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Daniela Petenon 1. Plantas invasoras nos trópicos: esperando a atenção mundial? 2. Abundância de sementes da palmeira invasora Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva e banco de sementes em um fragmento florestal em São Paulo, SP Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, para a obtenção de Título de Mestre em Ciências, na Área de Ecologia: Ecossistemas Terrestres e Aquáticos. Orientadora: Profª Drª Vânia Regina Pivello São Paulo 2006

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Daniela Petenon

1. Plantas invasoras nos trópicos: esperando a atenção mundial?

2. Abundância de sementes da palmeira invasora

Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva e banco de sementes

em um fragmento florestal em São Paulo, SP

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, para a obtenção de Título de Mestre em Ciências, na Área de Ecologia: Ecossistemas Terrestres e Aquáticos. Orientadora: Profª Drª Vânia Regina Pivello

São Paulo

2006

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Ficha Catalográfica

Petenon, Daniela

1. Plantas invasoras nos trópicos: esperando a atenção mundial?

2. Abundância de sementes da palmeira invasora Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva e banco de sementes em um fragmento florestal em São Paulo, SP

Número de páginas: 118 Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Departamento de Ecologia. 2006. 1. plantas invasoras; 2. revisão; 3. trópicos; 4. palmeira invasora. Universidade de São Paulo. Instituto de Biociências. Departamento de Ecologia.

Comissão Julgadora:

Prof. Dr. Sergius Gandolfi Prof. Dr. Sebastião Venâncio Martins

Profª. Drª. Vânia Regina Pivello

Orientadora

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Dedico meu mestrado

ao Gerardo, mais valioso de tudo!

às mulheres da minha vida:

Yolanda, Sueli e Isadora!

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“Queremos saber Queremos viver

Confiantes no futuro Por isso se faz necessário

Prever qual o itinerário da ilusão A ilusão do poder

Pois se foi permitido ao homem Tantas coisas conhecer

É melhor que todos saibam O que pode acontecer

Todos queremos saber”

Gilberto Gil, 1976

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Agradecimentos

À Vânia Pivello, pela inestimável orientação e amizade.

À CAPES, pela bolsa concedida.

À The Nature Conservancy, pelo subsídio para trabalhos de campo.

A quem é parte fundamental de todo o projeto: Elaine Gasparello, companheira em tudo! Seu trabalho e estímulo foram vitais e fizeram tudo valer a pena!

À preciosa orientação do Geraldo Franco (Instituto Florestal/SP), no planejamento inicial e na identificação das sementes; também à Luciana Alves (Instituto Botânico/SP), à Nice (Instituto Florestal/SP) e à Erica Hasui (USP), por compartilharem suas experiências com as sementes.

Aos amigos que me auxiliaram em campo: Elaine Gasparello, Paulo César, Maurício, Leandro, Carlos Gallardo, Fernando, Sérgio, Ricardo Braga, Fábio, Flávia, Mariana, Beth, Adne, entre outros.

Ao Ricardo Dislich por fornecer informações imprescindíveis sobre a palmeira e a matinha.

Aos amigos da USP - pois a única coisa que não dá pena de jogar fora é conversa! - Mariana Vidal, Flávia Jesus, Elizabeth Gorgone, Raquel Junqueira, Alexandre Igari, Leandro Tambosi, Daniela Castro, Raquel Silveira, Ana Maria Godoy, Renata Faria, Klécia Gilli, Patrícia, Juliana, Silene, Carol e todos os amigos do Lepac/Eco!!! Gabriela, Fábio, Guto, Yasu, André, Luciana, Priscila, Beto & Ale, Regina: caminhos diferentes, os mesmos amigos de sempre. Obrigada pela torcida!

Ao Professor José Guilherme Chauí Berlinck (IB/USP/Fisiologia), pela assessoria estatística, pela boa vontade e disposição em me mostrar que é possível responder às perguntas!

A todos os pesquisadores que me enviaram seus artigos e comentários com muita simpatia, como Marilene Leão Alves Bovi, Jonathan M. Levine, Marcel Rejmánek, Jaboury Ghazoul, James Drake, Sebastien Barot, Ewen Cameron, John L. Dowe, entre outros.

Ao Gerardo Kuntschik: por me incentivar a seguir, quando isso era o mais difícil.

À minha família: pelo suporte incondicional.

À Elizabeth, pois me ajudou a manter o mestrado no seu devido lugar.

À equipe da biblioteca do IB, que tem sido fundamental desde minha graduação.

À equipe de marcenaria do IB, pela confecção dos coletores de solo.

Às árvores da matinha, pelas sementes coletadas....

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Prefácio

Este trabalho é composto por dois capítulos independentes, mas que tratam do mesmo tema

principal, ou seja, invasões biológicas por plantas: o primeiro é teórico e o segundo é o resultado

de uma pesquisa aplicada.

O primeiro capítulo traz uma revisão crítica e sistemática sobre a publicação na última década de

artigos científicos relacionados a plantas invasoras em ambientes naturais, publicados em oito

revistas científicas internacionais de ecologia e conservação biológica. Um dos objetivos do

capítulo foi analisar a literatura acerca do tema, expondo o panorama atual. O objetivo principal foi

analisar comparativamente como os ambientes tropicais têm sido estudados em relação a esse

problema.

No segundo capítulo, é apresentado um estudo de caso desenvolvido na Reserva Florestal da

Cidade Universitária Armando de Sales Oliveira, da Universidade de São Paulo, onde ocorre a

invasão da floresta pela palmeira exótica Archontophoenix cf. cunninghamiana. O objetivo foi

quantificar as sementes desta espécie na chuva de sementes e no banco de sementes e

relacionar essas abundâncias à proximidade da borda da mata ou de seu interior.

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Índice

CAPÍTULO 1: PLANTAS INVASORAS NOS TRÓPICOS: ESPERANDO A ATENÇÃO MUNDIAL? ...................................................................................... 1 Abstract 1 Resumo 1 Introdução 2

Invasões biológicas: revisão bibliográfica de conceitos e teorias ...............................................................4 Materiais e Métodos 19

Seleção das revistas científicas................................................................................................................19 Busca dos artigos sobre o tema de interesse...........................................................................................20 Classificação e análise dos artigos...........................................................................................................21

Resultados 23 Geral.........................................................................................................................................................23 Estudos de caso .......................................................................................................................................26 Artigos teóricos.........................................................................................................................................33 Padronização da terminologia ..................................................................................................................34

Discussão 37 Conclusão 46 Referências Bibliográficas 46

CAPÍTULO 2: ABUNDÂNCIA DE SEMENTES DA PALMEIRA INVASORA ARCHONTOPHOENIX CF. CUNNINGHAMIANA NA CHUVA E BANCO DE SEMENTES EM UM FRAGMENTO FLORESTAL EM SÃO PAULO, SP. ...... 74 Abstract 74 Resumo 74 Introdução 75 Materiais e Métodos 79

Área de estudo .........................................................................................................................................79 Espécie estudada .....................................................................................................................................84 Archonthophoenix na Reserva Florestal da CUASO................................................................................86

Coleta de dados ...................................................................................................................................88 Análise dos dados ....................................................................................................................................91

Resultados 91 Chuva de sementes - geral.......................................................................................................................92

Variação temporal ................................................................................................................................94 Comparação espacial ...........................................................................................................................97

Sementes da espécie Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva e no banco de sementes............99 Indivíduos adultos de Archontophoenix cf. cunninghamiana ..................................................................103

Discussão 103 Implicações para manejo e conservação 110 Conclusão 112 Referências Bibliográficas 113

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Capítulo 1: Plantas invasoras nos trópicos: esperando a atenção mundial?

Abstract

Biological invasion is one of the worst threats to the world biodiversity. The actual extent of the

impact of biological invasions in the tropics is still unknown. The aim of this chapter is to survey the

literature published on plant invasions, comparing the material concerning the tropics with that

regarding the rest of the world. 239 articles published in 8 ecological journals over the past ten

years were reviewed. Most of them focused on temperate ecosystems, in North America and

Europe. There is a weak effort on research concerning plant invasions in tropical ecosystems.

Much more research is needed to evaluate the real scenario in the countries that contain the

highest biodiversity of the world.

Resumo

A invasão biológica é uma das principais ameaças à biodiversidade em todo o mundo. Entretanto,

apesar dos trópicos concentrarem a maior parcela desta diversidade, ainda é pouco e esparso o

conhecimento científico disponível sobre plantas invasoras nos ecossistemas tropicais. Este

capítulo tem como objetivo comparar a quantidade de trabalhos publicados sobre invasões

biológicas por plantas terrestres em ambientes tropicais e não tropicais, assim como a abordagem

seguida nesses artigos. Foram lidos, selecionados e revisados os artigos publicados no intervalo

de 1995 a 2004, em oito revistas científicas de alto índice de impacto. Ao todo, foram encontrados

239 artigos sobre plantas invasoras, sendo que a maioria deles aborda ecossistemas da América

do Norte e Europa. Este é um reflexo do desequilíbrio na produção científica atual, que não dá a

devida atenção aos ambientes com a maior biodiversidade, sendo que esta recebe vários tipos de

ameaças à sua conservação.

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Introdução

Invasão biológica é o fenômeno da introdução e posterior estabelecimento e disseminação de

espécies exóticas em um ambiente previamente não ocupado por elas, causando efeitos

negativos na biota nativa (Mack 1996; Prieur-Richard & Lavorel 2000).

A invasão biológica é uma ameaça às biotas nativas de todo o mundo. É um problema que cada

vez mais recebe atenção por parte de pesquisadores, tomadores de decisão e sociedade em geral

(FAO 2005). O artigo 8° (h) da Convenção sobre Diversidade Biológica determina que “cada Parte

Contratante deve, na medida do possível e conforme o caso (...) impedir que se introduzam,

controlar ou erradicar espécies exóticas que ameacem os ecossistemas, habitats ou espécies”.

Pode-se interpretar que a Convenção refere-se às espécies invasoras, apesar de não defini-las

assim em seu artigo 2° (Ministério do Meio Ambiente 2005).

Juntamente com os riscos à biodiversidade em conseqüência da perda e fragmentação dos

habitats naturais, do desenvolvimento urbano, da exploração intensiva de recursos naturais, das

mudanças ambientais globais e da poluição, a invasão por plantas exóticas é apontada como um

importante agente de degradação ambiental (Wilcove et al. 1998; Novacek & Cleland 2001; Sheil

2001). São várias as conseqüências desta perturbação, entre elas está a substituição de espécies

nativas por exóticas, a modificação do funcionamento dos ecossistemas e a “poluição genética”

(criação de híbridos e a perda de pools gênicos que podem apresentar determinadas

características adquiridas por meio de adaptação local) (Prieur-Richard & Lavorel 2000; FAO

2005).

A ecologia das invasões teve seu marco inicial com a publicação do livro “The ecology of invasions

by animals and plants” de Charles Elton (Elton 1958). Uma de suas proposições mais polêmicas é

a relação entre a diversidade de espécies em um ambiente e sua capacidade de conferir

resistência a esse ambiente contra invasões biológicas. Ele argumenta que ambientes mais ricos

em espécies seriam menos vulneráveis a invasões. Essa proposição foi aceita durante muito

tempo, mas hoje é tema de diversas discussões contrárias (Levine & D'Antonio 1999; Tilman

1999). A partir de então surgiram outros estudos sobre invasões biológicas, mas apenas na

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década de 1980 essa área da Ecologia tomou impulso e começou a ser publicado um número

mais significativo de trabalhos. Em 1989, Drake et al. revisaram diversos estudos relacionados ao

programa SCOPE 37 (Scientific Committee on Problems of the Environment), cujo objetivo

principal foi disponibilizar novas informações sobre a extensão das invasões de diferentes tipos de

organismos em várias partes do mundo. As principais perguntas que direcionavam os estudos

podem ser resumidas em: qual é o número de invasores? quais são os invasores? de onde vêm

os invasores? como eles se estabelecem? quão rápido eles se disseminam? quais são as

características dos locais invadidos e quais são os impactos sofridos? Tais perguntas continuam

atuais, sendo que vários pesquisadores têm sugerido variações das mesmas, entre elas: quais

são as características dos invasores bem sucedidos (Williamson & Fitter 1996a)? quais são os

ambientes mais suscetíveis à invasão (Davis et al. 2000)? Essas duas questões abordam

diferentes aspectos do processo: uma sob o ponto de vista dos organismos invasores, enquanto

que a outra enfoca o ambiente.

Há uma falta de consenso no uso dos termos relacionados à invasão biológica, o que dificulta

compreender claramente a extensão e o impacto das espécies invasoras (FAO 2005). Um dos

motivos dessa confusão é o fato de muitos termos terem sido adotados de outras áreas de

conhecimento, como a Agronomia. Outro motivo é a falta de padronização dos conceitos nas

publicações de dados sobre o tema, o que gerou o uso de termos semelhantes, ambíguos ou

contraditórios. A criação de termos que não levam em conta as etapas e efeitos da invasão na

biota nativa também dificulta a padronização e consenso.

É cada vez maior o número de publicações sobre invasões biológicas (Kolar & Lodge 2001; Puth &

Post 2005), o que gera novas informações e alimenta as discussões sobre o tema. Mas a invasão

biológica ainda não é um processo totalmente desvendado pelos pesquisadores, o que gera

lacunas conceituais e opiniões contrárias. Além disso, como em outras áreas do conhecimento,

parece haver um esforço desigual entre estudos sobre invasões biológicas em diferentes regiões

do mundo.

Este trabalho tem como objetivo geral realizar a revisão bibliográfica crítica dos principais

conceitos sobre invasões biológicas por plantas e avaliar a produção bibliográfica mundial,

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comparando as diferentes abordagens, locais de estudo e tipos de plantas invasoras estudados.

Os objetivos específicos são:

a) analisar criticamente a abordagem teórica da produção científica da última década sobre

plantas invasoras, revendo os principais conceitos e diagnosticando discordâncias, nas

publicações de oito revistas ecológicas de destaque;

b) quantificar a evolução temporal da produção científica sobre plantas invasoras ao longo da

última década;

c) comparar a quantidade de artigos publicados sobre estudos de caso em ambientes

tropicais e em ambientes não tropicais afetados por plantas invasoras, em oito revistas

ecológicas na última década;

d) analisar o conteúdo dos estudos de caso sobre plantas invasoras quanto ao tema

abordado, o local de estudo, o tipo de planta invasora investigada e seu local de origem;

e) propor a padronização dos conceitos relacionados a plantas invasoras;

f) discutir alguns conceitos teóricos relacionados a plantas invasoras.

Invasões biológicas: revisão bibliográfica de conceitos e teorias

A invasão biológica bem sucedida pode ser resumida em quatro etapas: primeiro, a espécie

invasora precisa passar pela introdução ao novo habitat; depois, pela colonização inicial, pelo

estabelecimento com sucesso e pela posterior dispersão e disseminação secundária para

novos habitats (Sakai et al. 2001). A introdução ocorre quando uma planta exótica e/ou seu

propágulo são levados a um local diferente de seu local nativo, ultrapassando uma barreira

geográfica relativamente grande; essa introdução se dá pela ação direta ou indireta do ser

humano. A maioria das espécies exóticas que são introduzidas permanece apenas como casual,

não chegando a estabelecer populações duradouras (figura 1). Algumas espécies apresentam

indivíduos que sobrevivem após a introdução e que superam obstáculos de reprodução,

sustentando diversas gerações sem a necessidade de intervenção humana direta. Estas plantas

podem ser denominadas naturalizadas, pois se incorporam à flora nativa, convivendo nas mesmas

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condições ambientais que as espécies nativas. Apenas uma parte das plantas naturalizadas será

invasora; somente aquelas que se disseminarem grandemente - em abundância e densidade - e

que causarem impactos negativos à biota local, como substituição de espécies ou alteração da

estrutura do ecossistema (Richardson et al. 2000). O sucesso de uma invasão em certo ambiente

é influenciado pelo número de propágulos que chegam ao novo ambiente (pressão de propágulo),

pelas características da nova espécie (poder de invasão) e pela suscetibilidade do ambiente às

invasões (Lonsdale 1999).

Quando a espécie invasora se estabelece, sua população persiste por meio da reprodução local e

do recrutamento. A partir daí, a espécie invasora começa a interagir ecologicamente com as

espécies da área invadida, causando mudanças no regime de seleção evolutiva (Vermeij 1996).

Por isso, planta invasora pode ser definida como uma planta exótica que se dissemina

naturalmente (sem a intervenção direta do ser humano) em habitats naturais ou seminaturais,

produzindo uma alteração significativa em termos de composição, estrutura ou processos do

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Figura1. Esquema das principais barreiras limitantes (A a F) para a disseminação das plantas introduzidas. As setas de a a f indicam os caminhos percorridos pelas espécies para alcançar diferentes estados, de introduzidas até invasoras (extraído de Richardson et al. 2000).

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ecossistema (Cronk & Fuller 1995). Essa definição distingue as plantas invasoras das plantas

daninhas, que são plantas que invadem culturas agrícolas (Pitelli 1985 apud Soares et. al. 20004)

Em qualquer estudo sobre invasão, primeiramente é necessário efetuar o diagnóstico da invasão,

ou seja, identificar as espécies e a extensão do fenômeno, geralmente por meio da quantificação

da densidade dos indivíduos. Além do diagnóstico, é possível investigar os processos ou padrões

envolvidos, tais como a competição com espécies nativas, o impacto nos predadores, padrões de

crescimento da população, aspectos fisiológicos da espécie, estratégias de dispersão etc (Vermeij

1996). Outro aspecto é comparar as espécies exóticas não invasoras com as invasoras efetivas,

para compreender as características que contribuem para o poder invasor. Alguns estudos

ampliam a investigação, sugerindo que as espécies invasoras deveriam ser pesquisadas tanto no

ambiente invadido quanto no seu ambiente natural, incorporando o ponto de vista biogeográfico

(Hierro et al. 2004).

Geralmente, o processo de invasão biológica é analisado por meio de duas abordagens diferentes:

pelo ponto de vista do ambiente ou pelo ponto de vista do invasor. A primeira abordagem é aquela

que estuda principalmente as espécies ou populações de invasoras. A segunda abordagem

estuda os fatores do ambiente que confeririam resistência ao ambiente contra invasões, abordada

como uma característica inerente à comunidade. O oposto da resistência a invasões é a

suscetibilidade à invasão (Lonsdale 1999).

O poder de invasão de uma espécie tem sido bastante discutido nos artigos teóricos e nos estudos

de caso. É útil na prevenção de novas invasões porque permite identificar com antecedência os

invasores em potencial. Vários fatores contribuem para a taxa de crescimento de uma população

de espécie invasora, principalmente os recursos, os inimigos naturais e o ambiente físico. Por isso,

a capacidade de invasão seria determinada pelo modo como a espécie responde a esses fatores,

incluindo as variações temporais e espaciais (Shea & Chesson 2002). Na tentativa de criar

generalizações e/ou encontrar padrões, diversas características das plantas invasoras são

apontadas como responsáveis pelo poder de invasão (Williamson & Fitter 1996). A investigação

sobre a morfologia e fisiologia de plantas invasoras traz respostas importantes sobre o poder de

invasão. Respostas diferentes de espécies exóticas e nativas a variações abióticas podem ser o

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elemento chave na capacidade de estabelecimento e disseminação das invasoras. Algumas

características as plantas invasoras a serem investigadas e propostas nos artigos revisados estão

resumidas a seguir:

1) as plantas invasoras são melhores competidoras do que as nativas (Vilá & Weiner 2004);

2) são melhores colonizadoras, principalmente de ambientes perturbados (Klink 1996);

3) apresentam período juvenil curto (Williamson & Fitter 1996a; Rejmánek 1996);

4) apresentam intervalo pequeno entre grandes produções de sementes (Rejmánek 1996);

5) apresentam baixa massa de sementes (Rejmánek 1996);

6) beneficiam-se de polinizadores (Williamson & Fitter 1996a) e dispersores bióticos disponíveis

na comunidade invadida (Cordeiro et al. 2004);

7) beneficiam-se da liberação de inimigos naturais específicos de seu local de origem que estão

ausentes no local invadido (Keane & Crawley 2002)

É imprescindível analisar a capacidade ou não de reprodução vegetativa e as características das

sementes e da dispersão de uma espécie invasora, pois esses fatores se relacionam com seu

poder de colonização, com seu poder competitivo e seu poder de disseminação após o

estabelecimento.

A pressão de propágulo é associada ao poder de invasão, pois determina as probabilidades de

estabelecimento das espécies invasoras (Kolar & Lodge 2001). Mas a pressão de propágulo

sozinha não é capaz de explicar a conversão de ambientes nativos em ambientes dominados por

invasoras (Corbin & D'Antonio 2004). As fases posteriores à chegada das sementes dependem de

inúmeras variáveis. É por isso que é difícil estimar a probabilidade de estabelecimento, um dos

componentes críticos do processo de invasão (Sakai et al. 2001). O intervalo entre a saída da

semente até o sucesso da germinação é influenciado pela competição entre sementes da mesma

planta parental (quando agregadas), pela variabilidade de microhabitats mais adequados à

germinação, pelo padrão dos agentes dispersores bióticos e abióticos, entre outros fatores.

Quando a disponibilidade de sementes de uma espécie invasora é muito alta, há a possibilidade

de ocorrer saturação e o crescimento da população passa a depender mais da chegada de

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sementes a locais adequados para o estabelecimento de novos indivíduos (Parker 2001). O

sucesso da invasão passa a ser beneficiado de modo mais evidente pela pressão de propágulo

quando várias condições positivas se apresentam de forma combinada: quando há grande

quantidade de adultos reprodutivos da espécie invasora na comunidade; quando a produção de

sementes ocorre em grande quantidade e em vários momentos do ano (Seghieri & Simier 2002);

quando a dispersão a longas distâncias é mediada por agentes bióticos eficientes, quando existe a

preferência de frugívoros e dispersores por espécies exóticas em detrimento das espécies nativas;

quando o regime de perturbações facilita a colonização pelas sementes e plântulas desta espécie

(Cordeiro et al. 2004), quando a espécie forma banco de sementes do solo persistente (Rogers &

Hartemink 2000). Quando a espécie invasora é dominante no banco de sementes, sua capacidade

competitiva torna-se maior na regeneração desta espécie em relação a outras espécies da

comunidade (Rogers & Hartemink 2000). A abundância e persistência de sementes no banco de

sementes do solo estão relacionadas tanto à quantidade de adultos reprodutivos, produção de

sementes e sua dispersão quanto a características fisiológicas das sementes. Portanto, não pode

ser analisada como um fator isolado.

Outras características das plantas invasoras podem se relacionar com o poder de invasão, por

exemplo a plasticidade ao ambiente, porque ela contribui para a competitividade. Competição,

mudanças nas condições ambientais e disponibilidade de recursos moldam essa plasticidade que,

no caso de invasoras, pode ser o diferencial para se disseminarem e crescerem mais do que as

nativas (Claridge & Franklin 2002). Um exemplo seria a maior eficiência no uso da energia

fotossintética por parte das exóticas quando comparadas às nativas (Nagel et al. 2004).

Entretanto, é difícil atestar experimentalmente se uma espécie invasora apresenta uma resposta

plástica simples (por características inerentes iguais às que apresentava no ambiente de origem)

ou se é uma resposta já com mudanças genéticas conseqüentes de interações no ambiente

exótico. Por exemplo, há indícios de espécies de plantas que crescem mais e têm a capacidade

reprodutiva maior onde são invasoras do que onde são componentes nativos da flora (Willis et al.

2000). Ao testar se esse maior tamanho é baseado em fatores genéticos por eventos pós-invasão

ou em resposta plástica ao ambiente, Willis et al. (2000) concluíram que a primeira explicação

provavelmente é a mais plausível e a segunda seria mais incomum de ocorrer.

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Mesmo assim, não se deve ignorar que o poder de invasão de uma espécie se deve tanto à sua

plasticidade quanto a características que garantam maior vantagem competitiva e que sejam

reflexo de sua evolução no ambiente de origem, ou por causa de pressões seletivas no ambiente

exótico. Por isso, os estudos de invasões biológicas necessitam do enfoque evolutivo, pois as

populações invasoras são geneticamente dinâmicas no espaço e no tempo, porque experimentam

mudanças evolutivas rápidas, associadas com a fase de introdução e com eventos pós-invasão

(Lambrinos 2004). Além disso, o estudo da evolução nas invasões é importante porque as

espécies invasoras são capazes de induzir mudanças evolutivas nas espécies nativas (Lee 2002).

Um exemplo é o potencial de hibridação de uma espécie invasora, que pode diluir ou assimilar

geneticamente o genótipo nativo, não deixando “nativas puras” na comunidade (Huxel 1999; Vilá

et al. 2000). No caso de nativas e exóticas congêneres, o compartilhamento de polinizadores pode

ocasionar a possível troca de material genético entre elas e a hibridação (Ayres et al. 2004).

A hipótese do aumento evolutivo da capacidade competitiva (a hipótese EICA, sigla de

evolutionary increased competitive ability) foi abordada em diversos artigos (Maron & Vilá 2001;

van Klinken & Edwards 2002; Hanfling & Kollmann 2002; Bossdorf et al. 2004). Ela foi proposta por

(Blossey & Notzold 1999) e prediz que os indivíduos de uma espécie retirada de um local onde era

introduzida produziriam maior biomassa do que indivíduos retirados do local nativo. O

embasamento teórico desta hipótese é outra hipótese, a da defesa ótima. Os autores criaram a

hipótese a partir de estudos anteriores e baseados na coleta de sementes de Lythrum salicaria

tanto no ambiente nativo (Suíça) quanto no ambiente exótico (Estados Unidos) e no posterior

cultivo das mesmas em um terceiro ambiente (Alemanha). Observaram que as plantas cresceram

mais onde elas eram exóticas, sugerindo a confirmação da hipótese. Mas não foi o caso dos

resultados de Maron & Vilá (2001) e Bossdorf et al. (2004), que não confirmaram a hipótese EICA,

tanto que os últimos chegaram a propor uma hipótese oposta, ou seja, a da redução evolutiva da

capacidade competitiva (ERCA, sigla de evolutionary reduced competitive ability).

A herbivoria foi relacionada ao sucesso de invasão em diversos estudos (Holmgren 2002;

Callaway et al. 1999; Lake & Leishman 2004; Case & Crawley 2000; Dietz et al. 2004; Green et al.

2004; Rand & Loud 2004; Siemann & Rogers 2003a; Siemann & Rogers 2003b). O poder de

invasão de uma espécie pode ser diminuído quando houver a presença de herbívoros generalistas

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no ambiente invadido (Lambrinos 2002). Por outro lado, há uma tendência em aceitar a hipótese

de que o sucesso de uma planta invasora seja conseqüência da “liberação de herbívoros”, isto é,

quando a espécie exótica estiver livre dos herbívoros específicos que regulavam seu crescimento

no ambiente de origem, ela terá um aumento em sua distribuição e abundância no local de

introdução (Keane & Crawley 2002). Essa hipótese é denominada ERH, sigla de enemy release

hypothesis, ou seja, hipótese da liberação do inimigo, também denominada hipótese do escape ao

predador. Além dos herbívoros, esses inimigos podem ser patógenos e parasitas. Essa hipótese é

estruturada por três argumentos principais (Keane & Crawley 2002):

1) os inimigos naturais são importantes reguladores das populações de plantas;

2) os inimigos têm impacto maior nas espécies nativas do que nas exóticas;

3) as plantas são capazes de se beneficiar da redução da regulação pelos inimigos o que resulta

em um aumento no crescimento da população.

Geralmente, a suscetibilidade à invasão é aceita como uma propriedade intrínseca aos

ecossistemas, sendo influenciada por condições abióticas (como o clima), pelo regime de

perturbações, pela diversidade de espécies, pela capacidade competitiva das espécies nativas

(Lonsdale 1999), pela presença ou não de predadores, patógenos e mutualistas (Davis et al.

2000), entre outros fatores. A suscetibilidade à invasão seria o oposto à resistência da

comunidade em sofrer invasões, que por sua vez seria a habilidade das espécies residentes em

uma comunidade de reduzir o sucesso de invasões exóticas (Levine et al. 2004). Mas é difícil

afirmar que uma comunidade tenha o poder de repelir invasores. Além disso, é mais plausível que

a suscetibilidade seja uma característica dinâmica do que uma característica intrínseca e estanque

na comunidade. Isso porque um os fatores que mais influenciaria a “facilitação” para invasores

seria a disponibilidade de recursos para essas espécies, que é extremamente variável no tempo e

no espaço. Portanto, a suscetibilidade pode aumentar quando a disponibilidade de recursos

aumentar por algum motivo, tal como o declínio na utilização de recursos pelas espécies nativas

residentes (por mortalidade, por exemplo) ou quando uma perturbação introduzir recursos

adicionais (Knops et al. 1995; Davis et al. 2000).

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Há uma tendência em afirmar que ambientes menos perturbados sejam menos vulneráveis a

invasões porque alterações drásticas em habitats poderiam torná-los mais “hospitaleiros” para

espécies exóticas, que evoluíram em outros locais – com pressões seletivas semelhantes às

impostas pela perturbação (Byers 2002). Mas essa generalização deve ser cautelosa porque

ambientes naturais bem conservados não estão livres do risco de invasões, principalmente por

espécies cujo poder de invasão não está relacionado com perturbações (Parker 2001). De

qualquer modo, as invasões estão relacionadas a perturbações, pois, após a perturbação, o

ambiente pode estar mais vulnerável à colonização de espécies nativas e exóticas (Parker 2001).

Entre as espécies exóticas que colonizam um ambiente, uma parcela pode se disseminar a tal

ponto que pode ser considerada invasora. Algumas espécies apresentam registros como

invasoras apenas em áreas perturbadas. Nesses casos, o poder de ser invasora se confunde com

o poder como colonizadora (Klink 1996), pois espécies colonizadoras necessitam de perturbações

para começar a disseminação. Assim, as características do ambiente podem contribuir tanto (ou

mais) para o processo de invasão do que as características da espécie exótica. Quando espécies

exóticas se disseminam abundantemente tanto em ambientes perturbados quanto em ambientes

não perturbadas é mais fácil acessar o poder de invasão relacionado às características intrínsecas

dessa espécie.

A diversidade de espécies tem sido freqüentemente analisada como influente nas propriedades

das comunidades e dos ecossistemas. Do mesmo modo, a biodiversidade tem sido correlacionada

tanto positiva quanto negativamente à suscetibilidade de um ambiente à invasão. Uma hipótese é

a de que a diversidade poderia conferir resistência à comunidade, uma vez que maior diversidade

nos grupos ecológicos resultaria em plena utilização dos recursos disponíveis, conseqüentemente

deixaria pouco recurso para indivíduos de novas espécies. A origem dessa hipótese se remete a

outra hipótese denominada “nicho vazio”, à formulação de Elton (1958) sobre resistência ecológica

e às relações propostas por MacArthur (1955) sobre diversidade e estabilidade (Levine &

D'Antonio 1999). A hipótese do “nicho vazio” propõe que espécies invasoras são aquelas que se

inserem na comunidade ao ocuparem um nicho não ocupado pelos indivíduos da biota nativa. Ela

tem sido reformulada: recentemente foi proposto o conceito de “oportunidades de nicho”, ou seja,

as condições que promovem as invasões em termos de disponibilidade ou não de recursos e

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inimigos naturais, do meio ambiente físico, das interações entre esses fatores e o modo como

variam no tempo e no espaço (Shea & Chesson 2002). Essas hipóteses relacionam a riqueza de

espécies com a idéia de saturação do ambiente, o que não pôde ser comprovado empiricamente

até hoje (Moore et al. 2001). Estudos diversos chegaram a resultados contrastantes sobre o papel

da biodiversidade na ocorrência de invasões nos ambientes naturais. A diversidade de espécies

exóticas e a diversidade de nativas geralmente apresentam correlação positiva em estudos de

observação em larga escala, mas são negativamente correlacionadas em experimentos de

pequena escala, sugerindo que os estudos sobre resistência do ambiente têm influência da escala

nos resultados (Byers & Noonburg 2003; Steiner & Leibold 2004). A relação em pequena escala é

freqüentemente apresentada como uma evidência que a riqueza nativa poderia “repelir” a invasão

ou que as invasões por exóticas podem reduzir a diversidade nativa. A grande escala tem sido

interpretada como evidência da importância da facilitação, da qualidade variável do habitat e da

pressão de propágulo (Fridley et al. 2004).

Maior biodiversidade implica em mais heterogeneidade, o que talvez resulte em um número maior

de oportunidades para uma espécie invasora. Portanto, assim como se pode relacionar a

diversidade como redutora da suscetibilidade, ela também pode ser um fator de promoção da

invasão. É difícil determinar o real papel da diversidade na resistência do ambiente a invasões,

pois tanto a diversidade quanto as invasões variam em conjunto com fatores extrínsecos, como

perturbações e disponibilidade de recursos (Levine & D'Antonio 1999). Deste modo, os resultados

de estudos que pretendem testar essa a relação entre suscetibilidade e diversidade devem ser

vistos com cautela. Em uma recente revisão, foram criticadas algumas observações em campo

que indicaram que a diversidade incrementa a suscetibilidade à invasão, pois teriam chegado a

essas conclusões por causa do efeito da amostra e não seriam passíveis de extrapolações

(Wardle 2001).

Outro fator que incrementaria a suscetibilidade à invasão seria a interação entre espécies

introduzidas, quando uma facilita a presença da outra. Entretanto, a maioria dos trabalhos sobre a

facilitação não analisa os efeitos dessa interação, tornando difícil determiná-los com confiança

(Simberloff & Von Holle 1999).

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Os impactos no ambiente causados pelas invasões também são alvo de discussões freqüentes

nas pesquisas desenvolvidas (Byers 2002; Levine et al. 2003; Walker & Smith 1997; Mack &

D'Antonio 1998; Parker et al. 1999; D'Antonio & Kark 2002). Plantas invasoras podem afetar o

ecossistema quanto à disponibilidade e qualidade dos recursos (como nutrientes, alimento,

espaço, luz etc.), à riqueza de espécies, ao regime de perturbações, à alteração do habitat, (Mack

& D'Antonio 1998; Zalba et al. 2000; Mack 2000; Crooks 2002; D'Antonio & Kark 2002), alteração

da estrutura da comunidade, a substituição de espécies nativas, interferência nas mudanças

globais (Dukes & Mooney 1999; Kriticos et al. 2003) etc. O impacto total de um invasor inclui três

dimensões: o efeito da extensão espacial (total da área ocupada), o efeito da abundância e o

efeito de cada indivíduo ou da biomassa (Parker et al. 1999). Embora seja relativamente fácil

medir as duas primeiras, o efeito por indivíduo não é tão simples, pois os estudos sobre isso são

escassos e em pequena escala, necessitando uma abordagem em nível mais abrangente, de

paisagem (D'Antonio & Kark 2002). Uma espécie pode ter seu impacto local devido a uma

abundância extraordinária, enquanto outra pode ser por uma característica biológica, como a

fixação de nitrogênio (Parker et al. 1999).

O impacto pode ser medido em diversos níveis, como o genético, o individual, o populacional, o da

comunidade e/ou dos processos ecossistêmicos. Outro modo de medir os impactos da invasão é

considerar os efeitos na economia, por exemplo os custos com controle e erradicação (Parker et

al. 1999) ou pela valoração dos ambientes naturais. Essa última alternativa é de difícil aplicação

para quantificar os prejuízos e perdas da biodiversidade por causa das invasões, pois apenas uma

pequena parte da biodiversidade mundial foi identificada e descrita (Pimentel 2002). Portanto, pelo

risco de subestimar os impactos e de perdas irreversíveis de biodiversidade, essa alternativa se

torna pouco aceitável.

Os efeitos das invasões interagem com os outros tipos de impactos; geralmente os efeitos das

invasões e os efeitos de outros agentes de degradação são semelhantes, dificultando a análise da

contribuição relativa de cada impacto. Por exemplo, as invasões são amplamente relacionadas a

extinções de espécies locais, mas ambientes invadidos sofrem também com perda de habitas,

com fragmentação, com fogo etc., que também podem causar extinções (Gurevitch & Padilla

2004a; Gurevitch & Padilla 2004b). Por isso, o balanço final das extinções pode ser resultado da

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interação entre diferentes impactos negativos (Gurevitch & Padilla 2004a; Gurevitch & Padilla

2004b), os quais podem maximizar os efeitos uns dos outros. Ou simplesmente os ambientes

estão perdendo espécies por causa de outros impactos, ao mesmo tempo que estão sendo

invadidos (Gurevitch & Padilla 2004a; Gurevitch & Padilla 2004b), ou apenas faltam dados mais

confiáveis que confirmem a real importância relativa das invasões nas extinções (Ricciardi 2004).

Provavelmente, um ambiente exposto a mais perturbações (principalmente antrópicas) está mais

vulnerável aos efeitos das invasões do que se o ambiente estivesse mais protegido (Burke &

Grime 1996) onde as perdas locais e extinções seriam menores. Portanto, para estudar o impacto

das invasões, as três abordagens sugeridas por Parker et al. (1999) parecem ser a melhor

estratégia, ou seja, por meio de estudos que meçam impactos em múltiplas escalas e múltiplos

níveis de organização, de estudos que sintetizem os dados atuais disponíveis sobre diferentes

variáveis de resposta e de modelos desenhados para orientar trabalhos empíricos e explorar

generalizações.

A capacidade de prever invasões é uma ferramenta importante para lidar com o problema antes

dele se instalar a ponto de ser difícil controlar ou erradicar as espécies invasoras, assim como

para evitar a progressão dos efeitos deletérios à biota nativa. Entretanto, ela necessita de

generalizações, que são difíceis de serem elaboradas e apresentam a desvantagem de não

levarem em conta a especificidade das espécies invasoras e dos ambientes nativos. Na tentativa

de criar previsões, têm sido propostas várias abordagens possíveis, tais como as características

do invasor (poder de invasão), as características do ambiente (suscetibilidade à invasão), a

relação entre o invasor e o ambiente, e o processo de invasão no tempo (Heger & Trepl 2003).

Mack (1996) fez uma análise crítica das metodologias para prever as invasões biológicas, listadas

a seguir em ordem crescente de eficácia:

a) elaboração de lista de espécies que foram invasoras em seu local nativo ou outro local;

b) elaboração de lista das características das espécies invasoras;

c) avaliação do potencial de invasão baseado em climas semelhantes;

d) elaboração de modelos matemáticos para prever o curso das invasões por plantas;

e) manipulação experimental do meio ambiente (por exemplo, em estufas controladas);

f) comparação detalhada entre congêneres;

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g) avaliação de espécies semeadas experimentalmente no local em estudo (sem a manipulação do ambiente);

h) avaliação de espécies semeadas experimentalmente no local em estudo, com a manipulação das condições do ambiente.

Como toda abordagem apresenta prós e contras e como nenhuma é superior a outra, a

combinação entre elas é o que confere a melhor estratégia (Vermeij 1996; Mack 1996).

Para construir a base das previsões, são necessárias informações comparativas, entre espécies e

ambientes. Por exemplo, distinguir as características das espécies invasoras que não são

compartilhadas pelas espécies exóticas que não foram bem sucedidas na colonização. Tal estudo

não é simples de ser realizado, pois depende de observações nos estágios muito iniciais da

introdução, sendo que uma espécie invasora geralmente só é detectada após ter atingido uma

abundância notável e as exóticas que não progridem podem passar despercebidas na

comunidade. Uma alternativa são os estudos manipulativos, através de semeadura, cultivo e

controle das variáveis abióticas e bióticas.

Um dos métodos para prever invasões é o desenvolvimento de modelos matemáticos baseados

nas características biológicas das espécies potencialmente invasoras, que pretendem prever o

risco de invasões ou detectar padrões de disseminação (Enserink 1999; Daehler & Carino 2000;

Rejmánek 2000; Pyšek et al. 2004). Nestes modelos, o que se discute são os processos

ecológicos considerados (dispersão de sementes, polinização, crescimento vegetativo etc) e as

variáveis que influenciam nos padrões de disseminação, tais como os eventos estocásticos e os

efeitos “Allee”. O nome do efeito “Allee” deriva do autor que criou o conceito e significa que um

indivíduo que estiver sujeito a um efeito desse tipo sofrerá um decréscimo de seu fitness quando a

densidade co-específica for baixa (Taylor et al. 2004). Um efeito “Allee” é forte quando resulta em

uma taxa de crescimento per capita negativa, ou seja, é abaixo de um limite que se a população

não o superar, será extinta. Em relação à invasão, teoricamente é aceito que um efeito “Allee”

pode alterar o padrão de distribuição espacial de uma espécie invasora (Davis et al. 2004). Por

exemplo, a limitação no número de doadores de pólen poderia diminuir a produção de sementes,

isto é, um fator demográfico que interfere no crescimento da população (Davis et al. 2004).

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A melhor estratégia contra as invasões biológicas é a prevenção. Primeiro, é necessário evitar a

introdução indiscriminada de espécies exóticas, mesmo em sistemas de cultivo, pois sempre

existe a possibilidade de escape a ambientes naturais. Quando a introdução deliberada ocorrer,

torna-se essencial monitorar as populações de exóticas e identificar as potencialmente invasoras.

Os planos de manejo de reservas naturais devem incluir medidas de prevenção e controle de

espécies invasoras, de maneira sistemática e prática. O manejo de espécies invasoras pode ser

feito a qualquer momento, mas pode atingir melhores resultados se as ações controladoras forem

tomadas nos primeiros estágios da invasão (Puth & Post 2005). O desafio é detectar as invasões

precocemente, pois geralmente as invasões só são identificadas quando os indivíduos da espécie

invasora já atingiram densidades notáveis. Na fase mais avançada da invasão, o controle é muito

dificultado, justamente pela magnitude da invasão e pelos efeitos já causados à comunidade

invadida.

A erradicação é a remoção de qualquer indivíduo ou propágulo de determinada espécie, ou então

é a redução da densidade populacional desta espécie a um nível abaixo do sustentável (Zavaleta

et al. 2001; Myers et al. 2000a). Apesar de ser vista como uma alternativa para eliminar espécies

invasoras, sua eficácia não é amplamente confirmada. Isso porque seu sucesso depende do

estágio que o processo de invasão atingiu, de recursos financeiros disponíveis e das

características do ambiente invadido (Myers et al. 2000a; Simberloff 2001). Como muitas vezes a

erradicação envolve o uso de herbicidas ou corte de plantas, o impacto da própria erradicação

pode ser negativo para a comunidade. No caso de invasores estabelecidos há muito tempo em um

local, os efeitos da sua eliminação na comunidade são imprevisíveis. Um dos efeitos possíveis é a

disseminação de outras exóticas após a erradicação de uma espécie invasora (Simberloff 2001).

Portanto, a adoção da erradicação deve ser criteriosa e apresentar uma boa relação custo e

benefício, além de envolver o monitoramento dos efeitos pós erradicação (Zavaleta et al. 2001).

Outra alternativa para o controle de invasoras pode ser a aplicação de controle biológico, cujas

vantagens são o baixo custo, a relativa segurança e a eficiência (Muller-Scharer et al. 2004).

Também pode ser adotado o uso de herbicidas, de modo que não atinja espécies nativas, que não

são o alvo do controle. Isto é, o uso de herbicidas deve ter ação específica e agir somente na

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planta invasora (Rice & Toney 1998). O excesso de herbicidas no controle pode causar a

transferência de substancias tóxicas para a cadeia alimentar, criando um problema talvez maior do

que a própria invasão.

O controle das invasões biológicas é dificultado quando uma espécie invasora é cultivada

comercialmente em áreas próximas aos ambientes naturais invadidos (de Wit et al. 2001; Pivello

et al. 1999). Deste modo, os focos de novas sementes/propágulos se mantém, e trabalham no

sentido oposto do controle: por mais que se extraiam indivíduos pelo controle, novos indivíduos

continuarão a se estabelecer, pela chegada de propágulos vindos de áreas externas (aliada à

reprodução local).

O sucesso do controle vai além dos métodos utilizados, pois depende de continuidade e

monitoramento dos resultados. Projetos que não são concluídos podem ter efeitos contrários, por

exemplo quando o uso de herbicida é iniciado mas não é feito até o final da eliminação da espécie

pode indiretamente colaborar para a seleção de indivíduos da espécie invasora que são

resistentes aos venenos. A longo prazo, pode ser mais difícil eliminar essas gerações. Os

programas de controle geralmente estão relacionados a órgãos administrativos públicos, sendo

imprescindível o planejamento e o embasamento científico para controles bem sucedidos.

As invasões biológicas estão longe de serem resolvidas, pois são um fenômeno que necessita ser

plenamente conhecido - isto é, ter sua dinâmica investigada - além de ser alvo de ações de

manejo efetivas para alcançar o controle adequado (Heywood 1989).

Embora as invasões biológicas sejam um fenômeno mundial, a maioria dos estudos parece não

ter sido desenvolvida em ambientes tropicais; este é um fenômeno mais conhecido nos países

desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento (Perrings et al. 2000; Pauchard et al. 2004).

Todos os ambientes naturais sofrem diversos tipos de impactos, com diferentes graus e efeitos.

Para definir prioridades de conservação, a fim de otimizar esforços e detectar as áreas com risco

mais iminente de perda de sua biodiversidade, podem ser considerados vários critérios. Uma das

propostas mais aceitas é a conservação prioritária dos hotspots de biodiversidade do mundo, as

“áreas quentes de biodiversidade”. Para ser considerada uma área quente, o grau de endemismo

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e de risco à biodiversidade devem ser altos; portanto, áreas quentes são áreas que apresentam

alta concentração de espécies endêmicas e sofrem uma perda excepcional de habitat (Myers et al.

2000b). As 34 áreas quentes englobam quase metade de todas as espécies de plantas existentes

no mundo (Mittermeier et al. 2004). Dentre as 34 áreas quentes atuais, 22 áreas (64,7%)

representam ecossistemas tropicais. Portanto, a maioria das áreas quentes identificadas está nos

trópicos (Mittermeier et al. 2004).

A maioria das 300.000 espécies de plantas conhecidas está em ambientes tropicais; as Américas

Central e do Sul apresentam cinco vezes mais espécies de plantas quando comparadas à América

do Norte (Pimm 2005). A floresta atlântica e o cerrado brasileiros somam 12400 espécies de

plantas endêmicas (Mittermeier et al. 2004); entretanto, restam apenas 20% de área de cerrado

em bom estado de conservação e 7,3% de remanescentes de floresta atlântica de suas formações

originais, segundo dados oficiais (IBAMA 2005).

A fragmentação das florestas tropicais levou a diversas extinções locais. O fato desses fragmentos

remanescentes estarem circundados por matrizes freqüentemente dominadas por espécies

exóticas, determina as altas probabilidades de invasão biológica (Turner 1996). Em quase todas

as florestas tropicais do mundo é possível encontrar pelo menos uma espécie exótica (Usher

1991). Em algumas florestas altamente perturbadas, as espécies exóticas chegam a predominar

na paisagem (Fine 2002): um exemplo alarmante de invasões biológicas em potencial.

Embora os ecossistemas tropicais sofram com as invasões, ainda são esparsos os estudos

específicos sobre esse processo nestes locais (Pivello et al. 1999). Isso acontece apesar das

invasões biológicas de modo geral, terem sido freqüentemente foco de atenção mundial nas

últimas duas décadas (Fine 2002). A falta de dados - ou sua pouca disponibilidade e divulgação -

forma uma lacuna na compreensão das causas, das conseqüências e do controle dessa ameaça,

dificultando generalizações (consideradas como extensões de conceitos que podem ser aplicados

em outros casos) além de não auxiliar na elaboração de ações de manejo nesses ecossistemas,

tão necessárias atualmente. O Brasil, por exemplo, mesmo sendo um país megadiverso e

responsável pela maior diversidade de plantas do mundo - com mais 55 mil espécies descritas,

cerca de 22% do total mundial (Ministério do Meio Ambiente 2005) - não possui listas e dados

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definitivos sobre essa diversidade e endemismo (Myers et al. 2000b), além de carecer de

diagnóstico completo da ameaça por plantas exóticas invasoras (Pyšek 1998). Na América do Sul,

a real dimensão do fenômeno da invasão por animais não está refletida na literatura atual

(Rodríguez 2001). No caso de plantas, o cenário pode ser o mesmo em todos os ambientes

tropicais. Esse caso é um reflexo do que ocorre em outras regiões tropicais que atravessaram

processos históricos similares: em sua maioria, países em desenvolvimento vivem o paradoxo de

possuírem os maiores índices de biodiversidade, ao mesmo tempo em que são os ambientes que

mais sofrem – e sofrerão - pressões antrópicas negativas, causando a perda dessa

megadiversidade (Jenkins 2003).

Materiais e Métodos

Seleção das revistas científicas

Para a revisão da literatura disponível, foram selecionadas oito revistas internacionais (tabela 1),

com ampla distribuição, analisadas em um período de dez anos, de janeiro de 1995 a dezembro

de 2004. Sete destas revistas foram selecionadas de acordo com seu índice de impacto, além de

levar em conta sua relevância para a Ecologia e Conservação Biológica. A oitava revista

(Biological Invasions) foi selecionada por sua especificidade sobre o assunto, apesar de não

apresentar índice de impacto registrado.

O índice de impacto (impact factor, If) é fornecido pelo Institute for Scientific Information (ISI), por

meio do Journal Citation Reports (JCR) e é calculado como segue:

recentesartigosdeNúmerorecentesartigosdeCitações

If =

Isto é, o número de citações no ano em questão (neste caso, 2003) de artigos dos anos anteriores

é dividido pelo número total de artigos publicados nos dois anos anteriores. Por exemplo, se uma

revista publicou 40 artigos em 2000 e 43 artigos em 2001, tem um total de 83 artigos no período.

Se esta mesma revista tiver 20 artigos de 2000 e 10 artigos de 2001 citados durante 2002

(possuindo um total de 30 artigos citados), o índice desta revista será 0,361:

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20

361,08330 ==If

Deste modo, o If é um índice que representa a importância relativa, para ser utilizado em

comparações entre revistas do mesmo tema de estudo. Por isso, foi utilizado como um dos

principais critérios na escolha das revistas a serem revisadas.

Apesar do índice de impacto não ser o único parâmetro para definir a importância das revistas, ele

é um índice sistemático e confiável. Não por coincidência, as revistas que pelo menos possuem o

índice de impacto calculado e estão na lista do ISI (mesmo que este índice seja pequeno) são

aquelas amplamente consultadas e citadas (ISI Web of Knowledge 2005).

Tabela 1. Lista das revistas internacionais utilizadas na revisão bibliográfica, com busca refinada, classificadas por ordem decrescente de índice de impacto. O índice de impacto é relativo a 2003, o dado disponível mais atualizado (ISI Web of Knowledge 2005). (*) A revista Biological Invasions não está classificada e não possui índice de impacto.

Revista internacional Índice de impacto

Trends in Ecology and Evolution 12,449 Ecology Letters 4,211 Ecology 3,701 Journal of Ecology 2,833 Oikos 2,142 Biological Conservation 2,056 Journal of Tropical Ecology 0,961 Biological Invasions (*)

Busca dos artigos sobre o tema de interesse

Para encontrar todos os artigos relacionados a invasões biológicas por plantas terrestres, foram

consultados todos os índices de conteúdo das oito revistas, nos volumes publicados entre janeiro

de 1995 e dezembro de 2004. A seleção dos artigos foi feita a partir do título e do resumo do artigo

e quando estes deixavam dúvidas quanto ao conteúdo, foi lida parte do artigo.

Artigos teóricos sobre invasão biológica em geral, que consideravam tanto plantas quanto animais,

também foram incluídos. Não foram considerados os artigos exclusivamente sobre plantas

aquáticas, fungos e animais, além dos trabalhos que estudaram plantas introduzidas ou exóticas,

mas que não abordaram o fenômeno da invasão. Também foram excluídos artigos sobre plantas

daninhas, pois dizem respeito a plantas indesejáveis na agricultura.

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As pesquisas foram realizadas por meio das páginas eletrônicas oficiais de cada revista,

disponíveis na rede mundial de computadores (WWW), ou pela leitura de periódicos em biblioteca.

Para confirmar que nenhum artigo havia sido ignorado através dessa busca, também foi utilizada a

busca por palavra-chave nas páginas eletrônicas oficiais das revistas, comparando-se os

resultados dos dois métodos. Nesta busca, foram utilizados os seus formulários de busca

avançada, por meio de parte da palavra, inserindo o termo “inva???” no campo de busca por título,

abstract e palavra-chave. Deste modo, retornaram resultados com artigos que continham palavras

que começavam com “inva”, com o objetivo de filtrar palavras como “invasion”, “invader”,

“invasibility”, “invaseveness” etc.

Classificação e análise dos artigos

Após a etapa anterior, todos os artigos selecionados sobre invasão biológica foram lidos para

serem posteriormente classificados de acordo com as características descritas na tabela 2.

Os artigos foram classificados conforme a data de publicação, e quanto ao caráter teórico ou

prático (estudos de caso) (tabela 2). Os artigos teóricos se caracterizavam por abordar as

definições, hipóteses, teorias ou modelos relacionados à invasão biológica; seus conteúdos eram

mais abrangentes e generalistas, pois não determinavam espécies ou locais. Já os artigos sobre

estudos de caso eram aqueles referentes a pesquisas empíricas, realizadas em locais específicos,

ou sobre determinadas espécies de plantas terrestres.

Os artigos teóricos foram classificados em três tipos básicos: modelagem, síntese de evento, e

essencialmente teórico. Os primeiros eram artigos que propunham modelos matemáticos para

explicar ou prever padrões ecológicos. Já as sínteses de eventos descreviam as principais

discussões e conclusões resultantes de congressos, simpósios ou reuniões sobre invasões

biológicas. Os artigos essencialmente teóricos discorriam sobre definições, teorias, hipóteses e

proposições sobre o tema. Também foram classificados pelo tema abordado, baseando-se nas

principais perguntas pertinentes ao assunto (tabela 2).

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22

Tabela 2. Critérios de classificação dos artigos.

Tipo 1. Modelagem 2. Síntese de evento 3. Essencialmente teórico

Tema 1. Poder de invasão 2. Suscetibilidade à invasão 3. Previsão de invasão 4. Impacto da invasão

Artigos teóricos

5. Controle da invasão

Tema 1. Poder de invasão 2. Suscetibilidade à Invasão 3. Capacidade de prever invasão 4. Prevenção/Controle 5. Impacto da invasão 6. Diagnóstico da invasão

Local de Estudo 1. Américas do Sul e Central 2. América do Norte 3. Ásia 4. África 5. Europa 6. Oceania 7. Regiões Ártica e Antártica

Região/Vegetação

1. Tropical 2. Não tropical 3. Experimental

Tipo de planta

1. Gramínea 2. Herbácea não gramínea 3. Arbórea 4. Arbustiva 5. Outra

Origem da planta invasora 1. Américas do Sul e Central 2. América do Norte 3. Ásia 4. África 5. Europa 6. Oceania

Artigos de estudos de caso

7. Regiões Ártica e Antártica

Os artigos teóricos foram analisados quanto às teorias propostas. Foi feita uma revisão e uma

síntese das principais idéias apresentadas.

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23

Os artigos sobre estudos de caso foram classificados a partir dos critérios descritos na tabela 2. A

partir dessas classificações, foram quantificados os diferentes tipos de estudos de caso.

Para classificar os artigos quanto ao local onde o estudo de caso foi realizado, primeiramente foi

considerado o continente ao qual o ecossistema está relacionado. Outra classificação foi feita

entre ambiente tropical e ambiente não tropical. Essa distinção entre trópico e não trópico foi

baseada em Wallace (1876), Cox (2001) e Osborne (2000). Estudos realizados em estufas ou em

laboratório foram classificados como experimentais. No caso de ecossistemas ligados

politicamente a países que fazem parte das regiões não tropicais mas que geograficamente se

encontram na faixa dos trópicos e/ou apresentam ecossistemas com características tropicais

foram considerados tropicais. Um exemplo é o Havaí, que foi classificado como “América do

Norte” e como “tropical”.

Os resultados da classificação dos artigos quanto aos critérios descritos foram expressos sob a

forma de gráficos de barras ou gráficos de roscas. Alguns dos critérios também foram

relacionados entre si, por meio de gráficos de dispersão de bolhas.

Resultados

Geral

Foram publicados aproximadamente 6880 artigos nas oito revistas estudadas, no período de

janeiro de 1995 a dezembro de 2004, sobre os mais variados assuntos em Ecologia. Dentre eles,

foi encontrado um total de 239 artigos sobre plantas invasoras em ambientes terrestres (tabela 3).

Tabela 3: Número de artigos publicados sobre plantas invasoras em ambientes terrestres nas oito revistas analisadas, no período de 1995 a 2004. (E): Estudos de caso; (T): Artigos teóricos; BC: Biological Conservation; BI: Biological Invasions; EC: Ecology; EL: Ecology Letters; JE: Journal of Ecology; JT: Journal of Tropical Ecology; OK: Oikos; TR: Trends in Ecology and Evolution. Revistas criadas após 1995 estão com “ * ” nos anos em que não haviam sido criadas.

BC BI EC EL JE JT OK TR

Ano (E) (T) Total (E) (T) Total (E) (T) Total (E) (T) Total (E) (T) Total (E) (T) Total (E) (T) Total (T) Total Total

1995 2 0 2 * * * 1 0 1 * * * 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 4

1996 3 6 9 * * * 2 7 9 * * * 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 19

1997 0 0 0 * * * 1 0 1 * * * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

1998 4 0 4 * * * 3 0 3 * * * 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2 2 10

1999 0 1 1 13 4 17 2 1 3 2 0 2 2 0 2 0 0 0 0 1 1 1 1 27

2000 2 0 2 7 2 9 0 1 1 2 1 3 1 1 2 2 0 2 2 0 2 2 2 23

2001 7 0 7 8 0 8 1 0 1 3 0 3 0 0 0 0 0 0 2 3 5 3 3 27

2002 2 0 2 16 0 16 4 0 4 1 1 2 1 0 1 1 1 2 4 2 6 6 6 39

2003 1 0 1 8 3 11 8 2 10 2 0 2 3 0 3 0 0 0 3 0 3 0 0 30

2004 1 0 1 18 5 23 7 4 11 6 2 8 3 1 4 2 0 2 5 1 6 4 4 59 Total 22 7 29 70 14 84 29 15 44 16 4 20 11 2 13 6 1 7 17 7 24 18 18 239

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24

A produção de artigos, nas revistas que foram aqui consideradas, sobre invasão biológica por

plantas mostra uma tendência de aumento ao longo do tempo, tanto dos teóricos quanto dos

estudos de caso (figura 2).

O número maior de publicações em 1996 (quando comparado com 1995 e 1997) se justifica pela

edição de um número especial da revista Ecology (volume 77, número 6, em setembro de 1996:

“Advances in Invasion Ecology”), que publicou um total de 5 artigos exclusivamente sobre invasão

0

10

20

30

40

50

60

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Ano de publicação

Núm

ero

de a

rtig

os p

ublic

ados

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Méd

ia d

e ar

tigos

pub

licad

os p

or

revi

sta

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Ano de publicação

Núm

ero

de a

rtig

os p

ublic

ados

A

B

Figura 2. Número de artigos publicados sobre plantas invasoras em ambientes terrestres no período de 1995 a 2004, nas oito revistas consultadas. A: número total (barras laranjas) e média de artigos publicados por revista, por ano (linha azul); B: estudos de casos (barras vermelhas) e teóricos (barras azuis) separadamente.

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25

biológica. Neste mesmo ano, a revista Biological Conservation publicou dois números especiais

sobre o assunto (volume 78, números 1 e 2, em outubro e novembro de 1996: “Invasion Biology”),

contribuindo com 6 artigos. Já em 1997, o número de artigos publicados decaiu, provavelmente

pelo “esgotamento” do tema com tantas publicações no ano anterior. O ano com maior número de

artigos publicados foi 2004, com 59 artigos.

O número de revistas consideradas durante os dez anos foi variável, porque a revista Ecology

Letters foi criada em 1998 e a revista Biological Invasions foi criada em 1999. Portanto, para

investigar se o número diferente de revistas estaria contribuindo de modo desigual para a

tendência de aumento no número de artigos publicados nos últimos anos, foi calculada a média de

artigos publicados por revista (figura 2 A). Essa média confirmou a tendência de aumento, apesar

da criação das duas revistas após 1995. A própria criação da revista Biological Invasions, que é

uma revista direcionada para o estudo de invasões biológicas, é um indício do aumento do número

de artigos publicados sobre o tema, além do aumento do interesse sobre o fenômeno.

Considerando o total de artigos publicados no intervalo de tempo definido, a revista que mais

publicou artigos sobre o tema foi a Biological Invasions, com 84 artigos (35,15%), seguida pela

revista Ecology, com 44 artigos (18,41%). Em seguida, as revistas Biological Conservation (29

artigos; 12,13%), Oikos (24 artigos; 10,04%), Ecology Letters (20 artigos; 8,37%); Trends in

Ecology Evolution and Systematics (18 artigos, 7,53%), Journal of Ecology (13 artigos; 5,44%) e

Journal of Tropical Ecology (7 artigos; 2,93%) (figura 3, tabela 3).

Dos 239 artigos, 171 (71,55%) são estudos de caso e 68 (28,45%) são artigos teóricos (figura 4).

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26

Estudos de caso

Entre as oito revistas analisadas, a revista que mais publicou estudos de caso foi a Biological

Invasions (70 artigos; 40,94%), seguida por Ecology (29 artigos; 16,96%), Biological Conservation

(22 artigos; 12,87%), Oikos (17 artigos; 9,94%), Ecology Letters (16 artigos; 9,36%), Journal of

Ecology (11 artigos; 6,43%) e Journal of Tropical Ecology (6 artigos; 3,51%) (tabela 3 e anexo 1).

A revista Trends in Ecology Evolution and Systematics não publicou estudos de caso no período

considerado, provavelmente porque apresenta um perfil mais teórico.

Nos estudos de caso, o tema mais abordado foi a suscetibilidade à invasão de determinado

ambiente (43 artigos; 25,15%), seguido do efeito/impacto da invasão (36 artigos; 21,05%), do

poder de invasão da planta (32 artigos; 18,71%), do diagnóstico da invasão (26 artigos; 15,20%),

do poder de invasão e suscetibilidade à invasão (23 artigos; 13,45%) e da prevenção/controle (5

artigos; 2,92%); os outros temas (ou mais de um ao mesmo tempo) tiveram apenas um artigo

(tabela 3 e figura 5).

171

68

Estudos de caso Teóricos

Figura 3. Número de artigos publicados sobre plantas invasoras no período de 1995 a 2004, nas oito revistas consultadas. BC = Biological Conservation; BI = Biological Invasions; EC = Ecology; EL = Ecology Letters; JE = Journal of Ecology; JT = Journal of Tropical Ecology; OK = Oikos; TR = Trends in Ecology and Evolution.

Figura 4. Número de artigos teóricos e estudos de caso publicados sobre plantas invasoras no período de 1995 a 2004, nas oito revistas consultadas.

84

4429

24

20

18

137

BI

EC

BC

OK

EL

TR

JE

JT

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27

Figura 5. Número de artigos referentes a estudos de caso publicados com diferentes temas sobre plantas invasoras, no período de 1995 a 2004, nas oito revistas consultadas.

A maioria dos estudos de caso pesquisou apenas um tipo de planta invasora (117 artigos;

68,42%). Nestes estudos que se restringiram a apenas um tipo, a maioria era sobre herbáceas

(exceto gramíneas, 42 artigos; 35,90%) e gramíneas (34 artigos, 29,06%). Portanto, todas as

herbáceas, incluindo as gramíneas, são responsáveis por mais da metade desses estudos de

caso (64,96%) (figura 6). Os estudos de caso sobre arbustivas somaram 21 artigos (17,95%) e as

arbóreas, 20 (17,09%).

43

36

32

26

23

5 11

31 Suscetibilidade à invasão

Impacto da invasão

Poder de invasão

Diagnóstico

Poder de invasão + suscetibilidade à invasão

Prevenção/Controle

Capacidade de prever invasão

Poder de invasão + prevenção/controle

Capacidade de prever invasão +prevenção/controle + diagnósticoOutros

Figura 6. Número de artigos de estudos de caso publicados com apenas um tipo de planta.

42

34

21

20

Herbácea não gramínea

Gramínea

Arbustiva

Arbórea

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28

O local mais freqüente da realização dos estudos de caso foi a América do Norte, com mais da

metade dos estudos de caso, totalizando 92 artigos (53,50%), seguido da Europa (21 artigos;

12,28%), Oceania (16 artigos; 9,36%), Américas do Sul e Central (13 artigos; 7,60%), e África (11

artigos; 6,43%), América do Norte e Europa (4 artigos; 2,34%) e Regiões ártica e antártica (2

artigos; 1,17%) (figura 7). Apenas 7 artigos estudaram mais de dois locais (4,09%). Há uma

grande concentração dos artigos na América do Norte e Europa, em contraste com a pouca

quantidade de artigos sobre a América Central e do Sul, África e Ásia.

Classificando os locais de estudo em tropicais ou não, observou-se que a proporção de estudos

de caso desenvolvidos em locais não tropicais foi muito superior (98 artigos) do que os estudos de

caso em ambientes tropicais (46). Alguns artigos foram realizados em laboratório ou estufas (17) e

outros abordaram tanto ambientes tropicais quanto não tropicais (10) (figura 8).

Figura 7. Número de artigos de estudos de caso publicados em diferentes locais de estudo.

92

21

16

13

114 2 11 71

11América do Norte

Europa

Oceania

Américas do Sul e Central

África

América do Norte e Europa

Regiões ártica e antártica

Ásia

Américas do Sul, Norte e Central

América do Norte e Oceania

África e Europa

Europa e Oceania

Mais de dois locais

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29

Como muitos estudos de casos abordaram mais de uma espécie de plantas, havia diversos locais

de origem destas plantas envolvidos; também havia espécies cuja origem era relatada a dois ou

mais locais diferentes. Por isso, 89 artigos apresentavam mais de um local de origem da(s)

planta(s) invasora(s) envolvida(s) (figura 9B). Oito estudos de caso abordaram espécies cujas

origens não puderam ser identificadas. Naqueles em que apenas um local de origem foi estudado,

as origens mais freqüentes das plantas foram Ásia e Europa (20 e 18 artigos, respectivamente),

seguidos de América do Norte (14 artigos), Américas do Sul e Central (11 artigos), África (7

artigos) e Oceania (4 artigos). Entre os estudos de caso que consideraram dois locais de origem,

15 artigos tratavam sobre espécies nativas da Europa e da Ásia (figura 9).

46

98

10

17 Tropical

Não tropical

Misto

Experimental

Figura 8. Número de artigos de estudos de caso publicados em ambientes tropicais, não tropicais, em ambos (misto) ou em laboratório/condições experimentais (experimentais)

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30

Nos estudos de caso com apenas um local de estudo e com apenas um local de origem da planta

invasora, relacionando os dois tipos de locais, foi encontrada uma grande parcela de artigos cujo

estudo ocorreu na América do Norte, sobre espécies invasoras nativas da Ásia (16 artigos) e

espécies invasoras nativas da Europa (14 artigos) (figura 10).

Figura 9. Número de artigos de estudos de caso publicados sobre plantas com diferentes origens. A: apenas um local de origem; B: mais de um local de origem.

61

15

4

2111

11

11

Mais de duas origens

Ásia e Europa

Ásia, África e Europa

América do Sul e África

América do Sul e América do Norte

América do Sul e Europa

América do Norte e Ásia

América do Norte e África

Ásia e África

Ásia e Oceania

África e Europa

20

1814

11

74

Ásia

Europa

América do Norte

Américas do Sul e Central

África

Oceania

A

B

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31

Nos estudos de caso com apenas um local de estudo e com apenas um tipo de planta, foi

encontrado um maior número de publicações sobre gramíneas e outras herbáceas na América do

Norte, somando 74 artigos (figura 11).

Nos estudos de caso com um tipo de planta invasora e apenas um local de origem, observou-se

uma quantidade maior de artigos sobre gramíneas invasoras originárias da Europa (18 artigos) e

da Ásia (19 artigos) (figura 12).

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Local de realização do estudo

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Loca

l de

orig

em d

a pl

anta

inva

sora

Figura 10: Número de artigos de estudos de caso publicados sobre plantas invasoras com apenas um local de origem (excecao para “Europa e Ásia”). Legenda dos eixos: 1: Américas do Sul e Central; 2: América do Norte; 3: Ásia; 4: África; 5: Europa; 6: Oceania; 7: Antártica; 8: Europa e Ásia.

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32

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Local de realização do estudo

0

1

2

3

4

5

Tipo

de

plan

ta in

vaso

ra

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33

Artigos teóricos

A revista com maior número de publicações de artigos teóricos foi a Trends in Ecology Evolution

and Systematics (18 artigos; 26,47%), seguida de Ecology (15 artigos; 22,06%), Biological

Invasions (14 artigos; 20,59), Biological Conservation e Oikos com 7 artigos cada (10,29% cada),

Ecology Letters (4 artigos; 5,88%), Journal of Ecology (2 artigos; 2,94%) e Journal of Tropical

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Local de origem da planta invasora

0

1

2

3

4

5

Tipo

de

plan

ta in

vaso

ra

Figura 12: Número de artigos de estudos de caso publicados sobre plantas invasoras com apenas um local de origem (excecao para “Europa e Ásia”) e um tipo de planta. Legenda dos eixos: Local de origem: 1: Américas do Sul e Central; 2: América do Norte; 3: Ásia; 4: África; 5: Europa; 6: Oceania; 7: Antártica; 8: Europa e Ásia. Tipo de planta: 1: herbácea não gramínea; 2: gramínea; 3: arbustiva; 4: arbórea.

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34

Ecology (1 artigo; 1,47%) (tabela 3). Entre os artigos teóricos, a maioria é do tipo “essencialmente

teórica” (42 artigos), seguida dos artigos que propõem modelos (18 artigos), enquanto as sínteses

de eventos totalizaram 8 artigos.

A maioria dos artigos teóricos abordou o poder de invasão da espécie (18 artigos; 26,47%),

seguido da suscetibilidade à invasão (14 artigos; 20,59%) e do efeito/impacto da invasão (13

artigos; 19,12%) (figura 13).

Padronização da terminologia

Neste trabalho, é proposta a padronização do uso de alguns termos referentes a plantas

invasoras, tais como fases do processo e tipos de plantas, descritos na tabela 4 e esquematizados

na figura 14 e baseados na literatura disponível. Os termos mais gerais também podem ser

aplicados a animais. Essa proposta pode ser útil para a padronização do uso desses conceitos em

planos de manejo, levantamentos florísticos, criação de banco de dados, educação ambiental (por

exemplo nos materiais didáticos), legislação, publicação de dados científicos, entre outros.

Quanto à determinação de etapas do processo, foram encontradas algumas propostas na

literatura. Sinteticamente, as fases da invasão biológica seriam definidas como introdução,

estabelecimento e disseminação. Para a terminologia para plantas invasoras, são propostas

neste trabalho duas grandes categorias de plantas, sendo que a segunda é subdividida em três

tipos:

18

14

13

9

8

33

Poder de invasão

Suscetibilidade à Invasão

Efeito/Impacto da invasão

Poder de invasão esuscetibilidade à Invasão

Capacidade de prever invasão

Controle

Outros

Figura 13. Número de artigos teóricos publicados com diferentes temas sobre plantas invasoras, no período de 1995 a 2004, nas oito revistas consultadas.

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35

1. Plantas nativas 2. Plantas exóticas

2.1. Plantas exóticas casuais 2.2. Plantas naturalizadas 2.3. Plantas invasoras

Observar que as plantas naturalizadas e invasoras são necessariamente exóticas, portanto esse

termo pode ser omitido.

Muitas vezes, não é possível ter certeza se uma espécie é exótica ou nativa, principalmente se é

uma planta que está estabelecida há muito tempo em um local. Isso porque faltam muitos dados

confirmados sobre possíveis introduções que ocorreram no passado. Daí a dificuldade em

determinar com certeza se uma espécie é nativa ou se foi introduzida em um passado distante e

não possui registros ou evidências. Essas plantas podem ser definidas como plantas

criptogênicas (Carlton 1996). As espécies criptogênicas podem ser muito comuns, mas é difícil

quantificá-las ou identificá-las. A utilização deste termo como outra categoria de definição seria

útil, principalmente nos estudos mais refinados sobre plantas invasoras. Esse termo é uma medida

de cautela, para não haver a rotulação indiscriminada entre plantas exóticas e nativas (Carlton

1996).

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Figura 14. Etapas desde a importação de uma espécie exótica. Proposto com base em Sakai et al. (2001), Kolar & Lodge (2001) e Richardson et al. (2000).

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36

Tabela 4: Glossário com definições relacionadas à invasão biológica por plantas com base nas seguintes referências: a: Kolar & Lodge (2001); b: Carlton (1996); c: Lee (2002); d: Richardson et al. (2000); e: Mack (1996); f: Sakai et al. (2001); g: Prieur-Richard & Lavorel (2000); h: Williamson & Fitter (1996ª); i: Lonsdale (1999); j: Pitelli (1985) apud Soares et al. (2004).

Termo Definição

Espécie nativa Uma espécie encontrada em seu local de origem a, incluindo as invasões pré-históricas b. Sinônimo: espécie indígena.

Espécie exótica Espécie nativa de outro habitat, não encontrada anterior e naturalmente em determinado local, introduzida no local devido à ação (intencional ou não, direta ou indireta) do ser humano d, a. Sinônimos: espécies não nativas, espécies não indígenas, espécies alienígenas d.

Espécie introduzida Uma espécie exótica trazida a um local onde antes era ausente; pode ser capaz de se estabelecer ou não (casual); pode vir a ser uma invasora ou não c.

Espécie naturalizada

Uma espécie exótica com uma população auto-sustentável. Sinônimo: espécie estabelecida a.

Espécie exótica casual

As exóticas casuais são exóticas introduzidas em um novo local, mas que não se estabelecem (por vários motivos, por exemplo, a falta de adaptação ao clima), portanto não formam populações viáveis d.

Espécie invasora Espécie exótica introduzida em um novo habitat, através da intervenção humana (intencional ou não) a, d; a partir deste ponto de introdução, dissemina-se e se torna abundante a; gera descendentes reprodutivos – geralmente em número elevado - e mantém populações durante muitos ciclos de vida, independentemente da intervenção posterior do ser humano; além disso, causa impactos em seu novo habitat j

Espécie criptogênica

Espécie que não pode ser classificada nem como nativa nem como exótica, por causa da falta de dados que poderia distinguir o movimento de plantas e animais mediado pelos seres humanos ao longo da história b .

Invasão biológica É o processo de introdução, estabelecimento e disseminação de uma espécie invasora f; a persistência de uma espécie invasora não é dependente da intervenção humana deliberada e.

Suscetibilidade à invasão

É a suscetibilidade intrínseca de uma comunidade ou ambiente vir a sofrer invasão (em inglês, invasivibility) por espécies exóticas antes ausentes g, h.

Poder de invasão O poder de invasão (em inglês, invasiveness) é a capacidade dinâmica de uma espécie exótica invadir com sucesso comunidades nas quais a espécie não existia anteriormente g, i.

Colonização Expansão natural da espécie, ocupando novas áreas; distinta da invasão biológica c .

Pressão de propágulo

É o número de propágulos que chegam em um local h.

Planta daninha É uma planta (não necessariamente exótica) que ocorre onde não é desejada e que, de algum modo, promove prejuízos às atividades do homem j (em inglês: weed). Termo associado ao universo agronômico.

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Discussão

As definições relacionadas às invasões biológicas estiveram presentes em grande parte dos

trabalhos. Entretanto muitos conceitos distintos foram usados, inclusive ao definirem as mesmas

coisas. Para facilitar a compreensão do processo, uma solução é padronizar os conceitos e adotar

definições o mais completas possível, para não dar margem a mal-entendidos. Uma definição

completa de plantas invasoras deve levar em conta a origem da planta, sua resposta ao novo

ambiente e seus efeitos na biota local, além das etapas envolvidas no processo e o agente

causador. Alguns autores não consideram apenas o ser humano como agente de introdução de

espécies invasoras (Vermeij 1996; Carlton 1996), incluindo o resultado de mudanças climáticas e

tectônicas e/ou expansões naturais. Entretanto, a colonização seria o termo mais adequado a

esse tipo de transporte (Lee 2002) e as invasões devem ser consideradas apenas como resultado

direto ou indireto da ação humana. O termo colonização, e não invasão, deve também ser o

utilizado para descrever sucessão vegetal local (Richardson et al. 2000). Também não é adequado

referir-se a uma planta nativa como invasora, mesmo quando sua abundância é muito maior do

que outras nativas do ambiente. Além disso, é preferível utilizar o termo “plantas invasoras”

apenas para invasões em ambientes naturais e “plantas daninhas” para o que ocorre em culturas

agrícolas.

É preferível considerar que toda planta invasora é exótica, ou seja, não-nativa ao local invadido.

Isso porque uma espécie nativa, por mais abundante que seja, teria sua distribuição regulada

pelos mesmos fatores das outras nativas, pois também sofreu os mesmos regimes de seleção e

seria “a esperada” ou “natural”. Portanto, não se deve usar o termo “planta exótica invasora”, pois

seria redundante.

Ao longo da última década, houve uma tendência de aumento da publicação de artigos sobre

plantas invasoras. Esse aumento já havia sido observado em trabalhos anteriores, como Kolar &

Lodge 2001, que detectaram um grande aumento no número de publicações sobre as

características das espécies invasoras (animais e plantas), no período de 1986 a 1999. Puth &

Post (2005) revisaram mais de 800 artigos sobre invasão biológica em ambientes terrestres e

aquáticos, a fim de analisar a fase da invasão investigada nos artigos e destacou que o número de

publicações anuais havia quadruplicado entre 1995 e 2004. A maior atenção voltada para as

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invasões é um avanço, pois este é um problema só menos degradador ao meio ambiente do que a

perda e a fragmentação dos habitas. Mas uma observação mais refinada dessas publicações é

necessária, a fim de estabelecer os temas menos explorados e que carecem de visibilidade. Este

é o caso do presente trabalho, que traz informações inéditas sobre a comparação entre os estudos

desenvolvidos em ambientes tropicais e não tropicais.

Dentre os artigos acerca de estudos de caso, houve uma grande heterogeneidade nos temas

abordados. Entretanto, essa variedade não foi a mesma no caso dos locais de estudo e do tipo de

planta invasora estudada. A maioria dos estudos se concentrou em ambientes da América do

Norte (principalmente em ecossistemas da Califórnia), com o estudo de herbáceas invasoras. A

maior parte dos artigos era composta por estudos em ambientes da América do Norte sobre

plantas invasoras originárias da Europa ou Ásia. Provavelmente, isso se deve à própria história do

continente norte-americano, que foi colonizado por europeus e cujo comércio sempre sofreu

grande influência européia e asiática. A grande freqüência de estudos sobre herbáceas se remete

à natureza dos principais ecossistemas norte-americanos, entre eles aqueles onde as gramíneas e

herbáceas predominam. Ambientes naturais das Américas do Sul e Central, como as florestas

tropicais, foram pouquíssimo investigados nos artigos revisados, apesar da grande extensão

territorial que ocupam e da imensa biodiversidade destes locais.

A maioria dos artigos foi desenvolvida em áreas de estudo localizadas em ambientes não

tropicais. Paradoxalmente, a maior biodiversidade do Planeta se concentra em locais pouco

representados nos artigos consultados, como América do Sul, América Central e África, que

apresentam vários tipos de ecossistemas tropicais. Em termos de riqueza de espécies, a diferença

é evidente: 85000 das 300000 espécies de plantas conhecidas estão na América do Sul e Central,

enquanto na América do Norte estão 17000 espécies (Pimm 2005).

Os resultados sugerem que o problema da invasão biológica por plantas terrestres em ambientes

tropicais não está sendo suficientemente publicado e – por conseqüência – não tem sido

amplamente divulgado em revistas científicas nos últimos dez anos, embora mereça atenção

especial. São várias as explicações possíveis, entre elas está o fato de todas as revistas serem

originárias da Europa e América do Norte; pode-se supor que os artigos sobre ecossistemas

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destes locais sejam preferencialmente aceitos, em detrimento àqueles sobre ecossistemas de

outros locais do mundo. Também é possível que um menor número de artigos sobre plantas

invasoras em ambientes tropicais tenham sido submetidos e aceitos nas revistas, quando

comparados aos artigos sobre os outros tipos de ambientes. Um fator importante pode ser o

menor número de centros de pesquisa e pesquisadores nos países em desenvolvimento. Não é

possível testar essas hipóteses neste trabalho, mas algumas considerações podem ser feitas.

Apesar de todas as revistas consultadas serem editadas na Europa ou América do Norte, os

critérios de seleção dos artigos não fazem distinção quanto aos locais onde os estudos foram

desenvolvidos. Outros critérios são utilizados, tais como originalidade, abordagem ecológica,

contribuição para a ciência ou interesse geral. A revista Oikos, por exemplo, apesar de ser editada

pela “Nordic Society OIKOS”, descreve que ”não tem preconceito quanto a táxon, biomas ou áreas

geográficas”. Portanto, é pouco provável que haja uma escolha preferencial por ecossistemas

temperados em detrimento aos ecossistemas tropicais, até mesmo por haver um grande

curiosidade mundial em relação aos trópicos.

O número de artigos sobre ambientes tropicais submetidos não está disponível nas páginas

eletrônicas oficias das revistas consultadas, apenas os artigos aceitos. Por isso é difícil saber a

proporção ente artigos enviados e artigos efetivamente aceitos e compará-la aos outros ambientes

não tropicais. Baseando-se apenas pelos resultados desse trabalho é possível apenas supor que

a produção de artigos sobre invasão nos trópicos realmente é pequena e está aquém da sua real

importância.

A quantidade inferior de artigos sobre os trópicos pode estar relacionada com o fato de que a

maioria dos ambientes tropicais se encontram em países em desenvolvimento. Uma vez que o

conhecimento científico não é de patrimônio particular, geralmente as pesquisadas estão

condicionadas ao financiamento das instituições governamentais (May 1998) e a parcela de

verbas públicas destinadas ao desenvolvimento científico depende tanto da própria situação

econômica quanto das políticas de investimento de cada país. Por exemplo, apenas 12 países

desenvolvidos do mundo são responsáveis por 80% de todo investimento em pesquisa e

desenvolvimento (May 1998), indicando que os países desenvolvidos dispõem de muito mais

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apoio financeiro para pesquisa do que os paises em desenvolvimento. Portanto, esse é um fator

que certamente contribui para o desequilíbrio da produção científica entre países desenvolvidos e

países em desenvolvimento, sendo que as publicações científicas são apenas um dos indicadores.

Os poucos artigos encontrados nas revistas aqui pesquisadas sobre plantas invasoras terrestres

em ambientes tropicais, não significam necessariamente que existam poucos estudos efetivos

sobre os trópicos. O que pode ser inferido é que os estudos não estejam formalizados em artigos

publicados nas revistas aqui analisadas. Portanto, apesar da existência de estudos sobre esse

tema (ver Instituto Hórus 2006; Pivello et al. 1999; Dislich et al. 2002), estes estão registrados

apenas em instituições de pesquisa ou em meios menos visíveis ou de menor penetração na

comunidade científica. A desvantagem em não se publicar um estudo é a menor divulgação das

informações através de um método amplamente utilizado pelos cientistas. Projetos de

conservação, planos de manejo, políticas ambientais – entre outros - precisam ser baseados em

dados científicos comprovados. Por esse motivo, geralmente os artigos científicos são utilizados

como base de dados.

A produção científica em revistas de grande distribuição e de alto impacto é um indicador dos

principais estudos desenvolvidos internacionalmente. A pequena proporção de artigos publicados

sobre os trópicos indica a carência de projeção mundial sobre esse assunto específico, além de

destacar a falta de uma massa de dados consistentes e organizados, o que permitiria o avanço na

compreensão do fenômeno. Do mesmo modo, acarreta em dificuldade de propor estratégias de

conservação efetivas para os ambientes tropicais afetados que necessitam de base teórica e

empírica sobre o agente de degradação nos seus locais de impacto.

A escassez de dados sobre os trópicos atinge todos os processos relacionados à invasão, desde a

fase de diagnóstico até a de solução de problemas, passando pela caracterização de espécies

invasoras, comunidades e habitats invadidos, bem como a previsão por meio de modelos.

A ecologia das plantas invasoras está se desenvolvendo rapidamente, mas baseada em dados

teóricos e empíricos que não englobam toda a diversidade do Planeta, tanto de ambientes como

de organismos. As desvantagens são muitas. Uma delas é a dificuldade em interpretar dados

comparativos entre ambientes tropicais e ambientes não tropicais, por causa da menor quantidade

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de dados do primeiro. Portanto, apesar do avanço da ecologia de plantas invasoras, ainda é difícil

utilizar esse progresso nos ambientes tropicais, pois faltam informações baseadas nas diferenças

entre eles, isto é, específicas a esses ecossistemas. Por exemplo, a importante discussão sobre o

papel da diversidade do ambiente na sua vulnerabilidade à invasão poderia ser mais facilmente

esclarecida com mais estudos nos trópicos, pois são ambientes altamente diversos. Por enquanto,

não é possível medir a real diferença entre a suscetibilidade à invasão em ambientes tropicais e

temperados, pois erroneamente pode parecer que os ambientes tropicais são muito menos

invadidos, quando isso pode ser o resultado de um diagnóstico ainda muito inicial. Lonsdale

(1999) comparou o “Velho” e o “Novo Mundo”, analisando dados disponíveis sobre suscetibilidade

à invasão nessas duas regiões, baseado em listas de flora de 184 locais. Entre outras conclusões,

apontou que o Novo Mundo seria menos suscetível à invasão, mesmo concordando que havia

pouca informação sobre a América do Sul e Ásia. Novos dados sobre essas regiões podem abrir

discussões acerca desses resultados e sobre outras perguntas que continuam em aberto. O

grande contraste entre a grande quantidade de informações sobre Europa e América do Norte e a

escassa publicação sobre a América do Sul, Ásia e África pode levar a conclusões distorcidas

quando se comparam regiões mais ou menos invadidas e espécies exóticas mais ou menos

propensas à invasão.

Em mais um exemplo da falta de dados sobre os trópicos, Pyšek (1998) analisou a flora não nativa

de 26 regiões em diferentes partes do Planeta na tentativa de englobar diversos tipos de habitats,

com a intenção de detectar um padrão taxonômico das invasões biológicas por planta. Entretanto,

a América do Sul foi representada apenas pelo Chile e Argentina. O Brasil, maior país desse

continente, não foi pesquisado, por não dispor de uma lista completa sobre espécies não nativas:

um dos requisitos para fazer parte desse estudo.

São fundamentais as informações que possibilitam prever as invasões, pelo simples motivo de

permitirem a otimização dos esforços para o controle de invasoras (Mack 1996). Os modelos que

pretendem determinar o potencial de invasão necessitam de informações sobre espécies e

gêneros, que precisam ser alvos de estudos mais detalhados. Como esses dados ainda não estão

disponíveis para diversas espécies, é difícil fazer tal previsão (Goodwin et al. 1999). Outro aspecto

que carece de dados são as características dos ambientes suscetíveis à invasão. Os

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ecossistemas diferem em sua suscetibilidade à invasão, assim como em suas respostas

ecológicas e evolutivas a essas invasões (Lonsdale 1999). Também são distintos em relação ao

histórico de perturbações antrópicas. Portanto, fica clara a necessidade de compreender essas

diferenças, pesquisando-se todos os ambientes de modo equilibrado.

Ainda há muito a ser respondido sobre as causas, conseqüências e controle de invasões

biológicas (Vermeij 1996). Entretanto, no caso de ecossistemas em ambientes temperados, a

corrida por essas respostas já se iniciou há muito tempo e gerou ampla produção científica. As

plantas invasoras nos trópicos aguardam a atenção mundial.

Apesar da discrepância na quantidade de produção científica sobre plantas invasoras em

ambientes não tropicais comparada à de ambientes tropicais, a biologia das invasões tem

englobado uma grande variedade de temas, cada vez mais avançados, ou seja, não se limitando

ao simples diagnóstico do processo. Mas ainda é preciso amadurecer as discussões, pois na

maioria dos artigos, as investigações empíricas se limitavam apenas às características da espécie

invasora ou às do ambiente invadido. Os estudos sobre invasões devem ser mais integradores,

considerando tanto a espécie quanto o ambiente. Um dos temas mais abordados pelos estudos

revisados sobre o poder de invasão foi a capacidade competitiva de exóticas e nativas. Quanto ao

ambiente, a disponibilidade de recursos foi apontada como importante variável para a

suscetibilidade a invasões. Uma vez que a competição pode ocorrer em diversos níveis de

organização e em processos ecológicos diferentes, tal como a utilização de recursos, a espécie

invasora e o ambiente invadido interagem bilateralmente para o sucesso ou não da invasão. Por

isso é necessário estudar o fenômeno das invasões de maneira mais ampla, considerando a

interdependência entre ambiente e as espécies que o compõem.

As características apontadas que incrementariam o poder de invasão de certas espécies exóticas

e os fatores que as influenciam não são exclusivas das espécies invasoras e se remetem à

dinâmica de populações em geral. Qualquer população tem sua permanência no ambiente

determinada pelo modo como utiliza os recursos disponíveis, pelo modo como se defende ou

sobrevive aos inimigos naturais (por exemplo os herbívoros) ou por suas adaptações ao ambiente

físico. O estudo do potencial de invasão deve ser desenvolvido à luz da Ecologia de Populações, e

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não à parte dela. Percebe-se muitas vezes que as plantas invasoras são estudadas como

espécies excepcionais, com “regras” e padrões próprios. Isso é mais constante nos estudos que

focalizam a espécie, deixando de relacioná-la com seu habitat de origem, com o ambiente

invadido ou com a biota nativa invadida. O poder de invasão pode ser uma característica da

espécie, mas é preferível considerá-lo como um conjunto de características que só se configuram

como poder de invasão quando combinadas com ambientes que as favoreçam como tal. Como

afirmou Bazzaz (1986): “O colonizador e o colonizado são parceiros no processo”, referindo-se às

invasões por plantas e defendendo uma abordagem que leva em conta tanto o ambiente invadido

quanto a espécie invasora.

Uma abordagem que considera as espécies invasoras e o ambiente invadido é a hipótese da

liberação do inimigo (ERH, da sigla em inglês de enemy release hypothesis). O efeito da ação de

inimigos de espécies nativas e exóticas pode ser apontado como uma característica da

comunidade invadida e não apenas relacionado ao poder de invasão. Portanto é um fator que diz

respeito tanto ao poder de invasão de uma espécie quanto à resistência (e suscetibilidade) do

ambiente a invasões. Ou seja, pode ser visto como um mecanismo que afeta a competição entre

nativas e exóticas, a qual está ligada à resistência biótica (Levine et al. 2004). Mas essa hipótese

ainda divide pesquisadores e os que a refutam baseiam-se no fato de que as espécies exóticas

não são menos afetadas por inimigos do que as nativas, em um mesmo local (Colautti & MacIsaac

2004). A ERH é difícil de ser testada, pois para isso seria necessário determinar os impactos dos

herbívoros nativos nas plantas nativas, no nível populacional. A abundância das plantas raramente

é limitada pelos herbívoros nativos. Portanto é pouco provável que elas se beneficiem do escape

aos herbívoros (“inimigos”) quando são introduzidas em um ambiente exótico (Maron & Vilá 2001).

Experimentalmente, a ERH é evidenciada em alguns estudos (DeWalt et al. 2004) e não em outros

(Agrawal & Kotanen 2003). Enquanto a importância do controle dos inimigos no poder de invasão

não é totalmente esclarecida, é necessário não aceitar a ERH indiscriminadamente.

Outro tema freqüente nos artigos foi a capacidade de prever as invasões e os métodos mais

adequados para tanto. Entre os métodos propostos estão as listas de espécies invasoras em

potencial, que geralmente se baseiam em espécies que já possuem registros como invasoras em

outros locais ou em espécies que apresentam características de invasoras em seus habitats

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nativos. As limitações dessa abordagem são várias: os indivíduos que invadem um local podem

não ser uma amostra representativa daquela espécie, pois há a variabilidade genética entre

indivíduos e populações. Ainda mais se fazem parte de linhagens selecionadas (por exemplo

espécies cultivadas como ornamentais) ou então se convivem há muito tempo com a biota

invadida, podendo ter evoluído por passarem pelas pressões evolutivas no novo local.

As listas em geral não consideram a heterogeneidade dos ambientes como um fator que interfere

no sucesso das invasões. O ambiente invadido usado como exemplo para uma lista pode diferir

dos ambientes ainda não invadidos e que utilizarão as listas para evitar as futuras invasões. Por

isso, uma espécie que invade determinado ambiente pode não se comportar como invasora em

outro ambiente diferente, pois as condições locais também interferem no sucesso da invasão.

Deste modo, dois tipos principais de erro podem ocorrer: listas de espécies invasoras em potencial

muito generalizadas e abrangentes e listas que ignoram espécies potencialmente invasoras que

ainda não foram introduzidas fora de seu local de origem. O mesmo risco existe na criação de

listas de espécies exóticas “permitidas”, isto é, espécies introduzidas e sem registros como

invasoras.

É importante destacar que há muita informação sobre invasões bem sucedidas, mas pouca sobre

invasões que falharam (Kowarik 1995). A maioria dos estudos não compara as exóticas

efetivamente invasoras com as exóticas que não obtiveram sucesso ou com as nativas mais

relacionadas, baseando-se em informações mais restritas às espécies invasoras. Essas

comparações trariam evidências sobre as características das plantas que realmente moldam seu

poder de invasão, principalmente porque também moldam sua capacidade competitiva. Entretanto,

reconhece-se a dificuldade de realizar tais estudos comparativos, pois é mais fácil reconhecer uma

invasão em desenvolvimento do que uma colonização por exóticas que não levará a uma invasão

bem sucedida. Provavelmente porque as exóticas só são percebidas como ameaça à biota nativa

quando atingem uma ampla distribuição e alta abundância. Isso também é uma desvantagem para

conservação, pois a detecção tardia dificulta o controle das invasoras e a contenção de seus

efeitos deletérios.

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Investigar as características de invasores em potencial e de ambientes mais ou menos suscetíveis

a invasões é fundamental. Mas há uma variável imprevisível em termos ecológicos: a ação do ser

humano nas introduções de espécies exóticas. Portanto, deve ser considerada como fator

determinante para as invasões, além das próprias espécies invasoras e dos ambientes invadidos.

A maioria dos artigos ignorou a variável da interferência humana nas invasões. Grande parte das

espécies invasoras são espécies que foram introduzidas intencionalmente pelo ser humano para

fins comerciais, como ornamentação e cultivo de alimentos. Segundo Crosby (2003), elementos

históricos sobre a pré-história, a colonização das Américas e Oceania, as rotas de comércio - e

atualmente a globalização – podem ser a chave para explicar o que já ocorreu e auxiliar nas

medidas preventivas e de contenção.

Provavelmente, as introduções que começaram a ser documentadas remetem-se aos períodos de

comércio internacional entre Europa e Ásia e também na época da colonização das Américas.

Coletar dados sobre as regiões que agiram como doadoras de espécies, sobre as regiões que

foram invadidas e sobre as espécies exóticas que se tornaram invasoras em uma abordagem

biogeográfica facilita a construção do histórico das invasões. Essa retrospectiva é importante para

traçar o real diagnóstico em dimensão global, assim como para prever os padrões futuros. Em

especial, nas regiões que sofreram o processo de colonização, as invasões biológicas podem ter

se iniciado com o contato dos povos estrangeiros, pela oportunidade que se abriu: novas rotas

gigantescas de comércio, cujas viagens levavam acidentalmente ou não espécies para novos

locais além das introduções propositais, como as espécies de cultivo.

É preciso considerar que as causas das invasões provavelmente se alterarão no futuro, pois as

rotas de introdução (como o tráfego internacional de produtos de comércio) variam de acordo com

as pressões de mercado e com as políticas de cada país (Everett 2000). Um exemplo é a extrema

facilidade de compra e venda de sementes por meio do comércio eletrônico, fato que poucos

poderiam prever décadas atrás.

No meio das rotas de comércio e de interesses individuais, a legislação entra como ferramenta de

acordo para o controle de introduções indiscriminadas de espécies exóticas. Apesar das

dificuldades em propor leis que satisfaçam diferentes países e que, ao mesmo tempo, visem a

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precaução das invasões e que aliem interesses econômicos de espécies de interesse comercial, é

necessário criá-las e colocá-las em prática.

Conclusão

É crescente o número de publicações sobre o fenômeno da invasão, o que é reflexo de um maior

interesse por esse importante processo degradador. Nessa produção científica, os temas

abordados foram muito diversificados. Entretanto, foi observado um grande desequilíbrio nas

publicações sobre plantas invasoras nos diferentes ecossistemas: apenas uma parte muito

pequena de todos os artigos revisados se referia a estudos realizados em ambientes tropicais. A

grande parte dos estudos revisados tem como enfoque ecossistemas temperados, localizados em

países desenvolvidos. Esses países apresentam maior poder econômico e maior investimento em

pesquisa do que os países em desenvolvimento, nos quais os ambientes tropicais geralmente se

inserem. É necessário reverter esse quadro e estabelecer um número maior de pesquisas sobre

plantas invasoras nos ambientes tropicais. Eles são os ambientes mais biodiversos do mundo e

que sofrem as maiores ameaças a sua biodiversidade, e não têm recebido a devida atenção na

última década.

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Anexo 1: Lista de referências dos artigos teóricos e de estudos de caso analisados entre 1995 e

2004, classificados por revista, em seguida por ano e por primeiro autor.

Artigos de estudos de caso

Revista Referência

Biological Conservation Knops et al. 1995

Milberg & Lamont 1995

Briese 1996

Daehler & Strong 1996

Steenkamp & Chown 1996

Daehler 1998

Fensham & Cowie 1998

Gremmen et al. 1998

Rice & Toney 1998

Fairfax & Fensham 2000

Zalba et al. 2000

Frenot et al. 2001

Harrison et al. 2001

Lenz & Taylor 2001

Leslie & Spotila 2001

Lindenmayer & McCarthy 2001

Toft et al. 2001

Vilá & Pujadas 2001

Pyšek et al. 2002

Stout et al. 2002

Graves & Shapiro 2003

Lake & Leishman 2004

Biological Invasions Blossey & Notzold 1999

Brooks 1999

Drayton & Primack 1999

Ehrenfeld 1999

Grevstad 1999

Kourtev et al. 1999

Lavergne et al. 1999

Martin 1999

Molofsky et al. 1999

Nuzzo 1999

Orson 1999

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68

Artigos de estudos de caso

Revista Referência

Silander & Klepeis 1999

Windham 1999

Almasi 2000

Alpert & Maron 2000

Case & Crawley 2000

Daehler & Carino 2000

Grice et al. 2000

Leppäkoski & Olenin 2000

Williams & Baruch 2000

D'Antonio et al. 2001

de Wit et al. 2001a

Greenberg et al. 2001

Biological Invasions Lockwood et al. 2001

Panetta & Sparkes 2001

Parker 2001

Silveri et al. 2001

Stohlgren et al. 2001

Bond et al. 2002

Chaneton et al. 2002

Claridge & Franklin 2002

Cordell et al. 2002

Dangles et al. 2002

Dietz 2002

Greimler et al. 2002

Harrison et al. 2002

Holmgren 2002

Marco et al. 2002

Merriam & Feil 2002

Morales & Aizen 2002

Paul Shadel & Molofsky 2002

Rouget et al. 2002

Simberloff et al. 2002

Zalba & Villamil 2002

Hahn 2003

Herrera & Dudley 2003

Hurka et al. 2003

Kolb & Alpert 2003

Page 76: Daniela Petenon 1. Plantas invasoras nos trópicos: esperando a … · 2010. 5. 18. · Daniela Petenon 1. Plantas invasoras nos trópicos: esperando a atenção mundial? 2. Abundância

69

Artigos de estudos de caso

Revista Referência

Kriticos et al. 2003

Pyšek & Prach 2003

Starfinger et al. 2003

Török et al. 2003

Ayres et al. 2004

Barton et al. 2004

Beckstead & Augspurger 2004

Brandon et al. 2004

Cassidy et al. 2004

Dietz et al. 2004

Ellison & Barreto 2004

Green et al. 2004

Hager 2004

Howard et al. 2004

Kellogg & Bridgham 2004

Kotanen 2004

McKinney 2004

Nagel et al. 2004

Ogle et al. 2004

Raffaele 2004

Silva & Smith 2004

Standish et al. 2004

Ecology Robinson et al. 1995

Burke & Grime 1996

Thebaud et al. 1996

Tilman 1997

Davis et al. 1998

Vilá & D'Antonio 1998

Wiser et al. 1998

Callaway et al. 1999

Marler et al. 1999

D'Antonio et al. 2001

Brown et al. 2002

Kourtev et al. 2002

Lambrinos 2002

Parshall 2002

Beckstead & Parker 2003

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70

Artigos de estudos de caso

Revista Referência

Brändle et al. 2003

Brown & Peet 2003

Buckley et al. 2003

Callaway et al. 2003

Siemann & Rogers 2003b

Thompson & Townsend 2003

van Kleunen & Schmid 2003

Callaway et al. 2004

Corbin & D'Antonio 2004

DeWalt et al. 2004

Maron et al. 2004

Nagel et al. 2004

Rand & Loud 2004

Taylor et al. 2004

Ecology Letters Crawley et al. 1999

Knops et al. 1999

Prieur-Richard et al. 2000

Willis et al. 2000

Callaway et al. 2001

Davis & Pelsor 2001

Lyons & Schwartz 2001

Fagan et al. 2002

Agrawal & Kotanen 2003

Reinhart et al. 2003

Bossdorf et al. 2004

Cleland et al. 2004

Meiners et al. 2004

Vivanco et al. 2004

Wolfe et al. 2004

Yurkonis & Meiners 2004

Journal of Ecology Blossey & Notzold 1999

Golubov et al. 1999

Meyer & Schmid 1999

Wilson et al. 2000

Kolb et al. 2002

Booth et al. 2003

Figueroa et al. 2003

Page 78: Daniela Petenon 1. Plantas invasoras nos trópicos: esperando a … · 2010. 5. 18. · Daniela Petenon 1. Plantas invasoras nos trópicos: esperando a atenção mundial? 2. Abundância

71

Artigos de estudos de caso

Revista Referência

Siemann & Rogers 2003a

Davis et al. 2004

Dullinger et al. 2004

MacDougall & Turkington 2004

Journal of Tropical Ecology Klink 1996

O'Connor et al. 2000

Rogers & Hartemink 2000

Seghieri & Simier 2002

Cordeiro et al. 2004

Mandon-Dalger et al. 2004

Oikos Pyšek 1998

Callaway et al. 2000

Naeem et al. 2000

Levine 2001

Smith & Knapp 2001

Foster et al. 2002

Prieur-Richard et al. 2002

Sessions & Kelly 2002

Troumbis et al. 2002

Brown & Fridley 2003

Stampe & Daehler 2003

Weltzin et al. 2003

Bellingham et al. 2004

Bruno et al. 2004

Cappuccino 2004

Smith et al. 2004

Von Holle & Simberloff 2004

Artigos Teóricos

Revista Referência

Biological Conservation Hastings 1996

Mack 1996

Parker & Kareiva 1996

Rejmánek 1996

Vermeij 1996

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72

Artigos Teóricos

Revista Referência

Williamson & Fitter 1996a

Huxel 1999

Biological Invasions Parker et al. 1999

Sher & Hyatt 1999

Simberloff & Von Holle 1999

Smith et al. 1999

Mack 2000

Vilá et al. 2000

Heger & Trepl 2003

Kowarik 2003

Simberloff 2003

Barlow & Kean 2004

Lundholm & Larson 2004

Pauchard et al. 2004

Simberloff & Gibbons 2004

Vilá et al. 2004

Ecology Carlton 1996

Higgins et al. 1996

Kareiva 1996

Kareiva et al. 1996

Kot et al. 1996

Rejmánek & Richardson 1996

Williamson & Fitter 1996b

Lonsdale 1999

Neubert & Caswell 2000

Byers & Noonburg 2003

Snyder 2003

Fridley et al. 2004

Lambrinos 2004

Powell & Zimmermann 2004

Steiner & Leibold 2004

Ecology Letters Kean & Barlow 2000

Miki & Kondoh 2002

Colautti et al. 2004

Levine et al. 2004

Journal of Ecology Davis et al. 2000

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73

Artigos Teóricos

Revista Referência

Hierro et al. 2004

Journal of Tropical Ecology Fine 2002

Oikos Levine & D'Antonio 1999

Maron & Vilá 2001

Moore et al. 2001

Wardle 2001

Byers 2002

Crooks 2002

Vilá & Weiner 2004

Trends in Ecology and Evolution Mack & D'Antonio 1998

Richard & Dean 1998

Dukes & Mooney 1999

Everett 2000

Myers et al. 2000a

Kolar & Lodge 2001

Simberloff 2001

Zavaleta et al. 2001

D'Antonio & Kark 2002

Ghazoul 2002

Hanfling & Kollmann 2002

Keane & Crawley 2002

Lee 2002

Shea & Chesson 2002

Gurevitch & Padilla 2004b

Gurevitch & Padilla 2004c

Muller-Scharer et al. 2004

Ricciardi 2004

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74

Capítulo 2: Abundância de sementes da palmeira invasora Archontophoenix cf. cunninghamiana na

chuva e banco de sementes em um fragmento florestal em São Paulo, SP.

Abstract

The exotic palm Archontophoenix cf. cunninghamiana invaded a small forest fragment in São

Paulo (São Paulo, Brazil). The abundance of this species in the seed rain and seed bank were

investigated. The results indicate that this species may form a seasonal seed bank in the soil and

that the seed dispersal is effective in the community. The success of the invasion by this exotic

palm can be attributed to its high dispersal ability and to the community high invasibility due to the

isolation of the forest fragment.

Resumo

As palmeiras da espécie Archontophoenix cf. cunninghamiana são invasoras em um pequeno

fragmento florestal na região metropolitana da cidade de São Paulo (SP). Este trabalho investigou

a abundância das sementes dessa espécie na chuva e no banco de sementes nesse local. Foram

coletadas cinqüenta amostras de solo e de sementes da chuva de sementes em doze coletas

mensais. Os resultados indicam que a dispersão de sementes dessa espécie invasora é efetiva na

mata e que há a possibilidade dessa espécie formar um banco de sementes sazonal. Portanto, o

sucesso da invasão poderia ser explicado pela capacidade de dispersão dessa espécie na mata,

assim como por outras características da espécie e pela baixa resistência à invasão da

comunidade neste fragmento.

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75

Introdução

Plantas invasoras podem ser definidas como as plantas exóticas que são introduzidas em um

novo habitat, através da intervenção humana (intencional ou não) e que, a partir da introdução

disseminam-se e se tornam abundantes, gerando descendentes reprodutivos (geralmente em

número elevado) que mantém populações durante muitos ciclos de vida, independentemente da

intervenção posterior do ser humano; além disso, causam efeitos nocivos à biota nativa em seu

novo habitat (Kolar & Lodge 2001; Mack 1996; Richardson et al. 2000).

As invasões biológicas são apontadas como um dos maiores agentes degradadores da

biodiversidade, conjuntamente à perda e fragmentação de habitats naturais (Novacek & Cleland

2001; Sheil 2001; Wilcove et al. 1998).

Os impactos das plantas invasoras são de diversas naturezas e escalas, tais como a alteração da

riqueza de espécies e do regime de perturbações e a interação genética com espécies nativas

(Crooks 2002; D'Antonio & Kark 2002; Mack & D'Antonio 1998; Mack 2000; Zalba et al. 2000). O

impacto pode ocorrer em diversos níveis, como o nível dos indivíduos, da população, da

comunidade e do ecossistema. Um exemplo de impacto no nível populacional é a competição com

espécies nativas; no nível da comunidade, o efeito na riqueza de espécies (Parker et al. 1999).

Apesar de crescente preocupação com esse fenômeno, ele é um problema de difícil solução, pois

envolve monitoramento e controle da introdução de espécies exóticas, além de ser diretamente

afetado pelas atividades humanas ao redor do mundo. A complexidade deste problema é devido a

sua relação com interesses econômicos e questões políticas contrárias ao controle da introdução

e da disseminação de espécies exóticas (Pimentel 2002).

A fim de compreender as invasões biológicas, diversos estudos são direcionados para o

conhecimento das características das espécies invasoras que poderiam contribuir para seu

potencial de colonização e disseminação abundante em novos habitats (Williamson & Fitter 1996;

Rejmánek & Richardson 1996). Entre as características apontadas como responsáveis pelo poder

de invasão de plantas estão a produção e a dispersão de sementes, uma vez que os diásporos

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76

são agentes de colonização das plantas (Rejmánek et al. 2004). Assim, estuda-se a massa de

sementes, a produção bruta no tempo e no espaço, a dispersão de sementes - entre outras

características – a fim de estabelecer a relação entre elas e a capacidade de invasão de

determinadas plantas exóticas (Rejmánek & Richardson 1996).

A pressão de propágulo é a quantidade de sementes de uma espécie que estão disponíveis em

um ambiente, isto é, a quantidade de sementes que chega a um determinado local (Williamson &

Fitter 1996). A maioria dos modelos sobre disseminação de espécies invasoras é fortemente

baseada na pressão de propágulo, pois esse processo relaciona-se a diversas etapas da invasão

(Colautti & MacIsaac 2004). A começar pela própria chegada de propágulos de espécies exóticas,

que é o inicio em potencial de uma invasão. Além disso, algumas populações invasoras já

estabelecidas contam com a contribuição de novos propágulos, advindos de diferentes focos de

invasão (Moody & Mack 1988).

Embora a pressão de propágulo seja um fator determinante para o poder de invasão, as fases

posteriores à chegada das sementes - ou seja, a germinação e a sobrevivência das plântulas - são

igualmente importantes no sucesso do estabelecimento e disseminação de populações de

espécies invasoras. Portanto, é necessário compreender que uma invasão bem sucedida envolve

a combinação de diversas características das invasoras, tais como: alta pressão de propágulo; alta

densidade de indivíduos adultos reprodutivos; alta produção de sementes em grandes intervalos

do ano e em todos os anos, dispersão a longas distâncias facilitada por animais efetivamente

dispersores (Cordeiro et al. 2004) e formação de banco de sementes persistente (Rogers &

Hartemink 2000).

Em alguns casos, espécie invasoras são dominantes no banco de sementes (Rogers & Hartemink

2000). Isso confere maior capacidade competitiva na regeneração desta espécie em relação a

outras espécies da comunidade. A abundância e persistência de sementes no banco de sementes

do solo estão relacionadas tanto à quantidade de adultos reprodutivos, à produção de sementes e

à sua dispersão quanto a características fisiológicas das sementes. Por isso, não pode ser

analisada como um fator isolado.

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77

Plantas exóticas perenes cujos padrões fenológicos proporcionam a permanência da população

em diferentes épocas do ano apresentam vantagens para que se mantenham presentes em

ambientes sob forte perturbação antrópica, como por exemplo após a retirada de vegetação nativa

(Seghieri & Simier 2002).

A distribuição das sementes em uma comunidade é um fator determinante do que ocorrerá na

dinâmica futura das populações (Howe & Miriti 2000). Portanto, o estudo da dispersão de

sementes de plantas invasoras pode ser uma ferramenta importante na compreensão de como

esses processos colaboram para o potencial invasor de uma espécie. Para tanto, a chuva de

sementes, que é o padrão de queda de sementes de uma comunidade (Wang & Smith 2002) e o

banco de sementes, que são as sementes viáveis presentes no solo (Garwood 1989), são

fundamentais na compreensão das estratégias de regeneração da população invasora.

Mas torna-se necessário estudar as características da espécie invasora não isoladamente, e sim

de forma combinada às características do ambiente invadido. A priori, não há ambiente livre do

risco de invasões; o que pode haver são graus diferentes de vulnerabilidade à invasão. Diversos

fatores são apontados como contribuintes para a suscetibilidade de um ambiente a invasões, entre

eles estão as perturbações, a disponibilidade de nutrientes, baixa taxa de recuperação das

espécies nativas e a fragmentação dos habitats (Rejmánek et al. 2004).

A perda de habitats naturais por causa de atividades humanas como a urbanização, a agricultura e

a extração de recursos tem causado a crescente fragmentação dos ecossistemas naturais (Harper

et al. 2005). A fragmentação causa grandes alterações no ambiente, tais como o isolamento dos

fragmentos remanescentes e o aparecimento de efeitos de borda nos fragmentos. São várias as

conseqüências negativas, entre elas estão a diminuição do fluxo de pólen e de sementes e a

facilitação do acesso de indivíduos exóticos (adultos ou na forma de propágulos), que podem

causar a perda de biodiversidade (Brokaw 1998; Harper et al. 2005; Saunders 1991). Em florestas

tropicais, a fragmentação tem sido fortemente associada à perda de diversidade biológica (Turner

1996).

Um dos resultados da fragmentação é o aparecimento de bordas nos fragmentos. A borda é

definida como o limite entre fragmentos que diferem qualitativamente entre si (Ries & Risk 2004).

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78

Diversas espécies apresentam respostas diferentes às bordas do habitat, tais como o aumento ou

diminuição de sua abundância. Tais respostas dependem das alterações bióticas e abióticas

relacionadas à presença de borda, além da vulnerabilidade diferenciada de cada espécie exposta

aos efeitos de borda (Murcia 1995;Ries & Risk 2004). Um exemplo de alteração abiótica é a

disponibilidade de recursos e um exemplo de alteração biótica pode ser a presença ou não de

predadores (Ries & Risk 2004). Mudanças do microclima a partir de borda em direção ao interior

de um fragmento podem determinar um gradiente de qualidade de habitat (Murcia 1995).

Ultimamente, os efeitos da borda têm sido relacionados à degradação do ambiente fragmentado,

por causarem perturbações físicas na vegetação e no solo, mudanças no gradiente de luz, vento e

umidade (Harper et al. 2005). A estrutura da borda afeta essencialmente a intensidade e tipos de

efeitos de borda que ocorrerão no fragmento (Harper et al. 2005). O tipo de ocupação do solo no

entorno dos fragmentos também é um fator importante na determinação da influência da borda na

comunidade. A presença de bordas pode ser uma via para a entrada de espécies exóticas na

comunidade, sendo que uma parte delas pode se tornar invasora.

O objetivo geral deste trabalho foi analisar a abundância das sementes de uma espécie de

palmeira exótica que se tornou invasora em um fragmento de floresta na cidade de São Paulo, por

meio da análise das sementes da chuva e do banco de sementes. Os objetivos específicos foram:

quantificar as sementes da palmeira exótica Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva de

sementes e no banco de sementes do solo, relacionar esses dados com a presença de adultos,

relacionar a quantidade de sementes desta espécie com diferentes faixas de distâncias em

relação à borda da mata, a fim de testar efeitos de borda. Um objetivo complementar foi

caracterizar a chuva de sementes da comunidade.

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79

Materiais e Métodos

Área de estudo

Este trabalho foi realizado na Reserva Florestal da Cidade Universitária “Armando de Salles

Oliveira” (CUASO), inserida no campus da Universidade de São Paulo (Universidade de São

Paulo 2005), no município de São Paulo, SP. Suas coordenadas são 23º33’44” e 23º34’02” S,

46º43’38” e 46º43’49” W. A Reserva ocupa 102100 m2, em altitudes entre 730 e 775 m (figura 1).

A Reserva Florestal da CUASO está situada em um terreno em desnível de 30 metros (de 735 a

765 metros); no fundo deste vale há um riacho, que se estende na direção sul a norte, cuja

quantidade de água é bem inconstante (Rossi 1987).

A área pertence à bacia de São Paulo, caracterizada por depósito do Terciário e Quaternário (Joly

1950). O solo é essencialmente argiloso, ácido, pobre em nutrientes, com altos teores de alumínio

e capacidade de campo de 40,4g/100ml de solo (Varanda 1997).

Figura 1. Localização da Reserva Florestal da Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira” (CUASO), São Paulo, SP. A: parte da zona urbana do município de São Paulo, em cinza; B: topografia e limites da Reserva da CUASO. Extraído de Rossi (1994).

Nm

Brasil

riacho

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Para esta região, os dados climáticos disponíveis mais atualizados são os do Departamento de

Água e Energia Elétrica (DAEE) (figura 2), indicando um clima do tipo Cwa, segundo a

classificação de Köppen (1948), isto é, temperado chuvoso com precipitação média anual de 1207

mm. As temperaturas médias mensais oscilam entre 14º C (junho) e 23º C (fevereiro). As

precipitações médias mensais vão de 230 mm (janeiro) a 40 mm (agosto) (figura 2) (Gorresio-

Roizman 1993).

A Universidade de São Paulo foi criada em 1934, pelo decreto estadual nº 6.283, de 25 de janeiro

de 1934, por decisão do então governador de São Paulo, Armando de Salles Oliveira (Campos

2004) e perfaz aproximadamente 4.700.000 m² (Universidade de São Paulo 2005). Essa região

fazia parte da Fazenda Butantã, que foi adquirida pelo governo do estado de São Paulo no início

do século 20, para acomodar cavalos que estariam envolvidos na elaboração de soros para o

recém criado Instituto Serumtherapico, atual Instituto Butantã (Dislich 2002). Não é possível

estabelecer com precisão a paisagem original onde hoje se estabelece a CUASO. Entretanto, com

base em documentos históricos, pode-se supor que, nos meados do século 19, a região era

predominantemente pastagem, com a presença de ilhas de mata. A transição entre a paisagem

Figura 2. Diagrama climático de Walter & Lieth (A) e balanço hídrico (B) no período de janeiro de 1975 a dezembro de 1990, relativos à Estação Meteorológica da Cidade Universitária (23°34'S, 46°44'W, 795m de altitude, São Paulo), no período de janeiro de 1975 a dezembro de 1990. P: precipitação pluviométrica média mensal; EP: evapotranspiração potencial; ER: evapotranspiração real. Dados obtidos do Departamento de Água e Energia Elétrica (D.A.E.E.). Extraídos de Gorresio-Roizman (1993)

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rural e urbana ocorreu de forma drástica – principalmente nos últimos quarenta anos - como

conseqüência da diminuição de áreas florestadas, da construção de prédios e do estabelecimento

de áreas ajardinadas (Dislich 2002). Atualmente, a Reserva Florestal da CUASO está inserida em

uma matriz urbana, ou seja, na região metropolitana da cidade de São Paulo, onde restam

pouquíssimos fragmentos florestais (figura 3).

Figura 3. Fotografias aéreas da Reserva Florestal da Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira” (CUASO), São Paulo, SP, evidenciando A: matriz urbana. B: a Reserva da CUASO em verde escuro, ao centro-direita (Google Inc. 2005).

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82

A mata da Reserva é altamente isolada, pois está distante e desconectada dos outros fragmentos

da região, tais como o Parque Alfredo Volpi, Parque Previdência e, mais distante ainda, o Parque

Estadual da Serra da Cantareira.

Em 1973, esse fragmento florestal do campus foi transformado em “Reserva de Preservação

Permanente para Estudos dos Corpos Docente e Discente do Instituto de Biociências da

Universidade de São Paulo”, através da portaria nº 81 (4/5/1973), assinada pelo reitor da época, o

Dr. Miguel Reale. Em agosto de 1979, foi cercada e fechada por tela de arame (Rossi 1994).

A região onde se estabelece a Reserva Florestal da CUASO pode ser considerada transicional

entre as florestas da encosta da Serra do Mar e as florestas do interior do estado de São Paulo,

isto é, ecotonal entre florestas ombrófilas densas e florestas estacionais semideciduais,

respectivamente (Dislich 2002). Outros autores relacionam as características da flora da Reserva

com a vegetação de Mata Atlântica, além de proporem semelhanças com florestas de regiões

montanhosas do estado de São Paulo (Meguro et al. 1979;Rossi 1987;Varanda 1997).

Em 1950, Joly publicou um estudo fitogeográfico, que é um dos primeiros trabalhos sobre

vegetação da Cidade Universitária e certamente o primeiro específico sobre ela. Nesse trabalho,

descreve a vegetação dos “campos de Butantã”, onde definitivamente se estabeleceria o campus

da Universidade de São Paulo, isto é, a atual CUASO. Joly (1950) supôs que a área da fazenda

compunha-se basicamente de pastagens, formadas a partir de desflorestamentos e posterior

cultivo de gramíneas. Determinou ambientes como campo, brejo e baixada para designar os

habitats daquela região, sem contudo avaliar o fragmento de mata. Seu objetivo foi caracterizar

essa antiga fazenda, mas omitiu-se “de uma pequena mata natural, destinada ao futuro Jardim

Botânico” – provavelmente a atual Reserva Florestal da CUASO - a qual ele pretendia estudar

depois. Infelizmente, esse levantamento florístico da mata nunca foi realizado por ele.

Varanda (1997) descreveu a mata como “constituída principalmente por vegetação arbórea, com

estrato arbustivo pouco denso, sendo comum a presença de lianas e epífitas; o estrato arbóreo é

constituído por árvores de 15 a 20 metros de altura”. Com base na literatura sobre o histórico da

vegetação do Estado, a autora propôs duas hipóteses sobre o que haveria ocorrido na mata do

Butantã até então, pois havia poucos dados específicos sobre a Reserva, principalmente sobre as

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perturbações sofridas. A primeira hipótese é que teria aparecido uma mata secundária junto à

nascente, após a destruição da mata original. A segunda é que a mata foi conservada,

provavelmente por ser um costume na época de deixar a vegetação junto a nascentes, mesmo

quando se desmatava ao redor. Mas ela não conclui qual teria sido o fato mais provável, por falta

de dados para uma explicação definitiva, assumindo que ambas hipóteses são viáveis.

O primeiro levantamento florístico da mata da Reserva Florestal da CUASO foi realizado por Rossi

(1994), no qual foram reconhecidas 119 espécies de árvores e arbustos, pertencentes a 34

famílias e 83 gêneros de angiospermas. A família com maior número de espécies foi

Leguminosae. Encontrou tanto espécies nativas quanto exóticas. Nesse trabalho, elaborou uma

chave de identificação para essas espécies. A autora caracterizou a mata de acordo com os

estratos, sendo que no estrato superior observou indivíduos de Alchornea sidifolia, Cedrela fissilis,

e Piptadenia gonoacantha, entre outras espécies. Propôs que a mata da Reserva teria sofrido

grande interferência, pois apresentava um número de espécies arbóreas menor quando

comparada com matas próximas, por exemplo, a mata da serra da Cantareira; além disso, a

presença de espécies como Cecropia cinerea e Ocotea puberula seria um indicador de

interferência humana. Pela comparação com outras matas brasileiras, indica que a mata talvez

estivesse em estádio secundário de sucessão.

Mais recentemente, Dislich (2002) elaborou um amplo estudo sobre a vegetação da mata da

Reserva Florestal da CUASO, onde observou que a diversidade de espécies é mais baixa do que

em outras regiões mais próximas. Alerta para a presença de populações muito pequenas de

espécies tardias nativas, o que pode limitar a capacidade de regeneração da mata. Ele aponta que

a estrutura atual da vegetação é influenciada tanto pelos efeitos de borda e idade sucessional das

diferentes áreas da mata, quanto por outros fatores ambientais, como tipo de solo, declividade,

orientação da vertente e distância do riacho. Para ele, o maior problema para a conservação é a

presença de espécies exóticas, principalmente a palmeira australiana invasora Archontophoenix

cunninghamiana, cuja invasão é analisada no mesmo trabalho e em Dislich et al. (2002).

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84

Espécie estudada

O nome do gênero Archontophoenix deriva do grego archon, que significa rei e phoenix, palmeira.

A sua hierarquia taxonômica é a seguinte (USDA et al. 2005):

Família: Arecaceae; subfamília: Arecoideae; tribo: Arecaceae; subtribo:

Archontophoenicinae; gênero: Archontophoenix H. Wendl. & Drude

O gênero Archontophoenix apresenta seis espécies: A. maxima, A. myolensis, A. purpurea, A.

tuckeri, A. cunninghamiana e A. alexandrae, sendo todas endêmicas do leste da Austrália. A

distribuição desse gênero se estende desde a península tropical de Cape York (Queensland) até o

sul temperado de New South Wales, na Austrália, ou seja, à costa leste do país (Dowe & Hodel

1994).

Na literatura, as espécies do gênero Archontophoenix em seu ambiente natural (Austrália) são

descritas como adaptadas aos climas tropicais ou subtropicais, mas também habitam locais

temperados quentes (PACSOA 2005; Dowe & Hodel 1994). Sua distribuição predominante ocorre

em ambientes litorâneos, sendo encontradas em locais alagadiços ou úmidos, próximas ou até

mesmo dentro de riachos. Crescem preferencialmente na sombra, mas também se desenvolvem

em condições de pleno sol, contanto que a água não seja um fator limitante. O crescimento é

rápido, isto é, de 0,33 a 1 metro por ano. As sementes frescas germinam rapidamente, em um a

três meses e desenvolvem-se rapidamente se a água for abundante e a temperatura quente

(PACSOA 2005).

Na Nova Zelândia, A. cunninghamiana começou a ser introduzida no final do século 19, sendo

encontrada em diversos ambientes naturais e apresentando características de uma invasora

agressiva em potencial (Cameron 2000). Segundo Ewen K. Cameron (Auckland Museum, Nova

Zelândia, comunicação pessoal em julho de 2005) três características fazem da espécie uma

ameaça para a biodiversidade: crescimento rápido, frutos atrativos e facilmente dispersos por

várias espécies de aves e sua similaridade com uma palmeira nativa (Rhopalostlis sapida, da

mesma subtribo de Archontophoenix). Timmins & Braithwaite (2002) também apontam a espécie

como possível invasora das Ilhas Hauraki, na Nova Zelândia.

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No Havaí, a espécie A. alexandrae é amplamente cultivada, tendo escapado às plantações e se

naturalizado em diversos ambientes. É indicada como invasora em potencial, principalmente em

ambientes vulneráveis, já invadidos por outras espécies (Starr et al. 2003).

No Brasil, tanto a espécie A. cunninghamiana como A. alexandrae são amplamente utilizadas

como ornamentais, sendo freqüentemente sugeridas para esse fim (Lorenzi et al. 1996). Desde

aproximadamente 1990, também são cultivadas como alternativas à produção do palmito

tradicional (Euterpe edulis), sendo consideradas de fácil cultivo, com rápido crescimento (Bovi et

al. 2001) e com algumas vantagens econômicas, tal como a maior taxa de sobrevivência do que

Euterpe edulis (Bovi et al. 2004).

As características das espécies A. cunninghamiana e A. alexandrae, conforme descrição em seu

habitat nativo, podem ser resumidas na tabela 1.

Tabela 1: Características das espécies A. cunninghamiana e A. alexandrae, conforme descrição em seus habitats nativos (Dowe & Hodel 1994). Características exclusivas a apenas uma das espécies estão sublinhadas, enquanto que as características comuns às duas espécies não estão sublinhadas.

Tronco Até 30 metros de altura

Até 30 centímetros DAP

Verde a cinza

Liso na porção distal, tornando-se fissurado com a idade

Folhas De 9 a 12 folhas na base

Até 4,5 metros de comprimento

Arqueadas, com torção lateral moderada a proeminente

De 70 a 90 pinas por lado

Bainha de 70 a 140 centímetros de comprimento, afunilada em direção ao ápice. Púrpura, marrom ou verde-escuro (A. cunninghamiana) ou verde-claro ou médio (A. alexandrae)

Pecíolo com até 50 centímetros de comprimento, até 5 centímetros de largura, côncavo acima e convexo abaixo

Inflorescência De 50 a 150 centímetros de comprimento e 50 a 60 centímetros de largura

Flores Estaminadas ou pistiladas

De 5 a 6 mm (A. cunninghamiana) ou de 6 a 9,5 mm (A. alexandrae) de comprimento por até 4 mm de largura

Lilases ou púrpuras (A. cunninghamiana) ou brancas ou beges (A. alexandrae)

Frutos Ovóides ou globosos

Uma semente por fruto

De 8 a 15 cm de comprimento

Vermelhos quando maduros

Sementes Germinação adjacente ligular

Endosperma ruminado

Fenologia A floração e frutificação ocorrem durante todo o ano

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Nos ambientes brasileiros, descreve-se que a espécie A. cunninghamiana tolera clima temperado

(com inverno moderado). Podem crescer sob luz do sol direta; frutificam durante os meses da

primavera; suas sementes germinam em torno de 2 meses a 2 meses e meio (Lorenzi et al. 1996).

Archonthophoenix na Reserva Florestal da CUASO

A palmeira Archontophoenix cf. cunninghamiana (figura 4) não foi citada em estudos mais antigos

sobre o campus, mesmo naqueles específicos sobre a vegetação, por exemplo em Joly (1950).

Uma hipótese é a de que a palmeira só tenha sido introduzida como ornamental após a década de

50. O processo de invasão biológica por esta espécie na Reserva Florestal da CUASO só

começou a ser documentado recentemente. Dislich (2002) e Dislich et al. 2002 relataram a

invasão biológica por Archontophoenix cunninghamiana na mata da Reserva Florestal da CUASO

através da descrição de padrões espaciais, estrutura de tamanhos e aspectos dinâmicos. Foi

detectada uma alta taxa de crescimento populacional (19,4 % ao ano, DAP � 9,5 cm) e alta taxa

Figura 4. Aspecto de indivíduos de Archontophoenix cf. cunninghamiana, plantados nos jardins do Instituto de Biociências, na Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira” (CUASO), São Paulo, SP.

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de recrutamento (19,7% ao ano). Essas taxas, analisadas juntamente com a grande densidade

desta espécie na mata são um indicador da invasão biológica e um alerta para seus efeitos

deletérios na biota nativa.

Levantamentos anteriores sobre a vegetação da Reserva Florestal da CUASO citaram a

ocorrência de palmeiras somente da espécie Archontophoenix cunninghamiana (Rossi

1987;Dislich 2002) e não citaram a presença de Archontophoenix alexandrae. Recentemente,

Mendonça (2004) descreveu a presença tanto de Archontophoenix cunninghamiana quanto de

Archontophoenix alexandrae nas áreas externas ajardinadas do campus da CUASO e externas à

Reserva. Portanto, é possível que também haja indivíduos da espécie A. alexandrae na Reserva

Florestal da CUASO, além de híbridos entre as duas espécies. A hibridização entre essas

espécies já foi descrita por Lorenzi et al. (1996) em ambientes brasileiros. Em campo, não foi

possível distinguir entre as espécies A. cunninghamiana e A. alexandrae, pois elas são muitos

semelhantes, tanto em aparência quanto no tamanho (PACSOA 2005), sendo que as diferenças

são sutis e algumas delas se referem às flores e frutos (Dowe & Hodel 1994), características que

só podem ser comparadas na presença destes elementos (tabela 1). Portanto, neste trabalho,

quando houver a impossibilidade em se distinguir os indivíduos entre essas duas espécies, a

palmeira será denominada Archontophoenix cf. cunninghamiana.

Ao longo do capítulo, será adotado o termo “sementes”. Na realidade, refere-se aos diásporos, ou

seja, às sementes e/ou frutos viáveis da palmeira e das outras espécies estudadas. Mas semente

é um termo amplamente utilizado e de fácil entendimento, por isso foi escolhido.

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88

Coleta de dados

Uma vez que o fragmento estudado é transversalmente cortado por um riacho, que o “divide” em

dois “lados”, esses “lados” serão aqui denominados como lado A e lado B (figura 5). Em cada lado,

foi delimitada uma parcela de 100m por 60m. Cinqüenta pontos de coleta foram determinados,

tendo sido 25 pontos colocados em cada uma dessas parcelas (figura 5). Os pontos foram

dispostos de modo sistemático, isto é, distantes 10 m entre si, ao longo de linhas paralelas (linhas

1 a 5, na figura 5) de 20 metros de distância (figura 5).

Cada ponto possuía um coletor de diásporos para a chuva de sementes e um espaço delimitado

para a coleta de solo, destinado à análise do banco de sementes do solo. O coletor para a chuva

de sementes e o coletor para amostras de solo distavam 3 metros entre si. Para a chuva de

sementes, cada ponto constou de um coletor de 0,5 m2, confeccionado com fio de náilon de trama

de 1mm (figura 6), e localizado a 1m de altura em relação à superfície do solo. O material

depositado em cada coletor foi retirado mensalmente, totalizando um ano de coletas.

Figura 5. Disposição dos pontos de coleta na Reserva da CUASO. A: Esquema geral; a linha vermelha delimita as duas parcelas de coleta nos lados A e B da Reserva. B: Detalhe dos pontos de coleta em cada área de coleta (as linhas vermelhas retas são apenas ilustrativas, pois em campo elas acompanhavam a curvatura da borda da Reserva). Quadrados de cores diferentes determinam diferentes distâncias em relação à borda da Reserva, cujos valores estão em negrito e itálico. Os nomes em vermelho e negrito são as faixas de distâncias em relação à borda.

10 m

20 m

10 m 20 m 30 m 40 m 50 m

Bor

da B

orda

Ria

cho

10 m 20 m 30 m 40 m 50 m

Lado A Lado B

A10 A20 A30 A40 A50 B50 B40 B30 B20 B10

1

2

3

4

5

1

2

3

4

5

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As sementes coletadas da chuva de sementes foram secas à temperatura constante de 60º C, em

estufa. Foram posteriormente separadas dos demais detritos que também caíam nos coletores.

Somente foram consideradas as sementes íntegras e não imaturas para a análise. Essas

sementes foram identificadas até o nível de detalhamento possível (de preferência espécie),

através de consulta à literatura e do auxílio de especialista, o pesquisador Geraldo Antônio Daher

Corrêa Franco (Divisão de Dasonomia - Instituto Florestal, SP). Este pesquisador também

colaborou com as informações acerca da forma de vida e da síndrome de dispersão de cada

espécie.

Para calcular a densidade de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana no banco de

sementes do solo, em cada ponto de coleta foi delimitado um quadrado de 20,0 x 20,0 x 5,0 cm

(0,002 m3) no solo, onde foi coletada a amostra de solo, com auxílio de um molde coletor metálico

com essas dimensões. Foram realizadas quatro coletas, em intervalos de quatro meses. Cada

coleta de solo era feita exatamente no mesmo ponto de coleta anterior, a fim de retirar o material

acumulado desde a última coleta.

Quatro meses antes da primeira coleta de amostra de solo, foi feita a prévia retirada de solo nos

mesmos pontos de coleta posteriores. O objetivo foi extrair o estoque de sementes de solo

formado até aquele momento e permitir que a primeira coleta amostrasse o estoque acumulado

em quatro meses.

Figura 6. Coletor de sementes da chuva de sementes utilizado neste estudo.

1 m

Área = 0,5 m2

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As amostras de solo foram manipuladas, a fim de separar as sementes da palmeira exótica

(Archontophoenix cf. cunninghamiana) presentes (figura 7). Essas sementes foram consideradas

baseando-se em sua integridade, ou seja, sementes potencialmente viáveis por não apresentarem

marcas de predação ou ataque de patógenos.

A fim de tornar os dados de banco e de chuva de sementes comparáveis entre si, foram

considerados também os resultados convertidos em sementes/m2.

Também foram identificados, contados e medidos os indivíduos adultos da palmeira

Archontophoenix cf. cunninghamiana na vizinhança dos pontos de coleta. Para isso se utilizaram

parcelas de 6,0 x 6,0 m demarcadas ao redor de cada um dos 50 pontos de coleta. Foram

anotados os indivíduos adultos da palmeira com diâmetro à altura do peito (DAP) igual ou superior

a 25 cm, medida esta selecionada por ser a mais adequada para mapear os indivíduos

efetivamente reprodutivos segundo Dislich (2002).

Durante o mês agosto de 2004, foram contados e medidos (DAP) todos os indivíduos da palmeira

Archontophoenix cf. cunninghamiana presentes em todo o fragmento florestal (incluindo as duas

grandes parcelas, mas não se limitando a elas), com diâmetro à altura do peito (DAP) igual ou

maior que 25 centímetros.

Figura 7. Aspecto da semente de Archontophoenix cf. cunninghamiana

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Análise dos dados

A riqueza de espécies das sementes da chuva de sementes foi quantificada, assim como a

abundância das sementes de diferentes espécies amostradas. A riqueza de espécies da chuva de

sementes foi comparada entre diferentes faixas de distâncias da borda, por meio do índice de

similaridade de Sørensen.

A abundância de sementes da chuva de sementes foi comparada nas diferentes faixas de

distância da borda por meio de análise de suas variâncias, pelo teste de Kruskal-Wallis (Zar 1984),

realizada por meio do programa Statistica 6.0 (StatSoft 2001). O mesmo foi feito considerando

apenas as sementes da Archontophoenix cf. cunninghamiana.

As sementes da palmeira Archontophoenix cf. cunninghamiana presentes no banco de sementes

do solo foram quantificadas quanto à sua abundância total e em relação às diferentes distâncias

em relação à borda. A abundância de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva

e no banco de sementes foi comparada nas diferentes faixas de distância da borda por meio de

análise de suas variâncias, pelo teste de Kruskal-Wallis (Zar 1984), realizada por meio do

programa Statistica 6.0 (StatSoft 2001).

A quantidade de adultos da palmeira Archontophoenix cf. cunninghamiana próximos aos pontos de

coleta da chuva e banco de sementes e a quantidade de sementes dessa espécie na chuva e no

banco de sementes tiveram suas distribuições nos pontos de coleta representadas por diagramas

de dispersão de bolhas.

Resultados

Primeiramente, serão apresentados os resultados de todas as espécies encontradas na chuva de

sementes. Depois, serão apresentados os dados sobre a palmeira Archonthophoenix cf.

cunninghamiana, referentes tanto à chuva de sementes quanto ao banco de sementes, além dos

dados complementares de indivíduos adultos.

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Chuva de sementes - geral

Durante as doze coletas mensais, foram encontradas 28.522 sementes de 57 espécies,

distribuídas em 22 famílias (tabela 2). Malpighiaceae foi a família com o maior número de espécies

(Pauchard et al. 2004), seguida de Myrtaceae e Lauraceae (5 espécies cada).

As famílias que apresentaram as maiores abundâncias relativas de sementes foram

Malpighiaceae (35,9%), Asteraceae (22,9%), Rutaceae (16,4%) e Myrtaceae (11,2%).

Uma espécie não identificada de Astereraceae (6499 sementes; 22,8%), Serjania sp. 1 (6221

sementes; 21,8%), e uma espécie não identificada de Rutaceae (4602 sementes; 16,1%)

apresentam as maiores abundâncias absolutas de sementes (tabela 2).

A soma das sementes de espécies arbóreas caracterizaram uma abundância maior (44,1%) do

que a soma de todas as lianas (33,5%). As cinco espécies arbóreas identificadas até gênero mais

abundantes foram: Machaerium nyctitans (1,7%), Cordia ecalyculata (1,6%), Cecropia glaziouii

(1,4%), Piptadenia gonoacantha (1,4%). Protium heptaphyllum, Croton floribundus e Otonia sp.

ainda apresentaram valores de abundâncias próximos aos cinco mais abundantes (0,7%, 0,7% e

0,6% respectivamente). As outras espécies arbóreas apresentaram abundâncias relativas abaixo

de 0,2% (tabela 2).

Tabela 2: Espécies com sementes coletadas no período de outubro de 2003 a setembro de 2004, classificadas em ordem decrescente de abundância relativa.

Espécie Família Hábito de vida

Síndrome de dispersão

Total de sementes

Abundância relativa

Asteraceae 1 Asteraceae arbórea anemocoria 6499 0.228

Serjania sp 1 Malpighiaceae liana anemocoria 6221 0.218

Rutaceae 1 Rutaceae zoocoria 4602 0.161

Serjania sp 2 Malpighiaceae liana anemocoria 3287 0.115

Psidium sp 1 Myrtaceae arbórea zoocoria 3099 0.109

Psychotria sp Rubiaceae arbusto zoocoria 747 0.026

Machaerium nyctitans Fabaceae arbórea anemocoria 497 0.017

Cordia ecalyculata Boraginaceae arbórea zoocoria 470 0.016

Cecropia glaziouii Cecropiaceae arbórea zoocoria 412 0.014

Mascagnia sp 3 Malpighiaceae arbusto anemocoria 393 0.014

Piptadenia gonoachanta Mimosaceae arbórea anemocoria 387 0.014

Protium heptaphyllum Burseraceae arbórea zoocoria 217 0.008

Croton floribundus Euphorbiaceae arbórea zoocoria 211 0.007

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Espécie Família Hábito de vida

Síndrome de dispersão

Total de sementes

Abundância relativa

Amaranthaceae 2 Amaranthaceae anemocoria 174 0.006

Ottonia sp Piperaceae arbórea zoocoria 174 0.006

Mascagnia sp 2 Malpighiaceae arbusto anemocoria 162 0.006

Mascagnia sp 1 Malpighiaceae arbusto anemocoria 146 0.005

Guettarda viburnoides Rubiaceae arbórea zoocoria 77 0.003

Archontophoenix cunninghamiana Arecaceae arbórea zoocoria 57 0.002

Cedrela fissilis Meliaceae arbórea anemocoria 54 0.002

Zanthoxylum rhoifolium Rutaceae arbórea zoocoria 48 0.002

Psidium sp 2 Myrtaceae arbórea zoocoria 45 0.002

Paulinia sp Sapindaceae arbórea zoocoria 42 0.001

Eugenia sp 2 Myrtaceae arbórea zoocoria 38 0.001

Psychotria suterella Rubiaceae arbusto zoocoria 35 0.001

Serjania sp 3 Malpighiaceae liana anemocoria 34 0.001

Lauraceae 1 Lauraceae zoocoria 33 0.001

Maytenus sp Celastraceae arbórea zoocoria 28 0.001

Dalbergia sp Fabaceae arbórea zoocoria 27 0.001

Cecropia pachystachia Cecropiaceae arbórea zoocoria 26 0.001

Stifftia crysantha Asteraceae arbórea anemocoria 22 0.001

Sebastiania sp Euphorbiaceae arbórea zoocoria 19 0.001

Amaranthaceae 1 Amaranthaceae anemocoria 18 0.001

Gomidesia sp Myrtaceae arbórea zoocoria 18 0.001

Zanthoxylum sp 1 Rutaceae arbórea zoocoria 18 0.001

Ocotea sp 2 Lauraceae arbórea zoocoria 17 0.001

Ocotea sp 1 Lauraceae arbórea zoocoria 14 <0.001

Solanum pseudoquina Solanaceae arbórea zoocoria 14 <0.001

Zanthoxylum sp 2 Rutaceae arbórea zoocoria 13 <0.001

Tipuana tipu Fabaceae arbórea anemocoria 12 <0.001

Cytharexyllum myrianthum Verbenaceae arbórea zoocoria 10 <0.001

Bignoniaceae 1 Bignoniaceae anemocoria 9 <0.001

Lauraceae 1 Lauraceae arbórea zoocoria 5 <0.001

Rapanea ferruginea Myrsinaceae arbórea zoocoria 5 <0.001

Mendosa sp Acantaceae zoocoria 4 <0.001

Syagrus romanzoffiana Arecaceae arbórea zoocoria 3 <0.001

Euphorbiaceae 1 Euphorbiaceae zoocoria 2 <0.001

Cupania sp Sapindaceae arbórea zoocoria 2 <0.001

Cabralea canjerana Meliaceae arbórea zoocoria 2 <0.001

Eugenia sp 1 Myrtaceae arbórea zoocoria 2 <0.001

Anchieta sallutaris Violaceae liana anemocoria 2 <0.001

Seis espécies não identificadas 69

Riqueza de espécies = 57 Total de sementes 28522

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Quanto à síndrome de dispersão, as sementes anemocóricas apresentaram a maior proporção

das sementes coletadas (62,7%). As sementes das espécies classificadas como zoocóricas

contribuíram com 37,3%, sendo que a espécie Archontophoenix. cf. cunninghamiana representou

apenas 0,54% de todas as sementes zoocóricas. Embora menor em número de sementes, a

síndrome por zoocoria representou um maior número de espécies (71,9% de espécies zoocóricas

e 28,1% de espécies anemocóricas. As espécies arbóreas zoocóricas identificadas e mais

abundantes estão listadas na tabela 3.

Tabela 3. Espécies arbóreas zoocóricas mais abundantes na chuva de sementes, classificadas em ordem decrescente de número de sementes total na chuva de sementes.

Espécie Número de sementes na chuva de sementes

Psidium sp 1 3099 Cordia ecalyculata 470 Cecropia glaziouii 412 Protium heptaphyllum 217 Croton floribundus 211 Otonia sp 174 Guettarda viburnoides 77 Archontophoenix cunninghamiana 57 Cedrela fissilis 54 Zanthoxylum rhoifolium 48 Psidium sp 2 45

Variação temporal

Os dados de precipitação e de temperatura relativos ao período de coletas deste trabalho estão

representados na figura 8. O período com os maiores valores de precipitação foi de janeiro a abril

de 2004; as maiores temperaturas foram as do período entre dezembro e abril de 2004.

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O mês que apresentou o maior número total de sementes coletadas foi fevereiro de 2004 (com

6923 sementes), seguido de outubro de 2003 (4835) e setembro de 2004 (4774) (figura 9).

Figura 8. Temperatura média mensal (em °C; linha azul) e precipitação média mensal (em mm, barras vermelhas). Dados IAG/USP e DAEE.

0

50

100

150

200

250

10/2003 11/2003 12/2003 01/2004 02/2004 03/2004 04/2004 05/2004 06/2004 07/2004 08/2004 09/2004

Meses de coleta

pre

cip

itaç

ão m

ensa

l (m

m)

0

5

10

15

20

25

Tem

per

atu

ra (

°C)

Figura 9. Número de sementes de todas as espécies coletadas na chuva de sementes, nas coletas mensais de outubro de 2003 a setembro de 2004.

Meses de coleta

Núm

ero

de s

emen

tes

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

10/2003 11/2003 12/2003 01/2004 02/2004 03/2004 04/2004 05/2004 06/2004 07/2004 08/2004 09/2004

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96

A figura 10 ilustra a chuva de sementes das onze espécies arbóreas zoocóricas identificadas, ao

longo dos meses de coleta de dados.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

10/2003 11/2003 12/2003 01/2004 02/2004 03/2004 04/2004 05/2004 06/2004 07/2004 08/2004 09/2004

Meses de coleta

mer

o d

e se

men

tes

Otonia sp

Croton floribundus

Protium heptaphilum

Cecropia glazioui

Cordia ecalyculata

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

10/2003 11/2003 12/2003 01/2004 02/2004 03/2004 04/2004 05/2004 06/2004 07/2004 08/2004 09/2004

Meses de coleta

mer

o d

e se

men

tes

0

5

10

15

20

25

30

35

40

10/2003 11/2003 12/2003 01/2004 02/2004 03/2004 04/2004 05/2004 06/2004 07/2004 08/2004 09/2004

Meses de coleta

mer

o d

e se

men

tes

Psidium sp 2

Zantoxylum rhoifolium

Cedrela fissilis

Archontophoenixcunninghamianna

Guettarda viburnoides

A

B

C

Figura 10. Abundância de sementes de espécies arbóreas zoocóricas identificadas, coletadas na chuva de sementes. A: espécie mais abundante Psidium sp; B: 5 espécies mais abundantes (segunda à sexta espécia), exceto Psidium sp.; C: Sétima à décima primeira espécie mais abundante.

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97

O alto valor em fevereiro de 2004 se deveu principalmente a apenas três espécies: Rutaceae 1,

que contribuiu com 45,7% das sementes desta coleta, Serjania sp. 1, com 25,5% e Psidium sp. 1,

com 18,7%; as três espécies somam 90% de todas as sementes coletadas nesse mês. Já em

outubro de 2003, 90% das sementes coletadas foram de Serjania sp 1 (54,6%) e Asteraceae 1

(34,4%), de modo semelhante ao que ocorreu em setembro de 2004, cujo pico de sementes se

deveu a essas mesmas espécies (43,7% e 42,3%, respectivamente).

Comparação espacial

Comparando-se os dois lados da Reserva (lados A e B, figura 5), observou-se que o total de

sementes da chuva de sementes encontrado em cada lado apresentou proporções semelhantes,

sendo que no lado A foram encontradas 13728 sementes (48,13%) e no lado B, 14794 sementes

(51,87%). No entanto, esses valores se revelaram significativamente diferentes pelo teste de

Kruskal-Wallis (H = 5,7055; p < 0,05).

Considerando o número de sementes em relação às diferentes faixas de distância da borda, o

teste estatístico não resultou em diferença significativa para a abundância de sementes do lado

A da Reserva (H = 5,227331; p > 0,05), nem para a abundância de sementes do lado B

(H = 3,306115; p > 0,05). Apesar desses resultados, a figura 11 mostra que houve uma

Figura 11. Abundância de sementes coletadas na chuva de sementes no lado A (barras verdes) e no lado B (barras amarelas) da Reserva Florestal da CUASO.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

10 20 30 40 50

Distância da borda (m)

Núm

ero

de

sem

ente

s

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98

tendência ao aumento do número total de sementes à medida que aumentava a distância da

borda no lado B. Já no lado A, não houve tendência clara no aumento ou declínio no número

de sementes em relação à distância da borda (figura 11).

Ainda em relação às diferentes faixas de distância da borda, mas considerando a similaridade

da composição de espécies das sementes amostradas, os resultados indicaram um gradiente

de similaridade entre as faixas (tabela 4). As faixas mais próximas entre si apresentaram índice

de similaridade maior do que entre faixas mais distantes, quando são consideradas as faixas

do mesmo lado da Reserva.

Tabela 4: Índices de similaridade de Sørensen entre diferentes faixas de distância da borda, para as sementes da chuva de sementes. A10 A20 A30 A40 A50 A10 0,8124 0,5455 0,6002 0,5311 A20 0,6700 0,6521 0,5882 A30 0,6631 0,2233 A40 0,7141 A50 B10 B20 B30 B40 B50 B10 0,6954 0,5208 0,4906 0,5108 B20 0,5361 0,5700 0,5636 B30 0,0128 0,5041 B40 0,7509 B50 B10 B20 B30 B40 B50 A10 0,2140 A20 0,2796 A30 0,2596 A40 0,4628 A50 0,3505

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99

Sementes da espécie Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva e no banco de

sementes

Na chuva de sementes, na soma das doze coletas ao longo de um ano, foram observadas 57

sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana (0,19% do total de sementes de todas as

espécies) (tabela 5). Considerando que a área total amostrada pelos coletores foi de 25 m2, a

densidade média de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana foi de 2,28 sementes/m2,

no período produtivo (período mais chuvoso). Não houve diferença significativa do número de

sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana em relação às diferentes faixas de distância, no

lado A (Kruskal-Wallis: H = 3,0710; p > 0,05), mas houve diferença significativa no lado B da

Reserva Florestal da CUASO (Kruskal-Wallis: H = 11,05704; p < 0,05). Entretanto, o teste a

posteriori Dunnett C (Zar 1984), efetuado por meio do programa SPSS (SPSS Inc. 1997) não pôde

identificar entre quais faixas de distância havia diferença significativa. A distribuição das sementes

na chuva de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana ao longo das faixas de distância

está representada na figura 12.

O mês de maior abundância absoluta de Archontophoenix cf. cunninghamiana foi fevereiro de

2004 (21 sementes), enquanto que março de 2004 foi o mês com a maior abundância relativa

(1,07%). A baixa abundância relativa de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana na

chuva de sementes permaneceu em praticamente todo o período de coleta, com exceção do mês

de março (1,07%). O mês com maior abundância absoluta foi fevereiro, quando foram coletadas

0

5

10

15

20

10 20 30 40 50

Distância da borda

mer

o d

e se

men

tes

0

5

10

15

20

10 20 30 40 50

Distância da borda

Núm

ero

de

sem

ente

s

Figura 12. Número de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva de sementes, ao longo de diferentes faixas de distância em relação à borda da mata.

Distância da borda (m) Distância da borda (m)

Lado A Lado B

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100

21 sementes (tabela 5 e figura 10). Nos meses de maio a setembro, nenhuma semente de

Archontophoenix cf. cunninghamiana foi encontrada nos coletores. Nesses meses, a abundância

de todas as outras espécies também foi menor.

Tabela 5: Quantidade de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva de sementes

Meses de coleta

Número de sementes na chuva de sementes

Número de sementes/m2 na chuva de sementes

Abundância relativa na chuva de sementes

10/2003 1 0,04 0.0002 11/2003 11 0,44 0.0033 12/2003 1 0,04 0.0005 01/2004 9 0,36 0.0026 02/2004 21 0,84 0.0030 03/2004 10 0,40 0.0107 04/2004 4 0,16 0.0054 05/2004 0 0 0.0000 06/2004 0 0 0.0000 07/2004 0 0 0.0000 08/2004 0 0 0.0000 09/2004 0 0 0.0000 Total 57 2,28 0.0020

No banco de sementes, no total de quatro coletas ao longo de um ano, foram encontradas 33

sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana nas amostras de solo (tabela 6). Considerando

que a área total amostrada pelos coletores foi de 2 m2, o total de sementes acumulado foi de

16,50 sementes/m2. Não houve diferença significativa do número de sementes de

Archontophoenix cf. cunninghamiana em relação às diferentes faixas de distância, nem no lado A

(Kruskal-Wallis: H = 0,4961; p > 0,05), nem no lado B da Reserva Florestal da CUASO. A

distribuição das sementes no banco de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana ao

longo das faixas de distância está representada na figura 13.

Tabela 6: Quantidade de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana nas amostras de solo

Meses de coleta

Número de sementes no banco de sementes

Número de sementes/m2 no banco de sementes

10/2003 7 3,5

02/2004 19 9,5

06/2004 7 3,5

10/2004 0 0

Total 33 16,5

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101

A coleta do banco de sementes com maior número de sementes de Archontophoenix cf.

cunninghamiana foi a realizada em fevereiro de 2004. Na última coleta, realizada em outubro de

2004, não foi constatada a presença de sementes dessa espécie.

Para comparar o número de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana entre a chuva de

sementes e o banco de sementes, foi feita uma comparação espacial simples, através do número

de sementes encontrado em cada ponto de coleta, somadas as coletas de um ano (figura 14).

Observa-se que não parecer haver semelhança entre a distribuição espacial das sementes desses

dois tipos diferentes de estratégias de regeneração na mata da Reserva Florestal da CUASO.

Os intervalos de coleta coincidentes, ou seja, nos quais o acúmulo de sementes no solo coletado

coincidiu com os meses de coleta da chuva de sementes estão listados na tabela 7.

Tabela 7: Quantidade de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana na chuva e no banco de sementes

Período de coleta coincidente

Número de sementes/m2 na chuva de sementes

Número de sementes/m2 no banco de sementes

I – referente ao acúmulo dos meses de novembro/2003 a fevereiro/2004 84 475

II – referente ao acúmulo dos meses de março a junho/2004 28 175

Total 112 650 Média 2,24 13 Desvio padrão 5,53 27,31

0

2

4

6

8

10

10 20 30 40 50

Distância da borda (m)

mer

o d

e se

men

tes

0

2

4

6

8

10

10 20 30 40 50

Distância da borda (m)

mer

o d

e se

men

tes

Figura 13. Número de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana no banco de sementes, ao longo de diferentes faixas de distância em relação à borda da mata.

Lado A Lado B

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102

Chuva: Lado B

0 10 20 30 40 50 60

Distância da borda

0

1

2

3

4

5

6

Linh

a

0 10 20 30 40 50 60

Distância da borda

1

2

3

4

5

Linh

a

Chuva: Lado A

0 10 20 30 40 50 60

Distância da borda

0

1

2

3

4

5

6

Linh

a

Banco: Lado A

0 10 20 30 40 50 60

Distância da borda

0

1

2

3

4

5

6

Linh

a

Banco: Lado B

Indivíduos adultos: Lado A Indivíduos adultos: Lado B

0 10 20 30 40 50 60

Distância da borda

0

1

2

3

4

5

6

Linh

a

0 10 20 30 40 50 60

Distancia

0

1

2

3

4

5

6

Linh

a

Figura 14. Distribuição espacial nos 50 pontos de coleta de sementes de Archontophoenix cf. cunninghaminana na chuva de sementes (A), de sementes de Archontophoenix cf. cunninghaminana no banco de sementes (B) e dos indivíduos adultos de Archontophoenix cf. cunninghaminana próximos aos pontos de coleta. A disposição dos pontos se refere à esquematizada pela figura 5.

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103

Indivíduos adultos de Archontophoenix cf. cunninghamiana

Na análise da densidade de palmeiras adultas próximas aos pontos de coleta, nas 50 parcelas de

6,0 X 6,0 m, foram encontrados 9 indivíduos com DAP maior ou igual a 25 centímetros. Apenas

uma das parcelas apresentou dois indivíduos, as demais tiveram apenas um (7 parcelas) ou

nenhum (42 parcelas) indivíduo próximo (figura 14).

Discussão

No presente trabalho realizado na mata da Reserva Florestal da CUASO, foi encontrada uma

riqueza de espécies (57 espécies, sendo 35 espécies de arbóreas) maior do que a encontrada por

um estudo anterior sobre chuva de sementes, realizado por Gorresio-Roizman (1993). Essa autora

amostrou uma área menor da Reserva, ou seja uma parcela de 50 por 50m, onde coletou dados

de 35 pontos inseridos nesta parcela. Observou 18 espécies, das quais apenas 5 coincidem com o

presente trabalho (Archontophoenix cunninghamiana, Cordia ecalyculata, Croton floribundus,

Guettarda viburnoides, Solanum pseudoquina). Uma possível explicação para essa diferença seria

a heterogeneidade espacial e temporal da chuva de sementes de diferentes espécies, que em

geral não é refletida em estudos pontuais. A maior riqueza de espécies do presente trabalho pode

ser resultado da maior aérea de coleta de dados. Nessa comparação, deve-se considerar as

variáveis ecológicas envolvidas, como as diferenças fenológicas entre períodos de amostragem

diferentes e da própria modificação da composição florística da comunidade após um intervalo de

mais de dez anos.

A riqueza de espécies arbóreas na chuva de sementes no presente trabalho pouco se assemelha

à riqueza de indivíduos adultos encontrada por Dislich (2002), na mata da Reserva Florestal da

CUASO. No presente estudo foram observadas sementes de 35 espécies arbóreas e no estudo de

Dislich (2002) foram observadas 91 espécies de espécies arbóreas (DAP >25cm). Destas 91

espécies, 12 apresentaram sementes na chuva de sementes amostrado pelo presente trabalho.

Ele observou que as espécies mais abundantes foram Alchornea sidifolia, Piptadenia

gonoachanta, Croton floribundus, Cordia ecalyculata, Eucalyptus sp., Cecropia glaziouii e

Archontophoenix cf. cunninghamiana. Cinco destas espécies tiveram suas sementes amostradas

pelo presente trabalho (Piptadenia gonoachanta, Croton floribundus, Cordia ecalyculata, Cecropia

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104

glaziouii e Archontophoenix cf. cunninghamiana) e a abundância das sementes de algumas

dessas espécies também foram as maiores encontradas. Essas comparações podem indicar que

muitas espécies arbóreas não estão representadas na chuva de sementes da comunidade, o que

pode ser motivo de alerta em termos de conservação da flora nativa neste fragmento. A presença

dos indivíduos adultos na comunidade não é certeza de manutenção das espécies na

comunidade, pois é preciso ocorrer a reprodução/recrutamento de modo a viabilizar a presença

das populações. Portanto, a fase de dispersão de sementes é fundamental nessa manutenção. Se

grande parte das espécies nativas não apresenta sementes na chuva de sementes, pode ser o

sinal de baixa capacidade de regeneração desta comunidade. No entanto, é preciso considerar a

sazonalidade das espécies e o fato de que as coletas representam amostras pontuais.

A abundância das sementes da chuva de sementes da comunidade ao longo das coletas mensais

parece indicar um padrão de sazonalidade, uma vez que as maiores abundâncias foram

observadas em meses do período mais chuvoso (de outubro de 2003 a fevereiro de 2004).

Entretanto, para esse padrão ser confirmado, seriam necessários vários anos seguidos de

observação. O pico de abundância total de sementes em fevereiro de 2004 coincidiu com o

período de maior precipitação e temperatura. Analisando-se apenas as espécies as arbóreas

zoocóricas abundantes, o número máximo de sementes coletadas de algumas destas espécies

também coincidiram com o pico de precipitação de fevereiro, como Psidium sp, Cordia ecalyculata,

Protium heptaphylum e Croton floribundus. Assim como neste trabalho, Gorresio-Roizman (1993)

também observou um maior número de sementes na chuva de sementes no período mais

chuvoso, reforçando a idéia de sazonalidade dos padrões fenológicos da comunidade. Isso

coincide também com o observado por Grombone-Guaratini & Rodrigues (2002) em uma floresta

semidecidual (SP), mas difere do encontrado por Grombone-Guaratini et al. (2004), em uma

floresta de galeria em Mogi Guaçú (SP), pois neste último estudo, ocorreu o aumento da

densidade de sementes de espécies arbóreas pioneiras no banco de sementes na época seca.

A presença da espécie Archontophoenix cunninghamiana no banco de sementes da mata da

Reserva Florestal da CUASO é descrita pela primeira vez no presente trabalho. A dinâmica do

banco de sementes na mata da Reserva Florestal da CUASO foi analisada por Gorresio-Roizman

(1993), em uma única coleta (em janeiro de 1989), na qual observou a germinação de sementes

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105

de 12 famílias, 16 gêneros e 19 espécies. Trema micrantha, Cecropia cinerea e Solanum

erianthum foram as espécies mais abundantes. Constatou-se a predominância de espécies

arbóreas pioneiras no solo e um decréscimo no número de espécies e indivíduos de acordo com a

profundidade. A espécie Archontophoenix cunninghamiana estava ausente nos resultados do

referido trabalho. Uma vez que o banco de sementes geralmente é temporal e espacialmente

dinâmico (Cabin & Marshall 2000), a ausência dessa espécie no banco de sementes do referido

estudo não significa necessariamente que ela estaria ausente na mata, mas talvez apenas

ausente no período e nas áreas amostradas. Tal hipótese é reforçada pela significativa presença

das sementes desta espécie nos resultados do presente trabalho.

Da mesma forma que na chuva de sementes total da comunidade, a abundância das sementes da

palmeira Archontophoenix cf. cunninghamiana atingiu o máximo em fevereiro, tanto da chuva

quanto no banco de sementes, sendo um indicativo de sazonalidade para essa espécie. Essa

hipótese de sazonalidade é reforçada pela ausência de sementes dessa espécie no período mais

seco, nos meses de maio e setembro de 2004, na chuva de sementes, e no mês de outubro, no

banco de sementes. Esse resultado confere com o período de frutificação observado por Figliolia

& Piña-Rodrigues (1995), ou seja, em fevereiro e março. A época de floração e duração de florada

de Archontophoenix cunninghamiana no campus da CUASO, nas áreas externas à Reserva foram

observadas como sendo de fevereiro a junho por Pirani & Cortopassi-Laurino (1994), contrastando

com Mendonça (2004), que descreve o período de floração e frutificação desta espécie como

sendo durante todo o ano, o que também difere do indicado no presente trabalho. Provavelmente,

esse último resultado foi encontrado porque Mendonça (2004) observou indivíduos adultos de

Archontophoenix cf. cunninghamiana nas áreas ajardinadas do campus e externas à Reserva,

que apresentam condições bióticas e abióticas muito distintas das condições no interior do

fragmento. Durante o período de execução do presente trabalho, foi observado (informalmente)

que a floração – e conseqüente frutificação – dessa espécie exótica é bem superior em condições

de maior insolação (nas áreas ajardinadas do campus) do que no interior da mata.

Quanto à variação espacial da abundância de sementes da chuva de sementes e do banco de

sementes, algumas considerações podem ser feitas. Os dois lados da Reserva Florestal da

CUASO apresentaram resultados semelhantes no número de sementes coletadas, mas foram

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106

observadas diferenças quanto à composição de espécies na chuva de sementes. Pode-se inferir

que tanto o grau de perturbação e o entorno diferenciados em cada lado podem ser fatores que

contribuem para esse resultado. O lado A, por exemplo, está próximo de uma área bastante

arborizada (o Clube de Professores da USP), enquanto o lado B possui como entorno prédios e

áreas ajardinadas. Outra diferença está no fato de que o lado A possui acesso mais fácil e é

muitomais freqüentado por alunos e professores da universidade, o que aumenta o pisoteamento

e outros impactos antrópicos.

Em relação às diferentes faixas de distância em relação à borda, em geral as faixas

imediatamente próximas entre si obtiveram maiores índices de similaridade de riqueza de

espécies da chuva de sementes do que entre faixas mais distantes. Isso pode ser indicativo de

que a chuva de sementes apresenta um gradiente de espécies. Em um estudo sobre a florística e

estrutura da borda da mata da Reserva Florestal da CUASO, Teixeira (1998) utilizou metodologia

distinta do presente trabalho, pois considerou faixas de três metros de largura e a uma distância

máxima de 21 metros em direção ao interior. Apesar dessa diferença metodológica, é possível

fazer algumas comparações. Embora Teixeira (1998) tenha observado um gradiente de

similaridade da composição de espécies a partir da borda até o interior da mata, ela concluiu que a

composição florística da borda não é diferente da faixa mais interior da mata. Conferiu esse

resultado ao fato de grande parte das espécies observadas fazerem parte de todas as faixas de

distância da borda. Mesmo assim, em uma análise mais refinada, apontou para a presença de

distintos habitats na mata, conforme a distância da borda. Ou seja, indicou a presença de um

habitat de borda que apresentava várias espécies típicas deste habitat, assim como um habitat de

interior, com espécies típicas de interior. Também ressaltou a presença de um mosaico da habitats

na mata, devido à presença de clareiras, por exemplo. Esse mosaico confere com o descrito por

Rossi (1987) e Dislich (2002). Esses trabalhos se referem à composição florística dos adultos

presentes na mata da Reserva Florestal da CUASO. É importante ressaltar que essa composição,

sua heterogeneidade espacial e os padrões fenológicos de cada população presente interferem na

composição da chuva e do banco de sementes da comunidade. No caso da mata da Reserva

Florestal da CUASO, é difícil estabelecer qual é o efetivo papel dos efeitos de borda que

interferem na dinâmica da comunidade. Isso porque as outras variáveis envolvidas – entre elas, o

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107

tamanho reduzido do fragmento, a idade das diferentes regiões da mata, a topografia - se

confundem com esses efeitos. O tamanho reduzido confere menor área de interior, aliado ao

formato estreito do fragmento. As regiões de borda do fragmento coincidem com as áreas mais

recentes de mata. A topografia do fragmento confere um gradiente de declividade a partir da borda

em relação ao interior, sendo que o interior é um fundo de vale. Portanto, todos esses fatores

colaboram para uma heterogeneidade florística das diferentes faixas de distância da borda; mas a

baixa diversidade de espécies não colabora para essa heterogeneidade.

Embora esse trabalho tenha usado uma metodologia diferente de Dislich (2002) para coletar os

dados, pode-se fazer algumas comparações entre as espécies arbóreas coincidentes e as

diferentes distâncias da borda da mata. Quando o autor considerou DAP menor (9,5 cm), a

população de Archontophoenix cf. cunninghamiana foi a mais abundante entre todas as espécies

da mata, em uma área que coincide com o lado A considerado neste trabalho. Entretanto, quando

o DAP considerado foi maior (DAP > 25cm), algumas das espécies mais abundantes em relação

aos indivíduos adultos no estudo de Dislich (2002) coincidem com as do presente trabalho: Cordia

ecalyculata, Piptadenia gonoacantha e Croton floribundus, não estando a Archontophoenix cf.

cunninghamiana entre elas. Neste mesmo local coincidente, o autor observou indivíduos adultos

de Archontophoenix cf. cunninghamiana agregados ao longo do riacho, que é um local sujeito a

alagamento nas épocas de maior precipitação. Por isso, a densidade relativa de indivíduos de

Archontophoenix cf. cunninghamiana (DAP > 9,5cm) desde a borda até o interior apresentou

pequena tendência à diminuição, sendo que na faixa a 100m da borda, houve uma densidade

elevada (Dislich 2002). Isso porque essa faixa coincide com o riacho, área bastante úmida e que

fica logo após um acentuado declive. Isso é, onde alguns indivíduos adultos se encontram

agregados. Na chuva de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana, no lado A da

Reserva, houve um número maior de sementes na faixa mais distante da borda (50 metros), o que

pode estar relacionado com esse maior número de adultos reprodutivos agregados no interior,

próximos ao riacho.

A comparação entre a chuva e o banco de sementes não foi completa no presente trabalho. Um

dos fatores que colaborou para isso foi a ausência de sementes de Archontophoenix cf.

cunninghamiana em um número grande de coletores durante as diversas coletas realizadas.

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108

Apesar disso, foi possível comparar a densidade das sementes nos períodos de coleta

coincidentes. A abundância relativa de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana na

chuva de sementes parece baixa na comunidade. Entretanto, o número de sementes da espécie é

significativo na chuva, ainda mais quando é analisado pela densidade que ele representa.

Considerando que a densidade total de sementes foi de 2,28 sementes por m2, se isso fosse

extrapolado para o todo fragmento, seria obtido um valor de aproximadamente 235000 sementes

na mata. Mesmo sendo uma extrapolação grosseira, que ignora a heterogeneidade do ambiente,

ela é útil para ilustrar que as sementes da espécie invasora estão presentes na comunidade em

número suficiente para manter a população. No caso do banco de sementes, essa densidade é

ainda maior, ou seja, 16,50 sementes por m2 no período reprodutivo. Esse resultado não difere do

que geralmente pode ocorrer, pois em florestas tropicais, há pouca correlação entre a composição

da vegetação estabelecida e o banco de sementes, assim como entre a chuva de sementes e o

banco de sementes (Drake 1998). Em estudo realizado em uma floresta estacional semidecidual

em São Paulo, Grombone-Guaratini (1999) encontrou uma perda de 85,7% de sementes na

passagem da chuva para o banco sementes de espécies nativas, possivelmente explicadas pela

predação às sementes, ao ataque de patógenos e à própria germinação. Garwood (1989) propõe

que espécies nativas de florestas tropicais geralmente utilizam diversas estratégias de

regeneração, entre elas o o banco de sementes; mas essa estratégia seria mais atribuída a

espécies pioneiras. Com isso, os resultados do presente trabalho podem servir de alerta para a

probabilidade desta espécie invasora apresentar uma estratégia de regeneração que pode estar

contribuindo para uma maior competitividade e conseqüentemente maior poder de invasão.

A alta densidade de sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana no banco de sementes

quando comparada à chuva de sementes indica que esta espécie pode formar banco de

sementes, mesmo que temporário. Em seu ambiente nativo, o intervalo de germinação desta

espécie é de 3 meses e ela não forma banco de sementes persistente (PACSOA 2005). No Brasil,

Lorenzi et al. (1996) descrevem o período de geminação como sendo de aproximadamente 2

meses. Entretanto, é necessário cautela para não superestimar o banco de sementes como a

principal estratégia de reprodução de Archontophoenix cf. cunninghamiana, pois para tanto seria

necessária a confirmação através de experimentos que verificassem o tempo de viabilidade das

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sementes enterradas e o tempo de germinação nos diferentes microhabitats da Reserva Florestal

da CUASO.

Próximos aos coletores da chuva e do banco de sementes foram observados poucos indivíduos

adultos de Archontophoenix cf. cunninghamiana. Mas esse baixo número de adultos próximos aos

coletores contrasta com o elevado número total de indivíduos adultos observado em toda a mata

pelo presente trabalho, que é 2,4 vezes maior do que o descrito pelo trabalho de Dislich (2002). A

alta densidade da população dessa espécie também foi observada por Dislich (2002), além das

altas taxas de crescimento populacional (19,4% ao ano) e de recrutamento (19,7% ao ano). O

baixo número de indivíduos adultos próximos aos coletores pode ser um efeito da amostragem,

aliado ao padrão de distribuição agregado dos indivíduos adultos dessa espécie (descrito por

Dislich 2002).

As sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana poderiam ser levadas para maiores

distâncias a partir da planta parental através da dispersão biótica primária - por exemplo através

de aves que a utilizassem como alimento – ou por eventos pós dispersão, como a ação de animais

rasteiros, como formigas ou pequenos mamíferos. Entretanto, essa pode não ser a realidade da

mata da Reserva Florestal da CUASO, pois pequenos mamíferos provavelmente são escassos no

local. Os fatores de dispersão mais prováveis neste caso seriam os abióticos, por exemplo pela

simples queda ou quando as sementes se deslocam em função da própria declividade do terreno,

facilitadas ou não pela ação da chuva. Os agentes bióticos em potencial seriam as aves;

entretanto, as aves que utilizariam os frutos como recurso alimentar são típicas de áreas abertas,

tais como Pitangas sulphuratus (bem-te-vi) e Turdus rufiventris (sabiá laranjeira) (Hasui & Höfling

1998). Também não há registros de espécies de aves especialistas, que estariam utilizando os

frutos de Archontophoenix cf. cunninghamiana como principal fonte de recurso (Hasui & Höfling

1998).

A manutenção da população de Archontophoenix cf. cunninghamiana na mata é conseqüência de

seu sucesso como invasora, por conseguir se regenerar constantemente, através de processos

básicos como polinização, germinação, recrutamento e desenvolvimento dos jovens. O sucesso

desta invasão pode ser devido a dois grandes grupos de fatores: o poder de invasão da espécie e

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a suscetibilidade da comunidade à invasão. Geralmente é difícil distinguir qual desses fatores é

mais decisivo no sucesso da invasão, portanto aceita-se que a combinação dos dois seja o motivo

determinante. No caso estudado, a espécie Archontophoenix cf. cunninghamiana parece

apresentar algumas características dos invasores em potencial, tais como a grande produção de

frutos e rápido crescimento vegetativo. Mas as características da comunidade invadida também

parecem determinar esse sucesso, pois a área é altamente degradada, isolada de outras

comunidades e de tamanho reduzido. Outras populações arbóreas dentro da mata podem estar

com o fluxo de sementes comprometido, tanto pelo pequeno número de adultos reprodutivos (ou a

ausência deles), quanto pelo alto grau de isolamento que impossibilita a chegada de diásporos de

outras comunidades, diminuindo as chances de variabilidade genética. Dislich (2002) alertou que

espécies tardias apresentam populações reduzidas dentro da mata. No caso da palmeira, o

isolamento da mata não parece ser um fator que limite o crescimento de sua população; uma

explicação seria a presença de focos de invasão constantes, por causa dos indivíduos cultivados

como ornamentais nas áreas externas próximas à Reserva.

Por todos esses motivos, Archontophoenix cf. cunninghamiana pode ter sua capacidade de

invasão potencializada pelas características do ambiente invadido e da comunidade ali inserida,

que apresenta diversos fatores que colaboram para diminuir a resistência da comunidade à

invasão. Entre eles, estão: alto grau de isolamento, tamanho reduzido, baixíssimo fluxo de

diásporos entre diferentes regiões, baixa diversidade de espécies, pouca disponibilidade de

agentes dispersores bióticos, alta quantidade de lianas, populações pequenas de espécies tardias,

impactos antrópicos (lixo, pisoteamento etc), entre outros.

Implicações para manejo e conservação

Apesar do tamanho reduzido de do alto grau de isolamento da mata da Reserva Florestal da

CUASO, ela representa um dos poucos fragmentos florestais da cidade de São Paulo. Portanto,

necessita ter sua biodiversidade conservada. Porém, as espécies vegetais nativas e presentes na

mata possuem capacidade de regeneração limitada, ao que se refere à chegada de diásporos de

áreas florestadas mais próximas. Assim, além da conservação dos adultos reprodutivos já

presentes na comunidade, deve-se pensar sobre a introdução deliberada de novos indivíduos

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como estratégia de conservação. Deste modo, a diversidade genética poderia ser incrementada e

a sobrevivência das populações dessas espécies poderia ser mais garantida. Espécies nativas

que não estão mais representadas na comunidade poderiam ter indivíduos plantados na Reserva

Florestal da CUASO, como forma de enriquecimento. A criação de corredores ou “stepping stones”

que promovessem a dispersão de diásporos nativos entre áreas florestadas mais próximas seria

uma ferramenta importante para minimizar os efeitos da fragmentação e isolamento.

O campus da USP possui grande potencial para o desenvolvimento dessas áreas de ligação, pois

é amplamente arborizado. Entretanto, isso é dificultado pela arbitrariedade e falta de diretrizes na

ornamentação e conservação de áreas verdes do campus. O plantio de espécies exóticas é

freqüente. Os indivíduos adultos nativos plantados provavelmente foram advindos das mesmas

matrizes, o que não colabora para a diversidade genética e fenotípica. A própria distribuição das

áreas verdes não obedece a critérios ecológicos, desperdiçando assim o potencial do campus

como fonte de diásporos nativos.

Um argumento utilizado por defensores da presença de Archontophoenix cf. cunninghamiana

como ornamental no campus é a de que as aves se alimentam de seus frutos e a retirada desta

espécie prejudicaria esses animais. Entretanto, isso não se sustenta pelos dados do presente

trabalho e de trabalhos anteriores. Isso porque na Reserva Florestal da CUASO, as espécies

arbóreas zoocóricas que apresentam a maior abundância na chuva de sementes também são

abundantes como indivíduos adultos (Dislich 2002), tais como Cordia ecalyculata e Croton

floribundus; além de frutificarem em boa parte do ano, como Cecropia glaziouii e C. ecalyculata

(Ferraz 1999). Os resultados do presente trabalham também indicam que, apesar da maior

concentração de sementes de espécies arbóreas zoocóricas na chuva de sementes no período

mais chuvoso, há espécies que apresentem sementes também no período mais seco (como

Zabthoxylum rhoifolium e Guettarda viburnoides). Estas são espécies zoocóricas, cujos furos e

sementes são fontes de recurso para as aves que visitam a mata. Portanto, os frutos de

Archontophoenix cf. cunninghamiana provavelmente não são o principal recurso alimentar para as

aves, como se costuma inferir. Por isso, a substituição planejada e gradual dos indivíduos de

Archontophoenix cf. cunninghamiana por outros indivíduos de uma espécie nativa de nicho

semelhante (por exemplo, um palmeira nativa) seria aceitável e não afetaria a fauna

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negativamente. Outro fator que colabora para essa substituição é que as aves atuais que visitam

tanto a mata quanto os arredores são de espécies generalistas (Hasui & Höfling 1998) e que se

adaptariam à menor densidade dessa palmeira, compensada pela introdução de outras espécies

de frutos zoocóricos.

O deslocamento limitado das aves entre a mata e os arredores tem várias implicações. No caso

das sementes de Archontophoenix cf. cunninghamiana, mesmo com pouca interação entre a mata

e os jardins, a sua dispersão ainda é vantajosa em relação à de espécies nativas, por causa do

elevado número de indivíduos adultos cultivados nas áreas ajardinadas do campus, que servem

de foco para novas introduções. Outro problema é a grande distância de fragmentos mais

próximos, de composição florística semelhante e que poderiam servir de fonte de novos diásporos;

as aves – na ausência de corredores entre as áreas – acabam por limitarem-se ao campus e aos

indivíduos já estabelecidos ou plantados deliberadamente ao longo do tempo.

A população de Archontophoenix cf. cunninghamiana se manterá ou até mesmo continuará

crescendo se não forem tomadas ações no sentido contrário. A substituição dessa palmeira

exótica por espécies nativas dentro da mata da Reserva é uma ação de manejo urgente, que deve

ser programada e executada o quanto antes. Outras ações conjuntas que visem a conservação da

biodiversidade local e o controle da invasão devem ser implementadas. Entre elas estão: a

substituição da palmeira como ornamental no campus (para evitar a fonte de reintroduções na

mata), o controle do excesso de lianas que dificulta a regeneração de arbóreas, o controle das

pressões antrópicas mais impactantes, como o pisoteamento (que prejudica a regeneração das

plântulas), a invasão de animais tais como os cachorros abandonados no campus, a entrada ilegal

de pessoas, o despejo de lixo e entulho na mata e a manutenção do banco de dados da

biodiversidade da mata da Reserva Florestal da CUASO.

Conclusão

A dispersão de sementes da palmeira invasora Archontophoenix cf. cunninghamiana está

ocorrendo na comunidade e os resultados indicam que essa espécie pode estar utilizando o banco

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de sementes como estratégia de regeneração. Aliados a isso estão a alta densidade de indivíduos

adultos e as altas taxas de crescimento e recrutamento da população invasora. Esse é um cenário

alarmante para a conservação da biodiversidade do fragmento, que já é menor do que a

encontrada em áreas florestadas semelhantes.

Tanto as características da palmeira invasora quanto as do ambiente podem contribuir para a

continuidade da invasão na Reserva, sendo difícil separar a força de cada fator envolvido. Nas

áreas externas à Reserva: a presença de palmeiras desta espécie como ornamental; no interior da

Reserva: as pequenas populações de espécies tardias nativas, a menor diversidade de espécies,

o grau de isolamento da Reserva Florestal da CUASO, seu tamanho reduzido, o fluxo de

diásporos nativos comprometido – tudo pode determinar a menor capacidade de resistência,

regeneração e manutenção da biota nativa.

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