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GOVERNO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LINHAS DE CUIDADO EM ENFERMAGEM Daniel Andrade de Vasconcelos DIREITO AO ACOMPANHANTE NO TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO IMEDIATO: ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO PRÉ-NATAL ARACAJU- SE 2014

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GOVERNO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM LINHAS DE CUIDADO EM

ENFERMAGEM

Daniel Andrade de Vasconcelos

DIREITO AO ACOMPANHANTE NO TRABALHO DE PARTO, PARTO E

PÓS-PARTO IMEDIATO: ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO

PRÉ-NATAL

ARACAJU- SE

2014

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Daniel Andrade de Vasconcelos

DIREITO AO ACOMPANHANTE NO TRABALHO DE PARTO, PARTO E

PÓS-PARTO IMEDIATO: ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE NO

PRÉ-NATAL

Projeto de pesquisa apresentado como forma parcial

para obtenção do título de especialista em

Enfermagem Materna, Neonatal e do Lactente,

modalidade à distância pela Universidade Federal de

Santa Catarina.

Orientadora: Profª. Carolina Junges

ARACAJU- SE

2014

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LISTA DE SIGLAS

AIH – Autorização de Internação Hospitalar

ANS – Agência Nacional de Saúde

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

PROCON – Procuradoria de Proteção e Defesa do Consumidor

UBS – Unidade Básica de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................. Página 5

2. OBJETIVOS .................................................................................. Página 9

2.1 Objetivo geral

2.2 Objetivos específicos

3. SUSTENTAÇÃO TEÓRICA........................................................ Página 10

3.1 Pré-Natal e Humanização.................................................... Página 12

3.2 Parto e Humanização no Parto............................................ .Página 12

3.3 Lei do Direito de Acompanhante à Gestante........................Página 12

4. METODOLOGIA............................................................................ Página 17

5.RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................... Página 19

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................Página 24

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................... Página 28

ANEXOS

Anexo 1 – Lei do Acompanhante................................................. Página 30

Anexo 2 – Portaria nº 2.418 do Ministério da Saúde.................... Página 30

Anexo 3 – Resolução Normativa nº 211 da ANS.......................... Página 31

Anexo 4 – Resolução da Diretoria Colegiada- RDC Nº 36, de 03 de Junho

2008................................................................................................ Página 31

APÊNDICE

APÊNDICE A........................................................................................ Página 67

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1. INTRODUÇÃO

Os períodos da gravidez, bem como o do puerpério deveriam ser os

momentos mais sublimes da vida de uma mulher e de seus familiares. Muito embora o

momento do parto possa ser acompanhado de receios, medos, ansiedade, angústia, dor e

outras sensações e sentimentos semelhantes.

Durante minha experiência profissional pude identificar pessoalmente e

através de depoimentos de colegas, também das gestantes e puérperas, que a realidade

pode ser bem diferente do descrito pela literatura e que muitas mulheres tiveram

experiências repletas de sensações ruins. Tal situação está relacionada a diversos

fatores, dentre eles a fragilidade oriunda da ausência de uma pessoal de convívio mais

próximo à gestante no momento mais crucial de toda a gestação, ou seja, o momento em

que ela ingressa na maternidade e é assistida durante o trabalho de parto, parto e pós-

parto. Um dos relatos que me direcionaram a esse estudo, foi o que reproduzirei

rapidamente: Certa vez ao fazer uma visita puerperal, ouvi de uma cliente que havia

sido assistida por mim durante o pré-natal numa Unidade Básica de Saúde ( UBS),

como parte integrante de ESF (Estratégia de Saúde da Família). Durante essa conversa

ela relatou que tinha sofrido violência obstétrica. A violência se deu inicialmente ao

acesso do pré-parto, no qual a acompanhante, que era a mãe da cliente, fora impedida de

entrar. Foi como uma ordem de comando rígida e inflexível: daqui não pode passar. Por

ser primigesta ela se apresentou muito mais nervosa e apreensiva com toda a dinâmica

daquele tipo de assistência que estava recebendo, onde quase absolutamente nada era

previamente explicado ou dito, apenas os procedimentos eram realizados de forma

sistemática, tal qual uma produção de fábrica. Referiu também que eram tão grandes a

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agitação, dor e medo, que ao se mexer demasiadamente na maca, acabou caindo.

Solicitou ajuda as enfermeiras, que por sua vez chamaram o obstetra. Após a avaliação

rápida, o mesmo teria dito que estava tudo normal, que era só esperar, que era assim

mesmo, e que a dor fazia parte do ato de parir. Ela ainda relatou que após horas de

espera, finalmente resolveram fazer o parto cesáreo. Já quando chegou à enfermaria e

ter a mãe por perto para ajudar com os primeiros cuidados, o ambiente mais tranquilo,

com menos estresse e sofrimento, tudo começou a melhorar, mas mesmo assim,

confesso relutar em engravidar e ter o risco de passar por tudo isso novamente.

Percebemos evidências claras de violência obstétrica, na história relatada

acima, na qual houve ausência de cuidado humanizado, de apoio psicológico, houve

violência física ao permitir ou não prevenir a queda da gestante, a negação do direito da

cliente ter um acompanhante durante o pré-parto e parto. Segundo estudos realizados

pela Fundação Perseu Abramo e SESC em 2010, verificou- se que o percentual de 25%

das mulheres atendidas tanto na rede do SUS, como na rede privada, foram vítimas de

alguma forma de agressão durante o período da gravidez ou mesmo no parto (Venturi et

al 2010).

Confrontando minha experiência profissional com o percentual da pesquisa,

indagamos: O quê poderia ser feito para inibir a violência obstétrica? Será que a

paciente, se fosse conhecedora de seus direitos, estaria tão suscetível a tal situação?

Caso houvesse um acompanhante naquele momento, o tratamento oferecido pela equipe

seria o mesmo? A paciente teria o mesmo nível de estresse? Teria caído da maca?

Estudos demonstraram que a presença de um acompanhante é de

fundamental importância na evolução de toda a gestação, pois possibilita a diminuição

do trabalho de parto, aumenta o sentimento de confiança, redução dos níveis de dor, por

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consequência diminui a necessidade de uso de medicamentos e analgesia, menor

necessidade de parto operatório ou instrumental, menor ocorrência de pânico e exaustão

(Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para a CPMI da Violência Contra as

Mulheres, Violência Obstétrica “Pariras com Dor”, 2012).

A lei nº 11.108, de Abril de 2005 (ANEXO 1) também conhecida como Lei

do Acompanhante (BRASIL, 2005), foi aprovada para assegurar às gestantes o direito

de serem acompanhadas por alguém significante do seu meio social ou familiar. A

presença do acompanhante deve ser estimulada pelos profissionais de saúde e, além

disso, devem ser fornecidas informações de como o provedor de apoio à gestante pode

participar, realizando ações de suporte à mulher no trabalho de parto, parto e pós- parto

imediato. Infelizmente, muitas maternidades ainda não cumprem as normativas

instituídas pela Lei do Acompanhante e o que potencializa essa omissão por parte das

instituições e dos profissionais de saúde é o desconhecimento das gestantes no que se

refere aos seus direitos.

Recentemente, no dia 01/02/2014, realizei uma visita puerperal, de uma

parturiente de 14 anos de idade, primigesta e que realizou todo o pré-natal na UBS

(Unidade Básica de Saúde), além de acompanhamento com obstetra da referência.

Muito embora ela tenha sido tranquilizada sobre a fisiologia do parto, possíveis

intercorrências, procedimentos admissionais e assistenciais, e alertada sobre o direito

que a lei garante à presença do acompanhante, ela ainda se mostrava muito apreensiva.

Tal sentimento emergiu devido a conversa com outras mulheres que haviam parido

numa maternidade pública de referência próxima à Ribeirópolis, mais precisamente da

cidade de Itabaina- SE, e que tinham sofrido algum de tipo de violência obstétrica, quer

fosse pela equipe de enfermagem, quer fosse pela equipe médica. Não foi surpresa

alguma pra mim, quando ela relatou que logo quando foi entrar na sala de pré-parto

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impediram que a mãe dela adentrasse a unidade. Certamente os níveis de ansiedade e de

estresse aumentaram com a negação do direito ao acompanhante, sobretudo por se tratar

de uma primigesta e tão jovem. Infelizmente, mais uma vez, a Lei 11.108 não se fez

cumprir, pois a família não teve subsídios para interrogar sobre o desrespeito à lei,

aliado à da falta de conhecimento da própria equipe quanto a lei e seus benefícios na

dinâmica do parto.

Dada essa constatação o presente trabalho tem como objetivo fundamental

orientar as gestantes durante o acompanhamento pré-natal, sobre o direito que as

mesmas possuem de terem um acompanhante durante trabalho de parto, parto e pós-

parto imediato, de sua livre escolha, além de dar subsídios para que as mesmas possam

fazer valer tal direito.

Pretendemos, portanto, realizar atividades de educação em saúde por meio

de organização de grupos de gestantes e exposição de uma cartilha, na qual estarão

explicitadas as leis que regem o direito ao acompanhante no SUS, como também no

setor privado.

Acreditamos que ao desenvolver tal projeto, podemos ajudar profundamente

para que os índices de violência obstétrica possam diminuir e que relatos já tão

conhecidos por nós, passem a ser cada vez mais raros. Além disso, já estão

evidenciados, por meio de pesquisas outros benefícios relacionados à presença do

acompanhante de escolha da mulher no momento do parto, dentre eles a redução de

intercorrências, redução do parto tipo cesáreo desnecessários, diminuição de

episiotomia sem consentimento ou ciência da cliente, etc. (Dossiê Elaborado pela Rede

Parto do Princípio para a CPMI da Vigilância Contra as Mulheres, Violência Obstétrica,

“Pariras com dor”, 2012)

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral:

Desenvolver ações educativas no pré-natal relacionadas à presença do acompanhante de

escolha da mulher durante o trabalho de parto, parto e pós- parto imediato.

2.2 Objetivos Específicos:

Discutir sobre a Lei do Direito ao Acompanhante nos Grupos de Gestantes;

Construir uma cartilha explicativo sobre a Lei do Direito ao Acompanhante;

Traçar estratégias, através do senso crítico desenvolvido, visando assegurar o direito ao

acompanhante na maternidade.

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3. SUSTENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Pré-Natal e Humanização

O Pré-Natal segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2012) consiste no

acompanhamento da gestante, abordando tanto o aspecto físico, como o psicossocial. As

intervenções realizadas pelos profissionais, tanto através de atividades educativas como

preventivas, visam propiciar uma gestação saudável, o que por sua vez potencializará

um parto sem intercorrências, consequentemente promovendo um nascimento tranquilo

e com a criança menos propensa a riscos de saúde. Ainda a este respeito o Ministério da

Saúde cita que segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) devem ser realizadas

pelo menos 6 consultas de avaliação, no caso de pré-natal considerado de baixo risco,

com agendamento mensal até a 28ª semana de gestação, intensificando-se o número de

consultas à medida que se for se aproximando do período estimado para o fim da

gravidez, ou seja, por volta da 40ª semana.

A principal porta de acesso ao pré-natal na saúde pública se dá através das

Unidades Básicas de Saúde (UBS), principalmente para usuárias do SUS (Sistema

Único de Saúde). Dessa forma, faz-se necessário um trabalho de vigilância constante

das ESF (Estratégia de Saúde da Família), as quais são essencialmente compostas pelos

Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Técnico em Enfermagem, Enfermeiro e

Médico, para captação mais precoce possível da nova gestante, já que, quanto mais

rapidamente iniciarmos o acompanhamento, maior será o tempo a se trabalhar nos

aspectos envolvidos na gestação. A este respeito Schirmer et al (2000) refere que a

adesão ao pré-natal , por parte das mulheres, está diretamente atrelada à qualidade de

assistência prestada pelo serviço e pelos profissionais envolvidos. Como consequência

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direta dessa interação, espera-se uma diminuição dos altos índices de mortalidade

materna e perinatal identificados no Brasil.

Dadas as circunstâncias de fragilidade emocional e alterações físicas

relacionadas ao momento da gestação, faz-se necessário um acolhimento logo a partir

do pré-natal, a fim de garantir à mulher todo um suporte com intuito de promover uma

boa evolução gestacional. Nesse momento o profissional deve estar apto a receber a

gestante, valorizando os seus conhecimentos prévios, sua cultura, seu aspecto sócio-

econômico, isentando- se de quaisquer tipos de preconceito, a fim de propiciar um

maior entendimento sobre a percepção da mulher no que diz respeito à gestação e suas

variáveis. Tal atuação permite uma intervenção assistencial mais eficaz quando

necessária, além de aumentar o vínculo de confiança entre o prestador do serviço e o

usuário. Outro aspecto a ser considerado e estimulado, é a presença e participação do

pai já durante as consultas de pré-natal e durante as atividades educativas, o que

contribuirá para uma maior sensação de segurança e conforto da mulher diante das

modificações físico- emocionais existentes na gestação (BRASIL, 2006). Ainda sobre o

aspecto da humanização o Ministério da Saúde (BRASIL, 2004, p. 59) descreve:

“A humanização e a qualidade da atenção em saúde são

condições essenciais para que as ações de saúde se

traduzam na resolução dos problemas identificados, na

satisfação das usuárias, no fortalecimento da capacidade

das mulheres frente à identificação de suas demandas, no

reconhecimento e reivindicação de seus direitos e na

promoção do autocuidado”.

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3.2 Parto e Humanização no Parto

Eis que chega ao momento tão esperado, o parto, o qual poderá consolidar

um sonho por parte da gestante e de seus familiares. Nesse período crucial, faz-se

necessária a intensificação dos cuidados destinados à futura puérpera, ou seja, o

processo de humanização deverá ser intensificado, já que esse fator poderá influenciar

diretamente o modo de nascimento, bem como determinar a percepção da experiência

vivida pela mulher.

O processo de humanização no parto pode ser definido como um conjunto de

conhecimentos, práticas e atitudes que serão disponibilizados a fim de promover um

parto e nascimento saudáveis, e como consequência disso, propiciar a prevenção de

morbimortalidade materna e perinatal (BRASIL, 2001).

Porém, apesar de termos toda essa caracterização de como deveria ser o

acolhimento da mulher na admissão da maternidade, na sala de pré-parto e parto, muitas

vezes percebe-se uma maneira assistencial bem destoante da preconizada na teoria.

Situação essa em que a mulher, rotineiramente, é descaracterizada, identificada como

ser passivo do processo do parto. McCallum & Reis (2006) referem que as parturientes

se mostram passivas e resignadas aos profissionais assistentes durante os períodos de

pré-parto, propondo apenas que obedeçam imposições como: “deitar e ficar quieta” e “

fechar a boca, abrir as pernas e fazer força”. Tal cenário descrito na assistência

caracteriza também pode ser uma das definições de violência obstétrica.

3.3 Lei do Direito ao Acompanhante à Gestante

Refletimos que a assistência humanizada possibilita à gestante e sua família

um ambiente favorável para um parto tranquilo e condições adequadas para o pós-parto.

No entanto, identificamos que muitos fatores são responsáveis para assegurar à gestante

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um cenário acolhedor e seguro. Para contribuir neste processo foi criada uma lei, cuja

finalidade maior era de garantir à gestante um acompanhante, de sua livre escolhe e

durante todo o processo relacionado ao pré- parto , parto e puerpério imediato. A lei que

garante esse direito é a Lei 11.108 de 07 de Abril de 2005, também chamada de Lei do

acompanhante, sendo oriunda da alteração na Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1990.

Apesar da Lei do Acompanhante existir há mais de 8 anos, muitas das gestantes e seus

familiares a desconhecem, e consequentemente não dispõem de subsídios ou

argumentos para obterem o acesso livre ao acompanhante da parturiente. Muitos são os

relatos de negação por parte das instituições no tocante a esse direito, algumas

justificam falta de condições nas instalações, outras justificam gastos desnecessários ou

exagerados durante o procedimento, outras relatam que aumentariam os casos de

infecção hospitalar, exporiam as mulheres ao constrangimento da presença dos outros

acompanhantes no mesmo local, às vezes a própria autoridade do médico é utilizada

como obstáculo. Algumas vezes identificamos que familiares conseguem acompanhar o

parto em instituições particulares sob cobranças pelo privilégio (Dossiê elaborado pela

Rede Parto do Princípio para CPMI da Violência Contra as Mulheres,2012).

Segundo Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para CPMI da

Violência Contra as Mulheres (2012, p.16):

¨hoje em dia, reconhece-se que a presença de um

acompanhante da escolha da mulher é a melhor

“tecnologia” dispensável para um parto bem-sucedido:

mulheres que tiveram suporte emocional contínuo durante o

trabalho de parto e, no parto, tiveram menor probabilidade

de receber analgesia, de ter parto operatório, e relatam

maior satisfação com a experiência do parto.”

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O mesmo estudo cita Hodnett et al.(2007), o qual refere que esse suporte

emocional tem maior eficácia, quando o acompanhante é um membro familiar ao invés

de ser apenas uma membro da equipe, sobretudo, quando disponibilizado desde o início

do trabalho de parto. Corroborando ainda com os benefícios relacionados à presença do

acompanhante o ginecologista e obstetra Alberto Jorge Guimarães, ainda no Dossiê,

afirma que a lei de 2005:

“A presença de uma pessoa da confiança da mulher, como

o seu companheiro, traz benefícios para a gestante e ao

bebê, como a diminuição das cirurgias cesarianas,

necessidade de medicações para alívio da dor, redução do

tempo de trabalho de parto e dos casos de depressão pós-

parto”. (Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio

para CPMI da Violência Contra as Mulheres, 2012, p. 22).

A Lei do Acompanhante, ou seja a Lei Federal nº 11.108 de 7 de Abril de

2005, que Garante o Direito ao Acompanhante no SUS e na Rede Privada, encontra-se

em anexo no final desse trabalho (ANEXO 1).

Invariavelmente as leis permitem interpretações diferentes quanto ao que se

encontra disposto no texto. Um dos questionamentos que surgiram na execução

específica dessa lei foi referente à definição de qual o período que corresponderia ao

pós-parto imediato. Como forma de se definir, esclarecer qual o tempo seria referente a

esse período, o Ministério da Saúde lançou a Portaria nº 2.418 do Ministério da Saúde,

de 2 de dezembro de 2005, a qual se encontra anexada ao final desse trabalho (ANEXO

2).

Ao lermos a Portaria nº 2.418, na §2 percebe-se que o argumento de que o

acompanhante geraria mais despesas às instituições perde totalmente sua força, já que

descreve a responsabilização do pagamento à União, bastando para tal fim que a

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unidade prestadora de serviço anexe todos os gastos referentes ao acompanhante,

inclusive o das acomodações à AIH.

No tocante aos partos realizados no setor privado, pelos planos de saúde, a

ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) acrescentou a cobertura do

acompanhante ao rol de procedimentos e eventos em saúde na RN 167 em 2008, que foi

substituída pela RN 211 em 2010, descrita integralmente em anexo (ANEXO 3).

Apesar da existência desta Resolução e da aparente clareza do texto

existente, muitas instituições e planos de saúde negam esse direito adquirido,

permitindo o acompanhante somente após pagamento de taxas extras, ou liberando o

acesso somente aos que possuem os melhores planos. Dossiê elaborado pela Rede Parto

do Princípio para CPMI da Violência Contra as Mulheres (2012, p. 72) relata:

“Consegui ter acompanhante no parto. Mas como meu

plano era enfermaria, tive acompanhante só por 24h após o

parto, depois disso só nos horários de visita, uma hora pela

manhã e uma hora pela tarde”.

Além disso, podem ocorrer os desconhecimento da Resolução Normativa

nº211 e da Lei 11.108 pelos os próprios funcionários das instituições que garantiriam o

cumprimento delas, como por exemplo o PROCON e ANVISA, como também

imprecisão no tocante ao fluxo de busca de reivindicação. Segue-se um relato bem fiel,

existente no Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para a CPMI da Violência

Contra as Mulheres ( 2012), à respeito de uma usuária em Mogi das Cruzes- SP:

“Apesar de ter a Lei 11.108/05, a RDC 36 a RN 211/ANS

impressas em mãos, a acompanhante de gestante foi

barrada para entrar com a alegação de que a norma do

hospital não permite acompanhantes, mas que seria

possível caso houvesse pagamento de uma taxa. Decidi

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comunicar a ANVISA, mas me repassaram para a

Vigilância Estadual, depois pra a Municipal que alegou que

a demanda não era com eles e não saberia para onde

repassar. Liguei para a ANS, porém me informaram que eu

deveria passar primeiro pela operadora do plano. O SAC

da UNIMED estava com algum problema e não realizava o

envio de mensagem. O PROCON municipal não possuía

informações, e ficaram de dar a resposta depois”. Páginas

72,73.

Para complementação de citada Resolução a ANVISA (Agência Nacional

de Vigilância em Saúde) dispôs da Resolução nº 36, em Junho de 2008 das normas

técnicas para prevenção de infecção hospitalar, adequação física das instituições

prestadoras de serviços, humanização da assistência à parturiente e seus familiares.

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4. METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido na cidade de Ribeirópolis, estado de Sergipe,

tendo como público alvo as gestantes que realizam pré-natal na Unidade de Saúde

Djaume Francisco de Lima, na qual atuam quatro equipes de ESF (Estratégia de Saúde

da Família). Utilizou-se o método de Paulo Freire com a valorização do conhecimento

prévio de cada integrante, além da construção e reconstrução de conceitos e

entendimento dos direitos da gestante, através de um diálogo aberto, com utilização de

linguagem clara, objetiva e adequada ao grupo envolvido. A este respeito Traesel et al

(2004) relatam que é preciso haver comunicação e linguagem clara, pra que essa prática

aconteça, permitindo que o usuário se aproprie de conhecimento técnico sem

descaracterizar o conhecimento popular, desencadeando no usuário a responsabilização

pelo cuidado de sua saúde. Corroborando com a relativa simplicidade do método para a

abordagem dos assuntos elencados, investimos no esclarecimento prévio sobre os

assuntos que seriam abordados com o intuito de não tornarmos a discussão um elemento

intimidador. Vasconcelos (2006) refere que a educação popular em saúde realiza ações

que envolvem dimensões do diálogo, do respeito, e da valorização do saber popular,

sendo considerada mais integral e adequada à vida da população, representando uma

prática de saúde onde não há domínio de um saber sobre outro, mas uma interação

especificamente humana entre valores, pensamentos e sentimentos, através de um

aprofundamento da intervenção da ciência na vida cotidiana das famílias e da sociedade.

Os encontros deveriam ter acontecido quinzenalmente, no auditório da

Unidade Básica Djaume Francisco de Lima, com duração de aproximadamente uma

hora, no turno vespertino. Porém devido a problemas pessoais e operacionais, só foi

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possível realizar uma atividade em outra Unidade de Saúde de Eustáquio de Andrade,

na qual atua somente a minha ESF. As gestantes convidadas a participar, foram

convidadas pelos ACS (Agentes Comunitários de Saúde) de cada área específica.

Infelizmente por conta dessa alteração houve uma redução do grupo a ser trabalhado e,

assim, houve a participação de 8 gestantes.

Realizei a criação de uma cartilha à respeito da Lei do Direito ao

Acompanhante baseado nas leis encontradas nos sites e manuais do Ministério da Saúde

e demais referências bibliográficas relatadas na introdução e na discussão do presente

trabalho. A cartilha (APÊNDICE A) foi criada com o objetivo de abordar o assunto de

uma forma clara e objetiva, tendo como finalidade torná-la mais atraente aos olhos e,

consequentemente, à leitura e não apenas somente a aquisição de mais um folheto ou

cartilha a ser guardada e esquecida.

Após definirmos um número aproximado de participantes do quantitativo

real a ser trabalhado, prosseguimos os trabalhos com dinâmicas de grupo, na qual houve

apresentação dos atores envolvidos, ou seja, a apresentação de cada gestante, da idade

gestacional, dos membros da equipe envolvidos, das expectativas sobre a atividade. Em

um segundo momento, houve a explanação sucinta sobre qual o trabalho será realizado,

verificação de conhecimentos prévios das gestantes, posteriormente com abordagem do

mesmo, culminando com a conscientização e internalização desse direito, como também

tentarmos sugerir e discutir possibilidades de como assegurá-lo. Concomitante a essas

atividades grupais, realizaremos o levantamento bibliográfico acerca dos conteúdos

abordados.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A atividade grupal sobre o assunto do qual esse trabalho aborda, ou seja, da

Lei do Direito ao Acompanhante começou de uma maneira meio que enigmática, com

um suspense no ar. Isso talvez pela própria forma que os ACS as convidaram para a

atividade. Talvez, o convite tenha sido feito da seguinte maneira: Compareçam que o

Enfermeiro vai fazer uma palestra que fala de uma Lei sobre os direitos das gestantes.

Relato isso, pois podia perceber o sentimento de dúvida, de inquietação antes de

iniciarmos nosso trabalho propriamente dito. Infelizmente só pudemos contar com um

quantitativo de 8 gestantes, pois além da mudança inesperada do local da atividade,

houve um evento local , o que por sua vez mobilizou grande parte do grupo a ser

trabalhado, além do fato real de termos a dificuldade de atrairmos a população que vive

de atividade informal, para eventos educativos. Fomos todos apresentados previamente,

os membros da equipe e as gestantes. Sendo que cada gestante também informou sobre

em que idade gestacional se encontrava, a quantidade de gestações anteriores, além de

quais tipos de parto já tinham sido submetidas.

Utilizamos para o desenvolvimento das atividades a técnica de Paulo Freire,

ou seja, valorizando os conhecimentos prévios e experiência de cada uma no tocante à

Lei do Direito ao Acompanhante. Não foi surpresa alguma ao identificarmos que de

todas ali presentes, nenhuma delas sequer havia ouvido se quer falar na Lei do Direito

ao Acompanhante, inclusive os próprios profissionais que ali estavam me apoiando na

atividade, neste caso, as ACS e uma técnica de Enfermagem. Tal fato concorda com o

relatado no Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para CPMI da Violência

Contra as Mulheres (2012), ou seja, que a grande parte da população atendida tanto em

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instituições particulares e públicas, além dos diversos profissionais envolvidos no

processo, médicos, enfermeiro, técnicos de enfermagem, parteiras, são realmente

desconhecedores da Lei.

À medida que fui abordando de forma bem despojada e mais clara possível,

conforme a sugerida por Traesel et al (2004), de forma que elas se apropriassem do

assunto, sem se sentirem constrangidas ou inibidas por não possuírem ainda tantos

subsídios e argumentos na participação da discussão. Mas eu as tranquilizei, dizendo

que o objetivo maior do meu trabalho era justamente esse, fazer com que a Lei fosse

conhecida e que aos poucos nós fôssemos lutando pelos nossos direitos adquiridos.

Obviamente alertei de que não seria tão fácil assim, mas que o próprio conhecimento e

domínio da lei já é um começo para uma possível mudança de comportamento tanto das

clientes e seus acompanhantes, como também dos profissionais da assistência na

maternidade.

Percebi, após os primeiros momentos da atividade, que as gestantes

sentiam-se à vontade para falar e não existiam sentimentos como vergonha ou receio,

pois formávamos um grupo homogêneo, em que todos tinham espaço para falar sobre

suas inquietações. A partir de então começaram a emergir nos relatos as experiências e

vivências de cada uma, sublinhando nas entrelinhas algum tipo de violência durante o

atendimento, quer tenha sido no pré-parto, parto, no pós-parto. Algo que chamou a

atenção é que todas as gestantes participantes da atividade narraram alguma experiência

negativa, inclusive algumas gestantes que haviam recebido acompanhamento do parto

no sistema privado de saúde. Destaca-se, de maneira crítica e bem fundamentada, que as

8 gestantes participantes reafirmaram em seus relatos o que muitos estudos já trouxeram

como resultados. Venturi et al (2010) pondera que um percentual de 25% das mulheres

atendidas tanto na rede do SUS, como na rede privada, foram vítima de alguma forma

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de agressão durante o período da gravidez ou mesmo no parto. É importante elucidar

que as participantes desta atividade de educação em saúde citaram apenas eventos

relacionados ao parto propriamente dito, pois não chegamos a abordar aspectos das

consultas de pré-natal, o que poderia, por sua vez, potencializar a nuance da violência

obstétrica nos resultados.

Imediatamente após nos despojarmos da inibição individual, oportunizamos

espaço para que todas as participantes usufruíssem dessa atividade e pudessem

expressar verbalmente como estavam se sentindo e qual o conhecimento poderiam

trazer para contribuir para o crescimento do grupo. As gestantes foram, paulatinamente,

abordando as formas como foram vítimas da violência obstétrica – apesar do encontro

não ter sido direcionado para a violência obstétrica observamos que esse aspecto foi o

mais mencionado pelas participantes, reforçando a necessidade de abordar tal temática

nos grupos de gestantes.

Houve um depoimento de uma participante foi emocionante, a qual narrou

a história de já ser mais o meu primeiro parto, já sabia como as enfermeiras tratavam as

mulheres escandalosas, aquelas que ficavam chorando, gritando, gemendo de dor.

Referiu que por medo de ser mal tratada, fechava a boca e aguentava toda dor ali

quietinha. Disse que suportou horas, horas de dor caladinha, engoliu meu choro. Falou

que chegou a olhar pra colega de leito, que se encontrava ao lado, gritando

desesperadamente, então chegou a orientar pra que não agisse assim, porque as

enfermeiras vão demorar mais tempo ainda pra lhe atenderem, vão lhe xingar, vão fazer

o exame de toque com mais raiva e você vai sentir mais dor e sofrer. Nesse exato

momento eu intervi e fiz um questionamento a todos presentes: Será que se você estive

acompanhada por alguém de sua confiança, alguém teria coragem de lhe tratar tão mal

assim? Será que você precisaria ter medo do comportamento de determinados

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profissionais? Precisaria ter engolido seu choro, ter sofrido calada? A resposta ouvida:

Por unanimidade, foi que achavam que tudo poderia ser diferente com alguém de

proximidade apoiando em todos os aspectos, tanto no físico como no psicológico.

Percebemos nas duas situações acima relatadas a ausência do cuidado

humanizado e a forte presença da violência obstétrica. Concordamos com o Ministério

da Saúde (BRASIL,2012) quando pondera que a humanização do cuidado, desde o

período do pré-natal até o momento do parto, propicia uma redução significativa de

distócias e possibilita à mulher e sua família uma experiência positiva e satisfatória.

Com com relação à violência obstétrica propriamente dita, o Dossiê Elaborado pela

Rede Parto do Princípio para a CPMI da Vigilância Contra as Mulheres, Violência

Obstétrica, ¨Pariras com dor¨ (2012), refere que a presença de um acompanhante de

vínculo de confiança da futura puérpera é de fundamental importância pra dinâmica de

todo o processo, pois ajuda na redução dos níveis de ansiedade, medo, sentimentos

negativos, aumenta a auto- confiança da cliente, consequentemente também ajuda na

redução do uso de medicamentos analgésicos e estimulantes de contrações uterinas,

inibe a ação inadequada do profissional que está prestando assistência naquele

momento, reduz a realização de procedimentos como episiotomia e cesarianas

desnecessárias. Hodnett et al ( 2007) reforça essa importância do acompanhante e

ressalta que ele será mais significativa, quanto maior for o vínculo afetivo existente.

A apresentação da cartilha se deu através da utilização do método áudio-

visual do Datashow, com esses recursos abordamos suscintamente e de forma bem sutil

as leis a serem trabalhadas. Após esse momento, entreguei em mãos as referidas

cartilhas e lemos, interpretando cada elemento refente às leis. Tamanho foi meu

espanto, pois as gestantes se mostraram realmente participativas e interessadas no

entendimento do quê se tratava a lei, isso porque eu relatei que quanto maior fosse o

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conhecimento à respeito, maior seria a capacidade de argumentação e

consequentemente de argumentação diante da instituição a ser realizado o parto.

Infelizmente nesse exato momento não pude entregar as cartilhas, pois fiz uso de uma

imagem não autorizada, tive que recolher, realizar as adequações cabíveis, pra final

haver a entrega definitiva.

O desenvolvimento das ações de educação em saúde, mencionadas acima,

demonstraram que meus objetivos iniciais estavam concretizados, pois havia

conseguido realizar todas as atividades relacionadas à presença do acompanhante

propostas, consegui construir uma cartilha de fácil entendimento e aceitação por parte

das gestantes e, o mais importante de tudo, consegui demonstrar às gestantes que elas

não estão sozinhas, que existem leis que lhes possibilitam um atendimento mais digno,

reduzindo riscos e apoiando a presença da família no momento do parto.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Eis que conseguimos finalmente concluir esta empreitada tão dura e árdua,

que se iniciou de forma tão incerta e insegura. Quantas vezes pensei em desistir? Que

problema abordar? O quê realmente seria relevante para dar como contribuição à minha

profissão ou sociedade? Só existiam dúvidas, incertezas e pensamentos negativos. Mas

aí eu ouvia as palavras de incentivo de minha tutora Ana Maria Fernandes Borges:

¨Daniel, você sempre teve bons desempenhos nas atividades desenvolvidas. Mostra-se

um profissional comprometido e preocupado com a sua atuação assistencial cotidiana.

Não desista! Você é capaz!¨. Concomitantemente a esse incentivo houve o apoio de

amigos e amigas, dentre elas Sônia Brito, amiga de todos os momentos. Das

enfermeiras Carla O Menezes, Viviane de Jesus Chagas, das demais colegas de

trabalho, minhas Agente Comunitárias de Saúde: Valdineide Pacheco, Maria Leila,

Sônia Brito, Gislaine Oliveira ,Meiriele e Juliana.

Além dessas pessoas sempre existiram a força e apoio de minha família, que

esteve sempre ao meu lado incondicionalmente, nos momentos mais difíceis de minha

vida, sobretudo, nesses últimos dois meses finais em que fui acometido por uma

situação pessoal, que por sua vez originou uma situação clínica, pra mim, jamais

imaginável. Agradeço a minha vida ao meu pai Sr, Getúlio Campos de Vasconcelos,

meu irmão José Carlos Vasconcelos, Marta Maria Bomfim Santos, Ludmila Belle

Pazzine. Mas principalmente à minha mãe, que hoje dia 19 de março estaria

completando mais um ano de vida, mas infelizmente virou anjo de luz há quase 5 anos e

sei que ela onde estiver, sempre esteve e estará me guiando e velando por minha saúde,

meu bem-estar e minha felicidade. Para ela, Maria José Andrade, com certeza a melhor

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mãe do mundo, indiscutivelmente a pessoa que mais me amou, e que não hesitaria um

segundo em doar a própria vida por mim, aqui vai minha maior declaração de amor.

Mãe eu lhe amo, sempre lhe amei, e jamais lhe esquecerei enquanto vida tiver. Eu

consegui, tenho certeza de que lhe dei mais uma vez momentos de orgulho.

E como esquecer outro anjo da guarda que me apareceu, a minha

orientadora Carolina Junges, a qual sempre foi tão paciente, presente, prestativa,

incentivadora, inclusive me dando forças ao saber dos meus problemas pessoais. Eu em

algum momento disse a ela: “eu sempre cumpro o prometido e termino o quê começo,

não importa como. Mas sempre cumpro e dessa vez não será diferente!”. Pois bem,

minha querida orientadora, aqui estamos ao final do no trabalho e saiba que você foi de

fundamental importância para tal realização.

Durante o desenvolvimento do trabalho acho que minha condição de saúde

foi o maior empecilho, pois nunca fui submetido a tanta a dor e sofrimento em tão curto

espaço de tempo. Mas consegui, digo, conseguimos através da ajuda de Deus,

familiares, amigos, meus pacientes, meu trabalho. A nossa vitória está materializada

aqui nessas linhas.

Existiram outras dificuldades, como a existência de limitação de materiais

escritos e trabalhos relacionados ao assunto abordado, pois imaginei que existiria um

material bem mais vasto e disponível. Mas estava enganado, pois existem poucos

estudos que abordam a presença do acompanhante no trabalho de parto e parto no pré-

natal. Tal evidência foi determinante para o desenvolvimento deste trabalho e para a

limitação das referências bibliográficas existentes aqui.

Infelizmente não realizei tantas atividades quanto gostaria e havia

planejado, mas agora tenho um projeto aplicativo em minhas mãos e que certamente não

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abdicarei de usá-lo a fim de ajudar e servir a população. Esse projeto foi

indubitavelmente enriquecedor tanto do aspecto profissional, como no pessoal, pois me

possibilitou à aquisição não só do conhecimento da Lei do Direito ao Acompanhante,

mas também de suas nuances relacionadas, por vezes esquecidas ou até mesmo

desconhecidas. Certamente esse projeto servirá como base de pesquisa para novos

questionamentos relacionados ao tema, o quê, por sua vez, ocasionará mais

enriquecimento no campo do conhecimento científico e crescimento na área da

Enfermagem.

Gostaria de reforçar que as atividades de educação em saúde desenvolvidas

no pré-natal mobilizaram as gestantes a refletirem sobre seus direitos, além de acender

debates no que se refere à violência obstétrica. Tal temática está sendo muito trabalhada

nos dias atuais, pois ainda são alarmantes os índices de mortalidade materna em nosso

país. Assim, pondero, com fundamentação teórica e prática, que o empoderamento

dessas mulheres é um dos passos para a efetivação do cuidado humanizado.

Além disso, vislumbro, a partir da construção da cartilha e da oficina

realizada, que atividades de aproximação com a comunidade são ferramentas essenciais

para consolidação da Estratégia da Saúde da Família. Demonstrar as gestantes o seu

protagonismo no momento do parto é primordial para que possamos assegurar os seus

direitos no instante em que ingressam na maternidade. Possibilitar a presença do

acompanhante de escolha da mulher reduz as chances da ocorrência da violência

obstétrica e torna o momento do parto mais tranquilo, reduzindo experiências negativas.

Tenho total certeza de que tudo valeu a pena, porque pude sentir a gratidão,

a mudança comportamental que gerei nas minhas tão queridas gestantes. Elas sentiram

que o parto não deve ser sinônimo de sofrimento, e sim de uma bênção, do milagre do

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nascimento de uma nova vida. E que ao contrário do que tem ocorrido, deve ser

celebrado e agradecido sempre a Deus.

E como diria a música: “começaria tudo outra vez. Se preciso fosse meu

amor. A chama no peito ainda queima saiba. Nada foi em vão!”. Começaria tudo outra

vez- Gonzaguinha.

Essa música representa o sentimento que ainda teimo em ter dentro do meu

peito no tocante à minha tão, muitas vezes, desvalorizada profissão. Mas a sensação e

sentimento de ver os rostos mais serenos e sentir a esperança nas minhas gestantes deu-

me uma sobrevida.

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REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica. Atenção ao Pré- Natal de Baixo Risco.

Brasília 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Manuel Técnico. Pré- Natal e Puerpério. Atenção

Qualificada e Humanizada. Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos Caderno nº

5. Brasília 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.

Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Assistência

Integral da Saúde da Mulher, Princípios e Diretrizes. Brasília 2004. Página 59.

Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para a CPMI da Violência Contra as

Mulheres. Violência Obstétrica, “ Pariras com Dor”, 2012. Páginas 16; 22; 72;73.

Equipe de Enfermagem e o acompanhante no parto em um hospital público de Porto

Alegre, em <

http://www.novafapi.com.br/sistemas/revistainterdisciplinar/v4n1/pesquisa/p1_v4n1.pdf

> Acesso em 18 de Março de 2014.

Assistência ao parto com a presença do acompanhante: Experiências de profissionais,

em < http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120-

53072007000100008 > Acessado em 18 de Março de 2014.

Lei do Direito ao Acompanhante.Disponível em: <

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11108.htm >. Acesso

em: 03 de Fevereiro de 2014.

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McCallum C, Reis AP. Re-significando a dor e superando a solidão: experiências do

parto entre adolescentes de classes populares atendidas em uma maternidade pública de

Salvador, Bahia, Brasil. Cad Saúde Pública 2006; 22: 1483-91.

Resolução nº 36 da ANVISA, disponível : <

http://www.anvisa.gov.br/hotsite/segurancadopaciente/documentos/rdcs/RDC%20N%C

2%BA%2036-2008.pdf > . Acesso em: 04 de Fevereiro de 2014.

SCHIRMER, J. [ et al] Assistência Pré-Natal: manual técnico. 3 ed. Brasília: Secretaria

de Políticas de Saúde- SPS/ Ministério da Saúde, 2000.

TRAESEL C.A. Educação em saúde; fortalecendo a autonomização do usuário. In:

Acolher Chapecó. São Paulo: Hucitec, 2004.

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ANEXOS

ANEXO 1

Lei Federal nº 11.108, de 7 de abril de 2005

Art. 19-J Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde- SUS, da rede própria ou

conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um)

acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós- parto

imediato.

§ 1º O acompanhante de que trata a caput deste artigo será indicado pela parturiente.

§ 2º As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos direitos de que trata este

artigo constarão do regulamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do

Poder Executivo.

Anexo II: Portaria nº 2.418 do Ministério da Saúde, de 2 de dezembro de 2005

Regulamenta, em conformidade com o art. 1º da Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005, a

presença de acompanhante para mulheres em trabalho de parto, parto e pós- parto

imediato nos hospitais públicos e conveniados com o Sistema Único de Saúde- SUS.

Art. 1º Regulamentar, em conformidade com o art. 1º da Lei nº 11.108, de 7 de abril de

2005, a presença do acompanhante para mulheres em trabalho de parto, parto e pós-

parto imediato nos hospitais públicos, conveniados com o Sistema Único de Saúde-

SUS e particulares.

§ 1º Para efeito desta Portaria entende-se o pós- parto imediato como o período que

abrange 10 dias após o parto, salvo intercorrências, a critério médico.

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§ 2º Fica autorizada ai prestador de serviços a cobrança, de acordo com as tabelas do

SUS das despesas previstas com acompanhante no trabalho de parto, parto e pós- parto

imediato, cabendo ao gestor a devida formalização dessa autorização de cobrança na

Autorização de Internação Hospitalar- AIH.

§ 3º No valor da diária de acompanhante, estão incluídos a acomodação adequada e o

fornecimento das principais refeições.

Art. 2º Os hospitais têm prazo de 6 ( seis) meses para tomar as providências

necessárias ao atendimento disposto nesta Portaria.

Art. 3º Esta Portaria entra vigor na data de sua publicação

Anexo III: Resolução Normativa nº 211 da ANS, em 11 de Janeiro de 2010.

Art. 19. O plano Hospitalar com Obstetrícia compreende toda a cobertura definida no

artigo 18 desta Resolução, acrescida dos procedimentos relativos ao pré- natal, da

assistência ao parto e puerpério, observadas as seguintes exigências:

I – cobertura das despesas, conforme indicação do médico assistente e legislações

vigentes, relativas a um acompanhante indicado pela mulher durante o trabalho de

parto, parto e pós- parto imediato, conforme asseguração pela Lei 11.108, de 7 de abril

de 2005, ou outra que venha substituí-la.

Anexo IV: Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 36, de 03 de Junho de 2008.

RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC N° 36, DE 03 DE JUNHO DE

2008.(*)

Dispõe sobre Regulamento Técnico para Funcionamento dos Serviços de Atenção

Obstétrica e Neonatal.

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A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso da

atribuição que lhe confere o inciso IV do art. 11 do Regulamento aprovado pelo Decreto

nº 3.029, de 16 de abril de 1999, e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º

do art. 54 do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria nº 354 da

Anvisa, de 11 de agosto de 2006, republicada no DOU de 21 de agosto de 2006, em

reunião realizada em 29 de maio de 2008, e

considerando as disposições constitucionais e a Lei Federal n. 8.080, de 19 de setembro

de 1990, que trata das condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde

como direito fundamental do ser humano;

considerando o disposto na Lei n. 9.782, de 26 de janeiro de 1999, que define o Sistema

Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e dá

outras providências, e que em seu artigo 7º, parágrafos II e XIV estabelece a

competência da Anvisa para regulamentar, controlar e fiscalizar produtos e serviços que

envolvam risco à saúde pública;

considerando a Lei n. 9.656, de 03 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e

seguros privados de assistência à saúde e que, em seu Art. 17, § 3o, imputa

responsabilidades às operadoras de planos de saúde, nos casos de descumprimento das

normas sanitárias em vigor por prestadores de serviço de saúde, que façam parte de sua

rede credenciada;

considerando o lançamento do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e

Neonatal, em 08 de março de 2004, pela Presidência da República e o disposto na

Portaria MS/GM n. 399, de 22 de fevereiro de 2006, que aprova o Pacto pela Saúde

2006 e estabelece como metas a redução da mortalidade infantil e materna;

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considerando que parto e nascimento são acontecimentos de cunho familiar, social,

cultural e preponderantemente fisiológico;

considerando a Política de Humanização do Parto e Nascimento, instituída pela Portaria

GM/MS n. 569, de 01 de junho de 2000, e a Política Nacional de Humanização da

Atenção e Gestão da Saúde, implementada pelo Ministério da Saúde em 2003;

considerando a necessidade de instrumentalizar o Sistema Nacional de Vigilância

Sanitária e estabelecer parâmetros para funcionamento e avaliação dos Serviços de

Atenção Obstétrica e Neonatal;

considerando que as ações de vigilância sanitária são indelegáveis e intransferíveis,

exercidas por autoridade sanitária Federal, Estadual, do Distrito Federal e Municipal,

que terá livre acesso aos estabelecimentos e aos ambientes sujeitos ao controle sanitário

de que trata esse regulamento;

considerando a Portaria Anvisa n. 26, de 12 de janeiro de 2007, que instituiu o Grupo de

Trabalho para discussão e apresentação de propostas para o funcionamento dos Serviços

de Atenção ao Parto e Nascimento e a publicação da Consulta Pública da

Anvisa n. 109, de 14 de novembro de 2007, que definiu prazo de 90 dias para que

fossem apresentadas críticas e sugestões relativas ao documento proposto,

adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, Diretor-Presidente, determino a

sua publicação:

Art. 1º Aprovar a Resolução que regulamenta o funcionamento dos Serviços de Atenção

Obstétrica e Neonatal e seus anexos.

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Art. 2º Estabelecer que a construção, reforma ou adaptação na estrutura física dos

Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal deve ser precedida de avaliação e aprovação

do projeto físico junto à autoridade sanitária local, em conformidade com a

RDC/Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002, e RDC/Anvisa n. 189, de 18 de julho de

2003.

Parágrafo único. Os itens da RDC/Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002, referentes à

atenção obstétrica e neonatal passam a vigorar conforme o Anexo II desta Resolução.

Art. 3º Estabelecer que todos os atos normativos mencionados neste regulamento,

quando substituídos ou atualizados por novos atos, terão a referência automaticamente

atualizada em relação ao ato de origem.

Art. 4º Estabelecer que todos os serviços em funcionamento, abrangidos por esta RDC,

têm o prazo de 180 dias para se adequarem ao preconizado neste regulamento.

Parágrafo único. Os itens relativos à infra-estrutura física dos Serviços de Atenção

Obstétrica e Neonatal devem ser atendidos quando forem realizadas reformas ou

ampliações de serviços existentes, construções novas ou quando determinado pela

vigilância sanitária local.

Art. 5º O descumprimento das determinações deste Regulamento Técnico constitui

infração de natureza sanitária, sujeitando o infrator a processo e penalidades previstos

na Lei n. 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades penal e

civil cabíveis.

Art. 6º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

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ANEXO 2

REGULAMENTO TÉCNICO PARA FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS DE

ATENÇÃO OBSTÉTRICA E NEONATAL

1. OBJETIVO

Estabelecer padrões para o funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e

Neonatal fundamentados na qualificação, na humanização da atenção e gestão, e na

redução e controle de riscos aos usuários e ao meio ambiente.

2. ABRANGÊNCIA

Este Regulamento Técnico se aplica aos serviços de saúde no país que exercem

atividades de atenção obstétrica e neonatal, sejam públicos, privados, civis ou militares,

funcionando como serviço de saúde independente ou inserido em hospital geral,

incluindo aqueles que exercem ações de ensino e pesquisa.

3. DEFINIÇÕES

3.1 Acolhimento: modo de operar os processos de trabalho em saúde, de forma a

atender a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo seus pedidos e

assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e dar respostas mais

adequadas aos usuários.

3.2 Ambiência: ambientes físico, social, profissional e de relações interpessoais que

devem estar relacionados a um projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora,

resolutiva e humana.

3.3 Higienização das mãos: medida individual mais simples e menos dispendiosa para

prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência. O termo engloba a

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higienização simples, a higienização anti-séptica, a fricção anti-séptica e a anti-sepsia

cirúrgica das mãos.

3.4 Humanização da atenção e gestão da saúde: valorização da dimensão subjetiva e

social, em todas as práticas de atenção e de gestão da saúde, fortalecendo o

compromisso com os direitos do cidadão, destacando-se o respeito às questões de

gênero, etnia, raça, orientação sexual e às populações específicas, garantindo o acesso

dos usuários às informações sobre saúde, inclusive sobre os profissionais que cuidam de

sua saúde, respeitando o direito a acompanhamento de pessoas de sua rede social (de

livre escolha), e a valorização do trabalho e dos trabalhadores.

3.5 Método Canguru: modelo de assistência perinatal voltado para o cuidado

humanizado que reúne estratégias de intervenção bio-psico-social. Inclui o contato pele-

a-pele precoce e crescente, pelo tempo que a mãe e o bebê entenderem ser prazeroso e

suficiente, permitindo uma maior participação dos pais e da família nos cuidados

neonatais.

3.6 Quarto PPP: ambiente com capacidade para 01 (hum) leito e banheiro anexo,

destinado à assistência à mulher durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato

(primeira hora após a dequitação).

3.7 Quarto de alojamento conjunto: ambiente destinado a assistência a puérpera e seu

recém nascido, após a primeira hora de dequitação, com capacidade para 01(hum) ou 02

(dois) leitos e berços, com banheiro anexo,

3.8 Enfermaria de alojamento conjunto: ambiente destinado a assistência a puérpera e

seu recém nascido, após a primeira hora de dequitação, com capacidade de 03 (três) a

06 (seis) leitos e berços, com banheiro anexo.

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3.9 Profissional legalmente habilitado: profissional com formação superior, inscrito no

respectivo Conselho de Classe, com suas competências atribuídas por Lei.

3.10 Relatório de transferência: documento que deve acompanhar a paciente e o recém-

nascido em caso de remoção para outro serviço, contendo minimamente a identificação

da paciente e do recém nascido, resumo clínico com dados que justifiquem a

transferência e descrição ou cópia de laudos de exames realizados, quando existentes.

311 Responsável Técnico - RT: profissional legalmente habilitado, que assume perante

a vigilância sanitária a responsabilidade técnica pelo serviço de saúde.

3.12 Usuário: compreende tanto a mulher e o recém-nascido, como seu acompanhante,

seus familiares, visitantes (usuários externos), o trabalhador da instituição e o gestor do

sistema (usuários internos).

4. CONDIÇÕES ORGANIZACIONAIS

4.1. O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve adotar as normas dispostas neste

Regulamento Técnico.

4.2 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal com CNPJ próprio deve possuir alvará

de licenciamento atualizado, expedido pela vigilância sanitária local.

4.3 Todo Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal com CNPJ próprio deve estar

inscrito e manter seus dados atualizados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de

Saúde - CNES.

4.4 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve contar com infra-estrutura física,

recursos humanos, equipamentos e materiais necessários à operacionalização do

serviço, de acordo com a demanda e modalidade de assistência prestada.

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4.5 A direção e o responsável técnico do Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal têm

a responsabilidade de planejar, implantar e garantir a qualidade dos processos e a

continuidade da assistência.

4.6 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve implantar e manter em

funcionamento comissões, comitês e programas definidos em normas pertinentes, em

especial a comissão ou comitê de análise de óbitos maternos, fetais e neonatais.

4.7 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve ter documento formal

estabelecendo os serviços de referência e contra-referência, para garantir a continuidade

da atenção.

4.7.1 As ocorrências relacionadas à referência e contra-referência devem ser registradas

no prontuário de origem.

4.7.2 Os procedimentos de referência e contra-referência devem ser acompanhados por

relatório de transferência legível, com identificação e assinatura de profissional

legalmente habilitado, que passará a integrar o prontuário no destino.

4.8 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve dispor de normas, protocolos e

rotinas técnicas escritas e atualizadas, de fácil acesso a toda a equipe de saúde.

4.9 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve cumprir as normas pertinentes do

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

4.10 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal que realiza partos cirúrgicos deve

possuir estrutura e condições técnicas para realização de partos normais sem distócia,

conforme descrito neste Regulamento.

5. INFRA-ESTRUTURA FÍSICA

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5.1 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve dispor de infra-estrutura física

baseada na proposta assistencial, atribuições, atividades, complexidade, porte, grau de

risco, com ambientes e instalações necessários à assistência e à realização dos

procedimentos com segurança e qualidade.

5.2 A infra-estrutura física do Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve atender

aos requisitos constantes no Anexo II desta Resolução, que alteram os itens referentes à

atenção obstétrica e neonatal da RDC/Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002.

6. RECURSOS HUMANOS

6.1 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve ter equipe dimensionada,

quantitativa e qualitativamente, atendendo as normatizações vigentes, e de acordo com a

proposta assistencial e perfil de demanda.

6.2 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve ter um responsável técnico (RT) e

um substituto, legalmente habilitados pelo respectivo conselho de classe.

6.2.1 A vigilância sanitária local deve ser notificada sempre que houver alteração do RT

ou de seu substituto.

6.3 A direção e o RT do Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal têm a

responsabilidade de planejar e adotar ações para garantir a qualidade dos processos,

incluindo:

a) coordenação da equipe técnica;

b) adoção de ações e medidas de humanização;

c) elaboração de protocolos institucionais, em conformidade com normas vigentes e

evidências científicas;

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d) supervisão do pessoal técnico por profissional de nível superior legalmente habilitado

durante o seu período de funcionamento;

e) avaliação dos indicadores do serviço;

f) rastreabilidade de todos os seus processos.

6.4 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve garantir educação permanente

para os trabalhadores, priorizando o controle, prevenção e eliminação de riscos

sanitários, em conformidade com as atividades desenvolvidas.

6.4.1 As ações de educação permanente devem ser registradas, contendo nome do

responsável, especificação de conteúdo, lista de participantes assinada, data e período de

duração das atividades.

6.5 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve garantir a proteção das

informações confidenciais dos usuários.

6.6 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve dispor de profissionais legalmente

habilitados, capacitados e responsáveis pelas seguintes atividades:

a) atendimento humanizado e seguro às mulheres, recém-nascidos, acompanhantes,

familiares e visitantes;

b) indicação e realização de procedimentos de forma individualizada e baseada nos

protocolos institucionais;

c) identificação de complicações obstétricas e neonatais para a imediata assistência ou

encaminhamento a serviço de referência;

d) participação nas ações de educação permanente;

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e) atendimento às urgências e emergências.

6.7 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve manter em local visível a escala

dos profissionais, incluindo plantão, com nome, número do registro em conselho de

classe, quando couber, e horário de atendimento.

7. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

7.1 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve possuir equipamentos, materiais e

medicamentos de acordo com sua complexidade e necessidade de atendimento à

demanda.

7.2 Os serviços que prestam assistência ao parto normal sem distócia devem ter

disponíveis os seguintes equipamentos e materiais:

7.2.1 estetoscópio clínico;

7.2.2 esfigmomanômetro;

7.2.3 fita métrica;

7.2.4 estetoscópio de Pinard ou sonar (detector fetal);

7.2.5 amnioscópio;

7.2.6 mesa auxiliar;

7.2.7 foco de luz móvel;

7.2.8 instrumental para exame ginecológico, incluindo espéculo vaginal e pinça de

Cheron;

7.2.9 material necessário para alívio não farmacológico da dor e de estímulo à evolução

fisiológica do trabalho de parto, tais como:

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a) barra fixa ou escada de Ling;

b) bola de Bobat ou cavalinho;

7.2.10 instrumental para parto normal;

7.2.11 mesa para refeição;

7.2.12 camas hospitalares reguláveis ou cama para pré-parto, parto e pós-parto, 01

(uma) por parturiente;

7.2.13 poltrona removível destinada ao acompanhante, 01 (uma) para cada leito;

7.2.14 relógio de parede com marcador de segundos, 01 (um) por ambiente de parto.

7.3 Os serviços que prestam assistência ao parto normal sem distócia podem ter, como

opcionais, os seguintes equipamentos e materiais:

7.3.1 cardiotocógrafo;

7.3.2 mesa para exame ginecológico;

7.3.3 escada com dois lances;

7.3.4 mesa de cabeceira.

7.4 Os serviços que realizam assistência ao parto normal e cirúrgico, independente de

sua complexidade, devem ter disponíveis, além dos equipamentos e materiais descritos

no item 7.2:

7.4.1 glicosímetro;

7.4.2 material para cateterismo vesical;

7.4.3 instrumental para cesariana;

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7.4.4 material para AMIU e curetagem uterina;

7.4.5 bisturi elétrico;

7.4.6 instrumental para histerectomia;

7.4.7 material anestésico;

7.4.8 oxímetro de pulso;

7.4.9 bomba de infusão;

7.4.10 monitor cardíaco;

7.4.11 aspirador;

7.4.12 mesa para parto cirúrgico;

7.4.13 foco cirúrgico de teto;

7.4.14 material de emergência para reanimação, composto por desfibrilador, carro ou

maleta de emergência contendo medicamentos, ressuscitador manual com reservatório,

máscaras, laringoscópio completo, tubos endotraqueais, conectores, cânulas de Guedel e

fio guia estéril, 01 (um) para cada posto de enfermagem;

7.4.15 medicamentos para urgência e emergência clínica:

a) Antiarrítmico;

b) Anti-hipertensivo;

c) Barbitúrico;

d) Benzodiazepínico;

e) Broncodilatador;

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f) Diurético;

g) Drogas vasoativas, incluindo vasodilatador e vasoconstritor coronarianos;

h) Glicose hipertônica e isotônica;

i) Solução fisiológica;

j) Água destilada.

7.4.16 medicamentos básicos para uso obstétrico:

a) Ocitocina, misoprostol e uterotônicos;

b) Inibidores da contratilidade uterina;

c) Sulfato de magnésio 20% e 50%;

d) Anti-hemorrágico;

e) Hidralazina 20 mg;

f) Nifedipina 10 mg;

g) Aceleradores da maturidade pulmonar fetal;

h) Antibióticos;

i) Anestésicos;

j) Analgésicos.

7.5 Os serviços que realizam assistência ao parto normal e cirúrgico, independente de

sua complexidade, podem ter como opcionais os seguintes materiais:

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7.5.1 instrumentos para parto vaginal operatório, incluindo fórceps de Simpson,

Kjeelland e Piper de tamanhos variados e vácuo extrator.

7.6 O serviço deve dispor dos seguintes equipamentos, materiais e medicamentos para o

atendimento imediato ao recém-nascido:

7.6.1 clampeador de cordão;

7.6.2 material para identificação da mãe e do recém-nascido;

7.6.3 balança para recém-nascido;

7.6.4 estetoscópio clínico;

7.6.5 oxímetro de pulso;

7.6.6 mesa de três faces para reanimação com fonte de calor radiante;

7.6.7 material para aspiração: sondas traqueais sem válvula números 4, 6, 8, 10, 12 e 14;

sondas de aspiração gástrica 6 e 8; dispositivo para a aspiração de mecônio na traquéia;

7.6.8 material para ventilação (balão auto-inflável de 500 e de 750 mL, reservatório de

oxigênio aberto ou fechado, com válvula de segurança com escape entre 30-40 cm H2O

ou manômetro);

7.6.9 máscaras faciais para recém-nascidos a termo e pré-termo;

7.6.10 material para intubação: laringoscópio com lâminas retas tamanhos 0 e 1, cânulas

traqueais de diâmetro uniforme sem balonete tamanhos 2,5; 3,0; 3,5; 4,0 mm e fio guia

estéril opcional;

7.6.11 material para cateterismo umbilical;

7.6.12 medicamentos:

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a) Adrenalina diluída 1:10.000;

b) Solução fisiológica;

c) Bicarbonato de sódio 4,2%;

d) Hidrocloreto de Naloxona;

e) Vitamina K.

7.6.13 material para drenagem torácica e abdominal;

7.6.14 plástico protetor para evitar perda de calor.

7.6.15 Os serviços que prestam assistência exclusiva ao parto normal sem distócia

devem ter disponíveis os equipamentos e materiais descritos nos itens 7.6.1, 7.6.2, 7.6.3,

7.6.4, 7.6.5, 7.6.6, 7.6.7, 7.6.8, 7.6.9 e 7.6.14.

7.7 O serviço deve dispor dos seguintes equipamentos, materiais e medicamentos para

atendimento ao recém-nascido no alojamento conjunto:

7.7.1 berço de material de fácil limpeza, desinfecção e que permita a visualização

lateral.

7.7.2 bandeja individualizada com termômetro, material de higiene e curativo umbilical;

7.7.3 estetoscópio clínico;

7.7.4 balança para recém-nascido;

7.7.5 régua antropométrica e fita métrica de plástico;

7.7.6 aparelho de fototerapia, 01 (um) para cada 10 berços;

7.7.7 oftalmoscópio;

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7.7.8 material de emergência para reanimação, 01 (um) para cada posto de enfermagem,

composto por:

a) desfibrilador;

b) carro ou maleta contendo medicamentos, ressuscitador manual com reservatório,

máscaras, laringoscópio completo, tubos endotraqueais, conectores, cânulas de Guedel e

fio guia estéril, apropriados para adultos e recém-nascidos;

7.7.8.1 O carro ou maleta de emergência pode ser único para atendimento materno e ao

recém-nascido.

7.7.9 aspirador com manômetro e oxigênio;

7.7.10 glicosímetro.

7.8 Os serviços que prestam assistência exclusiva ao parto normal sem distócia devem

ter disponíveis os equipamentos e materiais descritos nos itens 7.7.1, 7.7.2, 7.7.3, 7.7.4

e 7.7.5, 7.7.9 e 7.7.10.

8. ACESSO A RECURSOS ASSISTENCIAIS

8.1 O serviço deve dispor ou garantir o acesso, em tempo integral, aos seguintes

recursos assistenciais, diagnósticos e terapêuticos, de acordo com o perfil de demanda,

tipo de atendimento e faixa etária:

8.1.1 Laboratório clínico;

8.1.2 Laboratório de anatomia patológica;

8.1.3 Serviço de ultrassonografia, incluindo Dopplerfluxometria;

8.1.4 Serviço de ecocardiografia;

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8.1.5 Assistência hemoterápica.

8.1.5.1 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal que realiza mais de 60 (sessenta)

transfusões por mês deve ter, no mínimo, uma agência transfusional em suas

instalações, conforme disposto na RDC/Anvisa n. 153, de 14 de junho de 2004.

8.1.6 Assistência clínica cardiológica;

8.1.7 Assistência clínica nefrológica;

8.1.8 Assistência clínica neurológica;

8.1.9 Assistência clínica geral;

8.1.10 Assistência clínica endocrinológica;

8.1.11 Assistência cirúrgica geral;

8.1.12 Unidades de Terapia Intensiva adulto e neonatal.

8.2 O serviço deve garantir acesso a Banco de Leite Humano, com disponibilidade de

leite humano ordenhado pasteurizado - LHOP, conforme a RDC/Anvisa n. 171, de 04

de setembro de 2006.

9. PROCESSOS OPERACIONAIS ASSISTENCIAIS

9.1 O Serviço deve permitir a presença de acompanhante de livre escolha da mulher no

acolhimento, trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.

9.2 O Serviço deve promover ambiência acolhedora e ações de humanização da atenção

à saúde.

9.3 A equipe do serviço de saúde deve estabelecer protocolos, normas e rotinas técnicas

em conformidade com legislação vigente e com evidências científicas.

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9.4 O serviço deve garantir a adoção de alojamento conjunto desde o nascimento.

9.5 Na recepção à mulher, o serviço deve garantir:

9.5.1 ambiente confortável para espera;

9.5.2 atendimento e orientação clara sobre sua condição e procedimentos a serem

realizados;

9.5.3 avaliação inicial imediata da saúde materna e fetal, para definir atendimento

prioritário;

9.5.4 avaliação do risco gestacional e definição do nível de assistência necessário na

consulta inicial;

9.5.5 permanência da parturiente, quando necessária, em ambiente para observação e

reavaliação;

9.5.6 transferência da mulher, em caso de necessidade, realizada após assegurar a

existência de vaga no serviço de referência, em transporte adequado às necessidades e

às condições estabelecidas na Portaria GM/MS n. 2.048, de 05 de novembro de 2002.

9.6 Na assistência ao trabalho de parto, o serviço deve:

9.6.1 garantir a privacidade da parturiente e seu acompanhante;

9.6.2 proporcionar condições que permitam a deambulação e movimentação ativa da

mulher, desde que não existam impedimentos clínicos;

9.6.3 proporcionar acesso a métodos não farmacológicos e não invasivos de alívio à dor

e de estímulo à evolução fisiológica do trabalho de parto;

9.6.4 possibilitar que os períodos clínicos do parto sejam assistidos no mesmo ambiente;

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9.6.5 realizar ausculta fetal intermitente; controle dos sinais vitais da parturiente;

avaliação da dinâmica uterina, da altura da apresentação, da variedade de posição, do

estado das membranas, das características do líquido amniótico, da dilatação e do

apagamento cervical, com registro dessa evolução em partograma;

9.6.6 garantir à mulher condições de escolha de diversas posições no trabalho de parto,

desde que não existam impedimentos clínicos;

9.6.7 estimular que os procedimentos adotados sejam baseados na avaliação

individualizada e nos protocolos institucionais.

9.7 Na assistência ao parto e pós-parto imediato, o serviço deve:

9.7.1 garantir à mulher condições de escolha de diversas posições durante o parto, desde

que não existam impedimentos clínicos;

9.7.2 estimular que os procedimentos adotados sejam baseados na avaliação

individualizada e nos protocolos institucionais;

9.7.3 estimular o contato imediato, pele-a-pele, da mãe com o recém-nascido,

favorecendo vínculo e evitando perda de calor;

9.7.4 possibilitar o controle de luminosidade, de temperatura e de ruídos no ambiente;

9.7.5 estimular o aleitamento materno ainda no ambiente do parto;

9.7.6 garantir que o atendimento imediato ao recém-nascido seja realizado no mesmo

ambiente do parto, sem interferir na interação mãe e filho, exceto em casos de

impedimento clínico;

9.7.7 garantir que o recém-nascido não seja retirado do ambiente do parto sem

identificação;

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9.7.8 estimular que os procedimentos adotados nos cuidados com o recém-nascido

sejam baseados na avaliação individualizada e nos protocolos institucionais;

9.7.9 garantir o monitoramento adequado da mulher e do recém-nascido, conforme

protocolos institucionais, visando à detecção precoce de possíveis intercorrências;

9.7.10 garantir a realização de testes de triagem neonatal e imunização, conforme

normas vigentes;

9.7.11 garantir que os partos cirúrgicos, quando realizados, ocorram em ambiente

cirúrgico, sob assistência anestésica.

9.7.12 garantir que a transferência da mulher ou do recém-nascido, em caso de

necessidade, seja realizada após assegurar a existência de vaga no serviço de referência,

em transporte adequado às necessidades e às condições estabelecidas na Portaria

GM/MS n. 2.048, de 05 de novembro de 2002.

9.8 Na assistência ao puerpério, o serviço deve:

9.8.1 estimular o aleitamento materno sob livre demanda;

9.8.2 promover orientação e participação da mulher e família nos cuidados com o

recém-nascido;

9.8.3 garantir a adoção de medidas imediatas no caso de intercorrências puerperais.

9.8.3.1 No caso de impossibilidade clínica da mulher de permanecer no alojamento

conjunto, o recém-nascido sadio deve continuar nesse ambiente, enquanto necessitar de

internação, com a garantia de permanência de um acompanhante.

9.8.4 adotar o Método Canguru, quando indicado;

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9.8.5 garantir que a mulher em uso de medicamentos ou portadora de patologias que

possam interferir ou impedir a amamentação, tenha orientação clara e segura e apoio

psicológico de acordo com suas necessidades.

9.8.6 garantir que a transferência da mulher ou do recém-nascido, em caso de

necessidade, seja realizada após assegurar a existência de vaga no serviço de referência,

em transporte adequado às necessidades e às condições estabelecidas na Portaria

GM/MS n. 2.048, de 05 de novembro de 2002.

9.9 Na assistência à mulher gestante com intercorrências clínicas ou obstétricas, o

serviço deve:

9.9.1 garantir a privacidade da gestante e seu acompanhante;

9.9.2 proporcionar condições que permitam a deambulação e movimentação ativa da

mulher, desde que não existam impedimentos clínicos;

9.9.3 garantir o atendimento multiprofissional quando necessário;

9.9.4 garantir que a transferência da mulher, em caso de necessidade, seja realizada após

assegurar a existência de vaga no serviço de referência, em transporte adequado às

necessidades e às condições estabelecidas na Portaria GM/MS n. 2.048, de 05 de

novembro de 2002;

9.9.5 estimular que os procedimentos adotados sejam baseados em avaliação

individualizada e nos protocolos institucionais.

10. TRANSPORTE DE PACIENTES

10.1 O transporte da mulher ou do recém-nascido entre serviços de saúde deve atender

ao estabelecido na Portaria GM/MS n. 2.048, de 05 de novembro de 2002;

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10.2 O relatório de transferência da mulher ou do recém-nascido deve ser entregue no

local de destino;

10.3 O serviço de saúde deve ter disponível, para o transporte da mulher ou do recém-

nascido, os seguintes equipamentos, materiais e medicamentos:

10.3.1 maca para transporte, com grades laterais, suporte para soluções parenterais e

suporte para cilindro de oxigênio, exceto para o transporte de recém-nascidos;

10.3.2 incubadora para transporte de recém-nascidos;

10.3.3 cilindro transportável de oxigênio.

11.PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO

11.1 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve possuir manual de normas e

rotinas técnicas de limpeza, desinfecção e esterilização, quando aplicável, das

superfícies, instalações, equipamentos e produtos para a saúde.

11.1.1 O manual de normas e rotinas técnicas dos procedimentos deve estar atualizado e

disponível em local de fácil acesso.

11.2 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve disponibilizar os insumos,

produtos, equipamentos e instalações necessários para as práticas de higienização das

mãos de profissionais de saúde, mulher, acompanhantes e visitantes.

11.2.1 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve possuir um lavatório/pia por

quarto.

11.2.2 Os lavatórios para higienização das mãos podem ter formatos e dimensões

variadas, porém a profundidade deve ser suficiente para que se lavem as mãos sem

encostá-las nas paredes laterais ou bordas da peça e tampouco na torneira.

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11.2.3 Os lavatórios para higienização das mãos devem possuir provisão de sabonete

líquido, além de papel toalha que possua boa propriedade de secagem.

11.2.4 As preparações alcoólicas para higienização das mãos devem estar

disponibilizadas na entrada da unidade, entre os leitos e outros locais estratégicos

definidos pelo Programa de Controle de Infecção do serviço de saúde.

11.2.5 O RT do Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve estimular a adesão às

práticas de higienização das mãos pelos profissionais de saúde e demais usuários.

11.3 Os saneantes para uso hospitalar e os produtos usados nos processos de limpeza e

desinfecção devem ser utilizados segundo as especificações do fabricante e estar

regularizados junto à Anvisa, de acordo com a legislação vigente.

11.4 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve cumprir as medidas de

prevenção e controle de infecções definidas pelo Programa de Controle de Infecção do

serviço de saúde.

11.5 A equipe do Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve orientar os familiares

e acompanhantes dos pacientes sobre ações de controle de infecção e eventos adversos.

11.6 Os Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal que realizam processamento de

produtos para a saúde devem atender às seguintes regulamentações:

a) RE/Anvisa n. 2.606/2006, que dispõe sobre as diretrizes para elaboração, validação e

implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médicos;

b) RE/Anvisa n. 2.605/2006, que estabelece a lista de produtos médicos enquadrados

como de uso único, proibidos de serem reprocessados;

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c) RDC/Anvisa n. 156/2006, que dispõe sobre o registro, rotulagem e reprocessamento

de produtos médicos.

12. BIOSSEGURANÇA

12.1 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve manter normas e rotinas técnicas

escritas de biossegurança, atualizadas e disponíveis a todos os trabalhadores,

contemplando os seguintes itens:

12.1.1 condutas de segurança biológica, química, física, ocupacional e ambiental;

12.1.2 instruções de uso para os equipamentos de proteção individual (EPI) e de

proteção coletiva (EPC);

12.1.3 procedimentos em caso de acidentes;

12.1.4 manuseio e transporte de material e amostra biológica.

13 NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS GRAVES

13.1 A equipe do Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve implantar e

implementar ações de farmacovigilância, tecnovigilância, hemovigilância e vigilância

do controle de infecção e de eventos adversos.

13.1.1 O monitoramento dos eventos adversos ao uso de sangue e componentes deve ser

realizado em parceria e de acordo com o estabelecido pelo serviço de hemoterapia da

instituição ou serviço fornecedor de sangue e hemocomponentes.

13.2 A equipe do Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve notificar os casos

suspeitos, surtos e eventos adversos graves à coordenação do Programa de Controle de

Infecção do serviço de saúde

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13.3 O coordenador do Programa de Controle de Infecção do serviço de saúde deve

notificar surtos e casos suspeitos de eventos adversos graves à vigilância sanitária local,

no prazo de até 24 (vinte e quatro) horas.

13.4 A notificação não isenta o coordenador pelo Programa de Controle de Infecção do

serviço de saúde da investigação epidemiológica e da adoção de medidas de controle do

evento.

13.5 A equipe do Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve colaborar com a

equipe de Controle de Infecção em Serviços de Saúde e com a vigilância sanitária na

investigação epidemiológica e na adoção de medidas de controle.

14. DESCARTE DE RESÍDUOS

14.1 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve implantar as ações do Plano de

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), atendendo aos requisitos

da RDC/Anvisa n. 306, de 07 de dezembro de 2004, e Resolução Conama n. 358, de 29

de abril de 2005.

15. AVALIAÇÃO

15.1 O responsável técnico deve implantar, implementar e manter registros de avaliação

do desempenho e padrão de funcionamento global do Serviço de Atenção Obstétrica e

Neonatal, buscando processo contínuo de melhoria da qualidade.

15.2 A avaliação deve ser realizada levando em conta os Indicadores para a Avaliação

dos Serviços de Atenção Obstétrica e Neonatal e as demais disposições estabelecidas na

Instrução Normativa (IN) n. 02, de 03 de junho de 2008, da Anvisa.

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15.3 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve disponibilizar à vigilância

sanitária as informações referentes ao monitoramento dos indicadores, durante o

processo de inspeção sanitária ou de investigação de surtos e eventos adversos.

15.4 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve encaminhar à vigilância sanitária

local o consolidado dos indicadores do semestre anterior, nos meses de janeiro e julho.

15.5 O consolidado do município deve ser encaminhado à Secretaria Estadual de Saúde

e o consolidado dos estados à Anvisa.

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ANEXO II

Os itens da RDC/Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002, referentes à atenção

obstétrica e neonatal passam a vigorar da seguinte forma:

1. Unidade de Centro de Parto Normal:

1.1 Ambientes Fins

1.1.1 Sala de acolhimento da parturiente e seu acompanhante;

1.1.2 Sala de exames e admissão de parturientes;

1.1.3 Quarto PPP;

1.1.3.1 Prever a instalação de barra fixa e/ou escada de Ling.

1.1.4 Banheiro para parturiente

1.1.5 Quarto/enfermaria de alojamento conjunto.

1.1.6 Área para deambulação (interna ou externa);

1.1.7 Posto de enfermagem;

1.1.8 Sala de serviço;

1.1.9 Área para higienização das mãos.

1.2 Ambientes de apoio

1.2.1 Sala de utilidades;

1.2.2 Sanitário para funcionários (masculino e feminino);

1.2.3 Rouparia;

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1.2.4 Sala de estar e/ou reunião para acompanhantes, visitantes e familiares;

1.2.5 Depósito de material de limpeza;

1.2.6 Depósito de equipamentos e materiais;

1.2.7 Sala administrativa;

1.2.8 Copa;

1.2.9 Sanitário para acompanhantes, visitantes e familiares (masculino e feminino);

1.2.10 Área para guarda de macas e cadeiras de rodas;

1.2.11 Sala de ultrassonografia.

1.3 Os ambientes descritos nos itens 1.2.9; 1.2.10 e 1.2.11 são opcionais, assim como o

1.1.5, caso a puérpera e o recém nascido, permaneçam no quarto PPP, durante todo

período de internação puerperal .

2. Unidade de Centro Obstétrico (partos cirúrgicos e normais)

2.1 Ambientes Fins

2.1.1 Sala de acolhimento da parturiente e seu acompanhante;

2.1.2 Sala de exame e admissão de parturientes;

2.1.2.1 A sala de admissão e os ambientes de apoio podem ser compartilhados com os

ambientes do centro de parto normal.

2.1.3 Quarto PPP;

2.1.3.1 Prever a instalação de barra fixa e/ou escada de Ling.

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2.1.3.2 O quarto PPP no centro obstétrico pode ser utilizado como pré-parto para as

pacientes com possibilidade cirúrgica.

2.1.4 Banheiro para parturiente;

2.1.5 Área para deambulação (interna ou externa);

2.1.6 Posto de enfermagem;

2.1.7 Sala de serviço;

2.1.8 Área para prescrição médica;

2.1.9 Área para anti-sepsia cirúrgica das mãos e antebraços;

2.1.10 Sala de parto cirúrgico/curetagem;

2.1.11 Área de recuperação anestésica;

2.1.12 Sala para AMIU;

2.1.13 Área de indução anestésica;

2.2. Ambientes de apoio

2.2.1 Sala de utilidades;

2.2.2 Banheiros com vestiários para funcionários e acompanhantes (barreira);

2.2.3 Sala administrativa;

2.2.4 Rouparia;

2.2.5 Depósito de equipamentos e materiais;

2.2.6 Depósito de material de limpeza;

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2.2.7 Agência transfusional, in loco ou não (em conformidade com o item 8.1.5.1 do

Anexo I);

2.2.8 Sala de estar e/ou reunião para acompanhantes, visitantes e familiares;

2.2.9 Sala de preparo de equipamentos/material;

2.2.10 Copa;

2.2.11 Sala de estar para funcionários;

2.2.12 Sanitários para acompanhantes - anexo à sala de estar;

2.2.13 Área de guarda de pertences;

2.2.14 Área para guarda de macas e cadeiras de rodas.

2.3 Os ambientes descritos nos itens 2.1.12; 2.1.13 e nos itens 2.2.8; 2.2.9; 2.2.10;

2.2.11; 2.2.12; 2.2.13 e 2.2.14 são opcionais.

3. Internação Obstétrica (puérperas ou gestantes com intercorrências)

3.1 Ambientes Fins

3.1.1 Quarto/enfermaria para alojamento conjunto ou internação de gestantes com

intercorrências;

3.1.2 Banheiro (cada quarto deve ter acesso direto a um banheiro, podendo servir no

máximo dois quartos);

3.1.3 Posto de enfermagem;

3.1.4 Sala de serviço;

3.1.5 Sala de exames e curativos (conforme descrito item 4.3.3 deste Anexo II).

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3.2. Ambientes de apoio

3.2.1 Sala de utilidades;

3.2.2 Área para controle de entrada e saída de pacientes, acompanhantes e visitantes;

3.2.3 Quarto para plantonista (in loco ou não);

3.2.4 Sanitário para funcionários;

3.2.5 Depósito de equipamentos e materiais;

3.2.6 Depósito de material de limpeza;

3.2.7 Rouparia;

3.2.8 Área de cuidados e higienização de lactente;

3.2.9 Sala administrativa;

3.2.10 Área para guarda de macas e cadeiras de rodas;

3.2.11 Sala de reuniões com a família ou de trabalhos em grupo;

3.2.12 Sala de estar para familiares, visitantes e acompanhantes;

3.2.13 Sanitário para acompanhantes - anexo à sala de estar;

3.2.14 Copa.

3.3 Os ambientes descritos nos itens 3.2.8; 3.2.9; 3.2.10; 3.2.11; 3.2.12; 3.2.13 e 3.2.14

são opcionais.

4. Características dos ambientes

4.1 Centro de Parto Normal

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4.1.1 Sala de acolhimento da parturiente e seu acompanhante: sala com área mínima de

2,00m² por pessoa.

4.1.2 Sala de exame, admissão de parturientes: área mínima de 9,00m² por leito de

exame. Instalação de água fria e quente.

4.1.3 Quarto PPP: área mínima de 10,50m² e dimensão mínima de 3,20m, com previsão

de poltrona de acompanhante, berço e área de 4,00m2 para cuidados de

higienização do recém-nascido - bancada com pia. Prever instalações de água fria e

quente, oxigênio e sinalização de enfermagem.

4.1.4 Banheiro do quarto PPP: O banheiro deve ter área mínima de 4,80m², com

dimensão mínima de 1,70m.

4.1.4.1 O box para chuveiro deve ter dimensão mínima de 0,90 x 1,10m com instalação

de barra de segurança.

4.1.4.2 Instalação opcional de banheira com largura mínima de 0,90m e com altura

máxima de 0,43m. No caso de utilização de banheira de hidromassagem, deve ser

garantida a higienização da tubulação de recirculação da água. Quando isso não for

possível, não deve ser ativado o modo de hidromassagem.

4.1.5 Quarto/enfermaria de alojamento conjunto, áreas mínimas: quarto de 01 leito ,

10,50 m², quarto de 02 leitos, 14,00 m² e enfermaria de 03 a 06 leitos, 6,00 m² por leito.

Todos os quartos/enfermarias devem ter, ainda, área de 4,00m2 para cuidados de

higienização do recém-nascido - bancada com pia.

4.1.5.1 previsão de berço e poltrona de acompanhante, para cada leito de puérpera.

4.1.5.2 O berço deve ficar ao lado do leito da mãe e afastado 0,6 m de outro berço.

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4.1.5.3 Adotar medidas que garantam a privacidade visual de cada parturiente, seu

recém nascido e acompanhante, quando instalado ambiente de alojamento conjunto para

mais de uma puérpera

4.1.5.4 Prever instalações de água fria e quente, oxigênio e sinalização de enfermagem.

4.1.6 Banheiro do quarto/enfermaria de alojamento conjunto: pode ser compartilhado

por até dois quartos de 02 leitos ou duas enfermarias de até 04 leitos cada.

4.1.6.1 O banheiro comum a dois quartos/enfermaria deve ter um conjunto de bacia

sanitária, pia e chuveiro a cada 04 leitos, com dimensão mínima de 1,7 m. Deve prever

instalação de água fria e quente e sinalização de enfermagem.

4.1.7 Área para deambulação: a área pode ser interna ou externa, preferencialmente

coberta, a fim de ser utilizada em dias de chuva ou sol.

4.1.8 Posto de enfermagem: um a cada 30 leitos. Área mínima de 2,50m², com

instalações de água e elétrica de emergência.

4.1.9 Sala de serviço: uma sala de serviços a cada posto de enfermagem. Área mínima

de 5,70m², com instalações de água e elétrica de emergência.

4.1.10 Área para higienização das mãos: um lavatório a cada dois leitos. Área mínima

de 0,90m² com instalação de água fria e quente.

4.2 Unidade de Centro Obstétrico (partos cirúrgicos e normais)

4.2.1 Quarto PPP: segue as características descritas nos itens 4.1.3 e 4.1.4;

4.2.2 Posto de enfermagem e serviços: um a cada doze leitos de recuperação pós-

anestésica com 6,00m². Instalações de água fria e elétrica de emergência.

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4.2.3 Área para prescrição profissional: área mínima de 2,00m².

4.2.4 Área para anti-sepsia cirúrgica das mãos e antebraços: prever instalação de duas

torneiras por sala de parto cirúrgico. Caso existam mais de duas salas cirúrgicas, prever

duas torneiras a cada novo par de salas ou fração. Área de 1,10m² por torneira com

dimensão mínima de 1,00m.

4.2.5 Sala de parto cirúrgico/curetagem: área mínima de 20,00m² com dimensão mínima

de 3,45m. Deve possuir uma mesa cirúrgica por sala. Instalações de oxigênio, óxido

nitroso, ar comprimido medicinal, elétrica de emergência, vácuo clínico e climatização.

4.2.6 Área de recuperação pós-anestésica: ambiente com no mínimo duas macas, com

distância entre estas de 0,80m. Distância entre macas e paredes, exceto cabeceiras de

0,60m. Espaço, junto ao pé da maca para manobra, de no mínimo 1,20m. O número de

macas deve ser igual ao número de salas de parto cirúrgico. Instalações de água fria,

oxigênio, ar comprimido medicinal, elétrica de emergência, vácuo e climatização.

4.2.7 Sala para AMIU: área mínima de 6,00m² com instalações de oxigênio, ar

comprimido medicinal, elétrica de emergência, vácuo clínico e climatização.

4.2.8 Área de indução anestésica: prever área para no mínimo duas macas, com

distância entre estas de 0,80m e entre as macas e as paredes de 0,60m. Distância entre a

cabeceira e a maca de 0,60m. Espaço, junto ao pé da maca para manobra, de no mínimo

1,20m. Instalações de oxigênio, óxido nitroso, ar comprimido medicinal, elétrica de

emergência, vácuo clínico, elétrica diferenciada e climatização.

4.3 - Internação Obstétrica (Puérpera ou gestantes com intercorrências)

4.3.1 Quarto/enfermaria de alojamento conjunto: segue as características descritas nos

itens 4.1.5 e 4.1.6.

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4.3.2 Posto de enfermagem e prescrição profissional: Cada posto deve atender a no

máximo 30 leitos, com a área mínima de 6,00m² e com as instalações de água e elétrica

de emergência.

4.3.3 Sala de exames e curativos: Quando existir enfermaria que não tenha subdivisão

física dos leitos deve ser instalada uma sala a cada 30 leitos. Área mínima de 7,50m²

com instalações de água, ar comprimido medicinal e elétrica de emergência.

4.3.4 Área para controle de entrada e saída de pacientes, acompanhantes e visitantes.

Área mínima de 5,00m2.

(*) Republicada por ter saído com incorreção no original, publicadO no Diário Oficial

da União nº 105, de 4 de junho de 2008, Seção 1, pág. 50.

DIRCEU RAPOSO DE MELLO

Agência Nacional de Vigilância Sanitária - SEPN 515, Bl.B, Ed.Ômega - Brasília (DF)

CEP 70770-502 - Tel: (61) 3448-1000

Disque Saúde: 0 800 61 1997

Anexo V: Cartilha Informativa sobre a Lei do Direito ao acompanhante no Pré- parto,

Parto e Puerpério.

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APÊNDICE A

Trabalho de Especialização em saúde materna, neonatal e lactente UFSC (Universidade Federal de

Santa Catarina). Elaborador: Enfermeiro Daniel Andrade de Vasconcelos. Ano de 2014.

Cartilha para a Gestante e o

Acompanhante no trabalho de

parto e parto

Chegou a hora do parto! E

agora? Como vai ser?

Quais os sentimentos que

aparecem?

TRANQUILIDADE?

MEDO? AFETO? SOLIDÃO?

SOFRIMENTO?

SEGURANÇA?

DOR? ACOLHIMENTO?

ANGÚSTIA?

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A maioria de vocês, futuras puérperas, sempre costumam relatar sentimentos e

sensações de medo, ansiedade, sofrimento , maus- tratos durante o atendimento na

maternidade, dor , solidão na hora do parto, qual o tipo de parto que será realizado,

dentre outras coisas. Muitas de vocês também jamais estiveram numa maternidade, ou

aquelas que estiveram, desconhecem à unidade internamente com detalhes, o que

contribui significativamente para que os problemas citados acima sejam piorados.

Aliado a isso sempre existem os relatos negativos de conhecidas, pessoas próximas e

parentes que por ventura sofreram alguma experiência negativa durante o pré- parto,

parto e até mesmo no puerpério imediato ( quando ainda estavam internadas).

O que se pode fazer pra minimizar tal situação?

Primeiramente a gestante tem que conhecer seus direitos nos períodos de pré- parto,

parto e pós- parto imediato. Observação: o pós- parto imediato é considerado até dez

dias depois do nascimento do bebê.

Você conhece seus direitos?

Um dos direitos menos conhecidos e disseminados é sobre a Lei do Direito ao

Acompanhante. Esta Lei de nº 11.108, de 7 de Abril de 2005.

Pra quê serve então a lei?

Serve para permitir que a gestante escolha, de livre e espontânea vontade, qualquer

pessoa que queira para acompanhar dentro da maternidade, podendo até ser o próprio

marido. Sendo que com esta liberação de entrada do acompanhante não podem ser

cobradas taxa alguma, como por exemplo : alimentação, alojamento digno para o

acompanhante, paramentação ( roupa e equipamentos utilizados pra entrar na sala de

pré- parto, parto e puerpério). Pois o Ministério da Saúde se responsabilizará em cobrir

todos os gastos.

Em qual momento o acompanhante pode entrar?

Se não houver caso de impedimento real, ou seja, algo muito sério que não indique a

liberação, como por exemplo um parto de emergência ( parto em que há riscos de morte

da mãe ou bebê). O acompanhante pode entrar desde o momento de pré- parto, parto e

pós- parto imediato. E inclusive no pós- parto, ou seja, já na enfermaria com

acomodação adequada e alimentação gratuita.

Mas e se meu parto for particular através de plano de saúde, o quê faço?

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Para partos particulares relacionados a plano de saúde, existe a resolução normativa

nº211 da ANS ( Agência Nacional de Saúde) de 11 de janeiro de 2010. Que por sua vez

acaba tendo a mesma finalidade e semelhança da aplicada pelo SUS ( Sistema Único de

Saúde) e que já foi citada acima.

Como eu posso garantir que a lei seja cumprida?

1.Conversar com o médico e citar a regra (pode ser que ele não saiba e, dessa forma,

você estará ajudando para que o profissional se informe). Seja firme e argumente com

clareza. Mencione a Lei do Direito a Acompanhante 11.108 de 7 de Abril de 2005.

Alguns médicos dizem que a regra só vale para partos normais. É mentira. A regra é

válida para qualquer parto;

2.Caso o médico ainda assim se recuse, busque a diretoria do hospital para que tome as

providências cabíveis no sentido de fazer com que a lei seja cumprida;

3.A partir daí, o usuário deverá reclamar nos seguintes órgãos: Ministério Público Local

da sua cidade, CRM ( Conselho Regional de Medicina), Ministério da Saúde (para

hospitais públicos) através dos telefones gratuitos: Disque saúde 0800 61 1997;

Disque Saúde da Mulher 0800 644 0803 , ANS( Agência Nacional de Saúde- para

hospitais e planos particulares) telefone gratuito 0800 701 9656, ANVISA 0 800

611997, PROCON telefones: ( 0xx79) 3211-3383; 32115216 (para hospitais e planos

particulares), bem como requerer junto ao plano de saúde o descredenciamento daquele

profissional, quando for o caso. Procure a ajuda de um advogado para realizar estes atos

também.

4.Caso não dê certo, infelizmente, não haverá alternativa a não ser buscar a ajuda de um

advogado de confiança para que tome as providências cabíveis caso a caso e

5. Como nem sempre a hora do parto é programada, em situação extrema, a usuária ou

família com a lei nas mãos, pode requere a presença imediata da polícia pra que faça

cumprir a lei.

OUTROS DIREITOS DURANTE A INTERNAÇÃO E NO TRABALHO DE PARTO:

- De ser escutada em suas queixas e reclamações e ter as suas dúvidas esclarecidas.

- De expressar os seus sentimentos e suas reações livremente. Não se envergonhe, nem

se intimide se você tiver vontade de chorar, gritar ou rir. Essas são reações normais ,que

podem ocorrer durante o trabalho de parto com todas as mulheres. Nenhum profissional

de saúde pode recriminar você por isso.

- As roupas utilizadas durante o trabalho de parto devem ser confortáveis e estar de

acordo com o seu tamanho. Devem ser de tecidos e modelos que não exponham o seu

corpo, causando- lhe constrangimento.

- Caso você queira contar com a presença de acompanhante no momento do parto, como

o pai da criança, parente ou pessoa amiga, solicite isto ao serviço que está atendendo

você. De preferência acerte isso antes do parto.

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Leis que devem ser apresentadas

Lei Federal nº 11.108, de 7 de abril de 2005

Art. 19-J Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde- SUS, da rede própria ou

conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um)

acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós- parto

imediato.

§ 1º O acompanhante de que trata a caput deste artigo será indicado pela parturiente.

§ 2º As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos direitos de que trata este

artigo constarão do regulamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do

Poder Executivo.

Portaria nº 2.418 do Ministério da Saúde, de 2 de dezembro de 2005

Regulamenta, em conformidade com o art. 1º da Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005, a

presença de acompanhante para mulheres em trabalho de parto, parto e pós- parto

imediato nos hospitais públicos e conveniados com o Sistema Único de Saúde- SUS.

Art. 1º Regulamentar, em conformidade com o art. 1º da Lei nº 11.108, de 7 de abril de

2005, a presença do acompanhante para mulheres em trabalho de parto, parto e pós-

parto imediato nos hospitais públicos, conveniados com o Sistema Único de Saúde-

SUS e particulares.

§ 1º Para efeito desta Portaria entende-se o pós- parto imediato como o período que

abrange 10 dias após o parto, salvo intercorrências, a critério médico.

§ 2º Fica autorizada ai prestador de serviços a cobrança, de acordo com as tabelas do

SUS das despesas previstas com acompanhante no trabalho de parto, parto e pós- parto

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imediato, cabendo ao gestor a devida formalização dessa autorização de cobrança na

Autorização de Internação Hospitalar- AIH.

§ 3º No valor da diária de acompanhante, estão incluídos a acomodação adequada e o

fornecimento das principais refeições.

Art. 2º Os hospitais têm prazo de 6 ( seis) meses para tomar as providências

necessárias ao atendimento disposto nesta Portaria.

Art. 3º Esta Portaria entra vigor na data de sua publicação

Anexo III: Resolução Normativa nº 211 da ANS, em 11 de Janeiro de 2010.

Art. 19. O plano Hospitalar com Obstetrícia compreende toda a cobertura definida no

artigo 18 desta Resolução, acrescida dos procedimentos relativos ao pré- natal, da

assistência ao parto e puerpério, observadas as seguintes exigências:

I – cobertura das despesas, conforme indicação do médico assistente e legislações

vigentes, relativas a um acompanhante indicado pela mulher durante o trabalho de

parto, parto e pós- parto imediato, conforme asseguração pela Lei 11.108, de 7 de abril

de 2005, ou outra que venha substituí-la.

Resumo da Diretoria Colegiada – RDC nº36, de 03 de Junho de 2008.

3.3 Higienização das mãos: medida individual mais simples e menos dispendiosa para

prevenir a propagação das infecções relacionadas à assistência. O termo engloba a

higienização simples, a higienização anti- séptica, a fricção anti- séptica e anti- sepsia

cirúrgica das mãos.

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4.4 O Serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal deve contar com infra- estrutura física,

recursos humanos, equipamentos e materiais necessários à operacionalização do

serviço, de acordo com a demanda e modalidade de assistência prestada.

4.10 O serviço de Atenção Obstétrica e Neonatal que realiza partos cirúrgicos deve

possuir estrutura e condições técnicas para realização de partos normais sem distócia,

conforme descrito neste regulamento.

9 PROCESSOS OPERACIONAIS ASSISTENCIAIS.

9.1 O serviço deve permitir a presença de acompanhante de livre escolha da mulher no

acolhimento, trabalho de parto, parto e pós- parto imediato.

9.2 O serviço deve promover ambiência acolhedora e ações de humanização da atenção

à saúde.

Foi publicada no dia 19 de dezembro a Lei n. 12.895/2013, que altera a Lei n.

8.080/1990, a qual obriga os hospitais de todo o País a manter, em local visível de suas

dependências, o aviso referente ao direito da parturiente de ter um acompanhante

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durante todo o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Confira a lei:

Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde – SUS, da rede própria ou

conveniada, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um)

acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato.

(Incluído pela Lei n. 11.108, de 2005).

§ 3º Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em local visível de suas

dependências, aviso informando sobre o direito estabelecido no caput deste artigo.”

(NR)

Essa cartilha explicativa tem como finalidade a de garantir o seu direito ao

acompanhante de sua escolha na hora do parto, afim de minimizar seu sofrimento.

Você agora CONHECE as leis, faça valer direito, seja cidadã , busque-os. Mas

lembre- se haja sempre como educação e respeito, para que não se perca a razão e

consequentemente o seu DIREITO.

REFERÊNCIAS:

Lei do Direito ao Acompanhante.Disponível em: <

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11108.htm >. Acesso

em: 03 de Fevereiro de 2014.

Resolução nº 36 da ANVISA, disponível : <

http://www.anvisa.gov.br/hotsite/segurancadopaciente/documentos/rdcs/RDC%20N%C

2%BA%2036-2008.pdf > . Acesso em: 04 de Fevereiro de 2014.

Dossiê elaborado pela Rede Parto do Princípio para a CPMI da Violência Contra as

Mulheres. Violência Obstétrica, “ Pariras com Dor”, 2012