das homilias de são joão crisóstomo, bispo, sobre a primeira carta aos coríntios

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SÃO BARTOLOMEU, Apóstolo (FESTA) – 24 de Agosto Nasceu em Caná; o Apóstolo Filipe levou-o a Jesus. Segundo a tradição, depois da Ascensão do Senhor pregou o Evangelho na Índia, onde recebeu a Coroa do Martírio. SEGUNDA LEITURA Das Homilias de São João Crisóstomo, Bispo, sobre a Primeira Carta aos Coríntios (Homilia 4, 3. 4: PG 61, 34-36) O DÉBIL DE DEUS É MAIS FORTE QUE OS HOMENS A mensagem da Cruz, anunciado por uns homens sem cultura, teve uma virtude persuasiva que alcançou todo o orbe da terra; e tratava-se de uma mensagem que não se referia a coisas sem importância, mas a Deus e à verdadeira religião, a uma vida conforme o Evangelho e ao futuro juízo, uma mensagem que converteu em sábios uns homens rudes e ignorantes. Isso demonstra-nos que o néscio de Deus é mais sábio que os homens, e o débil de Deus é mais forte que os homens. Em que sentido é mais forte? Conquanto invadiu o orbe inteiro e submeteu todos os homens, produzindo um efeito contrário ao que pretendiam todos aqueles que se esforçavam em extinguir o Nome do Crucificado, já que fez, com efeito, que este Nome obtivesse um maior brilho e difusão. Eles, pelo contrário, desapareceram e, ainda durante o tempo em que estiveram vivos, nada puderam contra um morto. Por isso, quando um pagão diz de mim que estou morto, é quando mostra a sua grande estupidez; quando ele me considera um néscio, é quando a minha sabedoria se mostra superior à sua; quando me considera débil, é quando ele se mostra mais débil que eu. Porque nem os filósofos, nem os mestres, nem qualquer mente humana teria podido sequer imaginar tudo o que eram capazes de fazer uns simples publicanos e pescadores. Pensando nisto, dizia Paulo: O débil de Deus é mais forte que os homens. Esta força da pregação divina demonstram-na os factos seguintes. De onde veio àqueles doze homens, ignorantes, que viviam junto a lagos, rios e desertos, o acometer uma obra de tão grandes proporções e o enfrentar-se com todo o mundo, eles, que seguramente não tinham ido nunca à cidade nem se tinham apresentado em público? E mais, se temos em conta que eram medrosos e abatidos, como sabemos pela descrição que deles nos faz o Evangelista, que não quis dissimular os seus defeitos, o que constitui a maior garantia da sua veracidade. Que nos diz deles? Que, quando Cristo foi preso, uns fugiram e outro, o primeiro entre eles, o negou, apesar de todos os milagres que tinham presenciado. Como se explica, pois, que aqueles que, enquanto Cristo vivia, sucumbiram ao ataque dos judeus, depois, uma vez morto e sepultado, se enfrentaram contra o mundo inteiro, se não é pelo facto da Sua Ressurreição, que alguns negam, e porque lhes falou e lhes infundiu

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SÃO BARTOLOMEU, Apóstolo (FESTA) - 24 de Agosto Nasceu em Caná; o Apóstolo Filipe levou-o a Jesus. Segundo a tradição, depois da Ascensão do Senhor pregou o Evangelho na Índia, onde recebeu a Coroa do Martírio. SEGUNDA LEITURA Das Homilias de São João Crisóstomo, Bispo, sobre a Primeira Carta aos Coríntios (Homilia 4, 3. 4: PG 61, 34-36) O DÉBIL DE DEUS É MAIS FORTE QUE OS HOMENS A mensagem da Cruz, anunciado por uns homens sem cultura, teve uma virtude persuasiv a que alcançou todo o orbe da te

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Page 1: Das Homilias de São João Crisóstomo, Bispo, sobre a Primeira Carta aos Coríntios

SÃO BARTOLOMEU, Apóstolo (FESTA) – 24 de Agosto

Nasceu em Caná; o Apóstolo Filipe levou-o a Jesus. Segundo a tradição, depois da Ascensão do Senhor pregou o Evangelho na Índia, onde recebeu a Coroa do Martírio.

SEGUNDA LEITURADas Homilias de São João Crisóstomo, Bispo, sobre a Primeira Carta aos Coríntios (Homilia 4, 3. 4: PG 61, 34-36)

O DÉBIL DE DEUS É MAIS FORTE QUE OS HOMENS

A mensagem da Cruz, anunciado por uns homens sem cultura, teve uma virtude persuasiva que alcançou todo o orbe da terra; e tratava-se de uma mensagem que não se referia a coisas sem importância, mas a Deus e à verdadeira religião, a uma vida conforme o Evangelho e ao futuro juízo, uma mensagem que converteu em sábios uns homens rudes e ignorantes. Isso demonstra-nos que o néscio de Deus é mais sábio que os homens, e o débil de Deus é mais forte que os homens.

Em que sentido é mais forte? Conquanto invadiu o orbe inteiro e submeteu todos os homens, produzindo um efeito contrário ao que pretendiam todos aqueles que se esforçavam em extinguir o Nome do Crucificado, já que fez, com efeito, que este Nome obtivesse um maior brilho e difusão. Eles, pelo contrário, desapareceram e, ainda durante o tempo em que estiveram vivos, nada puderam contra um morto. Por isso, quando um pagão diz de mim que estou morto, é quando mostra a sua grande estupidez; quando ele me considera um néscio, é quando a minha sabedoria se mostra superior à sua; quando me considera débil, é quando ele se mostra mais débil que eu. Porque nem os filósofos, nem os mestres, nem qualquer mente humana teria podido sequer imaginar tudo o que eram capazes de fazer uns simples publicanos e pescadores.

Pensando nisto, dizia Paulo: O débil de Deus é mais forte que os homens. Esta força da pregação divina demonstram-na os factos seguintes. De onde veio àqueles doze homens, ignorantes, que viviam junto a lagos, rios e desertos, o acometer uma obra de tão grandes proporções e o enfrentar-se com todo o mundo, eles, que seguramente não tinham ido nunca à cidade nem se tinham apresentado em público? E mais, se temos em conta que eram medrosos e abatidos, como sabemos pela descrição que deles nos faz o Evangelista, que não quis dissimular os seus defeitos, o que constitui a maior garantia da sua veracidade. Que nos diz deles? Que, quando Cristo foi preso, uns fugiram e outro, o primeiro entre eles, o negou, apesar de todos os milagres que tinham presenciado.

Como se explica, pois, que aqueles que, enquanto Cristo vivia, sucumbiram ao ataque dos judeus, depois, uma vez morto e sepultado, se enfrentaram contra o mundo inteiro, se não é pelo facto da Sua Ressurreição, que alguns negam, e porque lhes falou e lhes infundiu ânimo? De contrário teriam dito: “Que é isto? Não pôde salvar-se a Si mesmo, e vai-nos proteger a nós? Quando estava vivo não se ajudou a Si mesmo, e agora, que está morto, nos estenderá uma mão? Ele, enquanto vivia, não convenceu ninguém, e nós, com somente pronunciar o Seu Nome, persuadiremos todo o mundo? Não só fazer, senão pensar algo semelhante seria uma coisa irracional”.

Tudo pelo qual é prova evidente de que, se não o tivessem visto Ressuscitado e não tivessem tido provas bem claras do Seu poder, não se tinham lançado a uma aventura tão arriscada.

RESPONSÓRIO 1Co 1, 23-24; 2Co 4, 8; Rm 8, 37

R. Nós pregamos Cristo Crucificado: escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os chamados a Cristo: * força de Deus e sabedoria de Deus.V. Apertam-nos por todos os lados; mas em tudo isto vencemos facilmente por Aquele que nos amou.R. Que é força de Deus e sabedoria de Deus.