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“DANÇA NA ESCOLA: uma forma diferente de expressão e comunicação”

Cléria Cristina Neves de Oliveira1

RESUMO

Este artigo apresenta os resultados da intervenção pedagógica que foi realizada no

Colégio Estadual Machado de Assis de Barbosa Ferraz EFMP, PR, com a finalidade

de fornecer subsídios teóricos e práticos para uma melhor compreensão da dança

nas aulas de educação física escolar, proporcionando o acesso ao aluno, por meio

deste conteúdo, do conhecimento produzido nesta área. A mesma teve como

objetivo geral possibilitar aos alunos e a comunidade escolar o conhecimento das

manifestações culturais através do Conteúdo Estruturante - Dança, enfatizando-a

como algo importante para o desenvolvimento de um povo, de sua identidade social

e como conteúdo de ensino. Como objetivos específicos propusemos trabalhar com

o conteúdo dança, na perspectiva da cultura corporal com Ensino Fundamental,

mais especificamente com o 8º ano - do Colégio Estadual Machado de Assis de

Barbosa Ferraz – EFMP da cidade de Barbosa Ferraz – Pr; Compreender as

conexões da cultura local com a nacional historicizando-as; Promover a

interdisciplinaridade para a compreensão da cultura local, norteando as escolhas

das danças; Elaborar um plano de trabalho com o conteúdo da dança em seus

aspectos técnicos, expressivos, sociais, culturais; Realizar as apresentações de

duas danças pesquisadas representando a síntese do conhecimento dos temas

pesquisados.Os resultados alcançados demonstram que houve uma mudança

significativa no reconhecimento pelos alunos da importância da dança para o

desenvolvimento de um povo, de sua identidade social e como conteúdo de ensino.

Palavras-chave: Educação Física; Dança; Manifestações Culturais

1 Professora de Educação Física da Rede Estadual de Educação

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1. INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta os resultados da intervenção pedagógica que foi

realizada no Colégio Estadual Machado de Assis de Barbosa Ferraz EFMP, PR, com

a finalidade de fornecer subsídios teóricos e práticos para uma melhor compreensão

da dança nas aulas de educação física escolar, visando à melhoria das relações

interpessoais, procurando o resgate da satisfação e do prazer e a formação da

cidadania. A escolha do tema teve como base a importância da escola na formação

do indivíduo e, sendo a Educação Física parte integrante do conteúdo escolar, a

dança torna-se uma boa opção de atividade para auxiliar os alunos no seu

desenvolvimento intelectual integrado a cultura corporal além do físico, motor e

social. A escassez de estudos e atividades escolares sobre o referido tema

fortaleceu a realização desse trabalho, de modo a auxiliar e embasar a prática da

Educação Física.

A intervenção teve como objetivo geral possibilitar aos alunos e a comunidade

escolar o conhecimento das manifestações culturais através do Conteúdo

Estruturante - Dança, enfatizando-a como algo importante para o desenvolvimento

de um povo, de sua identidade social e como conteúdo de ensino.Como objetivos

específicos propusemos trabalhar com o conteúdo dança, na perspectiva da cultura

corporal com Ensino Fundamental, mais especificamente com o 8º ano - do Colégio

Estadual Machado de Assis de Barbosa Ferraz – EFMP da cidade de Barbosa

Ferraz – Pr; Compreender as conexões da cultura local com a nacional

historicizando-as; Promover a interdisciplinaridade para a compreensão da cultura

local, norteando as escolhas das danças; Elaborar um plano de trabalho com o

conteúdo da dança em seus aspectos técnicos, expressivos, sociais, culturais;

Realizar as apresentações de uma das danças pesquisadas representando a

síntese do conhecimento dos temas pesquisados.

Desenvolvemos a proposta partindo de um questionário inicial e após a

intervenção realizamos uma segunda avaliação qualitativa, utilizando-se o mesmo

questionário a fim de verificar se houve ou não uma mudança conceitual, cujos

dados serviram de comparação com o levantamento preliminar sobre os

conhecimentos dos alunos.

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2 FUNDAMENAÇÃO TEÓRICA

A Educação Física é uma disciplina que faz parte da matriz curricular da

Educação Básica (LDB nº 9394, 1996). Nestes termos, a Educação Física tem como

objetivo realizar a promoção humana, a qual para OLIVEIRA (1983) está centrada

em função do homem, enquanto um sujeito individual e social. Ela é educação, na

concepção de “ser” com papel de desenvolver potencialidades dos indivíduos e

constituir relações com o meio ao qual está inserido. No entanto, para cumprir seu

papel social, é necessário compreender que a Educação Física, historicamente,

sofreu transformações teórico- metodológicas requerendo atualmente uma

abordagem mais crítica, reflexiva que garanta ao aluno o acesso aos conhecimentos

produzidos pela humanidade nesta área.

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL

“No âmbito da escola, os exercícios físicos na forma cultural de jogos,

ginástica, dança e equitação surgem na Europa no final do século XVIII e início do

século XIX” (COLETIVO DE AUTORES, 2009, p. 50).

“As primeiras sistematizações que o conhecimento sobre as práticas

corporais recebe em solo nacional ocorrem a partir de teorias oriundas da Europa”

(DIRETRIZES CURRICULARES, 2008, p. 38).

Neste contexto ocorria à prática da ginástica, vista pelos profissionais

médicos e pelos militares como uma foram de realizar o desenvolvimento da saúde

e responsável pela formação moral dos brasileiros.

Assim, o Coletivo de autores (2009) nos mostra que os exercícios físicos

passam a ser entendidos como receitas e remédios através dos quais seria possível

ter um corpo saudável, forte e disciplinado como exigia a sociedade capitalista.

Desta forma, compreende-se que as práticas corporais tinham como

principais objetivos fazer com que os alunos aprimorassem suas habilidades e

capacidades físicas como a destreza, a força, a resistência e a agilidade, bem

contribuir para a formação do caráter, da autodisciplina, de hábitos higiênicos, o

respeito e do sentimento patriótico.

Segundo as Diretrizes Curriculares (2008) é a partir da proclamação da

República que se tem um verdadeiro diálogo sobre as instituições escolares e

também sobre as políticas de ensino.

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Então, a partir de 1882, na Reforma Leôncio de 19 de abril de 1879, decreto

n. 7.247, concluiu que a ginástica tinha uma grande importância na formação de

corpos fortes, preparando os cidadãos para defender o país e igualando esta

disciplina as demais.

A partir do ano de 1929, segundo as Diretrizes Curriculares (2008) a

Educação Física se torna uma disciplina obrigatória em todas as instituições de

ensino e para todas as crianças a partir dos seis anos de idade. É neste período que

se têm a Educação Física voltada para os objetivos militares, visto que a influência

militar na disciplina era muito grande.

A relações entre a institucionalização da disciplina de Educação

Física no Brasil e a influência da ginástica, explicitam-se em algumas

marcos históricos, dentre eles: a criação do Regulamento da

Instrução Física Militar (método francês), em 1921; a obrigatoriedade

da prática da ginástica nas instituições de ensino, em 1929; a adoção

oficial do método francês, em 1931, no ensino secundário; a criação

da Escola de Educação Física do Exército, em 1933, e a criação da

Escola Nacional de Educação Física e Desportos da Universidade do

Brasil, em 1939. (DIRETRIZES CURRICULARES, 2008, p. 39)

O método francês era totalmente mecanicista e instrumental, com o principal

objetivo de realizar o desenvolvimento mecânico do corpo, no sentido de que

através da eficiência dos gastos da energia corporal, o físico se tornaria saudável e

disciplinado, tornando os cidadãos aptos para trabalhar nas indústrias que se

instalavam no país.

A partir da década de 30 ocorre a popularização do esporte, passando estes a

serem trabalhados na disciplina de Educação Física. No ano de 1941 foi criado o

Conselho Nacional de Desportos, que possuía o objetivo de orientar, fiscalizar e

incentivar as práticas desportivas no Brasil.

É no período entre os anos 30 e 40 que a Educação Física começa a ser

desvinculada dos objetivos militares, ocorrendo assim uma grande difusão dos

esportes para a sociedade, especialmente com sua prática nas escolas. Contudo, de

acordo com as Diretrizes Curriculares (2008) ocorre neste momento da história desta

disciplina no Brasil a presença do esporte na escola, em que a mesma se torna um

local para descoberta de atletas, não havendo nenhuma preocupação com os

aprendizados das práticas esportivas para a formação crítica do aluno.

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A partir do ano de 1937 quando é implantado o Estado Novo tem-se a

implantação obrigatória da Educação Física nas escolas, com as reformas obtidas

com a Lei Orgânica do Ensino Secundário de 1942, instituída pelo Ministro Gustavo

Capanema, as práticas esportivas são inseridas nas escolas, sendo que ocorre

então uma obrigatoriedade de que ela seja realizada por meninos e meninas, cada

um com sua quantidade de horas semanais, de todos os níveis de ensino. Esta Lei

fica em vigor até a promulgação da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional nº 4.024/64, em 1961, quando o esporte passa a se tratado com mais

ênfase nas aulas de Educação Física.

Contudo nesta década de 60 ainda persiste uma visão de que o enfoque

Pedagógico da Educação Física continua centrado na competição e no desempenho

dos alunos, especialmente quando se tratava dos esportes olímpicos, procurando

aqueles que tivessem talento para o esporte e pudesse representar o país nas

competições internacionais.

Na década de 70, o artigo 7º da LDB nº 5692/71, “manteve o caráter

obrigatório da disciplina de Educação Física nas escolas, passando a ter uma

legislação específica e sendo integrada como atividade escolar regular e obrigatória

no currículo de todos os cursos e níveis dos sistemas de ensino”. Neste período

ainda tem-se uma visão militar para a Educação Física e para a formação de atletas,

no entanto é o período em que surgem as primeiras críticas.

De acordo com o Coletivo de Autores (2009) “nas décadas de 70 e 80 surgem

os movimentos renovadores na Educação Física”, especialmente da corrente da

psicomotricidade que estava nascendo, mas que não acarretou grandes mudanças

no pensamento de ser uma disciplina do corpo.

A partir da metade da década de 80 ocorre uma reformulação na educação

brasileira, acarretando uma forte valorização da Educação Física, sendo que a partir

deste acontecimento as críticas ao modelo vigente desta disciplina surgem com mais

força e duas correntes – desenvolvimentista e construtivista, consideradas

progressistas são as que dirigem suas críticas aos paradigmas da aptidão física e

esportivização.

No entanto, acompanhando o movimento e as discussões da pedagogia

crítica brasileira à luz das ciências humanas, a Educação Física passa a analisar a

área a partir da sua contextualização na sociedade capitalista.

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A pedagogia histórico-crítica contribui com o debate apontando que a escola, assim

como a educação refletem o caráter contraditório da própria sociedade, qual seja,

uma sociedade dividida em classes com interesses antagônicos. Saviani (2000)

destaca a necessidade de analisar a questão educacional a partir do

desenvolvimento histórico da sociedade, ou seja, do desenvolvimento da

determinação das condições materiais da existência humana. Na Educação Física

surge neste contexto duas abordagens críticas: a crítico emancipatória e a crítico-

superadora. A primeira parte do princípio que a expressividade corporal e uma forma

de linguagem pela qual o ser humano se relaciona com o meio e esta ancorada na

corrente teórica da fenomenologia, e a segunda, crítico-emancipadora, baseia-se na

pedagogia histórico crítica e aponta a cultura corporal como objeto de estudo e de

ensino da Educação Física.

A pedagogia histórico-crítica contribui com o debate apontando que a escola,

assim como a educação refletem o caráter contraditório da própria sociedade, qual

seja, uma sociedade dividida em classes com interesses antagônicos.

Saviani (2000) destaca a necessidade de analisar a questão educacional a

partir do desenvolvimento histórico da sociedade, ou seja, do desenvolvimento da

determinação das condições materiais da existência humana. Na Educação Física

surge neste contexto duas abordagens críticas: a crítico emancipatória e a crítico-

superadora.

A primeira parte do princípio que a expressividade corporal e uma forma de

linguagem pela qual o ser humano se relaciona com o meio e esta ancorada na

corrente teórica da fenomenologia, e a segunda, crítico-emancipadora, baseia-se na

pedagogia histórico crítica e aponta a cultura corporal como objeto de estudo e de

ensino da Educação Física. Pela divergência de seu postulado em relação às

Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Educação Física (2008), a vertente

crítico-superadora será tratada de forma mais específica.

A obra Metodologia do Ensino de Educação Física de 1992, proposta por um

coletivo de autores traz esta vertente em sua especificidade. Albuquerque (et. Al

2007) trazem resumidamente da seguinte forma: a matriz é o materialismo histórico-

dialético, a abordagem metodológica é denominada crítico superadora, o objeto de

estudo é a cultura corporal e no campo educacional se situa na Pedagogia Crítica.

Nesta concepção, cabe reconhecer que a materialidade corpórea foi historicamente

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construída, existindo, portanto, uma cultura corporal como resultado de

conhecimentos socialmente produzidos e acumulados historicamente pela

humanidade que necessitam ser transmitidos para as outras gerações, inclusive

para a escola.

Estas práticas corporais, denominadas de cultura corporal, surgem da práxis

humana, ou seja, de tudo que o homem faz por meio do trabalho, produzindo

cultura, transformando e sendo transformado em um processo dialético.

Nesta metodologia, a Educação Física é a disciplina que deve tratar

pedagogicamente destas práticas, denominada cultural corporal, que são

agrupadas, para fins didáticos, nas seguintes manifestações: jogos, danças,

ginásticas, lutas, esportes, dentre outas (COLETIVO DE AUTORES, 1992) e que

nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Educação Física (2008) constam

como conteúdos estruturantes.

Neste documento, partindo destes princípios, a Educação Física se insere

neste processo ao garantir o acesso ao conhecimento e a reflexão crítica destas

inúmeras práticas corporais produzidas historicamente, buscando contribuir com um

“ideal mais amplo de formação de um ser humano mais crítico e reflexivo,

reconhecendo-se como sujeito, que é produto, mas também é agente histórico,

político, social e cultural.” (p. 49).

Algumas concepções críticas da disciplina são criadas e a crítico-superadora

vem tratar da Educação Física tendo como principal objeto de trabalho a Cultura

Corporal através dos esportes, da dança, da ginástica, dos jogos e das lutas.

2.2 A DANÇA NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Na perspectiva da reflexão sobre a cultura corporal, a dinâmica curricular, no

âmbito da Educação Física, tem características bem diferenciadas, buscando

desenvolver uma reflexão pedagógica sobre as diversas formas de representação

do mundo produzidas pelo homem, exteriorizadas pela expressão corporal: jogos,

danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo, mímica e

outros (COLETIVO DE AUTORES, 2009). Segundo estes autores (1992, p. 82)

“considera-se a dança como uma expressão representativa de diversos aspectos da

vida do homem”.

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As Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Educação Física (2008)

procurar mostrar que a dança é uma forma de manifestação do corpo, em que ao se

trabalhar os movimentos através desta atividade é possível que diferentes

expressões da cultura corporal possam ser configuradas. Segundo Coletivo de

Autores (1992) a Educação Física é uma disciplina que trata, pedagogicamente, na

escola, do conhecimento de uma área denominada de cultura corporal.

Neste âmbito, pode-se verificar que ainda, de acordo com as Diretrizes

Curriculares (2008, p. 70) a dança é uma manifestação da cultura corporal, através

da qual “procura-se tratar o corpo e suas expressões artísticas, estéticas, sensuais,

criativas e técnicas” utilizando-se para isso os diferentes tipos de danças: típicas,

folclóricas, de rua, clássicas, entre outras. Durante o ensino da dança é muito

importante considerar que o significado das expressões se confronta com as

técnicas formais que lhes são empregadas durante sua execução, esvaziando desta

forma o aspecto expressivo. Assim é importante que se compreenda que a dança

como arte não é uma transposição da vida, senão sua representação estilizada e

simbólica e sim ao se entendê-la como arte é necessário que seus fundamentos

sejam encontrados na própria vida, de quem a realiza, concretizando-se numa

expressão da mesma e não numa produção acrobática (COLETIVO DE AUTORES,

2008). A presença da dança nas escolas não é e nem deve ser uma arte voltada

para o espetáculo.

Na dança são determinantes as possibilidades expressivas de cada

aluno, o que exige habilidades corporais que, necessariamente, se

obtêm com treinamento, Em certo sentido, esse é o aspecto mais

complexo do ensino da dança na escola: a decisão de ensinar gestos

e movimentos técnicos, prejudicando a expressão espontânea, ou de

imprimir no aluno um determinado pensamento/sentido/intuitivo da

dança para favorecer o surgimento da expressão espontânea,

abandonando a formação técnica necessária à expressão certa.

(COLETIVO DE AUTORES, 2008, p. 82).

Isto acontece, segundo as Diretrizes Curriculares (2008) porque através da

dança as pessoas realizam o desenvolvimento da criatividade, expressam seus

sentimentos através dos movimentos que realizam.

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É interessante destacar que a concepção de dança como arte implica em

reconhecer a arte como forma de trabalho e um como tal, tem uma função social que

ultrapassa o meio prazer de expressar-se corporalmente.

Para Lukács (1978 apud A dança no contexto da sociedade e da escola,

1988):

o objeto de trabalho artístico não é o conceito em si, não é o conceito

em sua pura e imediata verdade objetiva, mas o modo pela qual ele

se torna fator conceito da vida em situações de homens concretos,

pelo qual ele se torna parte dos esforços e lutas, das vitórias e

derrotas, das alegrias e tristezas, como meio importante para tornar

sensível o específico caráter humano, a particularidade típica de

homens e situações humanas. (p. 45).

Isto implica em reconhecer que as diferentes manifestações da dança trazem

implícitas as transformações da sociedade, do modo do homem ver o mundo e se

apropriar dele. Então não é o dançar pelo dançar, mas compreender estas

manifestações como reflexo da estrutura social.

Outra forma de abordar a dança na escola seria, dentro desta perspectiva

crítica trazida pelas Diretrizes, problematizar a maneira como este componente da

cultura corporal vem sendo associado a questão da erotização do corpo, fazendo da

mesma um produto de consumo dos jovens. O professor deve mostrar para os

alunos que a dança não se resume apenas as técnicas dos diferentes estilos de

dança existentes, mas engloba também representações simbólicas, culturais,

criativas e sensíveis, sendo uma forma de permitir que a sensibilidade dos seres

humanos em perceber o mundo seja ampliada (Diretrizes Curriculares, 2008).

O Coletivo de autores (1992) enfatiza ser extremamente importante que a

dança não seja vista um aprendizado de técnicas, em que o professor não seja um

instrutor para a realização de exercícios acrobáticos, pelo contrário, esta atividade

“física” deve permitir que os alunos realizem descobertas próprias, desenvolvendo

suas habilidades através das experiências que são proporcionadas nas aulas de

dança na disciplina de Educação Física.

Assim, é importante que o educador compreenda que a dança se constitui

como elemento significativo da disciplina de Educação Física na escola, contribuindo

para o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade, da expressão corporal, da

cooperação, entre outros aspectos. “Além disso, é de fundamental importância para

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refletirmos criticamente sobre a realidade que nos cerca, contrapondo-se ao sendo

comum” (DIRETRIZES, 2008, p. 72).

O desenvolvimento de uma disponibilidade corporal, na acepção da

apreensão de diversas habilidades de execução/expressão de diferentes espécies

de danças sem ênfase nas técnicas formais, permite que a expressão desejada seja

realizada pelo aluno sem corromper o verdadeiro sentido nelas implícito.

Para o Coletivo de Autores (2008) é extremamente recomendável que seja

realizada um enfoque da totalidade na qual as diversas disciplinas podem contribuir,

a partir dos diferentes campos de conhecimento, assegurando assim, que os

educandos tenham a possibilidade de obter o reconhecimento e a compreensão do

universo simbólico representado pelas danças.

A escola também pode oferecer outras formas de prática da

expressão corporal, paralelamente à dança, como, por exemplo, a

mímica ou pantomima, contribuindo para o desenvolvimento da

expressão comunicativa nos alunos”(COLETIVO DE AUTORES,

2009, p. 82).

A Dança na educação básica deve proporcionar aos educandos, através de

conteúdos específicos e selecionados, o desenvolvimento de uma visão crítica e

científica do mundo, construindo nestes novos interesses, o que pode ser observado

na visão do Coletivo de Autores (2009).

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Educação Física (2008)

aponta a Cultura Corporal como objeto de estudo e ensino da Educação Física,

evidenciando a relação estrita entre a formação histórica do ser humano por meio do

trabalho e as práticas corporais que daí decorreu, desta forma pode compreender a

importância que a dança representa para as expressões da cultura corporal como

aspecto crítico na formação do educandos.

Atualmente, percebe-se que, segundo Coletivo de Autores (2009) se faz

necessário à realização do resgate da cultura brasileira no mundo da dança por

meio da tematização das origens culturais, sejam do índio, do branco ou do negro,

procurando o despertar da identidade social do sujeito no projeto de construção da

cidadania.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

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Desenvolvemos a proposta de implementação pedagógica em uma turma de

25 alunos do 8º ano.

Inicialmente definimos os dias e horários das atividades, juntamente com os

alunos. Definimos a intervenção para as terças-feiras das quatorze (14h) as

dezesseis (16h) horas no Ginásio Municipal de Esportes e nas quintas-feiras na

quadra do Colégio, no mesmo horário.

Na primeira ação, para a efetivação dos objetivos da proposta, apresentamos

o projeto na escola e depois para os alunos, em seguida foi realizada uma avaliação

diagnóstica envolvendo conhecimento teórico e vivências práticas anteriores da

dança pelos alunos, o diagnóstico da realidade (síntese). O aluno tem uma visão

sincrética da realidade, de forma difusa. Cabe ao professor identificar estes dados

constatados pelos alunos para que eles encontrem as relações entre as coisas.

Nesta etapa foram apresentados questionamentos sobre o conhecimento que

possuem sobre a dança em geral, sobre a cultura da cidade e da região. Aplicamos

um questionário com perguntas abertas e fechadas. Isto ocorreu em dois momentos:

antes do início do desenvolvimento do programa com conteúdo e metodologia

especificamente planejados, e, outro ao final da implementação do referido

programa. O questionário foi composto com dez questões. Vinte e cinco alunos

responderam o questionário dentro de um universo de vinte e cinco alunos. Os

dados apurados foram tabulados onde examinamos alguns padrões de pensamento

entre os alunos do 8º ano sobre o assunto.

Após o estabelecimento das categorias, procederam-se as análises

quantitativas expressas pelo número de alunos e respectiva porcentagem.

A avaliação diagnóstica apresentou os seguintes resultados:

Coleta de dados a respeito da “Dança no contexto escolar”.

Quadro 1: Indicadores relacionados sobre o que é dança para os alunos

O que é dança para você %

Divertimento 60,00

Movimento 5,00

Alegria 20,00

Festa 15,00

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Observando o quadro 1 notamos que dentre as várias respostas sobre o que é dança

a definição como divertimento se destaca pela preferência da maioria dos alunos.

Consideramos que isto ocorre por ser uma modalidade que sempre é acompanhada por

música e procurada pelas pessoas como uma forma de lazer, o que conduziu a esta

resposta.

Quadro 2: Indicadores relativos sobre se o aluno gosta de dançar

Você gosta de dançar %

Sim 40,00

Não 5,00

Um pouco 15,00

Depende da dança 40,00

Ao responderem à questão sobre se gostam de dançar 40% dos alunos que

gostam de dançar e 40% responderam que “ depende da dança”. Com estas

respostas identificamos que os alunos gostam de dançar, mesmo que sejam apenas

os estilos que mais lhe agradam.

Quadro 3: Indicadores relativos sobre o tipo de dança que os alunos gostam

Quais tipos de dança você mais gosta de dançar? %

Hiphop 20,00

Rebolation Psy 5,00

Funk 35,00

Axé 10,00

Eletrônica 15,00

Forró 10,00

Sertanejo 5,00

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Entre os estilos favoritos estão Funk com 30% das respostas, Rebolation Psy

com 5% respostas, Axé com 10%, HipHop com 25%, forró 30%. O forró é bastante

difundido no município, por isso grande parte dos alunos tem esta opção. O mesmo

ocorre com estilo de danças com músicas sertanejas. A dança com música

eletrônica é muito aceita, especialmente entre os adolescentes. Considerando-se

que os jovens são muito influenciados pela mídia tanto o Funk como o Hiphop estão

presentes em todas as festas e, mesmo na escola, ao ser proposta a escolha de

algum tipo de dança a opção é por estes estilos. De acordo com Libâneo (2006,

p.31) “as mídias lançam estratégias de construção de um modo de ser jovem, de

uma cultura juvenil, que vão desde a indução ao consumo, à cultura do corpo, à

rebeldia a modelos de vida adultos até a formas de resistência à padronização

midiática da cultura jovem ”. A mídia,portanto, exerce uma influência por vezes

negativa na forma de pensar e agir dos jovens.

Quadro 4: Indicadores relativos sobre se os alunos já tiveram aula ou dança na escola

Você tem ou já teve aula de dança na escola? %

Sim 30,00

Não 70,00

Os indicadores demonstram que o conteúdo dança é muito pouco trabalhado

na escola e apenas 30% dos alunos disseram já ter tido aula de dança na escola.

Como estas atividades são poucas no currículo escolar os alunos desenvolvem sua

preferência de acordo com os meios de comunicação, assim é preciso que a dança

no ambiente escolar não seja considerada apenas como uma forma de expressão

para comemorações e festas.

Quadro 5: Indicadores relativos sobre se os alunos já estudaram sobre dança na sala

de aula e em qual matéria

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Você já estudou sobre dança na escola?Em qual matéria %

Sim História e Educação Física 5,00

Não 95,00

Entre os alunos, conforme o indicado no quadro 5, apenas 5% já tiveram aula de

dança na escola.Consideramos que estas respostas devem-se ao fato da dança ser vista

apenas como entretenimento por alguns professores ou ser considerada imprópria para a

escola. Desta forma eles evitam trabalhá-la. BOFF (2000) considera que a dança é um

modo de formação humana e com ela podemos resgatar: a corporalidade, a espiritualidade

e a afetividade.

Quadro 6: Indicadores relativos sobre a opinião dos alunos acerca do que podemos

aprender sobre dança

Dê sua opinião: O que podemos aprender sobre a dança? %

Coisas novas 5,00

Passos 30,00

Ritmo 25,00

Várias coisas 5,00

Danças 5,00

Balanços 5.00

Remelexos 5,00

Funk 5,00

Perde a timidez 5,00

Alongamento 5,00

Ser professor de dança 5,00

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Grande parte dos alunos colocou que podemos aprender ritmos com a dança.

Uma outra parte 25% considera que aprendemos passos. Nenhum aluno vê a dança

como cultura De acordo com Kunz (2002, p.90) "o movimento humano na dança se

apresenta muito mais numa perspectiva de expressão e vivência do que pela

padronização e pela predeterminação dos gestos" .

Quadro 7: Indicadores relativos sobre a opinião dos alunos acerca do que gostariam

de aprender sobre dança

O que você gostaria de aprender sobre a Dança %

Não sei 25,00

Novos passos 30,00

Passos e remelexos 25,00

Nada 15.00

Ritmo 5,00

Quadro 8: Indicadores relativos sobre a opinião dos alunos acerca do que

aprendemos quando dançamos

O que aprendemos quando dançamos? %

Não sei 10,00

Muitas coisas 30,00

Relaxar o corpo 5,00

Balanços 15.00

Ouvir a música 5,00

Dançar 5,00

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Passos 25,00

Ritmos 5,00

Os alunos, no quadro 8, sobre a questão “ O que aprendemos quando

dançamos” colocaram opiniões nas quais a dança é apenas um entretenimento.

Devido a quase ausência de trabalho com a dança na escola eles desconheciam,

nesta avaliação inicial, que as danças constituem uma das mais belas expressões

da cultura de um povo e faz parte da vida do ser humano desde o início da história

da humanidade.

Fux (1983, p. 40) assim se expressa sobre a importância da dança,

A dança não deve ser privilégio daqueles que se dizem dotados, ela deve ser ministrada da educação comum como uma matéria de valor estético, de peso formativo, físico e espiritual. Com uma capacidade e possibilidade de buscar a criação de cada um de acordo com o desenvolvimento que tenha frente a si mesmo e frente ao espaço.

Quadro 9: Indicadores relativos sobre se os alunos gostariam de ter aulas de dança

na escola

Você gostaria de ter aulas de dança na escola %

Sim 95,00

Não 5,00

A maioria absoluta dos alunos disseram que gostariam de ter aulas de dança

na escola. Consideramos que esta resposta deve-se ao fato da dança proporcionar

uma maior liberdade de expressão e de movimento.

Quadro 10: Indicadores relativos sobre qual dança gostariam de aprender e por quê.

Qual dança você gostaria de aprender? Por quê? %

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Funk 25,00

Forró sertanejo 25,00

Hiphop 30,00

Dança de rua 10,00

No quadro 10 verificamos que os alunos gostariam de aprender Dança de

Rua pois tanto o Funk quanto o Hip-hop são manifestações da mesma. Uma boa

porcentagem 25% gostariam de aprender Forró Sertanejo, estilo que faz parte da

cultura popular da região. Este desejo dos alunos vem de encontro ao que é

colocado por Pedrosa e Tavares (2009)

[...] é válido ressaltar que nós humanos somos pura expressão, afinal são olhares, sorrisos, mãos, lágrimas, voz e gestos. Em suma,a expressão corporal é uma atividade organizada, dotada de objetivos que visam o desenvolvimento da sensibilidade, imaginação, criatividade e principalmente da comunicação. Logo, fica explícito que a expressão corporal é uma linguagem, é um aprender sobre si mesmo; é usar a nossa própria máquina: o nosso corpo, para transmitirmos o que sentimos (PEDROSA; TAVARES, 2009,P.199).

Após a avaliação diagnóstica confeccionamos com os alunos alguns materiais

para serem utilizados por eles: o barangandão, bolas de meia, instrumentos

musicais para dar ritmos às danças como (pandeiro com prato de vaso de planta e

tampinhas de garrafa, chocalho com latinhas de refrigerantes)

Esta atividade ajudou os alunos a desenvolverem a habilidade de fazer

sonorização com esses materiais de acesso cotidiano. Os instrumentos foram

trazidos para roda com a finalidade de os alunos experimentarem e tirar som de

cada um.

Na fase de sistematização dos conhecimentos os alunos tiveram a

oportunidade de assistir alguns vídeos das danças realizadas no Brasil e em outros

países, contextualizando-as (nomes e origens). Os vídeos foram sobre: Hip-hop,

forró, tango, frevo e balé.

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A maioria dos alunos consideraram os vídeos muito interessantes. Nunca

haviam visto a dança do tango e ficaram muito curiosos sobre o mesmo. Alguns

disseram que gostariam de aprender dançar tango, mas o que mais chamou a

atenção foi o Hip-hop. Ribeiro (2008) realizou um estudo intitulado “Hiphopologia:o

que dizem pesquisadores brasileiros sobre o hip hop na escola?”. Neste estudo o

autor constatou que apesar dos riscos, desafios e tensões a serem enfrentadas, o

Hip Hop é visto como possibilidade, proposta e inclusão de várias questões do

currículo escolar e que, embora seja um assunto relevante e instigador, não deve

ser visto como “salvador” e agente transformador do mundo, como para muitos

desse movimento.

Dentro da escola são poucas as oportunidades que os alunos têm de serem

inseridos em uma cultura, devido à pluralidade cultural e a formalidade de seus

objetivos. Para que os alunos tivessem esta oportunidade procuramos desenvolver

várias atividades com as quais eles pudessem utilizar-se de expressões corporais

ritmadas pois como coloca Nanni (2003)” através da dança,representa os seus

sentimentos mais íntimos, utilizando-se de expressões corporais ritmadas que

mantém estreita relação coma religiosidade/misticismo, a energia e a sexualidade, a

ludicidade e o prazer”. A participação dos alunos foi significativa e houve pouca

resistência para a realização das atividades, apenas alguns meninos demonstraram

certa timidez.

Fizemos também um estudo sobre várias danças típicas do Brasil para que os

alunos conhecessem a diversidade de ritmos existentes. Neste estudo os alunos

tiveram um aproveitamento bastante satisfatório. Após assistirem vídeos e fazerem

pesquisa, participaram de uma palestra com o professor Marcos Rubim, de

Corumbataí do Sul, na qual ele falou sobre as cinco regiões do Brasil com suas

características culturais e religiosas.

Após estes estudos os alunos, em grupos, montaram algumas coreografias,

com a música que o grupo preferisse que foram apresentadas na sala de aula.

Sentamos após as apresentações para analisarmos as coreografias. Fizemos uma

avaliação sobre o ritmo, letra da música, passos utilizados. A reflexão foi muito

positiva e os alunos passaram a ter uma opinião mais crítica e reflexiva sobre as

danças. Com isso podemos afirmar, conforme coloca Corrêa- Souza

[...] a Dança é a expressão maior do corpo, considerando-se os seguintes aspectos: movimento, sentimentos, ritmos e

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expressividade. A Dança reúne técnicas corporais, coreografia, ludicidade e trabalho coletivo. As aulas de dança envolvem não só a técnica de como manter o corpo, compor uma coreografia, mas também tem caráter de entretenimento, diversão. Cada parte do corpo é focada, desde o olhar ao detalhe das mãos; o corpo traduz uma dramaticidade associada à música, ou até mesmo ao próprio diálogo do corpo (CORRÊA;SOUZA, 2007,p.03-4).

Passamos então ao ensaio da coreografia da dança “Pau de Fitas”.

Ensinamos os passos e como manusear as fitas. Observamos que alguns alunos

tinham problemas de coordenação, no início, mas com os ensaios isto foi superado.

Os alunos aprenderam também uma coreografia com um forró

homenageando Luiz Gonzaga. Esta etapa representa a síntese, em que os alunos

puderam refletir sobre o assunto e conseguiram estabelecer regularidades dos

objetos que caracteriza o salto qualitativo. Nesta etapa realizamos uma

COLBARFEST na escola/comunidade, onde os alunos mostraram a apreensão de

um novo conhecimento. As apresentações foram muito elogiadas pela comunidade

escolar e pessoas que participavam do evento.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista a participação bastante positivas dos alunos acreditamos que

trabalhar com a dança na escola é uma forma de diversificar as atividades normalmente

praticadas porém, mesmo a dança fazendo parte dos conteúdos de Educação Física

sabemos que existem alguns empecilhos que precisam ser superados para que isto possa

efetivar-se.

Dentre os possíveis problemas, os quais enfrentamos no desenvolvimento da

proposta de intervenção pedagógica, podemos destacar o número de alunos por turma, os

materiais (se tivéssemos utilizado apenas o que existe na escola), os espaços e instalações,

caso não tivéssemos adaptado para a quadra e ginásio de esportes.

Tivemos algumas dificuldades como: indisciplina, alunos descompromissados que

faltavam nos ensaios e até uma desistência em participar no dia da apresentação. Mas de

modo os geral resultados foram bastante significativos, e observamos que houve uma

mudança conceitual com relação á dança pela maioria dos alunos.

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5. REFERÊNCIAS

A DANÇA no contexto da sociedade e da escola. In: A palavra é sua. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 2, (1), 1988. ALBUQUERQUE, Joelma de Oliveira; et al. A prática pedagógica da Educação Física no MST: possibilidades de articulação ente a teoria pedagógica, teoria do conhecimento e projeto histórico. In: Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Campinas. v.28, n2, p. 121-140. Jan/2007. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo/SP. Cortez, 1992. ______________________. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo/SP: Cortez, 2009. CORRÊA, P. S.; SOUZA, N. G. O corpo na Educação Física, nas Artes Cênicas e na Música: Um estudo comparativo. In: IV Reunião Científica de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas. Belo Horizonte: UFMG, 2007. FUX, M. Dança, experiência de vida. São Paulo: Summus, 1983. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB. LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996. LIBÂNEO, J.C. Cultura jovem, mídias e escola: o que muda no trabalho dos professores. Educativa, Goiânia, v. 9, n. 1, p. 25-45, jan./jun. 2006. MINAYO, C. de S. et al. Pesquisa Social: Teoria. Método e criatividade. Petrópolis, RJ. Editora Vozes, 1989. NANNI, Dionísia. Ensino da dança. Rio de Janeiro: Shape, 2003. Disponivel em portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf. Acesso em 4 de outubro de 2013. OLIVEIRA, V. M. O que é Educação Física. (Coleção Primeiros Passos). São Paulo: Brasiliense, 1983. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Educação Física. Curitiba: SEED, 2008. PEDROSA, M. R.; TAVARES, H. M. Expressão corporal e educação: Elos de conhecimento. In: Revista da Católica. v. 1, n. 2. Uberlândia, 2009. RIBEIRO, William de Góes. Hiphopologia: o que dizem pesquisadores brasileiros sobre o hip hop na escola? In: Reunião anual da ANPED, v. 31. Grupo de trabalhos – GT 21 – Afro-Brasileiros e Educação. Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, 2008. SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-crítica: primeira aproximações. 7ª ed.

Campinas: Autores Associados, 2000.

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Boff, L. Ethos mundial: um consenso mínimo entre os humanos. Brasília/ DF: Letraviva, 2000.