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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO DANILO FLORENTINO MAIA ALUMÍNIO E SILÍCIO NA PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL Niterói, 2/2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO

DANILO FLORENTINO MAIA

ALUMÍNIO E SILÍCIO NA PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL

Niterói, 2/2017

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DANILO FLORENTINO MAIA

ALUMÍNIO E SILÍCIO NA PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL

Projeto Final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Química, oferecido pelo departamento de Engenharia Química e de Petróleo da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia Química.

ORIENTADOR

Profo. Dr. Emmanoel Vieira da Silva Filho

Niterói, 2/2017

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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

M217 Maia, Danilo Florentino

Alumínio e silício na produção de cerveja artesanal / Danilo

Florentino Maia. – Niterói, RJ : [s.n.], 2017.

76 f.

Projeto Final (Bacharelado em Engenharia Química) –

Universidade Federal Fluminense, 2017.

Orientador: Emmanoel Vieira da Silva Filho.

1. Cerveja. 2. Silício. 3. Alumínio. 4. Produção de cerveja. 5.

Doença de Alzheimer. I. Título.

CDD 663.42

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RESUMO

Há algumas décadas têm sido levantados muitos questionamentos sobre a relação do alumínio com o agravamento de doenças neurológicas como Alzheimer, além de males associados à estrutura óssea. Nos últimos anos, legislações ao redor do mundo têm restringido o uso de equipamentos de alumínio industrialmente. O setor cervejeiro no Brasil foi um dos afetados por estas medidas. Paralelamente, nas últimas décadas vêm sido debatidos os efeitos benéficos da ingestão de silício no combate a males associados ao alumínio, tanto em plantas quanto em animais. Um dos motivos apontados como provável causa é a formação de complexos entre o alumínio livre ou hidróxidos de alumínio e o ácido ortossilícico, e a alta liberação destas espécies do corpo humano através de mecanismos de excreção. Há menos de uma década, uma série de pesquisas evidenciou a cerveja como um dos principais contribuintes de silício na dieta humana, e também puseram em destaque seu possível papel no alívio dos males já citados, pois nesta bebida o silício se encontra principalmente em uma forma altamente monomerizada, de fácil associação com espécies de alumínio disponíveis. No presente trabalho analisou-se, quanto aos níveis de silício e alumínio, uma série de cervejas comerciais, de grandes e pequenas cervejarias, além de duas cervejas artesanais produzidas especificamente para este estudo, uma em caldeirão de aço inox e outra em caldeirão de alumínio. Como outros estudos já realizados, os resultados apontaram as cervejas, principalmente as artesanais ou de microcervejarias, como importantes fontes de silício biodisponível na dieta humana. Concomitante, os resultados sugeriram que tanto o uso de caldeirões de alumínio na fabricação quanto o armazenamento da bebida em latas podem influenciar significativamente os níveis de alumínio em cerveja, e indicaram que o uso de caldeirão de alumínio na produção de cerveja artesanal não representou um fator de transferência de alumínio maior que o envasamento de cerveja em latas de alumínio. Este estudo sugere, ainda, a necessidade de futuras pesquisas no sentido de se avaliar a influência da escolha dos ingredientes, equipamentos e processos nos níveis de alumínio e silício em cerveja, além de incentivar estudos sobre as interações entre estes elementos e sobre a biodisponibilidade das espécies formadas no que diz respeito a saúde humana.

Palavras-chave: cerveja, artesanal, silício, sílica, alumínio, Alzheimer, microcervejaria.

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ABSTRACT

Since a few decades many questionings have been raised about the relationship between aluminum and the aggravation of neurological diseases like Alzheimer, as well as illnesses related to bone structure. In the last years, legislations around the world have restricted the industrial use of aluminum equipment. The brewery sector in Brazil was one of the affected by those measures. At the same time, in the last decades, the beneficial effects of silicon in the fight against illnesses associated with aluminum, both in plants and animals have been debated. One of the reasons cited as probable cause is the formation of complexes between free aluminum or aluminum hydroxides with orthosilicic acid, and the high release of these species from the human body through excretion mechanisms. Less than a decade ago, a number of studies have highlighted beer as one of the main contributors to silicon in the human diet, and have also put in the spotlight its possible role in alleviating the illnesses already mentioned, since in this beverage silicon is mainly found in a highly monomerized form, of easy association with available aluminum species. In the present work, a series of commercial beers, from large and small breweries, as well as two craft beers produced specifically for this study, one in a stainless steel cauldron and another in an aluminum cauldron, were analysed for silicon and aluminum levels. Like other studies done, the results pointed out beers, especially craft beers or beers from microbreweries, as important sources of bioavailable silicon in the human diet. Concurrently, the results suggest that both the use of aluminum cauldrons in the production and the storage of the beverage in cans can significantly influence the aluminum levels in beer, and indicated that the use of aluminum cauldron in craft beer production did not represent a greater factor of aluminum transfer than bottling of beer in aluminum cans. This study also suggests the need for future research in order to evaluate the influence of the choice of ingredients, equipment and processes on aluminum and silicon levels in beer, as well as to encourage studies on the interactions between these elements and on the bioavailability of formed species regarding human health.

Keywords: beer, craft, silicon, aluminum, Alzheimer, microbrewery.

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LISTA DE ABREVIATURAS

acum.: acumulada

Al: alumínio

conc.: concentração de

DPR: desvio padrão relativo

id.: identificação

n.d.: não detectado

N.D.: não determinado

n: número de replicatas

ppb: partes por bilhão (μg/L)

proc.: processo

Si: silício

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Si ao longo de cada processo .................................................... 41

Figura 4.1 – Perfil de concentração de Si para cada processo ....................... 57

Figura 4.2 – Perfis de concentração de Al e de pH para cada processo ......... 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Fontes de Si e suas contribuições na ingestão humana ............. 32

Tabela 2.2 – Si em cervejas comerciais ......................................................... 39

Tabela 2.3 – Si em cevada e malte ................................................................ 39

Tabela 2.4 – Si em lúpulos ............................................................................ 39

Tabela 2.5 – Si em maltes ............................................................................. 40

Tabela 2.6 – Si ao longo de cada processo ................................................... 41

Tabela 3.1 – Cervejas comerciais selecionadas – Marcas, cervejarias e locais

de fabricação .................................................................................................... 43

Tabela 3.2 – Amostras selecionadas – Marcas, envasamentos, lotes e

validades .......................................................................................................... 44

Tabela 3.3 – Cervejas comerciais selecionadas – Informações ...................... 45

Tabela 4.1 – Concentração de Si e de Al e pH de cervejas comerciais

selecionadas – Média dos grupos de amostras .................................................. 50

Tabela 4.2 – Concentração de Si – Grupos de Amostras A, B e C ................. 51

Tabela 4.3 – Concentração de Al – Grupos de Amostras A, B e C ................. 52

Tabela 4.4 – Amostras envasadas em latas – Grupos de amostras A, B e C –

Concentração de Al e pH .................................................................................. 53

Tabela 4.5 – Processos e pontos de coleta de amostra ................................. 55

Tabela 4.6 – Concentrações de Si e de Al, pH e condutividade elétrica ao longo

de cada processo .............................................................................................. 56

Tabela 4.7 – Variação de concentração de Si ao longo de cada processo ..... 57

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Tabela 4.8 – Variação de concentração de Al ao longo de cada processo ..... 59

Tabela 4.9 – Concentração de Al – Comparação entre os processos ............. 59

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SUMÁRIO

1. Introdução e objetivos ............................................................................ 11

1.1. Objetivos ................................................................................................... 15

2. Revisão bibliográfica .............................................................................. 16

2.1. Alumínio (Al) ............................................................................................. 16

2.1.1. Alumínio como possível fator causal de doenças ósseas e

neurológicas.. ........................................................................................................... 16

2.1.2. Al no meio ambiente e ingestão de Al por seres humanos ................. 19

2.1.3. Al em bebidas...................................................................................... 23

2.2. Silício (Si) ................................................................................................. 25

2.2.1. Si na saúde humana e interações entre Si e Al .................................. 25

2.2.2. Si no meio ambiente e em plantas ...................................................... 28

2.2.3. Si na dieta humana ............................................................................. 32

2.2.4. Cerveja como fonte de Si biodisponível .............................................. 35

2.2.5. Si no processo de fabricação de cerveja ............................................. 38

3. Materiais e métodos ................................................................................ 43

3.1. Cervejas comerciais selecionadas ......................................................... 43

3.2. Produção de cerveja ................................................................................ 46

3.3. Determinação de pH ................................................................................ 48

3.4. Determinação de Si .................................................................................. 48

3.4.1. Reagentes ........................................................................................... 48

3.4.2. Calibração e medições ........................................................................ 48

3.5. Determinação de Al .................................................................................. 49

4. Resultados e discussões ........................................................................ 50

4.1. Presença de silício (Si) e alumínio (Al) em cervejas comerciais ......... 50

4.1.1. Si ......................................................................................................... 51

4.1.2. Al ......................................................................................................... 52

4.1.2.1. Acidez e transferência de Al ................................................................. 53

4.2. Presença de silício (Si) e alumínio (Al) ao longo de cada processo de

produção de cerveja artesanal conduzido ............................................. 55

4.2.1. Si ......................................................................................................... 57

4.2.2. Al ......................................................................................................... 59

4.2.2.1. Perfis de pH ......................................................................................... 62

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4.3. Comparação das cervejas produzidas com cervejas comerciais

selecionadas quanto aos níveis de silício (Si) e alumínio (Al) ............. 63

5. Conclusões .............................................................................................. 65

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 67

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1. Introdução e objetivos

Investigações sobre a possível toxidez do alumínio (Al) para o ser humano,

sobretudo como agente de contribuição para doenças ósseas e neurológicas,

motivaram estudos sobre a presença deste elemento nas dietas.

Metálico por natureza, o Al pode estabelecer ligações tanto iônicas quanto

covalentes. É o mais abundante dentre todos os cátions metálicos na crosta

terrestre. Está presente em minerais, geralmente ligado ao oxigênio, e é liberado

por processos de intemperismo. Ao ser liberado, o Al3+ forma complexos com

moléculas de água, resultando na liberação de íons hidrogênio e na diminuição

do pH. O Al solúvel é tóxico para a maioria das plantas, e prontamente reage com

fosfatos, tornando-se relativamente insolúvel e indisponível a plantas (McLEAN,

1976). No organismo humano, o Al inibe a mineralização dos ossos. O Al é

neurotóxico e pode, aliado a fatores genéticos, ter papel importante no

desenvolvimento da doença de Alzheimer (MJÖBERG et al., 1997). Assim, esta

doença e a fragilidade óssea podem estar relacionadas entre si por conta de uma

leve intoxicação crônica por Al, e uma alta incidência de doentes de Alzheimer e

fraturas por fragilidade óssea pode estar sendo causada por uma exposição

crescente ao Al, devido ao uso de utensílios de alumínio ou à

poluição/acidificação de ambientes aquáticos naturais onde o alumínio pode se

tornar disponível.

Diante destes fatos, estudos focaram a presença de Al em bebidas

regularmente consumidas por seres humanos. Nestes estudos o interesse se

concentrou nas relações entre as concentrações de Al nas bebidas e sua

presença nas matérias primas (água, sucos de frutas e cereais), nos elementos

auxiliares à fabricação (flavorizantes, acidulantes, corantes e conservantes) e nas

embalagens (latas de Al ou de ligas contendo Al) empregadas em sua produção,

envasamento e distribuição.

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Nos últimos anos a questão dos níveis de Al em bebidas comercializadas

tem retornado ao interesse público. Já há mais de dez anos este debate resultou

na substituição no mercado de peças de alumínio por equivalentes de outros

metais e ligas, como os aços inox (ESTEVES et al., 2014). O motivo do

ressurgimento desta pauta, desta vez, é a utilização de peças de alumínio na

produção de cerveja por algumas microcervejarias. Tal questão fez com que

muitas microcervejarias que produziam em peças de alumínio tivessem que

substituí-las por peças de outros materiais. Muitas que não puderam dar conta

das despesas com essa mudança fecharam as portas ou foram compradas por

cervejarias maiores.

Diante deste fato, escolheu-se como um dos objetivos deste trabalho,

investigar com mais exatidão a influência da aplicação de equipamentos de

alumínio sobre as concentrações de Al nas cervejas. Comparou-se, então, no

contexto de uma produção de cerveja, o uso de um caldeirão de alumínio com o

uso de um caldeirão de aço inox.

Outro elemento investigado neste trabalho foi o silício (Si). Este é o

segundo elemento mais abundante na crosta terrestre com uma participação

média de 28,8% (base peso seco) (EPSTEIN, 1999). Em geral, compostos de Si

existem em diferentes frações de solo na forma sólida, adsorvida ou em fases

líquidas (SAUER et al., 2006). As formas predominantes de Si em solos minerais

são a sílica (SiO2) e minerais silicatos que contém Si, oxigênio, metais como Al

(aluminossilicatos) e magnésio (talco) (FARMER et al., 2005; ŘEZANKA e

SIGLER, 2008). A sílica corresponde, em média, a 45% da massa do solo fértil

(SUMMERFIELD apud FAROOQ & DIETZ, 2015).

A presença majoritária de Si no solo e em plantas fornece a maior fonte

nutricional deste elemento para o corpo humano. O Si é o mais abundante

oligoelemento em humanos após o ferro (Fe) e o zinco (Zn) (DOBBIE e SMITH,

1982; SOLOMONS, 1984; WEDEPOHL, 1995). As formas solúveis de sílica,

como o ácido ortossilícico, são a principal fonte de Si absorvido por humanos e

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estão associadas a vários benefícios a saúde relacionados à estrutura e

funcionamento de vasos sanguíneos, osso, dentre outros órgãos. (REFFITT et al,

2003; POWELL et al, 2005; JUGDAOHSINGH, 2007; NIELSEN, 2014).

O Si como nutriente apresenta diversos benefícios a saúde, mas seu papel

biológico ainda permanece como um enigma. O Si ainda não é considerado um

elemento essencial apesar de crescentes evidências da existência de um forte

vínculo entre a deficiência de Si e deformidades ósseas, redução do conteúdo

cartilaginoso, problemas nas juntas e equilíbrio mineral inadequado no fêmur e

nas vertebras (CARLISLE, 1972; SCHWARZ e MILNE, 1972; SEABORN e

NIELSEN, 2002).

Outrossim, baixos níveis de Si na água potável aumentam o risco de

comprometimento cognitivo devido à alta ingestão de Al (JACQMIN-GADDA et

al., 1996). Neste sentido, estudos foram realizados sobre as interações do Si com

o Al. Neles, a presença do Si nas dietas foi investigada como possível agente de

contribuição para a redução da presença do Al no corpo humano, diminuindo,

portanto, sua toxidez.

Estudos sugerem o papel biológico do Si na eliminação de Al de

microrganismos (BELLIA et. al, 1996 apud BIRCHALL, 1992), peixes (BIRCHALL,

1989) e na absorção gastrointestinal (apud EDWARDSON et al., 1993). Quando

expostos a água, os silicatos liberam ácido ortossilícico (ou silícico) (Si(OH)4), a

uma concentração de 1–15 mg/L de SiO2. É nesta forma que o Si está

biodisponível para interação com Al em solução e para absorção no trato

gastrointestinal (EDWARDSON et al., 1993).

O ácido ortossilícico forma complexos com hidróxido de Al. Os

aluminossilicatos resultantes diminuem a disponibilidade do Al livre,

consequentemente prevenindo a ocorrência de neurodegeneração no cérebro

(DOMINGO et al., 2011). A fim de se prevenir riscos de desenvolvimento da

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doença de Alzheimer, o uso de água rica em sílica com concentrações maiores

que 11 mg/L é recomendado (GILLETTE-GUYONNET et al., 2005).

A maior parte do Si na dieta humana é derivada de cereais como arroz,

trigo, aveia e cevada (30%), seguido por frutas (particularmente banana e maçã),

vegetais (como tomate, beterraba, cenoura, feijão verde e avermelhados),

bebidas alcoólicas (principalmente as derivadas de cereais, como a cerveja) e

algumas sementes e frutas secas como uvas passas (PENNINGTON, 1991;

JUGDAOHSINGH, 2007). Também constam como fontes de Si, peixe, carne,

leite, ovos, água potável e alguns sucos de fruta.

O Si está presente nos cereais na forma de sílica fitolítica (SiO2.nH2O), um

polímero hidratado, que é de baixa biodisponibilidade. A cerveja é rica em Si

biodisponível, que pode ser obtido justamente através de técnicas de brassagem

a quente, que extraem ácido ortossilícico da sílica fitolítica da cevada. Assim,

convenientemente, a cerveja representa uma fonte nutricional significativa de Si

prontamente disponível, do qual a maior parte é rapidamente absorvida e

excretada (BELLIA et al., 1994).

Em contrapartida, os níveis de Si em produtos alimentícios diminuem

durante o processamento industrial devido à crescente tendência em cultivar

vegetais em meio hidropônico omitindo a adição deste elemento (EPSTEIN, 1994;

SRIPANYAKORN et al., 2004). Além disso, os níveis de Si na água potável

variam com a geologia da fonte da água e os processos de tratamento provocam

redução no teor de Si solúvel (PERRY & KEELING-TUCKER, 1998).

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1.1. Objetivos

Os limites de tempo e recursos disponíveis para esta pesquisa impedem

uma ampla investigação dos efeitos da ação conjunta do Al e Si ingeridos pelos

consumidores de cervejas. Sendo assim, escolheu-se como objetivos deste

trabalho:

(i) A análise, quanto aos níveis de Al e Si, de cervejas comerciais de grandes

e microcervejarias;

(ii) A comparação da influência do emprego de caldeirões de aço inox ou de

alumínio sobre as concentrações de Al ao longo do processo de produção

de cerveja artesanal.

(iii) A investigação da influência dos ingredientes da cerveja sobre a presença

de Si e Al ao longo do processo de produção de cerveja artesanal.

(iv) A comparação, quanto aos níveis de Al e Si, de cervejas comerciais com

as cervejas produzidas para este estudo.

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2. Revisão bibliográfica

Nas últimas décadas vem sendo realizadas pesquisas sobre o papel do

alumínio no aparecimento da doença de Alzheimer. Por outro lado, também foram

feitos estudos sobre a influência do silício como antagônico aos efeitos tóxicos

provocados pelo alumínio.

Assim como nas investigações quanto à presença de outras substâncias no

corpo humano e de suas influências sobre a saúde, as conclusões destes

estudos conduzem à determinação de restrições ao setor da indústria de

alimentos. Portanto, é importante que estas determinações sejam sempre

baseadas em conclusões científicas.

A seguir apresenta-se algumas contribuições de pesquisadores que

trabalharam para levantar questões e esclarecer os seguintes pontos: a relação

do alumínio com a doença de Alzheimer; a presença e biodisponibilidade do

alumínio no meio ambiente; a ingestão de alumínio pela população; a presença

de Al nos processos industriais e no envasamento de bebidas; a presença de

silício no meio ambiente e em plantas; o silício como nutriente na dieta humana e

sua relação com o alumínio; e finalmente, a presença de silício nas matérias-

primas e no processo de fabricação de cerveja. Além disso, está descrito também

o processo tradicional de produção de cerveja artesanal e uma breve explicação

sobre os grupos e estilos de cerveja.

2.1. Alumínio (Al)

2.1.1. Alumínio como possível fator causal de doenças ósseas e

neurológicas

No passado o Al foi tratado como elemento não nocivo ao organismo

humano, mas a partir da década de 70 alguns autores passaram a relacioná-lo a

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algumas doenças, o que motivou diversos estudos para sua avaliação

toxicológica. Alguns destes autores pesquisaram as relações do Al com a doença

de Alzheimer (DA) (LIUKKONEN-LILJA & PIEPPONEN, 1992)

A DA é uma doença neurodegenerativa crônica e incurável, que se

caracteriza pela progressiva deterioração cognitiva. Com a elevação da

expectativa de tempo de vida da população, esta doença se transformou em uma

das grandes questões de saúde pública. Embora o conhecimento sobre a DA

tenha evoluído, seu mecanismo causal ainda foi não foi totalmente esclarecido

(GILLETTE-GUYONNET et al., 2005).

A presença de elevadas concentrações de Al no cérebro, músculos e ossos

de pacientes com DA e outras escleroses levou à associação do Al a estas

doenças (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALUMÍNIO apud DANTAS et al., 2017).

Na década 80, Vogt (apud GILLETTE-GUYONNET, 2005) e Martyn et al. (1989)

apontaram para a presença de Al no cérebro de pacientes com DA. Desde então,

diversos estudos epidemiológicos geraram resultados conflitantes e, portanto,

inconclusivos.

Estudos indicaram que o Al é um elemento altamente neurotóxico, podendo

estar associado a degeneração neuronal em animais (YUMOTO et al., 2001). Por

ser um elemento altamente reativo, o Al pode desempenhar um papel importante

no desenvolvimento das anomalias cerebrais características da DA e de outras

doenças semelhantes (PERL & MOALEM, 2006; WALTON, 2006). Outro aspecto

que reforça esta suspeita é a incidência de Al em partes vitais do cérebro de

pacientes com DA (EXLEY, 2005, 2006).

Na década de 80, além do Al, outros elementos como chumbo, bromo e

ferro foram encontrados no cérebro de pacientes com DA mas as relação entre tal

doença e estes elementos não foi confirmada na época. Além disso, não foi

possível determinar se o acúmulo de tais elementos foi causa ou consequência

desta doença (GILLETTE-GUYONNET et al., 2005).

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Outros fatores, como a genética e a autoimunidade, também foram

investigados como prováveis causas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

ALUMÍNIO, 2000). Atualmente considera-se que a DA aparentemente envolve

uma combinação de fatores de natureza individual (provavelmente incluindo

predisposição genética) e ambiental (GILLETTE-GUYONNET et al., 2005). A

concentração de Al na água potável, por exemplo, pode ser um dos fatores de

risco ambiental para a DA.

Em 1994 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que "os dados

epidemiológicos e fisiológicos disponíveis até o presente momento não fazem

possível atribuir ao Al um papel causal na DA". Além disso, o relatório do

Programa Internacional em Segurança Química confirmou esta análise em 1997

(GILLETTE-GUYONNET et al., 2005).

Outro aspecto bastante pesquisado é a maior incidência da DA em

indivíduos que residem em regiões com maiores concentrações de Al na água

potável. No estudo de Martyn et al. (1989) foi determinado que a incidência da

doença em populações abastecidas com água contendo pelo menos 0,10 mg/L

de Al era 1,7 vezes maior que a incidência em populações abastecidas com água

contendo menos de 0,01 mg/L. Posteriormente, em diferentes cidades e para as

mesmas concentrações de Al, Michel et al. (apud AIKOH & NISHIO, 1996) e

Rondeau et al. (2000) descobriram um risco relativo de 4,53 e 2,14,

respectivamente.

Após estes estudos, Gillette-Guyonnet et al. (2005) realizaram uma

pesquisa sobre a relação entre a DA e os níveis de Al nas águas de

abastecimento de diversas cidades. No entanto, os resultados desta pesquisa

foram inconclusivos devido ao fato de que os valores de concentração de Al na

água potável apurados variaram entre 0,01 e 0,063 mg/L, sendo, portanto,

menores que os limites mínimos adotados em estudos anteriores, como os de

Martyn et al. (1989), Jacqmin-Gadda et al. (1996) e Rondeau et al. (2000). Sendo

assim, provavelmente, poucos indivíduos foram expostos a doses de Al

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suficientemente altas para serem consideradas tóxicas. Outras pesquisas

mostraram que o Al se acumulou em quantidades elevadas no cérebro de animais

submetidos a exposição prolongada a este elemento, tendo sido o órgão mais

afetado. Alguns estudos mostraram que os animais expostos a Al tiveram

concentrações elevadas deste elemento no tecido cerebral como um todo

(SRIVASTAVA & JAIN, 2002; GÓMEZ et al., 2005; GONZALEZ-MUÑOZ et al.,

2008).

2.1.2. Al no meio ambiente e ingestão de Al por seres humanos

O Al é um elemento abundante na natureza (representa cerca de 8% da

crosta terrestre). Diversas vias contribuem para a ingestão de Al pelos seres

humanos. Uma delas é a água potável, que apresenta Al devido, entre outras

fontes, a sua utilização como fator coagulante em estações de tratamento de

água (GILLETTE-GUYONNET et al., 2005).

Além das concentrações naturalmente encontradas no meio ambiente, as

condições individuais também podem contribuir para o acúmulo de Al no

organismo. Um exemplo disto é que foi observado que a ingestão de hidróxido de

Al oriundo de medicamentos e de outras fontes prejudica a saúde de pacientes

renais crônicos devido a sua deficiência em eliminá-lo do organismo (DANTAS et

al., 2007).

Em 1989 foi estabelecido pela FAO/OMS que o limite semanal tolerável

provisório para a ingestão de Al (PTWI - Provisional Tolerable Weekly Intake)

seria de 7 mg de Al por kg de massa corporal. Isso significava que, para uma

criança de 20 kg, a ingestão máxima adequada seria de até 20 mg/dia e, para um

adulto de 60 kg, de até 60 mg/dia. Estimativas mais antigas indicam que estes

valores devem ser de 30 a 60% dos valores indicados pela OMS. Por outro lado,

vale ressaltar que a ingestão de Al devido ao uso de farmacêuticos pode atingir

de centenas até milhares de miligramas diários (LIUKKONEN-LILJA &

PIEPPONEN, 1992).

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20

Baseada no atual conhecimento da toxidez do Al, a OMS recomenda uma

concentração de até 0,2 mg/L de Al na água potável. Esta estimativa não foi

realizada com base em questões de saúde, mas sim no contexto de tratamento

de água (GILLETTE-GUYONNET et al., 2005).

O Al da água potável contribui com menos de 10% da ingestão total, mas

há evidências de que o Al pode estar mais biodisponível quando dissolvido na

água potável do que quando presente em alimentos sólidos (KAWACHI &

PEARCE, 1991; MARTYN et al. 1989).

Além da dissolução em água, a biodisponibilidade do Al também pode estar

relacionada a diversos outros fatores, como por exemplo sua forma química

(DANTAS et al, 2007)

A ingestão de Al por seres humanos também pode estar relacionada ao

consumo de alimentos, antiácidos e outros medicamentos contendo hidróxidos de

Al. Enquanto na maioria dos alimentos as concentrações de Al são baixas,

geralmente menores que 5 mg/kg, algumas folhas de chá podem conter até

centenas de mg/kg. Alguns alimentos têm seus níveis de Al elevados devido ao

uso de aditivos (LIUKKONEN-LILJA & PIEPPONEN, 1992). Também foi indicado

que utensílios de cozinha e embalagens de alumínio podem ser fontes de Al

(Dantas et al, 2007). Assim, a ingestão de Al pode variar bastante dependendo do

tipo de dieta e das condições de preparo e armazenagem. (LIUKKONEN-LILJA &

PIEPPONEN, 1992)

Segundo López (2000), a ingestão média de Al é de aproximadamente 30

mg/dia.

Embora o Al seja facilmente eliminado pelo organismo, ao ser absorvido, é

distribuído em diversos órgãos do corpo, principalmente nos ossos, fígado, rins e

cérebro. Nos mamíferos, a conversão de sais de Al a fosfatos e silicatos faz com

que a absorção gastrointestinal do elemento seja baixa, devido à baixa

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21

solubilidade destas espécies formadas e a sua eliminação do organismo por via

renal (DANTAS et al, 2007).

A acidez é considerada por muitos autores o principal fator para a

transferência de Al de utensílios de cozinha para os alimentos preparados. De

acordo com Greger et al. (1985) o Al libera-se mais abundantemente em

alimentos ácidos. Por conta disso, passou-se a acreditar que não seria

recomendável o uso de materiais de alumínio para preparo e armazenagem de

alimentos ácidos. Outro fato importante é que a liberação de Al é mais elevada

em utensílios de cozinha novos (LIUKKONEN-LILJA & PIEPPONEN, 1992).

Há muitas décadas, utiliza-se utensílios de cozinha e recipientes de

alimentos confeccionados em alumínio e este uso permanece até hoje. Muitas

pessoas continuam ainda ingerindo Al liberado destes materiais sem que se

tenha ainda a noção precisa de sua verdadeira influência sobre desordens

neurológicas. Com base em estudos que indicaram tais fatos, alguns países

como a Finlândia optaram por exigir que utensílios de cozinha de alumínio

contivessem recomendações quanto ao não preparo de alimentos ácidos, pois os

mesmos podem dissolver Al no processo (LIUKKONEN-LILJA & PIEPPONEN,

1992).

Além da acidez dos alimentos, a concentração de Al em dietas depende

também do tempo de fervura dos alimentos preparados em utensílios de cozinha

de alumínio e do teor de sal. A dissolução de Al em água aquecida até o ponto de

ebulição é mais evidente em panelas novas e em tempos de fervura menores,

porém se o tempo de fervura for estendido as diferenças entre panelas novas e

antigas tornam-se menos significativas. Isto levou à conclusão de que o preparo

de alimentos ácidos, combinado à fervura da água em utensílios de cozinha de

alumínio, aumenta a ingestão diária de Al. Assim, passou-se a considerar que a

escolha do material de utensílios de cozinha tem maior impacto na ingestão de Al

do que a escolha do material de embalagens comerciais. (LIUKKONEN-LILJA &

PIEPPONEN, 1992)

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22

Analisando outro aspecto da influência de utensílios de cozinha, Dantas et

al. (2007) verificaram uma maior dissolução de Al no preparo de molho de tomate

(17,83 mg/L) em relação a outros produtos cozidos em panela de alumínio polida.

Em panela de alumínio revestida não houve migração. Estes autores também

verificaram que a presença de vinagre (ácido acético) no cozimento de carne em

panela de alumínio polida aumenta significativamente a migração média de Al

para o alimento. Na panela revestida a migração foi muito menor, o que indica

que a exposição do Al na panela polida deixa o elemento mais suscetível a

dissolução.

Frente ao fato de que a dissolução de Al em utensílios de cozinha é um

importante fator no aumento de sua ingestão, passou-se a pesquisar a resistência

à oxidação do Al. Foi concluído que esta resistência se deve à formação de uma

camada passiva composta por óxidos de Al, que se formam naturalmente na

superfície dos utensílios e que é resistente à maioria das substâncias. Dentre as

substâncias que ultrapassam tal camada destacam-se os álcalis (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE ALUMÍNIO, 2000).

Dantas et al. (2007) verificaram que, em panelas de alumínio revestidas, a

dissolução de Al foi nula para a maioria dos alimentos estudados. O único que

apresentou dissolução considerável foi o arroz (1,692 mg/kg) (peso úmido). Os

mesmos autores verificaram que em uma dieta típica brasileira, utilizando-se

panela de alumínio polida no cozimento, a quantidade de Al ingerida correspondia

a no máximo 3% do limite tolerável de ingestão da FAO/OMS (1989). Concluiu-se

que tal valor não é relevante quando se leva em consideração os níveis de Al

oriundos dos próprios alimentos, de insumos, de auxiliares industriais e também

de outras fontes.

Dantas et al. (2007), portanto, concluíram que, nas condições selecionadas

para seu estudo, a ingestão de Al resultante da transferência do metal da panela

para o alimento não implica em risco para a saúde e está bem abaixo do limite

tolerável adotado internacionalmente.

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23

2.1.3. Al em bebidas

Aikoh & Nishio (1996) encontraram concentrações relevantes de Al em

bebidas envasadas em vidro, o que os levou a sugerir a possibilidade de

contaminação durante seu processo de fabricação.

Estes autores revelaram que cervejas envasadas em latas de alumínio

apresentavam 1,5−1,8 vezes os teores de Al nas mesmas bebidas envasadas em

garrafas de vidro. Para efeito de comparação, nesta pesquisa descobriu-se ainda

que os teores de Al em refrigerantes envasados em latas de alumínio eram de

cerca de 1,3−2,1 vezes aqueles dos mesmos produtos envasados em latas de

aço e de cerca de 3,1−3,3 vezes aqueles dos mesmos produtos envasados em

garrafas de vidro.

Aikoh & Nishio (1996) sugeriram que os maiores níveis de Al em bebidas

envasadas em latas de alumínio podem ser explicados pela dissolução do Al no

conteúdo de tais embalagens a partir das mesmas. Quanto ao Al encontrado em

bebidas envasadas em latas de aço, este foi possivelmente atribuído à utilização

deste elemento no processo de fabricação a fim de reduzir a quantidade de

óxidos formados. Já o Al encontrado em bebidas envasadas em garrafas de vidro

foi relacionado à possível contaminação durante o processo industrial.

O estudo destes autores indicou concentrações de Al de até 0,165 mg/L

em bebidas envasadas em alumínio, maiores que as concentrações encontradas

por Martyn et al. (1989), Michel et al. (apud AIKOH & NISHIO, 1996) e Rondeau

et al. (2000) e associadas por estes autores a maior incidência de doença de

Alzheimer.

Saron (apud DANTAS et al., 2007), por sua vez, pesquisou a interação

entre bebidas gaseificadas e latas de Al utilizadas em seu envasamento e

concluiu que tais latas apresentaram um bom desempenho, com um teor médio

de Al encontrado inferior a 1,0 μg/g.

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Em estudo feito por Šeruga (1994), constatou-se que a dissolução de Al

em refrigerantes é dependente do tempo de armazenagem do líquido, do material

das latas e da acidez das bebidas. Inicialmente, em seu experimento, Šeruga

procurou medir, ao longo de 12 meses, a dissolução do Al em diversos tipos de

refrigerantes envasados em latas de alumínio ou de ligas de Al. Como referência

para os teores de Al no início do período do experimento, ele mediu esses teores

nos mesmos refrigerantes envasados em garrafas de plástico ou vidro. Os

valores obtidos foram baixos (entre 0,039 e 0,055 mg/L), próximos dos teores

encontrados na maioria das águas potáveis (entre 0,03 e 0,04 mg/L). Ele utilizou

estes valores como referência para o conteúdo de Al das amostras de

refrigerante ao início do período de 12 meses nos quais realizou sua experiência.

Como a literatura relata que o conteúdo de Al da maioria das águas potáveis

varia de 0,03 a 0,04 mg/L, o que o levou a concluir que, talvez, estes teores

iniciais fossem principalmente devido a água e menos por outras matérias-primas

(como sucos de fruta, ácidos, flavorizantes a base de açúcar, corantes, etc.)

Durante o período de estocagem de 12 meses foi observado que todos os

refrigerantes apresentaram progressivo aumento nos teores de Al, resultante do

processo de corrosão, que provocou dissolução do Al nas bebidas. Para todos os

refrigerantes investigados a taxa de dissolução de Al foi pequena e

aproximadamente constante durante o período de estocagem.

O acréscimo no teor de Al ao longo dos 12 meses variou entre 0,304 mg/L

(aumento de 760%) e 1,223 mg/L (aumento de 2446%), indicando que as maiores

elevações percentuais de concentração de Al estavam relacionadas com as

bebidas de maior acidez.

Šeruga observou que, em geral, além da acidez das bebidas, os fatores

que afetam a elevação das concentrações de Al nos refrigerantes eram devidos

ao tipo e à qualidade do material das latas (chapas de alumínio moldadas ou

alumínio fundido; alumínio puro ou ligas de Al), e o tempo de contato das bebidas

com o Al durante a armazenagem.

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25

Para avaliar a possível admissão de Al por consumo de refrigerantes,

Šeruga considerou a concentração média de todas as bebidas investigadas (0,8

mg/L) e supôs um consumo médio diário de 1 L (1 kg) de refrigerantes para um

adulto, obtendo um valor de admissão média diária de Al de cerca de 0,8 mg. O

autor comparou então este valor com o então, na época, determinado pela

FAO/OMS (7 mg de Al por kg de peso corporal ou 60 mg por dia para uma

pessoa adulta de 60 kg) e concluiu que o valor de 0,8 mg/dia é inferior (1,3%) a

admissão diária tolerável de Al indicada pela FAO/OMS. No entanto, a OMS

atualmente recomenda

2.2. Silício (Si)

2.2.1. Si na saúde humana e interações entre Si e Al

O Si está presente na natureza principalmente na forma de sílica mineral,

SiO2, e é considerado por muitos um elemento essencial, apesar de serem

necessários mais estudos para a compreensão de seus mecanismos bioquímicos.

Si e Al possuem uma afinidade entre si que se apresenta na forma dos

minerais aluminossilicatos. Tais minerais abrangem a maior parte da geosfera

(ILER, 1979). Quando exposto à água, silicatos liberam ácido ortossilícico,

Si(OH)4, a uma concentração de 1-15 mg/L SiO2. É nesta forma que o Si está

disponível para interação com Al em solução e biodisponível para absorção no

trato gastrointestinal (BELLIA et al, 1996). Em solução diluída o ácido ortossilícico

monomérico, Si(OH)4, interage com as espécies básicas de Al do tipo [Al(H2O)(6-

n)(OH)n](3-n)+. Uma gama de hidroxialuminossilicatos é formada com

consideravelmente menor biodisponibilidade que demais espécies compostas por

Al. Acredita-se que tais interações podem limitar a biodisponibilidade do Al em

humanos ao diminuir sua absorção gastrointestinal (BIRCHALL, 1991).

Nos últimos anos, com o crescente interesse de biólogos em compreender

a interação entre Si e plantas, a função nutricional do Si também tem recebido

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atenção em biologia humana, onde características semelhantes têm sido

atribuídas até então. O Si é predominante na dieta humana típica, com

concentrações bem maiores em alimentos derivados de plantas. Verificou-se que

o Si está associado a uma variedade de benefícios à saúde como fortalecimento

de ossos e tecidos conjuntivos, combate à alopecia, doenças cardiovasculares e

a DA (JUGDAOHSINGH et al., 2000; JUGDAOHSINGH, 2007; Nielsen, 2014).

Portanto, o Si tem um papel importante tanto em plantas quanto em humanos.

Em 1972, experimentos de privação de Si em certos animais conduzidos

por Carlisle, em paralelo com os Schwarz e Milne, sugeriram que o Si é essencial

para seu desenvolvimento. A deficiência de Si em sua dieta causou crescimento

anômalo de ossos e tecidos conjuntivos. Ambos estudos sugeriram que o Si pode

ser essencial para animais maiores, como os seres humanos, marcando o início

de numerosas pesquisas sobre Si em seres vivos e sobre sua importância para a

saúde humana, especialmente na área de ortopedia (HENCH & WILSON, 1986;

KOKUBO et al., 2004; JUGDAOHSINGH, 2007).

Posteriormente, muitos nutricionistas buscaram melhor entendimento da

importância do Si na dieta humana no que diz respeito a seus benefícios à saúde

óssea.

As formas solúveis de Si, como o ácido ortossilícico, são a maior fonte Si

biodisponível para humanos e estão associadas a vários benefícios à saúde

relacionados à estrutura e à função de diversos órgãos (REFFITT et al., 2003;

POWELL et al., 2005; JUGDAOHSINGH, 2007; NIELSEN, 2014).

Como nas plantas, o Si na dieta humana implica em diversos benefícios no

desenvolvimento, particularmente sob condições agressivas, mas seu papel

biológico ainda permanecesse como um enigma. O Si ainda não é considerado

um elemento essencial, apesar de um conjunto de evidências revelar uma forte

ligação entre a deficiência de Si e deformidades ósseas, redução nos teores de

colágeno, problemas nas juntas e equilíbrio mineral inadequado no fêmur e nas

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vértebras (CARLISLE, 1972; SCHWARZ & MILNE, 1972; SEABORN & NIELSEN,

2002).

Numerosos estudos já relataram os efeitos benéficos do Si na saúde

humana (SCHIANO apud FAROOQ & DIETZ, 2015; CARLISLE, 1988; HOTT et

al., 1993). É estimado que a ingestão diária média de Si, na forma de ácido

ortossilícico, varia de 9 a 14 mg, e que ingestões próximas a 25 mg/d podem

promover a saúde óssea (FAROOQ & DIETZ, 2015).

Estudos sobre a ingestão de Si e seus mecanismos na digestão humana

indicam que seus níveis são bem regulados em humanos. Jugdaohsingh et al.

(2002) relataram que o uso de alimentos e bebidas ricos em Si aumenta a

absorção deste elemento pelo corpo humano. Cerca de 41% do Si absorvido de

alimentos é excretado na urina, enquanto sua concentração no soro sanguíneo

permanece constante (10-31 μg/dL). A maior parte do Si absorvido é retida em

tecidos conjuntivos e uma outra fração é transferida para o cérebro (CARLISLE,

1997; JUGDAOHSINGH, 2007; ROBBERECHT et al., 2009).

Prolongada ingestão de dietas pobres em Si causa deficiências ósseas em

humanos (CARLISLE, 1981). Além disso, baixos níveis de Si na água potável

aumentam o risco de danos cognitivos devido à alta ingestão de Al (JACQMIN-

GADDA et al., 1996). O ácido ortossilícico forma complexos com hidróxidos de Al.

Os aluminossilicatos resultantes diminuem a biodisponibilidade do Al livre, assim

prevenindo a ocorrência de neurodegeneração no cérebro (DOMINGO et al.,

2011). De maneira a prevenir os riscos de desenvolvimento de DA associados ao

Al, o uso de água rica em Si com concentrações superiores a 11 mg/L é

recomendado (GILLETTE-GUYONNET et al., 2005).

Ademais, Henrotte et al. (apud FAROOQ & DIETZ, 2015) sugeriram que o

Si tem um papel na regulação do sistema imunológico e da resposta inflamatória.

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2.2.2. Si no meio ambiente e em plantas

O Si é o mais abundante elemento na crosta terrestre, com ocorrência

média de 28,8% (peso seco) (EPSTEIN, 1999) e com concentrações variando

entre 50 e 400 g por kg de solo (KODVA apud FAROOQ & DIETZ, 2015).

Compostos de Si estão presentes no solo em diferentes formas (sólida, absorvida

ou em fases líquidas) (SAUER et al., 2006), sendo a sílica (SiO2) a mais

frequente em solos minerais. Portanto, as formas predominantes de Si em solos

minerais são a sílica (SiO2), tanto na forma de minerais primários (e.g., quartzo,

feldspato, mica) como secundários (e.g., minerais de argila), que contém ainda

oxigênio e metais como Al (aluminossilicatos) e Mg (talco) (FARMER et al., 2005;

ŘEZANKA & SIGLER, 2008). A sílica corresponde a até 45% da massa do solo e

representa mais de 95% dos solos enriquecidos com Si (SUMMERFIELD apud

FAROOQ & DIETZ, 2015).

O Si também está presente em todos os organismos vivos. Nos últimos

anos, embora permaneça pouco explicada, a importância nutricional do Si na

saúde de plantas e de seres humanos tem recebido cada vez mais atenção. No

caso das plantas, o Si tem um papel fundamental em seu desenvolvimento, que

depende de seu acúmulo nos tecidos, contribuindo na proteção contra diversos

agentes externos (EPSTEIN, 1999, 2009; RAFI & EPSTEIN, 1999; RAINS et al.,

2006; MA et al., 2011). Hodson et al. (2005) indicaram que diversas plantas

acumulam Si em grandes quantidades. Quanto aos seres humanos a ingestão de

Si traz benefícios à saúde, ocorrendo essencialmente por meio do consumo de

produtos derivados de plantas. A sílica fortalece os ossos, melhora o sistema

imunológico e a saúde do sistema nervoso e do tecido conjuntivo (FAROOQ &

DIETZ, 2015).

O Si está presente em vários ciclos naturais nos mares e continentes.

(Basile-Doelsch et al., 2005). Antes da década de 60, a essencialidade da sílica

era melhor conhecida para forma de vida mais simples, como esponjas e corais,

sendo importante no desenvolvimento destes animais (Carlisle, 1997). Sendo

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assim, com base em muitos estudos, tem sido amplamente aceita a importância

funcional do Si no crescimento de plantas e em sua proteção contra agentes

externos (EPSTEIN, 1999, 2009; RAFI & EPSTEIN, 1999; RAINS et al., 2006; MA

et al., 2011).

O Si naturalmente fornecido pelo solo excede a capacidade de absorção

em muitas espécies de plantas, incluindo os cereais (EPSTEIN, 1994). Plantas

que crescem sob condições naturais estão expostas a diversos agentes

agressores. O Si melhora suas defesas físico-químicas (EPSTEIN, 1999), o que

fica mais nítido em espécies que acumulam altas quantidades de sílica (MA et al.,

2011). Por outro lado, a deficiência de sílica não interrompe o ciclo de vida das

plantas, fazendo com que este tema ainda seja muito discutido (MARSCHNER,

1995). Os mecanismos bioquímicos dos benefícios relacionados ao Si ainda não

foram suficientemente esclarecidos, sendo ainda necessárias pesquisas em

diversos campos da ciência.

Além disso, compostos de Si ocorrem sob a forma de fitólitos em plantas

ricas em sílica (CORNELIS et al., 2011). A sílica biogênica contribui com 1 a 3%

do total de Si no solo (DESPLANQUES et al., 2006).

A erosão de minerais contendo silicatos é a principal fonte de elementos

químicos para plantas terrestres e, portanto, para toda cadeia alimentar. A erosão

proporciona a dissolução de Si, principalmente na forma de ácido ortossilícico

(H4SiO4), no solo (fase líquida) e em superfície de corpos aquáticos,

apresentando concentrações entre 0,1 e 0,6 mM. Para efeito de comparação,

estes valores são cerca de duas vezes os teores de fósforo médio no solo e

semelhantes aos de macronutrientes como cálcio, potássio e enxofre (Epstein,

1994).

O ácido ortossilícico é fracamente ácido (pKa1 = 9.70 e pKa2 = 12) e,

abaixo de pH 9, apresenta-se em forma monomérica neutra, (H4SiO4)0, que é a

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forma de Si mais absorvível por humanos e plantas (KNIGHT & KINRADE, 2001;

JUGDAOHSINGH et al., 2002; MA et al., 2008).

Uma parte do Si liberado é absorvido por minerais do solo como

óxidos/hidróxidos de ferro e de Al (DIETZEL, 2002). O Si do solo captura metais

tóxicos como Al, arsênio, cádmio, ferro, manganês e zinco por complexação,

produzindo precipitados insolúveis (LIANG et al., 2005; da Cunha et al., 2008;

NAEEM et al., 2014). A sílica forma complexos com o Al criando

hidroxialuminossilicatos em solução, reduzindo a biodisponibilidade de íons de Al

tóxicos (HODSON & EVANS, 1995; LI et al., 1996; LIANG et al., 2007).

A interação do Si com metais tóxicos é importante na redução da

biodisponibilidade destes, ocorrendo através da diminuição da acidez do solo.

O acúmulo de Si em plantas varia entre 0,1 e 15% de seu peso seco. Esta

variação é explicada pela existência de diferentes mecanismos de absorção e

transporte (TAKAHASHI et al., 1990; MA et al., 2001). Mais de 500 espécies de

plantas foram classificadas de acordo com seus teores de Si (MA & TAKAHASHI,

2002). Dentre elas, destacam-se gramíneas como arroz, trigo, milho e cevada,

que foram classificadas como grandes acumuladoras de Si, com teores que

variam entre 10 e 15% (peso seco) (HODSON et al., 2005; MA & YAMAJI, 2015).

Evidências circunstanciais para a essencialidade do Si em animais e a

presença do Si na maioria das células e em organismos primitivos como

bactérias, vírus e fungos, sugerem que este elemento pode ter um papel

desejável ou até mesmo essencial em todos os organismos (SCHWARZ &

MILNE, 1972; ILER, 1979).

O Si é ativamente absorvido e transportado por diatomáceas, algas e

esponjas e é essencial para sua sobrevivência e reprodução (WERNER, 1977;

ILER, 1979).

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31

Posteriormente, muitos nutricionistas buscaram melhor entendimento da

importância do Si na dieta humana e de seus benefícios à saúde óssea.

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32

2.2.3. Si na dieta humana

Tabela 2.1 – Fontes de Si e suas contribuições na ingestão humana

fonte

plantas ingestão humana

conc. Si,

% peso seco

produto

(ingerido)

teor de Si,

mg/100 g

origem vegetal

arroz 8,0 fervido 0,98−3,76

cereal torrado e crocante 3,13

trigo 2,46 biscoitos de cereal 5,25

flocos 4,60

farinha 3,04−4,29

pão 3,5

beterraba doce 2,34 fresca 21

aveia 2,04 refeição assada 260

bolo de aveia 18,26

pão 7

flocos, cozida 1

cevada 1,82 refeição assada 240

malte 210

flocos 9

cozida 1,84

centeio 1,58 malte 11

refeição 8

farinha 7

flocos 4

soja 1,40 seca, fervida 1,19

milho 0,83 flocos 4

feijão (verde) - fresco, fervido 5−8

beterraba - fresca, cru 25,4

cenoura - fresca, cru 17

batata 0,40 purê, em pó 2

aspargo - fresco, enlatado 3

alface - fresca, cru 2

banana - fresca, cru 8

maçã - fresca, cru 0,2−0,5

nozes - torradas 0,2−0,6

(Continua)

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33

fonte

plantas ingestão humana

conc. Si,

% peso seco

produto

(ingerido)

teor de Si,

mg/100 g

origem animal

ovos - fervidos, cozidos 2−4

carne vermelha - cozida 0,5−2

peixe - cozido 0,5−1

leite - fresco, coalhada, iogurte 0,14−0,48

bebidas

bebidas alcoólicas - engarrafas, enlatadas 0,40−2,84

chás (folhas, saquinhos) - chá preto 0,81−0,86

suco de abacaxi - suco fresco 1,41

café - cafeinado 0,59

água - mineral, parada 0,54

suco de laranja - suco fresco 0,13

suco de maçã - suco fresco 0,05−1

Adaptado de Farooq & Dietz (2015).

Nos últimos anos, pesquisas se concentraram nos efeitos do Si na saúde

humana, em contraste com as anteriores que se voltaram apenas para a

importância nutricional do Si no desenvolvimento de plantas. Alimentos derivados

de plantas são, portanto, a principal fonte de Si na dieta humana. Dentre eles,

estão incluídos grãos de cereais e seus produtos, vegetais e bebidas (Tabela

2.1).

O Si é o mais abundante oligoelemento em humanos após o ferro e o zinco

(DOBBIE & SMITH, 1982; SOLOMONS apud FAROOQ & DIETZ, 2015;

WEDEPOHL, 1995). As plantas, devido à vasta presença de Si nos solos,

representam a maior fonte de Si para a dieta humana. Nelas a maior parte do Si é

encontrado em uma forma altamente polimerizada e de baixa biodisponibilidade

(KELSAY et al., 1876).

A maior parte do Si ingerido por humanos é oriunda de cereais como arroz,

trigo, aveia e cevada (30%), seguida por frutas (particularmente banana e maçã),

vegetais (e.g., batata, beterraba, cenoura) e bebidas (Tabela 2.1). Coletivamente,

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34

estes alimentos fornecem mais de 75% do Si na dieta humana (MCNAUGHTON

et al., 2005).

O Si é mais abundante na casca de grãos integrais (BROADHURST, 2009)

de alguns cereais como a cevada, trigo, aveia e arroz (PENNINGTON, 1991;

SCHWARZ & MILNE, 1972). Sendo assim, alimentos feitos à base de tais grãos

tendem a ser ricos em Si.

No entanto, nota-se que o refinamento de grãos remove o Si durante o

processo, mas, aditivos de alimentos baseados em Si podem repor o Si perdido e

até elevar os teores (PENNINGTON, 1991).

Produtos à base de grãos como cereais matinais, arroz, bolo, biscoito,

massa, farinha e pão ainda são altas fontes de Si. Outras fontes de Si são a

carne, leite, ovos, água potável, sucos de frutas, bebidas alcóolicas (Tabela 2.1)

e até mesmo muitos produtos farmacêuticos, que contém Si como suplementos a

base de silicatos de Al ou magnésio (POWELL et al., 2005).

Produtos à base de grãos de sementes de cereais, como cereais matinais

e cerveja, podem conter altos níveis de Si, mas os níveis de Si em tais produtos

diminuem durante o processamento industrial devido à crescente tendência em

cultivar plantas em meio hidropônico, omitindo a adição de Si (EPSTEIN, 1994;

SRIPANYAKORN et al., 2004).

Semelhantemente, os níveis de Si na água potável variam de acordo com a

geologia da fonte. Os processos de tratamento de água reduzem os teores de Si

solúvel (PERRY & KEELING-TUCKER, 1998).

Apesar de estar entre os mais abundantes elementos na terra, os silicatos

não fornecem Si prontamente absorvível (ou biodisponível). De fato, a sílica

fitolítica, que ocorre em plantas, é absorvida em apenas 1 a 20% dependendo do

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alimento (MARTIN, 2007). Mais além, altos níveis de Si são encontrados em

grãos não refinados como trigo, aveia, arroz e cevada (JUGDAOHSINGH, 2007).

2.2.4. Cerveja como fonte de Si biodisponível

A maior parte do Si na dieta humana é oriundo de vegetais. Como já

exposto anteriormente, certos vegetais podem apresentar elevados teores de Si.

Bananas, por exemplo, são ricas em Si, contendo até 5,44 mg de Si a cada 100 g

de porção, mas apenas 5% deste Si é biodisponível (JUGDAOHSINGH et al.,

2002). Nos vegetais, a maior parte do Si se apresenta na forma de sílica fitolítica,

um polímero hidratado, SiO2.nH2O, que é de baixa disponibilidade (BELLIA et al,

1996).

Na cerveja, por outro lado, o Si está presente na forma solúvel de ácido

ortossilícico (JUGDAOHSINGH et al., 2004), o qual possui biodisponibilidade

superior a 50%. Este Si é derivado de técnicas de maceração a quente, que

extraem ácido ortossilícico a partir da sílica fitolítica da cevada (BELLIA et al,

1996; SRIPANYAKORN et al., 2004). Cerveja, devido a seu alto teor de Si nesta

forma, tem sido apontada como um dos principais contribuintes na ingestão total

de Si biodisponível na dieta ocidental (JUGDAOHSINGH et al., 2002;

PENNINGTON, 1991).

Bellia et al. (1996) avaliaram a importância da cerveja como fonte de Si

biodisponível e a consideração da inclusão da cerveja em posteriores estudos

sobre a incidência de doenças relacionadas ao Al.

Neste estudo, um aumento da concentração de ácido ortossilícico no

organismo foi relacionado a um aumento significativo na excreção urinária de Si.

Concluiu-se que mais da metade do conteúdo de Si da cerveja é eliminada do

organismo desta maneira, em até 8 horas após sua ingestão, havendo um

aumento concomitante na excreção urinária de Al.

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36

Água, com pouco Si, mas contendo álcool à mesma concentração de

cerveja, teve pouco efeito na excreção urinária de Si ou Al, enquanto uma bebida

contendo álcool e Si em concentrações similares às da cerveja teve um efeito na

excreção de Al similar aos daqueles causados por ingestão de cerveja (BELLIA et

al, 1996).

O Si na cerveja é, portanto, prontamente absorvido e excretado

concomitantemente com um aumento da excreção urinária de Al. Esta associação

na excreção renal dos elementos é, inclusive, independente do efeito diurético da

cerveja e altamente relacionada ao teor de Si da cerveja por si só, como indicado

por experimentos usando solução de álcool e água ou solução de ácido

ortossilícico, respectivamente (BELLIA et al, 1996).

O Al eliminado do organismo é proveniente das próprias reservas do

organismo, mais do que do conteúdo de Al das próprias bebidas (BELLIA et al,

1996).

O consumo periódico de ácido ortossilícico faz com seja eliminada do

organismo a maior parte do Al excretável através da interação do elemento com

este ácido, ao ponto de a urina dos indivíduos deixar de apresentar teores

significativos de Al (BELLIA et al, 1996).

Como é improvável que o ácido ortossilícico aumente a absorção do Al

pelos tecidos, é provável que a queda do Al no plasma sanguíneo reflita uma

acentuada excreção renal do elemento (BELLIA et al, 1996).

Se o Si e o Al são excretados conjuntamente, parece improvável que isso

seja uma mera coincidência, já que a atual literatura indica que a excreção renal

destes elementos é afetada por diferentes mecanismos (GITELMAN et al., 1992).

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37

A excreção conjunta de Al e Si pode ser justificada pela interação entre o

Al e o ácido ortossilícico e uma consequente formação de uma espécie excretável

(BELLIA et al, 1996).

Se o ácido ortossilícico pode simultaneamente diminuir a absorção

gastrointestinal de Al e aumentar sua excreção renal, a suplementação de Si no

abastecimento de água municipal pode ser uma medida de saúde de baixo

impacto a fim de reduzir a contaminação por Al na população (BELLIA et al,

1996).

Bellia et al (1996), portanto, concluíram que a cerveja pode, de fato,

representar uma importante fonte de Si prontamente disponível, do qual a maior

parte é rapidamente absorvida e excretada. O consumo de cerveja deve então

ser considerado em qualquer estudo de incidência de doenças as quais acredita-

se estarem relacionadas ao Al.

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2.2.5. Si no processo de fabricação de cerveja

Os diversos fatores que influenciam os níveis de Si no decorrer do

processo de fabricação de cerveja ainda não foram amplamente estudados. Há

poucos trabalhos sobre este tema disponíveis na literatura. Dentre eles, encontra-

se o de Casey e Bamforth (2010), que recentemente estudaram a influência de

cada etapa do processo e do tipo de separação do mosto empregada na

produção sobre os níveis de Si.

Para efeitos de comparação, estes autores produziram 3 cervejas

similares, diferindo apenas no tempo de mostura e na força empregada no

processo de separação do mosto.

O processo de separação do mosto pode ser feito de forma moderada ou

de forma vigorosa. A separação moderada é aquela na qual nenhuma força

adicional é acrescentada à mostura no tonel de separação do mosto. Isso

significa que o leito da mostura não é perturbado durante a separação dos

líquidos dos sólidos. Este seria considerado um cenário ideal para uma cervejaria

comercial.

Já uma separação vigorosa é aquela na qual uma força externa é

adicionada à mostura no tonel de separação do mosto. Para as cervejas em que

uma separação vigorosa foi desejada, a mostura foi consistentemente agitada ou

remexida durante a processo. Isto simulou um cenário pior em uma cervejaria

comercial.

Anderson et al. (1995) e Walker et al. (2009) concluíram que a extração de

Si aumenta proporcionalmente ao peso específico do mosto após a etapa de

mostura, conforme os grãos são pulverizados e retirados do mosto e o pH do

mosto começa a aumentar.

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Casey e Bamforth (2010) analisaram ainda diversas cervejas comerciais

quanto aos níveis de Si. Os dados coletados estão resumidos na Tabela 2.2. O

teor médio de Si encontrado foi de 29,4 mg/L, mais alto que os de estudos

previamente realizados, pois nesta nova pesquisa houve uma amostragem maior

de cervejas de microcervejarias, que costumam usar proporções maiores de

malte, ocasionando em mais Si acrescentado ao processo (Tabela 2.3).

Tabela 2.2 – Si em cervejas comerciais

categoria conc. média faixa de conc. nº de

de Si, mg/L de Si, mg/L amostras

todas 29,4 6,4 - 56,4 100

ales 32,8 11,1 - 55,5 67

lagers 23,7 10,1 - 56,4 27

lagers comuns 23,8 14,5 - 40,4 9

lagers leves 17,2 14,1 - 23,4 5

IPA 41,2 26,2 - 55,5 15

não alcoólicas 16,3 6,4 - 25,7 6

trigo 18,9 14,3 - 23,4 7

pale ale 36,5 16,8 - 50.7 18

Adaptado de Casey e Bamforth (2010).

Tabela 2.3 – Si em cevada e malte

amostra % Si (peso seco)

cevada tradicional 0,26

malte tradicional 0,24

cevada robust 0,24

malte robust 0,23

cevada lacey 0,22

malte lacey 0,26

Adaptado de Casey e Bamforth (2010).

Tabela 2.4 – Si em lúpulos

amostra % Si (peso seco)

Centennial 0,86

Willamette 1,00

Tettnang 0,94

Cascade 0,86

Millennium 0,79

Nugget 0,47

Adaptado de Casey e Bamforth (2010).

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Tabela 2.5 – Si em maltes

amostra % Si (peso seco)

carapilhos 0,20

malte de trigo branco <0,01

malte chocolate 0,10

cristal 20 0,24

cristal 120 0,19

malte Pilsen 0,17

cevada torrada 0,12

2-row 0,20

malte escuro 0,08

Adaptado de Casey e Bamforth (2010).

As cervejas do tipo Indian Pale Ale (IPA) são tradicionalmente mais fortes e

lupuladas, com cargas maiores de malte e lúpulos (Tabela 2.3 e Tabela 2.4) e,

consequentemente, mais Si. As cervejas a base de trigo, no entanto, contêm

menos Si, o que acredita-se estar relacionado aos menores níveis de Si no malte

de trigo (Tabela 2.5). Além disso, as cervejas de trigo são, em geral, produzidas

com menos lúpulo que cervejas de outros estilos. Descobriu-se que cervejas do

tipo lager leves, como as mais populares no Brasil, possuem menos Si, e

acredita-se que isto ocorre devido à alta proporção de adjuntos, como o milho,

em seus processos de fabricação (CASEY & BAMFORTH, 2010).

Revelou-se que há pouca alteração no teor de Si da cevada durante o

processo de malteação (Tabela 2.3). A maior parte do Si na cevada está na

casca, que não é muito afetada durante o processo de malteação. Os maltes com

maiores teores de Si são os claros (Tabela 2.5), que são menos sujeitos a ação

do calor durante o processo de malteação. Os maltes mais escuros têm

torrefação elevada e teores de Si mais baixos por motivos ainda desconhecidos

(CASEY & BAMFORTH, 2010).

Surpreendentemente, as amostras de lúpulo analisadas apresentaram

maiores teores de Si, até 4 vezes maiores que os encontrados no malte (Tabela

2.4). No entanto, o lúpulo é invariavelmente usado em quantidades muito

menores que as dos grãos. Esperava-se que cervejas altamente lupuladas, no

entanto, contivessem níveis de Si mais elevados. Nenhum Si foi extraído da sílica

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hidrogel usada para estabilizar a cerveja, mesmo após um período de 24 h.

Similarmente, nenhum Si foi extraído do auxiliar de filtração composto por terra

diatomácea (CASEY & BAMFORTH, 2010).

Tabela 2.6 – Si ao longo de cada processo

ponto de coleta Si, mg

processo 1 processo 2 processo 3

água 0 0 174

após a clarificação 1989 2560 2901

após a fervura 1808 1893 -

após a fermentação 1363 1749 -

após a filtragem final 1744 1852 -

Adaptado de Casey & Bamforth (2010).

Adaptado de Casey & Bamforth (2010).

Figura 2.1 – Si ao longo de cada processo

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

água após aseparação do

mosto

após a fervurae lupulagem

após afermentação

após afiltragem final

Si, m

g

Processo 1 Processo 2 Processo 3

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Ao comparar processos similares (Tabela 2.6 e Figura 2.1) com tempos de

mostura distintos (45 min no processo 1 e 100 min no processo 2), os autores

deste trabalho concluíram que tal parâmetro, no caso, não provocou diferenças

significativas nas distribuições de Si.

Um resultado interessante desta pesquisa de Casey e Bamforth (2010) foi

o de que a força externa empregada no processo de separação do mosto

(processo 3) implicou em um aumento significativo na extração de Si para o

mosto, o que é peculiar, pois é considerado como cenário ideal em produção de

cerveja aquele no qual não é adicionada força externa ao processo.

Casey & Bamforth (2010), portanto, chegaram à conclusão de que a

cerveja é uma fonte substancial de Si na dieta. Cervejas contendo altos níveis de

cevada maltada e lúpulos são mais ricas em Si. Trigo contém menos Si que

cevada porque é na casca da cevada que este elemento é mais abundante. A

maior parte do Si continua na casca durante a fabricação de cerveja, mas

quantidades significativas deste elemento são extraídas para o mosto e estas

perduram até o produto final, a cerveja.

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3. Materiais e métodos

3.1. Cervejas comerciais selecionadas

Doze cervejas foram selecionadas e posteriormente analisadas quanto às

concentrações de Si e Al e ao pH. Três marcas (Skol, Itaipava e Bohemia)

representam o grupo das grandes cervejarias (grupo G) e três marcas (Oceânica,

Backer e Roter) representam o grupo das microcervejarias (grupo M). As

cervejarias e locais de fabricação das amostras selecionadas estão na Tabela

3.1. Foram analisados três lotes de cada uma das cervejas, organizados nos

grupos de amostras A, B e C, cujas informações constam na Tabela 3.2. Outras

informações pertinentes a cada cerveja selecionada constam na Tabela 3.3.

Por conta de o mercado de cervejas artesanais em lata ser praticamente

inexistente, não foram amostradas cervejas do grupo M envasadas em lata. Já as

cervejas do grupo G podem ser encontradas no mercado com igual abundância

nos dois tipos de envasamento, por isso foram amostradas uma garrafa e uma

lata para cada cerveja e para cada grupo de amostras. Por isso, para aumentar a

diversidade de cervejas artesanais pesquisadas, optou-se por selecionar dois

estilos de cerveja para cada marca do grupo M escolhida. Isto é justificável, pois

uma variedade maior de estilos de cerveja deste grupo é consumida,

diferentemente das cervejas do grupo G, cujo estilo Pilsen é disparadamente o

estilo mais consumido.

Tabela 3.1 – Cervejas comerciais selecionadas – Marcas, cervejarias e locais de fabricação

id. cerveja marca cervejaria local de fabricação

G1, G2 Skol Ambev Jaguariúna/SP

G3, G4 Itaipava Petrópolis Petrópolis/RJ

G5, G6 Bohemia Bohemia Petrópolis/RJ

M7, M8 Oceânica Antuérpia Barbosa/MG

M9, M10 Backer Três Lobos Belo Horizonte/MG

M11, M12 Roter Roter Brauhoff Barra do Piraí/RJ

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Tabela 3.2 – Amostras selecionadas – Marcas, envasamentos, lotes e validades

id. amostra marca envasamento lote validade

Grupo de Amostras A

G1A Skol garrafa NR12:221 28/03/2017

G2A Skol lata NR15:002 28/03/2017

G3A Itaipava garrafa 162818 33 27/03/2017

G4A Itaipava lata 312022 22 19/03/2017

G5A Bohemia garrafa NR08:582 11/03/2017

G6A Bohemia lata NR13:122 06/04/2017

M1A Oceânica garrafa L0280 20/09/2017

M2A Oceânica garrafa L0202 16/06/2017

M3A Backer garrafa L255 30/05/2017

M4A Backer garrafa L419 30/10/2017

M5A Roter garrafa 04/08/16 3601 04/02/2017

M6A Roter garrafa 08/09/16 2602 08/03/2017

Grupo de Amostras B

G1B Skol garrafa 21:441 21/06/2017

G2B Skol lata 06:162 23/06/2017

G3B Itaipava garrafa 162219 05 20/06/2017

G4B Itaipava lata 312702 07 26/07/2017

G5B Bohemia garrafa 17:152 30/07/2017

G6B Bohemia lata 23:152 18/06/2017

M1B Oceânica garrafa L0312 16/10/2017

M2B Oceânica garrafa L0333 23/10/2017

M3B Backer garrafa L316 30/08/2017

M4B Backer garrafa L515 30/12/2017

M5B Roter garrafa L3802 20/04/2017

M6B Roter garrafa L2801 18/04/2017

Grupo de Amostras C

G1C Skol garrafa NR 18:56 B 30/09/2017

G2C Skol lata PI06:232 24/07/2017

G3C Itaipava garrafa 161722 43 13/09/2017

G4C Itaipava lata 320913 51 05/11/2017

G5C Bohemia garrafa NR15:18 B 06/12/2017

G6C Bohemia lata NR07:542 13/09/2017

M1C Oceânica garrafa L0415 15/02/2018

M2C Oceânica garrafa L0420 09/02/2018

M3C Backer garrafa L316 30/08/2017

M4C Backer garrafa L419 30/10/2017

M5C Roter garrafa 06/04/17 L4701 06/10/2017

M6C Roter garrafa 07/06/17 L3402 07/12/2017

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Tabela 3.3 – Cervejas comerciais selecionadas – Informações

id. cerveja envasamento estilo

grupo de estilos

teor alcoólico*

ingredientes*

Gru

po

G

Gra

nd

es

Ce

rve

jari

as

G1 Skol garrafa Pilsen Pale Lager 4,7% água, malte, cereais não malteados, carboidratos, lúpulo, antioxidantes INS 316 e INS 221, estabilizante INS 405

G2 Skol lata Pilsen Pale Lager 4,7% água, malte, cereais não malteados, lúpulo

G3 Itaipava garrafa Pilsen Pale Lager 4,5% água, malte de cevada, carboidratos, lúpulo, antioxidantes INS 316 e 223, estabilizante 405

G4 Itaipava lata Pilsen Pale Lager 4,5% água, malte de cevada, carboidratos, lúpulo, antioxidantes INS 316 e 223, estabilizante 405

G5 Bohemia garrafa Pilsen Pale Lager 5,0% água, malte, cereais não maltados, carboidratos, lúpulo, antioxidantes INS 316 e INS 221, estabilizante INS 405

G6 Bohemia lata Pilsen Pale Lager 5,0% água, malte, cereais não maltados, carboidratos, lúpulo, antioxidantes INS 316 e INS 221, estabilizante INS 405

Gru

po

M

Mic

roc

erv

eja

ria

s

M1 Oceânica Born 2 Rock garrafa Imperial IPA Pale Ale 9,0% água, cevada, açúcar, levedura, muito lúpulo

M2 Oceânica Easy Dive garrafa Witbier Wheat 5,0% água, cevada, trigo, gengibre, lúpulo, levedura, laranja, coentro, tangerina

M3 Backer 3 Lobos - Série Extreme

garrafa American Pilsen Pale Lager 5,0% água, malte de cevada, lúpulo, açúcar mascavo

M4 Backer 3 Lobos - Série Extreme

garrafa American Wheat Wheat 4,8% água, cevada, trigo, flocos de aveia, lúpulo e capim limão

M5 Roter Pilsen Premium garrafa Pilsen Pale Lager 5,5% água, malte de cevada, lúpulo e levedura

M6 Roter APA garrafa American Pale Ale Pale Ale 5,5% água, malte de cevada, lúpulo e levedura

* Conforme o rótulo.

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3.2. Produção de cerveja

Foram conduzidos dois processos similares de produção de cerveja

artesanal, diferindo-se apenas no material do caldeirão utilizado. Em um dos

processos utilizou-se um caldeirão de aço inox da Brinox®, modelo Aço Inox

18/10, com capacidade de cerca de 13 L e, no outro processo, um caldeirão de

alumínio da marca Alumínios Brilhante® LTDA., modelo n. 26, com capacidade

similar. Para a separação do mosto foram utilizados sacos voile, seguindo-se o

método Brew in a Bag (BIAB). Para cada processo, utilizou-se os seguintes

insumos e matéria-prima:

• 5 L de água mineral Serra de Cachoeira®, inicialmente;

• Mais 5,5 L da mesma água mineral, após o mash out;

• Mistura de maltes composta por 1 kg de malte pale e 1 kg de malte Pilsen;

• 15 g de lúpulo First Gold®;

• Fermento de levedura T-58.

Para as medições de densidade (peso específico), foi utilizado um

refratômetro específico para cerveja, que utiliza a unidade “SG wort”. Para

cálculos de conversão de densidade em SG wort para teor alcoólico utilizou-se o

aplicativo BeerSmith® 2 Mobile Homebrewing.

Inicialmente, lavou-se bem cada caldeirão. Realizou-se a moagem dos

maltes em um equipamento montado artesanalmente, composto por furadeira e

um moedor com rolos, próprio para produção de cerveja artesanal.

Em seguida, iniciou-se a brassagem. Envolveu-se cada mistura de maltes

com um saco voile. Foram despejados em cada caldeirão um volume de 5 L de

água mineral. Aqueceu-se cada volume de água até 65 °C (a temperatura inicial

de brassagem) e, imediatamente, adicionou-se a cada caldeirão as misturas de

maltes. Logo após homogeneização, coletou-se de cada mosto uma alíquota de

amostra de cerca de 50 mL.

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Conduziu-se a brassagem por 75 min. A rampa de temperatura utilizada foi

de 65 °C (temperatura inicial), 60 °C (temperatura intermediária) e 68 °C

(temperatura final).

Para o caldeirão de inox realizou-se o mash out em 78 °C e, para o

caldeirão de alumínio, em 80 °C. Ao final, mediu-se a densidade de cada mosto e

coletou-se de cada mosto uma alíquota de amostra de cerca de 50 mL.

Adicionou-se então mais 5,5 L de água mineral em cada caldeirão.

Após ser dado um tempo para que o mosto absorvesse a maior quantidade

possível de açúcares, retirou-se de cada caldeirão o embrulhe de véu que

envolvia a mistura de maltes e o descartou-se.

Conduziu-se então, por 60 mim, a fervura e lupulagem. Ao final, mediu-se a

densidade para cada mosto e coletou-se de cada mosto uma alíquota de amostra

de cerca de 50 mL. Realizou-se então o whirlpool e, ao término, levou-se cada

mosto para resfriamento, seguindo o método no chill.

Após 2 dias de resfriamento, iniciou-se, para cada processo, a

fermentação. Esta foi conduzida em fermentadores de plástico atóxico. Para cada

mosto realizou-se a fermentação até que, no mínimo, suas densidades

atingissem um patamar no qual, após serem feitas as devidas conversões,

obtivesse-se um valor de percentual alcoólico de cerca de 4,5%, o que ocorreu

após 3 dias de fermentação. Deu-se prosseguimento à operação por mais alguns

dias, de modo a consumir o máximo de fermento. Ao término, coletou-se de cada

cerveja fermentada uma alíquota de amostra de cerca de 50 mL.

Por último, realizou-se, para cada cerveja, a etapa de maturação. Após um

mês de operação, coletou-se de cada cerveja maturada uma alíquota de amostra

de cerca de 50 mL, as últimas amostras.

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48

3.3. Determinação de pH

O pH de cada amostra foi determinado por meio de um pHmetro da marca

Hanna®, modelo HI 225.

3.4. Determinação de Si

A quantificação de Si, para todas as amostras, foi realizada através de

medições de absorvância em um espectrofotômetro digital da marca

Instrutherm®, modelo UV – 200A, em faixa colorimétrica, utilizando a metodologia

proposta por Hansen e Koroleff (1999).

As análises foram realizadas em recipientes plásticos de 50 mL, em

alíquotas de 25 mL, em duplicata, medidos por meio de pipeta automática. Os

reagentes também foram adicionados com pipeta automática.

3.4.1. Reagentes

Foram utilizados os seguintes reagentes propostos no método.

• Água bidestilada milli-Q, para diluições;

• Solução ácida de molibdato, composta por heptamolibdato de amônio

tetraidratado e ácido sulfúrico;

• Solução de ácido oxálico;

• Solução de ácido ascórbico.

3.4.2. Calibração e medições

Para calibração foram utilizadas duas ou três alíquotas contendo 15,0×10-3

mol/L de Si para o padrão e duas ou três alíquotas de água bidestilada milli-Q

para o branco. Primeiramente seguiu-se a rotina do método apenas para os

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49

padrões e os brancos. O fator de calibração F, que converte absorvância em

concentração molar, é então calculado de acordo com a seguinte expressão:

𝐹 =15,0

𝐴𝑝 − 𝐴𝑏

onde Ap é a absorvância média dos padrões e Ab é a média deste parâmetro para

os brancos.

Para cubetas de 1 cm de largura, como as usadas nesta ocasião, é

recomendado um fator F o mais próximo possível de 47. Para soluções diluídas

em água destilada como neste caso, o método recomenda que as absorvâncias

sejam medidas em comprimento de onda de 810 nm. Logo, ajustou-se com

antecedência o aparelho para este comprimento de onda.

Ao obter um fator F satisfatório (o mais próximo possível de 47), repete-se,

logo em seguida, a rotina do método para as amostras, além de para mais

brancos e padrões, de modo a obter um novo fator F, que será de fato utilizado

para as conversões. Para cada amostra foram preparadas duas alíquotas

(duplicata) e para os brancos e padrões duas ou três alíquotas (duplicata ou

triplicata). Com o objetivo de manter o valor de absorvância medido abaixo de 1,0

(em outros termos, não extrapolar a medição), utilizou-se, para a maioria das

amostras, o fator de diluição de 50.

3.5. Determinação de Al

Utilizou-se, para as medições de concentração de Al, um espectrômetro de

massa por plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) da marca Thermo

Scientific®, modelo XSeries 2. As medições foram feitas em triplicata.

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50

4. Resultados e discussões

4.1. Presença de silício (Si) e alumínio (Al) em cervejas comerciais

Os resultados obtidos de concentrações de Si e Al para cada um dos três

grupos de amostra (A, B e C) estão apresentados nas Tabela 4.2 e Tabela 4.3.

As médias dos valores obtidos de concentração de Si e Al e de pH para cada

cerveja estão expostos na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Concentração de Si e de Al e pH de cervejas comerciais selecionadas – Média

dos grupos de amostras

id. Si Al

pH conc., mg/L DPR, % conc., ppb DPR, %

G1 28,6 ± 3,5 16 26,22 ± 23,37 119,4 4,00

G2 30,0 ± 3,3 14 105,7 ± 70,1 92,6 4,11

G3 53,0 ± 3,1 7,2 37,61 ± 22,88 89,24 4,24

G4 56,9 ± 3,8 7,4 610,7 ± 724,9 154,3 4,16

G5 35,6 ± 4,3 15 23,60 ± 14,11 79,70 4,06

G6 35,6 ± 2,8 10 207,5 ± 190,0 122,5 4,02

média 40,0 ± 10,4 29,6 168,6 ± 160,4 135,1 4,09

M1 112 ± 8, 9,4 22,61 ± 14,81 90,69 4,94

M2 78,0 ± 6,3 11 4,08 ± 3,88 127 4,46

M3 110 ± 10, 11 2,94 ± 3,61 159 4,96

M4 100 ± 8, 10 1,99 ± 2,65 173 4,52

M5 92,4 ± 7,0 10 1,65 ± 2,20 173 4,79

M6 106 ± 9, 13 n.d. - 4,59

média 99,7 ± 12,9 15,7 5,54 ± 5,69 153 4,67

Para cada cerveja, foram analisadas 3 amostras (N = 3). Para cada amostra, a determinação de Si foi em duplicata (n = 2) e a determinação de Al foi em triplicata (n = 3).

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4.1.1. Si

Tabela 4.2 – Concentração de Si – Grupos de Amostras A, B e C

id. Amostra A Amostra B Amostra C média das amostras

conc. Si*, mg/L conc. Si*, mg/L conc. Si*, mg/L conc. Si, mg/L DPR, %

Grupo G

G1 29,6 ± 4,8 27,4 ± 2,0 28,8 ± 3,9 28,6 ± 3,5 16

G2 30,3 ± 2,4 29,1 ± 2,3 30,8 ± 5,4 30,0 ± 3,3 14

G3 52,8 ± 3,3 54,2 ± 3,3 52,2 ± 2,9 53,0 ± 3,1 7,2

G4 57,0 ± 3,7 56,7 ± 4,1 57,0 ± 3,8 56,9 ± 3,8 7,4

G5 33,3 ± 2,7 32,6 ± 1,8 41,0 ± 3,9 35,6 ± 4,3 15

G6 36,0 ± 3,4 34,2 ± 2,7 36,7 ± 2,3 35,6 ± 2,8 10

Grupo M

M1 114 ± 12 110 ± 11 113 ± 3 112 ± 8 8,9

M2 73,3 ± 7,8 79,0 ± 6,3 81,6 ± 5,3 78,0 ± 6,3 11

M3 101 ± 13 111 ± 8 119 ± 2 110 ± 10 11

M4 94,5 ± 8,6 104 ± 11 103 ± 4 100 ± 8 10

M5 97,6 ± 6,7 87,4 ± 8,1 92,1 ± 4,6 92,4 ± 7,0 10

M6 111 ± 11 93,7 ± 8,4 112 ± 5 106 ± 9 12

Para cada amostra, a determinação de Si foi em duplicata (n = 2).

Quanto ao Si (Tabela 4.2), para as cervejas comerciais estudadas

observou-se que, em duas das 3 marcas analisadas (Skol e Bohemia), os níveis

de Si nas cervejas do grupo G não diferiram significativamente do encontrado na

água mineral utilizada para a produção de cerveja (32,0 mg/L) (Tabela 4.6). Este

valor está próximo do encontrado em águas naturais (entre 1 e 30 mg/L)

(SANTOS, 2008). A Bohemia apresentou em média 53,0 e 56,9 mg/L de Si para

as garrafas e as latas, respectivamente, sendo a cerveja do grupo G com maiores

teores de Si, expressivamente superiores aos das demais cervejas do grupo.

Já as cervejas do grupo M apresentaram, sem exceção, níveis de Si

consideravelmente superiores, com médias variando entre 78,0 e 112 mg/L e

valor médio geral de 99,7 mg/L. Isto implica que, para todas as 6 cervejas do

grupo M e, em menor grau, para as cervejas da Bohemia analisadas

(independente do material de envasamento), os ingredientes e o processo de

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fabricação muito possivelmente interferem positivamente nos níveis de Si. A

maior concentração de Si nas cervejas do grupo M também pode ser atribuída um

maior rigor aplicado por microcervejarias nas etapas de conversão de malte em

mosto e também a uma maior proporção de malte de cevada utilizado em

microcervejarias em relação a cereais não maltados e a outros adjuntos

cervejeiros. Tais adjuntos são mais frequentemente utilizados em cervejas de

grandes cervejarias, como já dito no item Error! Reference source not found..

4.1.2. Al

Tabela 4.3 – Concentração de Al – Grupos de Amostras A, B e C

id. Amostra A Amostra B Amostra C média da amostras

conc. Al, ppb conc. Al, ppb conc. Al, ppb conc. Al, ppb DPR, %

Cervejas envasadas em lata

G2 210,8 ± 2,4 17,04 ± 0,39 89,16 ± 0,66 105,7 ± 70,1 92,6

G4 1698, ± 22 23,75 ± 0,27 110,4 ± 0,8 610,7 ± 724,9 154,3

G6 492,5 ± 3,4 4,06 ± 0,16 126,0 ± 0,8 207,5 ± 190,0 122,5

Cervejas envasadas em garrafa

G1 16,29 ± 0,88 1,09 ± 0,13 61,28 ± 0,24 26,22 ± 23,37 119,4

G3 70,37 ± 1,89 3,30 ± 3,09 39,16 ± 0,80 37,61 ± 22,88 89,24

G5 17,25 ± 0,20 44,76 ± 1,02 8,79 ± 0,94 23,60 ± 14,11 79,70

M1 26,64 ± 0,15 0,39 ± 0,07 40,80 ± 0,14 22,61 ± 14,81 90,69

M2 2,33 ± 0,13 n.d. 9,90 ± 0,40 4,08 ± 3,88 127

M3 0,13 ± 0,10 8,35 ± 0,15 0,36 ± 0,10 2,94 ± 3,61 159

M4 5,96 ± 0,17 n.d. n.d. 1,99 ± 2,65 173

M5 4,94 ± 0,26 n.d. n.d. 1,65 ± 2,20 173

M6 n.d. n.d. n.d. n.d. -

Para cada amostra, a determinação de Al foi em triplicata (n = 3).

Quanto ao Al (Tabela 4.3), a maior concentração encontrada foi para a lata

da Itaipava do primeiro grupo de amostras (grupo de amostras A), com um valor

de 1698 ppb, ou 1,698 mg/L, valores bastante superiores ao limite máximo

estabelecido atualmente pela OMS para água potável (200 ppb) (como visto no

item 2.1.3) e ainda maiores que o valor relacionado por alguns autores (como

visto no item 2.1.1) a maiores incidências de doença de Alzheimer (100 ppb).

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53

Dentre as cervejas de grandes envasadas em lata 5 das 9 amostras

analisadas (55,6%) apresentaram níveis de Al superiores a 100 ppb (Tabela 4.3).

Todas essas amostras eram pertencentes aos grupos de amostras A e C.

Nenhuma das 27 amostras de cerveja envasadas em garrafa apresentou

concentração de Al superior a 100 ppb. Vale lembrar que, por conta da

baixíssima ocorrência de cervejas artesanais em lata no mercado, não foram

amostradas cervejas do grupo M envasadas em lata. Já as cervejas do grupo G

podem ser encontradas no mercado com igual abundância nos dois tipos de

envasamento, por isso foram amostradas uma garrafa e uma lata para cada

cerveja e para cada grupo de amostras.

Como também visto no item 2.1.1, deve-se levar em conta que alguns

autores alertam para o caráter bioacumulativo das espécies biodisponíveis de Al.

Isto é, mesmo em quantidades consideradas pequenas, abaixo do limite

estabelecido pela OMS (200 ppb), as espécies biodisponíveis de Al (como Al3+ e

hidróxidos de Al) podem, ao longo dos anos, se acumular no organismo. E este

acúmulo pode estar associado a doenças neurológicas como Alzheimer e males

causados por fragilidade óssea.

4.1.2.1. Acidez e transferência de Al

Tabela 4.4 – Amostras envasadas em latas – Grupos de amostras A, B e C – Concentração

de Al e pH

id. marca conc. Al, ppb pH

G2A Skol 210,8 ± 2,4 N.D.

G2B Skol 17,04 ± 0,39 4,19

G2C Skol 89,16 ± 0,66 4,04

G4A Itaipava 1698 ± 22 N.D.

G4B Itaipava 23,75 ± 0,27 4,17

G4C Itaipava 110,4 ± 0,8 4,15

G6A Bohemia 492,5 ± 3,4 N.D.

G6B Bohemia 4,06 ± 0,16 4,06

G6C Bohemia 126,0 ± 0,8 3,99

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Como visto no item 2.1, a acidez é o principal fator na promoção da

transferência de Al de latas para as bebidas.

Realizando regressão linear para os valores obtidos de concentração de Al

em relação aos valores obtidos de pH, chegou-se a um fator de correlação de

-0,497 e um fator de covariância de -2,13. Com isto, não foi encontrada relação

razoável entre os valores de pH e a provável transferência de Al das latas para as

bebidas. Um dos prováveis motivos é a baixa variação de pH para as amostras

analisadas, de 3,99 a 4,19 (variação de 0,20 unidade de pH), que pode ser

insuficiente para fazer com que o pH, neste caso, seja um fator relevante na

transferência de Al das latas para as bebidas.

No entanto, a não realização da determinação de pH para o grupo de

amostras A pode ter prejudicado esta análise, visto que foi justamente para este

grupo de amostras que foram encontrados valores expressivamente mais altos de

concentração de Al. Fatores alheios a esta pesquisa, como danificação das latas

por choques mecânicos, podem estar contribuindo para a grande diferença de

concentração de Al do grupo de amostras A para os demais grupos, mas este

estudo não permitiu realizar conclusões neste sentido.

Como também visto no item 2.1, o tempo de armazenamento de bebidas

em latas de alumínio também pode ser um fator relevante na transferência de Al,

com seu impacto sendo inversamente proporcional ao pH das bebidas. Todavia,

também por isto não ter sido um dos objetivos, este estudo não pôde relacionar

apropriadamente os fatores tempo de armazenamento e pH com as

concentrações de Al. Assim sendo, seria necessário realizar um estudo

específico para investigar o impacto destes fatores na transferência de Al.

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4.2. Presença de silício (Si) e alumínio (Al) ao longo de cada processo

de produção de cerveja artesanal conduzido

Para este estudo foram conduzidos dois processos similares de fabricação

de cerveja artesanal. Em um dos processos foi utilizado caldeirão de aço inox

(processo 1) e, no outro, caldeirão de alumínio (processo 2).

Amostras foram retiradas em pontos específicos de ambos os processos:

água do processo (0), após a mostura (1.1 e 2.1), após o mash out (1.2 e 2.2),

após a fervura e lupulagem (1.3 e 2.3), após a fermentação (1.4 e 2.4) e após a

maturação (1.5 e 2.5). A mesma água mineral foi utilizada para ambas as

cervejas. As amostras foram numeradas de acordo com seus respectivos

processos e pontos de coleta e estão identificadas na Tabela 4.5.

Tabela 4.5 – Processos e pontos de coleta de amostra

processo amostra ponto de coleta

ambos 0 água do processo

1 (caldeirão de aço inox)

1.1 após a mostura

1.2 após o mash out

1.3 após a fervura e lupulagem

1.4 após a fermentação

1.5 após a maturação

2 (caldeirão de alumínio)

2.1 após a mostura

2.2 após o mash out

2.3 após a fervura e lupulagem

2.4 após a fermentação

2.5 após a maturação

As amostras recolhidas foram analisadas quanto às concentrações de Si e

de Al, concentrações de íons e de outros metais, pH e condutividade elétrica. Os

resultados para as concentrações de Si e de Al, pH e condutividade elétrica estão

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56

apresentados na Tabela 4.6. As variações de concentração de Si ao longo de

cada processo estão na Tabela 4.7, podendo ser melhor visualizadas na Figura

4.1. As variações nas concentrações de Al estão na Tabela 4.8 e podem ser

melhor visualizadas na Figura 4.2.

Foi calculado para a cerveja do processo 1 um teor alcoólico de 4,5% e,

para a cerveja do processo 2, um teor alcoólico de 4,3%. Para as cervejas

produzidas utilizou-se malte pale e levedura de belgian ale e, portanto, agrupou-

se as ao estilo belgian pale ale, pertencente ao grupo das pale ale. Vide Tabela

3.3 para comparação com demais estilos.

Tabela 4.6 – Concentrações de Si e de Al, pH e condutividade elétrica ao longo de cada

processo

id. amostra

Si Al pH

conc., mg/L n DPR, % conc., ppb n DPR, %

Água de ambos os processos

0 32,0 ± 0,2 2 1 n.d. 3 - 5,28

Processo 1 (aço inox)

1.1 67,3 ± 0,0 2 0 8,48 ± 0,24 3 3,7 5,58

1.2 85,3 ± 6,5 2 11 18,32 ± 0,13 3 1,0 5,60

1.3 82,9 ± 1,8 2 3,1 12,76 ± 0,12 3 1,4 5,41

1.4 82,9 ± 6,6 2 11 8,61 ± 0,19 3 2,9 4,41

1.5 79,9 ± 3,4 2 6,1 n.d. 3 10 4,42

Processo 2 (alumínio)

2.1 58,2 ± 0,8 2 2 46,24 ± 0,16 3 0,46 5,57

2.2 85,9 ± 7,4 2 12 24,42 ± 0,11 3 0,62 5,53

2.3 80,5 ± 7,2 2 13 71,07 ± 0,21 3 0,40 5,43

2.4 78,7 ± 0,3 2 0,6 111,0 ± 0,6 3 0,7 4,23

2.5 73,3 ± 0,4 2 1 102,2 ± 1,0 3 1,3 4,22

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4.2.1. Si

Tabela 4.7 – Variação de concentração de Si ao longo de cada processo

id. amostra

ponto de coleta conc. Si,

n DPR,

%

variação, variação

mg/L % acum., %

Água de ambos os processos

0 água do processo 32,0 ± 0,2 2 1 - -

Processo 1 (aço inox)

1.1 após a mostura 67,3 ± 0,0 2 0 +110 +110,

1.2 após o mash out 85,3 ± 6,5 2 11 +26,7 +167,

1.3 após a fervura e lupulagem 82,9 ± 1,8 2 3,1 -2,8 +159,

1.4 após a fermentação 82,9 ± 6,6 2 11 +0 +159,

1.5 após a maturação 79,9 ± 3,4 2 6,1 -3,6 +150,

Processo 2 (alumínio)

2.1 após a mostura 58,2 ± 0,8 2 2 +81,9 +81,9

2.2 após o mash out 85,9 ± 7,4 2 12 +47,6 +168,

2.3 após a fervura e lupulagem 80,5 ± 7,2 2 13 -6,3 +152,

2.4 após a fermentação 78,7 ± 0,3 2 0,6 -2,2 +146,

2.5 após a maturação 73,3 ± 0,4 2 1 -6,9 +129,

Figura 4.1 – Perfil de concentração de Si para cada processo

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

água após amistura

após omashout

após afervura e

lupulagem

após afermentação

após amaturação

Si, m

g/L

Processo 1 (aço inox) Processo 2 (alumínio)

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58

A água mineral utilizada na produção das cervejas possui, relativamente

aos dados da Tabela 2.1, uma concentração considerável de Si (32,0 mg/L). Esta

praticamente dobrou após ser misturada com os maltes (aumentos de 110% no

processo 1 e 81,9% no processo 2). Houve ainda aumento relevante após o mash

out (26,7% no processo 1 e 47,2% no processo 2, acumulados de 167 e 168%

respectivamente). Para ambos os processos os níveis de Si não sofreram

alteração relevante após a fervura e após a fermentação. Por fim ocorreram

ligeiras quedas após a maturação (redução de 3,6% no processo 1 e de 6,9% no

processo 2), sendo tal diminuição melhor evidenciada no processo 2. Como, após

a etapa de maturação do processo 1, a queda de 3,6% é menor que o desvio

padrão relativo das amostras da etapa anterior (8,0%), não é possível afirmar que

tal queda seja significativa. Os aumentos acumulados de Si foram de 150% no

processo 1 e de 129% no processo 2.

Considerando os erros embutidos nas análises e as quantidades muito de

Si muito similares no ponto de maior concentração de ambos os processos (após

o mash out) (Tabela 4.6 e Figura 4.1), concluiu-se então que, provavelmente, o

material escolhido para o caldeirão não interferiu na extração de Si durante a

mostura e a brassagem.

Como esperado, para ambos os processos a maior concentração de Si e

maior condutividade elétrica se dão após a etapa de mash out. A diminuição dos

níveis de Si observados a partir desta etapa e ao longo de ambos os processos

pode ser explicada pela remoção de material particulado, resultante do bagaço do

malte, ocasionada por sua decantação. Esta decantação pode ter ocorrido de

forma mais pronunciada na etapa de maturação, o que pode justificar, no caso do

processo 2, a redução mais acentuada após esta etapa, embora não tenha

ocorrido uma queda de Si tão significativa no processo 1.

Comparando os dados coletados neste estudo (Figura 4.1) com os dados

coletados por Casey & Bamforth (2010) (Figura 2.1), notou-se que, para todos os

processos de ambos os estudos, há um pico de concentração de Si no mosto

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59

após as etapas de extração de açúcares do malte (mostura, brassagem,

recirculação e separação do mosto), e então ela tende a diminuir, com maior ou

menor intensidade. Isso leva a conclusão de que o malte é, de fato, o grande

responsável pelos maiores níveis de Si na cerveja e, portanto, cervejas que

utilizam maiores proporções de malte tendem a possuir maiores teores de Si.

4.2.2. Al

Tabela 4.8 – Variação de concentração de Al ao longo de cada processo

id. amostra

ponto de coleta conc. Al,

n DPR, variação, variação,

pH ppb % ppb %

Água de ambos os processos

0 água do processo n.d. 3 - - -

Processo 1 (aço inox)

1.1 após a mostura 8,48 ± 0,24 3 3,7 +8,48 +∞ 5,58

1.2 após o mash out 18,32 ± 0,13 3 1,0 +9,84 +116 5,60

1.3 após a fervura e lupulagem 12,76 ± 0,12 3 1,4 -5,56 -30,3 5,41

1.4 após a fermentação 8,61 ± 0,19 3 2,9 -4,15 -32,6 4,41

1.5 após a maturação n.d. 3 - -8,61 -100 4,42

Processo 2 (alumínio)

2.1 após a mostura 46,24 ± 0,16 3 0,46 +46,24 +∞ 5,57

2.2 após o mash out 24,42 ± 0,11 3 0,62 -21,82 -47,2 5,53

2.3 após a fervura e lupulagem 71,07 ± 0,21 3 0,40 +46,65 +191 5,43

2.4 após a fermentação 111,0 ± 0,6 3 0,7 +39,9 +56,2 4,23

2.5 após a maturação 102,2 ± 1,0 3 1,3 -8,8 -7,9 4,22

Tabela 4.9 – Concentração de Al – Comparação entre os processos

etapa(s) do processo variação de conc. Al, ppb diferença*, pbb

proc. 1 proc. 2 (proc. 2) - (proc. 1)

mostura +8,48 +46,24 +37,76

brassagem e mash out +9,84 -21,82 -31,66

separação, fervura e lupulagem -5,56 +46,65 +52,21

fermentação -4,15 +39,93 +44,08

maturação -8,61 -8,8 -0,2

* Diferença entre as variações de concentração.

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Figura 4.2 – Perfis de concentração de Al e de pH para cada processo

Quanto ao Al, houve significativas diferenças entre os dois processos

(Tabela 4.8 e Tabela 4.9 e Figura 4.2). Importante afirmar que não foi identificado

Al na água mineral utilizada em ambos os processos, portanto, supõe-se que

todo Al adicionado aos processos seja proveniente dos ingredientes ou dos

equipamentos utilizados.

Logo no início, durante a etapa de mostura, apesar de não entrar em

questão o fator temperatura, observou-se uma liberação de Al na mostura do

processo 2 (46,24 ppb) cerca de 5,5 vezes maior que no processo 1 (8,48 ppb),

correspondente à uma diferença absoluta de 37,76 ppb. Isto leva a acreditar que

tal grande diferença possa estar sendo causada pela maior transferência do Al

0,00

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

110,0

120,0

água após amistura

após omashout

após afervura e

lupulagem

após afermentação

após amaturação

pH

co

nc. A

l, p

pb

conc. Al (Processo 1) conc. Al (Processo 2)

pH (Processo 1) pH (Processo 2)

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por parte do caldeirão de alumínio quando comparado ao caldeirão de aço inox. A

baixa quantidade de Al observada no processo 1 pode ser oriunda do Al presente

nos maltes, ou também ser proveniente da liberação de Al residual por parte do

caldeirão de aço inox, pois equipamentos de Al podem ser utilizados na

fabricação destas peças.

Nas etapas de brassagem e mash out notou-se um comportamento distinto

do restante do processo. Houve perda de Al no processo 1, enquanto o ganho de

Al no processo 2 (9,84 ppb) manteve-se similar ao da etapa de mostura (8,48

ppb), de tal modo que, após o mash out, ambos os processos atingissem um

patamar similar (18,32 ppb no processo 1 e 24,42 ppb no processo 2).

A maior diferença de variação de concentração de Al entre os processos

ocorreu nas etapas de separação, fervura e fervura e lupulagem. No processo 1

houve redução de 5,56 ppb, enquanto no processo 2 houve aumento de 46,65

ppb. A maior temperatura empregada na fervura e lupulagem, em comparação

com as empregadas nas etapas de brassagem e mash out, pode ter sido o fator

determinante para a expressivo aumento de concentração de Al no caso do

processo 2, e muito possivelmente devido a transferência do metal do caldeirão

para o mosto. Vale ressaltar também que, conforme visto no item 2.1.2, panelas

de alumínio novas, como o caldeirão usado neste estudo, tendem a liberar mais

Al, e principalmente durante a fervura.

Inesperadamente, durante a fermentação a tendência observada na fase

anterior (separação e fervura/lupulagem) continuou sendo observada. Houve

redução de 4,15 ppb no processo 1 e aumento de 39,93 ppb de Al no processo 2,

valores muito próximos dos relatados para a fase a anterior. Não se esperava tais

resultados, pois em ambos os processos a fermentação foi realizada em

fermentadores de plástico atóxicos idênticos, previamente descontaminados. Os

resultados desta etapa em particular, quanto ao Al, permanecem como um

enigma.

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E por último, quanto ao Al, a maturação ocorreu de maneira similar em

ambos os processos. Para ambos os processos houve leve redução de

concentração de Al, com valores muito próximos (8,61 ppb no processo 1 e 8,8

ppb no processo 2). Percentualmente, no entanto, as reduções nesta etapa foram

gritantemente diferentes, 100% no processo 1 e 7,9% no processo 2. Sendo

assim houve aparente esgotamento total de Al no processo no qual se utilizou

caldeirão de inox, sendo todo Al acrescendo durante o processo liberado ao

longo do mesmo. Já no processo no qual se utilizou caldeirão de alumínio, a

concentração do elemento na cerveja final foi de 102,2 ppb.

O teor de Al encontrado para a cerveja final do processo 1 (102,2 ppb) está

abaixo do estabelecido pela OMS para água potável (200 ppb), mas um pouco

acima do relacionado por diversos autores a maiores incidências de doença de

Alzheimer (100 ppb) (como visto no item 2.1.1).

4.2.2.1. Perfis de pH

Como pode ser observado na Figura 4.2, os dois processos apresentaram

perfis de pH muito similares. não havendo diferenças significativas entre os dois

perfis. Isto corrobora com a premissa de que, fora a distinção no material do

caldeirão, os processos possuiriam o máximo de similaridade possível, com o

intuito de maximizar a confiabilidade dos resultados do estudo.

Nas etapas nas quais se utilizou caldeirão (brassagem e fervura e

lupulagem) os valores de pH se mantiveram estáveis e próximos de 5,5 para

ambos os processos. Logo as diferenças de pH não podem ser apontadas como

um fator na transferência de Al dos caldeirões para os mostos.

As reduções de cerca de 1 unidade de pH observadas para ambos os

processos após cada fermentação podem ser atribuídas à formação de dióxido de

carbono característica das reações de fermentação. Tais reduções, por si só, não

explicam o grande aumento concomitante de concentração de Al no processo 2,

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visto que os fermentadores utilizados eram constituídos de plástico atóxico, livres

de quaisquer contaminantes metálicos.

4.3. Comparação das cervejas produzidas com cervejas comerciais

selecionadas quanto aos níveis de silício (Si) e alumínio (Al)

Comparando com os resultados da análise das cervejas comerciais

selecionadas, pode-se dizer que ambas as cervejas produzidas para este estudo

(cervejas 1 e 2), após a etapa de maturação, apresentaram níveis de Si (79,9 e 73,3

mg/L) situados entre a média do grupo G (40,0 mg/L) e a média do grupo M (99,7

mg/L). As cervejas 1 e 2 foram produzidas utilizando uma combinação de dois

maltes de cevada, podendo então serem classificadas como “puro malte”. Isso, com

base nos dados da Tabela 2.1, pode explicar seus níveis de Si superiores aos das

cervejas comerciais do grupo G, visto que tais cervejas possuem em sua formulação

adjuntos cervejeiros (Tabela 3.3), que possuem teores de Si muito inferiores aos do

malte de cevada.

Os níveis de Si das cervejas 1 e 2, no entanto, se situam consideravelmente

abaixo da média das cervejas comerciais do grupo M. Como tanto as cervejas

produzidas para a pesquisa quanto as cervejas do grupo M utilizaram-se de altas

proporções de malte (em sua maioria “puro malte”), esta diferença pode estar sendo

ocasionada pela não realização da etapa de recirculação em ambos os processos (1

e 2), o que já esperava-se diminuir consideravelmente a extração de nutrientes da

mistura de maltes para o mosto.

Quanto ao Al, a cerveja produzida para o estudo na qual se utilizou

caldeirão de alumínio (cerveja 2) apresentou uma concentração de Al (102,2 ppb)

situada entre as médias do grupo G e do grupo M (aproximando-se um pouco

mais da média do grupo G) e inferior ao limite estabelecido pela OMS (200 ppb)

mas superior ao associado por alguns autores a maiores incidências de doença

de Alzheimer (100 ppb) (como visto no item 2.1.1). Portanto, este estudo indica

que o material empregado no processo de fabricação de cerveja pode ser um

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fator significativo no aumento dos níveis de Al na bebida, além do material

empregado no envasamento das latas.

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5. Conclusões

Com base nos resultados coletados por este trabalho e discussões

pertinentes, aliados à informação reunida na revisão bibliográfica, confirmou-se

que, de fato, a cerveja em geral representa uma importante fonte de silício

biodisponível.

As etapas mais importantes para extração de silício são a mostura, a

brassagem e a recirculação. A não realização de recirculação para as cervejas

produzidas para esta pesquisa pode explicar seus níveis de silício um pouco

inferiores aos de cervejas de microcervejarias investigadas. Esta menor extração

de silício também pode ser explicada pelo menor cuidado empregado nesta

pesquisa durante outras importantes etapas de extração (como a mostura, a

brassagem e separação do mosto) quando comparado ao empregado na

produção de cervejas artesanais comerciais.

Através da produção de cerveja artesanal conduzida para esta pesquisa e

da comparação com marcas de grandes e microcervejarias, reafirma-se a posição

de certas cervejas de microcervejarias como fonte mais significativa de silício

biodisponível quando comparadas às cervejas comuns de grandes cervejarias.

Os valores de silício encontrados para a cerveja produzida para a pesquisa e

para as cervejas de microcervejarias foram altos mesmo levando-se em

consideração os dados disponíveis na literatura revista quanto ao silício presente

em cervejas deste porte. Quanto às cervejas de grandes cervejarias, concluiu-se

que seus teores de silício são muito próximos dos de águas potáveis e, logo,

suspeita-se que a natureza de seus processos faça com que, possivelmente, a

maior parte do silício extraído do malte seja perdida em seus processos, e isto

também se alia ao fato de tais cervejarias utilizarem menores proporções de

malte em suas formulações.

Quanto ao alumínio, notou-se que o uso de caldeirão de alumínio causa

um impacto significativo no acréscimo de alumínio à bebida durante o processo.

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Este acréscimo foi observado inclusive em uma etapa posterior àquelas nas quais

se utilizou equipamento de alumínio, tornando necessário mais estudos no

sentido de esclarecer os motivos deste aumento inesperado.

De forma similar, os resultados pertinentes às cervejas comerciais

investigadas geram preocupação quanto à presença de alumínio em cervejas de

grandes cervejarias envasadas em lata.

É possível, no entanto, que parte deste alumínio, resultante de

transferência tanto do caldeirão de alumínio quanto das latas, esteja presente sob

a forma de espécies não biodisponíveis.

Isto posto, os resultados indicaram que o uso de caldeirão de alumínio na

produção de cerveja artesanal não representou um fator de transferência de

alumínio para a bebida maior que o envasamento de cerveja em latas compostas

por alumínio.

Por fim, este trabalho sugere a realização de mais estudos no sentido de

se avaliar a influência da escolha dos tipos de malte, lúpulo e levedura e de

técnicas empregadas sobre as concentrações de silício em cerveja, e a influência

da escolha de material na fabricação e no envasamento de cerveja sobre as

concentrações de alumínio em cerveja, além de incentivar pesquisas sobre a

especiação destes elementos, sobre as interações entre eles e sobre a

biodisponibilidade de espécies formadas no que diz respeito a saúde humana.

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