danielle cristina de oliveira borges participaÇÃo … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e...

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Centro Universitário de Brasília Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO FEMININA NAS ÁREAS DIRETIVAS E ESTRATÉGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ Brasília 2010

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Page 1: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD

DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES

PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA - STJ

Brasiacutelia 2010

DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES

PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA - STJ

Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica

Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler

Brasiacutelia 2010

DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES

PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA -STJ

Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para a obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica

Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler

Brasiacutelia 27 de novembro de 2010

Banca Examinadora

_________________________________________________

Prof MScGilberto Gomes Guedes

_________________________________________________

Prof Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz

Agrave minha matildee Maria Sirlei Borges de Oliveira mulher admiraacutevel e especial cujo amor presenccedila e apoio eu sinto e preciso em todos os momentos da minha vida

Ao meu pai Nilson de Oliveira e Silva pelo exemplo de retidatildeo trabalho e caraacuteter que sempre me inspirou

AGRADECIMENTOS

Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo

e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias

pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que

necessaacuterio

Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e

superaccedilotildees inspirou esse trabalho

Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e

carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do

tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees

Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte

teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas

Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo

carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram

Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino

de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia

com que gerencia nossa aacuterea

Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e

momentos de amizade

Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e

Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias

partilhadas

Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela

generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e

sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico

Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que

nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia

Cientiacutefica

Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes

Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que

dispensaram ao meu trabalho

E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma

contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho

Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol

(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos

cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais

Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias

ABSTRACT

This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions

Key words Women Labour Market LeadershipCompetences

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

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SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

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INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

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70

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MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

______ A abordagem da OIT sobre a promoccedilatildeo da igualdade de oportunidades e tratamento no mundo do trabalho OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrtopicgenderdoc08_marco_2010_texto_139pdfgt Acesso em 12 out2010 0945

Pereira Ferdinand C O que eacute empoderamento Teresina FAPEPI 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwfapepipigovbrnovafapepisapiencia8artigos1phpgt Acesso em 26 out2010 1758 RODRIGUES Graciela A autonomia econocircmica das mulheres e a reproduccedilatildeo social o papel das poliacuteticas puacuteblicas Revista do Observatoacuterio Brasil da Igualdade de Gecircnero Brasiacutelia p31-40 jul 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwobservatoriodegenerogovbrmenupublicacoesrevista-do-observatorio-2a-edicaoviewgt Acesso em 15 out20101500 TODARO Rosalba GODOY amp ABRAMO Laiacutes Desempentildeo laboral de hombres y mujeres opinan los empresarios Cadernos Pagu [online] Campinas n17-18 p 197-236 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcpan17-18n17a08pdfgt Acesso em 23 out2010 1440 VERGARA Sylvia C Projetos e relatoacuterios de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 2000 ______ Gestatildeo de pessoas Satildeo Paulo Atlas 2007 WOOD R PAYNE T Compentency based Recruitment and Selection ndash a Practice Guide London John Wiley amp Sons Ltda 1998

72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 2: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES

PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA - STJ

Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica

Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler

Brasiacutelia 2010

DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES

PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA -STJ

Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para a obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica

Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler

Brasiacutelia 27 de novembro de 2010

Banca Examinadora

_________________________________________________

Prof MScGilberto Gomes Guedes

_________________________________________________

Prof Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz

Agrave minha matildee Maria Sirlei Borges de Oliveira mulher admiraacutevel e especial cujo amor presenccedila e apoio eu sinto e preciso em todos os momentos da minha vida

Ao meu pai Nilson de Oliveira e Silva pelo exemplo de retidatildeo trabalho e caraacuteter que sempre me inspirou

AGRADECIMENTOS

Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo

e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias

pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que

necessaacuterio

Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e

superaccedilotildees inspirou esse trabalho

Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e

carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do

tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees

Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte

teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas

Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo

carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram

Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino

de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia

com que gerencia nossa aacuterea

Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e

momentos de amizade

Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e

Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias

partilhadas

Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela

generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e

sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico

Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que

nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia

Cientiacutefica

Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes

Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que

dispensaram ao meu trabalho

E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma

contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho

Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol

(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos

cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais

Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias

ABSTRACT

This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions

Key words Women Labour Market LeadershipCompetences

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

22

22

35

53

53

54

54

54

55

56

56

56

57

58

59

60

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

13

16

16

20

24

26

31

33

38

42

45

45

47

52

52

55

57

58

59

61

67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

BEM SL The measurement of psychological androgyny Journal of Consulting and Clinical Psychology Washington vol42 n 2 p155-162 1974 BITENCOURT Claudia C Gestatildeo de competecircncias gerenciais a contribuiccedilatildeo da aprendizagem organizacional 320 f Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2001 BOOG Gustavo Manual de treinamento e desenvolvimento Satildeo Paulo Best Seller1991 BOYATIZIS R The Competent Manager a Model of Effective Performance New York John Wiley amp Sons Ltda 1982 BRASIL Superior Tribunal de Justiccedila Ato regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007Institui o Regulamento da Secretaria [do] Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia12 abr2007 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201111664gt Acesso em 2 out 2010 1600 ______ Superior Tribunal de Justiccedila Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009 Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201122580gt Acesso em 2 out 2010 1600 BRUSCHINI Cristina PUPPIN Andrea Brandatildeo Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do seacuteculo XX Caderno de Pesquisa Satildeo Paulo v 34 n 121 Abr 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010015742004000100006amplng=enampnrm=isogt Acesso em 28 set 2010 1500 CASTELLS Manuel O poder da identidade 3 ed Satildeo Paulo Paz e Terra1999 CONNEL Robert W Gender and Power Society the Person and Sexual Politics Stanford California Stanford University Press 1987 LAVINAS L Empregabilidade no Brasil inflexotildees de gecircnero e diferenciais femininos Texto para Discussatildeo Rio de Janeiro IPEA nordm 826 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrpubtdtd_2001Td0826pdfgt Acesso em 20 out 2010 0945 LINHARES L LAVINAS L Mulheres e Trabalho lei e mercado Revista Proposta Rio de Janeiro n72 p52-61 marmaio 1997 LEVITT Steven D DUBNER Stephen J Superfreakonomics o lado oculto do dia a dia Rio de Janeiro Elsevier 2010 ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica Gecircnero raccedila e competecircncias de direccedilatildeo no Serviccedilo Puacuteblico Federal Cadernos ENAP Brasiacutelian31 p 7-69 2006 Disponiacutevel em

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71

MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

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72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 3: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES

PARTICIPACcedilAtildeO FEMININA NAS AacuteREAS DIRETIVAS E ESTRATEacuteGICAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA -STJ

Trabalho apresentado ao Centro Universitaacuterio de Brasiacutelia (UniCEUBICPD) como preacute-requisito para a obtenccedilatildeo de Certificado de Conclusatildeo de Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e Administraccedilatildeo Puacuteblica

Orientadora Prof MSc Anelise Pereira Sihler

Brasiacutelia 27 de novembro de 2010

Banca Examinadora

_________________________________________________

Prof MScGilberto Gomes Guedes

_________________________________________________

Prof Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz

Agrave minha matildee Maria Sirlei Borges de Oliveira mulher admiraacutevel e especial cujo amor presenccedila e apoio eu sinto e preciso em todos os momentos da minha vida

Ao meu pai Nilson de Oliveira e Silva pelo exemplo de retidatildeo trabalho e caraacuteter que sempre me inspirou

AGRADECIMENTOS

Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo

e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias

pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que

necessaacuterio

Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e

superaccedilotildees inspirou esse trabalho

Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e

carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do

tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees

Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte

teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas

Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo

carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram

Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino

de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia

com que gerencia nossa aacuterea

Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e

momentos de amizade

Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e

Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias

partilhadas

Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela

generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e

sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico

Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que

nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia

Cientiacutefica

Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes

Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que

dispensaram ao meu trabalho

E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma

contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho

Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol

(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos

cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais

Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias

ABSTRACT

This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions

Key words Women Labour Market LeadershipCompetences

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

22

22

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56

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60

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

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85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

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MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

______ A abordagem da OIT sobre a promoccedilatildeo da igualdade de oportunidades e tratamento no mundo do trabalho OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrtopicgenderdoc08_marco_2010_texto_139pdfgt Acesso em 12 out2010 0945

Pereira Ferdinand C O que eacute empoderamento Teresina FAPEPI 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwfapepipigovbrnovafapepisapiencia8artigos1phpgt Acesso em 26 out2010 1758 RODRIGUES Graciela A autonomia econocircmica das mulheres e a reproduccedilatildeo social o papel das poliacuteticas puacuteblicas Revista do Observatoacuterio Brasil da Igualdade de Gecircnero Brasiacutelia p31-40 jul 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwobservatoriodegenerogovbrmenupublicacoesrevista-do-observatorio-2a-edicaoviewgt Acesso em 15 out20101500 TODARO Rosalba GODOY amp ABRAMO Laiacutes Desempentildeo laboral de hombres y mujeres opinan los empresarios Cadernos Pagu [online] Campinas n17-18 p 197-236 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcpan17-18n17a08pdfgt Acesso em 23 out2010 1440 VERGARA Sylvia C Projetos e relatoacuterios de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 2000 ______ Gestatildeo de pessoas Satildeo Paulo Atlas 2007 WOOD R PAYNE T Compentency based Recruitment and Selection ndash a Practice Guide London John Wiley amp Sons Ltda 1998

72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 4: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

Agrave minha matildee Maria Sirlei Borges de Oliveira mulher admiraacutevel e especial cujo amor presenccedila e apoio eu sinto e preciso em todos os momentos da minha vida

Ao meu pai Nilson de Oliveira e Silva pelo exemplo de retidatildeo trabalho e caraacuteter que sempre me inspirou

AGRADECIMENTOS

Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo

e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias

pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que

necessaacuterio

Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e

superaccedilotildees inspirou esse trabalho

Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e

carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do

tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees

Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte

teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas

Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo

carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram

Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino

de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia

com que gerencia nossa aacuterea

Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e

momentos de amizade

Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e

Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias

partilhadas

Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela

generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e

sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico

Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que

nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia

Cientiacutefica

Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes

Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que

dispensaram ao meu trabalho

E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma

contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho

Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol

(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos

cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais

Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias

ABSTRACT

This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions

Key words Women Labour Market LeadershipCompetences

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

22

22

35

53

53

54

54

54

55

56

56

56

57

58

59

60

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

13

16

16

20

24

26

31

33

38

42

45

45

47

52

52

55

57

58

59

61

67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

BEM SL The measurement of psychological androgyny Journal of Consulting and Clinical Psychology Washington vol42 n 2 p155-162 1974 BITENCOURT Claudia C Gestatildeo de competecircncias gerenciais a contribuiccedilatildeo da aprendizagem organizacional 320 f Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2001 BOOG Gustavo Manual de treinamento e desenvolvimento Satildeo Paulo Best Seller1991 BOYATIZIS R The Competent Manager a Model of Effective Performance New York John Wiley amp Sons Ltda 1982 BRASIL Superior Tribunal de Justiccedila Ato regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007Institui o Regulamento da Secretaria [do] Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia12 abr2007 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201111664gt Acesso em 2 out 2010 1600 ______ Superior Tribunal de Justiccedila Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009 Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201122580gt Acesso em 2 out 2010 1600 BRUSCHINI Cristina PUPPIN Andrea Brandatildeo Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do seacuteculo XX Caderno de Pesquisa Satildeo Paulo v 34 n 121 Abr 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010015742004000100006amplng=enampnrm=isogt Acesso em 28 set 2010 1500 CASTELLS Manuel O poder da identidade 3 ed Satildeo Paulo Paz e Terra1999 CONNEL Robert W Gender and Power Society the Person and Sexual Politics Stanford California Stanford University Press 1987 LAVINAS L Empregabilidade no Brasil inflexotildees de gecircnero e diferenciais femininos Texto para Discussatildeo Rio de Janeiro IPEA nordm 826 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrpubtdtd_2001Td0826pdfgt Acesso em 20 out 2010 0945 LINHARES L LAVINAS L Mulheres e Trabalho lei e mercado Revista Proposta Rio de Janeiro n72 p52-61 marmaio 1997 LEVITT Steven D DUBNER Stephen J Superfreakonomics o lado oculto do dia a dia Rio de Janeiro Elsevier 2010 ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica Gecircnero raccedila e competecircncias de direccedilatildeo no Serviccedilo Puacuteblico Federal Cadernos ENAP Brasiacutelian31 p 7-69 2006 Disponiacutevel em

70

lthttpwwwenapgovbrindexphpoption=contentamptask=viewampid=258gt Acesso em 26 set2010 1615 FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas Bancos de dados sobre o trabalho da mulher Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwfccorgbrmulherindexhtmlgt Acesso em 26 set20101615 FLEURYMFLEURY A Estrateacutegias e Inovaccedilatildeo Organizacional as experiecircncias de Japatildeo Coreias e Brasil Satildeo Paulo Atlas 1995 GROSSI M P Identidade de Gecircnero e Sexualidade Antropologia em Primeira Matildeo Florianoacutepolis n24 p 1-181998 HIRATA Helena Da polarizaccedilatildeo das qualificaccedilotildees ao modelo da competecircncia In FERRETI Celso Joatildeo et al (Org) Novas Tecnologias trabalho e educaccedilatildeo um debate multidisciplinar Petroacutepolis Vozes 1994 HOOD C Lodge M Competency bureaucracy and public management reform a comparative analysis Governance an international journal of policy administration and institutions vol17 n 3 p313-333 jul 2004 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Siacutentese de Indicadores Sociais Uma Anaacutelise das Condiccedilotildees de Vida da Populaccedilatildeo Brasileira 2009 Rio de Janeiro IBGE 2009 Disponiacutevel em lthttpibgegovbrhomeestatisticapopulacaocondicaodevidaindicadoresminimossinteseindicsociais2009indic_sociais2009pdfgt Acesso em 26 set2010 1615 ______ Pesquisa Nacional Por Amostra De Domiciacutelios 2009 - V30 ndash Brasil Rio de Janeiro IBGE 2009 INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica Explotacion de las encuestas realizadas al colectivo de las mujeres y de los hombres Madrid 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcgtesfetapdocumentos2_2explotacion_de_las_encuestaspdfgt Acesso em 1 nov2010 0945 INSTITUTO ETHOS Perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas ndash pesquisa 2007 Satildeo Paulo Instituto EthosIBOPE 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwuniethosorgbr_UniethosDocumentsPesquisaDiversidade2007pdfgt Acesso em 1 nov2010 0945 KALIL PIRES Alexandre et al Gestatildeo por competecircncias em organizaccedilotildees do governo mesa-redonda de pesquisa-accedilatildeo Brasiacutelia Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica ndash ENAP 2005 Disponiacutevel em ltwwwenapgovbrgt Acesso em 29 out2010 1530 LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Metodologia do Trabalho Cientiacutefico Satildeo Paulo Atlas 1995 MAGALHAtildeES S ROCHA M Desenvolvimento de competecircncias o futuro agora Revista de Treinamento e Desenvolvimento Satildeo Paulo p12-14 jan1997

71

MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

______ A abordagem da OIT sobre a promoccedilatildeo da igualdade de oportunidades e tratamento no mundo do trabalho OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrtopicgenderdoc08_marco_2010_texto_139pdfgt Acesso em 12 out2010 0945

Pereira Ferdinand C O que eacute empoderamento Teresina FAPEPI 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwfapepipigovbrnovafapepisapiencia8artigos1phpgt Acesso em 26 out2010 1758 RODRIGUES Graciela A autonomia econocircmica das mulheres e a reproduccedilatildeo social o papel das poliacuteticas puacuteblicas Revista do Observatoacuterio Brasil da Igualdade de Gecircnero Brasiacutelia p31-40 jul 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwobservatoriodegenerogovbrmenupublicacoesrevista-do-observatorio-2a-edicaoviewgt Acesso em 15 out20101500 TODARO Rosalba GODOY amp ABRAMO Laiacutes Desempentildeo laboral de hombres y mujeres opinan los empresarios Cadernos Pagu [online] Campinas n17-18 p 197-236 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcpan17-18n17a08pdfgt Acesso em 23 out2010 1440 VERGARA Sylvia C Projetos e relatoacuterios de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 2000 ______ Gestatildeo de pessoas Satildeo Paulo Atlas 2007 WOOD R PAYNE T Compentency based Recruitment and Selection ndash a Practice Guide London John Wiley amp Sons Ltda 1998

72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 5: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

AGRADECIMENTOS

Redigir este trabalho foi possiacutevel graccedilas agraves numerosas formas de apoio incentivo

e inspiraccedilatildeo recebidas ao longo de meu curso Foi uma jornada de descobertas na qual vaacuterias

pessoas de formas diversas estiveram presentes e dispostas a me auxiliar sempre que

necessaacuterio

Agrave Maria Izabel Veloso cuja admiraacutevel histoacuteria de vida repleta de desafios e

superaccedilotildees inspirou esse trabalho

Agrave Rodrigo Veloso Martins meu namorado por quem tenho grande admiraccedilatildeo e

carinho pela paciecircncia em ouvir atentamente minhas interminaacuteveis divagaccedilotildees acerca do

tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestotildees

Aos meus irmatildeos Gustavo e Deacutebora pelo imprescindiacutevel e precioso suporte

teacutecnico e pela disposiccedilatildeo em solucionar minhas anguacutestias tecnoloacutegicas

Agrave minha famiacutelia avoacutes tios e tias primos e primas pela sincera torcida e por todo

carinho e afeiccedilatildeo que sempre me dedicaram

Agrave Eliana Bento Machado minha chefe que me mostrou um novo jeito feminino

de ldquobotar ordem na casardquo pelo incentivo aos meus estudos e pela dedicaccedilatildeo e competecircncia

com que gerencia nossa aacuterea

Aos bons colegas da Seccedilatildeo de Direitos do Servidor por todos os diaacutelogos ideias e

momentos de amizade

Agrave todos professores e colegas do Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo Lato Sensu em Gestatildeo e

Administraccedilatildeo Puacuteblica pela convivecircncia enriquecedora e conhecimentos e experiecircncias

partilhadas

Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela

generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e

sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico

Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que

nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia

Cientiacutefica

Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes

Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que

dispensaram ao meu trabalho

E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma

contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho

Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol

(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos

cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais

Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias

ABSTRACT

This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions

Key words Women Labour Market LeadershipCompetences

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

22

22

35

53

53

54

54

54

55

56

56

56

57

58

59

60

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

13

16

16

20

24

26

31

33

38

42

45

45

47

52

52

55

57

58

59

61

67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

BEM SL The measurement of psychological androgyny Journal of Consulting and Clinical Psychology Washington vol42 n 2 p155-162 1974 BITENCOURT Claudia C Gestatildeo de competecircncias gerenciais a contribuiccedilatildeo da aprendizagem organizacional 320 f Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2001 BOOG Gustavo Manual de treinamento e desenvolvimento Satildeo Paulo Best Seller1991 BOYATIZIS R The Competent Manager a Model of Effective Performance New York John Wiley amp Sons Ltda 1982 BRASIL Superior Tribunal de Justiccedila Ato regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007Institui o Regulamento da Secretaria [do] Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia12 abr2007 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201111664gt Acesso em 2 out 2010 1600 ______ Superior Tribunal de Justiccedila Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009 Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201122580gt Acesso em 2 out 2010 1600 BRUSCHINI Cristina PUPPIN Andrea Brandatildeo Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do seacuteculo XX Caderno de Pesquisa Satildeo Paulo v 34 n 121 Abr 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010015742004000100006amplng=enampnrm=isogt Acesso em 28 set 2010 1500 CASTELLS Manuel O poder da identidade 3 ed Satildeo Paulo Paz e Terra1999 CONNEL Robert W Gender and Power Society the Person and Sexual Politics Stanford California Stanford University Press 1987 LAVINAS L Empregabilidade no Brasil inflexotildees de gecircnero e diferenciais femininos Texto para Discussatildeo Rio de Janeiro IPEA nordm 826 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrpubtdtd_2001Td0826pdfgt Acesso em 20 out 2010 0945 LINHARES L LAVINAS L Mulheres e Trabalho lei e mercado Revista Proposta Rio de Janeiro n72 p52-61 marmaio 1997 LEVITT Steven D DUBNER Stephen J Superfreakonomics o lado oculto do dia a dia Rio de Janeiro Elsevier 2010 ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica Gecircnero raccedila e competecircncias de direccedilatildeo no Serviccedilo Puacuteblico Federal Cadernos ENAP Brasiacutelian31 p 7-69 2006 Disponiacutevel em

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71

MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

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72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 6: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

Agrave professora MSc Anelise Pereira Sihler orientadora presente e atenciosa pela

generosidade em compartilhar seus conhecimentos e pelas valiosas observaccedilotildees criacuteticas e

sugestotildees que muito contribuiacuteram para meu crescimento acadecircmico

Ao Professor Dr Gilson Ciarallo pelo carinho dedicaccedilatildeo e entusiasmo com que

nos mostrou os meandros mais interessantes e inesperados da disciplina Metodologia

Cientiacutefica

Aos Professores Dra Tacircnia Cristina da Silva Cruz e MSc Gilberto Gomes

Guedes pela gentileza de aceitarem compor a banca examinadora e pelo tempo e atenccedilatildeo que

dispensaram ao meu trabalho

E finalmente meu especial agradecimento a todos aqueles que de alguma forma

contribuiacuteram para realizaccedilatildeo desse trabalho

Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol

(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos

cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais

Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias

ABSTRACT

This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions

Key words Women Labour Market LeadershipCompetences

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

22

22

35

53

53

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54

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56

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60

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

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67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

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71

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72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 7: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

Seria preciso dividir cada mulher em trecircs uma que corresse para o trabalho outra que tomasse providecircncia para sua famiacutelia e uma terceira que escapasse para beira do lago assistindo quieta ao pocircr- do- sol

(Lya Luft 1999 O Rio do Meio)

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos

cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais

Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias

ABSTRACT

This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions

Key words Women Labour Market LeadershipCompetences

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

22

22

35

53

53

54

54

54

55

56

56

56

57

58

59

60

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

13

16

16

20

24

26

31

33

38

42

45

45

47

52

52

55

57

58

59

61

67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

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70

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MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

______ A abordagem da OIT sobre a promoccedilatildeo da igualdade de oportunidades e tratamento no mundo do trabalho OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrtopicgenderdoc08_marco_2010_texto_139pdfgt Acesso em 12 out2010 0945

Pereira Ferdinand C O que eacute empoderamento Teresina FAPEPI 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwfapepipigovbrnovafapepisapiencia8artigos1phpgt Acesso em 26 out2010 1758 RODRIGUES Graciela A autonomia econocircmica das mulheres e a reproduccedilatildeo social o papel das poliacuteticas puacuteblicas Revista do Observatoacuterio Brasil da Igualdade de Gecircnero Brasiacutelia p31-40 jul 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwobservatoriodegenerogovbrmenupublicacoesrevista-do-observatorio-2a-edicaoviewgt Acesso em 15 out20101500 TODARO Rosalba GODOY amp ABRAMO Laiacutes Desempentildeo laboral de hombres y mujeres opinan los empresarios Cadernos Pagu [online] Campinas n17-18 p 197-236 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcpan17-18n17a08pdfgt Acesso em 23 out2010 1440 VERGARA Sylvia C Projetos e relatoacuterios de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 2000 ______ Gestatildeo de pessoas Satildeo Paulo Atlas 2007 WOOD R PAYNE T Compentency based Recruitment and Selection ndash a Practice Guide London John Wiley amp Sons Ltda 1998

72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 8: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo investigar a participaccedilatildeo feminina nos

cargos gerenciais do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Para alcanccedilar esse objetivo foi realizada pesquisa bibliograacutefica documental e de campo A revisatildeo bibliograacutefica abrangeu os principais fatores que levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho nas uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX Incluiu ainda as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo e mensuraccedilatildeo da representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees os conceitos relacionados agrave competecircncia e as competecircncias necessaacuterias ao desempenho de cargos gerenciais A pesquisa documental buscou nos documentos e dados disponibilizados pelo tribunal mensurar a representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Ademais a sondagem de campo teve o intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores da Corte acerca do tema pesquisado Constatou-se a existecircncia de pequena sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ Essa desproporccedilatildeo pode ser atribuiacuteda agraves maiores responsabilidades femininas relacionadas agraves atividades reprodutivas no entanto a competecircncia das mulheres para desempenho desses cargos e a flexibilidade de horaacuterio do tribunal contribuiacuteram para maior acesso feminino agrave cuacutepula diretiva e estrateacutegica do STJ Por fim natildeo foi verificada dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias necessaacuterias ao desempenho de funccedilotildees gerenciais

Palavras-chave Mulheres Mercado de trabalho Lideranccedila Competecircncias

ABSTRACT

This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions

Key words Women Labour Market LeadershipCompetences

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

22

22

35

53

53

54

54

54

55

56

56

56

57

58

59

60

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

13

16

16

20

24

26

31

33

38

42

45

45

47

52

52

55

57

58

59

61

67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

BEM SL The measurement of psychological androgyny Journal of Consulting and Clinical Psychology Washington vol42 n 2 p155-162 1974 BITENCOURT Claudia C Gestatildeo de competecircncias gerenciais a contribuiccedilatildeo da aprendizagem organizacional 320 f Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2001 BOOG Gustavo Manual de treinamento e desenvolvimento Satildeo Paulo Best Seller1991 BOYATIZIS R The Competent Manager a Model of Effective Performance New York John Wiley amp Sons Ltda 1982 BRASIL Superior Tribunal de Justiccedila Ato regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007Institui o Regulamento da Secretaria [do] Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia12 abr2007 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201111664gt Acesso em 2 out 2010 1600 ______ Superior Tribunal de Justiccedila Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009 Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201122580gt Acesso em 2 out 2010 1600 BRUSCHINI Cristina PUPPIN Andrea Brandatildeo Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do seacuteculo XX Caderno de Pesquisa Satildeo Paulo v 34 n 121 Abr 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010015742004000100006amplng=enampnrm=isogt Acesso em 28 set 2010 1500 CASTELLS Manuel O poder da identidade 3 ed Satildeo Paulo Paz e Terra1999 CONNEL Robert W Gender and Power Society the Person and Sexual Politics Stanford California Stanford University Press 1987 LAVINAS L Empregabilidade no Brasil inflexotildees de gecircnero e diferenciais femininos Texto para Discussatildeo Rio de Janeiro IPEA nordm 826 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrpubtdtd_2001Td0826pdfgt Acesso em 20 out 2010 0945 LINHARES L LAVINAS L Mulheres e Trabalho lei e mercado Revista Proposta Rio de Janeiro n72 p52-61 marmaio 1997 LEVITT Steven D DUBNER Stephen J Superfreakonomics o lado oculto do dia a dia Rio de Janeiro Elsevier 2010 ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica Gecircnero raccedila e competecircncias de direccedilatildeo no Serviccedilo Puacuteblico Federal Cadernos ENAP Brasiacutelian31 p 7-69 2006 Disponiacutevel em

70

lthttpwwwenapgovbrindexphpoption=contentamptask=viewampid=258gt Acesso em 26 set2010 1615 FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas Bancos de dados sobre o trabalho da mulher Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwfccorgbrmulherindexhtmlgt Acesso em 26 set20101615 FLEURYMFLEURY A Estrateacutegias e Inovaccedilatildeo Organizacional as experiecircncias de Japatildeo Coreias e Brasil Satildeo Paulo Atlas 1995 GROSSI M P Identidade de Gecircnero e Sexualidade Antropologia em Primeira Matildeo Florianoacutepolis n24 p 1-181998 HIRATA Helena Da polarizaccedilatildeo das qualificaccedilotildees ao modelo da competecircncia In FERRETI Celso Joatildeo et al (Org) Novas Tecnologias trabalho e educaccedilatildeo um debate multidisciplinar Petroacutepolis Vozes 1994 HOOD C Lodge M Competency bureaucracy and public management reform a comparative analysis Governance an international journal of policy administration and institutions vol17 n 3 p313-333 jul 2004 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Siacutentese de Indicadores Sociais Uma Anaacutelise das Condiccedilotildees de Vida da Populaccedilatildeo Brasileira 2009 Rio de Janeiro IBGE 2009 Disponiacutevel em lthttpibgegovbrhomeestatisticapopulacaocondicaodevidaindicadoresminimossinteseindicsociais2009indic_sociais2009pdfgt Acesso em 26 set2010 1615 ______ Pesquisa Nacional Por Amostra De Domiciacutelios 2009 - V30 ndash Brasil Rio de Janeiro IBGE 2009 INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica Explotacion de las encuestas realizadas al colectivo de las mujeres y de los hombres Madrid 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcgtesfetapdocumentos2_2explotacion_de_las_encuestaspdfgt Acesso em 1 nov2010 0945 INSTITUTO ETHOS Perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas ndash pesquisa 2007 Satildeo Paulo Instituto EthosIBOPE 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwuniethosorgbr_UniethosDocumentsPesquisaDiversidade2007pdfgt Acesso em 1 nov2010 0945 KALIL PIRES Alexandre et al Gestatildeo por competecircncias em organizaccedilotildees do governo mesa-redonda de pesquisa-accedilatildeo Brasiacutelia Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica ndash ENAP 2005 Disponiacutevel em ltwwwenapgovbrgt Acesso em 29 out2010 1530 LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Metodologia do Trabalho Cientiacutefico Satildeo Paulo Atlas 1995 MAGALHAtildeES S ROCHA M Desenvolvimento de competecircncias o futuro agora Revista de Treinamento e Desenvolvimento Satildeo Paulo p12-14 jan1997

71

MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

______ A abordagem da OIT sobre a promoccedilatildeo da igualdade de oportunidades e tratamento no mundo do trabalho OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrtopicgenderdoc08_marco_2010_texto_139pdfgt Acesso em 12 out2010 0945

Pereira Ferdinand C O que eacute empoderamento Teresina FAPEPI 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwfapepipigovbrnovafapepisapiencia8artigos1phpgt Acesso em 26 out2010 1758 RODRIGUES Graciela A autonomia econocircmica das mulheres e a reproduccedilatildeo social o papel das poliacuteticas puacuteblicas Revista do Observatoacuterio Brasil da Igualdade de Gecircnero Brasiacutelia p31-40 jul 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwobservatoriodegenerogovbrmenupublicacoesrevista-do-observatorio-2a-edicaoviewgt Acesso em 15 out20101500 TODARO Rosalba GODOY amp ABRAMO Laiacutes Desempentildeo laboral de hombres y mujeres opinan los empresarios Cadernos Pagu [online] Campinas n17-18 p 197-236 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcpan17-18n17a08pdfgt Acesso em 23 out2010 1440 VERGARA Sylvia C Projetos e relatoacuterios de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 2000 ______ Gestatildeo de pessoas Satildeo Paulo Atlas 2007 WOOD R PAYNE T Compentency based Recruitment and Selection ndash a Practice Guide London John Wiley amp Sons Ltda 1998

72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 9: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

ABSTRACT

This study aimed to investigate the participation of women in management positions of the Superior Tribunal de Justiccedila - STJ To achieve this goal it was performed bibliographical research documentary research and field survey The review covered the main factors leading to increased female participation in the labor market in the last decades of the twentieth century characteristics and constraints of this insertion the identification and measurement of the participation of women in executive positions in organizations the concepts related to competence and competences necessary to perform managerial positions The documentary research sought in the documents and data made available by the Court to measure the representation of women in executive positions of the STJ Finally the field survey aimed to establish the perception of serversrsquos court about the topic searched It was found that there is little under-representation of women in executive positions of the STJ This disparity can be attributed to womens greater responsibilities related to domestic tasks however the competences to power performance of these women and flexibility of schedules provided by the Court may be contributing to greater access of women to the manegerial summit of the STJ Moreover there was no gender dimension of competences necessaries for the performance of managerial positions

Key words Women Labour Market LeadershipCompetences

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

22

22

35

53

53

54

54

54

55

56

56

56

57

58

59

60

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

13

16

16

20

24

26

31

33

38

42

45

45

47

52

52

55

57

58

59

61

67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

BEM SL The measurement of psychological androgyny Journal of Consulting and Clinical Psychology Washington vol42 n 2 p155-162 1974 BITENCOURT Claudia C Gestatildeo de competecircncias gerenciais a contribuiccedilatildeo da aprendizagem organizacional 320 f Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2001 BOOG Gustavo Manual de treinamento e desenvolvimento Satildeo Paulo Best Seller1991 BOYATIZIS R The Competent Manager a Model of Effective Performance New York John Wiley amp Sons Ltda 1982 BRASIL Superior Tribunal de Justiccedila Ato regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007Institui o Regulamento da Secretaria [do] Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia12 abr2007 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201111664gt Acesso em 2 out 2010 1600 ______ Superior Tribunal de Justiccedila Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009 Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201122580gt Acesso em 2 out 2010 1600 BRUSCHINI Cristina PUPPIN Andrea Brandatildeo Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do seacuteculo XX Caderno de Pesquisa Satildeo Paulo v 34 n 121 Abr 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010015742004000100006amplng=enampnrm=isogt Acesso em 28 set 2010 1500 CASTELLS Manuel O poder da identidade 3 ed Satildeo Paulo Paz e Terra1999 CONNEL Robert W Gender and Power Society the Person and Sexual Politics Stanford California Stanford University Press 1987 LAVINAS L Empregabilidade no Brasil inflexotildees de gecircnero e diferenciais femininos Texto para Discussatildeo Rio de Janeiro IPEA nordm 826 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrpubtdtd_2001Td0826pdfgt Acesso em 20 out 2010 0945 LINHARES L LAVINAS L Mulheres e Trabalho lei e mercado Revista Proposta Rio de Janeiro n72 p52-61 marmaio 1997 LEVITT Steven D DUBNER Stephen J Superfreakonomics o lado oculto do dia a dia Rio de Janeiro Elsevier 2010 ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica Gecircnero raccedila e competecircncias de direccedilatildeo no Serviccedilo Puacuteblico Federal Cadernos ENAP Brasiacutelian31 p 7-69 2006 Disponiacutevel em

70

lthttpwwwenapgovbrindexphpoption=contentamptask=viewampid=258gt Acesso em 26 set2010 1615 FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas Bancos de dados sobre o trabalho da mulher Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwfccorgbrmulherindexhtmlgt Acesso em 26 set20101615 FLEURYMFLEURY A Estrateacutegias e Inovaccedilatildeo Organizacional as experiecircncias de Japatildeo Coreias e Brasil Satildeo Paulo Atlas 1995 GROSSI M P Identidade de Gecircnero e Sexualidade Antropologia em Primeira Matildeo Florianoacutepolis n24 p 1-181998 HIRATA Helena Da polarizaccedilatildeo das qualificaccedilotildees ao modelo da competecircncia In FERRETI Celso Joatildeo et al (Org) Novas Tecnologias trabalho e educaccedilatildeo um debate multidisciplinar Petroacutepolis Vozes 1994 HOOD C Lodge M Competency bureaucracy and public management reform a comparative analysis Governance an international journal of policy administration and institutions vol17 n 3 p313-333 jul 2004 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Siacutentese de Indicadores Sociais Uma Anaacutelise das Condiccedilotildees de Vida da Populaccedilatildeo Brasileira 2009 Rio de Janeiro IBGE 2009 Disponiacutevel em lthttpibgegovbrhomeestatisticapopulacaocondicaodevidaindicadoresminimossinteseindicsociais2009indic_sociais2009pdfgt Acesso em 26 set2010 1615 ______ Pesquisa Nacional Por Amostra De Domiciacutelios 2009 - V30 ndash Brasil Rio de Janeiro IBGE 2009 INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica Explotacion de las encuestas realizadas al colectivo de las mujeres y de los hombres Madrid 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcgtesfetapdocumentos2_2explotacion_de_las_encuestaspdfgt Acesso em 1 nov2010 0945 INSTITUTO ETHOS Perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas ndash pesquisa 2007 Satildeo Paulo Instituto EthosIBOPE 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwuniethosorgbr_UniethosDocumentsPesquisaDiversidade2007pdfgt Acesso em 1 nov2010 0945 KALIL PIRES Alexandre et al Gestatildeo por competecircncias em organizaccedilotildees do governo mesa-redonda de pesquisa-accedilatildeo Brasiacutelia Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica ndash ENAP 2005 Disponiacutevel em ltwwwenapgovbrgt Acesso em 29 out2010 1530 LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Metodologia do Trabalho Cientiacutefico Satildeo Paulo Atlas 1995 MAGALHAtildeES S ROCHA M Desenvolvimento de competecircncias o futuro agora Revista de Treinamento e Desenvolvimento Satildeo Paulo p12-14 jan1997

71

MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

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72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 10: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDJUR Biblioteca Digital Juriacutedica do Superior Tribunal de Justiccedila

DAS Cargo de Direccedilatildeo e Assessoramento Superior

ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica

FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica

OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios

SEPROSTJ Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila

SGPSTJ Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila

SRHMPOG Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e

Gestatildeo

STJ Superior Tribunal de Justiccedila

UNIFEM Fundo de Desenvolvimento das Naccedilotildees Unidas para a Mulher

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

22

22

35

53

53

54

54

54

55

56

56

56

57

58

59

60

60

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

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16

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45

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52

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61

67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

BEM SL The measurement of psychological androgyny Journal of Consulting and Clinical Psychology Washington vol42 n 2 p155-162 1974 BITENCOURT Claudia C Gestatildeo de competecircncias gerenciais a contribuiccedilatildeo da aprendizagem organizacional 320 f Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2001 BOOG Gustavo Manual de treinamento e desenvolvimento Satildeo Paulo Best Seller1991 BOYATIZIS R The Competent Manager a Model of Effective Performance New York John Wiley amp Sons Ltda 1982 BRASIL Superior Tribunal de Justiccedila Ato regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007Institui o Regulamento da Secretaria [do] Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia12 abr2007 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201111664gt Acesso em 2 out 2010 1600 ______ Superior Tribunal de Justiccedila Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009 Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201122580gt Acesso em 2 out 2010 1600 BRUSCHINI Cristina PUPPIN Andrea Brandatildeo Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do seacuteculo XX Caderno de Pesquisa Satildeo Paulo v 34 n 121 Abr 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010015742004000100006amplng=enampnrm=isogt Acesso em 28 set 2010 1500 CASTELLS Manuel O poder da identidade 3 ed Satildeo Paulo Paz e Terra1999 CONNEL Robert W Gender and Power Society the Person and Sexual Politics Stanford California Stanford University Press 1987 LAVINAS L Empregabilidade no Brasil inflexotildees de gecircnero e diferenciais femininos Texto para Discussatildeo Rio de Janeiro IPEA nordm 826 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrpubtdtd_2001Td0826pdfgt Acesso em 20 out 2010 0945 LINHARES L LAVINAS L Mulheres e Trabalho lei e mercado Revista Proposta Rio de Janeiro n72 p52-61 marmaio 1997 LEVITT Steven D DUBNER Stephen J Superfreakonomics o lado oculto do dia a dia Rio de Janeiro Elsevier 2010 ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica Gecircnero raccedila e competecircncias de direccedilatildeo no Serviccedilo Puacuteblico Federal Cadernos ENAP Brasiacutelian31 p 7-69 2006 Disponiacutevel em

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71

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72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 11: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses

selecionados ndash 2006

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash

19982008

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo

Graacutefico 5 - Distribuiccedilatildeo por idade

Graacutefico 6 - Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7 - Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e

estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos

do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 13 ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a

participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

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SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

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INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

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discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

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1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

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forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

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Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

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Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

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12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

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flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

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superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

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Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

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trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

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71

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72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 12: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexo Brasil

2007

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de

instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

Tabela 3 ndash Taxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo

o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e

suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

28

31

32

34

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

13

16

16

20

24

26

31

33

38

42

45

45

47

52

52

55

57

58

59

61

67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

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MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

______ A abordagem da OIT sobre a promoccedilatildeo da igualdade de oportunidades e tratamento no mundo do trabalho OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrtopicgenderdoc08_marco_2010_texto_139pdfgt Acesso em 12 out2010 0945

Pereira Ferdinand C O que eacute empoderamento Teresina FAPEPI 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwfapepipigovbrnovafapepisapiencia8artigos1phpgt Acesso em 26 out2010 1758 RODRIGUES Graciela A autonomia econocircmica das mulheres e a reproduccedilatildeo social o papel das poliacuteticas puacuteblicas Revista do Observatoacuterio Brasil da Igualdade de Gecircnero Brasiacutelia p31-40 jul 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwobservatoriodegenerogovbrmenupublicacoesrevista-do-observatorio-2a-edicaoviewgt Acesso em 15 out20101500 TODARO Rosalba GODOY amp ABRAMO Laiacutes Desempentildeo laboral de hombres y mujeres opinan los empresarios Cadernos Pagu [online] Campinas n17-18 p 197-236 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcpan17-18n17a08pdfgt Acesso em 23 out2010 1440 VERGARA Sylvia C Projetos e relatoacuterios de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 2000 ______ Gestatildeo de pessoas Satildeo Paulo Atlas 2007 WOOD R PAYNE T Compentency based Recruitment and Selection ndash a Practice Guide London John Wiley amp Sons Ltda 1998

72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
Page 13: DANIELLE CRISTINA DE OLIVEIRA BORGES PARTICIPAÇÃO … · 2017. 3. 9. · tema desta pesquisa e por todas preciosas dicas e sugestões. Aos meus irmãos, Gustavo e Débora, pelo

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

14 Competecircncias

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

21 Tipo de pesquisa

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

3 RESULTADOS DA PESQUISA

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

CONCLUSAtildeO

REFEREcircNCIAS

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ

13

16

16

20

24

26

31

33

38

42

45

45

47

52

52

55

57

58

59

61

67

69

72

76

85

13

INTRODUCcedilAtildeO

As transformaccedilotildees ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas relacionadas aos papeacuteis e

responsabilidades atribuiacutedos pela sociedade a homens e mulheres trouxeram grandes reflexos

na diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho Ao analisar a participaccedilatildeo feminina no mercado laboral

brasileiro observa-se um acreacutescimo de 32 milhotildees de trabalhadoras entre anos de 1976 e 2007

(FUNDACcedilAtildeO CARLOS CHAGAS - FCC 2007) Ainda segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatiacutestica - IBGE (2009 p 201) as mulheres representavam 472 da forccedila de

trabalho nacional no ano de 2008 Estes dados demonstram o papel relevante que as mulheres

brasileiras desempenharam no crescimento da populaccedilatildeo economicamente ativa nas uacuteltimas

deacutecadas

Embora possuam em meacutedia mais anos de estudos que os homens as mulheres

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos Aleacutem disso eacute possiacutevel verificar que no

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes ainda eacute

substancialmente inferior agrave proporccedilatildeo de homens dirigentes (IBGE 2009 p 203204)

No acircmbito da Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal segundo dados do Boletim

Estatiacutestico de Pessoal publicado pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do

Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo - SRHMPOG (2010 p37) as mulheres representam

455 do contingente de servidores puacuteblicos do poder executivo A significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal induz a falsa percepccedilatildeo de que eacute

equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de gerecircncia e lideranccedila da

Administraccedilatildeo Puacuteblica No entanto esta percepccedilatildeo natildeo corresponde agrave realidade Diagnoacutestico

realizado pela Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica - ENAP (1998 apud MOURAtildeO

14

2006 p13) aponta que o nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia do serviccedilo puacuteblico

federal eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio de tais postos

O presente estudo tem como objetivo geral compreender alguns aspectos da

realidade apresentada a partir da mensuraccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e

estrateacutegicas do Superior Tribunal de Justiccedila - STJ Assim com intuito de contribuir com a

Secretaria de Gestatildeo de Pessoas do Superior Tribunal de Justiccedila - SGPSTJ na promoccedilatildeo da

diversidade e da equidade como princiacutepios de responsabilidade social institucional eacute que esta

pesquisa tem como objetivos especiacuteficos investigar a existecircncia de sub-representaccedilatildeo

feminina nos cargos gerenciais do tribunal examinar as razotildees que justificam o percentual de

participaccedilatildeo feminina encontrado reconhecer as competecircncias necessaacuterias para desempenho

de cargos de lideranccedila bem como a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas referidas

competecircncias

Para alcanccedilar os objetivos deste trabalho foi realizado levantamento

bibliograacutefico documental e de campo A pesquisa bibliograacutefica foi levada a efeito por meio

do estudo sistematizado de material publicado em livros artigos revistas teses de doutorado

perioacutedicos e sites eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema investigado tem sido

articulado no meio acadecircmico O levantamento documental buscou identificar e quantificar a

participaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do STJ a partir da anaacutelise de atos normativos

emitidos pela instituiccedilatildeo e dados fornecidos pela aacuterea competente da SGPSTJ Por fim com

intuito de estabelecer a percepccedilatildeo dos servidores do tribunal a respeito do fenocircmeno em

estudo foi realizada sondagem de campo por intermeacutedio de questionaacuterios fechados para auto-

preenchimento e retorno voluntaacuterio

Espera-se demonstrar com o presente trabalho a importacircncia da valorizaccedilatildeo da

diversidade como fator decisivo na construccedilatildeo de uma sociedade justa e sustentaacutevel Ao criar

e alimentar barreiras agraves pessoas em razatildeo de seu pertencimento a determinados segmentos a

15

discriminaccedilatildeo retira eficiecircncia das instituiccedilotildees Dentro deste contexto a promoccedilatildeo da

equidade de gecircnero dentro das organizaccedilotildees natildeo beneficia soacute as mulheres e a sociedade mas

corrige distorccedilotildees que emperram o bom desempenho operacional em todos os niacuteveis e os

relacionamentos em uacuteltimo grau Identificar a existecircncia de situaccedilotildees de iniquidades

assimetrias ou hierarquizaccedilotildees injustas motivadas pela questatildeo de gecircnero dentro do STJ eacute o

primeiro passo para correccedilatildeo de tais distorccedilotildees Atraveacutes deste conhecimento torna-se possiacutevel

alertar a unidade competente da Organizaccedilatildeo para qualidade da situaccedilatildeo identificada e assim

propiciar a realizaccedilatildeo de accedilotildees afirmativas que visem corrigir as desigualdades

O presente trabalho foi estruturado em 4 capiacutetulos No primeiro capiacutetulo seraacute

contextualizado o tema da pesquisa atraveacutes da revisatildeo bibliograacutefica acerca dos fatores que

levaram ao aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho as caracteriacutesticas e

condicionantes desta inserccedilatildeo a identificaccedilatildeo da participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos

das organizaccedilotildees e as competecircncias necessaacuterias para desempenho de funccedilotildees gerenciais O

segundo capiacutetulo descreve os aspectos metodoloacutegicos da pesquisa No terceiro capiacutetulo satildeo

apresentados os resultados do levantamento documental e da sondagem de campo realizada

No quarto e uacuteltimo capiacutetulo eacute feita a discussatildeo dos resultados encontrados agrave luz da literatura

analisada

16

1 REFERENCIAL TEOacuteRICO

11 Estudos de gecircnero e trabalho produtivo feminino

Os primeiros estudos dedicados a investigar as raiacutezes da condiccedilatildeo da mulher na

sociedade iniciaram-se no final da deacutecada de 1960 Segundo a ENAP (2006 p 4243) este

movimento de pesquisa foi tatildeo intenso que ciecircncias tatildeo diversas como a biologia a

antropologia a sociologia a psicologia e ateacute mesmo a Administraccedilatildeo passaram a incorporar

os estudos de gecircnero em seu foco de investigaccedilatildeo

A biologia divide as espeacutecies de acordo com o sexo em macho e fecircmea Segundo

Grossi (1998 p 6) enquanto sexo eacute o termo utilizado para indicar as diferenccedilas bioloacutegicas

entre homens e mulheres gecircnero eacute o termo usado para indicar diferenccedilas de ordem

psicoloacutegica social e cultural entre os sexos Portanto gecircnero eacute uma construccedilatildeo social

Historicamente o conceito de gecircnero foi criado por pesquisadoras norte-americanas que

firmaram o termo ldquogenderrdquo para se referir as origens exclusivamente sociais das identidades

subjetivas de homens e mulheres

De acordo com a ENAP (2006 p 4243) a importacircncia da formulaccedilatildeo conceitual

de gecircnero foi reconhecida dentro da definiccedilatildeo de sexo dando origem a partir da biologia a

uma das correntes dos estudos de gecircnero a teoria do papel sexual Consoante essa teoria ser

homem ou ser mulher significa desempenhar um papel em funccedilatildeo do seu sexo Desta forma o

feminino eacute o produto da socializaccedilatildeo do papel da fecircmea ou seja as mulheres adquirem desde

muito jovens papeacuteis sexuais que levam a uma atitude mental diversa da experimentada pelos

homens A teoria do papel sexual eacute bastante questionada pois grande parte do seu

embasamento repousa em anaacutelises de casos padratildeo e natildeo em observaccedilotildees de campo De outra

17

forma o exagerado apego ao determinismo social despertou criacuteticas de outras aacutereas das

ciecircncias humanas em especial da psicologia ante a percepccedilatildeo que segundo a teoria do papel

sexual os indiviacuteduos viveriam presos a estereoacutetipos

No acircmbito da psicologia os estudos de gecircnero envolveram vaacuterios tratados sobre a

masculinidade e a feminilidade Em suas pesquisas acerca de andrologia e gecircnero Bem

(1974 p156) estabeleceu uma escala de gecircnero No lado masculino dessa escala encontrar-se-

iam caracteriacutesticas como domiacutenio ambiccedilatildeo cinismo e rebeldia jaacute do lado feminino estariam

traccedilos como consideraccedilatildeo tato dependecircncia e emotividade Outros estudos dentro da

psicologia consideraram habilidades como a verbal e as diferenccedilas entre niacuteveis de ansiedade e

de extroversatildeo entre homens e mulheres Nesses estudos identificou-se uma percepccedilatildeo

generalizada de que as mulheres teriam maior habilidade verbal enquanto os homens seriam

mais agressivos A despeito destas percepccedilotildees Connel (1987 p 239240) afirma que apoacutes

cerca de 80 anos de pesquisa a conclusatildeo a que se chega eacute que os perfis psicoloacutegicos de

homens e mulheres se assemelham nas populaccedilotildees estudadas

Segundo Grossi (1998 p 35) os estudos de gecircnero dentro da sociologia e da

antropologia foram uma das consequecircncias libertaacuterias dos movimentos sociais do final da

deacutecada de 1960 mais precisamente de 1968 Em suma esses movimentos lutavam por

igualdade e justiccedila no entanto a problemaacutetica de gecircnero aflorou em seus cernes ante a

constataccedilatildeo que apesar de militarem em peacute de igualdade com os homens as mulheres ainda

ocupavam um papel social secundaacuterio inferior Assim dentro das lutas sociais da deacutecada de

1960 despontou o movimento feminista As reivindicaccedilotildees e ideais do movimento feminista

refletiram-se no campo acadecircmico das ciecircncias humanas primeiro porque a Universidade eacute

um lugar de produccedilatildeo de conhecimento fortemente influenciada pelas lutas sociais e segundo

porque muitas das estudantes e professoras que participaram do movimento feminista

perceberam que natildeo existiam respostas a inuacutemeros de seus questionamentos Costa Barroso e

18

Sarti (1985 apud MOURAtildeO 2006 p2526) ainda observam que a emergecircncia do feminismo

como movimento social criou as condiccedilotildees necessaacuterias para a legitimaccedilatildeo da condiccedilatildeo

feminina como objeto de estudo A existecircncia de um movimento organizado por mulheres

estabeleceu um corte histoacuterico a partir do qual a produccedilatildeo sobre a mulher dentro das

Ciecircncias Sociais ampliou-se e tornou-se mais criacutetica

O movimento feminista via no trabalho um potencial transformador Em suas

vertentes norte-americanas e europeias que muito influenciaram os movimentos de mulheres

no Brasil o trabalho remunerado era considerado uma estrateacutegia possiacutevel de emancipaccedilatildeo da

dona-de-casa de seu papel subjugado na famiacutelia (MOURAtildeO 2006 p26) Assim o

feminismo brasileiro julgava conforme a tradiccedilatildeo marxista que a trabalhadora seria o

principal agente de transformaccedilatildeo da condiccedilatildeo feminina Isto contribuiu para que o interesse

pela pesquisa sobre a mulher convergisse para o tema do trabalho de legitimidade e

credibilidade garantida tambeacutem na academia onde a anaacutelise do modo de produccedilatildeo na

sociedade capitalista ocupava posiccedilatildeo de destaque (SARTI 1985 apud MOURAtildeO 2006

p28)

Desta forma os primeiros estudos de gecircnero dentro das ciecircncias sociais

abordaram a questatildeo do trabalho feminino buscando romper com a invisibilidade o silecircncio e

a desvalorizaccedilatildeo que pesavam sobre a atividade produtiva da mulher Esses estudos

privilegiavam as variaacuteveis econocircmicas revelando desigualdades salariais segregaccedilatildeo

ocupacional e discriminaccedilotildees (CASTRO LAVINAS 1992 apud MOURAtildeO 2006 p26) Sob

este aspecto a sociologia do trabalho passou a considerar o enfoque de gecircnero em seus

estudos a partir da deacutecada de 1970 Uma das questotildees que mais inquietou e inquieta os

estudiosos desta aacuterea do conhecimento eacute descobrir por que embora o trabalho feminino tenha

avanccedilado em todos os setores da economia as barreiras da desigualdade entre homens e

mulheres natildeo estejam sendo transpostas (ENAP 2006 p42)

19

Apesar de a produccedilatildeo literaacuteria nacional centrada nos estudos de gecircnero e no

mercado de trabalho feminino ter surgido nos anos de 1970 soacute a partir da deacutecada de 1980

observar-se-aacute um grande desenvolvimento de pesquisas sobre as mulheres brasileiras

(GROSSI 1998 p 5) Jaacute na segunda metade dos anos de 1980 uma nova tendecircncia centrada

na reflexatildeo das relaccedilotildees de poder e a dominaccedilatildeo masculina se expressa nessa produccedilatildeo

literaacuteria Atualmente as anaacutelises sobre o trabalho feminino estatildeo atentas agraves articulaccedilotildees entre

produccedilatildeo e reproduccedilatildeo assim como agraves relaccedilotildees sociais entre os gecircneros (MOURAtildeO 2006

p28) Ademais os estudos de gecircnero redirecionaram a discussatildeo para o ser humano

diversificado e assimeacutetrico em termos de relaccedilotildees entre os sexos tendo o cuidado de garantir

o reconhecimento do ser homem e do ser mulher (CASTRO 1992 apud MOURAtildeO 2006

p28) Verifica-se entretanto que nas relaccedilotildees de trabalho ainda prevalecem as velhas

discriminaccedilotildees que tornariam naturais por exemplo os papeacuteis sociais e competecircncias

imputadas agraves diferenccedilas sexuais e justificando assim as desigualdades entre homens e

mulheres trabalhadores Em meio a tantas transformaccedilotildees permanecem antigas

representaccedilotildees que se mostram resistentes agraves mudanccedilas e se expressam nas relaccedilotildees de

trabalho e na maneira como o trabalho feminino e o masculino satildeo percebidos e valorizados

(MOURAtildeO 2006 p28)

Ademais a maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX gerou mudanccedilas natildeo apenas nas relaccedilotildees sociais entre os sexos

mas tambeacutem nas proacuteprias organizaccedilotildees como observa Lipovetky (2000 apud MOURAtildeO

2006 p11) A diversificaccedilatildeo da forccedila de trabalho resultante dessa inserccedilatildeo constitui um novo

desafio para ciecircncia da Administraccedilatildeo em especial no acircmbito da Gestatildeo Estrateacutegica de

Pessoas (VERGARA 2007 p133) Assim a Administraccedilatildeo vem integrando esforccedilos para

melhor gerir a diversidade da forccedila de trabalho e ampliar natildeo soacute a eficiecircncia operacional mas

tambeacutem a responsabilidade social das organizaccedilotildees

20

12 Mulheres brasileiras e mercado de trabalho

Segundo Bruschini e Puppin (2004 p107) o final do seacuteculo XX foi marcado por

importantes transformaccedilotildees demograacuteficas culturais e sociais que tiveram grande impacto no

trabalho feminino Os fatores que ocasionaram tais mudanccedilas satildeo bastante conhecidos e

estiveram presentes na maioria das sociedades modernas Dentre as transformaccedilotildees

demograacuteficas experimentadas pelo Brasil destacaram-se o raacutepido e intenso processo de queda

da fecundidade - fruto da maior escolaridade atingida pelas mulheres e do acesso aos meios de

contracepccedilatildeo ndash a reduccedilatildeo no tamanho das famiacutelias o envelhecimento da populaccedilatildeo e o

aumento do nuacutemero de famiacutelias chefiadas por mulheres Aleacutem dessas transformaccedilotildees

demograacuteficas mudanccedilas nos padrotildees culturais e nos valores relativos ao papel social da

mulher alteraram a identidade feminina cada vez mais voltada para o trabalho produtivo

Simultaneamente a expansatildeo da escolaridade e o ingresso nas universidades viabilizaram o

acesso das mulheres a novas oportunidades de trabalho

Castells (1999 p194197) tambeacutem aponta as transformaccedilotildees econocircmicas como

propiciadoras do aumento da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho Assim segundo

o autor a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de trabalho produtivo feminino na maior parte das sociedades

contemporacircneas foi em parte possibilitada pelas transformaccedilotildees estruturais da economia ou

seja pelas transformaccedilotildees derivadas de um lado da informatizaccedilatildeo da integraccedilatildeo em rede

da globalizaccedilatildeo da economia e de outro da segmentaccedilatildeo da estrutura do mercado de trabalho

por gecircnero que se aproveitou de condiccedilotildees sociais especiacuteficas da mulher para aumentar a

produtividade o controle gerencial e consequentemente os lucros Ainda segundo a ENAP

(2006 p 42) habilidades de se relacionar em grupo ou de trabalhar em equipe cada vez mais

necessaacuterias em economias que se baseiam na informaccedilatildeo e no conhecimento aliadas agrave

21

flexibilidade nos contratos de trabalho favoreceram uma maior oferta de vagas para as

mulheres

Ainda discorrendo a respeito das transformaccedilotildees econocircmicas ocorridas no final do

seacuteculo XX Castells (1999 p197202) observa que a nova economia informacional permitiu o

crescimento de dois setores especiacuteficos o setor de serviccedilos empresariais e o setor de serviccedilos

sociais Esses setores tradicionalmente empregam uma quantidade maior de mulheres e

exigem cada vez mais uma maior especializaccedilatildeo e um maior niacutevel educacional Aleacutem disso o

autor (CASTELLS 1999 p208) tambeacutem salienta que haacute uma correlaccedilatildeo entre a flexibilidade

do trabalho feminino em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda do mercado de trabalho

e as necessidades da nova economia da era da informaccedilatildeo Como o salaacuterio feminino tem sido

tradicionalmente considerado complementar ao salaacuterio do marido e como as mulheres ainda

satildeo as principais responsaacuteveis pelos afazeres domeacutesticos e pela criaccedilatildeo dos filhos a

flexibilidade em relaccedilatildeo ao emprego derivada das caracteriacutesticas da nova economia alinhou-se

agraves estrateacutegias de sobrevivecircncia feminina no mercado de trabalho Assim o tipo de trabalhador

exigido pela economia informacional em rede ajusta-se agraves necessidades das mulheres que

sujeitas agraves condiccedilotildees da sociedade patriarcal procuram compatibilizar trabalho e famiacutelia

contando com pouca colaboraccedilatildeo de seus maridos e companheiros

Motivada pelas supracitadas transformaccedilotildees demograacuteficas culturais sociais e

econocircmicas a participaccedilatildeo das mulheres na populaccedilatildeo economicamente ativa brasileira tem

apresentado uma espantosa progressatildeo desde meados da deacutecada de 1970 ateacute os dias de hoje

Segundo a FCC (2010) em 1976 apenas 288 das mulheres brasileiras trabalhavam Jaacute

dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios - PNAD (2009 p 67) evidenciaram

que em 2008 52 delas estavam ocupadas ou procurando trabalho

Informaccedilotildees da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho - OIT (2009 apud IBGE

2009 p201) ainda revelam que o niacutevel de atividades das mulheres brasileiras eacute proacuteximo ou

22

superior em quase todas as faixas etaacuterias aos dos demais paiacuteses monitorados pela entidade

Ressalta-se a alta taxa de atividades das jovens brasileiras na faixa etaacuteria de 15 a 19 anos

(425) indicativo da intensidade na qual essas jovens estatildeo entrando no mercado de trabalho

sem no entanto abdicar dos estudos haja vista que o percentual de frequecircncia escolar desse

grupo atinge 70 (Graacutefico 1)

Graacutefico 1 ndash Taxa de atividade das mulheres por grupos de idade segundo paiacuteses selecionados ndash 2006 Fonte IBGE (Statistics and databases In International Labour Oraganization Genebra 2009 apud IBGE 2009)

Ademais observa-se que em todas faixas etaacuterias acima dos 15 anos analisadas

pelo IBGE (2009 p202) a taxa de ocupaccedilatildeo feminina aumentou entre os anos de 1998 a

2008 (Graacutefico2)

Graacutefico 2 ndash Proporccedilatildeo de mulheres ocupadas segundo grupos de idade ndash Brasil ndash 19982008 Fonte IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios 19982008 apud IBGE 2009)

23

Para o IBGE (2009 p202) ldquoeste aumento eacute sem duacutevida fruto natildeo soacute da

necessidade de complementaccedilatildeo da renda familiar como tambeacutem resultado de uma maior

independecircncia conquistada pelas mulheres nas uacuteltimas deacutecadasrdquo

Aleacutem do crescimento da taxa de atividade produtiva das mulheres brasileiras nos

uacuteltimos anos Linhares e Lavinas (1997 p 53) ressaltam que outra tendecircncia verificada diz

respeito a melhores chances femininas na disputa por postos de trabalho De fato no Brasil

desde meados dos anos de 1980 a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se mais

elevada que a masculina levando a um forte aumento do sexo feminino entre os ocupados

Segundo Mouratildeo (2006 p18) ldquomuitas razotildees podem explicar esse

comportamento mais favoraacutevel agraves mulheres do que aos homens no que se refere agrave expansatildeo

do seu niacutevel de ocupaccedilatildeordquo Uma delas decorre da amplitude do processo de reestruturaccedilatildeo

produtiva iniciada na deacutecada de 1990 e que afetou principalmente o emprego industrial cuja

reduccedilatildeo massiva tem efeitos negativos incidindo mais sobre os homens do que sobre as

mulheres pouco representadas no setor Outro fator a estimular a inserccedilatildeo das mulheres no

mercado de trabalho remunerado diz respeito agrave expansatildeo da economia de serviccedilos mais

atrativo para as mulheres Entretanto esse fenocircmeno tem alterado pouco a diversificaccedilatildeo

intra-setorial dado o perfil da segregaccedilatildeo ocupacional de gecircnero no setor de serviccedilos as

mulheres permanecem majoritaacuterias (mais de 70) nas atividades de sauacutede e ensino na

administraccedilatildeo puacuteblica e nos serviccedilos pessoais atividades moldadas pelo tradicional lugar

feminino na esfera da reproduccedilatildeo (LAVINAS AMARAL BARROS 2000 apud MOURAtildeO

2006 p18) Um terceiro vetor a fomentar o aumento do emprego feminino brasileiro nas

uacuteltimas deacutecadas do seacuteculo XX seria a maior flexibilizaccedilatildeo do mercado de trabalho e a

ldquoprecarizaccedilatildeordquo de suas relaccedilotildees ou seja ocupaccedilotildees em que ocorrem descontinuidades de

tempo menor regulamentaccedilatildeo das garantias de trabalho e seguridade social formas de

contrato sem carteira assinada diminuiccedilatildeo dos niacuteveis salariais aumento das formas de

24

trabalho em domiciacutelio autocircnoma e da informalidade em geral Este uacuteltimo enfoque teve um

maior impacto no aumento de oportunidades de emprego para mulheres em detrimento aos

homens Desta forma caracteriacutesticas da atual divisatildeo do trabalho por gecircnero se

compatibilizariam melhor com o papel social feminino O emprego em atividades de tempo

parcial atrairia prioritariamente as mulheres pois permitiria compatibilizar trabalho domeacutestico

e trabalho remunerado como matildeo-de-obra secundaacuteria as mulheres aceitariam salaacuterios

inferiores atendendo mais imediatamente agrave demanda dos setores puacuteblico e privado ateacute

porque em face do aumento do desemprego seriam provavelmente as primeiras a serem

dispensadas tendo baixo poder de barganha Lavinas (2001 p12) confirma esta percepccedilatildeo

ao afirmar que ldquoexistiria um trade-off entre elevaccedilatildeo da taxa de emprego feminina ou

feminizaccedilatildeo do emprego e precarizaccedilatildeo das relaccedilotildees de trabalho que estaria a explicar

vantagens comparativas da matildeo-de-obra feminina sobre a masculinardquo Aleacutem disso a autora

enfatiza que

Esse movimento de ldquofeminizaccedilatildeordquo do emprego acaba sendo interpretado como uma tendecircncia inexoraacutevel caracteriacutestica das sociedades ocidentais onde o mercado e individualizaccedilatildeo passam a ter centralidade sobre outros fenocircmenos sociais empurrando definitivamente as mulheres para o mercado de trabalho Razotildees natildeo-econocircmicas de natureza mais socioloacutegica relacionada agrave busca de autonomia e igualdade agraves mudanccedilas nos arranjos familiares como o crescimento das famiacutelias mono parentais chefiadas por mulheres muitas vezes ganham mais relevo na explicaccedilatildeo do fenocircmeno cuja trajetoacuteria parece desenhar-se no lastro da modernidade ocidental (LAVINAS 2001 p2)

121 Trabalho feminino e sociedade patriarcal

Segundo Castells (1999 p169) o patriarcado caracterizado pela autoridade do

homem imposta institucionalmente sobre a mulher e filhos no acircmbito familiar eacute uma das

estruturas sobre as quais se assentam as sociedades contemporacircneas Para que autoridade

masculina possa ser exercida eacute necessaacuterio que o patriarcado permeie toda sociedade da

produccedilatildeo e do consumo agrave poliacutetica agrave legalizaccedilatildeo e agrave cultura Nas sociedades patriarcais os

25

relacionamentos interpessoais satildeo marcados pela dominaccedilatildeo e violecircncia e seus enraizamentos

na estrutura familiar tanto do ponto de vista analiacutetico quanto do ponto de vista poliacutetico satildeo

contextualizados histoacuterica e culturalmente

Freyre (1992 apud MOURAtildeO 2006 p24) afirma que o patriarcalismo exerceu

uma influecircncia decisiva na formaccedilatildeo da sociedade brasileira estendendo-se aos domiacutenios da

economia da poliacutetica e da moral Essa influecircncia foi tatildeo poderosa que as mulheres brasileiras

foram e ainda satildeo tratadas como cidadatildes de segunda categoria apesar das importantes

conquistas garantidas sobretudo com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 (MOURAtildeO 2006

p24) Entretanto a autora salienta que a incorporaccedilatildeo maciccedila da mulher na forccedila de trabalho

remunerado vem aumentando o poder de barganha feminino frente aos homens abalando a

legitimidade da dominaccedilatildeo masculina caracteriacutestica primordial das sociedades patriarcais Por

outro lado esta inserccedilatildeo maciccedila no mercado de trabalho sobrecarregou as mulheres que

passaram a acumular muacuteltiplas jornadas diaacuterias (trabalho remunerado organizaccedilatildeo do lar

criaccedilatildeo dos filhos e atenccedilatildeo ao marido)

Apesar dos progressos verificados e das conquistas femininas no setor produtivo

Todaro Godoy e Abramo (2002 p 200) ressaltam que as imagens de gecircnero sobre homens e

mulheres no trabalho ainda satildeo elementos poderosos no processo de reproduccedilatildeo das

desigualdades observadas e vivenciadas pelas mulheres trabalhadoras Preconceitos que em

geral desvalorizam a mulher como trabalhadora permanecem a despeito das significativas

mudanccedilas que vecircm ocorrendo nas uacuteltimas deacutecadas Esses preconceitos projetam a imagem de

uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida domeacutestica o que limitaria a sua

adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional

A este respeito Mouratildeo (2006 p25) observa que ldquoos preconceitos natildeo se

aplicam indiscriminadamente a todas as situaccedilotildees e a todos os setores da sociedade Existem

nuances regionais e culturais quanto agraves percepccedilotildees do papel da mulher no mundo do

26

trabalhordquo Ainda assim eacute possiacutevel verificar tanto no mercado de trabalho do setor privado

quanto no setor puacuteblico a persistecircncia de um quadro geral de inferioridade feminina

122 Mulheres mercado de trabalho e famiacutelia

De acordo com a FCC (2007) a despeito do sensiacutevel aumento da participaccedilatildeo

feminina no trabalho produtivo tal inserccedilatildeo ainda hoje natildeo depende somente da demanda do

mercado e das qualificaccedilotildees profissionais mas decorre em grande parte de uma articulaccedilatildeo

delicada e complexa de caracteriacutesticas pessoais e familiares Desta forma a presenccedila de

filhos o ciclo de vida das trabalhadoras sua posiccedilatildeo no grupo familiar ndash como cocircnjuge chefe

de famiacutelia ou mulher solteira por exemplo ndash a necessidade de prover ou complementar o

sustento do lar satildeo relevantes na decisatildeo da mulher em ingressar ou permanecer no mercado

de trabalho A iacutentima relaccedilatildeo entre mulheres famiacutelia e inserccedilatildeo laboral formal ou informal

manifesta-se apenas entre mulheres e natildeo entre homens Precipuamente a oferta de trabalho e

a qualificaccedilatildeo determinam o trabalho masculino jaacute o feminino sofre outros efeitos

condicionantes que impotildee limites ou sinalizam possibilidades a participaccedilatildeo da mulher no

mercado de trabalho Por este motivo nenhuma anaacutelise sobre a atividade produtiva feminina

prescinde da associaccedilatildeo com sua posiccedilatildeo no acircmbito familiar haja vista que as

responsabilidades histoacutericas e culturalmente atribuiacutedas a elas na esfera domeacutestica ou no

trabalho reprodutivo influenciam em sua posiccedilatildeo no mercado de trabalho

Corroborando este entendimento a OIT (2010b p1548) salienta que as

mudanccedilas produtivas e na estrutura social ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas resultaram em

alteraccedilatildeo nas relaccedilotildees de gecircnero e na tradicional configuraccedilatildeo familiar Neste contexto a

abordagem das questotildees relativas agraves responsabilidades familiares eacute um aspecto fundamental

27

para a compreensatildeo da desigualdade de oportunidades e tratamento de homens e mulheres no

mundo do trabalho Os riacutegidos papeacuteis de gecircnero que definiam as bases de organizaccedilatildeo e

distribuiccedilatildeo do trabalho produtivo e do trabalho domeacutestico ou reprodutivo natildeo satildeo capazes de

responder agraves necessidades colocadas pelas configuraccedilotildees familiares atuais e pelas

caracteriacutesticas do mercado de trabalho Ou seja os mecanismos tradicionais de conciliaccedilatildeo

baseados no modelo homemprovedor e totalmente agrave disposiccedilatildeo do mercado de trabalho e

mulhercuidadora e responsaacutevel exclusiva pela esfera dos cuidados e dos afazeres domeacutesticos

natildeo responde ao cenaacuterio atual de grande inserccedilatildeo das mulheres no mercado de trabalho Desta

forma estabelece-se uma tensatildeo entre o trabalho e famiacutelia Essas tensotildees tecircm gerado altos

custos para as mulheres para as pessoas que necessitam de cuidados (crianccedilas adolescentes

idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) para o crescimento econocircmico e

para a produtividade das empresas Neste sentido a OIT (2010a p4) ainda salienta que

Efetivamente as mulheres tecircm tido maior acesso a empregos mas em condiccedilotildees mais precaacuterias que os homens Apesar de compartilharem com eles o tempo de trabalho remunerado natildeo ocorreu para elas um processo equivalente de mudanccedila com relaccedilatildeo agrave redistribuiccedilatildeo das responsabilidades sobre as tarefas domeacutesticas e os cuidados As mulheres utilizam diversas estrateacutegias para enfrentarem as demandas do trabalho produtivo e do trabalho reprodutivo poreacutem com grandes custos para elas e suas famiacutelias Ajustam sua inserccedilatildeo no mercado de trabalho em uma tentativa de combinar o trabalho remunerado com o tempo destinado agraves responsabilidades familiares Como consequecircncia enfrentam maiores barreiras para ingressarem e permanecerem no mercado de trabalho e maiores niacuteveis de informalidade

A FCC (2007) confirma esta realidade e relata que as mulheres brasileiras seguem

sendo as principais responsaacuteveis pelas atividades domeacutesticas e pelos cuidados com os filhos e

demais familiares o que representa uma sobrecarga para aquelas que tambeacutem realizam

atividades econocircmicas Segundo a publicaccedilatildeo verifica-se uma grande diferenccedila entre a

dedicaccedilatildeo masculina e feminina aos afazares domeacutesticos os homens gastam nestas atividades

em meacutedia 103 horas por semana e as mulheres 26 horas Desta forma estando ou natildeo

inseridas no mercado de trabalho todas as mulheres satildeo donas ndash de - casa e realizam tarefas

que mesmo sendo indispensaacuteveis para sobrevivecircncia e o bemndashestar de toda famiacutelia satildeo

28

desvalorizadas e desconsideradas nas estatiacutesticas Ainda ao analisar o total de tempo gasto

por homens e mulheres em atividade produtivas e reprodutivas (domeacutesticas) constata-se que a

dedicaccedilatildeo geral ao trabalho eacute de 658 horas semanais para elas e 577 horas semanais para eles

(Tabela 1)

Tabela 1 ndash Tempo dedicado agrave produccedilatildeo e reproduccedilatildeo por sexoBrasil 2007

Produccedilatildeo Reproduccedilatildeo Total

Nuacutemero meacutedio de horas

trabalhadas

Tempo de percurso meacutedio

de ida da residecircncia ao

local de trabalho

Total

Nuacutemero meacutedio de horas

dedicadas aos afazeres

domeacutesticos

Tempo total gasto em

atividades de produccedilatildeo e reproduccedilatildeo

Sexo

(A) (B) (A + B) (C ) (A + B+C)

Mulheres 351 47 398 26 658

Homens 427 47 474 103 577

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

Ademais percebe-se pelos dados dispostos na tabela 1 que a maior dedicaccedilatildeo

feminina agraves tarefas domeacutesticas e aos cuidados com os filhos em relaccedilatildeo aos seus pares

compromete o nuacutemero meacutedio de horas dedicadas ao trabalho formal Segundo Levitt e

Dubner (2010 p1752) esta eacute uma das razotildees apontadas para os maiores rendimentos

auferidos pelos homens e pela preferecircncia do empregador pelo trabalhador em detrimento a

trabalhadora Infelizmente parte dessas iniquidades seria promovida pelas proacuteprias mulheres

que inseridas em uma sociedade culturalmente patriarcal ainda centralizam toda

responsabilidade domeacutestica No entanto apesar da argumentaccedilatildeo proposta neste sentido a

FCC (2007) sinaliza que a preferecircncia na contrataccedilatildeo de homens ou ateacute mesmo os ganhos

superiores auferidos por eles natildeo seriam justificados por tal proposiccedilatildeo Observa-se que as

mulheres ganham menos que os homens independentemente do setor de atividade econocircmica

em que trabalhem ndash mesmo em atividades eminentemente femininas - agrave sua posiccedilatildeo na

ocupaccedilatildeo - empregada autocircnoma empregadora ou trabalhadora domeacutestica - agrave jornada

semanal de trabalho desempenhada ou ao niacutevel de escolaridade alcanccedilada

29

Aleacutem disso o trabalho realizado pelas mulheres no acircmbito domeacutestico eacute

considerado um trabalho invisiacutevel pois natildeo recebe valor de mercado Tal desvalorizaccedilatildeo do

trabalho reprodutivo tambeacutem teria em suas bases a cultura patriarcal como bem assinala

Rodrigues (2010 p 32)

Esta construccedilatildeo social da invisibilidade do trabalho das mulheres ligada ao seu papel na reproduccedilatildeo da vida realizada no cotidiano por meio do controle de sua fertilidade e por meio de seu confinamento nos acircmbitos privados estaacute justamente na base da consolidaccedilatildeo dos papeis diferenciados por gecircnero nas sociedades patriarcais

Assim segundo a OIT (2010a p4) apesar das mudanccedilas sociais e produtivas

ocorridas nas uacuteltimas deacutecadas ainda persistem as concepccedilotildees culturais que consideram o

trabalho domeacutestico ou reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade exclusiva das mulheres

Ou seja ainda natildeo ocorreram rupturas significativas no sentido de considerar os cuidados e os

trabalhos domeacutesticos como uma responsabilidade das sociedades Esta concepccedilatildeo se reflete na

insuficiecircncia de poliacuteticas de conciliaccedilatildeo entre trabalho e famiacutelia e na natildeo incorporaccedilatildeo da

ideia de co-reponsabilidade social pela esfera dos cuidados ou seja a ideia de que as

responsabilidades pela esfera dos cuidados devem ser compartilhadas entre homens e

mulheres e entre as famiacutelias o Estado o mercado e a sociedade Esta ausecircncia de poliacuteticas

puacuteblicas especiacuteficas gera custos Com relaccedilatildeo agraves economias dos paiacuteses proporciona um

desperdiacutecio da forccedila de trabalho especialmente feminina o que afeta a trajetoacuteria de

crescimento Para as empresas observam-se impactos com relaccedilatildeo agrave produtividade ao clima

organizacional e agrave rotatividade de pessoal Custos sociais consideraacuteveis tambeacutem satildeo gerados

com o impacto sobre a sauacutede das trabalhadoras a menor renda das mulheres e os riscos de

trabalho infantil

Aleacutem da persistecircncia de concepccedilotildees culturais que ainda hoje atribuem as mulheres

agrave responsabilidade pelas tarefas domeacutesticas o IBGE (2009 p91) observa outros fenocircmenos

que marcam a nova configuraccedilatildeo familiar deste iniacutecio de seacuteculo postergaccedilatildeo da

30

nupicialidade o aumento de famiacutelias monoparentais a diminuiccedilatildeo da disponibilidade de

tempo e o excesso de individualismo Dentre estes fenocircmenos tem chamado a atenccedilatildeo de

especialistas o aumento substantivo do nuacutemero de mulheres chefes de famiacutelia Segundo a

FCC (2007) a posiccedilatildeo de principal responsaacutevel pela manutenccedilatildeo e subsistecircncia do nuacutecleo

familiar influi sobremaneira na decisatildeo feminina acerca do ingresso e permanecircncia no

mercado de trabalho O significativo aumento de mulheres na condiccedilatildeo de pessoa de

referecircncia dentro das famiacutelias (chefes de famiacutelia) foi verificado pelo IBGE (2009 p95) entre

1998 e 2008 Neste periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia cresceu de 259 para

349 Ademais no mesmo periacuteodo a proporccedilatildeo de mulheres chefes de famiacutelia aumentou

tambeacutem no grupo em que haacute presenccedila de um cocircnjuge (24 para 91)

Mouratildeo (2006 p29) confirma que uma das principais mudanccedilas com respeito ao

trabalho feminino e agrave posiccedilatildeo da mulher nas relaccedilotildees familiares eacute o expressivo aumento da

proporccedilatildeo de domiciacutelios chefiados por mulheres Esse aumento da porcentagem de famiacutelias

chefiadas por mulheres questiona cada vez mais a ideia de que a mulher constitui uma ldquoforccedila

de trabalho secundaacuteriardquo Esta realidade eacute tambeacutem observada pela OIT (2002 apud MOURAtildeO

2006 p29) ao relatar que nos paiacuteses da Ameacuterica Latina em que as condiccedilotildees de emprego tecircm

melhorado para os homens natildeo se observa uma retirada das mulheres do mercado de trabalho

o que aconteceria se elas efetivamente constituiacutessem uma forccedila de trabalho secundaacuteria

Ainda dentro do contexto familiar torna-se relevante destacar os efeitos da

maternidade sobre o trabalho feminino Segundo a FCC (2007) a maternidade produziu no

passado efeitos sensiacuteveis sobre o ingresso e permanecircncia da mulher no mercado de trabalho

Verificava-se ateacute a deacutecada de 1970 a reduccedilatildeo das taxas de atividades das mulheres a partir

dos 25 anos quando presumivelmente os filhos eram ainda pequenos A partir de meados

dos anos de 1980 houve uma reversatildeo dessa tendecircncia que vem gradualmente se

consolidando a atividade produtiva fora de casa ganha espaccedilo e divide a importacircncia dada agrave

31

maternidade e aos cuidados com os filhos Dessa forma mesmo que os efeitos da maternidade

sobre a atividade produtiva feminina permaneccedilam eles foram bastante atenuados Verifica-se

por exemplo pelos dados do IBGE (2009 p 202) que em 2008 a taxa de mulheres ocupadas

nas faixas etaacuterias dos 25-29 anos (64) e dos 30-49 anos (668) era superior a encontrada

na faixa de 20-24 anos (465) Aleacutem disso ainda que a presenccedila de filhos pequenos seja um

limitador real da atividade feminina outras variaacuteveis podem vir a estimulaacute-la como a presenccedila

de serviccedilos puacuteblicos e particulares de atenccedilatildeo agrave maternidade necessidade econocircmica do grupo

familiar ou ateacute mesmo aumento do poder aquisitivo de uma parte das famiacutelias o que

propiciou um maior suporte e seguranccedila para mulheres se ausentarem do lar (FCC2007)

123 Atividade produtiva feminina e educaccedilatildeo

Com relaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo formal o IBGE (2009 p 203) assinala que a

escolaridade meacutedia das mulheres brasileiras eacute superior agrave dos homens A prevalecircncia feminina

entre os mais escolarizados ocorre a partir do ensino meacutedio e se estende ao niacutevel superior Em

2007 segundo dados do PNAD (2009 p 56) entre os que tecircm de 9 a 11 anos de estudo mais

da metade satildeo mulheres e entre aqueles que tecircm mais de 12 anos de estudo 57 satildeo do sexo

feminino (Tabela 2)

Tabela 2 ndash Proporccedilatildeo de homens e mulheres de 10 anos e mais segundo niacutevel de instruccedilatildeo Brasil 1999 2002 e 2007

1999 2002 2007 Anos de estudo

Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

510 490 512 4 88 512 488

de 1 a 4 anos 499 501 500 500 493 507

de 5 a 8 anos 508 492 510 490 503 497

de 9 a 11 anos 553 447 542 458 533 467

12 anos ou mais 542 458 554 446 566 432 natildeo determinado ou

sem declaraccedilatildeo - - - - 552 448

Total 516 484 518 482 516 484

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

32

No acircmbito da educaccedilatildeo profissional entretanto a presenccedila das mulheres eacute menos

expressiva Em 2005 verificava-se que apenas metade das matriacuteculas era do sexo feminino

Uma tendecircncia marcante a ressaltar segundo a FCC (2007) eacute que tanto na educaccedilatildeo

profissional quanto no ensino superior quando se observam as opccedilotildees femininas segundo as

aacutereas de conhecimento nota-se a existecircncia de algumas aacutereas mais atrativas agraves mulheres e

outras nem tanto sinalizando a futura formaccedilatildeo de nichos ocupacionais femininos no mercado

de trabalho No ensino profissional as preferecircncias femininas se concentram em cursos de

imagem pessoal desenvolvimento social e lazer sauacutede turismo e hospitalidade No niacutevel

superior a maior concentraccedilatildeo de formadas ocorre nas aacutereas da educaccedilatildeo sauacutede e bem-estar

social humanidades e artes

Como tem sido reiteradamente observado pela literatura conforme alerta

Bruschini e Puppin (2004 p4) a relaccedilatildeo direta entre a escolaridade e a participaccedilatildeo das

mulheres no mercado de trabalho eacute grande Assim como os homens a atividade das mulheres

aumenta entre os que tecircm mais de 8 anos de estudo (que corresponde agrave escolaridade

obrigatoacuteria do primeiro grau) mas satildeo aquelas que tecircm niacutevel superior de ensino (15 anos ou

mais) as mais ativas com uma taxa de 82 no ano de 2008 bastante superior portanto agrave taxa

de atividade geral (524)

Tabela 3 ndashTaxas de atividade por sexo e anos de estudo Brasil 1998 2002 e 2007 1998 2002 2007

Anos de Estudo Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres

sem instruccedilatildeo e menos de 1 ano

724 366 698 365 650 349

de 1 a 3 anos 632 367 624 373 575 349

de 4 a 7 anos 701

418 671 416 635 403

de 8 a 10 anos 800 521 786 535 777 537

11 a 14 anos 865 696 882 712 887 722

15 anos ou mais 902 810 898 826 887 821

Total () 712 475 732 503 724 524

Fonte FCC (2007 apud FIBGEPNAD- Microdados)

33

Ademais de acordo com FCC (2007) na fatia formalizada do mercado de

trabalho em que em princiacutepio se encontram os melhores empregos a exigecircncia por maiores

niacuteveis de escolaridade parece incidir mais sobre as mulheres do que sobre os homens Em

2007 por exemplo 63 dos postos de trabalho ocupados por mulheres requeriam niacutevel de

instruccedilatildeo meacutedio e superior mas a proporccedilatildeo de empregos masculinos que exigiam esses

mesmos niacuteveis era bastante inferior (44)

13 Participaccedilatildeo feminina em cargos diretivos das organizaccedilotildees

A despeito da maciccedila inserccedilatildeo feminina no mercado de trabalho observada nas

uacuteltimas deacutecadas e da maior escolaridade atingida pelas mulheres em relaccedilatildeo aos homens elas

em geral ainda ocupam posiccedilotildees mais precaacuterias na hierarquia das ocupaccedilotildees e

consequentemente auferem menores rendimentos O IBGE (2009 p 204) informa que ldquono

Brasil mesmo com uma maior escolaridade a proporccedilatildeo de mulheres dirigentes (44) ainda

eacute inferior agrave proporccedilatildeo dos homens (59)rdquo Aleacutem disto a diferenccedila entre dirigentes

masculinos e femininos (15 pontos percentuais) natildeo se alterou quando se compara com os

dados de 2003

Bruschini e Puppin (2004 p111) corroboram essas informaccedilotildees ao afirmarem que

ldquono Brasil dos 42276 cargos de diretoria computados pela Rais1 no ano 2000 236 eram

ocupados por mulheresrdquo Entretanto as autoras tambeacutem observam que esses cargos

concentram-se em aacutereas tradicionais femininas como a social a cultural e a da sauacutede ou seja

mesmo nos niacuteveis mais elevados da carreira as executivas brasileiras marcam presenccedila

sobretudo em tradicionais guetos femininos

1 A Relaccedilatildeo Anual de Informaccedilotildees Sociais ndash Rais ndash eacute uma base de dados do Ministeacuterio do Trabalho e Emprego ndash MTE ndash que fornece anualmente informaccedilotildees sobre nuacutemero de empregos e algumas de suas caracteriacutesticas nas empresas do setor formal de atividade

34

A respeito da sub-representaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais Tanure (2004

apud MOURAtildeO 2006 p55) alerta que o modelo de exerciacutecio de poder no Brasil eacute ainda

majoritariamente masculino A autora afirma que as mulheres entram no mercado de trabalho

de maneira cada vez mais significativa em funccedilotildees gerenciais mas sentem uma espeacutecie de

ldquoteto de vidrordquo que separa a facilidade do ingresso no mercado da dificuldade de ascensatildeo na

carreira

A desigualdade de participaccedilatildeo em cargos de direccedilatildeo e lideranccedila entre os gecircneros

ocorre tanto na iniciativa privada quanto no setor puacuteblico Na iniciativa privada pesquisa

realizada pelo Instituto Ethos (2008 p 11) mostra que o nuacutemero de mulheres nas empresas

diminui agrave medida que se chega aos niacuteveis de comando embora o niacutevel de instruccedilatildeo delas seja

maior do que o dos homens tanto em termos gerais quanto comparativamente nos mesmos

cargos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Quantitativo de funcionaacuterios nos niacuteveis hieraacuterquicos por gecircnero segundo o estudo ldquoO perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas - Pesquisa 2007rdquo

Niacutevel Hieraacuterquico Homens Mulheres Total

Quadro Executivo 1462 190 1652

Gerecircncia 20818 6779 27597

Supervisatildeo Chefia ou Coordenaccedilatildeo

40670 23993 64663

Quadro Funcional 410352 218580 628932

Total 471302 249542 722844

Fonte Instituto Ethos (2008 p6)

Ainda acerca da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais das empresas

privadas o Instituto Ethos (2008 p 11) conclui que

Perdura a disparidade e a sub-repreentaccedilatildeo mesmo nos niacuteveis em que eacute maior a presenccedila das mulheres que constituem 513 da populaccedilatildeo brasileira e 435 da populaccedilatildeo economicamente ativa Perdura tambeacutem o afunilamento hieraacuterquico a presenccedila feminina decresce muito acentuadamente nos dois niacuteveis mais elevados do quadro de funcionaacuterios a gerecircncia com 246 e o executivo com os jaacute citados 115 - percentuais muito minguados ainda apesar da evoluccedilatildeo

35

Situaccedilatildeo anaacuteloga eacute observada no setor puacuteblico Diagnoacutestico realizado pela ENAP

(1998 apud MOURAtildeO 2006 p33) constatou que apesar de o percentual de mulheres e

homens ser praticamente igual nos niacuteveis inferiores dos Cargos de Direccedilatildeo e Assessoramento

Superior - DAS o mesmo natildeo ocorre nos escalotildees superiores no qual as mulheres ainda estatildeo

sub-representadas Cabe ainda esclarecer segundo Mouratildeo (2006 p33) que

os cargos comissionados os DAS satildeo postos gerenciais considerados de ldquoconfianccedilardquo podendo ser ocupados por servidores puacuteblicos da proacutepria instituiccedilatildeo ou transferidos de outros oacutergatildeos ou mesmo de fora do serviccedilo puacuteblico O grau de importacircncia e de poder do cargo estaacute diretamente relacionado com a gradaccedilatildeo do DAS Quanto maior for sua responsabilidade no cargo maior o DAS (variam entre niacuteveis de 1 a 6) e maior a remuneraccedilatildeo

De acordo com os dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal publicado pela

SRHMPOG (2010 p109) no poder executivo federal as mulheres ocupam apenas 248

dos cargos DAS 5 e 225 dos cargos DAS 6 Observa-se assim que elas representam um

percentual ainda reduzido dos postos gerenciais superiores (Graacutefico 3)

Graacutefico 3 ndash Perfil dos DAS segundo o sexo dos ocupantes em percentual

A ENAP (1998 apud MOURAtildeO 2006 p1112) ainda conclui que embora as

mulheres tenham expressiva participaccedilatildeo no mercado de trabalho sejam maioria nas

instituiccedilotildees puacuteblicas brasileiras e apresentem escolaridade superior agrave dos homens ainda satildeo

raras as mulheres em altos postos de comando do serviccedilo puacuteblico Assim verifica-se que

36

nuacutemero de mulheres em postos de gerecircncia eacute inversamente proporcional ao niacutevel decisoacuterio

associado a estes postos

Ademais cabe ressaltar que a Administraccedilatildeo Puacuteblica eacute comumente considerada o

espaccedilo onde as mulheres disputam mais equilibradamente as chances de um posto de trabalho

uma vez que o Estado provecirc serviccedilos tradicionalmente feitos por mulheres no acircmbito familiar

como previdecircncia e assistecircncia social serviccedilos meacutedicos e para-meacutedicos e a educaccedilatildeo Aleacutem

disso a atitude menos discriminatoacuteria do Estado em relaccedilatildeo ao trabalhador favorece a

inserccedilatildeo feminina nos seus quadros de pessoal (MOURAtildeO 2006 p33) Entretanto apesar da

aparente isonomia Osoacuterio (2006 apud ENAP 2006 p47) constatou que a remuneraccedilatildeo

meacutedia das mulheres eacute inferior a dos homens no serviccedilo puacuteblico federal estadual e municipal

Ou seja ao contraacuterio do que se pensa a obrigatoriedade de realizaccedilatildeo de concursos puacuteblicos e

de isonomia remuneratoacuteria natildeo evita que haja desigualdades salariais entre servidores do sexo

feminino e masculino Tais iniquidades remuneratoacuterias seriam mais uma evidecircncia da sub-

representaccedilatildeo feminina nos postos de comando da Administraccedilatildeo Puacuteblica

A situaccedilatildeo de desigualdade de gecircnero nas posiccedilotildees de gerecircncia e lideranccedila no

Brasil natildeo eacute diferente da situaccedilatildeo de outros paiacuteses Estudo espanhol do Instituto Nacional de

Administracioacuten Puacuteblica - INAP (2005 p12 traduccedilatildeo nossa) afirma que

O uacutenico fator de segregaccedilatildeo endoacutegeno ao funcionamento das administraccedilotildees direta e autocircnomas eacute o da discriminaccedilatildeo contra as mulheres ocuparem posiccedilotildees de mando de responsabilidade e de representaccedilatildeo Trata-se de uma dinacircmica tecnicamente sexista Coordenar ou dirigir pessoas eacute uma atividade favoraacutevel aos homens tanto porque haacute mais homens que chegaram a essas funccedilotildees como porque haacute um nuacutemero maior de pessoas sendo dirigidas por eles

Embora em paiacuteses desenvolvidos o setor puacuteblico tambeacutem seja considerado como

aquele que favorece o emprego feminino haacute evidecircncias de que agraves mulheres satildeo atribuiacutedos

menos recursos e menos autoridade nas posiccedilotildees que ocupam Nos Estados Unidos por

exemplo as mulheres no serviccedilo puacuteblico ganham 198 a menos do que os homens Esta

posiccedilatildeo eacute ainda um pouco melhor do que no setor privado onde elas ganham 214 a menos

37

(ADMINISTRATION SOCIETY 2004 apud ENAP 2006 p48) Jaacute no Reino Unido as

poliacuteticas puacuteblicas destinadas a promover o emprego feminino foram implementadas devido a

uma grande demanda por meia jornada de trabalho e a preferecircncia de se trabalhar no setor

privado em detrimento do setor puacuteblico O resultado eacute que laacute embora o setor puacuteblico seja

considerado um setor econocircmico ldquofemininordquo estaacute baseado nos ldquotrecircs baixosrdquo baixos salaacuterios

baixo investimento e baixa produtividade A mesma associaccedilatildeo entre trabalho puacuteblico e

trabalho feminino ser igual a baixos salaacuterios acontece em paiacuteses com caracteriacutesticas sociais e

econocircmicas diferentes das apresentadas pela Gratilde- Bretanha Eacute o caso de Israel paiacutes de forte

regulamentaccedilatildeo estatal e com um setor puacuteblico responsaacutevel por 40 das atividades

econocircmicas (ENAP 2006 p48)

Na Franccedila de modo geral as mulheres do serviccedilo puacuteblico seguem carreiras

executivas diferentes das dos homens Elas ocupam mais postos funcionais administraccedilatildeo

comunicaccedilatildeo e funccedilotildees de avaliaccedilatildeo teacutecnica estudos e pesquisas do que postos de chefia e de

decisatildeo (MARUANI HIRATA 2003 p 7475)

Torna-se ainda interessante ao analisar a participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos superiores das organizaccedilotildees avaliar o empoderamento feminino nas sociedades

Segundo o IBGE (2009 p204) ldquono debate sobre as iniquidades entre homens e mulheres nas

sociedades contemporacircneas o empoderamento eacute uma das grandes questotildees no contexto das

relaccedilotildees de gecircnerordquo

Segundo Pereira (2006) empoderamento eacute definido como a accedilatildeo coletiva

desenvolvida pelos indiviacuteduos quando participam de espaccedilos privilegiados de decisotildees e de

consciecircncia social dos direitos sociais O documento ldquoEmpoderamento das mulheres

Avaliaccedilatildeo das disparidades globais de gecircnerordquo publicado pelo Fundo de Desenvolvimento

das Naccedilotildees Unidas para a Mulher - UNIFEM apresenta a dimensatildeo atual da disparidade de

gecircnero em 58 paiacuteses a partir do conceito de empoderamento Satildeo cinco as dimensotildees que

38

foram analisadas participaccedilatildeo econocircmica oportunidade econocircmica empoderamento poliacutetico

conquistas educacionais e sauacutede e bem-estar O Brasil figura em 51ordm lugar De todas as

dimensotildees eacute a do ldquosucesso educacionalrdquo que mede o niacutevel de educaccedilatildeo aquela que o Brasil

obteve a melhor colocaccedilatildeo ndash 27ordm lugar Entretanto em termos de poder poliacutetico o Brasil

aparece em penuacuteltimo lugar Eacute interessante tambeacutem notar que enquanto o paiacutes estaacute em 21ordm

lugar no quesito oportunidade econocircmica (acesso ao mercado de trabalho natildeo-restrito apenas

a empregos sem qualificaccedilatildeo e de baixa renda) cai para o 46ordm em participaccedilatildeo econocircmica -

igualdade na remuneraccedilatildeo para trabalhos iguais - (ENAP 2006 p48) Tais dados reforccedilam a

constataccedilatildeo de desigualdade vinculada ao gecircnero dentro do mercado de trabalho brasileiro em

todos seus niacuteveis

14 Competecircncias

A palavra competecircncia estaacute relacionada agrave gestatildeo de pessoas desde a antiguidade

quando os romanos registraram perfis de atributos e caracteriacutesticas para ser um bom soldado

romano Datam tambeacutem de muitos seacuteculos atraacutes obras literaacuterias enaltecendo os liacutederes e suas

habilidades e atitudes para tomar decisotildees e gerenciar suas equipes (FELICE 1998 apud

ENAP 2006 p 43)

Segundo Kalil (2005 p 14) a expressatildeo competecircncia esteve associada no final

da idade meacutedia agrave linguagem juriacutedica e referia-se agrave faculdade atribuiacuteda a algueacutem ou a uma

instituiccedilatildeo para apreciar e julgar certas questotildees Por extensatildeo o conceito de competecircncia

veio a designar o reconhecimento social sobre a capacidade de algueacutem pronunciar-se a

respeito de determinado assunto e mais tarde com o advento da Administraccedilatildeo Cientiacutefica

passou a ser utilizado para qualificar o indiviacuteduo capaz de realizar determinado trabalho

39

A ENAP (2006 p45) enfatiza que nas teorias da administraccedilatildeo o conceito de

competecircncia foi proposto de forma estruturada em 1973 por David McClelland na busca de

uma abordagem mais efetiva nos processos de escolha de pessoas para as organizaccedilotildees do que

os tradicionais testes de inteligecircncia A partir deste marco o conceito foi se ampliando e

passou a ser usado em processos de avaliaccedilatildeo e de programas de desenvolvimento

profissional Entretanto segundo Wood e Payne (1998 p23 traduccedilatildeo nossa) o pioneiro na

introduccedilatildeo do conceito de competecircncia no contexto gerencial foi Richard Boyatizis De

acordo com os autores ldquoBoyatizis foi a primeira pessoa a usar o termo competecircncia Seu

Livro The Competent Manger a Model for Effective Perfomance iniciou o debate acerca do

tema competecircnciasrdquo

Assim segundo Boyatizis (1982 p13 traduccedilatildeo nossa) ldquocompetecircncias satildeo

aspectos verdadeiros ligados agrave natureza humana Satildeo comportamentos observaacuteveis que

determinam em grande parte o retorno para organizaccedilatildeordquo

De acordo com Bitencourt (2001 p 27) o modelo de Boyatizis baseava-se na

enumeraccedilatildeo de 21 atributos que norteiam a construccedilatildeo de um perfil ideal de dirigente O

Quadro 1 sintetiza essa construccedilatildeo

1 Metas e Gestatildeo pela Accedilatildeo 1 Orientaccedilatildeo eficiente 2 Produtividade 3 Diagnoacutestico e uso de conceitos 4 Preocupaccedilatildeo com impactos (proacute-ativo)

2 Lideranccedila 5 Autoconfianccedila 6 Uso de apresentaccedilotildees orais 7 Pensamento loacutegico 8 Conceitualizaccedilatildeo

3 Recursos Humanos 9 Uso de poder socializado 10 Otimismo 11 Gestatildeo de grupo 12 Auto-avaliaccedilatildeo e senso criacutetico

4 Direccedilatildeo de Subordinados 13 Desenvolvimento de outras pessoas 14 Uso de poder unilateral 15 Espontaneidade

5 Foco em outros clusters 16 Autocontrole 17 Objetividade perceptual 18 Adaptabilidade 19 Preocupaccedilatildeo com relacionamentos proacuteximos

40

6 Conhecimento especializado 20 Memoacuteria 21 Conhecimento especializado

Quadro 1 ndash As Vinte e Uma Competecircncias de Boyatizis Fonte Bitencourt (2001 p 27 apud WOOD PAYNE1998)

Bitencourt (2001 p 30) ainda assinala que com base neste constructo inicial

muitos conceitos e abordagens acerca de competecircncias gerenciais surgiram com ecircnfase em

aspectos distintos tais quais

1 - Desenvolvimento de conceitos habilidades e atitudes ldquoCompetecircncia eacute a

qualidade de quem eacute capaz de apreciar e resolver certo assunto fazer determinada coisa

significa capacidade habilidade aptidatildeo e idoneidaderdquo (BOOG 1991 p16)

2 ndash Capacitaccedilatildeo (aptidatildeo) ldquoConjunto de conhecimentos habilidade e experiecircncias

que credenciam um profissional a exercer determinada funccedilatildeordquo (MAGALHAtildeES ROCHA

1997 p14)

3 - Praacuteticas de trabalho capacidade de mobilizar recursos ldquoEacute a capacidade

mobilizar integrar e colocar em accedilatildeo conhecimentos habilidades e formas de atuar a fim de

atingirsuperar desempenhos configurados na missatildeo da empresa e da aacutereardquo (RUAS 1999

apud BITENCOURT 2001p29)

4 - Articulaccedilatildeo de recursos (mobilizaccedilatildeo) ldquoCompetecircncia eacute assumir

responsabilidades frente a situaccedilotildees de trabalho complexas buscando lidar com eventos

ineacuteditos surpreendentes de natureza singularrdquo (BOTERF 1997 apud BITENCOURT 2001

p29)

5 ndash Busca de melhores desempenhos (resultados) ldquoUm saber agir responsaacutevel e

reconhecido que implica mobilizar integrar transferir conhecimentos recursos habilidades

que agreguem valor econocircmico agrave organizaccedilatildeo e valor social ao indiviacuteduordquo (FLEURY

FLEURY 2000 p21)

41

6 - Questionamento constante (perspectiva dinacircmica)

O conceito de competecircncia sintetiza mobilizaccedilatildeo integraccedilatildeo e transferecircncia de conhecimentos e capacidade em estoque deve adicionar valor ao negoacutecio estimular um contiacutenuo questionamento do trabalho e aquisiccedilatildeo de responsabilidades por parte dos profissionais e agregara valor em duas dimensotildees valor econocircmico para a organizaccedilatildeo e valor social para o indiviacuteduo (HIPOacuteLITO 2000p7 apud BITENCOURT 2001 p29)

7 - Processo de aprendizagem individual ou autodesenvolvimento ldquoCompetecircncia

eacute o resultado final da aprendizagemrdquo (BRUCE 1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

8 ndash Relacionamento interpessoal ldquoA noccedilatildeo de competecircncia eacute construiacuteda a partir

do significado do trabalho Portanto natildeo implica exclusivamente na aquisiccedilatildeo de atributosrdquo

(SANDEBERG1996 apud BITENCOURT 2001 p28)

Segundo Kalil (2005 p14) a preocupaccedilatildeo das organizaccedilotildees em contar com

indiviacuteduos capacitados para o desempenho eficiente de determinada funccedilatildeo natildeo eacute recente

Taylor (1970 apud KALIL 2005 p14 grifo nosso) jaacute alertava no iniacutecio do seacuteculo XX para

a necessidade de as empresas contarem com trabalhadores eficientes ressaltando que a

procura pelos competentes excedia a oferta Agrave eacutepoca baseadas no princiacutepio taylorista de

seleccedilatildeo e treinamento do trabalhador as empresas procuravam aperfeiccediloar em seus

empregados as habilidades necessaacuterias para o exerciacutecio de certas funccedilotildees restringindo-se a

questotildees teacutecnicas relacionadas ao trabalho e agrave especificaccedilatildeo do cargo Sob essa perspectiva

competecircncia era visto como um conjunto de conhecimentos e habilidades que credenciavam

um profissional a exercer determinada funccedilatildeo Em decorrecircncia de pressotildees sociais e do

aumento da complexidade das relaccedilotildees de trabalho as organizaccedilotildees passaram a considerar no

processo de desenvolvimento de seus empregados natildeo soacute conhecimentos e habilidades mas

tambeacutem aspectos sociais Assim algumas concepccedilotildees acerca de competecircncias passaram a

valorizar a atitude como seu maior determinante

42

A ENAP (2006 p45) tambeacutem aponta que nem sempre qualificaccedilotildees isoladas

resultam em entrega para as organizaccedilotildees jaacute a competecircncia estaacute intrinsecamente vinculada a

resultados a proatividade e ao dinamismo Dessa forma de acordo com LeBoterf (1994 apud

ENAP 2006p45) a competecircncia natildeo eacute um estado ou um conhecimento que se tem e nem

tampouco resultado de treinamento mas eacute colocar em praacutetica o que se sabe em um contexto

que eacute determinado pelas relaccedilotildees de trabalho pela cultura da organizaccedilatildeo ou por imprevistos

como limitaccedilotildees de tempo e de recursos Zarifian (1996 apud ENAP 2006p45) tambeacutem

destaca que ldquocompetecircncia eacute tomar iniciativa assumir responsabilidade diante de situaccedilotildees

profissionais com que um indiviacuteduo se depara ou seja a competecircncia remete a um sujeito e a

uma subjetividaderdquo Jaacute Dutra (2004 apud ENAP 2006p45) organiza os conceitos de

competecircncias em dois grandes blocos No primeiro competecircncia eacute o conjunto de

conhecimentos habilidades e atitudes necessaacuterias para algueacutem exercer o seu trabalho No

segundo interpreta as competecircncias como a entrega das pessoas para a organizaccedilatildeo

141 Gestatildeo por competecircncias no setor puacuteblico

As grandes mudanccedilas no mundo do trabalho provocadas pela globalizaccedilatildeo

econocircmica pela reestruturaccedilatildeo produtiva e pela flexibilizaccedilatildeo dos direitos geraram novas

abordagens da gestatildeo de pessoas nas organizaccedilotildees natildeo apenas no setor privado mas tambeacutem

no setor puacuteblico (ENAP 2006 p45) Em alguns casos essas alteraccedilotildees estiveram associadas

aos processos de reformas do estado ldquoA competecircncia pode ser considerada o tema central nas

reformas de governordquo afirmam Hood e Lodge (2004 p313) que publicaram uma anaacutelise

comparativa dos padrotildees de competecircncias para servidores puacuteblicos em trecircs paiacuteses Estados

Unidos Reino Unido e Alemanha Segundo esses autores nos Estados Unidos a discussatildeo

sobre gestatildeo da competecircncia como parte de uma reforma da gestatildeo puacuteblica foi posterior aos

43

debates que ocorreram no Reino Unido onde desde meados de 1980 os executivos e

dirigentes do serviccedilo puacuteblico formulavam suas propostas de reformas As diferenccedilas se deram

pelas caracteriacutesticas institucionais de cada paiacutes Nem os Estados Unidos nem a Alemanha tem

o nuacutecleo poliacutetico-burocraacutetico que centraliza e dissemina a formulaccedilatildeo das poliacuteticas de

governo como o presente no Reino Unido na figura do Cabinet Office Assim Estados Unidos

e a Alemanha natildeo conseguiram aplicar o modelo de competecircncias em suas instituiccedilotildees na

mesma intensidade que fizeram os britacircnicos

Aleacutem de mostrar como o caminho da gestatildeo por competecircncias foi diferente em

cada um dos trecircs paiacuteses Hood e Lodge (2004 p333) concluem que a chamada reforma das

competecircncias natildeo foi capaz de cumprir com os seus objetivos mais gerais porque natildeo

conseguiu romper com as formas de negociaccedilatildeo jaacute existentes entre a classe de dirigentes do

serviccedilo puacuteblico e a classe poliacutetica

Segundo ENAP (2006 p46) outro exemplo em que o modelo de competecircncias

esteve associado agrave reestruturaccedilatildeo e flexibilizaccedilatildeo das instituiccedilotildees puacuteblicas eacute o Canadaacute Nos

anos de 1990 foram criados inuacutemeros comitecircs com a participaccedilatildeo de dirigentes e servidores

Parcerias com empresas privadas foram estabelecidas e centenas de projetos foram

desenvolvidos com o objetivo de estimular a gestatildeo por competecircncia como um meio para

adaptar a flexibilizaccedilatildeo das empresas privadas para o setor puacuteblico Esse processo culminou

com a aprovaccedilatildeo da reforma do serviccedilo puacuteblico em 1992 A partir de entatildeo os gerentes de

recursos humanos passaram a ter autonomia para contratar e avaliar o desempenho dos

funcionaacuterios O modelo das competecircncias passa tambeacutem a orientar a missatildeo e os valores das

instituiccedilotildees canadenses

Dessa forma a abordagem por competecircncias vem sendo adotada pelo setor

puacuteblico em paiacuteses diversos paiacuteses No Brasil Kalil (2005 p2548) mostra as dificuldades que

as organizaccedilotildees de governo enfrentam para adotar a gestatildeo por competecircncias restriccedilotildees legais

44

nos processos seletivos insuficiecircncia de metodologias adequadas para identificar e mapear as

competecircncias das instituiccedilotildees natildeo integraccedilatildeo da abordagem da competecircncia a todos os

subsistemas de gestatildeo de pessoas Apesar das dificuldades apontadas eacute visiacutevel o interesse e os

esforccedilos das organizaccedilotildees puacuteblicas para formar e capacitar servidores natildeo soacute para terem

conhecimentos teacutecnicos mas tambeacutem para desenvolverem habilidades e atitudes compatiacuteveis

com as funccedilotildees que exercem Kalil (2005 p2123) ainda enumera algumas competecircncias

importantes para o desempenho dos servidores puacuteblicos como o auto-desenvolvimento a

criatividade a capacidade de trabalhar em equipe de construir relacionamentos e de gerar

resultados Jaacute a ENAP (2006 p28) partindo de modelos teoacutericos e entrevistas de campo

sugeriu um rol mais amplo de competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos diretivos em

organizaccedilotildees puacuteblicas Assim foram elencadas as seguintes competecircncias gerenciais

essenciais ao bom gestor puacuteblico lideranccedila negociaccedilatildeo capacidade de assumir riscos gestatildeo

estrateacutegica gestatildeo de equipe habilidade de comunicaccedilatildeo capacidade de lidar com as

diferenccedilas criatividade compreensatildeo organizacional busca de parcerias resistecircncia ao stress

e agraves pressotildees integridade e honestidade confianccedila em si mesmo(a) capacidade de adaptaccedilatildeo

agraves mudanccedilas do ambiente conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo e legitimidade

45

2 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia escolhida para o presente estudo teve por fim detalhar todos os

passos que foram tomados para atingir os objetivos propostos Tal metodologia permitiu

identificar a participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de

Justiccedila ndash STJ bem como aprofundar e compreender a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da

representaccedilatildeo feminina nos referidos cargos as razotildees que explicariam tal percentual de

participaccedilatildeo as competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio desses cargos e a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas

21 Tipo de pesquisa

A fim de responder os questionamentos suscitados pelo problema de pesquisa foi

elaborado trabalho cientiacutefico do tipo monografia Para Lakatos e Marconi (1995 p151)

monografia ldquoeacute um estudo sobre um tema especiacutefico ou particular de suficiente valor

representativo e que obedece a rigorosa metodologiardquo

A presente pesquisa pode ser classificada quanto aos fins como estudo

descritivo exploratoacuterio e explicativo Quanto aos meios classifica-se como pesquisa

bibliograacutefica documental e de campo Esta classificaccedilatildeo partiu dos conceitos e criteacuterios

propostos por Vergara (2002 p4648)

A pesquisa foi descritiva porque expocircs as caracteriacutesticas de determinado

fenocircmeno qual seja as caracteriacutesticas e condicionantes do trabalho produtivo feminino e a

participaccedilatildeo das mulheres nos cargos superiores diretivos das organizaccedilotildees Desta forma o

46

presente trabalho buscou estabelecer correlaccedilotildees entre variaacuteveis do fenocircmeno estudado

contextualizando e verificando sua reproduccedilatildeo dentro da organizaccedilatildeo objeto do estudo

O estudo tambeacutem se classifica como exploratoacuterio pois foi necessaacuteria a produccedilatildeo

de conhecimentos sobre a percepccedilatildeo e a compreensatildeo dos servidores da organizaccedilatildeo objeto do

estudo a respeito do fenocircmeno pesquisado Tal sondagem deu-se ante ao pouco conhecimento

acumulado e sistematizado acerca do tema no acircmbito da instituiccedilatildeo estudada

Por fim a investigaccedilatildeo teve caraacuteter explicativo porque tem entre seus objetivos

especiacuteficos investigar as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina em

cargos superiores da cuacutepula estrateacutegica e gerencial do STJ bem como a existecircncia de

dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias identificadas como necessaacuteria para desempenho de tais

cargos

Com relaccedilatildeo aos meios de investigaccedilatildeo a pesquisa foi documental porque se

utilizou de documentos e de dados fornecidos pela instituiccedilatildeo analisada tais quais portarias

regulamentos resoluccedilotildees atos normativos e dados quantitativos fornecidos pela Seccedilatildeo de

Provimento e Vacacircncia do Superior Tribunal de Justiccedila - SEPROSTJ Aleacutem disto a pesquisa

tambeacutem se classifica quanto aos meios empregados como bibliograacutefica pois envolveu a

construccedilatildeo de referencial teoacuterico a partir de livros revistas artigos e demais publicaccedilotildees

cientiacuteficas que fundamentaram os conceitos do tema em anaacutelise Por fim trata-se ainda de

uma investigaccedilatildeo de campo pois promoveu a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios entre os servidores

da instituiccedilatildeo pesquisada a fim de dispor de elementos que explicassem o fenocircmeno estudado

47

22 Descriccedilatildeo dos Meacutetodos e Procedimentos

Para viabilizaccedilatildeo da pesquisa foi efetuado em um primeiro momento o

levantamento bibliograacutefico a respeito do tema a ser investigado Buscou-se nesta etapa

identificar e quantificar a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos das organizaccedilotildees

puacuteblicas e privadas nacionais e estrangeiras Entretanto para melhor compreensatildeo da

realidade a ser estudada e de suas causas e possiacuteveis explicaccedilotildees foi necessaacuterio

preliminarmente contextualizar os aspectos do fenocircmeno descrevendo as transformaccedilotildees

sociais culturais demograacuteficas e econocircmicas que levaram ao aumento da participaccedilatildeo

feminina no mercado de trabalho e as caracteriacutesticas e condicionantes desta inserccedilatildeo A coleta

de dados relativa ao referido levantamento foi realizada por meio do estudo sistematizado de

material publicado em livros artigos revistas tese de doutorado perioacutedicos e sites

eletrocircnicos com a finalidade de descrever como o tema tem sido articulado no meio

acadecircmico O material disponiacutevel na literatura eacute vasto em razatildeo do avanccedilo que o trabalho

produtivo feminino alcanccedilou nas uacuteltimas deacutecadas e das evidecircncias que apesar dos progressos

observados as barreiras da desigualdade entre homens e mulheres natildeo estejam sendo

transpostas

Realizado o quadro teoacuterico do tema de pesquisa passou-se ao levantamento

documental Tal investigaccedilatildeo utilizou-se de regulamentos portarias resoluccedilotildees e atos

normativos acerca da estrutura organizacional do STJ e do quantitativos gerais dos cargos em

comissatildeo e das funccedilotildees de confianccedila Tais atos administrativos foram extraiacutedos da base de

dados Biblioteca Digital Juriacutedica do STJ ndash BDJUR Tambeacutem foram consultados dados

numeacutericos disponibilizados pela aacuterea competente da SGPSTJ

48

Dentre os atos administrativos consultados destacaram-se o Regulamento da

Secretaria do Tribunal - Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 ndash e a Resoluccedilatildeo nordm 6

de 30 de junho de 2009

O Ato Regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007 posteriormente alterado pelo Ato

Regulamentar nordm 2 de 5 de julho de 2007 dispotildee entre outros acerca da estrutura orgacircnica do

STJ e das atribuiccedilotildees e alccediladas decisoacuterias dos titulares dos cargos em comissatildeo e das funccedilotildees

comissionadas O artigo 134 desse ato estabelece

Art 134 Os cargos em comissatildeo escalonados de CJ-1 a CJ-4 destinam-se ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de direccedilatildeo chefia e assessoramento e as funccedilotildees comissionadas escalonadas de FC-1 a FC-6 ao exerciacutecio de atribuiccedilotildees de chefia intermediaacuteria e assistecircncia (BRASIL 2007 p36)

Constata-se pela leitura do referido artigo que as funccedilotildees e cargos comissionados

do STJ destinam-se indiscriminadamente tanto as atribuiccedilotildees de direccedilatildeo e chefia objeto do

presente trabalho como as funccedilotildees de assessoria e assistecircncia intermediaacuteria A fim de

determinar e quantificar a cuacutepula diretiva do tribunal foi consultada a Resoluccedilatildeo nordm 6 de 30

de junho de 2009 (BRASIL 2009) Este ato administrativo determina em seu Anexo II a atual

composiccedilatildeo dos cargos e das funccedilotildees comissionadas

De posse dos referidos dados foram solicitados a SEPROSTJ por meio de

correspondecircncia eletrocircnica dados a respeito dos quantitativos atualizados de servidores do

Tribunal sua distribuiccedilatildeo por gecircnero e finalmente o quantitativo de servidores ocupantes de

cargos gerenciais por gecircnero O atendimento da demanda ocorreu em 4 de outubro de 2010 e

26 de outubro de 2010

A partir das informaccedilotildees colhidas na investigaccedilatildeo bibliograacutefica e documental foi

possiacutevel confirmar e dimensionar o problema de pesquisa ou seja identificar e mensurar a

participaccedilatildeo feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ A fim de estabelecer a

percepccedilatildeo dos servidores do STJ a respeito da representaccedilatildeo feminina nos cargos superiores

49

de lideranccedilas do tribunal as explicaccedilotildees que justificariam tal participaccedilatildeo as competecircncias

necessaacuterias para exerciacutecio dos referidos cargos e a existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas

competecircncias identificadas foi realizada pesquisa de campo por intermeacutedio de questionaacuterios

fechados para auto- preenchimento e retorno voluntaacuterio

O questionaacuterio aplicado foi estruturado a partir de dados colhidos no

levantamento bibliograacutefico e da percepccedilatildeo da proacutepria autora da pesquisa a respeito de

caracteriacutesticas da organizaccedilatildeo objeto do estudo Tal formulaacuterio constava de 9 perguntas das

quais 4 questotildees tratavam das percepccedilotildees a serem identificadas e 5 questotildees delimitavam o

perfil do respondente quanto ao sexo agrave faixa etaacuteria ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo

ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo Foi utilizado o software question pro na conduccedilatildeo do survey

on line e enviado para todos os servidores do Tribunal por meio de correspondecircncia

eletrocircnica a apresentaccedilatildeo da pesquisa as instruccedilotildees para seu preenchimento e o link do siacutetio

eletrocircnico onde se encontravam as questotildees a serem respondidas Embora Miller e Miller

(1991 apud ENAP 2006 p10) ressaltem alguns limites dessa alternativa particularmente no

que diz respeito a taxa de retorno haacute o reconhecimento de que essa eacute uma estrateacutegia

frequentemente utilizada por empresas e governos municipais especialmente quando o

puacuteblico-alvo da pesquisa eacute composto por parcelas da elite ou populaccedilatildeo especializada Desta

forma apesar da limitaccedilatildeo inerente a este tipo de sondagem este eacute um procedimento eficaz

para dimensionar e confirmar as tendecircncias verificadas nas fases anteriores da pesquisa

Deve-se ainda ressaltar que foi estabelecido como universo de pesquisa para

aplicaccedilatildeo dos surveys todos servidores ativos do STJ nestes incluiacutedos os servidores

requisitados com ou sem viacutenculo efetivo e os servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal

perfazendo um total de 2900 pessoas segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ em 4 de

outubro de 2010 Foram excluiacutedos do estudo os agentes poliacuteticos ou membros da magistratura

50

(Ministros do STJ e Desembargadores convocados) pois as especificidades para nomeaccedilatildeo e

ocupaccedilatildeo destes cargos satildeo diferenciadas e fogem ao escopo do presente trabalho

A opccedilatildeo por natildeo limitar o universo de pesquisa a uma aacuterea ou oacutergatildeo especiacuteficos

do tribunal justifica-se na medida que a distribuiccedilatildeo dos servidores por gecircnero natildeo eacute uniforme

nos diversos setores da Corte A formaccedilatildeo de nichos ocupacionais como vislumbrado por

FCC (2007) e salientado por Castro e Lavinas (1992 apud MOURAtildeO 2006 p18) eacute

verificado na pouca diversificaccedilatildeo intra-setorial de determinadas aacutereas da instituiccedilatildeo Assim

por exemplo constata-se a preponderacircncia feminina nas Secretaacuterias de Gestatildeo de Pessoas e

Coordenadoria de Taquigrafia Em contrapartida a Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e

Comunicaccedilatildeo e a Secretaria de Seguranccedila concentram um maior contingente de servidores

homens Desta forma limitar o universo a alguma aacuterea ou aacutereas do tribunal poderia distorcer

os resultados da pesquisa

Ademais a amostra fixada (3 dos servidores do STJ) trata-se de uma populaccedilatildeo

miacutenima considerada representativa do universo de pesquisa (2900 servidores) Assim

embora estabelecida a populaccedilatildeo amostral natildeo foi limitado o nuacutemero de questionaacuterios a

serem respondidos dentro do lapso temporal de 15 dias contados a partir 14 de outubro de

2010 data em que o questionaacuterio foi enviado aos servidores do tribunal atraveacutes do e-mail

coorporativo

Decorrido o lapso temporal estabelecido para o preenchimento da sondagem de

campo o software question pro acusou a visualizaccedilatildeo da pesquisa por 666 servidores sendo

que 461 servidores iniciaram o questionaacuterio sem no entanto concluiacute-lo e 317 servidores

preencheram efetivamente o survey Tendo em vista que o universo de trabalho totalizava

2900 servidores a participaccedilatildeo na pesquisa representou aproximadamente 11 dos

servidores da Corte Assim apesar de uma das limitaccedilotildees do envio de questionaacuterios para

51

auto-preenchimento por meio eletrocircnico ser a baixa taxa de retorno houve um alto grau de

sensibilizaccedilatildeo e permeabilidade da pesquisa entre os servidores do tribunal

A tabulaccedilatildeo e o tratamento estatiacutestico dos dados obtidos foram realizados pelo

software de pesquisa question pro

52

3 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capiacutetulo satildeo apresentados e discutidos os principais resultados descritivos

de cada variaacutevel do presente estudo

31 Caracteriacutesticas demograacuteficas e funcionais da amostra

O perfil dos participantes da pesquisa foi delineado com base nas variaacuteveis

relativas agrave idade ao gecircnero ao niacutevel de escolaridade agrave funccedilatildeo ocupada e agrave unidade de lotaccedilatildeo

no tribunal

Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria aproximadamente 74 dos participantes tinham idade

que variava entre 30 e 49 anos A distribuiccedilatildeo nas faixas etaacuterias superiores e inferiores a faixa

preponderante foi praticamente equitativa 1357 dos participantes tinham entre 18 a 29

anos e 1262 tinham idade superior a 50 anos

No que se refere ao gecircnero houve predominacircncia do sexo feminino (524)

Constatou-se um grande percentual de participantes (5873) com niacutevel de

formaccedilatildeo em grau de poacutes-graduaccedilatildeoMBA Jaacute a escolaridade de niacutevel superior completo foi

apontada por 2952 dos respondentes 667 da amostra indicou a formaccedilatildeo de niacutevel meacutedio

completo As poacutes-graduaccedilotildees stricto sensu mestrado e doutorado representaram

aproximadamente 5 da amostra Natildeo houve participantes com niacutevel de formaccedilatildeo

fundamental ou em grau de poacutes-doutorado

53

Quanto agrave distribuiccedilatildeo por niacutevel funcional 5016 dos respondentes natildeo exerciam

funccedilatildeo de confianccedila ou cargo em comissatildeo Jaacute 3546 exerciam funccedilatildeo de confianccedila dos

niacuteveis FC-02 a FC-06 e 1437 ocupavam algum cargo em comissatildeo (niacuteveis CJ-01 a CJ-04)

Em relaccedilatildeo agrave unidade de lotaccedilatildeo os servidores mais sensibilizados para contribuir

com a pesquisa estavam lotados nos Gabinetes de Ministros (2026) e na Secretaria de

Oacutergatildeos Julgadores (1569)

Os graacuteficos 4 a 8 ilustram o perfil dos participantes da pesquisa

Graacutefico 4 - Distribuiccedilatildeo por sexo Graacutefico 5- Distribuiccedilatildeo por idade

54

Graacutefico 6- Distribuiccedilatildeo por formaccedilatildeo acadecircmica

Graacutefico 7- Distribuiccedilatildeo por niacutevel de funccedilatildeo

Graacutefico 8 - Distribuiccedilatildeo por aacutereas

55

32 Participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

A participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ foi mensurada

durante o levantamento documental da pesquisa

Segundo dados fornecidos pela SEPROSTJ as mulheres representam 4886 do

universo de pesquisa (servidores efetivos ativos servidores requisitados com ou sem viacutenculo

efetivo e servidores em exerciacutecio provisoacuterio no tribunal)

Graacutefico 9 ndash Distribuiccedilatildeo percentual de servidores ativos do STJ por gecircnero

A representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ eacute de 4643

no niacutevel CJ-3 (Assessor chefe Chefe de Gabinete Chefe de Representaccedilatildeo e Secretaacuterio)

4068 no niacutevel CJ-02 (Coordenador) e 4278 no niacutevel FC-06 (Chefe de Seccedilatildeo e

Taquigrafo Supervisor) Natildeo existem mulheres ocupando cargos de niacutevel CJ-04 No total

geral as mulheres representam aproximadamente 43 do grupo diretivo do tribunal

O graacutefico 10 apresenta o percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos

gerenciais do STJ

56

Graacutefico 10 ndash Percentual total de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

Os graacuteficos 11 e 12 ilustram a participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ

desagregada por coacutedigo de cargofunccedilatildeo e por denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 11 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo coacutedigo de cargofunccedilatildeo

Graacutefico 12 ndash Percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ segundo denominaccedilatildeo de cargofunccedilatildeo

Homens

Dirigentes

57

Mulheres Dirigentes

43

57

Com relaccedilatildeo a percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 5741 dos respondentes da sondagem de campo

avaliaram-na como adequadasuficiente Jaacute 2177 julgaram-na mais ou menos adequada

Apenas 694 dos participantes consideram a representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais

do tribunal como inadequada 1388 dos respondentes alegaram natildeo ter informaccedilotildees a

respeito

Graacutefico 13ndash Percepccedilatildeo dos servidores a respeito da participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ

33 Razotildees apontadas para justificar o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos

diretivos e estrateacutegicos do STJ

No que se refere agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina

nos cargos diretivos e estrateacutegicos do tribunal 2825 dos participantes da pesquisa

responderam que as mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao

desempenho de funccedilotildees gerenciais

A maternidade e os cuidados com a famiacutelia foram considerados como limitantes

das possibilidades de exerciacutecio de cargos de direccedilatildeo por 2063 dos respondentes Jaacute

58

flexibilidade de horaacuterio permitida pelo tribunal foi apontada como fator propiciador da maior

participaccedilatildeo feminina nestes cargos por 1270 dos servidores

O graacutefico 14 evidencia percentualmente as razotildees indicadas pelos servidores que

justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

Graacutefico 14 - Razotildees apontadas pelos servidores do STJ que justificariam a participaccedilatildeo feminina nos quadros diretivos do Tribunal

34 Competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais

A questatildeo das competecircncias foi tratada de forma mais direta na sondagem de

campo O questionaacuterio de pesquisa listava um rol de competecircncias necessaacuterias para o

exerciacutecio de cargos gerenciais formulada a partir de modelo proposto pela ENAP (2006

p28)

Solicitou-se ao respondente que avaliasse a importacircncia das competecircncias

listadas considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante

pouco importante e nada importante A cada graduaccedilatildeo foi atribuiacuteda um valor numa escala de

5 pontos no qual 1 eacute igual agrave graduaccedilatildeo muito importante e 5 eacute igual agrave graduaccedilatildeo nada

importante O graacutefico 15 evidencia os resultados obtidos

59

Graacutefico 15 - Avaliaccedilatildeo do grau de importacircncia das competecircncias necessaacuterias para o exerciacutecio de cargos gerenciais pelos servidores do STJ

35 Dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

A fim de identificar se os servidores do STJ percebiam alguma dimensatildeo de

gecircnero dentre as habilidades atitudes e conhecimentos listados na seccedilatildeo anterior foi

solicitado que indicassem as competecircncias faltantes agraves mulheres para um bom desempenho

profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do tribunal Esta questatildeo foi formatada no

software questionpro de modo a possibilitar a marcaccedilatildeo de mais de uma resposta No entanto

se o servidor optasse por marcar a opccedilatildeo ldquoas mulheres possuem todas as competecircncias para

um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJrdquo natildeo era

possiacutevel efetuar nenhuma outra marcaccedilatildeo

Deste modo aproximadamente 78 dos respondentes afirmaram que natildeo faltava

nenhuma competecircncia agraves mulheres para o exerciacutecio de cargos de chefia

60

Graacutefico 16 ndash Existecircncia de dimensatildeo de gecircnero nas competecircncias gerenciais

O graacutefico 17 aponta percentualmente os resultados das respostas dadas pelos

participantes que identificaram competecircncias ausentes no gecircnero feminino para o desempenho

de cargos gerenciais

Graacutefico 17 ndash Competecircncias gerenciais ausentes no gecircnero feminino

61

4 DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS

As mulheres representam aproximadamente 43 do quadro diretivo do STJ

Constata-se desta forma a existecircncia de sub ndashrepresentaccedilatildeo feminina na cuacutepula gerencial do

tribunal No entanto a desproporccedilatildeo encontrada eacute pequena quando confrontada com os

percentuais de participaccedilatildeo feminina em cargos gerenciais superiores do Poder Executivo

Federal ou mesmo da iniciativa privada Ademais deve-se considerar que no cocircmputo total

de servidores da Corte o percentual de mulheres (4886) eacute ligeiramente inferior ao

percentual de homens

Cabe ainda enfatizar que a isonomia entre o nuacutemero de homens e mulheres marca

os niacuteveis gerenciais de Secretaacuterios e Chefes de Gabinete Tais cargos comissionados cujo

coacutedigo eacute CJ-3 representam o segundo grau mais alto da hierarquia funcional do tribunal

abaixo apenas dos cargos coacutedigo CJ-4 ocupados pelo Diretor Geral e pelo Secretaacuterio Geral da

Presidecircncia

Eacute notaacutevel tambeacutem atentar para exclusividade feminina nos cargos gerenciais de

taquiacutegrafo supervisor A alta representatividade feminina em alguns cargos pode ser

considerada um indicativo de evidecircncia encontrada no levantamento bibliograacutefico da

pesquisa o perfil de segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Desta forma determinadas aacutereas

seriam mais propiacutecias agrave inserccedilatildeo feminina pois representam atividades tradicionalmente

moldadas pelo lugar feminino na esfera da reproduccedilatildeo conforme afirmado por Lavinas

Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18) e Bruschini e Puppin (2004 p111)

Percebe-se assim que aleacutem da exclusividade feminina nos cargos gerenciais de taquiacutegrafo

supervisor algumas Secretarias dirigidas por mulheres satildeo tradicionais nichos ocupacionais

femininos no mercado de trabalho tais quais gestatildeo de pessoas comunicaccedilatildeo social e

documentaccedilatildeo Jaacute algumas secretarias gerenciadas por homens satildeo locus comumente

62

masculinos tecnologia da informaccedilatildeo seguranccedila e administraccedilatildeo e financcedilas Por outro lado eacute

interessante perceber a maciccedila presenccedila masculina na direccedilatildeo do serviccedilo de sauacutede do tribunal

aacuterea em geral mais atrativa agraves mulheres

Ademais a percepccedilatildeo dos servidores acerca da participaccedilatildeo de mulheres nas aacutereas

diretivas do tribunal comprova a baixa sub-representatividade feminina nestes cargos

aproximadamente 60 dos participantes da pesquisa consideram-na adequada ou suficiente

Assim a impressatildeo dos participantes se coaduna com a realidade encontrada Deve-se

observar entretanto que em sondagem semelhante realizada pela ENAP (2006 p15)

constatou-se que a percepccedilatildeo dos servidores ocupantes de cargos DAS 45 e 6 do serviccedilo

puacuteblico federal estava distorcida A ENAP atribuiu esta distorccedilatildeo agrave significativa presenccedila

feminina nos escalotildees inferiores do serviccedilo puacuteblico federal o que induziria a uma falsa

impressatildeo de que eacute equitativa a distribuiccedilatildeo entre homens e mulheres nas estruturas de

trabalho

Com relaccedilatildeo agraves razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo feminina nos

cargos superiores de lideranccedila do STJ verificou-se que a maior parte da amostra (2825)

atribuiacutea a boa representatividade feminina nesses cargos agrave competecircncia das mulheres para

exercecirc-los Por outro lado um percentual proacuteximo de respostas (2063) chamou a atenccedilatildeo

para maiores responsabilidades femininas na esfera reprodutiva como limitante para o acesso

aos cargos diretivos Em terceiro lugar 1270 dos respondentes consideraram a flexibilidade

de horaacuterios do STJ como propiciador da maior inserccedilatildeo de mulheres nos cargos gerenciais

uma vez que possibilitaria a conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades familiares e as

responsabilidades funcionais

Atraveacutes dessas respostas eacute possiacutevel constatar que os servidores reconhecem a

legitimidade das lideranccedilas femininas do STJ ao apontar que elas possuem capacidades

habilidades e atributos para ocupar tais cargos Entretanto um nuacutemero expressivo da amostra

63

(aproximadamente 33) atentou para o papel feminino no trabalho reprodutivo Percebe-se

que a literatura acadecircmica confirma a tensatildeo existente entre o trabalho produtivo feminino e o

trabalho reprodutivo Conforme a FCC (2007) o trabalho feminino natildeo eacute determinado soacute pela

oferta e pela qualificaccedilatildeo profissional pois sofre outros efeitos condicionantes que impotildee

limites ou sinalizam possibilidades agraves mulheres no desempenho de atividades produtivas

Assim a maternidade e responsabilidades domeacutesticas realmente podem ser consideradas um

limitante do acesso de mulheres aos cargos gerenciais do STJ Por outro lado a flexibilidade

de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal permitiria agraves servidoras melhor compatibilizar o

trabalho reprodutivo com a funccedilatildeo gerencial de forma a disputar tais funccedilotildees em maior

condiccedilatildeo de igualdade com colegas do sexo masculino

Ainda pode-se inferir pelas percepccedilotildees dos servidores que a almejada

redistribuiccedilatildeo das responsabilidades pelos cuidados e pelos trabalhos domeacutesticos proposta

pela OIT (2010a p4) natildeo ocorreu Persistem ainda as concepccedilotildees culturais que consideram

a reproduccedilatildeo social como uma responsabilidade maior das mulheres Conforme Todaro

Godoy e Abramo (2002 p 200) essas percepccedilotildees tambeacutem revelam preconceitos que

projetam a imagem de uma mulher fundamentalmente ligada agrave vida familiar e agrave vida

domeacutestica o que limitaria a sua adequada inserccedilatildeo e desempenho profissional Satildeo

preconceitos moldados por resquiacutecios da sociedade patriarcal resposta apontada por 730

dos servidores e que podem assim justificar o maior acesso masculino aos quadros diretivos

das organizaccedilotildees resposta apontada por 1016 dos participantes

Deste modo a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo Tribunal pode estar

desempenhando um papel mais relevante na participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do que

o demonstrado pela sondagem Deve-se ressaltar ainda que neste caso conforme apontaram

Mouratildeo (2006 p33) e Bruschini e Puppin (2004 p112) a atitude menos discriminatoacuteria da

Administraccedilatildeo Puacuteblica neste estudo representada pelo STJ em relaccedilatildeo ao trabalhador

64

favoreceu a inserccedilatildeo feminina nos quadros de pessoal Jaacute a flexibilidade do trabalho feminino

em termos de horaacuterios tempo de entrada e saiacuteda conforme observado por Castells (1999

p208) ENAP (2006 p 42) e Lavinas Amaral e Barros (2000 apud MOURAtildeO 2006 p18)

aumentou as oportunidades femininas na disputa por cargos gerenciais

Ademais propostas poliacuteticas protecionistas do tipo discriminaccedilatildeo positiva foram

rejeitadas por boa parte dos respondentes da pesquisa haja vista que apenas 762 dos

participantes apontaram a opccedilatildeo ldquofaltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento

destes cargosrdquo Tal tendecircncia tambeacutem foi verificada por Bruschini e Puppin (2004 p136) que

observaram que haacute quase unanimidade de opiniotildees contraacuterias agrave poliacutetica de quotas para

mulheres em cargos gerenciais sendo ampla a cultura da meritocracia ou seja a percepccedilatildeo de

que a escolha para exercer esses cargos deveria ser baseada exclusivamente em criteacuterios de

competecircncia e dedicaccedilatildeo ao trabalho

Quanto agraves competecircncias necessaacuterias ao exerciacutecio dos cargos gerenciais observa-

se que ao dar pontuaccedilatildeo quase que equivalente a todas as competecircncias apresentadas os

respondentes da pesquisa demonstram uma visatildeo integrada das capacidades habilidades e

atributos exigidos pelos cargos gerenciais

Apesar de todas competecircncias listadas terem sido consideradas muito importantes

ou importantes para o exerciacutecio de cargos gerenciais observa-se que os atributos ldquointegridade

e honestidaderdquo e as habilidades e capacidades ldquogestatildeo de equiperdquo e ldquolideranccedilardquo foram

consideradas as mais importantes dentre as listadas Ainda deve-se ressaltar o momento

poliacutetico pelo qual o Brasil estava passando na eacutepoca da coleta dos dados interstiacutecio entre 1ordm e

2ordm turno das eleiccedilotildees Tal evento pode ter influenciado a grande relevacircncia dada aos atributos

ldquointegridade e honestidaderdquo em relaccedilatildeo as demais competecircncias listadas segundo observa a

ENAP (2006 p53) Aleacutem disso a indicaccedilatildeo da competecircncia lideranccedila como muito

65

importante pode ser indicativa da permanecircncia histoacuterica da associaccedilatildeo que se faz entre as

accedilotildees de liderar e dirigir ou comandar conforme tambeacutem destaca a ENAP (2006 p30)

Finalmente ao avaliar se faltariam competecircncias as mulheres para o exerciacutecio de

funccedilotildees gerenciais os participantes da pesquisa foram quase unacircnimes ao reconhecer que as

mulheres possuiacuteam todas as capacidades habilidades e atributos para o exerciacutecio destes

cargos Indiacutecios deste reconhecimento jaacute tinham sido apontados em questatildeo anterior quando

os servidores atribuiacuteram a alta representatividade de mulheres nos cargos diretivos do STJ agrave

competecircncia feminina para exerciacutecio destes cargos

Ademais apesar de ter sido baixo o percentual de participantes que apontou

competecircncias faltantes agraves mulheres chama a atenccedilatildeo o fato de o nuacutemero de indicaccedilotildees ter se

concentrado quase que exclusivamente nas citaccedilotildees ldquoresistecircncia ao stress e agraves pressotildeesrdquo

ldquocapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si mesmardquo

Ao afirmar que as mulheres resistem menos ao stress e agraves pressotildees os

participantes da pesquisa podem estar sinalizando para situaccedilatildeo de sobrecarga que algumas

servidoras dirigentes enfrentam ao tentar conciliar as demandas do trabalho produtivo e do

trabalho reprodutivo Tal situaccedilatildeo tambeacutem foi observada por Mouratildeo (2006 p5052) ao

verificar que mulheres ocupantes de altos postos gerenciais na Administraccedilatildeo Puacuteblica Federal

relatavam grandes sacrifiacutecios pessoais Ainda segundo Mouratildeo (2006p61)

As mulheres gerentes demonstram a preocupaccedilatildeo em conciliar o trabalho com a famiacutelia e as responsabilidades com o lar As exigecircncias do cargo fazem com que passem muitas horas no ambiente de trabalho o que implica sofrimento por natildeo poderem dar tambeacutem a devida atenccedilatildeo agrave vida privada Neste caso precisam contar com a compreensatildeo dos familiares para evitar a culpa O apoio familiar eacute identificado como facilitador para exercer com ecircxito a funccedilatildeo gerencial Sendo assim inferimos que as mulheres estariam a ldquomeio caminhordquo do espaccedilo privadofeminino e do puacuteblicomasculino

66

Sobre os conflitos das gerentes femininas Greer (2001 apud MOURAtildeO 2006

p51) ainda enfatiza que as contradiccedilotildees enfrentadas por essas mulheres jamais foram tatildeo

contundentes como agora

Neste sentido eacute interessante que a SGPSTJ promova accedilotildees cursos e oficinas de

combate ao stress voltadas para servidoras gerentes de forma a atenuar tais tensotildees que geram

altos custos natildeo soacute para mulheres mas tambeacutem para pessoas que necessitam de seus cuidados

(crianccedilas adolescentes idososas pessoas com deficiecircncia doentes entre outras) e para

proacutepria organizaccedilatildeo

Jaacute a falta das competecircncias ldquoCapacidade de assumir riscosrdquo e ldquoconfianccedila em si

mesmardquo pode ser creditada agrave visatildeo das mulheres como sendo mais inseguras ou extremamente

cuidadosas e por isto pouco afeitas a situaccedilotildees de riscos e imprevisiacuteveis Mouratildeo (2006

p20) atribui algumas visotildees a respeito do trabalho feminino a representaccedilatildeo social herdada da

segregaccedilatildeo das mulheres do acircmbito puacuteblico No entanto natildeo foi possiacutevel precisar na pesquisa

bibliograacutefica ou na sondagem de campo se a ausecircncia das competecircncias mencionadas

referem-se realmente a representaccedilotildees sociais discriminatoacuterias ou se espelham um traccedilo da

realidade Desta forma verifica que tais menccedilotildees necessitam ser confirmadas com pesquisas

adicionais que possibilitem aprofundamento neste campo de estudo

67

CONCLUSAtildeO

O presente estudo estabeleceu como principal objetivo investigar a participaccedilatildeo

feminina nas aacutereas diretivas e estrateacutegicas do STJ Essa investigaccedilatildeo ainda buscou examinar

as razotildees que justificariam o percentual de participaccedilatildeo encontrado reconhecer as

competecircncias necessaacuterias para desempenho de cargos de lideranccedila e a existecircncia de dimensatildeo

de gecircnero nas competecircncias identificadas Partiu-se do pressuposto que existiria sub-

representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal motivada em grande parte pelo

maior nuacutemero de compromissos familiares e pelos evidentes resquiacutecios de patriarcalismo

presentes na sociedade sem no entanto encontrar respaldo na falta de competecircncia feminina

para o exerciacutecio das referidas funccedilotildees

Os resultados alcanccedilados confirmaram parcialmente as hipoacuteteses aventadas e

reforccedilam a importacircncia de reflexatildeo mais aprofundada sobre o tema pesquisado A despeito da

identificaccedilatildeo de sub-representaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos do STJ a desproporccedilatildeo

encontrada natildeo eacute tatildeo significativa quanto a verificada no setor privado ou mesmo no acircmbito

do poder executivo federal Aleacutem disso a percepccedilatildeo dos participantes da pesquisa a respeito

da representaccedilatildeo feminina nos cargos gerenciais do tribunal se coaduna com a realidade

encontrada Segundo a maior parte desses respondentes as razotildees para o maior acesso

feminino aos cargos diretivos do tribunal estatildeo vinculadas as competecircncias das mulheres para

desempenhar funccedilotildees gerenciais e a flexibilidade de horaacuterios possibilitada pelo tribunal que

permite a conciliaccedilatildeo das responsabilidades domeacutesticas com a funccedilatildeo gerencial Entretanto

uma parte expressiva dos servidores participantes do estudo tambeacutem indicou que o papel das

mulheres como principal responsaacutevel pelo trabalho reprodutivo eacute um limitante da ascensatildeo

funcional feminina Por fim apesar de ressaltarem a legitimidade das lideranccedilas femininas do

tribunal ao afirmarem que as mulheres possuem todas as competecircncias necessaacuterias e

68

apropriadas ao desempenho das funccedilotildees gerenciais uma pequena parcela dos participantes da

pesquisa identificou a resistecircncia ao stress e agraves pressotildees como competecircncia gerencial ausente

agraves mulheres Tal citaccedilatildeo pode ser um indiacutecio de sobrecarga das servidoras gerentes do STJ na

acumulaccedilatildeo de muacuteltiplas jornadas de trabalho

O estudo aqui apresentado tambeacutem pretendeu suscitar o debate sobre a

importacircncia da promoccedilatildeo da equidade de gecircnero no acircmbito das organizaccedilotildees Valorizar e

praticar a diversidade combatendo qualquer tipo de discriminaccedilatildeo preconceito ou iniquidade

satildeo princiacutepios da responsabilidade social institucional A valorizaccedilatildeo da diversidade contribui

para obtenccedilatildeo de um clima organizacional positivo com reflexos diretos no aumento do

desempenho operacional estiacutemulo agrave cooperaccedilatildeo e agrave sinergia entre os profissionais acreacutescimo

na satisfaccedilatildeo no trabalho e reforccedilo para expressatildeo de talentos e potencialidades individuais

Alinhado a esta realidade o STJ tem entre seus objetivos institucionais dentro do tema

Gestatildeo de Pessoas melhorar o clima organizacional atraveacutes do comprometimento da

motivaccedilatildeo e da satisfaccedilatildeo dos seus servidores Aleacutem disso em seu coacutedigo de conduta o

tribunal refuta veementemente quaisquer atitudes preconceituosas ou discriminatoacuterias Neste

sentido o STJ pode utilizar os conceitos e resultados aqui apresentados a fim de promover

accedilotildees afirmativas cursos e oficinas voltadas para mulheres e suas questotildees especiacuteficas tais

quais stress gerado pela acumulaccedilatildeo e sobrecarga de jornadas de trabalho e importacircncia da

negociaccedilatildeo e do apoio familiar na divisatildeo das responsabilidades domeacutesticas

Este trabalho apesar de suas contribuiccedilotildees natildeo pretende esgotar as questotildees

relacionadas ao tema Pelo contraacuterio constitui-se em etapa inicial e assim deve ser

compreendido Houve um esforccedilo em explorar os aspectos teoacutericos a fim de fornecer

subsiacutedios para pesquisas futuras A guisa de sugestatildeo estaacute a realizaccedilatildeo de estudos posteriores

baseados em entrevistas em profundidade com gestores do tribunal e demais servidores a fim

de compreender mais aspectos do tema em anaacutelise

69

REFEREcircNCIAS

BEM SL The measurement of psychological androgyny Journal of Consulting and Clinical Psychology Washington vol42 n 2 p155-162 1974 BITENCOURT Claudia C Gestatildeo de competecircncias gerenciais a contribuiccedilatildeo da aprendizagem organizacional 320 f Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2001 BOOG Gustavo Manual de treinamento e desenvolvimento Satildeo Paulo Best Seller1991 BOYATIZIS R The Competent Manager a Model of Effective Performance New York John Wiley amp Sons Ltda 1982 BRASIL Superior Tribunal de Justiccedila Ato regulamentar nordm 1 de 10 de abril de 2007Institui o Regulamento da Secretaria [do] Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia12 abr2007 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201111664gt Acesso em 2 out 2010 1600 ______ Superior Tribunal de Justiccedila Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009 Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila Boletim de Serviccedilo [do] Superior Tribunal de Justiccedila Brasiacutelia 1 jul 2009 Disponiacutevel em lthttpbdjurstjgovbrdspacehandle201122580gt Acesso em 2 out 2010 1600 BRUSCHINI Cristina PUPPIN Andrea Brandatildeo Trabalho de mulheres executivas no Brasil no final do seacuteculo XX Caderno de Pesquisa Satildeo Paulo v 34 n 121 Abr 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S010015742004000100006amplng=enampnrm=isogt Acesso em 28 set 2010 1500 CASTELLS Manuel O poder da identidade 3 ed Satildeo Paulo Paz e Terra1999 CONNEL Robert W Gender and Power Society the Person and Sexual Politics Stanford California Stanford University Press 1987 LAVINAS L Empregabilidade no Brasil inflexotildees de gecircnero e diferenciais femininos Texto para Discussatildeo Rio de Janeiro IPEA nordm 826 2001 Disponiacutevel em lthttpwwwipeagovbrpubtdtd_2001Td0826pdfgt Acesso em 20 out 2010 0945 LINHARES L LAVINAS L Mulheres e Trabalho lei e mercado Revista Proposta Rio de Janeiro n72 p52-61 marmaio 1997 LEVITT Steven D DUBNER Stephen J Superfreakonomics o lado oculto do dia a dia Rio de Janeiro Elsevier 2010 ENAP Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica Gecircnero raccedila e competecircncias de direccedilatildeo no Serviccedilo Puacuteblico Federal Cadernos ENAP Brasiacutelian31 p 7-69 2006 Disponiacutevel em

70

lthttpwwwenapgovbrindexphpoption=contentamptask=viewampid=258gt Acesso em 26 set2010 1615 FCC Fundaccedilatildeo Carlos Chagas Bancos de dados sobre o trabalho da mulher Satildeo Paulo 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwfccorgbrmulherindexhtmlgt Acesso em 26 set20101615 FLEURYMFLEURY A Estrateacutegias e Inovaccedilatildeo Organizacional as experiecircncias de Japatildeo Coreias e Brasil Satildeo Paulo Atlas 1995 GROSSI M P Identidade de Gecircnero e Sexualidade Antropologia em Primeira Matildeo Florianoacutepolis n24 p 1-181998 HIRATA Helena Da polarizaccedilatildeo das qualificaccedilotildees ao modelo da competecircncia In FERRETI Celso Joatildeo et al (Org) Novas Tecnologias trabalho e educaccedilatildeo um debate multidisciplinar Petroacutepolis Vozes 1994 HOOD C Lodge M Competency bureaucracy and public management reform a comparative analysis Governance an international journal of policy administration and institutions vol17 n 3 p313-333 jul 2004 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Siacutentese de Indicadores Sociais Uma Anaacutelise das Condiccedilotildees de Vida da Populaccedilatildeo Brasileira 2009 Rio de Janeiro IBGE 2009 Disponiacutevel em lthttpibgegovbrhomeestatisticapopulacaocondicaodevidaindicadoresminimossinteseindicsociais2009indic_sociais2009pdfgt Acesso em 26 set2010 1615 ______ Pesquisa Nacional Por Amostra De Domiciacutelios 2009 - V30 ndash Brasil Rio de Janeiro IBGE 2009 INAP Instituto Nacional de Administracioacuten Puacuteblica Explotacion de las encuestas realizadas al colectivo de las mujeres y de los hombres Madrid 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwcgtesfetapdocumentos2_2explotacion_de_las_encuestaspdfgt Acesso em 1 nov2010 0945 INSTITUTO ETHOS Perfil social racial e de gecircnero das 500 maiores empresas do Brasil e suas accedilotildees afirmativas ndash pesquisa 2007 Satildeo Paulo Instituto EthosIBOPE 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwuniethosorgbr_UniethosDocumentsPesquisaDiversidade2007pdfgt Acesso em 1 nov2010 0945 KALIL PIRES Alexandre et al Gestatildeo por competecircncias em organizaccedilotildees do governo mesa-redonda de pesquisa-accedilatildeo Brasiacutelia Escola Nacional de Administraccedilatildeo Puacuteblica ndash ENAP 2005 Disponiacutevel em ltwwwenapgovbrgt Acesso em 29 out2010 1530 LAKATOS Eva Maria MARCONI Marina de Andrade Metodologia do Trabalho Cientiacutefico Satildeo Paulo Atlas 1995 MAGALHAtildeES S ROCHA M Desenvolvimento de competecircncias o futuro agora Revista de Treinamento e Desenvolvimento Satildeo Paulo p12-14 jan1997

71

MARUANI Margaret HIRATA Helena As novas fronteiras da desigualdade homens e mulheres no mercado de trabalho Satildeo Paulo SENAC 2003 MOURAtildeO Tacircnia M Fontenele Mulheres no Topo de Carreira Flexibilidade e Persistecircncia Brasiacutelia Secretaria Especial de Poliacuteticas para as Mulheres 2006 MPOGSRH Secretaria de Recursos Humanos do Ministeacuterio do Planejamento Orccedilamento e Gestatildeo Boletim Estatiacutestico de Pessoal Brasiacutelia julho de 2007 Disponiacutevel em lthttpwwwservidorgovbrpublicacaoboletim_estatisticobol_estatistico_10Bol171_jul2010pdfgt Acesso em 20 ou2010 2100 OIT Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho Igualdade de gecircnero e raccedila no trabalho avanccedilos e desafios 1 ed Brasiacutelia OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrinfodownloadfilephpfileId=442gt Acesso em 12 out2010 0945

______ A abordagem da OIT sobre a promoccedilatildeo da igualdade de oportunidades e tratamento no mundo do trabalho OIT 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwoitbrasilorgbrtopicgenderdoc08_marco_2010_texto_139pdfgt Acesso em 12 out2010 0945

Pereira Ferdinand C O que eacute empoderamento Teresina FAPEPI 2006 Disponiacutevel em lthttpwwwfapepipigovbrnovafapepisapiencia8artigos1phpgt Acesso em 26 out2010 1758 RODRIGUES Graciela A autonomia econocircmica das mulheres e a reproduccedilatildeo social o papel das poliacuteticas puacuteblicas Revista do Observatoacuterio Brasil da Igualdade de Gecircnero Brasiacutelia p31-40 jul 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwobservatoriodegenerogovbrmenupublicacoesrevista-do-observatorio-2a-edicaoviewgt Acesso em 15 out20101500 TODARO Rosalba GODOY amp ABRAMO Laiacutes Desempentildeo laboral de hombres y mujeres opinan los empresarios Cadernos Pagu [online] Campinas n17-18 p 197-236 2002 Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfcpan17-18n17a08pdfgt Acesso em 23 out2010 1440 VERGARA Sylvia C Projetos e relatoacuterios de pesquisa em administraccedilatildeoSatildeo Paulo Atlas 2000 ______ Gestatildeo de pessoas Satildeo Paulo Atlas 2007 WOOD R PAYNE T Compentency based Recruitment and Selection ndash a Practice Guide London John Wiley amp Sons Ltda 1998

72

APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio da pesquisa

Prezado Servidor

Vocecirc estaacute convidado a participar de pesquisa acerca da participaccedilatildeo feminina nas

aacutereas diretivas e estrateacutegicas do Superior Tribunal de JusticcedilaSTJ

Neste levantamento os servidores do STJ seratildeo convidados a responder um

questionaacuterio composto de 9 perguntas Levaraacute cerca de 5 minutos para preencher

Sua participaccedilatildeo neste estudo eacute completamente voluntaacuteria Natildeo haacute riscos

previsiacuteveis associados a este projeto No entanto caso se sinta desconfortaacutevel em responder

qualquer pergunta vocecirc poderaacute se retirar do estudo a qualquer momento

Eacute muito importante para noacutes saber sua opiniatildeo Suas respostas seratildeo estritamente

confidenciais e os dados da investigaccedilatildeo seratildeo comunicados apenas no agregado Suas

informaccedilotildees seratildeo codificadas e permaneceratildeo confidenciais

Se vocecirc tiver duacutevidas sobre o inqueacuterito ou o processo de pesquisa vocecirc pode

entrar em contato com Danielle Cristina de Oliveira Borges atraveacutes do e-mail

dborgesstjjusbr

Muito obrigada pelo seu tempo e apoio Por favor comece com o questionaacuterio

agora clicando no botatildeo CONTINUE abaixo

1 Como vocecirc avalia a participaccedilatildeo de mulheres nos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ 1 AdequadaSuficiente 2 Natildeo tenho informaccedilatildeo 3 Mais ou menos adequada 4 InadequadaInsuficiente 2 De acordo com dados do Boletim Estatiacutestico de Pessoal da Secretaria de Recursos Humanos FederalMPOG no poder executivo federal o percentual de mulheres ocupantes de cargos superiores de direccedilatildeo eacute inferior ao percentual de homens (22 de mulheres 78 de homens) Com relaccedilatildeo ao STJ qual das razotildees abaixo elencadas explicaria o percentual de participaccedilatildeo feminina nos cargos diretivos e estrateacutegicos do Tribunal

73

1 As mulheres natildeo possuem competecircncias necessaacuterias para exercer tais cargos 2 Os homens tecircm mais acesso aos quadros diretivos e estrateacutegicos do STJ 3 Discriminaccedilatildeo em razatildeo de resquiacutecios da estrutura patriarcal 4 Haacute menor interesse das servidoras do STJ em disputar tais cargos 5 A maternidade e os cuidados com a famiacutelia limitam as possibilidades para exerciacutecio

destes cargos 6 Faltam metas de paridades entre os sexos no preenchimento destes cargos 7 As mulheres possuem competecircncias apropriadas e necessaacuterias ao exerciacutecio destes cargos 8 Haacute maior interesse das servidoras do STJ em assumir cargos diretivos e estrateacutegicos 9 A flexibilidade de horaacuterio do STJ permite conciliaccedilatildeo entre as responsabilidades

familiares e as responsabilidades funcionais 10 Outro 3 Para desempenho dos cargos diretivos e estrateacutegicos do STJ satildeo necessaacuterios determinados conhecimentos habilidades e atitudes A seguir estatildeo listadas algumas destas competecircncias a fim de que vocecirc avalie a importacircncia de possui-las no desempenho dos referidos cargos Marque apenas UMA coluna de cada item considerando a graduaccedilatildeo muito importante importante mais ou menos importante pouco importante e nada importante

Muito

importante Importante Mais ou

menos importante

Pouco importante

Nada importante

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos

Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as

diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves

pressotildees

Integridade e honestidade Confianccedila em si mesmo

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade

74

4 Indique quais competecircncias faltam agraves mulheres para um bom desempenho profissional nos cargos de diretivos e estrateacutegicos do STJ

As mulheres possuem todas as

competecircncias para um bom desempenho profissional nos cargos de

diretivos e estrateacutegicos do STJ

Lideranccedila Negociaccedilatildeo

Capacidade de assumir riscos Gestatildeo estrateacutegica Gestatildeo de equipe

Habilidade de comunicaccedilatildeo Capacidade de lidar com as diferenccedilas

Criatividade Compreensatildeo organizacional

Busca de parcerias Resistecircncia ao stress e agraves pressotildees

Integridade honestidade Confianccedila em si mesmo(a)

Capacidade de adaptaccedilatildeo agraves mudanccedilas do ambiente

Conhecimento da dinacircmica e prioridades do oacutergatildeo

Legitimidade 5 Informe sua idade assinalando em qual faixa etaacuteria vocecirc se encontra 1 18 a 23 anos 2 24 a 29 anos 3 30 a 39 anos 4 40 a 49 anos 5 50 a 59 anos 6 60 a 70 anos 6 Gecircnero 1 Feminino 2 Masculino

75

7 Qual eacute a sua formaccedilatildeo acadecircmica 1 1ordm grau completo 2 2ordm grau completo 3 Superior Completo 4 Poacutes-graduaccedilatildeoMBA 5 Mestrado 6 Doutorado 7 Poacutes-Doutorado 8 Em qual unidade do tribunal vocecirc estaacute lotado 1 Escola Nacional de Formaccedilatildeo e Aperfeiccediloamento de Magistrados - ENFAM 2 Gabinete da Vice-Presidecircncia 3 Gabinete de Ministros 4 Gabinete do Ministro Diretor da Revista 5 Comissotildees Permanentes de Ministros 6 Gabinete do Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 7 Assessoria de Atendimento aos Ministros 8 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 9 Assessoria de Assuntos Parlamentares 10 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 11 Gabinete do Diretor - Geral 12 Secretaria Judiciaacuteria 13 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 14 Secretaria de Jurisprudecircncia 15 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 16 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 17 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 18 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo 19 Secretaria de Seguranccedila 20 Secretaria de Controle Interno 21 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social 22 Secretaria de Documentaccedilatildeo 9 Funccedilatildeo Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo 1 CJ-04 2 CJ-03 3 CJ-02 4 CJ-01 5 FC-06 6 FC-05 7 FC-04 8 FC-02 9 Natildeo exerccedilo Funccedilatildeo de Confianccedila ou Cargo em Comissatildeo

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA PRESIDEcircNCIA

RESOLUCcedilAtildeO Nordm 6 DE 21 DE JUNHO DE 2002

Dispotildee sobre a estrutura organizacional do Superior Tribunal de Justiccedila

O PRESIDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA no uso da atribuiccedilatildeo que lhe eacute conferida pelo Art 21 inciso XX do Regimento Interno e ad referendum do Conselho de Administraccedilatildeo RESOLVE Art 1ordm Alterar a denominaccedilatildeo da Seccedilatildeo de Alimentaccedilatildeo de Base de Dados para Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados e da Seccedilatildeo de Catalogaccedilatildeo para Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo de Acoacuterdatildeos e Anaacutelise Comparativa na Secretaria de Jurisprudecircncia Art 2ordm Transferir o Nuacutecleo de Programaccedilatildeo Visual do Gabinete da Secretaria de Recursos Humanos para o Gabinete do Diretor-Geral Art 3ordm As estruturas orgacircnicas das Secretarias de Informaacutetica de Recursos Humanos e de Documentaccedilatildeo passam a ser as constante do anexo Art 4ordm As Secretarias de que trata a presente Resoluccedilatildeo deveratildeo adequar os respectivos Regulamentos de Serviccedilo e submetecirc-los agrave apreciaccedilatildeo do Diretor-Geral para posterior aprovaccedilatildeo pelo Presidente Art 5ordm Esta Resoluccedilatildeo entra em vigor na data de sua publicaccedilatildeo ficando revogadas as disposiccedilotildees em contraacuterio

Ministro Nilson Naves

ANEXO A RESOLUCcedilAtildeO N ordm 062002

I - Secretaria de Informaacutetica 1 Gabinete 2 Subsecretaria de Atendimento

21 Divisatildeo de Atendimento 211 Seccedilatildeo de Atendimento aos Gabinetes de Ministros 212 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Judiciaacuteria 213 Seccedilatildeo de Atendimento agrave Atividade Administrativa

22 Divisatildeo de Suporte ao Atendimento 221 Seccedilatildeo de Controle e Manutenccedilatildeo de Equipamentos 222 Seccedilatildeo de Controle de Qualidade do Atendimento

3 Subsecretaria de Tecnologia 31 Divisatildeo de Rede

311 Seccedilatildeo de Gerenciamento de Rede 312 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 313 Seccedilatildeo de Suporte a Serviccedilos Coorporativos

32 Divisatildeo de Suporte Tecnoloacutegico 321 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 322 Seccedilatildeo de Banco de Dados 323 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo de Sistemas

4 Subsecretaria de Desenvolvimento 41 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Soluccedilotildees WEB 42 Divisatildeo de Projetos da Atividade Judiciaacuteria

421 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Processantes 422 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Gabinetes

ANEXO A - Resoluccedilatildeo nordm 62002 76

423 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Julgamento 43 Divisatildeo de Projetos da Atividade Administrativa

431 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas de Recursos Humanos e de Sauacutede 432 Seccedilatildeo de Projetos de Sistemas Administrativos e

Financeiros II - Secretaria de Recursos Humanos

1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Atendimento a Magistrados 3 Subsecretaria de Pessoal

31 Divisatildeo de Legislaccedilatildeo de Pessoal 311 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 312 Seccedilatildeo de Direitos e Deveres dos Servidores em Atividade 313 Seccedilatildeo de Aposentadorias 314 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Registro de Pensotildees

32 Divisatildeo de Cadastro e Mobilidade Funcional 321 Seccedilatildeo de Provimento e Lotaccedilatildeo 322 Seccedilatildeo de Registros Funcionais de Servidores em Atividade 323 Seccedilatildeo de Mobilidade Funcional 324 Seccedilatildeo de Controle e Registro de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

33 Divisatildeo de Pagamento de Pessoal 331 Seccedilatildeo de Pagamento de Magistrados e Pensionistas 332 Seccedilatildeo de Pagamento de Aposentados 333 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores em Atividade 334 Seccedilatildeo de Pagamento de Servidores Requisitados Cedidos e Sem Viacutenculo

4 Subsecretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos 41 Divisatildeo de Desenvolvimento Gerencial e Alocaccedilatildeo de Pessoas

411 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Gerencial 412 Seccedilatildeo de Consultoria Interna 413 Seccedilatildeo de Captaccedilatildeo e Alocaccedilatildeo de Pessoas

42 Divisatildeo de Programas Organizacionais e Treinamento 421 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Judiciaacuterias 422 Seccedilatildeo de Atendimento agraves Unidades Administrativas 423 Seccedilatildeo de Pesquisas e Programas

III - Secretaria de Documentaccedilatildeo 1 Gabinete 2 Seccedilatildeo de Editoraccedilatildeo Cultural 3 Divisatildeo de Memoacuteria Cultural

31 Seccedilatildeo de Divulgaccedilatildeo Cultural 32 Museu do Tribunal

4 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva 41 Divisatildeo de Doutrina e Legislaccedilatildeo

411 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 412 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Legislaccedilatildeo 413 Seccedilatildeo de Perioacutedicos

42 Divisatildeo de Referecircncia 421 Seccedilatildeo de Circulaccedilatildeo 422 Seccedilatildeo de Atendimento ao Usuaacuterio 423 Seccedilatildeo de Pesquisa

5 Subsecretaria de Arquivo-Geral

77

51 Divisatildeo de Gerenciamento de Documentos 511 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 512 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 513 Seccedilatildeo de Processamento de Documentos 514 Seccedilatildeo de Preparo Teacutecnico 515 Seccedilatildeo de Reprografia

52 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

78

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO I (Art 1ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

ESTRUTURA ORGAcircNICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA

I - PLENAacuteRIO II - CORTE ESPECIAL III - SECcedilOtildeES 1ordf 2ordf e 3ordf IV - TURMAS 1ordf 2ordf 3ordf 4ordf 5ordf e 6ordf V - CONSELHO DE ADMINISTRACcedilAtildeO VI - GABINETE DA VICE-PRESIDEcircNCIA VII - GABINETES DOS MINISTROS VIII - GABINETE DO MINISTRO DIRETOR DA REVISTA IX - COMISSOtildeES PERMANENTES DE MINISTROS 91 Assessoria X ndash PRESIDEcircNCIA A - GABINETE DA PRESIDEcircNCIA 1 Gabinete do Secretaacuterio-Geral 2 Assessoria Especial 3 Assessoria de Atendimento aos Ministros 4 Assessoria de Cerimonial e Relaccedilotildees Puacuteblicas 5 Assessoria de Assuntos Parlamentares 6 Assessoria de Relaccedilotildees Internacionais 7 Nuacutecleo de Procedimentos Especiais da Presidecircncia 8 Secretaria de Comunicaccedilatildeo Social

81 Gabinete 82 Coordenadoria de Editoria e Imprensa 83 Coordenadoria de TV 84 Coordenadoria de Raacutedio 85 Coordenadoria de Programaccedilatildeo Visual

B - SECRETARIA DE CONTROLE INTERNO 1 Gabinete 2 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo Administrativa

21 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Licitaccedilatildeo 22 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Contratuais 23 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Dispensas Inexigibilidades e Despesas Diversas

3 Coordenadoria de Orientaccedilatildeo e Acompanhamento da Gestatildeo de Pessoal 31 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 32 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Provimento Vacacircncia e Concessotildees

4 Coordenadoria de Auditoria 41 Seccedilatildeo de Auditoria Operacional 42 Seccedilatildeo de Auditoria de Gestatildeo 43 Seccedilatildeo de Auditoria de Sistemas e Anaacutelise de Custos 44 Seccedilatildeo de Contabilidade Analiacutetica

C - SECRETARIA DO TRIBUNAL 1 Gabinete do Diretor-Geral 2 Assessoria Juriacutedica 3 Comissatildeo Permanente Disciplinar 4 Assessoria de Modernizaccedilatildeo e Gestatildeo Estrateacutegica

41 Coordenadoria de Planejamento Estrateacutegico e Modernizaccedilatildeo 42 Coordenadoria de Gestatildeo de Processos de Trabalho 43 Coordenadoria de Gestatildeo da Informaccedilatildeo

5 Representaccedilatildeo no Rio de Janeiro 6 Representaccedilatildeo em Satildeo Paulo

79

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

7 Secretaria Judiciaacuteria 71 Gabinete 72 Coordenadoria de Protocolo de Peticcedilotildees e Informaccedilotildees Processuais

721 Seccedilatildeo de Protocolo de Peticcedilotildees 722 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees Processuais 723 Seccedilatildeo de Expediccedilatildeo

73 Coordenadoria de Registro de Processos Recursais 731 Seccedilatildeo de Registro de Processos 732 Seccedilatildeo de Digitalizaccedilatildeo 733 Seccedilatildeo de Validaccedilatildeo 734 Seccedilatildeo de Indexaccedilatildeo 735 Seccedilatildeo de Baixa

74 Coordenadoria de Processos Originaacuterios 741 Seccedilatildeo de Atendimento de Processos Originaacuterios 742 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 743 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Originaacuterios 744 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Originaacuterios

75 Coordenadoria de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 751 Seccedilatildeo de Autuaccedilatildeo de Processos Recursais 752 Seccedilatildeo de Triagem de Processos Recursais 753 Seccedilatildeo de Apoio agrave Autuaccedilatildeo de Processos Recursais

76 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 761 Seccedilatildeo de Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 762 Seccedilatildeo de Apoio agrave Classificaccedilatildeo de Processos Recursais 763 Seccedilatildeo de Encaminhamento de Processos Recursais

77 Coordenadoria de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 771 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Mateacuteria Repetitiva 772 Seccedilatildeo de Controle de Mateacuteria Repetitiva

8 Secretaria dos Oacutergatildeos Julgadores 81 Gabinete 82 Seccedilatildeo de Apoio aos Advogados 83 Coordenadoria de Recursos Extraordinaacuterios

831 Seccedilatildeo de Atendimento 832 Seccedilatildeo de Processamento 833 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 834 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

84 Coordenadoria de Taquigrafia 841 Taquiacutegrafos e Taquiacutegrafos Supervisores 842 Seccedilatildeo de Suporte de Notas e Textos 843 Seccedilatildeo de Multimiacutedia

85 Coordenadoria de Execuccedilatildeo Judicial 851 Seccedilatildeo de Precatoacuterios e RPV 852 Seccedilatildeo de Contadoria 853 Seccedilatildeo de Processamento

86 Coordenadoria da Corte Especial 861 Seccedilatildeo de Atendimento 862 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 863 Seccedilatildeo de Feitos de Competecircncia do Presidente e Cartas Rogatoacuterias 864 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 865 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 866 Seccedilatildeo de Processamento de Sentenccedilas Estrangeiras

87 Coordenadorias de Seccedilotildees (1ordf a 3ordf) 871 Seccedilatildeo de Atendimento 872 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 873 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 874 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 875 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo

80

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

876 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa 88 Coordenadorias de Turmas (1ordf a 6ordf)

881 Seccedilatildeo de Atendimento 882 Seccedilatildeo de Processamento e Peticcedilotildees 883 Seccedilatildeo de Comunicaccedilatildeo 884 Seccedilatildeo de Apoio a Julgamentos 885 Seccedilatildeo de Publicaccedilatildeo 886 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Baixa

9 Secretaria de Jurisprudecircncia 91 Gabinete 92 Coordenadoria de Classificaccedilatildeo e Anaacutelise de Jurisprudecircncia

921 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Base de Dados 922 Seccedilatildeo de Sucessivos e Principais 923 Seccedilatildeo de Seleccedilatildeo e Classificaccedilatildeo 924 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Acoacuterdatildeos 925 Seccedilatildeo de Conferecircncia e Uniformidade

93 Coordenadoria de Pesquisa e Anaacutelise Comparativa 931 Seccedilatildeo de Pesquisa de Jurisprudecircncia 932 Seccedilatildeo de Anaacutelise Comparativa

10 Secretaria de Documentaccedilatildeo 101 Gabinete 102 Museu 103 Biblioteca Ministro Oscar Saraiva

1031 Seccedilatildeo de Processos Teacutecnicos 1032 Seccedilatildeo de Desenvolvimento de Coleccedilotildees 1033 Seccedilatildeo de Atendimento e Pesquisa 1034 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Acervos

104 Coordenadoria de Informaccedilatildeo Bibliograacutefica Digital 1041 Seccedilatildeo de Biblioteca Digital 1042 Seccedilatildeo de Perioacutedicos Eletrocircnicos

105 Coordenadoria de Gestatildeo Documental 1051 Seccedilatildeo de Documentos Judiciaacuterios 1052 Seccedilatildeo de Documentos Administrativos 1053 Seccedilatildeo de Atendimento Pesquisa e Difusatildeo Documental 1054 Laboratoacuterio de Conservaccedilatildeo e Restauraccedilatildeo de Documentos

11 Secretaria de Administraccedilatildeo e Financcedilas 111 Gabinete 112 Comissatildeo Permanente de Licitaccedilatildeo 113 Seccedilatildeo de Apoio Logiacutestico 114 Coordenadoria de Compras e Contratos

1141 Seccedilatildeo de Especificaccedilatildeo e Registro de Preccedilos 1142 Seccedilatildeo de Aquisiccedilatildeo 1143 Seccedilatildeo de Elaboraccedilatildeo de Contratos 1144 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Contratos

115 Coordenadoria de Suprimentos e Patrimocircnio 1151 Seccedilatildeo de Controle de Consumo de Material 1152 Seccedilatildeo de Almoxarifado 1153 Seccedilatildeo de Controle do Patrimocircnio 1154 Seccedilatildeo de Registro Contaacutebil de Material

116 Coordenadoria de Orccedilamento e Financcedilas 1161 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Orccedilamentaacuteria 1162 Seccedilatildeo de Programaccedilatildeo Financeira 1163 Seccedilatildeo de Acompanhamento de Despesas com Pessoal e Benefiacutecios 1164 Seccedilatildeo de Execuccedilatildeo Orccedilamentaacuteria e Financeira 1165 Seccedilatildeo de Acompanhamento Orccedilamentaacuterio e Financeiro 1166 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Faturamento e Liquidaccedilatildeo de Despesas

117 Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura

81

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

1171 Seccedilatildeo de Orccedilamentos Teacutecnicos 1172 Seccedilatildeo de Arquitetura 1173 Seccedilatildeo de Obras Civis 1174 Seccedilatildeo de Instalaccedilotildees Mecacircnicas 1175 Seccedilatildeo de Eletro-Eletrocircnica

118 Coordenadoria de Serviccedilos Gerais 1181 Seccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Edifiacutecios 1182 Seccedilatildeo de Copa 1183 Seccedilatildeo de Protocolo Administrativo 1184 Seccedilatildeo de Reprografia e Encadernaccedilatildeo

119 Coordenadoria de Transporte 1191 Seccedilatildeo de Transporte 1192 Seccedilatildeo de Atendimento de Veiacuteculos Leves 1193 Seccedilatildeo de Manutenccedilatildeo de Veiacuteculos

12 Secretaria de Gestatildeo de Pessoas 121 Gabinete 122 Central de Atendimento ao Servidor 123 Coordenadoria de Legislaccedilatildeo de Pessoal

1231 Seccedilatildeo de Direitos do Servidor 1232 Seccedilatildeo de Aposentadorias e Pensotildees 1233 Seccedilatildeo de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia

124 Coordenadoria de Provimento e Informaccedilotildees Funcionais 1241 Seccedilatildeo de Provimento e Vacacircncia 1242 Seccedilatildeo de Movimentaccedilatildeo de Pessoas 1243 Seccedilatildeo de Registros Funcionais

125 Coordenadoria de Pagamento 1251 Seccedilatildeo de Pagamento de Pessoal Ativo 1252 Seccedilatildeo de Pagamento de Inativos e Pensionistas 1253 Seccedilatildeo de Conformidade 1254 Seccedilatildeo de Pagamento de Cedidos e Sem Vinculo Efetivo

126 Coordenadoria de Desenvolvimento de Pessoas 1261 Seccedilatildeo de Gestatildeo de Desempenho e Orientaccedilatildeo para a Carreira 1262 Seccedilatildeo de Suporte a Eventos de Capacitaccedilatildeo 1263 Seccedilatildeo de Desenvolvimento Teacutecnico e Gerencial 1264 Seccedilatildeo de Programas da Vertente Estrateacutegica 1265 Seccedilatildeo de Programas da Cidadania Organizacional

13 Secretaria de Serviccedilos Integrados de Sauacutede 131 Gabinete 132 Seccedilatildeo de Apoio Administrativo 133 Coordenadoria de Assistecircncia Meacutedica

1331 Seccedilatildeo de Assistecircncia Meacutedica 1332 Seccedilatildeo do Aparelho Locomotor 1333 Seccedilatildeo de Enfermagem

134 Coordenadoria de Sauacutede Ocupacional e Prevenccedilatildeo 1341 Seccedilatildeo de Assistecircncia Psicossocial 1342 Seccedilatildeo de Assistecircncia Nutricional 1343 Seccedilatildeo de Medicina Preventiva

135 Coordenadoria de Assistecircncia Odontoloacutegica 1351 Seccedilatildeo de Odontologia Cliacutenica 1352 Seccedilatildeo de Odontologia de Periacutecia

136 Coordenadoria de Benefiacutecios 1361 Seccedilatildeo de Atendimento aos Beneficiaacuterios do Proacute-Ser 1362 Seccedilatildeo de Benefiacutecios 1363 Seccedilatildeo de Informaccedilotildees e Gestatildeo de Contratos do Proacute-Ser 1364 Seccedilatildeo de Anaacutelise de Despesas Meacutedicas 1365 Seccedilatildeo de Custeio e Anaacutelise de Despesas Odontoloacutegicas

14 Secretaria de Tecnologia da Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo

82

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

141 Gabinete 142 Coordenadoria de Desenvolvimento

1421 Seccedilatildeo de Anaacutelise e Projeto 1422 Seccedilatildeo de Testes 1423 Seccedilatildeo de Desenvolvimento 1424 Seccedilatildeo de Desenvolvimento WEB 1425 Seccedilatildeo de Metodologia e Qualidade 1426 Seccedilatildeo de Modelagem de Negoacutecio e Requisito

143 Coordenadoria de Infra-Estrutura 1431 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Rede 1432 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede 1433 Seccedilatildeo de Serviccedilos Corporativos 1434 Seccedilatildeo de Sistemas Operacionais 1435 Seccedilatildeo de Banco de Dados 1436 Seccedilatildeo de Operaccedilatildeo e Controle de Serviccedilos

144 Coordenadoria de Relacionamento 1441 Seccedilatildeo de Atendimento Remoto 1442 Seccedilatildeo de Atendimento a Ministros 1443 Seccedilatildeo de Atendimento a Gabinetes 1444 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Administrativa 1445 Seccedilatildeo de Atendimento a Aacuterea Judiciaacuteria 1446 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Hardware

145 Coordenadoria de Comunicaccedilatildeo 1451 Seccedilatildeo de Rede de Telecomunicaccedilatildeo Fixa e Moacutevel 1452 Seccedilatildeo de Gerecircncia de Rede Fiacutesica e Operaccedilatildeo de Serviccedilos

15 Secretaria de Seguranccedila 151 Gabinete 152 Assessoria de Inteligecircncia 153 Coordenadoria de Seguranccedila

1531 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Dignitaacuterios 1532 Seccedilatildeo de Seguranccedila de Aacutereas e Instalaccedilotildees 1533 Seccedilatildeo de Serviccedilos da Central de Seguranccedila

154 Coordenadoria de Serviccedilos Especiais 1541 Seccedilatildeo de Embarque 1542 Seccedilatildeo de Expediente

83

Fonte Diaacuterio Oficial da Uniatildeo 1ordm jul 2009 Seccedilatildeo 1 p 72-73

ANEXO II (Art 2ordm da Resoluccedilatildeo n 6 de 30 de junho de 2009)

COMPOSICcedilAtildeO DOS CARGOS EM COMISSAtildeO E DAS FUNCcedilOtildeES COMISSIONADAS

NIacuteVEL GRUPO DIRECcedilAtildeO QUANTIDADE

CJ-4 Diretor-Geral 01

CJ-4 Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia 01

CJ-3 Chefe de Gabinete 37

CJ-3 Assessor-Chefe 06

CJ-3 Secretaacuterio 11

CJ-3 Chefe de Representaccedilatildeo 02

CJ-2 Coordenador 56

FC-6 Chefe de Seccedilatildeo 198

FC-6 Taquiacutegrafo Supervisor

Subtotal

06

318

NIacuteVEL GRUPO ASSESSORAMENTO QUANTIDADE

CJ-3 Assessor da Presidecircncia 07

CJ-3 Assessor da Vice-Presidecircncia 03

CJ-3 Assessor de Ministro 203

CJ-2 Assessor A 21

CJ-1 Assessor B 41

FC-6 Assessor C

Subtotal

9

284

NIacuteVEL GRUPO OUTRAS FUNCcedilOtildeES QUANTIDADE

FC-5 Assistente V 59

FC-4 Assistente IV 409

FC-2 Assistente II

Subtotal

373

841

NIacuteVEL ESCOLA NACIONAL DE FOR-MACcedilAtildeO E APERFEICcedilOAMENTO DE MAGISTRADOS

QUANTIDADE

CJ-3 Secretaacuterio 01

CJ-2 Coordenador 03

CJ-2 Assessor A 02

CJ-1 Assessor B 01

FC-4 Assistente IV 04

Subtotal 11

Total 1454

84

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Servidores por gecircneroData segunda-feira 4 de outubro de 2010 144650Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o arquivo abaixo

Tipo de Servidor Sexo Total

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Feminino 3Masculino 1

Exerciacutecio Provisoacuterio no STJ Total 4Juiz Auxiliar Masculino 1Juiz Auxiliar Total 1Juiz de TRFDesembargador Convocado Masculino 4Juiz de TRFDesembargador ConvocadoTotal 4

Ministro Feminino 5Masculino 25

Ministro Total 30

Quadro Permanente Feminino 1345Masculino 1370

Quadro Permanente Total 2715

Requisitado Feminino 37Masculino 74

Requisitado Total 111

Sem Viacutenculo Efetivo Feminino 32Masculino 38

Sem Viacutenculo Efetivo Total 70Total geral 2935

Atenciosamente

ANEXO B - Dados fornecidos pela SEPROSTJ 85

De ANTONIO SERAFIM DE OLIVEIRA em nome de ProvimentoVacanciaPara Danielle Cristina de Oliveira BorgesAssunto Ocupantes de cargos gerenciais por gecircneroData terccedila-feira 26 de outubro de 2010 172402Anexos image001png

Danielleconforme solicitado encaminho o quadro abaixo com o quantitativo de servidores ocupantesde cargos gerenciais por gecircnero

Cargos de direccedilatildeo por gecircnero

CJ-2 Coordenador Feminino 24Masculino 35

CJ-2 Total 59

CJ-3

Assessor-Chefe Feminino 2Masculino 4

Chefe de Gabinete Feminino 18Masculino 18

Chefe de Representaccedilatildeo Masculino 2

Secretaacuterio Feminino 6Masculino 6

CJ-3 Total 56

CJ-4 Diretor-Geral Masculino 1Secretaacuterio-Geral da Presidecircncia Masculino 1

CJ-4 Total 2

FC06Chefe de Seccedilatildeo Feminino 80

Masculino 115Taquiacutegrafo Supervisor Feminino 6

FC06 Total 201Total geral 318

Dados SEPRO em 26102010 Att

86

  • Monografia parte 1 Entregue ao CEUB
  • Monografia 22-11-2010 parte 2 Entregue ao CEUB
  • RES_6_2002_Parte1
  • RES_6_2002_Parte2
  • RES_6_2002_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte1
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte2
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte3
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte4
  • Res _6_2009_PRE_anexo I_Parte5
  • Res _6_2009_PRE_anexo II
  • Servidores por gecircnero
  • Ocupantes de cargos gerenciais por gecircnero
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