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1 Mecanização da mineração artesanal de diamantes aluviais: AS BARREIRAS E OS FACTORES DE SUCCESSO Por Michael Priester, Estelle Levin, Johanna Carstens, Geert Trappenier e Harrison Mitchell DDI INTERNATIONAL Dois gabaritos fixos em série, Coromandel, Brasil AVAILABLE IN ENGLISH DISPONIBLE EN FRANÇAIS

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Mecanização da mineração artesanal de diamantes aluviais:AS BARREIRAS E OS FACTORES DE SUCCESSOPor Michael Priester, Estelle Levin, Johanna Carstens, Geert Trappenier e Harrison Mitchell

DDI INTERNATIONAL

Dois gabaritos fixos em série, Coromandel, Brasil

AVAILABLE IN ENGLISH DISPONIBLE EN FRANÇAIS

AbreviaturasMADA mineração artesanal de diamantes aluviaisMA mineiro/mineração artesanalAPEMIN Apoyo a la Pequeña Minería (programa de apoio à MAPE na Bolívia)AMR-ORC Associação para a Mineração Responsável e Organização de Rotulagem do Comércio JustoMAPE mineração artesanal de pequena escalaATPEM Assistance Technique au Petit Exploitant Minier (Madagáscar)BGR Bundesanstalt für Geowissenschaften und Rohstoffe (Instituto Federal de Geociências e Recursos Naturais), AlemanhaBRA BrasilRCA República Centro-Africanact. Quilate (1 K = 0,2 g)DDI Diamond Development Initiative (Iniciativa de Desenvolvimento de Diamantes)RDC República Democrática do CongoCE Comissão EuropeiaEITI Iniciativa para a Transparência nas Indústrias ExtractivasFONEM Fondo Nacional de Exploración Minera, BolíviaGCD Ghana Consolidated DiamondsGAN GanaGRATIS Serviço Industrial de Tecnologia Regional Apropriada do GanaGTZ Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit GmbHGUY GuianaPK Processo KimberleyMCDP Mwadui Community Diamond ProjectMEDMIN Medio Ambiente y Minería (programa de apoio à MAPE na Bolívia)PDSM Programa de Diversificação do Sector Mineral (Zâmbia)MME mineração de média escalaONG Organização Não GovernamentalSST Segurança e Saúde no TrabalhoPASMI Projet d‘Appui au Secteur MinierPMMC Precious Minerals Marketing CorporationPPP Pequeños Proyectos Productivos (programa de apoio com componente de MAPE na Colômbia)PRIDE Prestador de serviços financeiros para mercados de empresas pessoais e pequenas, micro e médias na ZâmbiaSAESSCAM Serviço de formação e assistência técnica à mineração de pequena escala, RDCMAS Mineração Artesanal Sustentável (programa de apoio na Mongólia)SDC Agência Suíça para o Desenvolvimento e CooperaçãoSL Serra LeoaMPE mineração de pequena escalaUAP Unité d‘apprentissage et de productionPNUD Programa das Nações Unidas para o DesenvolvimentoUSD Dólar norte-americanoUSAID Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento InternacionalUV UltravioletaBM Banco MundialWGAAP Grupo de Trabalho na Produção Artesanal e Aluvial

www.ddiglobal.orgGabinete Executivo

1, Nicholas Street Suite 1516A Ottawa, Ontario, Canada K1N 7B7

A DDI International está registada nos Estados Unidos da América como organização não lucrativa 501(c)3 (INSS/NIF: 51-0616171)

© DDI International, 2010

ISBN: 978-0-9809798-5-5

Pesquisa feita por : Projekt-Consult GmbH

Baseada nos estudos de vários países por Yves Bertran, Shawn Blore, Nicholas Garett, Marieke Heemskerk, Estelle Levin, Harrison Mitchell, Baudoin Iheta, Geert Trappenier, Babar Turay e Ghislain Lokonda Yausu

Créditos fotográficos: Shawn Blore - Fotografia na cobertura e foto 1 ; Michel Chapeyroux – foto 2,3,4 e 5.

Pesquisa financiada por: Associação dos Paises Africanos Produtores de diamantes (ADPA), DFID-UK, o Governo da Belgica

Publicação financiada por: DFID-UK, USAID

Imprimido por : Bonanza Printing and Copying Centre

Traduzido do inglês para português por: Services d’édition Guy Connolly

Desenho gráfico: g33kDESIGN

Estudo completo da pesquisa somente em inglês, acessível em linha.

Sobre a DDI InternationalA DDII é uma organização internacional, não lucrativa de

beneficência que tem por objectivo reunir todas as partes

interessadas num processo que irá visar, de uma forma

abrangente, os desafios políticos, sociais e económicos

enfrentados pelo sector da mineração artesanal de diamantes,

com vista a optimizar o impacto de desenvolvimento benéfico

da mineração artesanal de diamantes sobre os mineiros e

as suas comunidades no seio dos países onde existem as

minas de diamantes. Um objectivo principal é o de envolver

organizações de desenvolvimento e mais investimento sólido

com vista ao desenvolvimento nas áreas de mineração de

diamantes, para encontrar formas de tornar a programação

do desenvolvimento mais eficaz e para ajudar a trazer o

sector da mineração informal de diamantes para a economia

formal. Mais informação sobre a DDI International pode ser

encontrada em www.ddiglobal.org, e pode contactarnos

através do e-mail [email protected].

1

Índice1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.1 Impactos pretendidos no desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

1.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2 Práticas actuais de mineração como ponto de partida para a mecanização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.1 Os intervenientes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.2 Técnicas de mineração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.3 A geologia e a geografia determinam o processo de mineração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

2.4 Abordagens à mecanização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

3 Principais factores que influenciam o processo de mecanização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3.1 Forças motrizes para a mecanização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3.2 Principais obstáculos e factores de sucesso em relação à mecanização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3.2.1 Ambiente favorável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

3.2.2 Factores socioeconómicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3.2.3 Factores tecnológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.2.4 Factores geográficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.2.5 Factores de concepção programáticos . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3.3 A relação entre os factores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

4 Impactos socioeconómicos e ambientais da mecanização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

5 Experiências em projectos de mecanização e introdução de novas tecnologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

5.1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

5.1.1 SAESSCAM, RDC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

5.1.2 Cooperação com as minas industriais na RDC e Guiana . . . 13

5.1.3 Lições aprendidas do MEDMIN, Bolívia . . . . . . . . . . . . . . . 13

5.2 Acesso ao financiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

5.3 A relação custo-eficácia de tipos e níveis diferentes de mecanização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

5.3.1 Contrato/Aluguer vs. custos de compra . . . . . . . . . . . . . . . 15

5.3.2 Níveis salariais locais vs. custo de mecanização . . . . . . 15

5.3.3 Construção lenta ou procedimento acelerado . . . . . . . . . 15

5.4 O potencial do fabrico local. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

6 Conclusão e recomendações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

6.1 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

6.2 Elementos chave para um programa de mecanização bem sucedido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

6.2.1 Técnicas para o incentivo à adopção e difusão de novas tecnologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

6.3 Propostas para ajuda transversal ao sector. . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

6.3.1 Resolução de impedimentos jurídicos à mecanização. . . 17

6.3.2 Orientação de melhores práticas na MADA. . . . . . . . . . . . . 18

6.3.3 Desenvolver uma melhor compreensão dos obstáculos e factores de êxito da formalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

6.3.4 Apoio à formalização da MADA através da integração do sector no processo EITI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

6.4 Propostas para projectos piloto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

6.4.1 Melhoria a nível local e adaptação das tecnologias já existentes para a concentração de diamantes . . . . . . 18

6.4.2 Apoio aos fornecedores de equipamento de fabrico local. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

6.4.3 Experiência com serviços de mecanização específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

6.4.4 Apoio à cooperação e coabitação da MAPE com as empresas de mineração de grande ou média dimensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

7 Reflexões finais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20

Lista de imagensFigura 1 – Sequência de um processo de mineração de diamantes aluviais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Figura 2 – Factores agrupados de acordo com a esfera de influência e nível de dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Lista de tabelasTabela 1 Potencial das técnicas manuais e mecanizadas de mineração artesanal para diferentes tipos de depósito . . . . . 6

Tabela 2 Local de fabrico de diferentes tipos de equipamento utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

1

1. Mineiro artisanal, Coromandel, Brasil

2

1 IntroduçãoActualmente, grande parte da mineração artesanal de diamantes aluviais (MADA) em todo o mundo é feita por pequenos grupos de pessoas que utilizam técnicas ineficazes e ferramentas rudimentares tais como pás ou peneiras para cavar e filtrar depósitos aluviais. Os poucos lucros e a baixa produtividade limitam o potencial de desenvolvimento do sector e dos mineiros e deixam a MADA à margem a nível económico e político, no sector informal. Encorajar os mineiros artesanais a formalizarem-se raramente funciona sem associar esta acção a um programa contínuo de motivação activa e a benefícios económicos bem definidos. A oportunidade económica oferecida pela mecanização é óbvia e existem várias soluções técnicas disponíveis, contudo poucos mineiros recorrem a ela.

Foi por estes motivos que a Diamond Development Initiative (DDI) encomendou este estudo, para informar o Grupo de Trabalho na Produção Artesanal e Aluvial no âmbito do Processo Kimberley (KP WGAAP) da potencial eficácia e  impacto sócio-económico de utilizar a mecanização como um meio para incentivar a formalização da MADA.

O relatório baseia-se em experiências de mecanização reais e documentadas, embora lamentavelmente limitadas, para além das próprias experiências da Projekt-Consult, e em estudos de caso especialmente encomendados para este estudo sobre a mecanização em vários contextos nacionais. Os estudos de caso, que abrangeram a Guiana, Brasil, Guiné, Gana, República Democrática do Congo (RDC) e Serra Leoa, foram escolhidos para demonstrar experiências negativas e positivas de projectos de mecanização e de tentativas de auto-mecanização.

Para efeitos deste estudo, os autores entenderam a mecanização como sendo o processo de criação e implantação de equipamento especializado que aumente o poder dos operadores humanos melhorando os resultados de trabalho relativos à capacidade física humana.

1.1 Impactos pretendidos no desenvolvimento

Existem três razões principais pelas quais as autoridades e agências de desenvolvimento poderão incentivar a mecanização na mineração artesanal: para aumentar a produtividade e maximizar o lucro de um recurso não renovável; para possibilitar e estimular a racionalização da produção, ajudando assim à legalização e formalização; e para melhorar as condições de vida e de trabalho dos mineiros artesanais.

Se o objectivo de uma intervenção é efectivamente ajudar a MADA a contribuir mais para o desenvolvimento, então só a mecanização não é suficiente, é também necessário lidar com os aspectos legais, políticos, económicos e sociais associados para fazer da mecanização um sucesso. Isto significa que será necessária uma abordagem estratégica para garantir que a mecanização cumpre os objectivos mais importantes da formalização e do desenvolvimento.

1.2 Metodologia

Este relatório foi compilado por Michael Priester e Johanna Carstens da Projekt-Consult GmbH e Estelle Levin da Estelle Levin Limited com a colaboração de Geert Trappeniers e Harrison Mitchell. É baseado em estudos de caso com recurso a documentos e trabalho de campo, compilados por diversos especialistas locais e internacionais. Infelizmente, não há muita documentação de experiências de projectos de mecanização, a pouca que existe foi incluída neste estudo. Contudo, o estudo baseia-se também na experiência da Projekt-Consult com projectos que incluem componentes de mecanização. Os estudos de caso de Guiana, Brasil, Guiné, Gana, RDC e Serra Leoa foram escolhidos para demonstrar experiências negativas e positivas de projectos de mecanização e tentativas de „auto-mecanização“.

◆◆ Na Guiana a pesquisa foi realizada por Marieke Heemskerk e Geert Trappeniers. Marieke entrevistou as partes interessadas do governo e do sector dos diamantes durante seis dias em Julho de 2010.

3

Geert, que conseguiu mecanizar com sucesso uma operação de diamantes de pequena escala na Guiana, estabeleceu um histórico de caso para este projecto.

◆◆ No Brazil, o Shawn Blore delineou experiências anteriores a partir da mecanização da mineração de diamantes aluviais na área de Coromandel e comparou-as com a situação de outros países de MADA (Guiana e Serra Leoa) em Junho de 2010.

◆◆ A Guiné e o Gana foram visitados por Yves Bertran Alvarez, que passou seis dias em cada país, em Junho de 2010, para investigar o assunto.

◆◆ A Serra Leoa foi coberta por Estelle Levin, Babar Turay e Harrison Mitchell. Harrison consultou as partes interessadas em Freetown durante um dia inteiro em Junho de 2010. Babar, um especialista local, consultou as principais partes interessadas nas áreas da mineração de diamantes durante seis dias, também em Junho de 2010. Esta avaliação foi completada através de uma compilação de documentos de experiências feita por Estelle Levin, que trabalha em MADA na Serra Leoa desde 2004.

◆◆ A rdC foi coberta por Nicholas Garrett, Ghislain Lokonda Yausu e Geert Trappeniers. Nicholas debateu barreiras e factores de sucesso da mecanização em conjunto com parceiros entrevistados locais durante dois dias em Junho de 2010. Ghislain, um especialista local que trabalha com a ONG congolesa CENADEP, apoiou o estudo com entrevistas às principais partes interessadas durante três dias, também em Junho de 2010. Geert, que conseguiu mecanizar com sucesso uma operação de diamantes de pequena escala na RDC, estabeleceu um histórico de caso para este projecto.

Inicialmente, presumiu-se que existiram projectos de apoio à mecanização do sector de MAPE em todos os países. Contudo, no decurso da pesquisa tornou-se claro que, na maioria dos países, qualquer espécie de mecanização existente fora realizada autonomamente ou introduzida por empresas de mineração de média escala em cooperação

com mineiros artesanais. A única documentação sobre um projecto disponibilizada à equipa foi um resumo de um projecto de mecanização mal sucedido na RDC levado a cabo pelo SAESSCAM.

Existem três razões principais pelas

quais as autoridades e agências

de desenvolvimento incentivam a

mecanização na mineração artesanal:

para aumentar a produtividade e

maximizar o lucro de um recurso não

renovável; para possibilitar e estimular

a racionalização da produção; e para

melhorar as condições de vida e de

trabalho dos mineiros artesanais.

2. Bateria de trabalhadores que lavam o minério com peneiras, Gana

4

2 PráticasactuaisdemineraçãocomoPontodePartidaParaamecanização

O potencial para a mecanização assenta principalmente na natureza do depósito, nas condições hidrológicas e nas práticas actuais de mineração. Uma avaliação tem que definir os pontos em que podem ser introduzidos equipamentos alternativos e quais os tipos de equipamento que seriam adequados. Mas o potencial da mecanização assenta também nos mineiros, em quem são e quais os seus motivos para fazerem mineração. Por exemplo, a MADA é feita não só por homens mas também por mulheres, crianças e idosos, diferentes grupos étnicos, pessoas com bases educacionais ou profissionais específicas, e assim por diante. Conhecer a composição demográfica da população mineira pode influenciar qual o tipo de mecanização mais indicado. Para além disso, os motivos pelos quais as pessoas fazem mineração determinam os diferentes tipos de MADA: MADA de migração; MADA temporária (de emergência); MADA isolada; MADA sazonal; e MADA tradicional durante todo o ano. É mais provável que um mineiro cujo principal modo de subsistência seja a mineração recorra à mecanização do que alguém que o faz de forma sazonal, como suplemento ao seu rendimento agrícola, por exemplo.

2.1 os intervenientes

A situação varia bastante entre os diferentes países e até mesmo entre as diferentes regiões mineiras dentro de um mesmo país. De um modo, serão considerados os seguintes intervenientes: trabalhadores (mineiros, transportadores de cascalho, lavadores), líderes de equipas (chefes de grupo), chefes de local (encarregados de mina), detentores de títulos, proprietários de terreno, compradores (intermediários, exportadores), financiadores, empresas formais de mineração em cooperação com mineiros artesanais, proprietários/operadores de crivos, fornecedores de água, prestadores de serviços de terraplanagem, proprietários de escavações, contratadores e vendedores de equipamento, cooperativas, departamentos locais/governamentais de mineração. Todos têm relações diferentes para com os outros, diferentes fontes de rendimento e interesses distintos. Apenas um pequeno número de intervenientes principais, nomeadamente o financiador e o chefe de local, tem efectivamente poderes de decisão, podendo portanto influenciar directamente a mecanização.

2.2 técnicas de mineração

Durante o estudo foi encontrado um grande número de diferentes situações de mineração e de soluções técnicas. Estas variam devido à localização geográfica do depósito, às condições hidrológicas e às características dos sedimentos. A ilustração seguinte sintetiza as diferentes técnicas aplicadas e refere quais foram os equipamentos mais importantes utilizados.

2.3 A geologia e a geografia determinam o processo de mineração

Independentemente do tamanho da operação, a geologia e a situação geográfica e principalmente o regime hidráulico determinam as técnicas utilizadas na exploração e, consequentemente, o processo de mineração. Table 1 a seguir mostra em maior pormenor as características da mineração de diamantes para diferentes tipos de depósito bem como o potencial das técnicas manuais e mecanizadas de mineração artesanal para cada tipo de depósito.

A mecanização sozinha não

ocasionará desenvolivmento e

formalização. É também necessário

lidar com os aspectos legais,

políticos, económicos e sociais

associados à mineração artisanal.

5

Figura 1 – Sequência de um processo de mineração de diamantes aluviais

Exploração dos placeres de diamantes

Concentração dos placeres de diamantes

desvio do rio, secagem de partes do leito do rio, bombeamento da água do solo e da superfície, construção de barragens, drenagens ou poços

Depósito

Situado abaixo ou junto ao nível do solo e de água superficial

Situado acima do nível do solo e de água superficial

Remoção do solo e dos terrenos detríticos pá carregadora frontal, retro-escavadora, camiões, pás

e carrinhos de mão

Reaterros e renaturação: pá carregadora frontal, retro-

escavadora, camiões, pás e carrinhos de mão

Exploração no rio (exploração húmida): pirogas, dragas de

aspiração, guindaste

Exploração em lagos artificiais (exploração húmida): dragas

de aspiração, guindaste, retro-escavadora para alimentação de uma instalação de concentração flutuante

Exploração hidráulica:

“monitorização” ou bombagem

de aluvião

Exploração seca: pá carregadora frontal, retro-escavadora, camiões, pás e

carrinhos de mão

Triagem por gravidade:selecção manual, Dotar com um sistema de comportas,

Concentrador em espiral, Separação de minerais pesados, Bateamento, Crivo manual, Crivo mecanizado, Bateia de

lavagem de diamantes

Triagem com recurso às propriedades da superfície:

mesa de lubrificação

Triagem optimizada com separação pneumática

Produto final

Refinação: selecção manual

Material ligeiramente consolidado Material solto

Desintegração Dique de lavagem

Tambor giratório de calibração

Transporte dos diamantes em bruto até à instalação de concentração

Classificação, Tremonha, Peneira fixa, Peneira vibratória, Tambor giratório

de calibração

6

tabela 1 – Potencial das técnicas manuais e mecanizadas de mineração artesanal para diferentes tipos de depósito

Tipo de Depósito Processo manual de mineração artesanal Processo mecanizado de mineração artesanaldepósito aluvial, eluvial ou coluvial em terreno seco

Escavações abertas: os mineiros artesanais cavam poços que podem ter 20 metros de profundidade. Utilizam pás e picaretas para cavar e carregar os minerais, baldes e sacos para os transportar, bombas pequenas para expelir a água, crivos para separar o cascalho, e escolha manual para seleccionar os minerais. Este método é o mais produtivo e o menos perigoso, no entanto apresenta alguns riscos tais como queda de pedras e ferimentos com pás e picaretas.Características da MAPE: o investimento necessário é mínimo, tendo portanto um baixo pré-financiamento (tempo de execução limitado para chegar ao aluvião explorável, dependendo da profundidade1), se possível, equipas de operação muito pequenas, maior produtividade em depósitos com pouco terreno detrítico, possibilidade de operação contínua

Possibilidade de operações mecanizadas utilizando um processo de exploração semelhante (remoção do terreno detrítico, exploração de cascalho com recurso a maquinaria, transporte mecanizado, concentração em equipamentos de lavagem mecanizados)As operações mecanizadas requerem áreas maiores para serem financeiramente viáveis, mas facilitam uma maior recuperação do depósito e processos sistemáticos de mineração com reaterros, tornando mais possível a reabilitação etc.Existindo água suficiente disponível, existe também a opção de monitorização da alta pressão (da água) e do transporte hidráulico.

Paleoplaceres, terraços antigos, placeres com uma cobertura grossa de terreno detrítico estéril em terreno seco

Galerias subterrâneas: os mineiros artesanais cavam buracos circulares com aproximadamente 90 centímetros de diâmetro e normalmente até 35 metros de profundidade (dependendo da profundidade do cascalho). O cascalho é transportado em sacos ou baldes no fundo da galeria, e depois evacuado com a ajuda de uma corda através de um sistema de guincho ou roldana, controlado por mineiros na superfície da galeria. Este método apresenta muitos perigos, tais como a falta de oxigénio na galeria, e o risco de queda de pedras e desmoronamento de túneis.Características da MAPE: investimento relativamente limitado necessário, baixo pré-financiamento (tempo relativamente curto de execução para chegar ao aluvião explorável), se possível, equipas de operação muito pequenas, produtividade relativamente baixa, problemas de segurança no trabalho, baixa recuperação do depósito

Uma operação mecanizada requer um processo de mineração completamente diferente com minerações de escavação aberta, semelhante à solução mencionada anteriormente.A operação mecanizada é caracterizada por movimentações massivas de terra, o que causa custos mais altos de remoção de terreno detrítico e maiores impactos ambientais.Os mineiros utilizam bombas motorizadas e mangueiras para evacuar excavações e galerias de água de forma a permitir o acesso permanente na estação das chuvas.

depósitos aluviais em rios

Mergulho: os mineiros artesanais mergulham em rios, muitas vezes sem qualquer tipo de fato de mergulho ou aparelho de respiração, e extraem o cascalho com baldes ou sacos. O cascalho é arrastado para uma piroga que permanece imóvel à superfície com a ajuda de um saco de areia atirado para a água. Após a prospecção, os mineiros separam manualmente o cascalho dos minerais encontrados no fundo do rio. Características da MAPE: difícil de realizar, investimento necessário limitado, baixo pré-financiamento (tempo de execução limitado para chegar ao aluvião explorável), possibilidade de operação em pares, produtividade relativamente baixa, problemas potencialmente graves de saúde e de segurança no trabalho, sendo comum o afogamento, dependendo do nível, correntes e velocidade da água (actividade sazonal)

A dragagem com dragas de sucção e escavação; a utilização de aparelhos mecânicos de respiração e fatos de mergulho

depósitos aluviais em rios

Barragens e diques: na ausência de dragas, por vezes os mineiros artesanais constroem diques com sacos de areia no meio dos rios (i.e. na RDC, RCA, Serra Leoa, etc.) para desviar a água e extrair diamantes na margem isolada e seca. Este método é perigoso pois muitos mineiros morreram afogados devido a rebentações de barragens.Características da MAPE: investimento necessário elevado, grande pré-financiamento (maior tempo de execução para chegar ao aluvião explorável), possibilidade de operação apenas em equipas grandes, produtividade relativamente baixa, problemas de segurança no trabalho, muito dependente do nível da água (actividade sazonal)

Operações mecanizadas requerem um processo de mineração diferente com dragagens em rios, semelhante à solução mencionada anteriormente.Podem ser necessários mergulhadores no caso de substratos rochosos complexos, para maximizar a recuperação do cascalho que contém diamantes.

1 Pode demorar até três semanas para chegar ao aluvião explorável

7

2.4 Abordagens à mecanização

A introdução da mecanização pode ocorrer em qualquer um dos três pontos de partida na sequência de mineração e processamento:

1. remoção do terreno detrítico - onde existem camadas grossas de terreno detrítico que requerem uma quantidade significativa de tempo e trabalho manual para serem removidas, a mecanização pode aumentar consideravelmente a produtividade. A substituição do trabalho manual por máquinas de remoção de terra substituiria um grande número de mineiros ou serviria para os libertar do trabalho árduo de remoção do terreno detrítico, permitindo-lhes um maior envolvimento na exploração de cascalho e/ou lavagem de diamantes. Contudo, a sua relação custo/eficácia requer um conhecimento exacto da profundidade e geometria do limite superior da camada de cascalho que contém diamantes, de novos sistemas de gestão e de um planeamento de exploração sistemática em combinação com reaterros. A remoção do terreno detrítico parece favorecer a mecanização, pois a força específica das máquinas de remoção de terra significa que é possível o carregamento, transporte e descarga rápidas de grandes quantidades de sedimentos.

2. Extracção e transporte do aluvião explorável para o local de processamento - o processo de mecanização pode reduzir o nível de escavação manual necessário e assim exige uma nova organização interna do local de escavação, no entanto as máquinas utilizadas para extrair o cascalho (tractores, retro-escavadoras) não funcionam bem em terreno irregular e devido aos custos elevados associados ao combustível e ao desgaste faz com que sejam utilizadas raramente. Outra opção é a mecanização de depósitos de diamantes aluviais em terreno seco com monitorização hidráulica, mas esta é muitas vezes preterida devida ao seu custo operacional extremamente elevado. Este método de mecanização é normalmente indissociável do processamento mecanizado.2 Em depósitos fluviais é possível a mecanização do processo de exploração do cascalho utilizando dragas.

2 Ver Blore, 2006.

3. Concentração de diamantes - o trabalho manual pode ser substituído por um tambor giratório ou peneira vibratória em combinação com um crivo moderno. Este método tem tendencialmente uma maior taxa de recuperação do que o processamento manual contudo requer também uma reorganização dos mineiros.

A mecanização - o processo de criação

e implantação de equipamento

especializado que aumente o poder

dos operadores humanos melhorando

os resultados de trabalho relativos

à capacidade física humana.

3. Mineiros individuais que trabalham o cascalho, Gana

8

3 PrinciPaisfactoresqueinfluenciamoProcessodemecanização

Os factores que determinam a mecanização podem ser, de um modo geral, organizados por forças motrizes, i.e. o que torna a mecanização atractiva, e as barreiras e os factores de sucesso, i.e. o que a torna possível, ou não.

3.1 Forças motrizes para a mecanização

As principais forças motrizes para a mecanização são razões comerciais, socio-culturais e ambientais. Tendo em consideração a vertente económica, os mineiros esperam um maior retorno devido ao facto da exploração ser mais rápida, acarretar menor esforço, proporcionar uma maior recuperação e segurança bem como vantagem em protecção. Estes factores são associados a uma maior reputação e estatuto social como consequência da mecanização. Por último, os mineiros esperam ultrapassar as limitações sazonais à mineração artesanal e conseguir aceder a depósitos mais profundos. Isoladas ou em conjunto, as forças motrizes comerciais aumentam a probabilidade e o tamanho potencial do lucro, ajudando assim os mineiros a obter um maior lucro financeiro e independência. Com tanto a ganhar, então as principais questões são: quais são os obstáculos que impedem os mineiros artesanais de recorrerem à mecanização? E quais são os factores de garantia de sucesso quando alguém tenta utilizar a mecanização?

3.2 Principais obstáculos e factores de sucesso em relação à mecanização

Embora existam efectivamente razões técnicas pelas quais a mecanização por vezes não é possível, atractiva ou bem sucedida, existem outros factores que podem ser ainda mais importantes. Estes incluem a existência ou inexistência de certas condições políticas, legais, financeiras, culturais, organizacionais ou demográficas, ou a impossibilidade de acesso a estas condições por parte dos mineiros, mesmo que existam.

3.2.1 – Ambiente favorável3

A organização política do país e as regiões mineiras influenciam o potencial para a mecanização, afectando o clima de investimento e a probabilidade de sucesso dos projectos de mecanização (i.e. situação de conflito ou pós-conflito vs. ambiente político estável com instituições eficazes).

Os requisitos administrativos para a formalização apresentam muitas potenciais armadilhas para os projectos de mecanização. Em muitos sistemas existe uma grande variedade de incentivos para os mineiros continuarem numa situação informal. Obter uma licença para uma operação de escavação pode demorar imenso tempo e ser muito dispendioso.

O quadro legal de licenciamento em alguns países (p.ex. Serra Leoa, Guiné) proíbe directamente a mecanização para licenças de MAPE ou desincentiva-a indirectamente. Existem obstáculos legais ou uma ausência total de mecanismos para evoluir da MAPE legalizada para operações mecanizadas. Por outro lado, um sistema legal que permita acordos “tributários” entre um detentor de título e a MAPE (como é o caso no Gana entre a GCD e os grupos de mineração de diamantes) estabelece condições favoráveis para a mecanização.

A capacidade e a determinação das autoridades locais ou nacionais em fazer cumprir a lei influencia o potencial para a mecanização, ao afectar o clima de investimento. O requisito de ter equipamento registado, a tributação excessiva ou informal sobre os operadores da máquinas, e a corrupção relativa ao acesso ou à utilização das máquinas, todos estes factores podem desincentivar a mecanização. Em países com estruturas governamentais frágeis (i.e. Guiné e a RDC) a mecanização da MAPE tendeu a avançar muito devagar, ao passo que em países com uma economia política estável e implementação do quadro legal (i.e. Brasil e Guiana) a modernização da exploração já está numa fase bastante avançada.

Acesso e direitos aos terrenos (protecção dos direitos) são, mais uma vez, importantes para a segurança do investimento.

3 Engloba o ambiente político e as questões legais, institucionais e comerciais que estabelecem o enquadramento para as actividades de mineração de um país

9

Acesso ao financiamento é um factor determinante para possibilitar a mecanização4.

Acesso a medidas existentes de apoio pode ser um factor decisivo para a mecanização. Os programas existentes de apoio ao sector da MAPE, tais como o PMMC (ao comprar o produto da MAPE), a GCD (ao fornecer acordos de tributação aos mineiros artesanais)5 ou o GRATIS (ao fornecer equipamento) no Gana, já estabeleceram relações de confiança com os mineiros e podem basear-se na sua experiência local bem como nas suas redes.

A existência de empresas formais com uma atitude positiva em relação aos mineiros artesanais revelou ser o elemento mais eficaz no aumento do desenvolvimento técnico da MAPE.

3.2.2 – Factores socioeconómicos

A situação legal da operação de MAPE tem de ser levada em consideração antes da mecanização.6 Os mineiros artesanais têm a sua própria perspectiva quanto à formalização e vêem frequentemente um grande número de vantagens quanto ao estatuto informal. A tentativa de utilizar a mecanização como chamariz para a formalização dos mineiros de diamantes artesanais exige intervenções de sensibilização adicionais. A organização interna dos mineiros artesanais e a sua dependência socioeconómica desempenha um papel muito importante. Nos países africanos, em especial nos países que estão a recuperar de conflitos, o nível de organização tende a ser inferior ao existente na América Latina, onde existe a cultura de associações e cooperativas e onde as sociedades de MAPE possuem relações organizacionais mais

4 Deve ser criada a consciencialização de que, apesar da falta de financiamento ser vista como uma restrição crucial, isto é muitas vezes consequência de outro tipo de restrições da actividade ou da pessoa tais como a falta de competências de gestão ou de capitalização, devido a esquemas tradicionais de repartição das receitas (Priester 2005).

5 Yves Bertran, comunicação verbal: este sistema de tributação ajudou bastante a MAPE no Gana em termos da obtenção de pagamentos justo, acesso a financiamento e segurança de investimento. Para além disso, a partir deste acordo, houve uma transferência considerável de conhecimentos técnicos da empresa para os tributadores, o que serviu de suporte para a mecanização.

6 Os governos têm tendência a ver a mecanização como uma ferramenta para promover a formalização. Esta visão não é partilhada pelos mineiros artesanais.

estáveis.7 A dependência dos mineiros artesanais em relação aos financiadores também dificulta a sua capacidade de beneficiar dos ganhos financeiros que a mecanização pode proporcionar porque os financiadores pode reter a diferença.

O papel da MAPE no âmbito da estratégia de subsistência individual ou familiar: mineiros que consideram a mineração como a sua profissão e principal meio de subsistência têm maior probabilidade de investirem em máquinas; os mineiros que utilizam a mineração como uma actividade complementar ou sazonal para além do seu principal meio de subsistência (especialmente no sector da agricultura) têm menor probabilidade de aderirem à mecanização.

O nível de mobilidade da MAPE influencia o processo de mecanização. Em alguns países com um nível mais elevado de mecanização, foi observado equipamento móvel adaptado às realidades das operações de MAPE locais.

A cadeia comercial é um factor importante a ser considerado numa intervenção no âmbito da mecanização. Os compradores/comerciantes geralmente têm ligações fortes com os mineiros artesanais, estando muitas vezes numa posição superior a estes e tendo papéis decisivos na selecção dos processos e equipamento de mineração uma vez que pré-financiam os mineiros ou lhes fornecem directamente o equipamento. A ausência de competências de comercialização e de avaliação de diamantes fortalecem ainda mais estas dependências.

O custo da mão-de-obra é um factor importante para a economia da mecanização. Uma pesquisa realizada sobre uma comparação do custo da mão-de-obra (Blore 2008) em países diferentes (Brasil, Guiana e Serra Leoa) e a sua relação com o nível de mecanização confirma o impacto considerável que os níveis salariais têm na mecanização. O baixo custo da mão-de-obra desencoraja a mecanização porque, quanto mais barata for a mão-de-obra, menos económica será a mecanização.

7 Vejamos o estudo de caso do Brasil, especialmente em relação à duração das relações comerciais de mineiros e financiadores, e o estudo de caso da RDC, especialmente quando à presença de interesses investidos, grupos de segurança não pagos, elites militares, etc. que beneficiam do status quo, prejudicando assim a organização dos mineiros em cooperativas.

10

os ganhos ou perdas reais e interpretados para as principais partes interessadas podem incentivar ou desincentivar a mecanização. Aqueles especialmente influenciados pelas percepções dos mineiros podem não ser muito evidentes e, por conseguinte, têm de ser investigados cuidadosamente.

os níveis de educação gerais e de conhecimento de informação especificada de mineração (ou seja, legislação, melhores práticas, etc.) podem influenciar a disposição e a capacidade de atingir um nível mais elevado de mecanização. A atitude face à inovação é geralmente negativa, especialmente nos casos em que as competências de mineração foram adquiridas no trabalho em operações tradicionais artesanais.8

os costumes e tradições podem influenciar fortemente o processo de mecanização. As intervenções nesta fase têm de incidir sobre a mudança de comportamento e necessitam de um período de tempo adequado para surtirem efeito.

3.2.3 – Factores tecnológicosO acesso à tecnologia apropriada é essencial: a proximidade do fabrico, fornecimento, serviços de manutenção e assistência, a qualidade do equipamento e a adaptação da tecnologia às condições da região e às práticas tradicionais determinam a aceitação por parte dos mineiros. No Brasil e na Guiana, por exemplo, países em que a mecanização já se encontra numa fase avançada, existem soluções tecnológicas nacionais desenvolvidas e fornecidas a nível local claramente distintas.

A confiança na nova tecnologia é muito importante para que os mineiros a adoptem. Com uma tecnologia desconhecida, os mineiros artesanais temem muitas vezes que o material possa ser roubado ou que possa desaparecer durante o processamento.9 Simultaneamente, os mineiros artesanais não querem gastar tempo a testar novo equipamento que venha a revelar-se inútil para eles. A experiência internacional da mineração artesanal de vários minerais demonstra que os “Projectos Farol” (projectos de demonstração em grande escala) com experiências positivas ou êxitos comprovados

8 Existe uma forte ligação entre a disposição de inovar e responder a desafios técnicos por um lado e a capacidade de conduzir ou aceitar a mecanização por outro.

9 Consulte as experiências de projectos de MAPE na América Latina relacionados com ouro em Wotruba et al. (2005)

da inovação10 desempenham um papel importante na disseminação bem sucedida de uma nova tecnologia.

o conhecimento dos parâmetros da operação de mineração antes do início da mecanização é muito importante para evitar surpresas desagradáveis.

O nível de formação e experiência sobre a forma de gerir, utilizar e manter a nova tecnologia determina a sua facilidade de adopção e a sustentatibilidade da introdução do novo equipamento.

As considerações sobre segurança são igualmente importantes quando se tenta aumentar a mecanização de uma operação. Devido ao aumento de mecanização, ocorre uma concentração mais elevada de valor e, por conseguinte, as operações podem estar mais susceptíveis a furto se o acesso às máquinas não for suficientemente restrito, especialmente no ponto de acesso ao aluvião explorável. Por outro lado, a utilização de máquinas para a concentração de diamantes limita o número de pessoas que os manuseiam, e podendo assim minimizar as oportunidades de furto por parte dos trabalhadores.11 Mais uma vez a cooperação com empresas formais proporciona segurança adicional.

3.2.4 – Factores geográficosAs características geológicas, geomorfológicas e hidráulicas do depósito influenciam a viabilidade da mecanização. Estes factores não podem ser alterados por um projecto. Contudo, a classificação, tamanho, quantidade e qualidade do diamante, os parâmetros do cascalho (tamanho e composição das partículas), a espessura e qualidade do terreno detrítico, o lençol freático subterrâneo, a disponibilidade da água superficial, o nível de água durante estações chuvosas e secas são todos factores de extrema importância na determinação de qual o processo de mineração adequado.

O isolamento da operação da MAPE também afecta as possibilidades de mecanização.

3.2.5 – Factores de concepção programáticosA experiência sugere que os projectos tem uma maior probablidade de êxito nos locais onde a comunidade é ao

10 Existem muitos projectos que não conseguem desenvolver a confiança em novas tecnologias ao fazerem experiências prematuras com tecnologias não comprovadas.

11 É por este motivo que as pessoas utilizam a instalação na Serra Leoa como a sua máquina, porque o roubo de diamantes ocorre principalmente na fase de lavagem.

11

mesmo tempo co-proprietária e beneficiária. Isto significa que os mineiros também participam no desenvolvimento, execução e monitorização do projecto. Se a mecanização for auto-organizada e orientada para a comunidade esta tem maiores probabilidades de ser bem sucedida e tem igualmente repercussões positivas para a auto-capacitação das pessoas envolvidas, ajudando assim as comunidades a decidir a sua própria agenda de desenvolvimento.

3.3 A relação entre os factores

Os factores essenciais que influenciam o processo de mecanização foram organizados em externos e internos,

bem como factores estáticos e dinâmicos numa tentativa de aconselhar possíveis intervenções. Os factores externos são os factores que estão para além da influência dos mineiros artesanais. Deve ser abordada uma intervenção para fazer face a estes factores por outras partes, tais como o governo, as ONG, etc. Os factores internos são aqueles que estão directamente na esfera de influência dos mineiros artesanais. Os factores estáticos serão mais difíceis e irão requerer mais tempo para serem alterados enquanto os factores dinâmicos podem ser alterados com maior facilidade.

Figure 5 a seguir tenta agrupar os factores de acordo com quem tem influência sobre o factor e em que medida o factor é dinâmico.

internos

externos

dinâmicosestáticos

acesso a financiamento

geologia/posição

geográfica do depósito

MAPE como profissão ou

trabalho secundário

níveis de educação e

conhecimento gerais

organização interna e

dependência socioeconómica

conhecimento dos parâmetros da operação de

mineração

Participação da comunidade

de MAPE no projecto

requisitos adminis-trativos para a formalização

existência e atitude das

empresas

falta de experiência positiva com tecnologia

nível de formação da mão-de-obra

vantagens e desvantagens da

mecanização

costumes e tradições

capacidade de aplicação

da lei

acesso a medidas de

apoio

organização política

direitos de propriedade

situaçãolegal

mobilidadeda MAPE

cadeia comercial

custo da mão-de-obra

fornecimento de licenças

isolamento da operação

confiança em nova tecnologia

considerações sobre a segurança

qualidade da tecnologia

acesso a tecnologia

Figura 2 – Factores agrupados de acordo com a esfera de influência e nível de dinâmica.

12

4 imPactossocioeconómicoseambientaisdamecanização

Tal como as questões sociais, económicas e ambientais podem determinar a viabilidade da mecanização, também esta tem impacto sobre estas dimensões. Estas podem trabalhar a favor ou contra o objectivo de que a mecanização contribui para o desenvolvimento através da formalização da mineração de diamantes artesanal. Por conseguinte, o capítulo tem em consideração os impactos socioeconómicos e ambientais da mecanização.

Impactos positivos Impactos negativos

Impa

ctos

soc

ioec

onóm

icos

Para os mineiros• Melhoria nas condições de trabalho das pessoas envolvidas na mineração

(incluindo mulheres).• Minimização do trabalho infantil na mineração devido a uma mão-de-obra com

um maior nível de competências.• Redução dos acidentes relacionados com a mineração devido à melhor

planificação mineira e à substituição da mineração subterrânea por operações a céu aberto.

• Aumento substancial de competências técnicas entre os membros mais jovens da comunidade.

• diversificação e melhoria das estratégias de subsistência• Aumento de capital humano entre mineiros artesanais gerado por programas de

formação e novo equipamento.• A mecanização pode ter um efeito positivo na SSt.• Para comunidades mineiras• Aumento sustentável no rendimento dos membros das comunidades rurais.• Melhoria no fornecimento de infra-estruturas e serviços públicos nas

comunidades envolvidas (incluindo educação, saúde, electricidade, estradas locais).

• redução das tensões e conflitos intra e inter comunidades através de mecanismos de diálogo reforçados, negociação e criação de um consenso no seio das comunidades envolvidas, onde os programas de mecanização tentam uma abordagem integrada.

• Aumento de capital social nas comunidades envolvidas como consequência de tudo o que foi referido anteriormente.

Para os mineiros• Aumento da gravidade dos acidentes quando as máquinas não são utilizadas

e mantidas convenientemente. • Risco de perder maquinaria e garantias de créditos no caso de receitas

inferiores às esperadas com a operação mecanizada. • Perda de postos de trabalho devido à substituição das pessoas por máquinas.• Masculinização da mão-de-obra e marginalização das mulheres. • Aumento de conflitos com comunidades e autoridades locais, i.e. sobre os

impactos ambientais da mineração mecanizada

Impa

ctos

am

bien

tais

• redução dos vestígios da mineração a longo prazo: • recuperação do depósito mais elevada. • Isto melhora o caso para recuperação e reabilitação, e nos locais onde ocorre

reabilitação, dá terra à comunidade que pode ser útil e produtiva através de usos sociais ou económicos, em vez de ser um risco.

• torna a recuperação mais fácil. • Introdução de sistemas de gestão ambiental.

• Aumento do impacto ambiental excepto se a mecanização for acompanhada por medidas de sensibilização.

• É possível explorar áreas de terreno maiores num quadro temporal definido. • Aumento da utilização de combustível aumenta o risco e a probabilidade de

ocorrência de derrame e fuga de combustível, poluição e aumenta a poluição atmosférica.

• Ausência de opções para a eliminação de equipamento partido ou desgastado (sujando a paisagem, criando perigo para as pessoas e animais).

• Taxas de produção mais elevadas significam maiores volumes de resíduos. • Aumento da turvação dos rios a jusante especialmente no caso da extracção

hidráulica (monitorização), das dragas, bem com da utilização de instalações de lavagem.

4. Colheita manual final dos  diamantes por mulheres, Gana

13

5 exPeriênciasemProjectosdemecanizaçãoeintroduçãodenovastecnologias

5.1

5.1.1 – SAESSCAM, rdC

A SAESSCAM tentou a mecanização das operações da MADA na RDC através de uma draga na qual deve ser instalado uma bomba de sucção, juntamente com um tambor giratório e um crivo a pedal. Os mineiros artesanais estavam, todavia, relutantes em encomendar qualquer draga ou crivo, principalmente pelo facto de não verem qualquer diferença em termos de condições de produtividade ou de trabalho entre as suas técnicas habituais e a nova tecnologia a ser promovida. Por outras palavras, os benefícios não compensavam os custos. E devido ao facto de que o equipamento novo e desconhecido para os mineiros não ter quaisquer vantagens económicas em comparação com tecnologia importada e comprovada.

5.1.2 – Cooperação com as minas industriais na rdC e Guiana

Os estudos de caso da RDC e Guiana indicam que é possível a cooperação entre a MADA e empresas formais de média escala, especialmente onde a geologia dos coordenadores permite a organização da coabitação, de tal forma, que a competição directa sobre o mesmo depósito pode ser evitada.

Na Guiana e na RDC a pequenas e médias empresas encontraram mineiros artesanais nas suas concessões recentemente adquiridas. Em vez de os expulsar decidiram cooperar com os mineiros artesanais, deixando-os realizar a mineração de partes da concessão não viáveis a mineração industrializada. Com vista a não perder o minério extraído na sua concessão, as empresas compraram a produção aos mineiros artesanais. Para aumentar a produtividade e o lucro e desta forma melhorar também a cooperação e as boas relações com os mineiros as empresas investiram na mecanização das operações artesanais. A área principal

de mecanização foi a etapa de processamento. Assim, a recuperação podia ser consideravelmente reforçada, o que era igualmente benéfico para os mineiros artesanais e para as empresas. As empresas também prestaram assistência „mecânica“ aos mineiros artesanais com a construção de estradas de acesso e transporte de materiais a partir do local da mina para a instalação do processamento bem como também a preparação de reabilitação. Em alguns casos, as empresas também apoiam a mineração do aluvião explorável com equipamento mecânico. Normalmente, os mineiros artesanais pagam às empresas uma pequena taxa pelo processamento do seu aluvião.

5.1.3 – Lições aprendidas do MEdMIn, Bolívia

O projecto MEDMIN foi um projecto apoiado pelo governo suíço em gestão do ambiente na MAPE na Bolívia. A mecanização da MAPE de ouro e de metais de base foi um meio para integrar medidas ambientais nos processos de mineração e concentração e para gerar fundos para optimizar a gestão ambiental. As lições-chave foram:

◆◆ É necessário uma abordagem integrada, tendo em consideração questões organizacionais, sociais, económicas, legais, técnicas e ambientais.

◆◆ É essencial garantir benefícios sociais, económicos e ambientais para os mineiros – estas opções „em que todos saem a ganhar“ são condições básicas para o êxito.

◆◆ É necessário garantir a participação abrangente dos próprios mineiros, inclusivamente no processo de planeamento.

◆◆ O funcionamento optimizado do equipamento deve ser assegurado antes da sua utilização. A falha de equipamento pode facilmente destruir a confiança que levou muito tempo para ganhar.

◆◆ Devido às características específicas de cada operação de mineração (tipo de depósito, mineralização, tamanho, hidrologia, características sociais, económicas e culturais, etc.) um modelo de solução técnica é normalmente inapropriado. As soluções individuais têm de ser sempre desenvolvidas e adaptadas.

14

◆◆ Quando se efectuam alterações tecnológicas é obrigatório executar in situ sessões de indução conduzidas por técnicos, mecânicos e engenheiros com boa formação.

◆◆ A disseminação dos resultados das alterações tecnológicas bem sucedidas é o meio mais eficaz para a reprodução das operações piloto.

◆◆ Os mineiros devem pagar pelo seu projecto: „Paguei-o, utilizo-o e tomo conta dele.“

5.2 Acesso ao financiamento

O acesso ao financiamento é um esforço comum para os mineiros artesanais, e especialmente na extracção de diamantes em que o nível de produção é menos previsível do que, por exemplo, com o ouro. Geralmente, os bancos comerciais não estão interessados em mineiros artesanais como clientes porque o montante de dinheiro em questão é, normalmente, demasiado baixo para justificar os custos administrativos e a MAPE tende a carecer de qualquer outra garantia12. Para além disso, os bancos tendem em não ter experiência suficiente em MAPE assim não são capazes de avaliar com êxito os riscos e potenciais recompensas.

As fontes alternativas de financiamento para a mecanização de mineiros artesanais incluem: empresas de pequena e média escala, proprietários de máquinas e vendedores de equipamento, compradores locais de diamantes e investidores. Estes últimos são frequentemente uma fonte de financiamento para os mineiros artesanais, todavia, os seus empréstimos fazem com que, muitas das vezes, o mineiro se torne financeiramente dependente e que a mecanização seja limitada pois os financeiros mantêm grande parte dos lucros baseando-se no risco envolvido.

O investimento de pequena e média dimensão pela cooperação da MAPE/MME revelou-se viável em estudos de casos da RDC e Guiana.

Em casos em que as actividades MAPE são pré-financiadas por indivíduos particulares tais como distribuidores, corretores ou outros financiadores, como é comum na Guiné, Serra Leoa, RDC e mais recentemente no Gana, a mecanização depende frequentemente da capacidade do mineiro em convencer o

12 Na Guiana, todavia, na sequência do elevado preço do ouro, os bancos estão a "acordar" e estão mais receptivos a conceder empréstimos a mineiros de pequena e média escala (ver o estudo efectuado na Guiana).

financiador do impacto positivo deste tipo de investimento na produção. A influência relativa do mineiro depende se este é considerado pelo financiador como um mutuário ou como um parceiro de negócios. Para além disso, nos casos em que os financiadores vêem os mineiros como um mero investimento sem qualquer outro interesse ou conhecimento sobre o processo, é mais difícil para o mineiro defender a mecanização.

Num sistema diferente, que é típico do Brasil, uma percentagem do produto final é prometida aos proprietários do respectivo equipamento pelos serviços técnicos e mecânicos. Um „investidor“ (financiador) paga ao mineiro um salário mínimo e em contrapartida recebe 50% da produção do mineiro. Do  mesmo modo, o mineiro pode pagar pelos serviços de que necessita (bombagem de água ou extracção do minério) dando uma percentagem da sua produção ao proprietário do equipamento. Desta forma, a mecanização é possível sem ter uma grande quantidade de capital adiantado; e divide também o risco por um maior número de participantes. Obviamente que o sistema só funciona se a produção for declarada honestamente (nível razoável de coesão social e confiança).

Outras opções financeiras na Guiana incluem:

◆◆ participação directa apoiada por sistemas de crédito para a compra de equipamento por parte dos mineiros;

◆◆ cooperação entre os colegas mineiros.

◆◆ Apesar da pesquisa nesta área ser algo limitada, parece que os períodos de amortização tendem a ser longos e com taxas de juro extremamente elevadas, o que desincentiva os mineiros dos investimentos necessários a longo prazo para uma mecanização de êxito. Apesar disto, tem havido exemplos de financiamento mútuo onde o investidor também realiza um contributo financeiro considerável.13 Outra questão fundamental é a garantia do empréstimo que é difícil para os mineiros artesanais que não tenham reservas de minério exploradas contabilizadas. Fundos de garantia mútua Deram provas de êxito em comunidades estáveis. Apesar disso, nenhum deles estava coligado à mineração aluvial, um subsector caracterizado por riscos

13 exemplo, para mineiros cuja principal actividade é a extracção de pegmatites de pedras preciosas em comunidades rurais do Madagáscar, projecto ATPEM

15

geológicos e de mobilidade, etc., ainda mais elevados. As possibilidades de financiamento podem ter mais êxito quando baseadas em sistemas de empréstimo e financiamento locais existentes e com a gestão de organizações locaisincorporadas na economia regional e no ambiente cultural. Apesar disso, é imprescindível um conhecimento mínimo da mineração, do risco geológico e das estruturas de custo na instituição de crédito. o co-financiamento pode aumentar o êxito, ou seja, caso em que o próprio investidor realiza um contributo financeiro considerável. Parece ser importante juntar créditos com poupanças de forma a gerar uma cultura bancária (estudo bancário e de créditos para o Gana, GTZ e BGR). Os exemplos positivos são aqueles onde omediador de crédito avança para o risco de mineração, como por exemplo FONEM, na Bolívia, durante os anos 80 e 90. Isto evita que as empresas de mineração se „matem“ através de programas de mecanização demasiado ambiciosos e disponibiliza procedimentos „negociáveis“ (viabilidade, reservas etc).

5.3 A relação custo-eficácia de tipos e níveis diferentes de mecanização

5.3.1 – Contrato/Aluguer vs. custos de compra

Nos países africanos parece existir mercados muito bem estabelecidos para serviços de movimentação de terras (mineração por contrato, uma práctica comum nas operações de mineração industrializadas para minimizar os custos de investimento adiantado) e/ou aluguer de equipamento junto de empresas especializadas. Em operações de diamantes aluviais, as retro-escavadoras (e também camiões, carregadores frontais, bulldozers, etc.) são normalmente alugados a uma empresa que assegurou a capacidade de manutenção e um stock de peças sobressalentes. A comparação de preço entre os custos de investimento e custos de aluguer ou de serviço mostrou que o custo de compra ou contratação de equipamento difere substancialmente de uma peça

de equipamento para outra.14 Segundo a pesquisa do estudo de caso, os preços relativos para equipamento de aluguer ou de arrendamento aumenta à medida que se realiza a deslocação em direcção ao produto final (diamantes). Isto leva à conclusão de que uma abordagem mista ao financiamento da mecanização com mineração por contrato para a remoção de terreno detrítico (combinada com o enchimento de poços explorados), extracção manual do aluvião explorável e uma instalação de concentração mecanizada própria pode ser em muitas situações a melhor solução.

5.3.2 – níveis salariais locais vs. custo de mecanização

As experiências globais sugerem que o grau ideal de mecanização da mineração artesanal depende dos custos relativos do trabalho manual em relação às opções mecanizadas. Isto pode ser visto como uma razão para a mecanização bem sucedida da mineração de diamante artesanal na América do Sul (Brasil e Guiana) onde os salários (dos mineiros artesanais) são relativamente superiores em comparação com os de muitos países africanos. A perspectiva para os projectos de mecanização de êxito tende em ser maior em países com um nível salarial superior.

5.3.3 – Construção lenta ou procedimento acelerado

A mecanização completa da MAPE pode significar um salto qualitativo nas operações artesanais, com os seus requisitos de capital financeiro, físico e humano, para operações similares à mineração semi-industrial praticamente de um momento para o outro. Este tipo de abordagem de „procedimento acelerado“ deve normalmente ser financiado através de dívida e acesso a fundos externos, ou seja, através de uma entidade doadora ou governamental.

14 Por exemplo, na Serra Leoa uma bomba com um valor de mais de 1.000 dólares americanos pode ser alugada por 2-3 dólares por dia, ou seja, 0,2% do seu valor, ao passo que uma instalação de lavagem com um valor de entre 3.000 e 5.000 dólares americanos é alugada por 600 dólares americanos por dia, ou seja, 20% do seu valor; na Guiana o proprietário do crivo fica com 55% da produção total; no Brasil, nos casos em que a exploração do aluvião é subcontratada a empresas de movimentação de terras, 25% da produção é paga para estes serviços - isto realça que, apesar dos custos de investimento, o valor acrescentado na etapa de processamento é muito superior ao da exploração de aluvião; na Guiné é de prática geral para mineiros de pequena escala mecanizados subcontratarem o movimento de terras ao passo que o processamento do aluvião é realizado numa instalação de crivo própria.

16

Equipamento para fabrico local Equipamento a ser importado

Pré-mecanização Filtro/crivo, pá, saco, balde, corda, guincho, catana

Mecanização não motorizada

Crivo manual, peneira móvel

Pós-mecanização Bomba de cascalho, draga-aspiradora, draga com transporte aéreo, tambor giratório, crivo, tremonha de alimentação, mesa de selecção, carro de mão

Gerador, bomba de água (motorizada ou eléctrica), retro-escavadora, carrinha 4X4, tractor de lagarta, escavadora, carregadores frontais/traseiros

tabela 2 – Local de fabrico de diferentes tipos de equipamento utilizados

Todavia, o montante financeiro elevado necessário e o alto risco de falha torna esta abordagem menos atractiva se não for efectuado um investimento substancial para garantir as condições pré-existentes de êxito.

Em contrapartida à abordagem de „procedimento acelerado“ em relação à mecanização, Nick Hunter15 distingue a abordagem de „construção lenta“, trabalhando a partir da base de que tempo e dinheiro estão directamente relacionados. Por exemplo, uma falta de fundos atrasa o desenvolvimento. No entanto, a evidência que Hunter apresenta sugere que mesmo com fundos limitados os mineiros artesanais conseguem realizar a mecanização com êxito – e talvez até com mais êxito - no desenvolvimento mais lento. Se os mineiros artesanais realizarem a mecanização numa base de passo a passo podem tirar partido, de forma mais eficaz, dos seus lucros gradualmente maiores através do reinvestimento dos seus lucros em melhorias técnicas e mecânicas contínuas. Os erros efectuados ao longo do percurso são de baixo custo e podem, portanto, contribuir para um processo de aprendizagem gradual em vez de pôr em risco todo o processo. Em contraste com a mecanização de „procedimento acelerado“ a abordagem de „construção lenta“ pode, portanto, produzir resultados mais sustentáveis, baseados num processo gradual de tentativa e erro que significa que os mineiros podem cometer erros de baixo custo. Isso facilita também uma aprendizagem mais aprofundada sobre mineração mais complexa no que diz respeito à operação de novo equipamento e, para além disso, sobre melhorias na

15 Hunter, 1993.

compreensão e gestão do financiamento das empresas, mercados, compra e venda, custos e preços, orçamentos e planos, manutenção, segurança e protecção, etc. Estas competências sociais importantes não acompanham um investimento inicial (apesar de serem indispensáveis para o êxito), e são geradas a partir da experiência operacional.

Caso esta abordagem seja adoptada, a mecanização iniciar-se-ia com um aspecto da sequência da mineração (por exemplo, concentração) e depois prolongar-se-ia passo a passo até à mecanização de outras fases de produção com um novo passo a ser considerado apenas depois do passo anterior ter sido concluído e reembolsado. Esta é a estratégia ideal para garantir uma mecanização de êxito.

5.4 o potencial do fabrico local

uma mecanização bem sucedida depende do quão próximo está o fornecimento, fabrico, manutenção e reparação, bem como o fornecimento de peças sobressalentes para o equipamento utilizado. os estudos do país realçam que nos países em que uma determinada tecnologia está disseminada, existe um fabrico local estabelecido para essas ferramentas. Os estudos realçam que os obstáculos técnicos para o fabrico local ou regional de ferramentas mecânicas são reduzidos16. A alta tecnologia como, por exemplo, ferramentas hidráulicas, electrónicas ou eléctricas é geralmente proveniente de empresas internacionais.

16 Ver Priester et al. Tools for Mining, GTZ, 1994

17

6 ConCLuSão E rECoMEndAçõES

6.1 Conclusão

Este relatório tem como objectivo considerar como e que tipo de mecanização deve ser encorajado como meio de incentivo à formalização e aumento de produtividade, como base para ajudar a desenvolver o sector de mineração artesanal de diamantes e comunidades afectadas. A grande variedade de factores influenciadores – obstáculos ou factores de êxito – mostra que qualquer programa que vise a mecanização tem de ser criado a partir de um enquadramento local, regional e nacional. Uma vez que este enquadramento difere consideravelmente de país para país, não pode ser fornecida uma abordagem normalizada para a mecanização. Em vez disso, os resultados essenciais do presente estudo devem ser utilizados como um auxiliar de selecção para identificar e compreender os potenciais obstáculos e factores de incentivo para a mineração artesanal de diamantes aluviais.

6.2 Elementos chave para um programa de mecanização bem sucedido

Os elementos chave de um programa de mecanização bem sucedido devem incluir um acesso adequado a serviços de aconselhamento de formação financeira, técnica e de gestão e participação das várias partes interessadas.

6.2.1 – técnicas para o incentivo à adopção e difusão de novas tecnologias

Antes de qualquer difusão, as medidas técnicas e ambientais seleccionadas têm de ser testadas e adaptadas conjuntamente com os mineiros e aprovadas pelos mesmos. Apenas as técnicas perfeitamente operacionais devem ser apresentadas aos mineiros.

Geralmente, as tecnologias de baixo custo e simples têm um potencial de difusão muito superior ao dos métodos dispendiosos e/ou complexos.

Deve prestar-se especial atenção para compreender a forma como as minas e os mineiros estão organizados, as relações socioeconómicas entre mineiros, minas e proprietários de terras, compradores de diamantes e financiadores, e as dimensões culturais da produção e comercialização (religião, costumes, superstições, etc.). Em muitos casos, estes aspectos e condições são decisivos para a delineação de um programa de disseminação bem sucedido. Em contraste com as questões técnicas, os aspectos sociais, económicos e culturais são muito mais difíceis de mudar.

Os desenvolvimentos económicos bem sucedidos começaram sempre como “experiências” por parte de empresas individuais que testaram uma inovação com algum êxito e obtiveram vantagens económicas. Posteriormente, estas soluções foram copiadas e aplicadas por países vizinhos. Os “modelos” podem ser extremamente úteis na difusão do conhecimento. Uma “mina piloto” tem como função inicial experimentar e optimizar alternativas tecnológicas diferentes, e tornar-se posteriormente um modelo para outras minas.

6.3 Propostas para ajuda transversal ao sector

6.3.1 – resolução de impedimentos jurídicos à mecanização

A maior parte dos códigos de mineração nos países avaliados faz distinção entre operações artesanais e mineração industrializada padrão, com cada categoria a ter procedimentos administrativos e requisitos de formalização bastante diferentes. Contudo, na maior parte dos casos, não está prevista uma transição de um nível para outro, o que levanta um obstáculo jurídico à mecanização. Para além de medidas piloto para a mecanização, a DDI e os governos dos países membros do PK devem desenvolver mecanismos legais que permitam a transição gradual de operações artesanais para operações de pequena escala (visando o desenvolvimento de micro-empresas e empresas de pequena dimensão, licenciamento, regime de propriedade e acesso a terras).

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6.3.2 – orientação de melhores práticas na MAdA

Independentemente da natureza do projecto piloto ou das medidas promocionais para a mineração artesanal de diamantes aluviais, é altamente recomendável baseá-la num conceito de melhores práticas. A mecanização irá alterar os processos de mineração aplicados e dará origem a novos riscos relacionados com o ambiente, cumprimento de requisitos nacional legais e fiscais, saúde e segurança no trabalho e bem-estar social. Por conseguinte, é indispensável que os mineiros, responsáveis governamentais e outras partes interessadas relevantes concordem mutuamente acerca de um conceito claro de mineração responsável, que inclua princípios ambientais, sociais e económicos. Tanto as agências governamentais como os operadores de MAPE, devem comprometer-se a aplicar este código voluntário que visa a utilização de práticas de mineração responsáveis e um desenvolvimento sustentável. Estes códigos voluntários são um elemento muito importante que complementa o quadro jurídico vinculativo já existente.

6.3.3 – desenvolver uma melhor compreensão dos obstáculos e factores de êxito da formalização

Dada a importância da formalização para os países membros do PK, bem como para a mecanização da MADA, seria prudente investigar melhor os obstáculos e factores de êxito da formalização de modo a assegurar que a mecanização seria de facto um meio ideal para alcançar este outro objectivo. Numa primeira fase, seria extremamente útil avaliar sistematicamente a situação noutros países.

6.3.4 – Apoio à formalização da MAdA através da integração do sector no processo EItI

A RDC, o Gana e a Serra Leoa estão a tentar obter a certificação no âmbito da Iniciativa para a Transparência nas Indústrias Extractivas (EITI), a qual se centra geralmente no sector de mineração formal. Contudo, uma inclusão do sector artesanal pode contribuir para um diálogo optimizado entre as principais partes interessadas, melhorando deste modo o ambiente para a formalização.

6.4 Propostas para projectos piloto

Para apoiar a mecanização da MADA nos países membros do PK, é recomendável a adopção de medidas piloto. Dado o carácter informal do sector da MADA e para que os programas visem estes intervenientes informais, é altamente recomendável que seja prestada a assistência proposta numa zona legalmente protegida. Isto significa que os governos teriam de participar nos acordos de projectos piloto e garantir que os mesmos iriam operar sob um regime especial, na condição de serem utilizados para gerar experiências para um melhor desenvolvimento do sector.

6.4.1 – Melhoria a nível local e adaptação das tecnologias já existentes para a concentração de diamantes

Como consequência da análise de obstáculos e de factores de êxito para a parte de transferência de tecnologia de um projecto piloto, as técnicas a aplicar não deverão ser seleccionadas apenas pelo seu valor técnico. Mais especificamente, os antecedentes socioeconómicos e socioculturais dos mineiros e a infra-estrutura local e regional da zona devem ser integrados no planeamento. Isto inclui particularmente as possibilidades do fabrico de equipamento a nível local. A maior parte do equipamento necessário para a concentração de cascalho de diamantes aluviais pode e deve ser produzido em fábricas nacionais, regionais e locais. A incidência deverá centrar-se antes na optimização de uma técnica conhecida e melhoria da sua operação do que na introdução de uma nova. Em especial para os países africanos que praticam MADA, é necessário desenvolver e disseminar um conjunto apropriado de tambor giratório, crivo, bombas e sistema gerador de energia, bem como desenvolver dragas simples em combinação com equipamento de concentração. As ferramentas de fabrico local da Guiana podem ser as pioneiras no âmbito da adaptação e do fabrico local nos países africanos visados.

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6.4.2 – Apoio aos fornecedores de equipamento de fabrico local

Em vez de apoiar directamente o sector de mineração, uma abordagem alternativa ou complementar seria apoiar o fabrico de equipamento e indústria de fornecimento local. O desenvolvimento e a melhoria das indústrias de fabrico locais para que consigam produzir ferramentas e equipamentos apropriados podem contribuir em grande medida para incentivar a mecanização local. As medidas específicas incluem o fornecimento de modelos conceptuais de maquinaria para adaptação local, organização de testes no terreno, formação em metalomecânica, controlo de qualidade e campanhas de promoção. Isto deverá ser realizado com oficinas local ou regionais já existentes. Esta abordagem utiliza o próprio interesse das empresas em vender o produto como uma força impulsionadora para a disseminação. Foram igualmente realizadas experiências excelentes com a colaboração de escolas técnicas.

6.4.3 – Experiência com serviços de mecanização específicos

Um estudo de caso de país indica claramente que o aluguer de equipamento mecanizado se torna mais dispendioso à medida que nos aproximamos do produto final (diamantes). Isto sugere que nesse país especialmente, uma intervenção direccionada à mecanização através de equipamento pertencente à própria pessoa deveria visar primeiro da fase de processamento uma vez que o equipamento das outras fases da sequência de mineração pode ser alugado com uma maior facilidade.

Recomenda-se a implementação de um projecto piloto que apoie os mineiros artesanais na combinação da mecanização com o seu próprio equipamento de processamento através da contratação de serviços comerciais para remoção do terreno detrítico. Isto requer um apoio ao projecto piloto através de serviços de aconselhamento (planeamenrto técnico e operacional, considerações de ordem ambiental), apoio à gestão (planeamento financeiro, realização de concursos, contratação, monitorização e controlo de qualidade), capacitação da organização da MADA e desenvolvimento de competências.

6.4.4 – Apoio à cooperação e coabitação da MAPE com as empresas de mineração de grande ou média dimensão

É possível ultrapassar um grande número de obstáculos promovendo a mecanização da MAPE através da cooperação entre mineiros artesanais e empresas de mineração de média a grande dimensão. Pode-se ir buscar inspiração a diversos exemplos tanto do seio do sector diamantífero (por ex., de estudos de caso da Guiana e RDC, da Mwadui Community Diamond Partnership na Tanzânia) e de fora do mesmo (por ex., do projecto “Live and Let Live” da Gold Fields no Gana). Cada projecto teria de ser avaliado individualmente mas, de um modo geral, é possível obter uma cooperação mais eficiente quando as grandes empresas legalmente presentes no país fornecem equipamento e pessoal para a lavagem e concentração de cascalho que contém diamantes e os mineiros artesanais se concentram na extracção. A empresa de mineração teria o direito de comprar as pedras produzidas pelo seu equipamento e mineradas na sua concessão.

O projecto piloto teria como função fornecer os contratos modelo adequados entre os parceiros de mineração com base em experiências de melhores práticas já existentes. Todas as partes envolvidas têm um papel a desempenhar nesta disposição: as autoridades governamentais e locais, a empresa de mineração de média/grande dimensão, a MAPE e as autoridades tradicionais. O projecto piloto deverá promover uma atitude para uma cooperação bem sucedida e prestar a assistência necessária. Se cada um deles se adaptara uma nova forma de fazer as coisas, é possível criar projectos em que todos saem a ganhar, bem como novos financiamentos, desenvolvimento de capacidades e melhor compreensão entre as operações de larga escala legalmente presentes no país e a MAPE. As experiências do projecto piloto devem ser disseminadas como exemplos de melhores práticas.

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7 rEFLExõES FInAISExistem exemplos de todo o mundo em que os mineiros artesanais conseguiram passar da mais básica das operações a gerir as suas próprias minas de pequena ou até de média dimensão nos seus países de origem. Contudo, estes exemplo são raros. Os países raramente criam um ambiente favorável ao desenvolvimento dos mineiros artesanais e, em vez de cuidarem do seu sector autóctone através de esforços específicos no sentido de profissionalizar os seus mineiros artesanais para que estes se convertam em mineiros empresariais adequados, preferem facilitar o investimento e o desenvolvimento por parte de intervenientes estrangeiros. Isto pode ser mais barato e fácil e proporcionar lucros mais imediatos, especialmente para o estado. Contudo, o ênfase dado ao sector artesanal de uma nação pode proporcionar um desenvolvimento mais sustentável e lucros mais elevados a longo prazo para as pessoas e eventualmente para o estado (Tibbett 2009). Ajudar os mineiros artesanais a mecanizar as suas operações como parte de uma abordagem integrada para a formalização poderia ajudar a criar uma cultura de profissionalização, que poderia alimentar um desenvolvimento local e nacional mais sustentável. Contudo, tal como este estudo demonstrou, só a mecanização (ou formalização) não consegue alcançar estes benefícios do desenvolvimento. É necessário utilizar uma abordagem integrada, incluindo o investimento na resolução de outros obstáculos para o desenvolvimento na  MAPE.

5. Enxada dianteira que extrai a areia do cascalho na parte inferior de uma trincheira, Gana

Embora, facilitar o investimento

e o desenvolvimento por parte de

intervenientes estrangeiros pode ser

mais barato e fácil ,e proporcionar

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para o estado; o ênfase dado ao

sector artesanal de uma nação, pode

proporcionar um desenvolvimento mais

sustentável e lucros mais elevados

a longo prazo, para as pessoas,

e eventualmente para o estado.

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© DDI International, 2010 – Mecanização da mineração artesanal de diamantes aluviais: as barreiras e os factores de successo