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CENTRO DE ESTUDOS DE HISTORIA E CARTOGRAFIA ANTIGA SÉRIE SEPARATAS 222 DAS TRAVESSIAS CIENTIFICAS À EXPLORAÇÃO REGIONAL EM ÁFRICA UMA OPÇÃO DA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA POR MARIA EMÍLIA MADEIRA SANTOS MINISTÉRIO DO PLANEAMENTO E DA ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO SECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA TROPICAL LISBOA • 1991

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CENTRO DE ESTUDOS DE HISTORIA E CARTOGRAFIA ANTIGA

SÉRIE SEPARATAS222

DAS TRAVESSIAS CIENTIFICASÀ EXPLORAÇÃO REGIONAL EM ÁFRICA

UMA OPÇÃO DA SOCIEDADEDE GEOGRAFIA DE LISBOA

PORMARIA EMÍLIA MADEIRA SANTOS

MINISTÉRIO DO PLANEAMENTO E DA ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIOSECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIAINSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA TROPICAL

LISBOA • 1991

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Separata doBoletim da Sociedade de Geografia de Lisboa

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DAS TRAVESSIAS CIENTÍFICAS À EXPLORAÇÃO REGIONALEM ÁFRICA: UMA OPÇÃO DA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA

DE LISBOA*

Por MARIA EMILIA MADEIRA SANTOSDirectora do Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga do IIÇT

Pode dizer-se, sem lugar para dúvidas, que a Sociedade de Geografia deLisboa ou os homens que nela se empenhavam representam os verdadeiros impul-sionadores das grandes travessias da África realizadas pelos exploradores portu-gueses nos anos de 1876 e 1885.

Foram eles que se aperceberam da oportunidade e urgência em apresentar àEuropa científica e política, explorações sensacionais ao nível internacional.

Mas foram também eles que decidiram quando foi tempo de mudar de tática,terminar com as grandes explorações geográficas em extensão, e ocupar-se da explo-ração regional, do estudo aprofundado e científico das áreas da África portuguesa,para delas apresentar um conhecimento de nível europeu, não só nas chancelarias dasgrandes potências coloniais, mas nos congressos internacionais que começavam a terlugar, assim como nas exposições que as grandes capitais se orgulhavam de or-ganizar e em que Portugal participou muitas vezes graças ao empenhamento doshomens da S.G.L..

O debate que teve lugar durante a preparação da «Expedição CientíficaPortuguesa à África Austral» em 1876, terá sido o primeiro sinal de duas orientaçõesperante a exploração terrestre em África que se podem detectar no último quartel doséculo XIX, impulsionadas, primeiro pela Conferência de Bruxelas e aceleradas pos-teriormente pela Conferência de Berlim.

Os membros da então «Comissão Permanente de Geografia» dividiram-se emdois grupos que defendiam, um, encabeçado por Luciano Cordeiro, a travessia, ou-tro, representado por José Júlio Rodrigues, a exploração dos territórios consideradossob soberania portuguesa.

A posterior flexibilidade dos homens dedicados ao estudo da geografia, naadopção de novas posições, demonstra a sua grande capacidade de se informar,

* Ao terminar a redacção desta conferência, verifiquei que ela podia bem ser uma homenagem aosengenheiros civis e militares que labutaram, quase anonimamente, nas colónias africanas portuguesasdesde 1877 até próximo dos nossos dias.

Será um modesto contributo para que se faça justiça a estes homens, cuja obra centenária está longede ser reconhecida, como a de Serpa Pinto, Capelo e Ivens, mas que, tal como eles ou mais que eles, con-tribuíram para o prestígio nacional através da mesma ciência que foi e é a Geografia.

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reflectir e adaptar a novas circunstâncias, na ocasião oportuna e no tempo útil.Em Junho de 1876, a direcção da S.G.L. decide expor o seu ponto de vista

através de uma representação a S.M. sobre «a conveniência científica, económica epolítica de se empreender uma expedição portuguesa através do sertão africano decosta a costa (...)» (1).

A apoiar esta iniciativa, de carácter marcadamente geográfico e político,estava a Associação Comercial de Lisboa que assim demonstrava, como viria a fazê--lo repetidas vezes, a sua compreensão da complementariedade entre o político e oeconómico. (2)

Uma acesa discussão sobre o plano da expedição, em que a direcção destaSociedade defende calorosamente a travessia, teria lugar na Sessão de 7 de Novem-bro de 1877, quando os expedicionários se encontravam já em Angola.

Luciano Cordeiro anunciava triunfante que recebera correspondência dosviajantes e que a expedição, após o encontro com Stanley, decidira alterar oitinerário, (que a limitava ao estudo da área de Angola), atravessar até ao Zambeze,estudar o Lualaba, cortar o Niassa e sair em Moçambique.

«Que este projecto de itinerário tinha consideráveis vantagens perfeitamenteobvias, e realizava exactamente o pensamento de lei (...)».

Deve dizer-se que as intervenções dos vários membros da Sociedade foram,quase sem excepção, no sentido de corroborar a opinião do seu Secretário. (3)

O Visconde de S. Januário afirmou mesmo que «o plano do Governo eramesquinho enquanto que a travessia tornaria respeitável o nome português (...)».

Apenas a reacção de José Júlio Rodrigues, defensor da exploração parcial,não se fez esperar: o Ministério da Marinha resolvera expedir ordens para que osexploradores seguissem o primeiro plano. As instruções do Governo, enviadas nestesentido, deviam encontrar os exploradores quando eles chegassem ao Bié.

Como é sabido foi exactamente no Bié que os exploradores se separaram:Serpa Pinto avança para a travessia, satisfazendo os anseios da S .G.L.; Capelo Ivensfazem a exploração das zonas consideradas sob soberania portuguesa, segundoordens oficiais defendidas pelo próprio ministro Andrade Corvo.

Desta vez venceram as duas orientações. Era a época das grandes exploraçõessensacionais que precisávamos fazer ecoar nas sociedades científicas e entre adiplomacia europeia.

Passados oito anos, imediatamente antes da Conferência de Berlim, estaimposição fazia-se sentir ainda com mais intensidade. Pinheiro Chagas envia aÁfrica várias expedições destinadas a definir os limites daquilo que se desejava fosse«o domínio português em África».

Fora a S .G .L. que alertara em 1881 para a urgência de definir fronteiras de umdomínio que se pretendia extenssissimo, mas em relação ao qual se alegavam fun-

(1) Actas das Sessões da Sociedade de Geografia de Lisboa, vol. I, p. 11.(2) Actas das Sessões da Sociedade de Geografia de Lisboa, vol. I, p. 12.(3) Idem, vol. I, pp. 66-69.

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damentalmente «direitos históricos». (4)Embora deva dizer-se que os preparativos para a segunda expedição de Capelo eIvens a África, em 1884, não contaram com uma participação activa da S.G.L..

Efectivamente a expedição ficou estritamente ligada ao Ministério da Marinhae Ultramar e à recém criada Comissão de Cartografia.

A nomeação desta comissão em 1883, totalmente desligada da S.G.L., foirecebida como uma verdadeira afronta. A assembleia lamenta profundamente que«fosse completa e totalmente esquecida a S.G.L. iniciadora dos trabalhos carto-gráficos e geográficos referentes às possessões ultramarinas». (5)

Terá sido esta a principal razão pela qual a S.G.L. foi preterida na organizaçãoda segunda viagem de Capelo e Ivens.

Nas suas instruções pouco rigorosas, Pinheiro Chagas dava-lhes carta brancapara cortarem em África, a partir de Angola, o itinerário que melhor entendessem inloco.

Mas a verdade é que, se havia alguém em Lisboa que tinha boas razões paraesperar ver surgir a expedição na costa oriental de África, era Luciano Cordeiro. Odedicado secretário perpétuo da S.G.L. tivera entrevistas com os expedicionários etrocara com eles mpressões sobre o seu grande sonho, que era afinal também deles:a realização de uma verdadeira travessia científica portuguesa em África. Planeada,completa, útil, e se possível sensacional.

Na carta que escreve a Capelo e Ivens após a recepção do bombásticotelegrama, expedido por estes de Moçambique, anunciando a travessia, LucianoCordeiro não esconde o quanto ansiava por receber aquela semi-surpresa, cujoconhecimento guardara apenas para si.

A S.G.L. recebeu-os como heróis. A Sessão Solene no teatro de S. Carlos a1 de Outubro de 1885 teve o fausto dos grandes acontecimentos e constituiria, (6)como veremos, o fecho das grandes travessias heróicas da África Austral, derepercussão internacional.

Por um lado, a simples viagem em extensão deixava de ter significadodiplomático a partir das novas normas do direito colonial estabelecidas na Con-ferência de Berlim, em Fevereiro de 1885. Por outro lado, o espaço político europeuem África, organizado nas chancelarias das grandes potôpcias coloniais, segundoprincípios totalmente alheios à realidade local, repugnava aos geógrafos, técnicoshabituados ao rigor da medida e ao apoio da observação.

Vão ser os engenheiros dos caminhos de ferro e das expedições de obraspúblicas, criadas em 1877, que, faziam chegar os seus relatórios técnicos às Sessõesda S.G.L., a tornarem-se os responsáveis por uma evolução, admiravelmente rápidapara uma época em que as comunicações entre Portugal e as colónias eram difíceise as condições de trabalho destes homens bem duras.

(4) Ao Povo Português (...), Lisboa, 1881.(5) Actas das Sessões da S.G.L., vol. I, 1876-1881, p. 100.(6) Idem, vol. V, 1885, pp. 27-31.

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Efectivamente já em 1879, ainda sob o entusiasmo que suscitara, a travessiade Serpa Pinto, a S.G.L. «tendo em vista animar e proteger os estudos geográficose tornar conhecidas as colónias e os territórios que lhe ficam próximos, delibera (...)mandar explorar por pessoas competentes as colónias, estudando-as e descrevendo--as sob o ponto de vista da sua geografia, linguística, etnografia, climatologia,demografia e patologia. Publicar os trabalhos geográficos e científicos que tivessempor objecto observações e estudos directamente feitos nas respectivas localidadetropico-equatoriais. Previa-se a instituição de um prémio para a melhor memória emtrabalho original que se escrevesse a respeito de geografia é colonização das terrasde África tropico-equatorial. (7)

Um ano depois especificavam-se melhor os objectivos. «Que se continuemas explorações geográficas, não só as que respeitam à geografia física (...), mastambém as de geografia zoológica, botânica, geológica, etnografia e linguística». (8)

E, facto extremamente significativo, os nomes dos chefes das expedições deobras públicas a Moçambique e Angola surgem emparceirados com os dos gloriososexploradores.

«Que continuemos as explorações científicas, encetadas modernamente, pelamaneira mais brilhante, por alguns homens ilustres, como Serpa Pinto, Brito Capelo,Roberto Ivens, Joaquim José Machado, Manuel Rafael Gorjão e Anchieta». (9)

É Joaquim José Machado, engenheiro militar, tendo cursado a EscolaPolitécnica e a Escola do Exército, que regressado de Moçambique, na sua funçãode director das Obras Públicas daquela colónia, com a maior firmeza, chama aatenção para as deficiências técnicas dos meios de comunicação nas colóniasafricanas.

Considerando como sendo «o grande problema, cuja solução interessahoje todas as nações civilizadas, as comunicações seguras para o interior docontinente africano (...) o engenheiro propõe-se analisar a importância das vias decomunicação e a sua influência no desenvolvimento do comércio, da industria, daagricultura e no progresso da civilização». (10)

Mas ainda, esclarece Francisco Chamiço, o grande dinamizador do BancoNacional Ultramarino, acerca do consumo dos produtos portugueses em África; «osconsumidores existiam já na África: eram os indígenas e apenas se tornava ne-cessário estabelecer relações com o interior, abrindo vias de comunicação.» (11)

Terminaria nas Sessões seguintes, por aludir ao auxílio que o crédito prestaao comércio local e expor «a conveniência que havia de o Banco Ultramarinoestabelecer agências em Quelimane e em Lourenço Marques.» (12)

Depois de em três Sessões consecutivas Joaquim José Machado ter prendidoa atenção da assembleia, reconhecia-se «que o distinto engenheiro fizera revelações

(7) Idem, vol. I, 1876-1881, p. 157.(8) Actas das Sessões da S.G.L., vol. I, 1876-1881, p. 209.(9) Idem, vol. I, 1876-1881, p. 211.(10) Idem, vol. I, 1876-1881, p. 277.(11) Idem, ibidem.(12) Idem, vol. I, 1876-1881, p. 283.

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de muito interesse, que deviam considerar-se lições de subido valor (...). Que emPortugal se ignoravam estas coisas e portanto, era conveniente dar às comunicaçõesdo Sr. Machado muita publicidade.» (13)

Que o parlamento devia ocupar-se destas questões e os legisladores deviamser informados, para que ficassem habilitados a votar as medidas indispensáveis àreorganização da administração colonial.

Efectivamente publicaram-se em separata as três sessões da S.G.L. nas quaiso engenheiro Machado usara da palavra. Aliás a Sociedade mostrou sempre conhecere saber utilizar a função didática e política da geografia e do seu ensino. Empenhou--se em esclarecer o público em geral preparando um compêndio de geografiacolonial, a adoptar nos institutos de instrução secundária (14), assim como cartas dasvárias colónias, susceptíveis de darem à população a representação gráfica da nossapolítica africana. «É necessário tornar vulgares e divulgar as cartas; para isso épreciso que sejam baratas (...).» (15)

Convicto desta necessidade de informação correcta e directa JJ . Machadopropõe em Janeiro de 1881 que-se publiquem com «a máxima regularidade possíveltodos os documentos e escritos relativos ao ultramar e especialmente os relatóriosanuais dos governadores e outros funcionários». (16) O parlamento não poderiaalegar ignorância. Técnicos competentes e «africanistas» interessados procuravaminformar os responsáveis pela governação.

A «Comissão Africana» criada no seio da S.G.L. em 1878 para examinarpormenorizadamente os assuntos referentes àquele continente, trabalhava comafinco deste então, propondo que, além do reconhecimento geográfico e levan-tamento das cartas de Angola e Moçambique, se explorasse o terreno sob o ponto devista geológico e mineralógico. (17) O levantamento hidrográfico das costas eportos, o problema das balisagens e dos faróis, (18) as explorações botânicas, (19)estavam igualmente no âmbito das suas reflexões, traduzidas em propostas epareceres devidamente fundamentados e com frequência apresentados ao Governo.

Os estudos e a execução dos caminhos de ferro de Lourenço Marques eAmbca levantaram as mais acesas celeumas, mas, embora os seus projectos tenhamexigido aprofundados estudos das áreas atravessadas, não poderemos aqui ocupar--nos de tão complexo problema. O mesmo se poderia dizer no referente às estaçõescivilizadoras cujos trabalhos preparatórios foram confiados, a exploradores, enge-nheiros e pessoas conhecedoras das províncias que além da descrição das regiões,deviam preparar uma carta geográfica da África, com a sua localização difundindo--a profusamente pelo país. (20)

(13) Idem vol. I, 1876-1881, p. 289.(14) Idem, vol. II, 1882, p. 182.(15) Actas das Sessões da S.G.L., vol. V, 1885, p. 41 - Estava em análise um mapa publicado pela

revista As colónias Portuguesas, que preenchia os requisitos pretendidos pela S.G.L.(16) Idem, vol. I, 1876-1881, p. 301.(17) Idem, vol. I, 1876-1881, p. 317.(18) Idem, vol. m, 1883, pp. 83-87.(19)Idem,ibidem,p. 89.(20) Idem, vol. I, 1876-1881, p. 452.

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Alargando o seu raio de acção, ou antes de reflexão, a Sociedade cada vez seocupa mais de «fins práticos e eminentemente úteis». (21)

ÉM.R. Gorjão (director de obras públicas e encarregado do caminho de ferrode Ambaca) que assume frontalmente esta posição em 1882: «desde que a S.G.L.,deixando de tratar exclusivamente de questões científicas, se ocupa de assuntos deadministração colonial, é necessário, para que o seu influxo seja benéfico, que as suasconsultas e os seus debates tenham uma feição essencialmente prática, isenta deilusões teóricas para que tendem mais ou menos, as sociedades científicas, quandotratam de questões desta ordem, e o nosso carácter meridional». (22) Ousa mesmoapelidar a comissão africana de teórica e acrescenta que «as informações oficiais eoficiosas acerca das colónias nem sempre são exactas, e que o nosso pecúlio deconhecimentos em coisas de África, há poucos anos diminutíssimo, é ainda hoje emextremo reduzido». (23)

O pragmatismo evidenciado na primeira metade da década de oitenta pelaS.G.L. não era porém compartilhado por todos os seus membros. Continuava a haverdefensores das grandes explorações como meio mais eficaz de defender os interessesportugueses em África.

Carlos de Melo oferece-se em Abril de 1886 para realizar mais uma travessia,proposta esta de imediato apresentada à comissão africana para estudo. O seu autor,no entanto, apercebendo-se da reacção dos seus pares «lastimava que não houvessea unanimidade que houve em 1877».

Na verdade a decisão não foi fácil, as circunstâncias haviam mudado muito,e os elementos a avaliar eram agora bastante mais complexos.

Reconhecia-se que o movimento de exploração africana adquiria duas feiçõesque importava considerar.

1Q - A exploração de grande reconhecimento, de funda e rápida penetração detravessia, que é, e será ainda por muito tempo, uma das formas não só mais brilhantes,mas úteis e práticas daquele movimento.

2Q - A exploração que podemos chamar regional, a exploração parcelar, lenta,gradual, sucessiva, de cada país e de cada zona.

Devidamente informada, a comissão africana apresentava com toda a clarezaa questão. Só que não estava ainda suficientemente convicta para optar. As opiniõesexpressas eram apenas moderadamente contrárias ao projecto de Carlos de Melo ousimplesmente escusavam-se a uma posição definitiva. Os argumentos eram apenasde restrição e não de oposição. Ninguém se atrevia ainda a reprovar em definitivo astravessias heróicas. A comissão africana, composta por 14 membros votou a aprova-ção do projecto de Carlos de Melo apenas com um «vencido» e a declaração de votode J.J. Machado «achando-se convencido que o governo não fará proceder simul-taneamente às explorações gerais e parciais, opta pela oportunidade das últi-mas.» (24)

(21) Idem, vol. H, 1882, p. 47.(22) Idem, vol. H, 1882, p. 55.(23) Idem, ibidem, p. 92.(24) Actas das Sessões da S.G.L., vol. VI, 1886, pp. 53-68.

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O exemplo glorioso de Serpa Pinto, Capelo e Ivens, e principalmente o êxitoretumbante da recente travessia destes últimos, não podia deixar indiferentes outrosoficiais que desejavam sinceramente honrar o país que serviam.

Em Março de 1887 surge novo projecto de travessia encabeçado pelo capitãoAlfredo Augusto Caldas Xavier. Sujeito como de costume, ao exame da comissãoafricana, esía reconhece complacente que se trata de «beneméritos oficiais do nossoexército que se propõem secundar os trabalhos com tão feliz êxito levados a cabopelos exploradores portugueses Serpa Pinto, Capelo e Ivens.»

Os dois processos de exploração, postos em alternativa no ano anterior, eramagora apresentados com maior desenvolvimento, reconhecendo a ambos os seusméritos. A travessia, «o mais aparentemente glorioso de certo, e por isso o maisbrilhante» era sem dúvida digno da «admiração de conterrâneos e estrangeiros». Asexplorações de zonas parcelares se «não tem na opinião pública, um êxito tão com-pleto, não é menos seguro, (...), que são realmente preferíveis às longas travessias».

Sem querer chocar a opinião pública, ainda muito impressionada pelos seusheróicos viajantes, a comissão «entende que ambos os processos são dignos do maisalto apreço (...)», mas se a sua opinião fora decisiva perante o governo para organizaras grandes explorações, entende que agora os poderes públicos não retirarão menoreficácia da sua «intervenção na solução do problema africano pelas exploraçõesparciais, em bases mais modestas na aparência, mas mais imediatamente utili-záveis.» (25)

À comissão punha-se como questão prévia a seguinte dúvida:«Será agora o momento histórico apropriado, para tentar novas travessias ou

será pelo contrário mais asada a ocasião para partir dos traços gerais para os dadosparticulares e de pronto e imediatamente utilizáveis?». Fazendo uma retrospectivada sua actuação neste particular, a comissão africana reconhecia que apenas três anosantes a situação internacional justificara a travessia de Capelo e Ivens.

«Era indispensável, em tal momento histórico, fazer explorações ruidosas,travessias políticas; mostrar-nos ao mundo e fazer falar de nós pelos nossos feitos daactualidade, em contrapartida às intrigas do presente; assim o compreendeu eaconselhou a S.G.L.; assim o exigiu a opinião pública (...). O efeito político e moraldas travessias está conseguido (...).

O que deverá pois seguir-se a esse reconhecimento geral? (...) Repetir inde-finidamente as travessias?» (26)

Agora porém quando a Inglaterra avançava para os Matabeles, entabulavarelações com o Barotse, se propunha dominar a Machonalândia e exigia saídas parao mar através do Zambeze e Lourenço Marques, a situação era bem diferente e acon-selhava uma estratégia totalmente diversa. «(...) era chegado o momento de passarà especialidade, ganhando, em intensidade de exploração, o que se perdia em ex-tensão linear de percurso.» Exprimindo-se de forma mais pragmática o que interes-

(25) Actas das Sessões da S.G.L., vol. VII, 1887, p. 78-79.(26) Idem, vol. VII, 1887, p. 79-81.

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sava agora era «uma apreciação exacta do que nos pertence, e do que estamos en-carregados de civilizar.» (27)

«Pode porventura admitir-se em bom critério, que, quando ainda não conhe-cemos praticamente, e com dados geográficos os nossos limites; quando se definiuna conferência de Berlim, que para ser respeitado o direito de ocupação deve esta seractiva, se pretendam derivar neste momento esforços para outro sentido que não sejao do conhecimento exacto e circunstanciado do que ocupamos e pretendemosocupar?» (28)

Mais do que desaconselhar as travessias a comissão africana propõe que sedirija «uma enérgica propaganda (...) a favor da exploração simultânea de diversaszonas parcelares (...)». (29)

Desta vez a votação foi unânime, apesar de Joaquim José Machado estarausente em Moçambique. A 27 de Maio de 1887 a S.G.L. assumia que o ciclo dastravessias estava terminado, e devia dar-se prioridade à exploração regional. (30)

A 19 de Novembro de 1888 chega-se mesmo à conclusão de que as expedi-ções de obras públicas do ultramar deveriam ter trabalhado como «verdadeirasbrigadas de reconhecimento geográfico» e então «nós não teríamos ido moderna-mente atravessar primeiro aÁfrica, sem havermos atravessado ou percorrido o Ben-go, o Cuanza ou o Cunene.» Porque os dados geográficos e económicos assim comotopográficos eram condições prévias para que se pudesse elaborar um plano deviação terrestre e fluvial, principalmente tratando-se de empreendimentos da enver-gadura dos caminhos de ferro. (31)

Nomes como o de Augusto Cardoso, António Maria Cardoso, Paiva deAndrada, Sárrea Prado, Afonso Morais Sarmento, Neves Ferreira, Manuel FerreiraRibeiro, Victor Cordon, Artur de Paiva, Paiva Couceiro são alguns dos muitosexploradores que trabalhavam contra o tempo, procurando acompanhar a «corridaà África», em zonas susceptíveis de serem disputadas por outras potências coloniais,como era a Machonalândia, o Níassa, o Baixo Cubango.

Em Abril de 1889 chegava Joaquim José Machado de Moçambique, e, comode costume, as suas intervenções na S.G.L. foram firmes e convicentes, senãoalarmantes. A S.G.L. devia avisar o governo sobre a real expansão colonial inglesae a sua extraordinária rapidez, à qual era necessário opor medidas enérgicas. (32) Ea verdade era que as fronteiras de Moçambique naquela área estavam aindaindeterminadas. (33)

Uma das situações que mais agudizava a questão era o facto de a Inglaterrater fornecido a Lobengula, rei dos Matabeles, 1.000 espingardas Martini Henry e300.000 cartuchos, vigorando um acordo entre o governo português, inglês e alerrião

(27) Idem, ibidem, p. 81.(28) Idem, ibidem, p. 83.(29) Idem, vol. VÊ, 1887, p. 83.(30) Idem, ibidem, p. 86.(31) Actas das Sessões da S.G.L., vol. VIII, 1888, p. 121.(32) Idem, vol. IX, 1889, pp. 20-28.(33) Idem, ibidem, p. 45.

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sobre a proibição de introdução de armas na África Oriental. (34).Não vem aqui a propósito a análise pormenorizada da política internacional

na África Austral. É do conhecimento geral que a Inglaterra rasgava ao meio o mapacor de rosa e empurrava para o litoral os limites dos domínios portugueses. Mas averdade é que na metrópole, o problema era debatido por poucos, limitados ao âmbitode associações científicas particulares cuja opinião, embora publicitada, não encon-trava repercussão nem a nível económico nem político.

«O país corresponde com a máxima indiferença aos cuidados e esforços dogoverno (...). Há anos que nesta casa se fazem conferências, que se publicamrelatórios (...) mas nem as informações, nem a perspectiva do interesse (...) actuamsobre o público em geral e sobre os nossos capitalistas em especial.» (35)

E no entanto a solução não exigia grandes disponibilidades financeiras:viagens de exploração e estudo, missões religiosas, sistema de arrendamento deprazos, concessões de minas, linhas telegráficas, caminhos de ferro. Para um técnicoprático das coisas africanas em 1 de Abril de 1889 ainda «tudo isto são trabalhos queestão perfeitamente ao alcance dos nossos recursos e dentro das nossas faculda-des.» (36)

Mas a 11 de Novembro desse mesmo ano Luciano Cordeiro informava J. J.Machado acerca das últimas representações da Sociedade sobre assuntos africanos,que «o governo não tinha sequer acusado a recepção destas representações.» (37)

A criação da British South África Company concretizava todas as previsõese representações apresentadas pela S.G.L. ao governo. Havia que reconhecer que aoavançar para territórios considerados sob a soberania de Portugal durante trêsséculos, a companhia inglesa pouco encontraria «que evidenciasse a nossa ocupaçãoe acção civilizadora permanente (...).» (38)

Todas as medidas de ordem prática e utilitária, que tinham vindo a seraconselhadas, se tornavam agora urgentes: a navegação no Zambeze, a abertura deestradas, a construção de linhas telegráficas, as linhas férreas, a colonização comemigrantes europeus.

Estava-se porém a dois meses do ultimato inglês. As armas da S.G.L. eramapenas as da ciência e do bom senso. A 2 de Dezembro «Considerando que é funçãolegal da S.G.L. pugnar pela verdade científica, na esfera do seu trabalho e relações,e concorrer quanto em si caiba para o desenvolvimento pacífico e civilizador do con-tinente africano faz votos para que a diplomacia inglesa se informe melhor que» osterritórios encorporados no distrito do Zumbo e os das zonas do Zambeze, do Chiree do Niassa (...) «sempre foram em boa ciência» incluidos na soberania portugue-sa. (39)

A Sessão de 20 de Janeiro de 1890 foi uma manifestação de pesar. Mas, su-

(34) Idem, vol. IX, 1889, p. 95.(35) Idem, ibidem, p. 42.(36) Idem, ibidem, p. 48.(37) Idem, ibidem, p. 87.(38) Actas das Sessões da S.G.L., vol. IX, 1889, p. 99.(39) Idem, ibidem, p. 118.

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perando o grave momento, Luciano Cordeiro sublinhava as muitas manifestações deaplauso e estimulo público que aquela Sociedade científica estava recebendo. (40)

Para provar a «boa ciência» dos geógrafos e cartógrafos portugueses nadamais adequado do que uma exposição de cartas geográficas relativas aos nossos des-cobrimentos e explorações, acompanhada da respectiva bibliografia. A 21 de Fe-vereiro a proposta estava formulada por Borges de Figueiredo e pouco depois apre-sentada pela secção de geografia histórica e história da geografia da qual faziam par-te, além do proponente, Vicente de Almeida de Eça e Ernesto de Vasconcelos, entreoutros. (41)

Desejava-se que a exposição abrisse ainda naquele mesmo ano no mês deJunho e se limitasse à África, área para onde convergiam todas as atenções. Abririaem Dezembro de 1903 com uma riqueza cartográfica que ia desde o Brasil ao Japãoe desde Cabo Verde a Timor.

Luciano Cordeiro, o secretário perpétuo da S .G.L., mais velho que Ernesto deVasconcelos apenas oito anos, havia falecido prematuramente, três anos antes.Ernesto de Vasconcelos sucedendo-lhe no lugar, acabaria por ser o grande obreiroda exposição realizada, como ele próprio reconhece «com um êxito que ficou acimade toda a expectativa». (42)

Praticamente todas as salas da S.G.L. estavam ocupadas pela exposição. Osexemplares expostos cobriam quatro séculos de cartografia, desde as obras de LázaroLuís, D. João de Castro, Fernão Vaz Dourado, João Teixeira até às cartas executadaspela Comissão de Cartografia, cujas relações com a S.G.L. eram agora maiscooperantes, dado que Ernesto de Vasconcelos exercia cargos de direcção nas duasprestigiosas instituições.

Na sessão inaugural o presidente afirmava que «os mapas expostos significa-vam a figuração gráfica de esforços colossais em tenacidade, bravura, valor efectivoC > . (43)

A exposição cartográfica de 1903-1904 foi efectivamente a opção adequadade uma sociedade científica na procura de uma resposta de nível cultural a um pro-blema político cujo tratamento directo estava fora do seu âmbito.

São prova desta conclusão os slides que vamos passar, como exemplo da per-sistência e do rigor dos geógrafos portugueses e do valor do seu trabalho nas duas dé-cadas que separam a criação da Comissão de Cartografia da abertura da exposição:era a corrida à África figurada pela Cartografia.

1 - Este é nem mais nem menos que o Mapa Cor de Rosa editado em 1886,sobre o qual, mão guiada por conhecimentos da divisão política do espaço africanodesenhou em largas pinceladas cinzentas os estados africanos do Barotze (Lozi),Matabeles, Catanga de Muchire, Estados da Lunda do Muatiânvua e Estados do

(40) Idem, vol. X, 1890, p. 8.(41) Idem, ibidem, pp. 76-78.(42) Exposição de Cartographia Nacional (1903-1904) Catálogo, direcção de Ernesto de Vascon-

celos, Lisboa, 1904, p. V(43) Exposição de Cartographia Nacional (1903-1904) Catálogo, direcção de Ernesto de Vascon-

celos, Lisboa, p. XV.

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DAS TRAVESSIAS CIENTÍFICAS À EXPLORAÇÃO REGIONAL 113 - 122

Cassongo.Na margem inferior, uma legenda anunciava «Brevemente será publicada a

edição definitiva desta carta com a orografia».2 - E na verdade ainda no mesmo ano surgia a «Carta da África Meridional

Portuguesa» com a orografia já bastante completa. A bem conhecida Serra daMuchinga atingida pelos sertanejos, o planalto do hinterland de Benguela, o planaltodo Machuculumbes, grande reserva de elefantes ainda hoje mantida pela Zâmbia co-mo parque nacional.

3 - Carta de Moçambique de 1889. A Machonalandia encontra-se já divididaentre Portugal e a Inglaterra por uma fronteira de risco contínuo. Na zona do Zumboo território português alargava-se com uma larga indefinição entre o Sanhate e a Ser-ra da Muchinga tocando os estados do Catanga ou Garanganja de Musire. Nas Mar-gens do Zambeze entre a confluência do Cafué e do Sanhate assinalava-se a AringaS. Francisco Xavier e a presença de comerciantes de Tete estabelecidos em toda azona.

4 - Carta de Angola de 1892. As fronteiras estavam ainda longe de umadefinição. Na fronteira da Lunda, a viagem de Henrique de Carvalho não surtira ain-da os respectivos efeitos diplomáticos. Na zona do Barotse e do Lovale o tracejadocorresponde à indefinição resultante do ultimato e exigiria da parte de Ernesto deVasconcelos, Gago Coutinho e outros, grandes esforços in loco.

5 - Carta de Moçambique de 1894. O sonho cor de rosa definitivamente per-dido. Pinceladas largas em zonas ainda mal delimitadas. A Machonalandia fora dazona portuguesa, apenas com um tracejado querendo marcar a não aceitaçãodefinitiva. O Zumbo constituía, no Zambeze, o limite máximo. Largas pinceladas re-presentavam graficamente o incidente de Serpa Pinto na sua subida do Chire com oschamados Macorrolos sob protecção britânica.

6 - Carta de Moçambique de 1903. Das pinceladas incertas passa-se ao rigordo traço.

Mostramos aqui apenas as cartas gerais, porque o tempo não permite mais.Poderíamos apresentar sondagens de portos, o maravilhoso estudo de Ernesto deVasconcelos sobre o Zaire submarino, planos hidrográficos, cartas em pequenaescala de distritos, plantas de cidades.

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