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Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD
DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES
PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA - STJ
Brasiacutelia 2010
DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES
PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA - STJ
Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica
Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler
Brasiacutelia 2010
DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES
PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA -STJ
Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para a obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica
Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler
Brasiacutelia 27 de novembro de 2010
Banca Examinadora
_________________________________________________
Prof MScGilberto Gomes Guedes
_________________________________________________
Prof Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz
Agrave minha matildee Maria Sirlei Borges de Oliveira mulher admiraacutevel e especial cujo amor presenccedila e apoio eu sinto e preciso em todos os momentos da minha vida
Ao meu pai Nilson de Oliveira e Silva pelo exemplo de retidatildeo trabalho e caraacuteter que sempre me inspirou
AGRADECIMENTOS
Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo
e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias
pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que
necessaacuterio
Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e
superaccedilotildees inspirou esse trabalho
Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e
carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do
tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees
Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte
teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas
Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo
carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram
Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino
de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia
com que gerencia nossa aacuterea
Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e
momentos de amizade
Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e
Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias
partilhadas
Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela
generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e
sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico
Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que
nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia
Cientiacutefica
Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes
Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que
dispensaram ao meu trabalho
E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma
contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho
Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol
(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos
cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais
Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias
ABSTRACT
This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions
Key words Women Labour Market LeadershipCompetences
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
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53
54
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56
56
57
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60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
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16
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67
69
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76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
19
Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
21
flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 2: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/2.jpg)
DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES
PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA - STJ
Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica
Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler
Brasiacutelia 2010
DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES
PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA -STJ
Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para a obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica
Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler
Brasiacutelia 27 de novembro de 2010
Banca Examinadora
_________________________________________________
Prof MScGilberto Gomes Guedes
_________________________________________________
Prof Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz
Agrave minha matildee Maria Sirlei Borges de Oliveira mulher admiraacutevel e especial cujo amor presenccedila e apoio eu sinto e preciso em todos os momentos da minha vida
Ao meu pai Nilson de Oliveira e Silva pelo exemplo de retidatildeo trabalho e caraacuteter que sempre me inspirou
AGRADECIMENTOS
Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo
e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias
pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que
necessaacuterio
Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e
superaccedilotildees inspirou esse trabalho
Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e
carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do
tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees
Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte
teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas
Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo
carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram
Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino
de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia
com que gerencia nossa aacuterea
Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e
momentos de amizade
Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e
Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias
partilhadas
Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela
generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e
sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico
Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que
nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia
Cientiacutefica
Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes
Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que
dispensaram ao meu trabalho
E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma
contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho
Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol
(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos
cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais
Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias
ABSTRACT
This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions
Key words Women Labour Market LeadershipCompetences
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
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Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
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flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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71
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
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1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
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141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
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ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 3: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/3.jpg)
DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES
PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA -STJ
Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para a obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica
Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler
Brasiacutelia 27 de novembro de 2010
Banca Examinadora
_________________________________________________
Prof MScGilberto Gomes Guedes
_________________________________________________
Prof Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz
Agrave minha matildee Maria Sirlei Borges de Oliveira mulher admiraacutevel e especial cujo amor presenccedila e apoio eu sinto e preciso em todos os momentos da minha vida
Ao meu pai Nilson de Oliveira e Silva pelo exemplo de retidatildeo trabalho e caraacuteter que sempre me inspirou
AGRADECIMENTOS
Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo
e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias
pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que
necessaacuterio
Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e
superaccedilotildees inspirou esse trabalho
Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e
carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do
tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees
Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte
teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas
Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo
carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram
Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino
de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia
com que gerencia nossa aacuterea
Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e
momentos de amizade
Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e
Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias
partilhadas
Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela
generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e
sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico
Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que
nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia
Cientiacutefica
Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes
Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que
dispensaram ao meu trabalho
E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma
contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho
Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol
(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos
cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais
Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias
ABSTRACT
This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions
Key words Women Labour Market LeadershipCompetences
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
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16
20
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26
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52
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61
67
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72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
19
Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
21
flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 4: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/4.jpg)
Agrave minha matildee Maria Sirlei Borges de Oliveira mulher admiraacutevel e especial cujo amor presenccedila e apoio eu sinto e preciso em todos os momentos da minha vida
Ao meu pai Nilson de Oliveira e Silva pelo exemplo de retidatildeo trabalho e caraacuteter que sempre me inspirou
AGRADECIMENTOS
Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo
e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias
pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que
necessaacuterio
Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e
superaccedilotildees inspirou esse trabalho
Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e
carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do
tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees
Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte
teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas
Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo
carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram
Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino
de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia
com que gerencia nossa aacuterea
Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e
momentos de amizade
Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e
Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias
partilhadas
Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela
generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e
sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico
Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que
nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia
Cientiacutefica
Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes
Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que
dispensaram ao meu trabalho
E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma
contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho
Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol
(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos
cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais
Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias
ABSTRACT
This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions
Key words Women Labour Market LeadershipCompetences
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
19
Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
21
flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
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foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
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A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
BEM SL The measurement of psychological androgyny Journal of Consulting and Clinical Psychology Washington vol42 n 2 p155-162 1974 BITENCOURT Claudia C Gestatildeo de competecircncias gerenciais a contribuiccedilatildeo da aprendizagem organizacional 320 f Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2001 BOOG Gustavo Manual de treinamento e desenvolvimento Satildeo Paulo Best Seller1991 BOYATIZIS R The Competent Manager a Model of Effective Performance New York John Wiley amp Sons Ltda 1982 BRASIL Superior Tribunal de Justiccedila Ato regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007Institui o Regulamento da Secretaria [do] Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia12 abr2007 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201111664gt Acesso em 2 out 2010 1600 ______ Superior Tribunal de Justiccedila Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009 Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201122580gt Acesso em 2 out 2010 1600 BRUSCHINI Cristina PUPPIN Andrea Brandatildeo Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do seacuteculo XX Caderno de Pesquisa Satildeo Paulo v 34 n 121 Abr 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010015742004000100006amplng=enampnrm=isogt Acesso em 28 set 2010 1500 CASTELLS Manuel O poder da identidade 3 ed Satildeo Paulo Paz e Terra1999 CONNEL Robert W Gender and Power Society the Person and Sexual Politics Stanford California Stanford University Press 1987 LAVINAS L Empregabilidade no Brasil inflexotildees de gecircnero e diferenciais femininos Texto para Discussatildeo Rio de Janeiro IPEA nordm 826 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrpubtdtd_2001Td0826pdfgt Acesso em 20 out 2010 0945 LINHARES L LAVINAS L Mulheres e Trabalho lei e mercado Revista Proposta Rio de Janeiro n72 p52-61 marmaio 1997 LEVITT Steven D DUBNER Stephen J Superfreakonomics o lado oculto do dia a dia Rio de Janeiro Elsevier 2010 ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica Gecircnero raccedila e competecircncias de direccedilatildeo no Serviccedilo Puacuteblico Federal Cadernos ENAP Brasiacutelian31 p 7-69 2006 Disponiacutevel em
70
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71
MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 5: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/5.jpg)
AGRADECIMENTOS
Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo
e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias
pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que
necessaacuterio
Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e
superaccedilotildees inspirou esse trabalho
Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e
carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do
tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees
Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte
teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas
Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo
carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram
Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino
de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia
com que gerencia nossa aacuterea
Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e
momentos de amizade
Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e
Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias
partilhadas
Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela
generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e
sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico
Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que
nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia
Cientiacutefica
Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes
Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que
dispensaram ao meu trabalho
E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma
contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho
Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol
(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos
cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais
Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias
ABSTRACT
This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions
Key words Women Labour Market LeadershipCompetences
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
19
Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
21
flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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71
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
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141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
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ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 6: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/6.jpg)
Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela
generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e
sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico
Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que
nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia
Cientiacutefica
Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes
Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que
dispensaram ao meu trabalho
E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma
contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho
Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol
(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos
cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais
Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias
ABSTRACT
This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions
Key words Women Labour Market LeadershipCompetences
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
19
Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
21
flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
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nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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71
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
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141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 7: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/7.jpg)
Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol
(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos
cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais
Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias
ABSTRACT
This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions
Key words Women Labour Market LeadershipCompetences
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
19
Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
21
flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
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1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 8: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/8.jpg)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos
cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais
Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias
ABSTRACT
This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions
Key words Women Labour Market LeadershipCompetences
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
19
Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
21
flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
BEM SL The measurement of psychological androgyny Journal of Consulting and Clinical Psychology Washington vol42 n 2 p155-162 1974 BITENCOURT Claudia C Gestatildeo de competecircncias gerenciais a contribuiccedilatildeo da aprendizagem organizacional 320 f Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2001 BOOG Gustavo Manual de treinamento e desenvolvimento Satildeo Paulo Best Seller1991 BOYATIZIS R The Competent Manager a Model of Effective Performance New York John Wiley amp Sons Ltda 1982 BRASIL Superior Tribunal de Justiccedila Ato regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007Institui o Regulamento da Secretaria [do] Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia12 abr2007 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201111664gt Acesso em 2 out 2010 1600 ______ Superior Tribunal de Justiccedila Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009 Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201122580gt Acesso em 2 out 2010 1600 BRUSCHINI Cristina PUPPIN Andrea Brandatildeo Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do seacuteculo XX Caderno de Pesquisa Satildeo Paulo v 34 n 121 Abr 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010015742004000100006amplng=enampnrm=isogt Acesso em 28 set 2010 1500 CASTELLS Manuel O poder da identidade 3 ed Satildeo Paulo Paz e Terra1999 CONNEL Robert W Gender and Power Society the Person and Sexual Politics Stanford California Stanford University Press 1987 LAVINAS L Empregabilidade no Brasil inflexotildees de gecircnero e diferenciais femininos Texto para Discussatildeo Rio de Janeiro IPEA nordm 826 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrpubtdtd_2001Td0826pdfgt Acesso em 20 out 2010 0945 LINHARES L LAVINAS L Mulheres e Trabalho lei e mercado Revista Proposta Rio de Janeiro n72 p52-61 marmaio 1997 LEVITT Steven D DUBNER Stephen J Superfreakonomics o lado oculto do dia a dia Rio de Janeiro Elsevier 2010 ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica Gecircnero raccedila e competecircncias de direccedilatildeo no Serviccedilo Puacuteblico Federal Cadernos ENAP Brasiacutelian31 p 7-69 2006 Disponiacutevel em
70
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71
MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 9: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/9.jpg)
ABSTRACT
This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions
Key words Women Labour Market LeadershipCompetences
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
19
Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
21
flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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71
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 10: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/10.jpg)
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila
DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior
ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica
FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica
INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica
OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho
PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios
SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila
SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila
SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e
Gestatildeo
STJ Superior Tribunal de Justiccedila
UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
19
Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
21
flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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71
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
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ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 11: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/11.jpg)
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses
selecionados ndash 2006
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash
19982008
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo
Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade
Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e
estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos
do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a
participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
22
22
35
53
53
54
54
54
55
56
56
56
57
58
59
60
60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
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Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
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flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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71
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
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7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
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876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
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1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
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141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
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ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 12: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/12.jpg)
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil
2007
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de
instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo
o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e
suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
28
31
32
34
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
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Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
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Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
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flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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71
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
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ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
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7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
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876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
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1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
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141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
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ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
![Page 13: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060814/60932a47c4918e21c324e4dc/html5/thumbnails/13.jpg)
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
14 Competecircncias
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
21 Tipo de pesquisa
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
3 RESULTADOS DA PESQUISA
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
REFEREcircNCIAS
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ
13
16
16
20
24
26
31
33
38
42
45
45
47
52
52
55
57
58
59
61
67
69
72
76
85
13
INTRODUCcedilAtildeO
As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e
responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos
na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral
brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007
(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de
trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres
brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas
deacutecadas
Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute
substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)
No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim
Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do
Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam
455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute
equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da
Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico
realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO
14
2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico
federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos
O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da
realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e
estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a
Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da
diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta
pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo
feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de
participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho
de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas
competecircncias
Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento
bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio
do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado
perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido
articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a
participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos
emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com
intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em
estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-
preenchimento e retorno voluntaacuterio
Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da
diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar
e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a
15
discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da
equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas
corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os
relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades
assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o
primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel
alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim
propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades
O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute
contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que
levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e
condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos
das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O
segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo
apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada
No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura
analisada
16
1 REFERENCIAL TEOacuteRICO
11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino
Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na
sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este
movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a
antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar
os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo
A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo
Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas
entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem
psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social
Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que
firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades
subjetivas de homens e mulheres
De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual
de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a
uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser
homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o
feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde
muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos
homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu
embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra
17
forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das
ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel
sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos
No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a
masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem
(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-
iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam
traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da
psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e
de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo
generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam
mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes
cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de
homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas
Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da
antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da
deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por
igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a
constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda
ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de
1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista
refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute
um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo
porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista
perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e
18
Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo
como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo
feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres
estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das
Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica
O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas
vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres
no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da
dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o
feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o
principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse
pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e
credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na
sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006
p28)
Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais
abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e
a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos
privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo
ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob
este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus
estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os
estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha
avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e
mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)
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Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no
mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980
observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras
(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada
na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo
literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre
produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006
p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano
diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir
o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006
p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas
discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias
imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e
mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas
representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de
trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados
(MOURAtildeO 2006 p28)
Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos
mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO
2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo
desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de
Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para
melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas
tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees
20
12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho
Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por
importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no
trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e
estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees
demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda
da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de
contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o
aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees
demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da
mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo
Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o
acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho
Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como
propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo
o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades
contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou
seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede
da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho
por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a
produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP
(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais
necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave
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flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as
mulheres
Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do
seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o
crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos
sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e
exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o
autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade
do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho
e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido
tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda
satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a
flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se
agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador
exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que
sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia
contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros
Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e
econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem
apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje
Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram
que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho
Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE
2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou
22
superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade
Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos
(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho
sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse
grupo atinge 70 (Graacutefico 1)
Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)
Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas
pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a
2008 (Graacutefico2)
Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)
23
Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da
necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior
independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo
Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos
uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz
respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil
desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais
elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados
Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse
comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo
do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo
produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja
reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as
mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no
mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais
atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo
intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as
mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na
administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar
feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO
2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas
uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a
ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de
tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de
contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de
24
trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um
maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos
homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se
compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo
parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico
e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios
inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute
porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem
dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo
ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou
feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar
vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora
enfatiza que
Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)
121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal
Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do
homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das
estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade
masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da
produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os
25
relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos
na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo
contextualizados histoacuterica e culturalmente
Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu
uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da
economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras
foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes
conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006
p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho
remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a
legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por
outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que
passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar
criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)
Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo
Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e
mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das
desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em
geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas
mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de
uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua
adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional
A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se
aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem
nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do
26
trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado
quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina
122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia
De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo
feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do
mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo
delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de
filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe
de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o
sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado
de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal
manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e
a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos
condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no
mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina
prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as
responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no
trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho
Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as
mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em
alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a
abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental
27
para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no
mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e
distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de
responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas
caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo
baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e
mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos
natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta
forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos
custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes
idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e
para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que
Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade
A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem
sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e
demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam
atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a
dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades
em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo
inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas
que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo
28
desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto
por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a
dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles
(Tabela 1)
Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007
Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total
Nuacutemero meacutedio de horas
trabalhadas
Tempo de percurso meacutedio
de ida da residecircncia ao
local de trabalho
Total
Nuacutemero meacutedio de horas
dedicadas aos afazeres
domeacutesticos
Tempo total gasto em
atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo
Sexo
(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)
Mulheres 351 47 398 26 658
Homens 427 47 474 103 577
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo
feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares
compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e
Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos
auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a
trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres
que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda
responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a
FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos
superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as
mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica
em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na
ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada
semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada
29
Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute
considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do
trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala
Rodrigues (2010 p 32)
Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais
Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas
ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o
trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres
Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os
trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na
insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da
ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as
responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e
mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas
puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um
desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de
crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima
organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados
com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de
trabalho infantil
Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres
agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos
que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da
30
nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de
tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de
especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a
FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo
familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no
mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de
referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre
1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para
349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou
tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)
Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao
trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da
proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias
chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila
de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO
2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm
melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho
o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria
Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da
maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no
passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho
Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir
dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados
dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se
consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave
31
maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade
sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se
por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas
nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada
na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um
limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila
de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo
familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que
propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)
123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo
Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a
escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina
entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em
2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais
da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo
feminino (Tabela 2)
Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007
1999 2002 2007 Anos de estudo
Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
510 490 512 4 88 512 488
de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507
de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497
de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467
12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou
sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448
Total 516 484 518 482 516 484
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
32
No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos
expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino
Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo
profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as
aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e
outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado
de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de
imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel
superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar
social humanidades e artes
Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta
Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das
mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres
aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade
obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou
mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa
de atividade geral (524)
Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007
Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano
724 366 698 365 650 349
de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349
de 4 a 7 anos 701
418 671 416 635 403
de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537
11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722
15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821
Total () 712 475 732 503 724 524
Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)
33
Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de
trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores
niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em
2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de
instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses
mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)
13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees
A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas
uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas
em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e
consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono
Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda
eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes
masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os
dados de 2003
Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que
ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram
ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos
concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja
mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila
sobretudo em tradicionais guetos femininos
1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade
34
A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004
apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda
majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho
de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de
ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na
carreira
A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros
ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa
realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas
diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja
maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos
cargos (Tabela 4)
Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo
Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total
Quadro Executivo 1462 190 1652
Gerecircncia 20818 6779 27597
Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo
40670 23993 64663
Quadro Funcional 410352 218580 628932
Total 471302 249542 722844
Fonte Instituto Ethos (2008 p6)
Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas
privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que
Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo
35
Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP
(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e
homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento
Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo
sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que
os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo
De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela
SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248
dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um
percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)
Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual
A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as
mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas
instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo
raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que
36
nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio
associado a estes postos
Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o
espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho
uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar
como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem
disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a
inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da
aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo
meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal
Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e
de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo
feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-
representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica
A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no
Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de
Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que
O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles
Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como
aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos
menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por
exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta
posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos
37
(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as
poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a
uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor
privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja
considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios
baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e
trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e
econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte
regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades
econocircmicas (ENAP 2006 p48)
Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras
executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo
comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de
decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)
Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades
Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas
sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das
relaccedilotildees de gecircnerordquo
Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva
desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de
consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres
Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento
das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de
gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que
38
foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico
conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as
dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil
obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil
aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm
lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas
a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -
igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a
constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em
todos seus niacuteveis
14 Competecircncias
A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade
quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado
romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas
habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud
ENAP 2006 p 43)
Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final
da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma
instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia
veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a
respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica
passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho
39
A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de
competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de
uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que
os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e
passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento
profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na
introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De
acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu
Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do
tema competecircnciasrdquo
Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo
aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que
determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo
De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na
enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O
Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo
1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)
2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo
3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico
4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade
5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos
40
6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado
Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)
Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial
muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em
aspectos distintos tais quais
1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a
qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa
significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)
2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias
que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA
1997 p14)
3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade
mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de
atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999
apud BITENCOURT 2001p29)
4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir
responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos
ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001
p29)
5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e
reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades
que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY
FLEURY 2000 p21)
41
6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)
O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)
7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia
eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir
do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo
(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)
Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com
indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente
Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para
a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a
procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de
seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus
empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a
questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva
competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam
um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do
aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no
processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas
tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a
valorizar a atitude como seu maior determinante
42
A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas
resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a
resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud
ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem
tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto
que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos
como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem
destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees
profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a
uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de
competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de
conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No
segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo
141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico
As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo
econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas
abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem
no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas
aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas
reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise
comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados
Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo
sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos
43
debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e
dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram
pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem
o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de
governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos
e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na
mesma intensidade que fizeram os britacircnicos
Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em
cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das
competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo
conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do
serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica
Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias
esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos
anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores
Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram
desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para
adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou
com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de
recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos
funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das
instituiccedilotildees canadenses
Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor
puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que
as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais
44
nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as
competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os
subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os
esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem
conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis
com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias
importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a
criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar
resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo
sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em
organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais
essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo
estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as
diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress
e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo
agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade
45
2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os
passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu
identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de
Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da
representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de
participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas
21 Tipo de pesquisa
A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi
elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)
monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor
representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo
A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo
descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa
bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios
propostos por Vergara (2002 p4648)
A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado
fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a
participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o
46
presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado
contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo
O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo
de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do
estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento
acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada
Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos
especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em
cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de
dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais
cargos
Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se
utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias
regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de
Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa
tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a
construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees
cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de
uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores
da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado
47
22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos
Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o
levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa
identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees
puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da
realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio
preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees
sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo
feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta
de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de
material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites
eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio
acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho
produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos
observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo
transpostas
Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento
documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos
normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em
comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de
dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados
numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ
48
Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da
Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6
de 30 de junho de 2009
O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato
Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do
STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees
comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece
Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)
Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados
do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do
presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de
determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30
de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual
composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas
De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de
correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do
Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de
cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e
26 de outubro de 2010
A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi
possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a
participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a
percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores
49
de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias
necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas
competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios
fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio
O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no
levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de
caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das
quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o
perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo
ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey
on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia
eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio
eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller
(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no
que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia
frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o
puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta
forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz
para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa
Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para
aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores
requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal
perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de
outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura
50
(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e
ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho
A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos
do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme
nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por
FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute
verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim
por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e
Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e
Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores
homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer
os resultados da pesquisa
Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo
miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim
embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a
serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de
2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail
coorporativo
Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de
campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo
que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores
preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava
2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos
servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para
51
auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de
sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal
A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo
software de pesquisa question pro
52
3 RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos
de cada variaacutevel do presente estudo
31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra
O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis
relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo
no tribunal
Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade
que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa
preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29
anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos
No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)
Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de
formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi
apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio
completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram
aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo
fundamental ou em grau de poacutes-doutorado
53
Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam
funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos
niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)
Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir
com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de
Oacutergatildeos Julgadores (1569)
Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa
Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade
54
Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica
Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo
Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas
55
32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada
durante o levantamento documental da pesquisa
Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do
universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo
efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)
Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero
A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643
no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)
4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e
Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total
geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal
O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos
gerenciais do STJ
56
Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ
desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo
Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo
Homens
Dirigentes
57
Mulheres Dirigentes
43
57
Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo
avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada
Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais
do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a
respeito
Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ
33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos
diretivos e estrateacutegicos do STJ
No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina
nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa
responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao
desempenho de funccedilotildees gerenciais
A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes
das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute
58
flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior
participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores
O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que
justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal
34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais
A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de
campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o
exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006
p28)
Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias
listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante
pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de
5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada
importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos
59
Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ
35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de
gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi
solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho
profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no
software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto
se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para
um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era
possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo
Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava
nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia
60
Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais
O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos
participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho
de cargos gerenciais
Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino
61
4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ
Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do
tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os
percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo
Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total
de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao
percentual de homens
Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca
os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo
coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal
abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da
Presidecircncia
Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de
taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser
considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da
pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas
seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente
moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas
Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)
Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo
supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais
femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e
documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente
62
masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute
interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal
aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres
Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas
diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos
aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente
Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se
observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)
constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo
puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila
feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa
impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de
trabalho
Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos
cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)
atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para
exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo
para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso
aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade
de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais
uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as
responsabilidades funcionais
Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a
legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades
habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra
63
(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se
que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o
trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela
oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee
limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas
Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um
limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade
de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o
trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior
condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino
Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada
redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta
pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram
a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro
Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que
projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida
domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo
preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730
dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos
das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes
Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar
desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que
o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram
Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da
Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador
64
favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino
em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999
p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)
aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais
Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram
rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos
participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento
destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que
observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para
mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de
que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de
competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho
Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-
se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os
respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e
atributos exigidos pelos cargos gerenciais
Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes
ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade
e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram
consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento
poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e
2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos
ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a
ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito
65
importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as
accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)
Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de
funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as
mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes
cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando
os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave
competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos
Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou
competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se
concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo
ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo
Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os
participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas
servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do
trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao
verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal
relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)
As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino
66
Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006
p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo
contundentes como agora
Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de
combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram
altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados
(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para
proacutepria organizaccedilatildeo
Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si
mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente
cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006
p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da
segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa
bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas
referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da
realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas
adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo
67
CONCLUSAtildeO
O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo
feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar
as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as
competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo
de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-
representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo
maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo
presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina
para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees
Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e
reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da
identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo
encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito
do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito
da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade
encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso
feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para
desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que
permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto
uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das
mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo
funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do
tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e
68
apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da
pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente
agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na
acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho
O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a
importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e
praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade
satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui
para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do
desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo
na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais
Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema
Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da
motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o
tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste
sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover
accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais
quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da
negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas
Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees
relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser
compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer
subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores
baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim
de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise
69
REFEREcircNCIAS
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71
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72
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa
Prezado Servidor
Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas
aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ
Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um
questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher
Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos
previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder
qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento
Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente
confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas
informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais
Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode
entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail
dborgesstjjusbr
Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio
agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo
1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal
73
1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio
destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades
familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante
Muito
importante Importante Mais ou
menos importante
Pouco importante
Nada importante
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos
Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as
diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves
pressotildees
Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade
74
4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ
As mulheres possuem todas as
competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de
diretivos e estrateacutegicos do STJ
Lideranccedila Negociaccedilatildeo
Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe
Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas
Criatividade Compreensatildeo organizacional
Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees
Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)
Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente
Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo
Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino
75
7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA
RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002
Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila
O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio
Ministro Nilson Naves
ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002
I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento
21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa
22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento
3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede
311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos
32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas
4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria
421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes
ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76
423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa
431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e
Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos
1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal
31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees
32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo
4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas
411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas
42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas
III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural
31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal
4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo
411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos
42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa
5 Subsecretaria de Arquivo-Geral
77
51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia
52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
78
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA
I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social
81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual
B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa
21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas
3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees
4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica
C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica
41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo
5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo
79
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais
721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo
73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa
74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios
75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais
76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais
77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva
8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios
831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia
85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento
86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras
87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo
80
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)
881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa
9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia
921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade
93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa
10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva
1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos
104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos
105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos
11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos
1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos
115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material
116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas
117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura
81
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica
118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo
119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos
12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal
1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia
124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais
125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo
126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional
13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica
1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem
134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva
135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia
136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas
14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo
82
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141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento
1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito
143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos
144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware
145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos
15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila
1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila
154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente
83
Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73
ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)
COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS
NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE
CJ-4 Diretor-Geral 01
CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01
CJ-3 Chefe de Gabinete 37
CJ-3 Assessor-Chefe 06
CJ-3 Secretaacuterio 11
CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02
CJ-2 Coordenador 56
FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198
FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor
Subtotal
06
318
NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE
CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07
CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03
CJ-3 Assessor de Ministro 203
CJ-2 Assessor A 21
CJ-1 Assessor B 41
FC-6 Assessor C
Subtotal
9
284
NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE
FC-5 Assistente V 59
FC-4 Assistente IV 409
FC-2 Assistente II
Subtotal
373
841
NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS
QUANTIDADE
CJ-3 Secretaacuterio 01
CJ-2 Coordenador 03
CJ-2 Assessor A 02
CJ-1 Assessor B 01
FC-4 Assistente IV 04
Subtotal 11
Total 1454
84
De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png
Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo
Tipo de Servidor Sexo Total
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1
Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4
Ministro Feminino 5Masculino 25
Ministro Total 30
Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370
Quadro Permanente Total 2715
Requisitado Feminino 37Masculino 74
Requisitado Total 111
Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38
Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935
Atenciosamente
ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85
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