de dívida.• Em algumas prefeituras, é ele quem elabora o orçamento, desempenhando o papel do Secretário dePlanejamento em municípios de menor porte.

• Principal autoridade da LOA.• Define o conteúdo da lei.• Coordena processo interno para consolidação da proposta orçamentária, muitas vezes definindo cotas dedespesas por secretaria.

• Em geral, é o responsável pela elaboração do Plano de Obras, que deverá constar do orçamento.• Dependendo da prefeitura, pode deter nessa questão maiores poderes do que o Secretário de Planejamento.

• Desempenha papel fundamental, pois dá parecer a todas as emendas feitas na LOA.

• Atuam diretamente nesse momento, buscando incluir suas demandas no orçamento por meio de emendas.

PREFEITO

SECRETÁRIO DA FAZENDA

SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO

SECRETÁRIO DE OBRAS

RELATOR DA COMISSÃO DE

ORÇAMENTO DA CÂMARA MUNICIPAL

GRUPOS DE INTERESSE

CONSULTE A LEGISLAÇÃOLei 4.320/64Define toda a estrutura da lei orçamentária, assimcomo as classificações de receita e despesa.Regimento Interno da Câmara Municipal Estabelece os critérios e prazos para apreciação

e tramitação de emendas.Constituição FederalDefine princípios gerais que devem

orientar a estruturação da lei orçamentária.Lei De Diretrizes OrçamentáriasDefine critérios para elaboração da LOA,

diretrizes e metas para definição de seuprograma de trabalho.

Documentos que dão diretrizesà Lei do Orçamento Anual

Atores envolvidos na Lei do Orçamento AnualAGENTES PRINCIPAIS

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lha da proposta mais vantajosa e propor-cionar a competitividade e transparên-cia na referida escolha. Ela se reveste deimportância central na execução orça-mentária, pois, após a homologação eadjudicação do vencedor, acontece oempenho dos créditos orçamentários. Oato do empenho implica em estabelecernominalmente a pessoa física ou jurídicaque fornecerá o bem ou prestará o servi-ço demandado pela administração pú-blica, detalhando-se quantitativamenteo volume e o valor. Nessa perspectiva, éfundamental que esse processo sejaorientado por princípios de economici-dade, efetividade e legalidade, para queo seu resultado signifique, de fato, o me-lhor uso dos recursos públicos.

Um fator que pode afetar sensivelmente a execu-ção orçamentária é a possibilidade do usoindiscriminado do mecanismo de suple-mentação do orçamento. A suplementa-ção refere-se ao pedido de créditos adi-cionais para cobrir despesas não compu-tadas (créditos especiais) ou insuficiente-mente dotadas (créditos suplementares)na lei do orçamento ou ainda em caso danecessidade de realização de despesasemergenciais (créditos extraordinários).O pedido de créditos adicionais suple-mentares, que é o mais comum, pode serfeito e concedido no próprio projeto delei orçamentária, quando este for apre-sentado para a apreciação do Legislativo,ou pode ser encaminhado ao longo doano, à medida que for necessário.

• Define diretrizes para execução do orçamento.• Aprova encaminhamento ou não de suplementação orçamentária.

• É responsável pela liberação dos recursos financeiros e, na maioria das prefeituras depequeno porte, pela liberação das cotas orçamentárias.

• Formula os pareceres jurídicos necessários ao andamento dos processos licitatórios• Defende a prefeitura quando há ações judiciais contra processos licitatórios.

• Tem a responsabilidade legal para realizar a medição de obras em execução para finsde pagamento.• É responsável pelo encaminhamento da elaboração de projetos necessários àcontratação das obras.

• Aprecia os projetos de lei de créditos adicionais suplementares e especiais(suplementação).

• Atuam diretamente nesse momento, buscando garantir a execução das ações que lhesinteressam do orçamento.

PREFEITO

SECRETÁRIO DA FAZENDA

PROCURADOR JURÍDICO

SECRETÁRIO DE OBRAS

CÂMARA MUNICIPAL

GRUPOS DE INTERESSE

1.Acompanhamento do andamento da execução orçamentária das ações prioritárias.2.Acompanhamento da suplementação orçamentária.3. Apuração do Orçamento Criança e Adolescente para verificação do que já foiexecutado.

1.Audiência com o Secretário da Fazenda ou responsável pela avaliação da execuçãoorçamentária e liberação de cotas orçamentárias para ações prioritárias do OrçamentoCriança e Adolescente.2.Audiência com o Secretário de Administração ou responsável pela avaliação delicitações vinculadas a ações prioritárias do Orçamento Criança e Adolescente.

Garantindo a execução do Orçamento Criança e Adolescente

AÇÕES IMPORTANTES DE:

VIGILÂNCIA

SOCIAL

MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

Atores envolvidos na execução orçamentáriaAGENTES PRINCIPAIS

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Em prefeituras de pequeno porte, há uma prá-tica perversa de se incluir margens desuplementação muito altas na Lei doOrçamento. Essas margens chegam aultrapassar o percentual de 30%. Issocria a possibilidade de alterar os com-promissos pactuados no orçamentonessa proporção durante a sua execu-ção, o que acaba por resultar na desfi-guração da proposta originalmenteaprovada. Ora, se considerarmos o pe-so relativo individual de cada mês, ca-so fôssemos executar o orçamento dis-tribuído igualmente em 12 cotas, ve-ríamos que cada mês do ano correspon-de a 8,7% de todo o orçamento previs-to. Sendo assim, uma margem de suple-mentação, por exemplo de 30%, refe-re-se a mudar a programação de quase

quatro meses do ano, o que modifica osentido original do orçamento.

Desse modo, você e sua comunidade devemconsiderar as seguintes ações de vigilân-cia social: (1) acompanhamento da exe-cução das ações prioritárias desde o pro-visionamento orçamentário, passandopela realização da licitação e emissão dasordens de serviço para implementaçãoda ação monitorada, quando for o caso;(2) acompanhamento da suplementaçãoorçamentária; e (3) levantamento doOCA no período para apuração do quejá foi executado.

Para a primeira ação, acompanhamento daexecução das ações prioritárias (ação devigilância social 1), é necessário, inicial-mente, que você tome conhecimento,junto à secretaria executora da prefeitu-ra, de como será viabilizada a ação mo-nitorada. Tanto para a viabilização deserviços quanto de obras, é possível quea prefeitura execute diretamente, adqui-rindo bens ou contratando serviços ape-nas parcialmente, ou, então, que ela de-cida terceirizar todos os serviços neces-sários. Dispondo dessa informação e sa-bendo em qual projeto/atividade orça-mentária serão executados os gastos pro-gramados, deve ser solicitado a essa mes-ma secretaria o comprovante do provi-sionamento dos créditos orçamentários,que em algumas prefeituras é conhecido

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CONSULTE A LEGISLAÇÃOLei 4.320/64

Define toda a estrutura da leiorçamentária, assim como as classificações de receita edespesa.Regimento Interno da CâmaraMunicipalEstabelece os critérios e prazos para apreciação e

tramitação de emendas.Constituição Federal Define princípios gerais que devemorientar a estruturação da leiorçamentária.Lei de Diretrizes OrçamentáriasDefine critérios para elaboração da LOA , diretrizes e metas para definição de seu programa de trabalho.

Documentos que dão diretrizesà execução orçamentária

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Programação e Provisionamento Orçamentários: distribuição da cota orçamentária;confere ao recurso orçamentário liberado acondição de valor provisionado.Licitação: escolha do melhor preço e técnica parao fornecimento de bens e serviços.Empenho: comprometimento efetivo das dotaçõesorçamentárias; confere ao recurso orçamentárioprovisionado a condição de valor empenhado.

Liquidação: verificação legal do fornecimento do bem ou serviço comprado parapagamento posterior; confere ao recursoorçamentário empenhado a condição de valorliquidado.Pagamento: entrega de valores financeiros ao fornecedor do bem ou serviço adquirido;confere ao recurso orçamentário liquidado acondição de valor pago.

Etapas da Execução Orçamentária

como Nota de Provisionamento, na qualconstam a data da liberação e o montan-te de recursos autorizado. Na seqüência,deve ser acompanhada a licitação. Porexigência legal, deve ser aberto um pro-cesso físico numerado, que conterá oedital de licitação, os pareceres das di-versas autoridades, especialmente doprocurador (consultor jurídico) e os re-sultados da licitação.

No acompanhamento da suplementação orça-mentária (ação de vigilância social 2),há ações a ser consideradas por você esua comunidade no momento da solici-tação dos créditos adicionais pela prefei-tura à Câmara Municipal (ou pelo go-verno do estado à Assembléia Legislati-va) e ações durante a operacionalizaçãopropriamente dita da suplementação.No primeiro caso, é preciso saber que aprefeitura pode incluir na própria Lei doOrçamento Anual (LOA) autorizaçãopara suplementação, bem como encami-nhar durante o ano uma solicitação de

suplementação ao Legislativo, de acordocom a necessidade. Na primeira opção, écomum a aprovação de um percentualgeral. Critérios para a utilização dessepercentual devem ser aprovados na Leide Diretrizes Orçamentárias (LDO),pois, caso contrário, a margem de suple-mentação poderá ser usada quando e co-mo a prefeitura quiser. Na segunda op-ção, o Executivo municipal deve apre-sentar, junto com o projeto de lei queencaminhar o pedido de suplementação,justificativa da sua necessidade, discri-minando valores e indicando onde averba suplementar será utilizada.

Em qualquer uma das situações, você deve ficaratento. A suplementação deve ser ope-rada considerando o aumento da previ-são de receitas ou a anulação de despe-sas, de modo que os valores totais dedespesas e receitas no orçamento perma-neçam iguais. Quando é por meio daanulação, o modo mais comum, é preci-so monitorar para que a dotação de seuprojeto/atividade orçamentário não sejaatingido. Pior do que não ser provisiona-da, é ver sua ação ter o valor reduzidodurante a execução orçamentária.

O levantamento do OCA para o período deter-minado, a partir do relatório de execu-ção orçamentária (ação de vigilância so-cial 3) – veja também o Caderno 1“Apurando o Orçamento Criança” –oferecerá informações importantes sobreo estágio de execução das ações prioritá-rias. Para tanto, podem ser consideradosperíodos trimestrais, podendo-se fazer aapuração para o primeiro, segundo, ter-ceiro e quarto trimestres.

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OS RECURSOS PÚBLICOS PARA O ORÇAMENTO CRIANÇA e adolescente

COMO AUMENTAR

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É possível que você e sua comunidade identifiquem a necessidade de aumentar os gastospúblicos destinados à criança e ao adolescente. O crescimento de despesas, noentanto, depende da disponibilidade de recursos, seja por meio de sua melhoralocação, seja pelo aumento da receita. Portanto, para otimizar os gastos públicoscom a criança e o adolescente é necessário conhecer com quais fontes de recursosa prefeitura conta para realizá-los. Na verdade, a receita de um município tem ori-gem em diversas fontes, algumas sob o comando direto da prefeitura (tributos ar-recadados) e outras que dependem da União ou dos estados (transferências).Além disso, há uma parte dos recursos da prefeitura, que compõe um caixa único,cujos gastos podem ser priorizados, e uma outra parcela que é vinculada, isto é, osrecursos obtidos possuem uma destinação previamente definida.

Entre os recursos totais de que a prefeitura dispõe, que chamamos de receita própria, háa parcela composta pelos tributos que ela cobra diretamente e outra provenientede transferências constitucionais da União e do estado. Os recursos da prefeituraobtidos pela venda de bens que ela possui (carros, máquinas e equipamentos, ter-renos, edifícios, ações etc.) também compõem a receita própria, mas não são re-ceitas permanentes devido à sua própria natureza e só podem ser destinadas à rea-lização de despesas de capital (obras, instalações, aquisição de veículos, máquinasetc.) por serem considerados receitas de capital. Os tributos arrecadados por açãodireta da prefeitura são o Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana (IPTU),o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), o Imposto sobre a Trans-missão de Bens Intervivos (ITBI) e as diversas taxas. De fato, estes constituem osverdadeiros recursos próprios do município, pois os critérios para sua cobrança e omontante da arrecadação dependem única e exclusivamente da ação do Poder Le-gislativo e Executivo do município. Apesar do potencial arrecadador que esses tri-butos representam, sobretudo o IPTU e o ISS, nem sempre os municípios os co-bram adequadamente, fazendo com que eles não tenham grande representação nototal da receita da prefeitura.

Da União e dos estados, os municípios recebem dois tipos de recursos: as transferênciasconstitucionais e as transferências voluntárias. As primeiras estão previstas naConstituição Federal ou em leis que determinam o repasse permanente de recur-sos em razão da atribuição de determinada competência ao município. Devem

4.1.AUMENTANDO OS RECURSOS PARA O ORÇAMENTO CRIANÇA E ADOLESCENTE

Os recursos para o Orçamento Criança e Adolescente são

originários principalmente de tributos arrecadados pelos municípios

e de transferências do Governo Federal.Conheça essas fontes de

recursos e veja como é possível incrementá-los.

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ser consideradas receita própria do mu-nicípio, pois são repassadas permanen-te e automaticamente. Nesse caso, en-quadram-se os recursos que chegam aosmunicípios por meio do Fundo de Par-ticipação dos Municípios (FPM), repas-se de parcela de diversos impostos co-brados pela União ou pelos estados, co-mo o Imposto Territorial Rural (ITR) eo Imposto sobre Circulação de Merca-dorias e Serviços (ICMS) (veja quadroseguir) e transferências para promoçãoda educação (Fundo de Desenvolvi-mento da Educação e Valorização doMagistério – Fundef), saúde (SistemaÚnico de Saúde – SUS) e assistênciasocial (Fundo Nacional de AssistênciaSocial – FNAS).

Entre as transferências constitucionais, desta-ca-se o repasse pelo estado de 25% doICMS para os municípios. De acordocom a Constituição Federal, 75% desserecurso deve ser distribuído consideran-do a movimentação comercial (valoragregado fiscal) medida todos os anosem cada município. Os 25% restantesdevem seguir critérios estabelecidos emlei estadual, envolvendo o cumprimentode quesitos nas diversas áreas sociais –que podem ser metas de escolaridade,proteção ambiental, participação da re-ceita própria do município em relação asua receita total etc.

As transferências voluntárias que chegam aosmunicípios são fruto de convênios, ter-mos de cooperação entre União e muni-

cípio ou entre estado e município. Nãodevem ser consideradas como receitaprópria, porque seu repasse é descontí-nuo e sujeito a demandas específicas.Elas podem ser destinadas à promoçãode ações em qualquer área social ou eco-nômica (desenvolvimento econômico,educação, turismo, assistência socialetc.). Para serem autorizadas, estão su-jeitas à formulação de um projeto básicoe a diversas exigências legais de presta-ção de contas, as quais ocorrem antes,durante e depois do recebimento dos re-cursos. O não enquadramento em taisexigências pode implicar na interrupçãoda transferência.

Como dissemos, parte dos recursos da prefei-tura integra um caixa único e outraconstitui recurso vinculado. A destina-ção dos recursos do caixa único se defi-ne pela disputa política que se estabe-lece internamente na administraçãomunicipal, principalmente durante oprocesso de elaboração do orçamento.Já os recursos vinculados têm sua desti-nação legalmente predefinida seja porforça de lei ou convênio e não estãosujeitos à disputa alocativa. Muitas ve-zes, envolvem a existência de contra-partida por parte da prefeitura, que po-de levá-los a sofrer alguma influênciadaquela disputa, uma vez que tais re-cursos devem vir das disponibilidadesdo caixa único. Na verdade, há pelomenos quatro tipos de recursos vincu-lados, classificados a partir da sua baselegal ou da sua finalidade:

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(a) Os recursos transferidos por forçaconstitucional: recursos da saúde repas-sados para pagamento de procedimen-tos de saúde ou recursos da educação re-passados por meio do Fundef; em algunscasos, podem ser repassados fundo afundo, por exemplo, do Fundo Nacionalde Saúde para o Fundo Municipal deSaúde da cidade.(b) Os recursos oriundos de convênios:por exemplo, recursos oriundos do Fun-do Nacional de Desenvolvimento daEducação (FNDE) para o município noPrograma Nacional de Saúde do Escolar.(c) Os recursos definidos por lei que de-vem integrar fundos: é o caso do FundoMunicipal dos Direitos da Criança eAdolescente que recebe, obrigatoria-mente, recursos para despesas com apromoção da infância e da adolescência. (d) Os recursos originários de operaçõesde financiamento.

4.2.ATUANDO SOBRE AS RECEITASPRÓPRIAS DO MUNICÍPIO

Atuar para incrementar as receitas próprias éfundamental, pois os municípios brasi-leiros são dependentes das transferên-cias, sobretudo as constitucionais. Sefôssemos considerar somente os tributospor eles cobrados, os municípios teriamà sua disposição apenas 8% dos recursos.

Contudo, após as transferências, elespassam a dispor de 29% de todo o di-nheiro público arrecadado. Embora issoseja positivo dentro do pacto federativo– acordo de cooperação entre as três es-feras de governo para melhor atender àpopulação –, essa situação demonstrauma fragilidade financeira dos municí-pios brasileiros. Conforme dados da Se-cretaria do Tesouro Nacional (STN),para conseguir prestar seus serviços, im-plementar seus programas sociais e fazerinvestimentos, cerca de 40% dos muni-cípios brasileiros possuem receitas entre95 a 100% dependentes das transferên-cias constitucionais. Isso certamente li-mita as possibilidades de ação desses mu-nicípios, já que eles não têm como au-mentar suas receitas por esforço próprio.

A maioria desses municípios deve essa realidadeà sua fragilidade econômica, pois as con-dições econômicas das empresas e doscidadãos que ali vivem não permitem aobtenção de uma receita expressiva. Emalguns casos, entretanto, ainda prevale-ce a cultura da não cobrança de tributose da prática de renúncia fiscal de formaabusiva. A renúncia fiscal é a liberação,pelo Poder Público, do recolhimento departe dos tributos dos contribuintes, vi-sando algum benefício para a cidade oupara alguma instituição, em razão da na-tureza de sua atividade econômica. Deacordo com a Constituição Federal e aLei de Responsabilidade Fiscal, as renún-cias praticadas devem constar em qua-dro próprio da Lei do Orçamento Anuale a concessão de novas renúncias deveser descrita na Lei de Diretrizes Orça-mentárias, acompanhada de demons-trativo de seu impacto orçamentário-financeiro, sendo exigida a prévia redu-ção de despesa ou equivalente aumentoda receita para compensação da perdade receita.

Para aumentar os recursos próprios do municí-pio visando beneficiar o OCA, você po-de considerar pelo menos três ações devigilância social: (1) levantamento eanálise do perfil da receita do municípioe da renúncia fiscal praticada; (2) veri-ficação da regulamentação e efetiva co-

SIGA POR AQUIO pagamento das transferênciasvoluntárias depende doatendimento de exigênciascadastrais e de prestação decontas, além do cumprimento dospercentuais constitucionais desaúde e educação, assim como dosestabelecidos na LeiComplementar nº 101/00 (pessoale dívida). Entretanto, é possível queo órgão repassador, estado ouUnião, esteja com problemasfinanceiros ou administrativos, ou

mesmo sofrendo resistênciaspolíticas para processar atransferência. Há ainda casos emque a própria prefeitura deixa deprovidenciar os documentosdisponíveis e necessários para aliberação dos recursos.Procure conhecer a causa desseproblema para organizarcorretamente sua mobilização.Busque, sempre que possível, aajuda de um parlamentar paraconfirmar os motivos da interrupçãoda transferência.

Verificando por que as transferências voluntáriasnão acontecem

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brança de IPTU, ISS e taxas no muni-cípio; (3) avaliação da introdução decritérios em benefício da criança e doadolescente para distribuição da parcelade 25% transferida do ICMS.

Para levantar e analisar o perfil da receita deseu município e da renúncia fiscal porele praticada (ação de vigilância social1), você deve obter o quadro de recei-tas por fontes e o quadro de renúnciafiscal, ambos constantes obrigatoria-mente da Lei do Orçamento Anual(LOA). Como o orçamento é somenteuma previsão, para dispor do que real-mente foi executado consiga também oBalanço Orçamentário Anual, relató-rio contábil que traz a síntese da movi-mentação orçamentária e financeira daprefeitura durante o ano. Ele é exigidolegalmente e deve ser disponibilizadopara a Câmara Municipal e o Tribunalde Contas a partir de março de todoano. Com esses dados em mãos, levan-te as seguintes informações:

(a) Verifique qual a participação percen-tual das receitas próprias (IPTU + ISS +ITBI + Taxas) no total da receita dispo-nível (veja Capítulo 6 do Caderno 1).(b) Faça o mesmo para saber qual o pe-so da receita de capital (destinada à rea-

lização de obras, instalações, aquisiçãode máquinas, equipamentos e veículos).(c) Avalie o quanto seu município é de-pendente das transferências constitucio-nais (principalmente do FPM e do re-passe do ICMS).(d) Identifique quais transferências vo-luntárias estão previstas na LOA para oOCA e verifique se elas aconteceramdurante o ano.(e) Discuta na comunidade para chegara uma conclusão sobre o significado dasinformações obtidas para o incrementode recursos para o OCA.

A verificação da regulamentação e efetiva co-brança de IPTU, ISS e taxas no municí-pio (ação de vigilância social 2) é umaação fundamental para o incremento dosrecursos em benefício da criança e doadolescente. Ela permite ações diretas eimediatas pela prefeitura. Para esse le-vantamento, você deve partir da análiseanterior, verificando a evolução da co-brança desses impostos. Em seguida, ob-tenha a última lei que estabelece os cri-térios de cobrança, sobretudo do IPTU.Analise, buscando identificar os percen-tuais (alíquotas) de cobrança estabeleci-dos e os benefícios concedidos. Para sa-ber se a base de cálculo (valor estimadodo imóvel) desse imposto está atualiza-da, solicite à Secretaria Municipal daFazenda a planta de cadastro e valores,que dispõe sobre os imóveis, sua classifi-cação para fins de cobrança conforme oestabelecido pela lei, e os respectivos va-lores estimados.

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Composição Das Receitas Constitucionais Dos Municípios

Transferênciasda União

• FPM (22,5% IR e IPI) –Fundo de Participação deMunicípios

• ITR (50%) – Impostosobre PropriedadeTerritorial Rural

• IOF-Ouro (70%) –Imposto sobre OperaçõesFinanceiras

• IRPF ServidoresMunicipais – Impostosobre a Renda de PessoasFísicas

Transferênciasdo estado

• FPEX (25%) – Fundo deCompensação dos EstadosExportadores

• IPVA (50%) – Impostosobre Propriedade deVeículos Automores

• ICMS (25%) – Impostosobre a Circulação deMercadorais e Serviços

• Compensação referente à desoneração do ICMS (LC 87/96-Lei Kandir )

próprias

• IPTU – Imposto sobrePropriedade TerritorialUrbana

• ITBI – Imposto sobreTransmissão de BensIntervivos

• ISS – Imposto sobreServiços de QualquerNatureza

Composição Das Receitas Constitucionais Dos Municípios(%)

arrecadaçãoprópria

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8

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receita apóstransferências

24

47

29

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ENTIDADES

• UNIÃO

• ESTADOS

• MUNICÍPIOS

TOTAL

Fonte: Financiamento dos Gastos da Educação nas Três Esferas/IPEAD

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Na avaliação dos critérios que serão introduzi-dos em benefício da criança e do adoles-cente para distribuição da parcela de25% transferida do ICMS (ação de vigi-lância social 3), é necessário atuar juntoà Assembléia Legislativa, pois será pre-ciso obter a aprovação de lei pelos depu-tados estaduais. Os critérios a serem pro-postos podem ter várias naturezas. Po-dem, por exemplo, considerar a existên-cia de Fundos Municipais de Criança eAdolescente em funcionamento ou depercentual de aplicação de receita pró-pria em ações que beneficiem crianças eadolescentes como condição para repas-se de parte da mencionada parcela de25% do ICMS.

4.3.ATUANDO SOBRE ASTRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS

Você deve saber que, fora a receita própria daprefeitura, as transferências voluntáriasconstituem, possivelmente, a principalparcela de recursos disponíveis para oOrçamento Criança e Adolescente. Possi-velmente porque, a princípio, elas nãoestão garantidas. Precisam ser negocia-das para chegar até a sua cidade, o queexige competência técnica e capacidadepolítica de seu município. Além disso,como, de modo geral, elas são liberadasa partir de projetos/planos de trabalhoelaborados pelas prefeituras, merecemuma atenção especial em termos da ava-liação da eficácia e da legalidade do usodos recursos repassados.

De acordo com a Lei de Responsabilidade Fis-cal, transferência voluntária é “a entregade recursos correntes ou de capital a ou-tro ente da Federação, a título de coope-ração, auxílio ou assistência financeira,que não decorra de determinação consti-tucional, legal ou os destinados ao Siste-ma Único de Saúde”. São recursos, por-tanto, que podem ser destinados à manu-tenção de programas em andamento ou àimplementação de novos (recursos cor-rentes) ou, ainda, para aquisição de equi-pamentos, máquinas, veículos ou realiza-ção de obras (recursos de capital). Os re-cursos podem ser da União ou do estado,ou mesmo de agências internacionais definanciamento, como o Banco Mundial(BIRD), Banco Interamericano de De-senvolvimento (BID), etc.

Para receber esses recursos, o município preci-sa comprovar que encontra-se em diaquanto: (a) ao pagamento de tributos,empréstimos e financiamentos devidos àUnião ou ao estado, conforme o caso;(b) à prestação de contas de recursos re-passados anteriormente pela mesma fon-te (c) ao cumprimento dos limites cons-titucionais relativos à educação e à saú-de; (d) à observância dos limites das dí-vidas, consolidada e mobiliária, de ope-rações de crédito, inclusive por anteci-pação de receita, de inscrição em Restosa Pagar e de despesa total com pessoal;(e) à previsão orçamentária de contra-partida, isto é, a parte de seus recursospróprios que será colocada, também, naação objeto da transferência.

Para obter esses recursos, os municípios preci-sam elaborar projetos conforme as exi-gências do órgão responsável pela trans-ferência dos valores. Muitos órgãos dis-ponibilizam manuais para esse fim. Esseprocesso costuma ser demorado: duramais de seis meses e exige negociação en-tre a prefeitura e o ministério ou secreta-ria de estado. Em alguns casos, os proje-tos são elaborados para atender emendasaprovadas no Orçamento da União oudo estado. Normalmente, os ministériosou, no caso dos estados, as secretarias res-ponsáveis, possuem programas com obje-tivos e condições definidas para o apoio

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CONSULTE A LEGISLAÇÃOA União organizará o sistema federalde ensino dos Territórios, financiaráas instituições de ensino públicasfederais e exercerá, em matériaeducacional, função redistribuidora esupletiva, de forma a garantir

equalização de oportunidadeseducacionais e padrão mínimo dequalidade do ensino medianteassistência técnica e financeira aosestados, ao Distrito Federal e aosmunicípios.

Constituição Federal, art. 211, § 1°.

O papel da União na transferência derecursos para Educação

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ou financiamento de ações bem delimi-tadas. Para conhecê-los, é preciso pes-quisar. No caso do Orçamento Criança eAdolescente, recursos dessa natureza po-dem servir para geração de emprego, tra-balho e renda; urbanização, saneamento,habitação e transporte urbano; assistên-cia social; ou educação. Nesta seção, sema pretensão de esgotar o tema, vamosabordar algumas linhas de transferênciasrelativas às primeiras áreas, deixando asduas últimas para as seções seguintes.

As transferências relativas a ações de habitação,urbanização, saneamento ambiental etransporte coletivo, no âmbito federal,encontram-se sob a responsabilidade doMinistério das Cidades. Por meio de suasquatro secretarias (Habitação, Sanea-mento Ambiental, Transporte e Mobili-dade e Programas Urbanos), o ministérioadministra vários programas destinados aHabitação, Urbanização, Saneamento eControle Ambiental. Vale a pena pesqui-sar o site do Ministério das Cidades(www.cidades.gov.br) e analisar as ofertase condições para cada caso.

Para geração de emprego, trabalho e renda, hápossibilidade de transferências pelo Mi-nistério do Trabalho e Emprego

(MTE), bem como pelo Ministério doDesenvolvimento Social e Combate àFome (MDS). No caso do MTE, há trêsfontes para transferências voluntárias,todas elas com recursos do Fundo deAmparo ao Trabalhador (FAT): o Pla-no Nacional de Qualificação (PNQ), oPrograma Nacional do Primeiro Em-prego para a Juventude (PNPE) e oPrograma Economia Solidária em De-senvolvimento. No PNQ, os municí-pios podem apresentar seu Plano Terri-torial de Qualificação (Planteq) paraobter recursos destinados à capacitaçãode trabalhadores, a ações de orientaçãoe encaminhamento ao mercado de tra-balho ou a outras formas de vínculo detrabalho e geração de renda. O PNPE éo programa para geração de empregopara a juventude. Ele envolve ações di-retas com as empresas para criação devagas e subsídio à contratação de jo-vens, gerencia o projeto Jovem Em-preendedor junto com o Sebrae, alémde regular e fiscalizar a aprendizagemprofissional prevista pela Lei nº 10.027(Lei de Aprendizagem). Há, também,outras ações que podem culminar comtransferências voluntárias para os mu-nicípios destinadas à proteção do jo-vem, como é o caso do Consórcio So-

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cial da Juventude e o Serviço Civil Vo-luntário, que dependem da definição deum projeto básico e de formalização deconvênio. No Programa Economia So-lidária em Desenvolvimento, há a pos-sibilidade de convênios com os municí-pios para o repasse de recursos a inicia-tivas de geração de emprego e renda emeconomia solidária, como a organiza-ção de cooperativas e a assistência téc-nica a finanças solidárias.

No Ministério do Desenvolvimento Social eCombate à Fome (MDS), existe tam-bém a possibilidade de convênios emEconomia Solidária em Desenvolvi-mento, com o foco em ações para po-pulações em situação de risco. Os con-vênios são firmados por meio da Se-cretaria Nacional de Assistência So-cial (Senas). Na Secretaria de Segu-rança Alimentar e Nutricional (Se-san), concentra-se a principal linha deprogramas de transferências voluntá-rias para combate à fome e à pobreza.Destaca-se o programa dos Conselhosde Segurança Alimentar e Desenvol-vimento Local (Consad), que atua pa-ra promoção do desenvolvimento ter-ritorial, em áreas periféricas do país. Oórgão trabalha com ênfase na seguran-ça alimentar e nutricional e na gera-ção de trabalho e renda como estraté-gia principal para a emancipação so-cioeconômica das famílias que estãoabaixo da linha da pobreza nessas re-giões. Muitos dos programas são im-plementados por meio de convênioscom os estados, com destaque para osprogramas de Construção de Cister-nas, Aquisição de Alimentos, Apoio aComunidades Quilombolas, Apoio aComunidades Indígenas e de Atendi-mento Emergencial a Populações emSituação de Risco (principalmentecom a distribuição de cestas básicas).

Visando ao incremento das transferências vo-luntárias para o OCA de seu município,você e sua comunidade podem imple-mentar as seguintes ações de vigilânciasocial: (1) levantamento e análise dequais recursos são transferidos pela

União ou por seu estado para o combateà fome e à pobreza; (2) levantamento eanálise de quais recursos são transferidospela União ou por seu estado para gera-ção de emprego, trabalho e renda, bemcomo para capacitação de trabalhadores;(3) levantamento e análise de emendasno orçamento da União e do estado a fa-vor do Orçamento Criança e Adolescentede seu município.

No caso das ações 1 e 2, de levantamento eanálise das transferências voluntáriaspara combate à fome e à pobreza, gera-ção emprego, trabalho, renda e capaci-tação, é necessário obter o “Quadro deDetalhamento de Despesas” (QDD)existente na Lei do Orçamento e o Ba-lanço Orçamentário Anual, que traz oQDD com o orçamento executado. Emambos, é preciso conhecer as fontes derecursos com origem em transferênciasvoluntárias (que financiam os projetose as atividades orçamentários) paraidentificar o programa federal ou esta-dual ao qual estão vinculados. Fiqueatento às contrapartidas praticadas. Pa-ra que você e sua comunidade possamgarantir ou mesmo incrementar essasfontes de receita a favor do OCA, épreciso que conheçam também os me-canismos de repasse de recursos. Paracada convênio, há um formato legalpróprio e uma fonte geradora de recur-sos. Nesse caso, o levantamento emconjunto com os Conselhos Municipaisdos Direitos da Criança e do Adoles-cente e de Assistência Social pode serbem mais produtivo.

Uma análise mais detalhada da situação dastransferências voluntárias pode exigir aanálise das minutas dos convênios. Pormeio delas, você conhecerá o objeto doconvênio, as obrigações das partes, oprazo de vigência, as condições de con-trapartida, entre outras questões, e con-seguirá fazer uma avaliação mais com-pleta de seus objetivos e gestão. Vocêpode solicitar cópia do convênio à pró-pria secretaria responsável pela viabili-zação das ações ou à procuradoria (con-sultoria jurídica) de seu município.

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4.4.ATUANDO SOBRE OS RECURSOSFEDERAIS DA EDUCAÇÃO

As principais transferências para o OCA refe-rentes à educação são constitucionais,feitas por meio do Fundo de Manuten-ção e Desenvolvimento do Ensino Fun-damental e de Valorização do Magistério(Fundef). De acordo com a EmendaConstitucional nº 14/96, regulamentadapela Lei nº 9.424,/96, que criou o fundo,o Fundef transfere recursos da União pa-ra os estados e municípios, visando ga-

rantir o cumprimento da determinaçãoconstitucional de que eles destinem25% de suas receitas à educação. Paraalcançar esse objetivo, 15% da arrecada-ção global de estados e municípios com-põem obrigatoriamente o fundo, o que,na prática, representa 60% de suas dis-ponibilidades – montante reservado aoEnsino Fundamental. Dos recursostransferidos pelo Fundef, 60% deve serobrigatoriamente destinado à remunera-ção de professores. O restante pode serdespendido com a aquisição, manuten-

•FONTE LEGAL: Emenda Constitucional n.º 14, desetembro de 1996, e regulamentado pela Lei n.º9.424, de 24 de dezembro do mesmo ano, e peloDecreto nº 2.264, de junho de 1997; implantado,nacionalmente, em 1º de janeiro de 1998.

•APLICAÇÃO DE RECURSOS: No mínimo, 60% dosrecursos anuais devem ser aplicados na remuneraçãodo magistério (não só o salário direto pago aoprofessor, mas também todos os demais encargos dafolha de pagamento, como INSS, 13° salário, 1/3 deférias), em efetivo exercício no Ensino Fundamentalpúblico. São despesas com remuneração dosprofessores (inclusive os leigos) e dos profissionaisque exercem atividades de suporte pedagógico: osgastos com direção, administração, planejamento,inspeção, supervisão e orientação educacional(Resolução nº 03, de 08/10/1997, do ConselhoNacional de Educação).

• O restante dos recursos (correspondente a 40% doFUNDEF) deverá ser utilizado na cobertura das demaisdespesas previstas no art. 70 da Lei nº 9.394/96, Leide Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB),que permite:

•(a) “remuneração e aperfeiçoamento de demaisprofissionais da Educação”, (b) “aquisição,manutenção, construção e conservação de instalaçõese equipamentos necessários ao ensino”, (c) “uso emanutenção de bens vinculados ao ensino”, (d)“levantamentos estatísticos, estudos e pesquisasvisando o aprimoramento da qualidade e a expansãodo ensino”, (e) “realização de atividades-meio

necessárias ao funcionamento do ensino”, (f)“amortização e custeio de operações de créditodestinadas a atender ao disposto nos itens acima”, (g)“aquisição de material didático-escolar e manutençãode transporte escolar”. (h) Pagamento de professoresleigos, com o prazo expirado de 5 anos a contar davigência da Lei n.º 9.424/96, que permitia a utilizaçãode parte desses recursos na sua habilitação.

•CONTROLE SOCIAL: Estados e Municípios devem ter umConselho de Acompanhamento e Controle Social doFUNDEF, para supervisionar a aplicação dos recursose o Censo Escolar anual. No âmbito dos municípios, acomposição mínima desse conselho é de quatromembros, representando: a Secretaria Municipal deEducação ou órgão equivalente, os professores ediretores das escolas, os pais de alunos, os servidoresdas escolas, o Conselho Municipal ou Estadual deEducação, caso ele exista.

•PRESTAÇÃO DE CONTAS: Obrigação do Poder Executivoestadual ou municipal de disponibilizar ao Conselhodo FUNDEF todos os dados e informações sobre osrecursos recebidos e sua utilização, mensalmente.O Banco do Brasil fornece extrato bancário da contado FUNDEF aos membros do Conselho, deputados,vereadores, Ministério Público e Tribunais de Contas(LIC nº 3.14.7.1.3), diretamente com o gerente daagência do Banco do Brasil onde é mantida a conta,com documento de identificação que comprove a condição de representante com acesso à conta.Na internet, também estão disponíveis os dadossobre os valores repassados, nos links localizados no item Recursos.

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (Fundef)

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ção e construção de escolas, aquisiçãode material didático-escolar, transporteescolar, capacitação, entre outras coisas.

Em cada município existe um Conselho doFundef com a função de supervisionar aaplicação dos recursos. Uma das ativi-dades principais desse conselho éacompanhar as transferências de recur-sos para a conta específica no Banco doBrasil de seu município.

Existem também importantes transferências vo-luntárias para o OCA feitas a partir doFundo Nacional de Desenvolvimento daEducação (FNDE). O FNDE transfere re-cursos para estados, municípios e organi-zações não-governamentais para que es-tes garantam que a criança conclua o En-sino Fundamental. Entre as ações atuaisfinanciadas com esses repasses, incluem-se o Programa Nacional de AlimentaçãoEscolar, o Programa Nacional do LivroDidático, o Programa Dinheiro Direto naEscola, o Programa Nacional Bibliotecada Escola, o Programa Nacional de Saú-de do Escolar e o Programa Nacional deApoio ao Transporte do Escolar.

Muito relevante pela autonomia que confere àsescolas, o Programa Dinheiro Direto naEscola (PDDE) implantado em 1995,transfere recursos diretamente às esco-las estaduais, do Distrito Federal e es-colas municipais de Ensino Fundamen-tal com mais de 20 alunos matricula-dos, além de escolas de educação espe-

cial mantidas por organizações não-go-vernamentais, desde que registradas noConselho Nacional de Assistência So-cial (CNAS). Os recursos podem serutilizados para: aquisição de materialpermanente; manutenção, conservaçãoe pequenos reparos da unidade escolar;aquisição de material de consumo ne-cessário ao funcionamento da escola;capacitação e aperfeiçoamento de pro-fissionais da educação; avaliação deaprendizagem; implementação de pro-jeto pedagógico; e desenvolvimento deatividades educacionais. O valor trans-ferido a cada escola é determinado combase no número de alunos matriculadosno Ensino Fundamental ou na educa-ção especial, em cada estabelecimentode ensino, de acordo com critérios esta-belecidos pelo FNDE.

Os recursos do PDDE saem do FNDE e vãodireto para a conta corrente da unida-de executora constituída nas escolas.A unidade executora fará o repasse dodinheiro de acordo com as decisões dacomunidade. Se a escola não possuirunidade executora própria, o fundotransfere o dinheiro para a Secretariade Educação do Estado ou para a pre-feitura à qual a escola é vinculada. Asunidades executoras encaminham aprestação de contas às prefeituras ouSecretarias de Educação dos estados,conforme sua vinculação. Esses órgãosdeverão analisar as prestações de con-tas, consolidar e emitir parecer conclu-

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1. Levantamento das transferências do Fundo Nacional de Desenvolvimento daEducação.2. Levantamento dos critérios de repasse do Fundef.3. Verificação do cumprimento dos percentuais constitucionais de educação nomunicípio.

1. Audiência com Conselho Municipal de Educaçâo, quando houver, para discussãodo seu plano de aplicação de recursos.2. Audiência com o Conselho Municipal de Educação, quando houver, para avaliaçãodos relatórios de gestão do respectivo fundo.3. Atuação junto à Comissão Temática de Educação do Congresso ou a deputadospara viabilizar emendas no OCA do município.

Garantindo Fontes de Recursos de Educação para o Orçamento Criança

VIGILÂNCIA

SOCIAL

MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

AÇÕES IMPORTANTES DE:

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sivo sobre elas e encaminhá-los aoFNDE até 28 de fevereiro do ano sub-seqüente ao repasse. As escolas de edu-cação especial, mantidas por ONGs,deverão apresentar suas prestações decontas nos termos da cláusula específi-ca do convênio.

Outro programa de transferência de recursosdo FNDE é o Fundo de Fortalecimen-to da Escola (Fundescola), sob a ges-tão da Secretaria de Educação Básicado Ministério da Educação (SEB/MEC). Ele tem como objetivo promo-ver ações para a melhoria da qualidadedas escolas do Ensino Fundamental,ampliando a escolaridade e a perma-nência das crianças nas escolas públi-cas, prioritariamente nas regiões Nor-te, Nordeste e Centro-Oeste. Por meiode convênios com os municípios, esta-dos ou mesmo com órgão do Ministé-rio da Educação, o programa financia:aquisição de equipamento e mobiliárioescolar para salas de aula; Projeto deMelhoria da Escola (PME); adequaçãofísica de prédios escolares; construçãode escolas em assentamentos rurais eáreas de comunidades indígenas comatendimento educacional do progra-ma; formação e titulação de professo-res não habilitados para o ensino nasséries iniciais do Ensino Fundamental,por meio do Programa Proformação;

capacitação de docentes da EscolaAtiva; e o Plano de Desenvolvimentoda Escola (PDE).

Considere, com sua comunidade, levar adian-te as seguintes ações de vigilância so-cial para conhecer melhor as transfe-rências para a educação no OCA deseu município: (1) levantamento eanálise dos recursos do Fundef transfe-ridos para seu município; (2) diagnós-tico de demandas de serviços, obras eaquisições prioritárias nas escolas deseu município, tendo como objetivoidentificar fontes de financiamentoque possam atendê-las; (3) levanta-mento e análise das transferências pa-ra escolas do município por meio doPrograma Dinheiro Direto na Escola.

Para levantar e analisar os recursos do Fundef(ação de vigilância social 1), procureo Conselho Municipal do Fundef deseu município. Se não houver, procu-re o seu equivalente no âmbito estadualpara obter os relatórios com os critérios ea movimentação financeira ocorrida noperíodo recente. Verifique se as exigên-cias legais de aplicação dos recursos estãosendo cumpridas.

No caso do diagnóstico de demandas prioritá-rias (ação de vigilância social 2), é ne-cessário um processo de mobilização so-

• FONTE LEGAL: Criado pelo art. 6º da Lei nº 8.242/91,conforme determinação do art. 260 do Estatuto daCriança e do Adolescente - ECA(Lei Federal nº 8.069,de 13.07.90)

• APLICAÇÃO DE RECURSOS: Garantir, nas esferasmunicipal, estadual e federal, a viabilização dapolítica de atendimento à criança e ao adolescente.

• Nos âmbitos municipal e estadual, cada Fundo deveser criado, através de projeto de lei de iniciativa doPoder Executivo, e será gerenciado, nos termos dalei, pelo Conselho dos Direitos da Criança e doAdolescente, também a ser criado por lei.

• Podem ser fontes de recursos do Fundo dotaçõesorçamentárias do Executivo, doações de pessoasfísicas ou jurídicas nos termos da legislação vigente,as multas relativas a condenações em ações cíveis eà aplicação de penalidades previstas no ECA,transferências das demais esferas governamentais,convênios com entidades nacionais e internacionaise receitas financeiras.

• CONTROLE SOCIAL: Anualmente, os gastos previstosdo Fundo devem constar do orçamento, de acordocom Plano de Aplicação aprovado pelo Conselho.

• PRESTAÇÃO DE CONTAS: Sujeito à prestação decontas nos termos da legislação.

Fundo Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente

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cial da comunidade escolar a fim de de-tectar as necessidades do ensino e dasescolas. Paralelamente, deve ser feito,junto à Secretaria Municipal de Educa-ção, o levantamento dos pleitos enca-minhados ao governo federal.

4.5.ATUANDO SOBRE OS RECURSOSFEDERAIS DA SAÚDE

As transferências relativas à área de saúde doOCA que são de natureza constitucionale dispensam a exigência de convênios,são realizadas de acordo com as normasSistema Único de Saúde (SUS).

O Fundo Nacional de Saúde (FNS) é o seu ges-tor financeiro, na esfera federal. Criadoem 24 de julho de 1969, o fundo passou,de fato, a promover as transferências derecursos para os Fundos Estaduais e Mu-nicipais de Saúde, assim como a celebra-ção de convênios com órgãos e entida-des, a partir da publicação do Decreto nº3.964, de 11.09.2001.

Previsto na Constituição Federal, o funciona-mento e o financiamento do SUScompõe o produto de um longo proces-so histórico, iniciado antes mesmo daConstituição, e que ainda necessita sercompletado. Sua regulação básicaocorreu com a edição da Lei nº 8.080,de 19 de setembro de 1990, que tratado processo de descentralização, dascompetências das diferentes esferas degoverno e da organização do SUS, e daLei nº 8.142, de 28 de dezembro de

1990, sobre a participação da comuni-dade e os mecanismos de transferênciade recursos financeiros às demais ins-tâncias de gerência, estabelecendo aprevisão de remessas regulares e auto-máticas do governo federal. Na se-qüência, a operação do sistema e a re-lação entre os administradores passa-ram a ser tratadas a partir das NormasOperacionais Básicas do SUS (NOB-SUS), editadas por meio de portariasdo Ministério da Saúde (MS).

Até fevereiro de 1998, as transferências do SUSeram de natureza convenial, implican-do em várias dificuldades para sua ges-tão. Com a edição da NOB nº 1/96, pu-blicada pela Portaria n.º 2.023, de 06 denovembro de 1996 (Ministério da Saú-de) e alterada em dezembro de 1997,instituiu-se o Piso da Atenção Básica(PAB), que permitiu mudar o paradig-ma das transferências dos recursos viafaturamento (produção), para as trans-ferências automáticas do Fundo Nacio-nal de Saúde para os Fundos Municipaisde Saúde. O mecanismo do PAB foi,ainda, aprimorado em PAB-Fixo, umvalor per capita nacional, e em PAB-Va-riável, que passou a permitir repasses aalguns programas prioritários que aindase enquadravam na modalidade detransferência convenial, tais como oPrograma de Saúde da Família (PSF).

O SUS, porém, somente passou a ter regras definanciamento global definidas com apromulgação da Emenda Constitucio-

1. Levantamento das transferências do Fundo Nacional de Saúde para o respectivofundo municipal.2.Verificação do cumprimento dos percentuais constitucionais de saúde no município.

1.Audiência com Conselho Municipal de Saúde para discussão do seu plano deaplicação de recursos.2.Audiência com o Conselho Municipal de Saúde para avaliação dos relatórios degestão do respectivo fundo.3.Atuação junto à Comissão Temática de Saúde do Congresso ou a deputados paraviabilizar emendas no OCA do município.

Garantindo Fontes de Recursos de Saúde para o Orçamento CriançaAÇÕES IMPORTANTES DE:

VIGILÂNCIA

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MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

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nal nº 29, de 13 de setembro de 2000.Essa emenda estabeleceu percentuais devinculação de receitas, nas três esferasde governo, para ações de saúde, a serconsiderados em dois períodos. No pe-ríodo de transição, estados e municípiosdeveriam comprometer gradativamenteaté 2004, de 7 a 12% e 15%, respectiva-mente, de suas receitas com gastos emsaúde – reduzindo a diferença, se for ocaso, em um quinto (20%) a cada ano.Para a União, a emenda estabeleceu queo gasto mínimo para os anos de 2001 a2004 não pode ser inferior ao apuradono ano anterior, devendo ser ao mesmotempo corrigido pela variação nominaldo Produto Interno Bruto (PIB). Para oano 2000, a medida determinou que o

governo federal aplicasse o montanteempenhado, em 1999, em ações e servi-ços públicos de saúde, acrescido de nomínimo 5%.

Para o período definitivo, a contar a partir de2005, a emenda determinou a ediçãode lei complementar com o objetivode definir os percentuais de vincula-ção para todas as esferas governamen-tais, bem como a base de vinculaçãode receitas da União – uma vez que abase de estados e municípios já foi es-tabelecida pela emenda – e a concei-tuação de ações e serviços públicos desaúde. Na hipótese da não edição dalei complementar, prevalece o mon-tante apurado em 2004.

• FONTE LEGAL: Constituição Federal: princípiosnorteadores do financiamento do sistema de saúdepública brasileiro. Emenda Constitucional n.º 29/2000,fixou participação orçamentária mínima obrigatóriapara União, Estados, Distrito Federal e Municípios,sendo para esses últimos, a partir de 2004, opercentual mínimo de 15% do orçamento próprio. Lei8.080/90 e Normas Operacionais Básicas do Ministérioda Saúde - NOB estabelecem os critérios, valores equalidade dos serviços, e trata da gestão financeira,que viabiliza a operacionalização do sistema.

• Prevê sanções para Municípios que não cumprirem omínimo de gastos, como ajustes compensatóriosprogressivos (ao longo de cinco anos), suspensão derepasses federais e intervenção do Estado, compossibilidade de que as autoridades municipais sejamprocessadas e se tornadas inelegíveis.

• APLICAÇÃO DE RECURSOS: Obrigatoriedade dealocação de todos os recursos municipais, estaduaisou federais para a saúde no caso do município noFundo Municipal de Saúde-FMS.

• Os recursos do Governo Federal para o FundoMunicipal de Saúde são transferênciasautomáticas(“fundo a fundo”), que constituemrepasses regulares feitos pelo Fundo Nacional deSaúde, ou pelo Fundo Estadual de Saúde a

municípios, quando esses não possuem gestão plena.Não dependem de convênios ou outras exigências ese destinam para ações de a atenção básica e paraprocedimentos de média e alta complexidade.

• Pactuação de critérios para distribuição dos recursos eremuneração dos procedimentos pela ComissãoIntergestores Tripartite – CIT, no âmbito nacional doSUS, e pelas Comissões Intergestores Bipartites – CIB,no âmbito regional, que são comissões constituídasparitariamente por representantes do governo estadual,indicados pelo Secretário de Estado da Saúde, e dossecretários municipais de saúde, indicados pelo órgãode representação do conjunto dos municípios doEstado, em geral denominado Conselho de SecretáriosMunicipais de Saúde – COSEMS.

• CONTROLE SOCIAL: Cabe ao Conselho Municipal deSaúde elaborar o Plano de Saúde-PMS para definir aaplicação dos recursos, que, por sua vez, deve seorientar pelo o Plano Nacional de Saúde – PNS. Eleorienta as ações do SUS em relação à atenção àsaúde da população brasileira e gestão do sistema,contendo os objetivos, as diretrizes e as metasnacionais de saúde.

• PRESTAÇÃO DE CONTAS: Cabe ao Conselho Municipalde Saúde elaborar os Relatórios de Gestão para aprestação de contas.

Sistema Único de Saúde – SUS

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Diante do cenário atual, as ações de vigilânciasocial que você e sua comunidade im-plementarem para otimizar os recursosde saúde em benefício do OrçamentoCriança, certamente, deverão se dirigirpara a complementação da estrutura definanciamento, acompanhamento, ava-liação e controle do Sistema Único deSaúde, procurando: (a) acompanhar adefinição do conceito de ações e servi-ços de saúde, que delimitará o que pode-rá ser gasto nessa área; (b) atuar paraaprovação de um percentual adequadode vinculação de receitas a favor dasdespesas com saúde.

4.6.ATUANDO SOBRE OS RECURSOSFEDERAIS DA PROTEÇÃO SOCIAL

Os recursos federais destinados a estados e mu-nicípios para assistência social e, especifi-camente, para proteção dos direitos dacriança e do adolescente, encontram-seno Fundo Nacional de Assistência Social(FNAS) e no Fundo Nacional dos Direi-tos da Criança e do Adolescente (-FNDCA). Praticamente, a totalidade dosrecursos disponíveis encontra-se noFNAS, cuja gestão é responsabilidade do

Ministério do Desenvolvimento Social eCombate à Fome (MDS). No FNDCA,há recursos restritos que são disponibiliza-dos a partir de projetos apresentados pe-los municípios ou estados interessados,conforme as exigências da Secretaria Es-pecial de Direitos Humanos (SEDH), seuórgão gestor. Esses recursos são muito im-portantes para diversos municípios. Deacordo com estudo do MDS, a participa-ção da União nas despesas com assistên-cia social no total dos gastos dos municí-pios brasileiros corresponde a 33,1%, masapresenta variação significativa depen-dendo do estado. Enquanto em Roraimae Maranhão a participação da União su-pera os 90%, em São Paulo, por exemplo,ela é de apenas 10,35% e, em Tocantins eno Rio Grande do Sul, essa participaçãofica abaixo de 20%.

A maior parte dos recursos disponibilizados pe-lo FNAS é considerada transferênciavoluntária, portanto, sujeita a exigên-cias de convênios e a respectiva presta-ção de contas. Entretanto, em virtudedo disposto pela Lei nº 9.604, de 05 defevereiro de 1998, essas transferênciassão realizadas de modo simplificado,com a apresentação de um plano de tra-balho e cronograma de desembolso pre-vistos pela Instrução Normativa nº1/97, da Secretaria do Tesouro Nacio-nal, que disciplina a realização e presta-ção de contas de convênios no governofederal. Para os recursos destinados àsações continuadas de assistência socialque são definidas por decreto do Presi-dente da República, a lei prevê a trans-ferência direta para o respectivo FundoMunicipal de Assistência Social de ca-da município, desde que exista um Pla-no de Assistência Social aprovado pelocorrespondente Conselho Municipalde Assistência Social. Isso facilita sen-sivelmente a transferência e sua conti-nuidade. Atualmente, nessa condiçãoencontram-se os programas de Atençãoà Criança de 0 a 6 anos (PAC), deAtenção à Pessoa Idosa (PPI), deAtenção à Pessoa Portadora de Defi-ciência (PPD), de Atenção Integral àFamília (PAIF) e o Programa de Com-bate à Exploração Sexual (Sentinela).

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1. Ampliar a dotação orçamentária,através de emenda constitucional,garantindo no mínimo 5% dasreceitas correntes líquidas nasesferas federal, estadual emunicipal para o Fundo dos Direitosda Criança e do Adolescente epossibilitando que as pessoasfísicas façam uso das doaçõesdedutíveis, também no ato daDeclaração de Renda e que sejafacultado a todas as empresas apossibilidade do abatimento doimposto nas doações ao fundo, comrepasse direto fundo a fundo e com

a simplificação dos mecanismos defuncionamento.2. Realizar as conferênciasmunicipais, estaduais e nacionais,antes dos períodos de votação dosorçamentos.3. Propor/criar lei federal quecondicione o repasse de recursosaos municípios à existência e aofuncionamento dos Conselhos dosDireitos,Tutelares e Fundo dosDireitos da Criança e doAdolescente, bem como aregulamentação da função deconselheiro tutelar.

Estratégia do Pacto pela Paz para aumentar os recursos doFundo dos Direitos da Criança edo Adolescente

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Atualmente, o Conselho Nacional de Assistên-cia Social (CNAS) busca a implemen-tação do Sistema Único de AssistênciaSocial (SUAS), a fim de consolidar astransferências diretas para os FundosMunicipais de Assistência Social, fican-do completamente livre das exigênciasconveniais para repasses. O SUAS de-verá fazer suas transferências seguindo omodelo do SUS, tendo um Piso de Pro-teção Social Básico (PSB), para repassede recursos destinados a serviços conti-nuados de proteção, e um Piso de Prote-ção Social Especial (PSE), para o finan-ciamento de ações destinadas a segmen-tos em situação de risco.

No âmbito da proteção social, você pode reali-zar pelo menos duas ações de vigilânciasocial: (1) levantamento e análise dastransferências do FNAS para o municí-pio; (2) levantamento e análise dascontrapartidas do município para asações de assistência social no OCA. Vo-cê pode levar adiante, também, umaação de mobilização social: campanhapara incremento das doações para oFundo Municipal dos Direitos da Crian-ça e do Adolescente.

Para o encaminhamento das ações de vigilân-cia 1 e 2, acione o Conselho Municipalde Assistência Social (CMAS) de suacidade. Com ele, você e sua comunida-de poderão ter acesso aos critérios quedefiniram as transferências para seu mu-nicípio, assim como conhecer a contra-partida da prefeitura, quais serviços sãofinanciados e quais entidades integram arede de atendimento.

Em todas as esferas em que estiverem consti-tuídos, os Fundos dos Direitos daCriança e do Adolescente podem re-ceber recursos arrecadados pelo pró-prio município – conforme o estabele-cido em legislação própria – além detransferências dos outros entes (Uniãoe estados) e também contribuições depessoas físicas e jurídicas. As doaçõesde pessoas físicas e jurídicas para osfundos (nacional, estaduais ou muni-cipais) podem ser deduzidas do Impos-to de Renda devido.

Para pessoas físicas, é permitida a dedução deaté 6% do imposto devido apurado, in-cluindo nesse limite as contribuiçõespara o Programa Nacional de Apoio à

1. Levantamento das transferências do Fundo Nacional de Assistência Social para orespectivo fundo municipal.2. Levantamento das contrapartidas do município para as ações de assistência socialno OCA.3. Mapeamento das organizações que recebem transferências da prefeitura.

1.Audiência com os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente ede Assistência Social para discussão dos planos de aplicação de recursos dosrespectivos de fundos.2.Audiência com Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e deAssistência Social para avaliação dos relatórios de gestão dos respectivos fundos.3.Atuação junto à comissão temática do trabalho e assistência social do Congresso oude deputados, para viabilizar emendas no OCA do município 4.Audiência com o prefeito para incremento das contrapartidas em ações deassistência social no OCA.5. Campanha para incremento das doações de pessoas físicas e jurídicas para o FundoMunicipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Garantindo Fontes de Recursos de Proteção Social para o Orçamento CriançaAÇÕES IMPORTANTES DE:

VIGILÂNCIA

SOCIAL

MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

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PREFEITO

SECRETÁRIO DA FAZENDA

SECRETÁRIO DE SAÚDE,

EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL

DEPUTADOS FEDERAIS

CONSELHOS MUNICIPAIS DE

SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL

GRUPOS DE INTERESSE

• Pode desempenhar papel vital na captação de recursos para o OCAjunto ao governo federal.

• Desempenha papel importante na operacionalização dastransferências para o município.

• Principal autoridade sobre o repasse de recursos federais.• Define o conteúdo da lei.• Coordena processo interno para definição de diretrizes setoriais anuais.• Propõe quais intervenções do PPA deverão ser priorizadas pela LDO.

• Desempenham papel fundamental, pois eles são os elos com as ComissõesTemáticas do Congresso e os responsáveis pela apresentação de emendas noorçamento da União a favor do OCA no município.

• Desempenham papel estratégico por meio da aprovação dos planos municipais daárea e dos relatórios de gestão

• Atuam pela viabilização de projetos junto a ministérios ou pela inclusão deemendas no Orçamento Geral da União (OGU).

Atores envolvidos no repasse de recursos federais

• FONTE LEGAL: Lei Orgânica da Assistência Social-LOAS, que o criou a partir da transformação doFundo Nacional de Ação Comunitária-FUNAC;gerido pelo Ministério do DesenvolvimentoSocial e Combate à Fome, sob a orientação doConselho Nacional de Assistência Social -CNAS.

• APLICAÇÃO DE RECURSOS: Disponibiliza recursosda União para o financiamento da assistênciasocial de crianças, jovens, portadores dedeficiência, idosos e famílias.

• Recursos transferidos fundo-afundo ou por meio de convênio para os Fundos Municipais deAssistência Social(ou Fundos Estaduais) relativosao Programa de Atenção à Criança-PAC, Programade Erradicação do Trabalho Infantil - PETI,Programa Sentinela de Combate à ExploraçãoSexual, Programa Casa da Família e ProgramaAgente Jovem. Financia também iniciativas depromoção da inclusão social, como apoio a micro-empreendimentos de geração de trabalho,emprego e renda.Todas as emendas parlamentares no âmbito da assistência socialintegram o FNAS.

• Inexistindo Fundo Municipal, o FNAS repassa os

recursos para Fundos Estaduais, queimplementam as ações no âmbito do municípioem questão.

• Parte das transferências é sujeita aconveniamento prévio, o que pode gerardescontinuidade na proteção social, em caso deproblemas com a prestação de contas ou com aformalização do convênio.

• Havendo restrições legais para repassesdestinados a ações continuadas para osmunicípios, o Governo Federal pode repassardiretamente para as entidades privadas deassistência social credenciadas

• CONTROLE SOCIAL: Para o repasse direto fundo-a-fundo pelo FNAS(art.30 da LOAS), o municípiodeve ter instituído e em funcionamento o FundoMunicipal de Assistência Social, com seurespectivo Conselho, assim como ter aprovado oPlano Municipal de Assistência Social, de acordocom a Política Nacional de Assistência Social.

• PRESTAÇÃO DE CONTAS: Conselho deve elaborarrelatório de gestão. Convênios sujeitos aprestação de contas detalhada ao entefinanciador.

Fundo Nacional de Assistência Social

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PROGRAMA DE ATENÇÃO À PESSOA IDOSA (API)• Apoio técnico e financeiro a serviços de proteçãosocial básica e especial, programas e projetosexecutados por estados, municípios, Distrito Federal eorganizações sociais, destinados ao atendimento doidoso vulnerabilizado pela pobreza.Abrange grupos deconvivência, centros, instituições de longa permanência,centros-dia, casas-lar, república e atendimentodomiciliar.

PROGRAMA DE ATENÇÃO INTEGRAL À FAMÍLIA (PAIF)• Serviço continuado de proteção social básica (Decretonº 5.085, de 19 de maio de 2004), desenvolvido nosCentros de Referência da Assistência Social (CRAS),mais conhecidos como “Casas da Família”. Sãoespaços físicos localizados estrategicamente em áreasde pobreza, que prestam atendimento assistencial earticulam os serviços disponíveis em cada localidade,potencializando a rede de proteção social básica.

ATENÇÃO ÀS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA(PPD)• Apoio técnico e financeiro a estados, municípios,Distrito Federal e instituições, para o desenvolvimentode ações de proteção social e inclusão das pessoascom deficiência e de suas famílias.• Principais serviços: atendimento domiciliar; centros-dia; residência com famílias acolhedoras; residência emcasas-lar; atendimento em abrigo para pequenosgrupos; apoio à reabilitação; prevenção dasdeficiências; tratamento precoce; habilitação ereabilitação/atendimento integral; habilitação ereabilitação/atendimento parcial; distúrbiocomportamental; bolsa manutenção reabilitação nacomunidade.• São financiados, também, projetos de manutenção,construção, ampliação e modernização de centros deatendimento a pessoas com deficiência.

PROGRAMA DE COMBATE À EXPLORAÇÃO SEXUAL DECRIANÇAS E ADOLESCENTES (SENTINELA)• Conjunto de ações especializadas de atendimento eproteção imediata às crianças e aos adolescentes.Abrange abordagem educativa, atendimentomultiprofissional especializado, apoio psicossocial ejurídico, acompanhamento permanente, abrigo por 24horas e oferta de retaguarda ao Sistema de Garantia deDireitos dirigida a crianças, adolescentes e famíliasenvolvidas com a violência sexual.Tais serviços sãooferecidos em centros ou serviços de referência para oatendimento às crianças, aos adolescentes e às famílias.

ATENÇÃO À CRIANÇA DE ZERO A SEIS ANOS (PAC)• Serviço de ação continuada em que são repassadosrecursos a estados, municípios, Distrito Federal ouorganizações sociais, por meio de valores per capita dereferência fixos, para a cobertura de despesas correntes(custeio). Essas despesas são caracterizadas como demanutenção de serviços internos e externos já criadose instalados para o atendimento direto de crianças e desuas famílias vulnerabilizadas pela pobreza. Exigecontrapartida do município.

PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL(PETI)• Programa de transferência de renda direta do governofederal para famílias de crianças e adolescentesenvolvidos no trabalho precoce. O Peti caracteriza-sepela transferência voluntária de recursos por meio deconvênios para acompanhamento pelos municípios.• Os estados levantam os casos de trabalho infantil emseus municípios, que são apresentados às ComissõesEstaduais de Erradicação do Trabalho Infantil paravalidação e definição de critérios de prioridade deatendimento.• Para receber a bolsa, as famílias têm que assumircompromissos com o governo federal, tais como:freqüência mínima das crianças e dos adolescentes naescola e jornada ampliada equivalente a 75% doperíodo total; afastamento definitivo, do trabalho, decrianças e adolescentes menores de 16 anos;participação das famílias nas ações socioeducativas ede ampliação e geração de renda oferecidas. Osmunicípios executam as ações de controle.

PROGRAMA AGENTE JOVEM DE DESENVOLVIMENTOSOCIAL E HUMANO• Ação de assistência social destinada a jovens entre15 e 17 anos, visando o desenvolvimento pessoal,social e comunitário, por meio de capacitação teórica eprática e de atividades que não configurem trabalhomas que possibilitem a permanência do jovem nosistema de ensino, preparando-o para futuras inserçõesno mercado.• Concessão de bolsa no valor de R$ 65,00 diretamenteao jovem durante os 12 meses em que ele estiverinserido no programa e atuando em sua comunidade,desde que esteja regularmente cadastrado e participe,no mínimo, de 75% do total de aulas na escola e dasatividades previstas no programa.• Financia 300 horas-aula para capacitadores eorientadores sociais nas áreas de saúde, cidadania emeio ambiente.

Transferências de proteção social no âmbito federal

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4 Cultura (Pronac) e investimentos feitosa título de incentivo às atividades au-diovisuais. Para pessoas jurídicas, é per-mitido o abatimento mensal do impostodevido no valor das deduções efetiva-das, abrangendo tanto as empresas tri-butadas com base no lucro real quantoas tributadas com base no lucro estima-do. O limite máximo de dedução do Im-posto de Renda devido na apuraçãomensal correspondente ao total dasdoações efetuadas no mês é fixado em1%, de acordo com o Decreto nº 794,de 05 de abril de 1993.

Para viabilizar a contribuição, divulgue asvantagens do recolhimento, que é bas-tante simples: deve ser processado pormeio do preenchimento do Documen-to de Arrecadação da Receita Federal(DARF) – no caso de doação ao Fundo

Nacional dos Direitos da Criança e doAdolescente – ou de documento equi-valente no caso de doação ao FundoMunicipal dos Direitos da Criança edo Adolescente. Feito isso, o contri-buinte deve realizar o depósito em umaagência bancária oficial.

Vale lembrar que, de acordo com a Lei nº9.250 em vigor desde 1º de janeiro de1996, doações feitas por pessoas físicaspara organizações de utilidade públicafederal podem ser declaradas na relaçãode pagamentos do Imposto de Rendautilizando-se o código “14 – Outros”,mas não podem ser deduzidas. Já asdoações de pessoas jurídicas a essas ins-tituições poderão ser deduzidas do Im-posto de Renda até o limite de 2% dolucro operacional antes de computada asua dedução, conforme a Lei nº 9.249.

CONSULTE A LEGISLAÇÃOOrçamento Geral Da União-OGU Prevê as transferências para municípios.Contém as emendas parlamentares quebeneficiam o OCA do município.Constituição FederalEstabelece competências das diversas esferas ecritérios para financiamento dos diversos setoressociais.LEI 8080/90 Estabelece critérios gerais para gestão do SistemaÚnico de Saúde.Lei 8.742/93Estabelece a organização do Fundo Nacional deAssistência Social e dos respectivos fundosmunicipais e estaduais, assim como definecritérios gerais para transferência de recursos deassistência social para a criança e o adolescente.Lei 8242/91Cria o Fundo Nacional dos Direitos da Criança edo Adolescente.

Documentos que dãodiretrizes ao repasse derecursos federais

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MONITORANDO

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E A V A L I A N D O I N F O R M A Ç Õ E S d o o c a

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5.1. POR QUE E COMO MONITORAR E AVALIAR

Monitorar, avaliar e divulgar são ações de controle social

imprescindíveis à promoção do Orçamento Criança e

Adolescente. Aqui você verá como potencializar as informações

apuradas com o OCA.

A implementação das soluções para os problemas sociais é um processo longo e com-plexo, que envolve diversos atores, recursos e decisões, os quais devem ser ar-ticulados da forma correta para produzir o resultado programado. O sucesso daatuação de sua comunidade depende da capacidade que ela tem de monitorar eavaliar, de maneira permanente, o desenvolvimento das soluções propostas. Pa-ra tanto, o OCA oferece subsídios importantes, à medida que permite capturar,por meio da programação e execução de receitas e despesas, o estágio de anda-mento das ações governamentais.

Monitorar e avaliar são etapas de vigilância social que caminham de mãos dadas. Omonitoramento refere-se ao acompanhamento de todo o processo de execuçãodas ações governamentais, no qual a comunidade busca informações para aidentificação e a correção de problemas, buscando atuar junto ao Poder Públi-co para promover decisões. Já a avaliação diz respeito ao processo de levanta-mento e análise sistemática de informações sobre características, processos eimpactos das soluções implementadas pelo Poder Público, levando em contacritérios de eficiência, eficácia e efetividade.

Quando a comunidade avalia, ela busca colher subsídios para negociar com as autorida-des públicas as mudanças necessárias ao aperfeiçoamento da gestão de recursos hu-manos, financeiros e materiais e da qualidade do gasto público na execução dasações governamentais. A avaliação, ao mesmo tempo em que fornece subsídiospara a tomada de decisão, promove a transparência das ações dos governos; con-tribui para o aperfeiçoamento da concepção e do modo de implementação dasações propostas, proporciona a otimização da alocação dos recursos orçamentáriose promove o conhecimento, pela sociedade, do funcionamento da administraçãodas políticas públicas e de seus resultados.

5.2.A IMPORTÂNCIA DAS METAS E DOS INDICADORES

A avaliação pressupõe a definição prévia de metas a serem perseguidas ao longo da im-plementação das ações. A meta, por sua vez, constitui a quantificação de um obje-tivo em termos de unidades do produto que a materializa, a ser obtido em um de-terminado espaço de tempo e em uma determinada escala espacial. No entanto, talprocesso analítico, aparentemente objetivo, não é imediata e inequivocamentematerializável. Os indicadores são as estatísticas que permitem avaliar a efetividade

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das ações implementadas, ou seja, a suacapacidade de alterar a realidade.

A conceituação de metas exige a precisa delimi-tação da ação pretendida por parte doPoder Público. No processo de constru-ção da iniciativa, é necessário estabele-cer uma etapa de reflexão sistemática so-bre a disponibilidade de recursos e aspossibilidades de alcance de objetivos.Portanto, a conceituação não prosperasem o enfrentamento de culturas geren-ciais caracterizadas pelo improviso e pe-la falta de programação. Nessas condi-ções, a inexistência de planejamentoprévio acaba por redundar na falta de di-mensionamento antecipado de objeti-vos e na confusão entre os objetivos-meio, que viabilizam a consecução doresultado final, e do objetivo-fim.

Além disso, a avaliação de resultados demandaa construção de um sistema de valoresbaseado em opiniões, registros, dados ob-jetivos, critérios de comparação qualita-tivos e quantitativos etc., sustentado porum sistema de informações eficaz nos re-gistros e eficiente na possibilidade decruzamentos. De fato, a avaliação consti-tui um processo gerencial, mas tambémpolítico-institucional, orientado para adeterminação do grau de alcance quanti-tativo e qualitativo das metas. Exige, as-sim, a maturação do entendimento emtorno dos princípios que a estrutura e daforma como se organiza e se desenvolve,sob pena de não ser validada pelos em-preendedores e, conseqüentemente, nãocumprir sua finalidade de servir à reo-rientação de futuras ações.

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Efetividade é a medida do grau de cumprimentodos objetivos que orientaram aimplementação de uma ação, promovendoalterações nos indicadores de resultados.

Eficácia refere-se ao grau de alcance das metasfixadas para um determinado projeto, atividadeou programa em relação àquilo que foiprevisto.

Eficiência é a análise do uso dos recursos narealização da meta para um projeto, umaatividade ou um programa segundo padrõesestabelecidos.

SAIBA O QUE É

“Acompanharemos regularmente nonível nacional e, quandoapropriado, no nível regional eavaliaremos os objetivos e metasconstantes do Plano de Ação nosníveis nacional, regional e global.Dessa forma fortaleceremos nossacapacidade estatística para coletar,analisar e desagregar dados, porexemplo, por sexo, idade e outrosfatores pertinentes que possam

levar a disparidades e apoiar uma ampla gama de pesquisacentradas nas crianças.Fortaleceremos a cooperaçãointernacional para apoiar osesforços de formação de umacapacidade estatística e formaruma capacidade comunitária paraacompanhamento, avaliação eplanejamento.”

Um Mundo para as Crianças, p. 68

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5.3. UTILIZANDO OS MEIOS DECOMUNICAÇÃO

As informações do OCA geradas pelo moni-toramento e pela avaliação não podemficar restritas àqueles que as produziram.Na verdade, elas somente ganharão vidaquando chegarem ao conhecimento daopinião pública. Difundi-las é, portanto,precondição para explorar o valor doOCA enquanto real instrumento depromoção e proteção dos direitos da cri-ança e do adolescente.

Para que isso aconteça, em primeiro lugar a in-formação tem que ser atual e deve ser co-municada de forma fácil e compreensí-

vel. Portanto, a linguagem utilizada deveestar de acordo com a linguagem de cos-tume do nosso público-alvo. Ainda queestejamos lidando com um tema poucoacessível, repleto de números e bastantetécnico, precisamos sensibilizar a opi-nião pública para a importância dessetrabalho, deixando claro que estamos fa-lando de recursos públicos e qualidade devida. Parte desse desafio pode ser alcan-çado pela exposição de exemplos reais,concretos, e por meio de comparaçõescom o dia-a-dia das pessoas. O segredo,portanto, está na transformação de umassunto excessivamente técnico em umdebate que tem a ver com a vida de cadacidadão brasileiro.

1. Levantamento e análise dos indicadores para as esferas de ação, comparativamenteao resultado do OCA.

1.Atuação junto ao Secretário de Planejamento e/ou secretários de áreas finalísticas(assistência social, saúde e educação) para obtenção e discussão de indicadores.2.Atuação junto a agências oficiais de estatísticas e pesquisas para obtenção deindicadores.

Monitorando e Avaliando o Desempenho do Orçamento CriançaAÇÕES IMPORTANTES DE:

COMPROMISSOGarantir a criação e implementação do Conselhode Comunicação Social, nas três esferas degoverno, formado por representantes dasempresas de comunicação social, do governo eda sociedade civil.

ESTRATÉGIAS1. Priorizar a criação do Conselho deComunicação na Frente Parlamentar da Criançae do Adolescente do Congresso Nacional,buscando estender essa iniciativa às demaisinstâncias da Federação.2. Que os Conselhos de Direito deliberem, naforma de diretrizes de políticas públicas decomunicação a serem adotadas pelos governosnas suas respectivas esferas, pela proibição deliberação de recursos públicos para programas

específicos que firam o interesse dodesenvolvimento da criança e do adolescente.3. Que haja interlocução permanente, por meiodos Conselhos de Direitos da Criança e doAdolescente, nas respectivas instâncias. Assimcomo a promoção do diálogo e da capacitação,em parceria com faculdades de comunicaçãosocial, associações, sindicatos de profissionais dacomunicação e empresas de comunicação social.4. Favorecer a democratização dos meios de

comunicação social via a liberdade deorganização de rádios e TVs comunitárias, sobcontrole da sociedade, por meio de associaçõese conselhos.5. Estimular as empresas de comunicação ereivindicar junto a elas a reformulação da matrizinformativa que aporta a família brasileira,priorizando o desenvolvimento da cidadania.

Estratégias do Pacto pela Paz para a parceria comos meios de comunicação

VIGILÂNCIA

SOCIAL

MOBILIZAÇÃO

SOCIAL

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Assim, todo o processo de avaliação e mobili-zação da sociedade para o OCA deve serdivulgado, assim como o Relatório do Or-çamento Criança (Relatório do OCA),documento que contém a análise finaldo OCA (veja seção 6.5 do Caderno 1“Apurando o Orçamento Criança eAdolescente”). É preciso que você e suacomunidade procurem produzir umaversão sintética do relatório, com lin-guagem não técnica e acessível a qual-quer pessoa. Essa nova versão deve serfeita sem prejuízo do conteúdo, paraaproximar a população do que está sen-do debatido. Em geral, os meios de co-municação querem respostas para ques-tões bem objetivas como: houve cresci-mento ou redução dos recursos a favorda criança e do adolescente? Os gastosrealizados foram realmente efetivos? Oque isso significa para o município?

Em segundo lugar, é necessário que a comuni-dade tenha estratégias claras e viáveisde comunicação, de acordo com o obje-tivo pretendido. Existem diversas ma-neiras de comunicar sua mensagem àopinião pública: releases (textos curtospara divulgação jornalística), telefone-

mas a um repórter ou editor, coletivasde imprensa, cartas a editores de publi-cações, entrevistas coletivas. Mas paraque essa comunicação alcance seu obje-tivo, é preciso criar fatos no município,como encontros, audiências, conferên-cias, seminários, debates, passeatas, etc.Cabe a você e a sua comunidade avalia-rem sua capacidade de mobilização econfrontarem os resultados com os ob-jetivos de divulgação que pretendematingir para escolher as melhores alter-nativas. As formas de divulgação tam-bém devem ser definidas de acordo comas condições da realidade local e o pú-blico com quem você e sua comunidadequerem dialogar. Vale até mesmo utili-zar teatro de bonecos ou cordel comomeio de divulgação.

De todo modo, a organização de audiências co-munitárias em sua própria localidadepara tratar dos resultados apurados,acompanhados da publicação local dasinformações levantadas, constitueminiciativas fundamentais. Por meio de-las, você conseguirá fazer com que a in-formação chegue até os beneficiadospelos resultados das despesas do OCA.

1. Elaboração de versão sintética do Relatório do Orçamento Criança.

1. Entrevista coletiva anual para divulgar os resultados apurados com o OCA.2.Atuação junto aos meios de comunicação para cobertura crítica dasações integrantes do OCA.

Divulgando o Orçamento Criança

GRUPOS DE INTERESSE

MEIOS DE COMUNICAÇÃO

• Devem divulgar o Orçamento Criança e Adolescente tanto para a opinião públicaem geral, quanto para a comunidade na qual atuam.

• Precisam ser sensibilizados para divulgar os resultados do Orçamento Criança eAdolescente.• Interessam-se somente por assuntos atuais e que tenham repercussão.

AÇÕES IMPORTANTES DE:

VIGILÂNCIASOCIAL

MOBILIZAÇÃOSOCIAL

Atores Envolvidos na Divulgação do Orçamento CriançaAGENTES PRINCIPAIS

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TEXTO RESUMO PARA A IMPRENSA (RELEASE)Um release é um texto sintético, escrito emlinguagem acessível, para a divulgação de umadeclaração ou avaliação de ações ou deproblemas envolvendo o OCA. A informaçãodeve ser, ao mesmo tempo, importante e nova.O release deve ser conciso, com a informaçãomais importante aparecendo no primeiroparágrafo e o restante em ordem decrescentede importância. Para se construir um release,você precisa responder estas seis perguntas: Oquê? Quando? Onde? Como? Por quê? Quem?Todo release deve ter, na última frase, um nomee telefone para contato.

ARTIGOSAlguns jornais recebem artigos e os publicamcom destaque em uma seção. Você devepesquisar para quais jornais e revistas dacidade, além de publicações de sindicatos,entidades diversas e movimentos populares,podem ser enviadas sugestões de artigos.Lembre-se de elaborar um texto sintético, poisos jornais costumam ter limite de espaço.

ENTREVISTAS COLETIVASÉ a convocação antecipada de profissionais dosmeios de comunicação para tratar de um temaespecífico. Para conseguir um bomcomparecimento da imprensa, o tema sobre oOCA a ser abordado precisa ser realmenteimportante e atual, e o entrevistado precisa serbem conhecido (uma autoridade pública, porexemplo). Esteja atento, porque, para esseevento, é necessário dispor de muitainformação para ser passada aos jornalistas.Em razão disso, costuma ser indicado realizarapenas uma vez durante o processo.

CARTAS AO JORNALEm geral, cartas são respostas dirigidas àdireção de um jornal referentes a editoriaisnegativos ou reportagens inadequadas. Paraque a carta seja publicada, é preciso que elaatenda aos padrões de tamanho de textoestipulados pelo jornal. O principal, porém, éque ela seja suficientemente informativa econcisa, e que dirija-se ao seu público-alvo,

evitando adjetivos e ataques a autoridades.Também é importante que a carta sejaassinada, dessa forma ela ganha uma maiorcredibilidade. Lembre-se de colocar uma formade contato ao final de texto.

RÁDIOO rádio tem importância estratégica nacomunicação do OCA por alcançar uma grandequantidade de pessoas, tanto na zona urbanacomo na zona rural. O tempo de exposiçãopode ser longo ou curto.

TELEVISÃOA TV também atinge uma grande quantidade depessoas e conta com o recurso da imagem. Porisso, quando pensar em divulgar notícias pelaTV, pense nas imagens que podem serregistradas. O tempo de uma matéria é muitocurto. Fale o essencial e pergunte ao repórter,na hora de gravar, quais as perguntas que serãofeitas para que você prepare uma respostaclara e sucinta. Além dos telejornais diários,existem outras oportunidades para divulgarinformações sobre o OCA na TV, comoprogramas de entrevista ou de auditório.

INTERNETExistem muitos sites que cobrem notícias dasua cidade ou que são específicos sobre aquestão orçamentária. Fazer um blog (diário)ou uma página da sua organização tambémnão é difícil. Pesquise na internet os espaçosque podem ser usados para divulgação. Não seesqueça de que já existe um site<www.orcamentocrianca.org.br> e que vocêpode disponibilizar informações nesse site,além de divulgá-lo como referência.

Acessando os meios de comunicação

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METAS PARA UM BRASIL PARA AS CRIANÇAS

ESFERAS PRIORITÁRIASDE AÇÃO

1. PROMOVENDO

VIDAS SAUDÁVEIS

E COMBATENDO O

HIV/AIDS

2. ACESSO À

EDUCAÇÃO DE

QUALIDADE

3. PROTEÇÃO

CONTRA OS MAUS

TRATOS, A

EXPLORAÇÃO E A

VIOLÊNCIA

METAS

META A: reduzir em, no mínimo, um terço a taxa de mortalidade infantil de crianças menores de 5 anos, comoprimeiro passo até atingir dois terços em 2015.

META A para a iniqüidade: reduzir em,no mínimo,um terço a taxa de mortalidade infantil e de crianças menoresde 5 anos entre os grupos extremos de situação do domicílio, de renda, raça/cor e anos de estudo da mãe.

META B: reduzir em, no mínimo, um terço a taxa de mortalidade materna como primeiro passo até reduzir emtrês quartos em 2015.

META B para a iniqüidade: reduzir em, no mínimo, um terço a iniqüidade no percentual de nascidos vivos demães com menos de sete consultas do pré-natal entre grupos extremos de situação do domicílio, de renda,raça/cor e anos de estudo da mãe.

META C: reduzir em, no mínimo, um terço a desnutrição de crianças menores de 5 anos, com especial atençãoàs crianças menores de 2 anos; e reduzir em, no mínimo, um terço a taxa atual de baixo peso ao nascer.

META C para a iniqüidade: reduzir em, no mínimo, um terço a iniqüidade no percentual de crianças combaixo peso ao nascer entre os grupos extremos de situação do domicílio, de renda, raça/cor e anos de es-tudo da mãe.

META D: reduzir em, no mínimo, um terço o número de lares que não possuem acesso a saneamento e águapotável a preços acessíveis.

META D para a iniqüidade: reduzir em,no mínimo,um terço a iniqüidade no percentual da população sem aces-so à esgoto sanitário adequado entre os grupos extremos de situação do domicílio, de renda, raça/cor e anosde estudo da mãe.

META F: elaborar e implementar políticas e programas nacionais de saúde para adolescentes, incluindo metase indicadores para promover a saúde física e mental.

META G: dar acesso o quanto antes, e não posterior a 2015, a serviços de saúde reprodutiva a todas as pessoasem idade apropriada, por meio dos sistemas de atenção primária à saúde.

META A: até 2003, estabelecer metas nacionais com um calendário preciso para alcançar o objetivo mundialde reduzir a prevalência do HIV entre homens e mulheres jovens com idade entre 15 e 24 anos em 25% até2005, nos países mais afetados, e em 25% até 2010, em todo o mundo.

META A: ampliar e melhorar o cuidado e a educação integral na primeira infância, para meninos e meninas, es-pecialmente para os mais vulneráveis e desfavorecidos.

META B: reduzir em 50% o número de crianças em idade escolar que não estão matriculadas e aumentar, pe-lo menos 90%, a taxa líquida da matrícula no Ensino Fundamental ou da participação em programas nãotradicionais de educação primária de boa qualidade até 2010.

META B para a iniqüidade: reduzir em 50% a iniqüidade no percentual de crianças de 7 a 14 anos que estãofora da escola entre grupos extremos de situação do domicílio, de renda, raça/cor e anos de estudo da mãe.

META C: eliminar as disparidades entre os sexos no Ensino Fundamental e no Ensino Médio até 2005 e alcançara igualdade entre os gêneros na educação até 2015, dando atenção especial para que as meninas, em igual-dade de condições, tenham pleno acesso a uma educação básica de boa qualidade e possam aproveitá-laplenamente.

META D: melhorar todos os aspectos da qualidade da educação para que as crianças e os adolescentesadquiram conhecimentos mensuráveis e comprováveis, especialmente no aprendizado da matemática, daleitura e da escrita, e adquiram conhecimentos que os preparem para vida.

META F: atingir até 2015, no mais tardar, um aumento de 50% nos índices de alfabetização de adultos, espe-cialmente no que diz respeito às mulheres.

META A: proteger as crianças de todas as formas de maus-tratos, abandono, exploração e violência e melhoraro cuidado e a educação integral na primeira infância.

META C: proteger as crianças de todas as formas de exploração sexual, inclusive da pedofilia; do tráfico e doseqüestro.

META D: tomar medidas imediatas e efetivas para eliminar as piores formas de trabalho infantil, como definidona Convenção nº 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e desenvolver e implementar estraté-gias para eliminar o trabalho infantil que seja contrário às normas internacionais aceitáveis.

META E: melhorar a situação de milhões de crianças que vivem em condições especialmente difíceis.

Fonte: Um Brasil para as Crianças

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A n e x o s• Modelo de solicitação de informações

orçamentárias• Funções e subfunções de governo• Leitura do orçamento• Glossário

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i Ofício n° /ano (cidade), de de 200 .

Exmo. Sr.

Secretário de Finanças / Planejamento do Estado / Município de

Ref.: Solicitação de Informações

Senhor Secretário,

A entidade , associação civil sem fins lucrativos, com sede na rua ,n° , (bairro), CEP , (cidade), vem expor e requerer o quanto segue:

1. A Constituição Federal, em seu artigo 227 e parágrafos, e o Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 4°,parágrafo único, “d”), determinam que as crianças e adolescentes devem ser priorizados na destinaçãode recursos públicos.

2. Além disso, dispõe o art. 67, III, da Lei Complementar n° 101/2000, que “O acompanhamento e a avali-ação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por con-selho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de Governo, do Min-istério Público e de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a (...) III - adoção de nor-mas de consolidação das contas públicas, padronização das prestações de contas e dos relatórios edemonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas e padrões mais simples paraos pequenos Municípios, bem como outros, necessários ao controle social”.

3. Ocorre que o caráter apenas autorizativo da lei orçamentária no Brasil e a possibilidade de remanejamentode recursos através de decretos dificulta que a sociedade possa acompanhar os gastos efetivados com acriança ao longo do ano.

4. Os relatórios de execução apresentados ao Legislativo oferecem somente informações no nível dos progra-mas e não das ações detalhadas, como faz a lei orçamentária. Assim, por exemplo, podemos saber a ca-da bimestre quanto foi gasto no ensino fundamental, mas não podemos saber quanto se destinou efeti-vamente a despesas com a construção de escolas, com o pagamento de pessoal ou com a alimentação es-colar. Enfim, não nos é possível conhecer o que, de fato, vem sendo priorizado pela administração mu-nicipal.

5. Diante do exposto e, com base na Constituição Federal, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Com-plementar n° 101/2000 e Lei Orgânica do (Estado / Município), reivindicamos aqui o acesso de todaa população às informações detalhadas constantes do Relatório de Execução Orçamentária porÓrgão, Projetos e Atividades conforme o Quadro de Detalhamento de Despesas, disponibilizando-omensalmente ao Poder Legislativo Municipal e mediante publicação no Diário Oficial da cidade de

.Em nome da prioridade absoluta que a lei reserva à criança e ao adolescente, aguardamos o atendimentodo pedido.

Atenciosamente,

(nome)(cargo)

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FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO

SUBFUNÇÕES

031 - Ação Legislativa032 - Controle Externo

061 - Ação Judiciária062 - Defesa do Interesse Público no Processo Judiciário

091 - Defesa da Ordem Jurídica092 - Representação Judicial e Extrajudicial

121 - Planejamento e Orçamento122 - Administração Geral123 - Administração Financeira124 - Controle Interno125 - Normatização e Fiscalização126 - Tecnologia da Informação127 - Ordenamento Territorial128 - Formação de Recursos Humanos129 - Administração de Receitas130 - Administração de Concessões131 - Comunicação Social

151 - Defesa Áérea152 - Defesa Naval153 - Defesa Terrestre

181 - Policiamento182 - Defesa Civil183 - Informação e Inteligência

211 - Relações Diplomáticas212 - Cooperação Internacional

241 - Assistência ao Idoso242 - Assistência ao Portador de Deficiência243 - Assistência à Criança e ao Adolescente244 - Assistência Comunitária

271 - Previdência Básica272 - Previdência do Regime Estatutário273 - Previdência Complementar274 - Previdência Especial

301 - Atenção Básica302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial303 - Suporte Profilático e Terapêutico304 - Vigilância Sanitária305 - Vigilância Epidemiológica306 - Alimentação e Nutrição

331 - Proteção e Benefícios ao Trabalhador332 - Relações de Trabalho333 - Empregabilidade334 - Fomento ao Trabalho

361 - Ensino Fundamental362 - Ensino Médio363 - Ensino Profissional364 - Ensino Superior365 - Educação Infantil366 - Educação de Jovens e Adultos367 - Educação Especial

391 - Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico392 - Difusão Cultural

421 - Custódia e Reintegração Social422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos423 - Assistência aos Povos Indígenas

FUNÇÕES

01 - LEGISLATIVA

02 - JUDICIÁRIA

03 - ESSENCIAL À JUSTIÇA

04 - ADMINISTRAÇÃO

05 - DEFESA NACIONAL

06 - SEGURANÇA PÚBLICA

07 - RELAÇÕES EXTERIORES

08 - ASSISTÊNCIA SOCIAL

09 - PREVIDÊNCIA SOCIAL

10 - SAÚDE

11 - TRABALHO

12 - EDUCAÇÃO

13 - CULTURA

14 - DIREITOS DA CIDADANIA

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FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO

SUBFUNÇÕES

451 - Infra-Estrutura Urbana452 - Serviços Urbanos453 - Transportes Coletivos Urbanos

481 - Habitação Rural482 - Habitação Urbana

511 - Saneamento Básico Rural512 - Saneamento Básico Urbano

541 - Preservação e Conservação Ambiental542 - Controle Ambiental543 - Recuperação de Áreas Degradadas544 - Recursos Hídricos545 - Meteorologia

571 - Desenvolvimento Científico572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia573 - Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico

601 - Promoção da Produção Vegetal602 - Promoção da Produção Animal603 - Defesa Sanitária Vegetal604 - Defesa Sanitária Animal605 - Abastecimento606 - Extensão Rural607 - Irrigação

631 - Reforma Agrária632 - Colonização

661 - Promoção Industrial662 - Produção Industrial663 - Mineração664 - Propriedade Industrial665 - Normalização e Qualidade

691 - Promoção Comercial692 - Comercialização693 - Comércio Exterior694 - Serviços Financeiros695 - Turismo

721 - Comunicações Postais722 - Telecomunicações

751 - Conservação de Energia752 - Energia Elétrica753 - Petróleo754 - Álcool

781 - Transporte Áéreo782 - Transporte Rodoviário783 - Transporte Ferroviário784 - Transporte Hidroviário785 - Transportes Especiais

811 - Desporto de Rendimento812 - Desporto Comunitário813 - Lazer

841 - Refinanciamento da Dívida Interna842 - Refinanciamento da Dívida Externa843 - Serviço da Dívida Interna844 - Serviço da Dívida Externa845 - Transferências846 - Outros Encargos Especiais

FUNÇÕES

15 - URBANISMO

16 - HABITAÇÃO

17 - SANEAMENTO

18 - GESTÃO AMBIENTAL

19 - CIÊNCIA E TECNOLOGIA

20 - AGRICULTURA

21 - ORGANIZAÇÃO AGRÁRIA

22 - INDÚSTRIA

23 - COMÉRCIO E SERVIÇOS

24 - COMUNICAÇÕES

25 - ENERGIA

26 - TRANSPORTE

27 - DESPORTO E LAZER

28 - ENCARGOS ESPECIAIS

Fonte: Portaria no 42, de 14 de abril de 1999, do MOG - DOU de 15/04/1999

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EXEMPLO 1: Orçamento da União

As descrições dos códigos do Orça-mento Federal podem ser encontradasno Manual Técnico de Orçamento(MTO), publicado pelo Ministério doPlanejamento, Orçamento e Gestão noano anterior ao de referência do Ma-nual. A classificação funcional-progra-mática (FP) a seguir foi extraída da Ba-se de Dados do Sistema Integrado deDados Orçamentários (SIDOR).

Órgão – UO: 33903FP: 08.243.0067.1001.0002Natureza de Despesa: 4.4.40.41Fonte: 100.

De acordo com a classificação funcio-nal-programática, podemos ler a codifi-cação em questão da seguinte maneira:

• Órgão 33: corresponde ao Ministé-rio da Previdência e Assistência Social(MPAS).• Unidade Orçamentária 903: do ór-gão 33, representa o Fundo Nacionalde Assistência Social (FNAS).• Função 08: significa Assistência Social.• Subfunção 243: refere-se à Assistên-cia à Criança e ao Adolescente.• Programa 0067: corresponde àAtenção à Criança.• Ação 1001: representa o projeto(código inicial “1”) Construção, Am-pliação e Modernização de Creche.• Código 002: representa a Localiza-ção do Gasto que indica Construção deCreche em Vilhena/RO.

A partir da leitura da codificação, veri-fica-se que essa dotação orçamentáriadestina-se a um projeto na área de assis-tência social no âmbito da criança e doadolescente, que trata da construção deuma creche no município de Vilhena,em Rondônia, no intuito de “asseguraro atendimento a crianças carentes deaté 6 anos em creches, pré-escolas ououtras alternativas comunitárias”, con-forme define o Programa Atenção à

Criança. O gestor dos recursos é oMPAS, por meio do FNAS.

• Categoria Econômica 4: o primeirodígito da natureza de despesa indicaque se trata de uma despesa de capital.• Grupo de Despesa 4: representa In-vestimentos.• Modalidade de Aplicação 40: indicaTransferências a Municípios.• Elemento de Despesa 41: refere-se aContribuições.• Fonte 100: informa que o financia-mento dessa ação é realizado com Re-cursos Próprios do Tesouro.

Nesse caso, constata-se que a constru-ção autorizada da creche é um investi-mento financiado com recursos arreca-dados diretamente pelo governo fede-ral, transferidos ao governo municipalde Vilhena (RO) na forma de contri-buição. O governo federal apenas re-passa os recursos, cabendo ao municí-pio em questão a construção.

EXEMPLO 2: Orçamento do estado deSão Paulo

No caso dos orçamentos estaduais, adescrição dos códigos está relaciona-da na própria base orçamentária. Ca-so não esteja, ela pode ser fornecidapela Secretaria Estadual de Planeja-mento, ou órgão estadual responsávelpela elaboração do orçamento de ca-da estado.

Do orçamento do estado de São Paulo,selecionou-se a seguinte dotação orça-mentária:

UO – UD: 35001FP: 10.243.3503.4795Natureza de Despesa: 3.3.90.41Fontes: 2, 3 e 5

De acordo com a classificação funcio-nal-programática, podemos ler a codifi-cação em questão da seguinte maneira:

• Unidade Orçamentária 35: corres-ponde à Secretaria Estadual de Assis-tência e Desenvolvimento Social.• Unidade de Despesa 001, da UO35, indica a Administração Superior daSecretaria e Sede.• Função 10: significa Saúde.• Subfunção 243: refere-se à Assistên-cia à Criança e ao Adolescente.• Programa 3503: corresponde àAtenção à Criança e ao Adolescente.• Atividade 4795: representa o Aten-dimento à Criança e ao Adolescente.

Entende-se que essa rubrica visa prestaratendimento a crianças e adolescentesna área de saúde. O gestor dos recursosdessa atividade é a Secretaria Estadualde Assistência e Desenvolvimento So-cial (Sead).

• Categoria Econômica 3: indica quese trata de uma despesa corrente.• Grupo de Despesa 3: representa Ou-tras Despesas Correntes.• Modalidade de Aplicação 90: indicaAplicação Direta, ou seja, essa ação es-tá sendo executada pelo próprio estadode São Paulo.• Elemento de Despesa 41: refere-se aContribuições.

Verifica-se que mais de uma fonte fi-nancia essa atividade. A fonte 2 indicaRecursos Vinculados Estaduais, a fonte 3relaciona-se com Recursos Vinculados –Fundo Especial de Despesa e a fonte 5indica Recursos Vinculados Federais. Es-sa ação, portanto, é realizada com re-cursos vinculados federais, do estado edo Fundo Especial de Despesa e refere-se à execução de despesas correntes, naforma de contribuições.

EXEMPLO 3: Orçamento do estado doCeará

Do orçamento do estado do Ceará, se-lecionou-se a seguinte dotação orça-mentária:

anexo IIi – Leitura do orçamento

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Órgão – UO: 33100004FP: 08.243.610.65030.22Natureza de Despesa: 3.3.90.37Fontes: 00 e 01

• Órgão 33 corresponde à Secretariado Trabalho e Ação Social.• Unidade Orçamentária 100004: doórgão 33, indica a Coordenadoria deAssistência Social.• Função 08: significa Assistência Social.• Subfunção 243: refere-se à Assistên-cia à Criança e ao Adolescente.• Programa 610: corresponde à Crian-ça Fora da Rua, Dentro da Escola.• Atividade 65030: representa Manu-tenção dos Educadores Sociais.• Macrorregião 22: indica que a ati-vidade está sendo executada no esta-do do Ceará.

Essa dotação orçamentária visa man-ter os educadores sociais em todo o es-tado do Ceará, na área de assistênciasocial, no intuito de manter as criançasnas escolas. O gestor dos recursos des-sa atividade é a Coordenadoria de As-sistência Social da Secretaria do Tra-balho e Ação Social.

• Categoria Econômica 3: indica quese trata de uma despesa corrente.• Grupo de Despesa 3: representaOutras Despesas Correntes.• Modalidade de Aplicação 90: indicaAplicação Direta.• Elemento de Despesa 37: refere-se àLocação de Mão-de-Obra.

Mais de uma fonte financia essa ativi-dade. A fonte 00 indica Recursos Ordi-nários do Tesouro Estadual e a fonte 01indica Cota-Parte do Fundo de Partici-pação dos Estados (FPE). Tal ativida-de de manutenção de educadores éuma despesa corrente realizada pelopróprio estado, na contratação deprestadores de serviços. O financia-mento é realizado com recursos ordi-nários do Tesouro Estadual e com co-ta-parte do Estado do Ceará do FPE.

EXEMPLO 4: Orçamento do municí-pio de São Paulo

No caso do orçamento do municípiode São Paulo, foi selecionada a seguin-te funcional-programática:

UO – Órgão – UD: 011120FP: 04.422.0119.2151Natureza de Despesa: 4.4.90.52Fontes: 00

• Unidade Orçamentária 01: corres-ponde à Prefeitura do município deSão Paulo.• Órgão 11: corresponde ao Gabinetedo Prefeito.• Unidade de Despesa 20: refere-se àSecretaria do Governo Municipal.• Função 04: significa Administração.• Subfunção 422: refere-se a DireitosIndividuais, Coletivos e Difusos.• Programa 0119: corresponde à As-sistência à Criança e ao Adolescente.• Atividade 2151: representa a Admi-nistração da Coordenadoria Especialda Juventude.

Essa dotação destina-se aos serviçosde administração da CoordenadoriaEspecial da Juventude, na área de di-reitos individuais, coletivos e difusos.Essa Coordenadoria está ligada à Se-cretaria do governo municipal, doGabinete do Prefeito, na Prefeiturado município de São Paulo. A própriasecretaria é a gestora dos recursos.

• Categoria Econômica 4: indica quese trata de uma despesa de capital.• Grupo de Despesa 4: representa In-vestimentos.• Modalidade de Aplicação 90: indicaAplicação Direta, ou seja, essa ação es-tá sendo executada pelo próprio muni-cípio de São Paulo.• Elemento de Despesa 52: refere-se àcompra de Equipamentos e MaterialPermanente.• Fonte 00: indica recursos do Tesou-ro Municipal.

A despesa prevista destina-se à comprade equipamentos e material permanen-te daquela coordenadoria, e é executa-da pelo próprio município de São Pau-lo na forma de investimento. Essa com-pra será executada com recursos do Te-souro Municipal pela Secretaria doGoverno Municipal.

EXEMPLO 5: Orçamento do municípiode Fortaleza

No caso do orçamento do municípiode Fortaleza, selecionou-se a seguintedotação orçamentária:

Órgão – UO: 17101FP: 12 361 0057 2091 0002Natureza de Despesa: 3.3.90.32Fontes: 101

• Órgão 17: corresponde à SecretariaMunicipal de Educação e AssistênciaSocial.• Unidade Orçamentária 101: do ór-gão 17, indica que o gasto é de respon-sabilidade da própria Secretaria Muni-cipal de Educação e Assistência Social.• Função 12: significa Educação.• Subfunção 361: refere-se ao EnsinoFundamental.• Programa 0057: corresponde à Es-cola de Qualidade para Todos.• Atividade 2091: representa Farda-mento Escolar.• Localização 0002: indica que a fa-vorecida será a SER-II beneficiando17.555 alunos.• Categoria Econômica 3: indica quese trata de uma despesa corrente.• Grupo de Despesa 3: representaOutras Despesas Correntes.• Modalidade de Aplicação 90: indicaAplicação Direta.• Elemento de Despesa 32: refere-se àMaterial de Distribuição Gratuita.• Fonte 101: que financia essa Ativi-dade, indica Recursos Destinados àManutenção e Desenvolvimento doEnsino.

Essa FP visa distribuir gratuitamenteuniformes escolares para os alunos doEnsino Fundamental pertencentes àzona de atuação da Secretaria ExecutivaRegional-II/SER-II, como meio de pro-porcionar escola de qualidade para to-dos. Esse gasto é executado pelo pró-prio município por meio da SecretariaMunicipal de Educação e AssistênciaSocial como uma despesa corrente fi-nanciada pelos recursos destinados àmanutenção e ao desenvolvimento doensino.

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Acompanhamento da Execução OrçamentáriaVerificação do cumprimento dos objeti-vos expressos e quantificados no orça-mento e da adequação dos meios em-pregados, realizada pelos órgãos compe-tentes da Administração Pública, talcomo o órgão de Orçamento e o deContabilidade. Deve resultar num siste-ma de informações sobre desvios even-tuais entre o programado e o executado,em relação a projeto e atividade.

Administração PúblicaConjunto de todos os órgãos públicosinstituídos legalmente para a realizaçãodos objetivos constitucionais do gover-no, seja nas esferas federal, estadual oumunicipal, através da prestação de ser-viços, execução de investimentos, im-plementação de programas sociais e re-gulação de atividades de toda naturezaem benefício do interesse público. É in-tegrado pelos servidores públicos e deveatuar segundo os princípios de legalida-de, impessoalidade, moralidade, publici-dade e razoabilidade (art. 37, CF). Dife-re do conceito de governo, pois, ao con-trário deste, não desenvolve atividadepolítica, e sim atos administrativos, vi-sando a execução instrumental da açãogovernamental. Recebe também a de-signação de Poder Executivo, quando sebusca dar significado à responsabilidadeconstitucional para execução da açãogovernamental. A Administração Pú-blica é classificada em AdministraçãoPública Direta e Indireta.

Alienação e Bens Processo administrativo de venda debens móveis e imóveis. Significa atransferência de domínio de bens pú-blicos a terceiros. Está sujeita à préviaautorização legislativa quando se tratarda alienação de bens imóveis. Nas de-mais situações, os bens devem ser alie-nados obrigatoriamente através da mo-dalidade de licitação leilão.

Anulação de Despesa Ato administrativo, promovido pelo ór-gão central de orçamento, que cancelaparcial ou totalmente o valor de um cré-dito orçamentário no nível de determi-nado elemento de despesa de um proje-

to/atividade orçamentário, para apro-veitar o saldo para suplementação deoutro crédito orçamentário, devido acrédito adicional suplementar ou espe-cial. Pode também tratar-se do cancela-mento de despesa em razão da anulaçãode empenho já realizado.

Anulação de Empenho Anulação parcial ou global do empe-nho, revertendo-se o valor para a dota-ção correspondente.

AtividadeConjunto de operações de naturezacontínua, necessárias à manutenção daação governamental e à operação dosserviços públicos existentes.

Autarquia Serviço autônomo da AdministraçãoPública, criado por lei, com personali-dade jurídica, patrimônio e receita pró-prios para executar atividades típicas,que requeiram, para seu melhor funcio-namento, gestão administrativa e finan-ceira descentralizada (art. 5º, I, Decre-to-Lei 200/67). Os orçamentos das au-tarquias obedecem às disposições da Lei4.320/64 (art. 110). Na prática, os cré-ditos orçamentários para autarquiasconstam do orçamento da esfera a quese vinculam apenas como transferênciasintragovernamentais (3211-Transferên-cias Operacionais ou 3212-SubvençõesEconômicas) e seus orçamentos pro-priamente ditos são aprovados por de-creto do Poder Executivo no início decada exercício financeiro (art. 107, Lei4.320/64), dentro dos limites dos referi-dos créditos. Estão sujeitas à licitaçãonos termos da Lei 8.666/93.

BalançoDemonstrativo contábil dos resultadosgerais do desempenho das receitas e des-pesas no período de um exercício com-pleto (um ano). Subdividem-se, deacordo com a natureza dos resultados,em Balanço Financeiro, Balanço Patri-monial e Demonstração das VariaçõesPatrimoniais. São estruturados confor-me as normas da Lei 4.320/64 (art.101). Devem ser publicados em diáriooficial e enviados à apreciação do PoderLegislativo dentro de prazos estabeleci-

dos pelas Constituições Federal, Esta-dual ou Lei Orgânica do Município.

Balanço Orçamentário Demonstrativo contábil que evidenciao resultado das receitas e despesas pre-vistas em confronto com as realizadas(art. 102, Lei 4.320/64), visando apu-rar o déficit ou superávit orçamentáriocorrente. O resultado poderá indicaralguma das situações a seguir: receitaprevista > receita arrecadada = insufi-ciência de arrecadação; receita prevista< receita arrecadada = excesso de arre-cadação; despesa prevista > despesarealizada = economia de despesas; des-pesa prevista < despesa realizada = ex-cesso de despesas, não possível legal-mente; receita prevista = despesa fixa-da = equilíbrio orçamentário (na ela-boração); receita arrecadada = despesarealizada = equilíbrio orçamentário (naexecução); receita arrecadada > despe-sa realizada = superávit; receita arreca-dada < despesa realizada = déficit.

Categoria econômicaClassificação obrigatória e padronizadada despesa segundo sua finalidadeeconômica, que se desdobra em duascategorias, com seu respectivo código:3 - Despesas Correntes (que referem-seàs despesas que não contribuem direta-mente para a formação ou aquisição deum bem de capital); e 4 - Despesas deCapital (que são despesas que con-tribuem diretamente para a formaçãoou aquisição de um bem de capital).

Ciclo Orçamentário Designação dada para a articulação dastrês leis orçamentárias previstas na le-gislação brasileira(Plano Plurianual-PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias-LDO e Lei do Orçamento Anual-LOA), que se destinam, formalmente,a promover, respectivamente, o plane-jamento, priorização e detalhamentodas ações e despesas governamentais.Em linhas gerais, o PPA, constitui oplano estratégico de ação para o hori-zonte de 4(quatro) anos. A LDO buscapriorizar o que deverá ser implementa-do anualmente a partir do PPA e apre-senta diretrizes para que a LOA deta-lhe as ações priorizadas.

anexo IV – glossÁrio

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Classificação Funcional-Programática Classificação instituída através da Por-taria nº 9, de 28.01.74, do Ministério doPlanejamento e Coordenação Geral, eatualizada por diversas outras portarias,obrigatória na elaboração de orçamen-tos da Administração Pública de todasas esferas governamentais. Agrupa osprojetos/atividades orçamentários, su-cessivamente, da mais até a menosabrangente classificação, por função,programa e subprograma, visando oagrupamento temático das ações gover-namentais, sobretudo para fins de plane-jamento e consolidação das contas na-cionais. A esta classificação correspondeuma codificação, criada também porportaria do Governo Federal, que acom-panha cada projeto/atividade orçamen-tário. Ex.: 08.42.024 (Função: Educa-ção; Programa: Ensino Fundamental;Subprograma: Informática). Consultetambém Lei 4.320/64.

Comissão de OrçamentoNome comumente conferido às comis-sões permanentes de parlamentares paraapreciação e fiscalização de matérias or-çamentárias, financeiras, patrimoniais econtábeis, no âmbito dos LegislativosEstaduais e Municipais, nos termos doart. 166 da Constituição Federal.

ConcorrênciaModalidade de licitação entre quais-quer interessados que, na fase inicial dehabilitação preliminar, comprovempossuir os requisitos mínimos de qualifi-cação exigidos no edital para a execu-ção de seu objeto (art. 22, § 1º, Lei8.666/ 93). Destina-se a contrataçõesou aquisições de maior valor, conformevalores determinados por portaria doGoverno Federal, o que a torna a moda-lidade mais complexa. A legislação pre-vê a realização prévia de audiência pú-blica para sua implementação.

ConcursoModalidade de licitação entre quais-quer interessados para escolha de traba-lho técnico, científico ou artístico, me-diante a instituição de prêmios ou re-muneração aos vencedores, conformecritérios constantes de edital publicadona imprensa oficial com antecedênciamínima de 45 dias.

ContratoTodo e qualquer ajuste entre órgãos ouentidades da Administração Pública e

particulares (pessoa física ou jurídica),em que haja um acordo de vontades pa-ra a formação de vínculo e a estipulaçãode obrigações recíprocas, seja qual for adenominação utilizada (art. 2º, parágra-fo único, Lei 8.666/ 93). No seu texto,constam o objeto dos serviços a seremrealizados pelo contratado, as obriga-ções do contratado e do contratante, oprazo de execução, o preço total dos ser-viços e as condições de pagamento. Porexigência da Lei 8.666/93, sua minutaconsta do edital do processo licitatório.É assinado pelo ordenador de despesasdo órgão público responsável pela con-tratação, secretários da Fazenda e/ouAdministração e o contratado.

Controle ExternoAtividade permanente de competênciado Poder Legislativo, exercida com oauxílio do Tribunal de Contas da Uniãoe dos estados, que visa promover a fisca-lização da execução orçamentária, veri-ficando a integridade (probidade) daAdministração, a guarda e legal empre-go dos dinheiros públicos, assim como ocumprimento da Lei de Orçamento (art.81, Lei 4.320/ 64). Dentre as competên-cias constitucionais a serem exercidaspelo controle externo (art. 71 e incisos,CF), destaca-se a apreciação da presta-ção de contas do Poder Executivo.

Controle InternoAtividade permanente de competênciade cada esfera do Poder Executivo, Ju-diciário e Legislativo, que visa promo-ver a fiscalização da execução orçamen-tária no seu próprio âmbito, levandoem conta os princípios gerais de contro-le da execução orçamentária (art. 76,Lei 4.320/64). Segundo a ConstituiçãoFederal (art. 74, CF), os três Poderesmencionados devem manter, de formaintegrada, um sistema de controle in-terno para comprovar a legalidade eavaliar o cumprimento de metas do pla-no plurianual, dos orçamentos, dos pro-gramas de governo, a eficácia e eficiên-cia da gestão orçamentária, financeira epatrimonial e da aplicação de recursospúblicos por entidades privadas, bemcomo controlar as operações de crédito.

ConviteModalidade de licitação entre interes-sados do ramo pertinente ao seu objeto,cadastrados ou não, escolhidos e convi-dados em número mínimo de 3 (três)pela unidade administrativa, a qual afi-

xará, em local apropriado, cópia do ins-trumento convocatório e o estenderáaos demais cadastrados na correspon-dente especialidade que manifestaremseu interesse com antecedência de até24 (vinte e quatro) horas da apresenta-ção das propostas (art. 22, § 3º, Lei8.666/93). Destina-se a contratações ouaquisições de menor valor, conformevalores determinados por portaria doGoverno Federal, o que o torna a mo-dalidade mais freqüente.

Cota OrçamentáriaParcela dos créditos orçamentários to-tais constantes do orçamento para ca-da projeto/atividade orçamentário,que cada unidade orçamentária ficaautorizada a utilizar em cada trimestre(cota trimestral), definida, normal-mente, pela secretaria da Fazenda oudo Planejamento (art. 47 a 50 da Lei4.320/64). As cotas poderão ser alte-radas durante o exercício e devem as-segurar aos órgãos a soma de recursosnecessários e suficientes à realizaçãode seu programa de trabalho e mantero equilíbrio entre receita arrecadada edespesa realizada.

Crédito Orçamentário Valor monetário constante no orça-mento para cada elemento de despesaque compõe os projetos/atividades orça-mentários, e vinculado a uma determi-nada fonte de receita. Constitui o valorlimite autorizado para aquela finalidadede gasto. Consulte também DotaçãoOrçamentária, Rubrica e Verba.

DeflaçãoTermo econômico utilizado para se referirà exclusão da parcela acumulada em umdeterminado período de tempo de umvalor monetário, em razão do crescimen-to dos preços (inflação), visando permitira comparação real de valores apuradosem datas distintas. Para deflacionar, énecessário ter à disposição de um índiceoficial de variação de preços(por exemp-lo, IPCA - Índice de Preços ao Consum-idor Amplo). O termo é também utiliza-do em política econômica para se referirà queda do índice de preços.

Descentralização Situação político-administrativa emque determinada instituição, dentro deum sistema, detém autonomia políticapara definir suas próprias normas e es-trutura, assim como arrecadar recursos

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para seu funcionamento, ou possui au-tonomia administrativa, ou seja, dele-gada pela instância central do sistema,para desempenhar determinadas fun-ções (desconcentração).

Despesa CorrenteClassificação, segundo sua categoriaeconômica, de despesas realizadas pelaAdministração Pública destinadas apromover a execução e manutenção daação governamental. Desdobra-se emDespesas de Custeio e TransferênciasCorrentes (Despesa). De acordo com acodificação constante em anexo à Lei4.320/64, as despesas correntes devemser classificadas iniciando-se com o dí-gito "3". Ex.: 3.1.0.0 = Despesa de Cus-teio. Tais despesas não contribuem di-retamente para aumentar a capacidadeprodutiva da economia.

Despesa de Capital Classificação, segundo sua categoriaeconômica, de despesas realizadas pelaAdministração Pública destinadas aformar um bem de capital ou adicionarvalor a um bem já existente, assim co-mo transferir, por compra ou outromeio de aquisição, a propriedade entreentidades do setor público ou do setorprivado para o primeiro. São classifica-das em Investimentos, Inversões Fi-nanceiras e Transferências de Capital.De acordo com a codificação constan-te em anexo à Lei 4.320/64, as despesasde capital devem ser classificadas ini-ciando-se com o dígito "4". Ex.: 4.1.0.0= Investimentos.

Despesa de CusteioClassificação de despesas correntesdestinadas à manutenção e operaçãode serviços anteriormente criados einstalados, inclusive os que dizem res-peito a obras de conservação, manu-tenção e adaptação de bens móveis eimóveis (art. 12, § 2º, Lei 4.320/64).Consulte também Despesa Corrente.

Despesas de Exercícios AnterioresDespesas de exercícios encerrados, rea-lizadas e devidamente comprovadas,para as quais existia dotação orçamen-tária específica, com saldo suficientepara seu atendimento, não processadaspor motivos imprevistos ou cujo com-promisso se reconheceu.

Despesas de Exercício Financeiro São as legalmente empenhadas no

exercício corrente, não importando aocorrência ou não do pagamento, oua saída efetiva do recurso.

Despesa Pública Todo desembolso efetuado pela Admi-nistração Pública, nos termos da legisla-ção financeira, licitatória e orçamentá-ria, subordinado à classificação e aos li-mites dos créditos orçamentários, comvistas a realizar suas competências cons-titucionais. Em sua acepção financeira,é o gasto (aplicação de recursos pecu-niários, ou seja, dinheiro) para a imple-mentação das ações governamentais.

Diretriz Orientação quanto ao sentido da açãogovernamental. Consulte também Me-ta, Prioridade e Objetivo.

Dispensa de Licitação Hipótese definida em lei em que a Ad-ministração Pública recebe autoriza-ção para não realizar licitação, devidoà prevalência de uma situação especí-fica, tal qual determinado valor limitedo objeto a ser licitado ou guerra, cala-midade pública, casos de emergência,comprometimento da segurança na-cional, aquisição de bens produzidosou serviços prestados por órgão ou en-tidade da Administração Pública, den-tre outras (art. 24, Lei 8.666/93).

Dívida Pública Conjunto dos débitos da AdministraçãoPública para com terceiros, decorrentede empréstimos que podem ser de curtoou longo prazo, com o objetivo de aten-der às necessidades dos serviços públicos,em virtude de déficits orçamentários oupara a viabilização de investimentos ouprogramas sociais. Classifica-se em Dívi-da Flutuante e Dívida Fundada.

Dotação Orçamentária Valores monetários autorizados na Leido Orçamento Anual para atender des-pesas com projetos ou atividades. Con-sulte também Crédito Orçamentário,Rubrica e Verba.

Elemento de DespesaClassificação da despesa na Lei doOrçamento Anual, a qual correspon-de determinado valor de crédito orça-mentário, que define a natureza dogasto (pessoal, material, serviços,obras e outros), legalmente autoriza-do, a ser feito em determinado proje-

to/atividade orçamentário (art. 15,Lei 4.320/ 64). Os elementos de des-pesa são definidos e codificados porPortaria da Secretaria do OrçamentoFederal - SOF, recebendo o códigoinicial "3" e "4", quando constituem,respectivamente, Despesa Corrente eDespesa de Capital. Os mais freqüen-tes são: 3111-Pessoal Civil, 3113-Obrigações Patronais, 3120-Materialde Consumo, 3131-Remuneração deServiços Pessoais, 3132-Outros Servi-ços e Encargos, 4110-Obras e Instala-ções, 4120- Equipamento e MaterialPermanente.

EmpenhoAto administrativo do ordenador dedespesa que cria para a AdministraçãoPública a obrigação de pagamento adeterminado fornecedor de bens, pres-tador de serviços ou empreiteira, deacordo com as condições contratuaisestabelecidas (art. 58, Lei 4.320/64).Através do empenho, o ordenador dedespesa compromete parte do valor dedeterminado crédito orçamentáriovinculado a um elemento de despesade um projeto/atividade orçamentário,reduzindo-lhe, portanto, o valor dispo-nível e, deste modo, evitando a sobre-posição de outra despesa com o valorjá comprometido. O empenho não po-derá exceder o limite dos créditos con-cedidos (art. 59, Lei 4.320/64). É le-galmente obrigatório e deve ser prévioà realização da despesa (art. 60, Lei4.320/64). Na prática, ele é emitidoapós o conhecimento do vencedor doprocesso licitatório (quando ele ocor-re), visto que é nominal. Para cadaempenho, deve ser emitida uma notade empenho.

Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990,que dispõe sobre a proteção integral àcriança. Prevê que a política de aten-dimento se fará através de um con-junto articulado de ações governa-mentais e não governamentais, des-tacando, como linhas de ação, dentreoutras, políticas sociais básicas, polí-ticas e programas de assistência so-cial e serviços especiais de prevençãoe atendimento médico e psicossocialàs vítimas de negligência, maus-tra-tos, exploração, abuso, crueldade eopressão (art. 86 e 87). Enquanto di-retrizes desta política, aponta a mu-nicipalização do atendimento, cria-

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ção de fundos vinculados respectiva-mente a seus conselhos dos direitosda criança e do adolescente, munici-pais, estaduais e nacional, criação emanutenção de programas específi-cos, observada a descentralização po-lítico-administrativa, dentre outrasdiretrizes (art. 88).

Execução Orçamentária Fase do processo orçamentário que seinicia com a publicação da Lei do Or-çamento Anual e que se desenrolacom a definição de cota trimestral eprovisão de crédito orçamentário, pa-ra que se implemente a realização dedespesas. Envolve o conjunto de de-cisões sobre a implementação deações governamentais e também aadministração de receitas através dolançamento de seus registros (TítuloVI, Lei 4.320/64).

Exercício FinanceiroPeríodo que coincide com o ano civil(art. 34, Lei 4.320/64), no qual se de-senvolve a execução orçamentária.

FinanciamentoConsidera-se financiamento ou em-préstimo a emissão ou aceite de títulosda dívida pública, a celebração de con-tratos que fixem valores mutuados oufinanciados, ou prazos ou valores dedesembolso ou amortização, os adian-tamentos, a qualquer título, feitos porinstituições oficiais de crédito, os adi-tamentos contratuais que elevem valo-res ou modifiquem prazos, a assunçãode obrigações decorrentes da celebra-ção de convênios para a aquisição debens ou serviços no País ou no exterior(art. 1º, § 1º, Res. 78/98).

Fonte Classificação da origem da receita aqual cada crédito orçamentário porelemento de despesa corresponde, de-finida e codificada a critério de cadaesfera governamental, no próprio pro-jeto de Lei do Orçamento Anual, nor-malmente segundo grandes agrupa-mentos. Ex.: 0 = Recursos do Tesouro,1 = Transferências Federais, 2 = Trans-ferências Estaduais; 3 = Recursos Vin-culados; 4 = Financiamento Externo.

FunçãoClassificação funcional-programáticade projetos/atividades orçamentáriosde maior abrangência, que designam

finalidades globais da ação governa-mental. Ex.: 04 – Administração; 05 -Defesa Nacional; 06 - Segurança Pú-blica; 07 - Relações Exteriores; 08 -Assistência Social; 09 - PrevidênciaSocial. Consulte também Classifica-ção Funcional-Programática.

FundoEntidade, criada através de lei específi-ca, que agrega um conjunto de receitasespecificadas e vinculadas à realizaçãode determinados objetivos ou serviços,sujeitas a normas próprias de aplicaçãoe prestação de contas (art. 71, Lei4.320/64). Conforme dispuser a lei, osfundos podem constituir-se apenas emuma atividade orçamentária (fundo es-pecial) ou em uma autarquia propria-mente dita. Em ambas as situações, oscréditos orçamentários para fundosconstam do orçamento da esfera a quese vinculam apenas como transferên-cias intragovernamentais (3214-Con-tribuições a Fundos) e seus orçamentossão aprovados por decreto do PoderExecutivo no início de cada exercíciofinanceiro.

Fundo de Assistência Social (FAS)Fundo previsto pela Lei Orgânica daAssistência Social, a ser instituído,através de lei específica, nos municí-pios, estados e Distrito Federal, comocondição para recebimento de recur-sos de que trata essa lei (art. 30). Estásujeito à orientação e controle dos res-pectivos Conselhos de Assistência So-cial. Deve possuir um plano de aplica-ção, em conformidade com o Plano deAssistência Social. Funciona nos ter-mos da Lei 4.320/64 (art. 71).

Fundo de Manutenção e Desenvolvi-mento do Ensino Fundamental e deValorização do Magistério (Fundef)Fundo de natureza contábil, criadopela Emenda Constitucional nº 14,de 12.09.96 (art. 5º que altera o art.60 dos Atos das Disposições Consti-tucionais Transitórias), no âmbito decada estado e do Distrito Federal,composto por 15% de impostos etransferências, ICMS, Fundo de Par-ticipação dos Estados - FPE, Fundode Participação dos Municípios -FPM e do IPIExportação, cuja distri-buição de recursos entre cada estadoe seus municípios é proporcional aonúmero de alunos nas respectivas re-des de ensino fundamental, devendo

ser aplicado um valor anual míni-mo/aluno. Cabe à União comple-mentar esse valor sempre que não seatingir o mínimo definido nacional-mente. Dos recursos do Fundo, 60%devem ser obrigatoriamente destina-dos ao pagamento de professores doensino fundamental em efetivo exer-cício do magistério.

Fundo de Participação dos Estados Transferência constitucional (art. 159,I, CF) do produto da arrecadação daUnião para os estados e Distrito Fede-ral, na proporção de 21,5% da arrecada-ção dos impostos de renda (IR) e sobreprodutos industrializados (IPI). Deacordo com o artigo 2º da Lei Comple-mentar nº 62, de 28.12.89, 85% dos re-cursos do FPE são distribuídos para asUnidades da Federação das regiões Nor-te, Nordeste e Centro-Oeste e os 15%restantes para as regiões Sul e Sudeste.

Fundo de Participação dos MunicípiosTransferência constitucional (art. 159,II, CF) do produto da arrecadação daUnião para os municípios brasileiros,na proporção de 22,5% da arrecadaçãodos impostos de renda (IR) e sobreprodutos industrializados (IPI). Foi de-finida pela Lei Complementar nº 62,de 28.12.89, alterada pela Lei Comple-mentar nº 71, de 03.09.92.

Fundo de SaúdeFundo a ser instituído através de lei,no âmbito de cada estado e município,como exigência legal para recebimen-to e movimentação de recursos do Sis-tema Único de Saúde - SUS. É admi-nistrado por um Conselho de Saúdecomposto por representação do PoderPúblico, usuários, trabalhadores dasaúde e prestadores de serviço.

Fundo dos Direitos da Criança e doAdolescenteFundo previsto no Estatuto da Crian-ça e do Adolescente - ECA (Lei Fe-deral nº 8.069, de 13.07.90), que vi-sa garantir, nas esferas municipal, es-tadual e federal, a viabilização da po-lítica de atendimento à criança e aoadolescente. O Fundo deve ser criadoatravés de projeto de lei de iniciativado Poder Executivo, e será gerencia-do, nos termos da lei, pelo Conselhodos Direitos da Criança e do Adoles-cente, também a ser criado por lei.

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Podem ser fontes de recursos do Fun-do dotações orçamentárias do Execu-tivo, doações de pessoas físicas ou ju-rídicas nos termos da legislação vi-gente, as multas relativas a condena-ções em ações cíveis e à aplicação depenalidades previstas no ECA, trans-ferências das demais esferas governa-mentais, convênios com entidadesnacionais e internacionais e receitasfinanceiras. Anualmente, os gastosprevistos do Fundo devem constar doorçamento, de acordo com Plano deAplicação aprovado pelo Conselho.Está sujeito a prestação de contas nostermos da legislação.

Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS)Fundo a ser instituído no âmbito domunicípio, como exigência legal pararecebimento e movimentação de re-cursos do Fundo Nacional de Assistên-cia Social ao Governo Federal É admi-nistrado por um Conselho Municipalde Assistência Social e tem a destina-ção de seus recursos previamente apro-vada em um Plano de Aplicação.

Fundo Nacional de Assistência Social(FNAS)Fundo vinculado ao Governo Federal,instituído pela Lei Orgânica da Assis-tência Social a partir da transformaçãodo Fundo Nacional de Ação Comuni-tária - FUNAC. É gerido pelo órgãoresponsável pela coordenação da Políti-ca Nacional de Assistência Social, soba orientação do Conselho Nacional deAssistência Social - CNAS, e detém osrecursos de responsabilidade da Uniãodestinados à assistência social.

Grupo de despesaClassificação obrigatória e padronizadaque agrega elementos de despesa queapresentam as mesmas característicasquanto ao objeto de gasto. Os seis Gru-pos de Despesa, com o seu respectivocódigo, são os seguintes: 1 - Pessoal eEncargos Sociais; 2 - Juros e Encargos daDívida; 3 - Outras Despesas Correntes;4 – Investimentos; 5 - Inversões Finan-ceiras; 6 - Amortização da Dívida.

ImpostoTributo cuja obrigação de pagamentotem por fato gerador uma situação in-dependente de qualquer atividade es-tatal específica, conforme dispõe o ar-tigo 16 da Lei 5.172/66.

Imposto sobre Operações Relativas àCirculação de Mercadorias e sobrePrestações de Serviços de TransporteInterestadual e Intermunicipal e deComunicação (ICMS)Imposto de competência estadual e doDistrito Federal que tem como fato ge-rador a saída ou entrada em estabeleci-mento industrial ou comercial de mer-cadorias ou serviços. Compete ao Se-nado Federal, através de resolução deiniciativa do Presidente da Repúblicaou de um terço dos senadores, estabele-cer as alíquotas aplicáveis às operaçõese prestações interestaduais e de expor-tação, bem como, caso tenha interesse,alíquotas mínimas nas operações inter-nas ou máximas para resolver conflitoespecífico que envolva interesse de es-tados (art. 155, I, b, § 2º, CF). O im-posto é não-cumulativo e pode ser se-letivo, em função da essencialidade dasmercadorias e dos serviços. Vinte ecinco por cento da arrecadação perten-ce aos municípios. Desse total, 75% édistribuído segundo o valor adicionadofiscal em cada município e o restante(25%), conforme lei estadual.

Imposto sobre Propriedade Territoriale Urbana (IPTU) Imposto de competência municipalque tem como fato gerador a proprie-dade, o domínio útil ou a posse de bemimóvel localizado na zona urbana domunicípio. A base de cálculo é o valorvenal do imóvel, aprovado por meio deplanta de valores imobiliários, atravésde lei municipal, assim como a alíquo-ta. O contribuinte é o proprietário doimóvel, o titular do seu domínio útil ouseu possuidor a qualquer título (art. 32a 34, Lei 5.172/66).

Imposto sobre Serviços de QualquerNatureza (ISSQN) Imposto de competência municipalque tem como fato gerador a prestaçãode serviços que não integram a base decálculo, principalmente do ICMS.

Inexigibilidade de LicitaçãoHipótese definida em lei em que a Ad-ministração Pública não precisa realizarlicitação, sobretudo devido à impossibi-lidade de competição, como no caso daaquisição de materiais, equipamentosou gêneros que só possam ser fornecidospor produtor, empresa ou representantecomercial exclusivo, da contratação deserviços técnicos de natureza singular,

com profissionais ou empresas de notó-ria especialização, ou de profissionais dequalquer setor artístico, consagradospela crítica especializada ou pela opi-nião pública (art. 25, Lei 8.666/93).

Investimento Classificação de Despesa de Capitalque compreende os gastos para plane-jamento e execução de obras, inclusiveos destinados à aquisição de imóveisconsiderados necessários à realizaçãodessas últimas, assim como para os pro-gramas especiais de trabalho, aquisiçãode instalações, equipamentos e mate-rial permanente e constituição ou au-mento do capital de empresas que nãosejam de caráter comercial ou financei-ro (art. 12, § 4º, Lei 4.320/64).

Item de DespesaClassificação facultativa de gastos porelemento de despesa, realizada confor-me a conveniência de cada esfera go-vernamental, com o objetivo de alcan-çar controle mais detalhado dos gastos.Ex.: dentro de 3120-Material de Con-sumo: 01 = material de Escritório, 02 =Material Didático; 03 = Material deLimpeza; 04 = Material de Informática.

Lei 4.320/64Lei promulgada em 17 de março de1964, que estabelece normas gerais deDireito Financeiro para elaboração econtrole dos orçamentos e balanços daUnião, dos estados, dos municípios edo Distrito Federal. Define os princi-pais conceitos e classificação das recei-tas e despesas, assim como o conteúdoe forma da proposta orçamentária, osprincípios para a execução e controledo orçamento, créditos adicionais econtabilidade.

Lei 8.069/90Veja Estatuto da Criança e do Adoles-cente.

Lei 8.666/93Lei de 21 de junho de 1993, que estabe-lece normas gerais sobre licitações econtratos administrativos pertinentes aobras, serviços, inclusive publicidade,compras, alienações e locações no âm-bito da União, estados, municípios eDistrito Federal. Seu artigo 22 estabele-ce as seguintes modalidades de licita-ção, determinadas tendo em vista o va-lor estimado seja para a contratação deobras e serviços de engenharia, seja pa-

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ra compras e contratação de outros ser-viços: concorrência, tomada de preços,convite, concurso e leilão. Além disso,dispõe, em detalhes, exigências decomprovação de regularidade no paga-mento de tributos (art. 29), bem comode qualificação técnica (art. 30) e pro-cedimentos administrativos a serem se-guidos obrigatoriamente para a escolhada proposta mais vantajosa para a Ad-ministração (art. 38 a 53).

Lei 8.742/93 Veja Lei Orgânica da Assistência Social.

Lei de Diretrizes Orçamentárias Lei prevista pelo artigo 165, II, § 2º, daCF, chamada abreviadamente de LDO,que deve ser elaborada e enviada ao Le-gislativo pelos respectivos governosexecutivos de cada esfera governamen-tal, até 15 de abril de cada ano (art. 35,§ 2º, II, ADCT) ou conforme determi-nar cada Constituição Estadual ou LeiOrgânica Municipal, estabelecendo,para o período de 1 (um) ano, as metase prioridades da administração pública,as orientações para elaboração da lei or-çamentária anual, as alterações na le-gislação tributária, a concessão de van-tagem ou aumento de remuneração, acriação de cargos, a admissão de pes-soal, a alteração de carreiras e a políticade aplicação das agências financeirasoficiais de fomento.

Lei do Orçamento Anual Lei prevista pelo artigo 165 da CF, III,chamada abreviadamente de LOA,que deve ser elaborada e enviada aoLegislativo pelos respectivos governosexecutivos de cada esfera governa-mental até 31 de agosto de cada ano(art. 35, § 2º, III, ADCT) ou confor-me determinar cada Constituição Es-tadual ou Lei Orgânica Municipal, es-tabelecendo, para o período de 1 (um)ano, a discriminação da receita e des-pesa, de forma a evidenciar a políticaeconômico-financeira e o programa detrabalho do governo.

Lei Orgânica da Assistência SocialLei nº 8.742, de 7 de dezembro de1993, que dispõe sobre a organizaçãoda Assistência Social, compreendidacomo Política de Seguridade Socialnão contributiva. Essa política provêos mínimos sociais e é realizada atra-vés de um conjunto integrado de açõesde iniciativa pública e da sociedade

para garantir o atendimento às neces-sidades básicas (art. 1º). Para os muni-cípios, estabelece como competênciadestinar recursos financeiros e execu-tar o pagamento para custeio dos auxí-lios natalidade e funeral, executar osprojetos de enfrentamento da pobreza,atender às ações assistenciais de cará-ter de emergência (art. 15) e prestar osserviços assistenciais que visem à me-lhoria de vida da população, dandoprioridade à infância e adolescênciaem situação de risco pessoal e social(art. 23). Para financiamento, cria oFundo Nacional de Assistência Social- FNAS (art. 28) e dispõe, como con-dição para repasses aos municípios, es-tados e Distrito Federal dos recursos deque trata, a efetiva instituição e fun-cionamento do Conselho de Assistên-cia Social, de composição paritária en-tre governo e sociedade civil, do Fun-do de Assistência Social, com orienta-ção e controle dos respectivos Conse-lhos de Assistência Social e o Plano deAssistência Social (art. 30).

LeilãoModalidade de licitação entre quais-quer interessados para a venda de bensmóveis que não servem mais para aAdministração Pública ou de produtoslegalmente apreendidos ou penhora-dos, ou para a alienação de bens imó-veis, a quem oferecer o maior lance,igual ou superior ao da avaliação (art.22 § 5º, Lei 8.666/93).

Licitação Conjunto de procedimentos adminis-trativos exigidos constitucionalmen-te (art. 37, XXI, CF), através do quala Administração Pública seleciona econtrata o empreiteiro ou fornecedorque ofereça proposta mais vantajosapara aquisição de bens ou serviços. Avantagem pode ser baseada somentena oferta do menor preço (o que émais comum), da melhor técnica ouda combinação de oferta do menorpreço com a melhor técnica. A licita-ção se desenvolve com a abertura deprocesso administrativo, publicaçãodo edital, habilitação das interessa-das, julgamento da proposta técnica(quando houver), julgamento da pro-posta comercial, homologação e adju-dicação do vencedor. São modalida-des de licitação, conforme o valor dacompra ou contratação dos serviços:convite, tomada de preços, leilão,

concorrência e concurso. Pode tam-bém ocorrer dispensa ou inexigibili-dade de licitação. O processo licitató-rio visa promover a escolha da pro-posta mais vantajosa a partir dos se-guintes princípios: legalidade, plenapublicidade dos atos públicos, promo-ção de condições máximas de igual-dade de competição entre os interes-sados (isonomia), julgamento objeti-vo das propostas (impessoalidade) eatribuição obrigatória (adjudicação)do objeto licitado ao vencedor (art.3º, Lei 8.666/93). No Brasil, a licita-ção é regulamentada pela Lei8.666/93, modificada pela Lei8.883/97, e Lei 9.648/98.

Liquidação da Despesa Estágio da despesa pública, que se segueao empenho e ao processo licitatório,referente à verificação do direito adqui-rido pelo credor ou da habilitação daentidade beneficiada (no caso de con-vênio), tendo por base os títulos ou do-cumentos comprobatórios do respecti-vo crédito (art. 63, Lei 4.320/64), vi-sando, na seqüência, ao pagamento dadespesa do fornecedor, empreiteiro ouconveniado. É a etapa contábil na qualsão verificados todos os documentosque comprovem a correção da despesa.

Meta FísicaEspecificação e quantificação física deobjetivos ou, ainda, indicador físico dodesempenho de um projeto/atividadeorçamentário. Consulte também Dire-triz e Objetivo.

Modalidade de aplicaçãoClassificação não obrigatória, formu-lada por cada ente governamental,porém freqüentemente usada para in-dicar se os recursos são aplicados dire-tamente por órgãos ou entidades noâmbito da mesma esfera de Governoou por outro ente da Federação e suasrespectivas entidades. Objetiva possi-bilitar a eliminação da dupla con-tagem dos recursos transferidos ou de-scentralizados. Ex. no Governo Fed-eral: 10 - Transferências Intragover-namentais; 20 - Transferências àUnião; 30 - Transferências a Estadose ao Distrito Federal; 40 - Transferên-cias a Municípios.

Natureza de despesaExpressão utilizada para designar todaa classificação das despesas de acordo

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com suas diversas facetas econômicas(categoria de despesa, grupo de despe-sa, fonte de recursos, modalidade deaplicação e elemento de despesa).

Nota de Empenho Documento que se presta ao registrodas despesas realizadas pela Adminis-tração Pública, indicando o nome docredor, a especificação e a importânciada despesa, bem como a dedução destado saldo da dotação própria (art. 61,Lei 4.320/64), emitido em consonân-cia com o ato do empenho, em ordemseqüencial cronológica.

Nota de Pagamento de DespesaDocumento emitido pelo ordenador dedespesa que formaliza a ordem de paga-mento de determinada despesa (art.64, Lei 4.320/64).

ObjetivoResultado final que se pretende alcançarcom a realização das ações governamen-tais. Consulte também Diretriz e Meta.

Operações de CréditoRecursos decorrentes de compromissosassumidos com credores situados noPaís (operações internas) ou no exte-rior (operações externas), envolvendotoda e qualquer obrigação decorrentede financiamentos ou empréstimos, in-clusive arrendamento mercantil, aconcessão de qualquer garantia, a emis-são de debêntures ou a assunção deobrigações, com as características defi-nidas em lei, por entidades controladaspelos estados, pelo Distrito Federal epelos municípios que não exerçam ati-vidade produtiva ou não possuam fon-te própria de receitas, com o objetivode financiar seus empreendimentos.

OrçamentoDocumento do Poder Executivo, apro-vado pelo Poder Legislativo, que estimareceitas e despesas para o período de umano para todos os seus órgãos, discrimi-nando o programa de trabalho autoriza-do a ser realizado, elaborado segundo osprincípios da unidade, universalidade eanualidade. Do ponto de vista político,corresponde ao contrato formuladoanualmente entre governo, administra-ção e sociedade sobre as ações a seremimplementadas pelo Poder Público.

Orçamento da Seguridade SocialOrçamento dos órgãos, entidades e

fundos instituídos e mantidos pelo Po-der Público, vinculados à seguridadesocial. Deve integrar a Lei do Orça-mento Anual (art. 165, § 5º, III, CF).Inclui as despesas previstas no art. 202da Constituição Federal (previdênciasocial, assistência social e saúde).

Orçamento de Investimento Orçamento de investimento das em-presas em que o Poder Público, diretaou indiretamente, detém a maioria docapital social com direito a voto. Inte-gra a Lei do Orçamento Anual (art.165, § 5º, II, CF). Inclui as despesascom investimento (obras e instalações,aquisição de veículos, material perma-nente, imóveis e participações societá-rias etc) das empresas estatais.

Orçamento Fiscal Orçamento dos fundos, fundações, ór-gãos e entidades da Administração Di-reta e Indireta. Integra a Lei do Orça-mento Anual (art. 165, § 5º, I, CF).Inclui as despesas destinadas à imple-mentação dos serviços públicos e à ma-nutenção da burocracia pública.

Outras Receitas Correntes Classificação das receitas públicas cor-rentes que congrega os recursos prove-nientes de multas, juros de mora, inde-nizações e restituições, cobrança da dí-vida ativa e outras que não se identifi-quem com as demais especificações dereceitas correntes.

Outras Receitas de Capital Classificação das receitas públicas de ca-pital que congrega os recursos prove-nientes da integralização do capital so-cial de empresas públicas e saldos deexercícios anteriores relativos a convê-nios, operações de crédito e outros.

Pagamento da Despesa Estágio da despesa pública em que aAdministração Pública paga, conformetermos contratuais previamente esta-belecidos, ao fornecedor, prestador deserviço ou empreiteiro, pelo bem en-tregue, serviço ou investimento reali-zados após a verificação do cumpri-mento das obrigações, através da liqui-dação da despesa. O pagamento podeser efetuado pela tesouraria, por estabe-lecimentos bancários credenciados(art. 163, § 3º, CF) e, em casos excep-cionais, por meio de adiantamento(art. 65, Lei 4.320/64).

Plano DiretorLei prevista pelo artigo 182, § 1º, daCF, sem prazo definido para seu envioao Legislativo ou duração de sua vigên-cia. É obrigatória para cidades commais de vinte mil habitantes e deve fi-xar diretrizes gerais para o desenvolvi-mento urbano do município, assim co-mo o uso e ocupação de seu solo.

Plano PlurianualLei prevista pelo artigo 165 da CF, I, §1º, que deve ser elaborada e enviadapelos respectivos governos Executivosde cada esfera governamental até 31de agosto do primeiro ano do mandato(art. 35, § 2º, I, ADCT) ou conformeestabelecer cada Constituição Esta-dual ou Lei Orgânica Municipal, pre-vendo obrigatoriamente investimen-tos que ultrapassem um ano (art. 167,§ 1º,CF) e estabelecendo, para o pe-ríodo de 4 (quatro) anos, de forma re-gionalizada, as diretrizes, objetivos emetas da administração pública para asdespesas de capital e outras delas de-correntes, bem como para as relativasaos programas de duração continuada.

Pessoal e Encargos SociaisUma das classificações das despesaspor Grupo de Despesas que se destinaa agregar todos os gastos com o paga-mento de despesas de natureza remu-neratória decorrentes do efetivo exer-cício de cargo, emprego ou função deconfiança no setor público, do paga-mento dos proventos de aposentado-rias, reformas e pensões, das obri-gações trabalhistas de responsabili-dade do empregador, incidentes sobrea folha de salários, contribuição a en-tidades fechadas de previdência, out-ros benefícios assistenciais classi-ficáveis neste grupo de despesa, bemcomo soldo, gratificações, adicionais eoutros direitos remuneratórios, perti-nentes a este grupo de despesa, previs-tos na estrutura remuneratória dosmilitares, e ainda, despesas com oressarcimento de pessoal requisitado,despesas com a contratação tem-porária para atender a necessidade deexcepcional interesse público e despe-sas com contratos de terceirização demão-de-obra que se refiram à substitu-ição de servidores e empregados públi-cos, em atendimento ao disposto noart. 18, § 1o , da Lei Complementarno 101, de 2000.(Manual Técnico-Orçamentário 2006).

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Poder Executivo Um dos Poderes da União, indepen-dentes e harmônicos entre si. NaUnião, o Poder Executivo é exercidopelo Presidente da República, auxilia-do pelos Ministros de Estado. Nos Es-tados e no Distrito Federal é exercidopelos Governadores e seus Secretários.Nos Municípios o Poder Executivo éexercido pelos Prefeitos e os Secretá-rios Municipais.

Poder Legislativo Um dos Poderes da União, indepen-dentes e harmônicos entre si. O PoderLegislativo é exercido pelo CongressoNacional, que se compõe da Câmarados Deputados e do Senado Federal.Nos Estados o Poder Legislativo éexercido pelas Assembléias Legislati-vas. Nos Municípios, é exercido pelaCâmaras de Vereadores e no DistritoFederal pela Câmara Legislativa.

PregãoModalidade de licitação em que as em-presas interessadas, após apresentarempropostas comerciais, são classificadasde acordo com a ordem crescente dospreços oferecidos até aquela que tiveroferecido preço, no máximo, 10% su-perior ao menor preço ofertado, pas-sando a fazer lances de preços aindamenores, até se chegar ao vencedor.As exigências de qualificação são veri-ficadas depois de concluída a escolhado menor preço, podendo ser desclassi-ficada a empresa vencedora por irregu-laridade na documentação exigida edeclarada vencedora a segunda coloca-da. Essa modalidade pode ser imple-mentada através da rede mundial decomputadores(internet), chamando-sepregão eletrônico.

PrioridadeAção apontada como mais importantesegundo critérios comparativos objeti-vos (valor, prazo, população beneficia-da, antigüidade do problema etc.) ousubjetivos (avaliação política, capaci-dade de mobilização comunitáriaetc.). Segundo a Constituição Federal(art. 165, § 2º), cabe à Lei de Diretri-zes Orçamentárias explicitar as priori-dades da Administração Pública, em-bora não haja conceituação legal so-bre como definí-la .

PriorizaçãoProcesso de definição de prioridades.

Programa Classificação funcional-programáticade projetos/atividades orçamentáriosde abrangência intermediária, abaixode função, que designam os objetivosgerais da ação governamental. Ex.: 07-Administração; 09-Planejamento Go-vernamental; 30-Segurança Pública;42-Ensino Fundamental; 43-EnsinoMédio. Consulte também Classifica-ção Funcional-Programática.

Programa de Duração ContinuadaAções permanentes da Administra-ção Pública, que não se referem à ma-nutenção de suas atividades, comoprogramas sociais ou prestação de ser-viços públicos, a serem incluídas noPlano Plurianual.

Programa de TrabalhoExpressão utilizada para caracterizar ofato de que o orçamento contém oconjunto de ações a ser implementadopela Administração Pública. Encon-tra-se materializado nos títulos dosprojetos/atividades orçamentários edeve ser apresentado conforme a clas-sificação funcional-programática.

Programação da Despesa Atividade administrativa desenvolvi-da trimestralmente por cada órgão daAdministração Pública para a solicita-ção de sua Cota Orçamentária.

ProjetoConjunto de operações limitadas notempo, que concorre para a expansãoou aperfeiçoamento governamental.Tem objetivos que podem ser avaliadosfísica e financeiramente.

Projeto de Lei do OrçamentoProjeto de lei, de iniciativa privativado Poder Executivo, elaborado segun-do as orientações da Lei de DiretrizesOrçamentárias, que integra a propostaorçamentária. Deve conter os orça-mentos fiscal, da seguridade social ede investimentos, bem como a previ-são da receita e a fixação da despesa,de acordo com suas respectivas fontese destinações. Pode conter autorizaçãopara a abertura de crédito adicionalsuplementar e para efetuarem-se ope-rações de crédito, inclusive os emprés-timos por antecipação de receita orça-mentária (art. 7º, Lei 4.320/64). Con-sulte também Lei do OrçamentoAnual e Proposta Orçamentária.

Proposta OrçamentáriaCompatibilização e consolidação dosprogramas de trabalho contidos naspropostas parciais apresentadas por ca-da órgão da Administração Pública,formando um documento de unidadetécnica e expressão monetária que se-rá encaminhado à apreciação do Le-gislativo. Compõe-se da mensagem,projeto de Lei do Orçamento Anual,tabelas explicativas contendo receitae despesa arrecadadas nos exercíciosanteriores e previstas para o seguinte ea especificação dos programas de tra-balho, custeados por dotações globais(art. 22, Lei 4.320/64). Se não for en-viada ao Legislativo no prazo fixadonas Constituições ou Leis Orgânicasdos Municípios, este considerará co-mo proposta a Lei do OrçamentoAnual vigente (art. 32, Lei 4.320/ 64).Consulte também Lei do OrçamentoAnual e Projeto de Lei do Orçamento.

Proteção integralExpressão que visa designar a pleni-tude do exercício de direitos pelascrianças e adolescentes em razão dasua condição peculiar que lhes im-pede de garantir sua aplicação.

Provisão de Crédito Orçamentário Ato administrativo do órgão centralresponsável pela gerência do orça-mento, confirmando a disponibiliza-ção de créditos orçamentários para asunidades orçamentárias, para que elaspossam promover sua execução orça-mentária. A provisão é contínua àdefinição das cotas orçamentárias e,normalmente, é formalizada atravésde uma nota de provisão e da libera-ção dos créditos no sistema informa-tizado de execução orçamentária.

Provisionamento Veja Provisão de Crédito Orçamentário.

Publicação da Lei do Orçamento AnualPublicação obrigatória no Diário Ofi-cial de cada esfera do governo da Leido Orçamento Anual, após sua apre-ciação e dos eventuais vetos do PoderExecutivo. É condição prévia para queseja possível o início da execução orça-mentária. Normalmente, acontece naúltima semana de dezembro.

Quadro de Detalhamento de Despesa– QDDDemonstrativo que indica, por órgão

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e unidade orçamentária, basicamen-te, a alocação de recursos orçamen-tários e financeiros em cada projeto eatividade, distribuídos por elementode despesa e fonte da receita, consti-tuindo- se no principal quadro evi-denciador das despesas e ações a se-rem realizadas pelo Poder Público.

Quadros da Lei do Orçamento AnualQuadros explicativos que, obrigato-riamente, integram a lei de orçamen-to (art. 2º, § 1º, Lei 4.320/64): I -Sumário geral da receita e despesapor função do Governo; II - Quadrodemonstrativo da receita e despesa,segundo as categorias econômicas;III - Quadro discriminativo da recei-ta por fontes e respectiva legislação;IV - Quadro das dotações por órgãosdo Governo e da Administração. De-vem acompanhar a lei, conforme oart. 2º, § 2º: I - Quadros demonstra-tivos da receita e planos de aplicaçãodos fundos especiais; II - Quadros de-monstrativos da despesa; III - Qua-dro demonstrativo do programaanual de trabalho do Governo, emtermos de realização de obras e deprestação de serviços.

Receita própriaClassificação gerencial das receitaspúblicas, que congrega somente os re-cursos tributários próprios, as taxas, asreceitas de serviços, patrimoniais,agropecuária e industrial e as transfer-ências tributárias constitucionais.Também chamada de receita dotesouro.

Recursos própriosClassificação gerencial das receitasreferentes à disponibilidade da receitaprópria menos as transferências con-stitucionais, procurando demonstrar aparcela de recursos sobre a qual o entepúblico possui governabilidade diretana gestão.

Recursos vinculadosReceitas decorrentes de contratos definanciamento destinados a projetosespeciais, bem como aquelas liberadaspor meio de convênios, que têm final-idades definidas, em geral, sujeitas aprestações de contas detalhadas.

RubricaO mesmo que crédito orçamentário,dotação orçamentária ou verba.

Serviço da dívida Expressão genérica que, em sentidoamplo, designa todas despesas (princi-pal e juros) com o pagamento dasobrigações da dívida pública internaou externa e, em sentido restrito, refe-re-se apenas ao pagamento dos juros.Na classificação oficial por Grupo deDespesas desdobra-se em duas catego-rias: Juros e Encargos da Dívida (códi-go 2 que corresponde a despesas com opagamento de juros, comissões e ou-tros encargos de operações de créditointernas e externas contratadas, bemcomo da dívida pública mobiliária) eAmortização da Dívida (código 6 quecorresponde a despesas com o paga-mento e/ou refinanciamento do prin-cipal e da atualização monetária oucambial da dívida pública interna eexterna, contratual ou mobiliária). Aexpressão ainda surge para designar assubfunções 843-Serviço da Dívida In-terna e 844-Serviço da Dívida Exter-na, ligadas à função 28-Encargos Espe-ciais, que se destina à classificação dasações governamentais.

SubfunçãoClassificação funcional-programáticade projetos/atividades orçamentáriosmais detalhada do que a função, quedesigna finalidades específicas da açãogovernamental. As subfunções são dis-criminadas para cada função existente.

Subfunção cruzadaExpressão usada para designar a classi-ficação por meio da aplicação de umasubfunção em correlação com umafunção que não aquela a partir da qualfoi definida. Ex.: Função: 12-Educaçãocom Subfunção Cruzada: 126-Tec-nologia da Informação (pertencenteoriginalmente à Função 03 – Adminis-tração e Planejamento).

Tomada de preçosModalidade de licitação entre empresasinteressadas devidamente cadastradasna Administração ou que atenderem atodas as condições exigidas para cadas-tramento até o terceiro dia anterior àdata do recebimento das propostas, ob-servada a necessária qualificação.

Transferências constitucionaisReceitas tributárias de competênciade uma determinada esfera governa-mental, seja União ou Estados, trans-ferida em parte, por determinação da

Constituição Federal, para outra es-fera (Estados ou Municípios).

Unidade AdministrativaÓrgão da Administração Pública de-finido em lei, com estrutura e com-petências específicas para a imple-mentação de ações governamentais.Pode se confundir com uma unidadeorçamentária ou integrar mais deuma delas. Ex.: unidade administra-tiva: Secretaria de Educação; unida-des orçamentárias: Departamento deEnsino Infantil e Departamento deEnsino Fundamental. Consulte tam-bém Unidade Orçamentária.

Unidade OrçamentáriaÓrgão da Administração Pública ouagrupamento de serviços a quem o or-çamento consigna dotações orçamen-tárias específicas para a realização deseu programa de trabalho e com auto-ridade para movimentá-las (art. 14,Lei 4.320/64). Consulte também Uni-dade Administrativa.

Valor EmpenhadoValores de créditos orçamentáriosque se encontram comprometidos noestágio de empenho, ou seja, que jáforam autorizados para gasto.

Valor LiquidadoValores de créditos orçamentários quese encontram comprometidos no está-gio de liquidação, ou seja, que já se en-contram prontos para pagamento.

Valor Pago Valores de créditos orçamentários quese encontram pagos. Também chama-do de valor realizado.

Verba Termo popular para designar os valo-res disponíveis na AdministraçãoPública para a implementação deações governamentais. Consultetambém Crédito Orçamentário, Do-tação Orçamentária e Rubrica.