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Page 1: DANÇA · 2014. 4. 22. · DANÇA: Movimento possível para todos Autor: Paulo Cezar Vicari1 Orientador: Vânia Rosczinieski Brondani2 RESUMO Esse artigo visa oportunizar a todos
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DANÇA: Movimento possível para todos

Autor: Paulo Cezar Vicari1

Orientador: Vânia Rosczinieski Brondani2

RESUMO

Esse artigo visa oportunizar a todos os professores que trabalham com os alunos das quintas séries, recursos de aulas, um novo entretenimento e descobertas ainda mais significativas de um mundo ainda pouco explorado na comunidade escolar, buscando o prazer em conhecer o conteúdo da Dança, dimensionam a cultura corporal, social e cognitiva, suas representações do trabalho de meninos e de meninas. Contribuir no desafio e a expressividade da dança em fazer parte do movimento humano, descentralizar o preconceito, com a pretensão de que todos respondam sim ao conteúdo e todos os seus benefícios, seja uma oportunidade ímpar de fazer Educação. Assim sendo, leva-se ao problema de pesquisa que questiona: Como desenvolver e ou re-significar a Dança como conteúdo estruturante da Educação Física, valorizando toda a importância cultural, corporal e cognitiva por meio de práticas pedagógicas diferenciadas? Neste sentido, para responder ao problema de pesquisa tem-se como objetivo, desenvolver e ou re-significar a Dança como conteúdo estruturante da Educação Física, valorizando toda a importância cultural, corporal e cognitiva. A definição do tema justifica-se buscar por meio de práticas pedagógicas diferenciadas uma proposta de trabalho de ensino com qualidade, considerando a atividade e a ação educativa para comunidade escolar ao qual está inserido. O projeto terá como desafio pesquisar, analisar, questionar, perceber, compreender e tentar superar a realidade do conteúdo da Dança, nas aulas de Educação Física, sua importância e relevância diante da realidade de obstáculos para sua prática na escola.

Palavras-chave: Dança; Educação Física e preconceito.

1    Professor   do   Estado   do   Paraná   –   Aluno   do   PDE­   Programa   de   Desenvolvimento Educacional PDE – UNICENTRO ­ Universidade Estadual do Centro­Oeste – Guarapuava – PR. Professor pós – graduado em Educação Física.

2  Mestre em Educação Física e professor titular da UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro­Oeste de Guarapuava.

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Introdução

Procurar o conhecimento, dentro da Educação Física, em especial o

quanto a Dança, pode contribuir para a formação cognitiva e motora,

interferindo na contextualização de aspectos importantes, principalmente

em relação ao gênero, com seu poder de transformação, aceitação e todas

as oportunidades que proporciona aos seres humanos.

a

Sendo a dança, um conteúdo estruturante da disciplina de

Educação Física, e uma forma de manifestação cultural, onde os ritmos

corporais levam ao prazer e melhoria da qualidade de vida, e por se tratar

de um assunto muitas vezes estereotipado principalmente aos meninos,

neste sentido, desperta a busca de conhecimentos sobre o tema por meio

de pesquisa de diferentes ideias, opiniões e conceitos.

Desta forma, oportunizar a todos os alunos das quintas séries,

recursos de aulas, um novo entretenimento e descobertas ainda mais

significativas de um mundo ainda pouco explorado na comunidade

escolar, buscando o prazer em conhecer o conteúdo da Dança,

dimensionam a cultura corporal, social e cognitiva, suas representações

do trabalho de meninos e de meninas. Contribuir no desafio e a

expressividade da dança em fazer parte do movimento humano,

descentralizar o preconceito, com a pretensão de que todos respondam

sim ao conteúdo e todos os seus benefícios, seja uma oportunidade ímpar

de fazer Educação.

A escola por estar inserida em local de risco social necessita de

aulas que ajudem na disciplina, em descobertas de diferentes aspectos

sociais, onde a auto-estima esteja agregada aos objetivos, além da

possibilidade de que todos acreditem na contribuição que o conteúdo da

Dança e toda a sua importância educativa proporciona. A introdução da

mesma pelas quintas séries, com a concepção de um movimento

integrado e organizado, seria uma espécie de alfabetização, aonde o corpo

irá se relacionar com o tempo e espaço.

Page 4: DANÇA · 2014. 4. 22. · DANÇA: Movimento possível para todos Autor: Paulo Cezar Vicari1 Orientador: Vânia Rosczinieski Brondani2 RESUMO Esse artigo visa oportunizar a todos

Assim sendo, leva-se ao problema de pesquisa que questiona:

Como desenvolver e ou re-significar a Dança como conteúdo estruturante

da Educação Física, valorizando toda a importância cultural, corporal e

cognitiva por meio de práticas pedagógicas diferenciadas?

Neste sentido, para responder ao problema de pesquisa tem-se

como objetivo, desenvolver e ou re-significar a Dança como conteúdo

estruturante da Educação Física, valorizando toda a importância cultural,

corporal e cognitiva.

A definição do tema justifica-se buscar por meio de práticas

pedagógicas diferenciadas uma proposta de trabalho de ensino com

qualidade, considerando a atividade e a ação educativa para comunidade

escolar ao qual está inserido. O projeto terá como desafio pesquisar,

analisar, questionar, perceber, compreender e tentar superar a realidade

do conteúdo da Dança, nas aulas de Educação Física, sua importância e

relevância diante da realidade de obstáculos para sua prática na escola.

A dança no sistema escolar não é contínua, e tampouco

organizada, está sempre inserida apenas em dias especiais e ou

momentos em que sejam necessárias apresentações artísticas. O

movimento da dança não é apenas corporal, vai além, a falta da

contextualização

do conteúdo e de respostas para seu sentido, deixa-o sem

importância perante a comunidade escolar.

Na escola, a grande maioria dos meninos se recusa a dançar, por

pensarem que a dança é um trabalho para meninas, preferem esportes

coletivos, onde disputas de força e velocidade, agilidade e habilidades

motoras são consideradas maiores, além de que, os professores de

Educação Física (principalmente homens), temos dificuldades também, em

nos relacionar com o conteúdo, justamente por falta de experiências

seguida de um sentimento de incapacidade.

Ao entrar em um mundo pouco explorado e quase não

compreendido, as relações com o preconceito, à ausência de

oportunidades, leva ao quase esquecimento do conteúdo.

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Descobrir onde e como a dança transformou-se em apenas dois pra

lá e dois pra cá, limitando sua importância educativa, lazer, atividade

física e movimento social, será o ponto de partida para uma ação

educativa mais consciente para os alunos, pois, as dificuldades em se

expressarem através da dança existem procurar uma perspectiva que

poderá contribuir para integrar o conteúdo as aulas, ampliando os

horizontes nos leva de encontro à necessidade de informação e formação.

REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O problema da não aceitação da dança

Desde o início dos tempos a Dança foi uma manifestação histórica

e cultural, sempre sendo uma ação para ambos os gêneros. Os

comportamentos sociais evoluíram para certo preconceito ao homem que

se propõe a dançar.

A dança por sua vez, é simplesmente uma forma natural do ser

humano, em se comunicar, que está presente desde os primórdios de sua

existência, sua função social acompanha a evolução do ser humano.

Existem estudos que afirmam que a Dança é um agente capaz de

disciplinar, domesticar, padronizar e alienar, pode ser apenas utopia, mas,

motiva o ato de socializar.

Acredita-se que incentivar o ato de dançar em aulas de Educação

Física, é estimular o bem, o ato social, a grandiosidade em participar do

cotidiano de todos, é intensificar a evolução social, e estimular a

tolerância, é trabalhar a inclusão com todos sem discriminação.

Para SARAIVA, 2005, apud, Diretrizes Curriculares da Educação

Básica, 2008, p.70:

A dança pode se constituir numa rica experiência corporal, a qual possibilita compreender o contexto em que estamos inseridos. É a partir das experiências vividas nas escolas que temos a oportunidade de questionar e intervir, podendo superar os modelos pré-estabelecidos, ampliando a sensibilidade no modo de perceber o mundo.

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A escola é o melhor lugar para nossas crianças e jovens crescerem,

é aonde todos os caminhos são abertos, onde as oportunidades aparecem,

talentos surgem, onde o estímulo e resposta devem sempre ter um

resultado significativo para a socialização e aceitação de todos.

A grande dificuldade para que os alunos participem das aulas de

Educação Física, com o trabalho aplicado ao conteúdo da dança, a

direciona a uma preocupante sequencia de perguntas, porque dançar,

porque estudar, em que isso fará diferença em minha vida?

Com o resultado da globalização, as informações ficaram muito

rápidas, fáceis e praticamente quase que todas visuais e superficiais, sem

aprofundamento e sem grandes contextos. O imediatismo e o aparente

sem conteúdo estão em ascensão. Como superar o déficit na

aprendizagem, na educação, nos valores? Essa equação aberta é apenas

uma questão de escolha de cada um, de cada indivíduo, mas, nós

professores, educadores, ainda somos os prováveis transformadores de

uma sociedade se soubermos inovar, recriar para formar e informar

cidadãos.

Os problemas da escola e da educação hoje estão além de nossas

paredes, os atrativos da internet, das ruas, de esportes radicais, do vídeo

game, a obesidade, a depressão, todos estes fatores são uma forma de

competição com nossas aulas.

O contexto de aprendizagem esportiva, (HARTER, 1978, RUDISILL,

PERBERTON, 1990, apud Material Didático do Programa Segundo Tempo,

p.139.) afirmam que:

As crianças que percebem a si mesmas, como altamente competentes em uma atividade e ou habilidade, tendem a persistir por mais tempo e continuar em tentativas de executar a habilidade com maestria, mesmo quando encontram dificuldades. Ao contrário, crianças que percebem a si próprias como pouco competentes tendem a desistirem ou perderem o interesse na maestria de habilidades ou tarefas, principalmente quando encontram dificuldades.

Nesse contexto, mostra a necessidade de buscar em estímulos e

respostas adequados com a realidade, idade e crenças dos alunos.

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Adaptar-se a nova realidade escolar, em que os alunos chegam cheios de

vivências diferenciadas, é também uma forma de inclusão.

Ensinar dança, sem reconhecer e conhecer o movimento atual é

viver do passado, viver em um momento que não é a realidade do aluno.

Vivenciar e produzir com o seu

movimento, com o seu ritmo, com as suas músicas, pode colocar o

conteúdo da dança como uma nova alternativa, que possibilite uma maior

participação de todos durante as aulas.

Afirma CHARLOT (1996) em seu livro que, a participação têm um

papel fundamental no processo de ensino aprendizagem.

Já para FREIRE (2007) a respeito da participação, pretende-se

oportunizar a todos os alunos, independente da idade, sexo, cor ou raça,

pois com uma atuação ativa é que os alunos e professores poderão se

desenvolver como profissional e sujeito.

A dança como conteúdo estruturante da disciplina de Educação

Física está também inserida na mídia, na evolução dos tempos, no dia-a-

dia do educando, suas manifestações artísticas, políticas, culturais,

rítmicas, visuais, são absurdamente contemporâneas e também podem

colaborar para um melhor aproveitamento escolar.

Então, quem sabe começar pelo contemporâneo seja um desafio ao

professor, aceitar o novo, conquistar um padrão diferente de pensamento,

aprender e proporcionar ao educando o desafio de ensinar seu movimento

corporal e cultural, seja o início de uma melhor aceitação do conteúdo

dentro das aulas.

2.2 A origem da dança

Na história, a dança mostrou-se como a mais antiga expressão de

comunicação, utilizando apenas o corpo como ferramenta. Dançava-se

para expressar diferentes sentimentos, homenagens a Deuses e chefes. O

cristianismo teve que tolerar a dança, mesmo chamando-a de pagã, sua

proibição foi ineficaz.

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A dança na educação grega era idealizada como perfeição,

harmonia entre o corpo e o espírito, então, a dança seria o princípio da

busca pela felicidade, do encontro à autoestima, e nesta educação o corpo

esbelto e bem torneado dos adolescentes era a inspiração, a beleza pura,

que se conseguia através da dança e do esporte.

Segundo SÓCRATES (A.C. 469-399) disse certa vez que: Os

melhores na guerra eram aqueles que sabiam dançar. Sabe-se que todo

aquele que dança, tem agilidade, resistência, força e velocidade,

necessários na vida militar, ou seja, condições para esforço físico além do

normal, coordenação motora, equilíbrio e concentração necessários para

qualquer trabalho que exija, trabalho cognitivo e físico.

Na visão de PLATÃO (A.C. 428-347) à dança integrada ao

aprendizado da música e do canto, dizendo: As artes são imprescindíveis

ao home educado, leva a um pensamento que

todo ser que quer aprender algo é sugestionado a educação,

procurar conhecimento em sua arte é buscar evolução.

Enquanto ARISTÓTELES (A.C. 384-322) também deu atenção à

questão da dança na educação, não separando o canto da música, disse

que: Essas artes devem ser aprendidas na adolescência, pois, assim

estariam se preparando para o desenvolvimento físico e intelectual, além

de desenvolver um corpo bonito, porém, para um adulto julgava ser uma

prática não digna.

Ao reconhecer a dança como instrumento, uma ferramenta da

educação com todos os benefícios que ela historicamente comprova,

espera-se que esta força de manifestação cultural e corporal, retorne ao

seguimento de educar, disciplinar o corpo e a mente, contribuindo a

cidadania.

Em seu contexto histórico a dança passa por diversas categorias e

formas de manifestações, sempre em evolução e com resistência a sua

importância no âmbito escolar, onde temas regionais, culturais, religiosos,

folclóricos, podem ter importância significativa na conquista da inclusão e

o respeito à diversidade existente em nossas sociedades.

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Como a atividade pedagógica, a dança é valorizada por toda sua

importância cognitiva e corporal, fazendo parte do currículo básico. A sua

prática conduz ao conhecimento corporal, as vivências corporais, a

concentração, a própria percepção, ao ritmo, ao conhecimento e a

disciplina. O aluno é estimulado à autoestima, ao pensar, ao viabilizar

estratégias, sendo assim, responder com liderança, mostrando autonomia,

sua ansiedade diminui, o prazer de aprender e a participação nas aulas

podem quem sabe assim crescer.

Afirma AUGUSTO CURY, 2003, a personalidade das crianças está

em constante ebulição, porque nunca se interrompe a construção de

pensamentos.

Entende-se desta forma, que o mundo educacional deve evoluir e

construir pensamentos atuais, sem algemas, trazendo o educando para a

sala de aula, visando corresponder suas expectativas, e não permanecer

amarrado a conceitos arcaicos, pelo contrário, procurar acreditar nas

manifestações evolutivas culturais.

Entende-se assim que dançando será possível educar e transformar

pessoas, utilizar os movimentos corporais e culturais é educar-se. A dança

é o elemento fundamental para talvez despertar novas e antigas

possibilidades de integração entre todos e consigo mesmo.

A Educação Física Crítico Superadora e Emancipatória, estabelece

preciosamente a conexão entre o ponto de partida e de chegada ao

processo educacional, dando suporte as estratégias de ensino na prática

social, objetiva conforme SAVIANI, 2004, (p.9):

a)

a

b) Identificação das formas mais desenvolvidas em que se

expressa o saber objetivo produzido historicamente,

reconhecendo as condições de sua produção e compreendendo

as suas principais manifestações, bem como, as tendências

atuais de transformação;

c) Conversão do saber escolar, de modo que se torne

assimilável pelos alunos no espaço e tempo escolar;

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d) Provimento dos meios necessários para que os alunos não

apenas assimilem o saber enquanto resultado, mas, aprendam o

processo de sua produção, bem como, as tendências de sua

transformação.

Em busca do prazer do ensinar e o prazer em aprender, superar-se,

transformar-se e inovar, nos leva a um processo de ensino aprendizagem

continuado, onde o comprometimento com todas as fases desse processo,

deve nos integrar como comunidade escolar. O garantir acesso a este

conhecimento, suas manifestações corporais e culturais, produzidos na

história da dança e da humanidade, com o objetivo de formar e informar

um ser humano crítico e reflexivo, agente ativo do seu processo histórico,

político, social e cultural.

A história existe, não apenas para se conhecer o passado, mas,

para nos levar a refletir com o passado, sobre o presente e o futuro.

2.3 O desafio da dança na educação

O grande desafio da Educação é despertar a curiosidade em

experimentar, querer, aprender, compreender o mundo e a si mesmo, o

todo e a todos que estão a sua volta. Segundo as DCEs, a dança é bem

mais que coreografias e técnicas são responsáveis por apresentar

possibilidades de superação dos limites e das diferenças sociais e

corporais. A dança foi implantada na Educação Física para expressão

criativa e espontânea, não apenas para recreação e coordenação motora.

Sua função social é de extrema importância para consciência de grupo,

desenvolvimento estético e ético, a dança é a expressão verdadeira e de

movimentos naturais do ser humano.

Sabe-se que a dança passou a existir devido à necessidade do

homem em se comunicar. O contexto a ser estudado, apresentado e

trabalhado, deverá nos deixar claras as dificuldades dos meninos e

meninas em se expressarem através da dança e suas perspectivas.

A Educação Física e seu aspecto transformador deverá conseguir a

liberdade para expressão pessoal, ampliar possibilidades, capacidades

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experiências cognitivas, sociais, corporais, uma vivência de movimentos,

partindo da realidade do educando, valorizando

assim toda sua criatividade e espontaneidade, relacionando os

significados da dança em diferentes aspectos, como influencia e sofre

influências pela sociedade, a expressão e comunicação no meio em que se

encontra inserida.

PAULO FREIRE, em 1996 ressaltou formar é muito mais que treinar

o educando no desempenho de destrezas, ou seja, oportunizar a

informação e formação de opiniões, valores, ideias, esclarecer sobre as

diferenças e semelhanças são uma tarefa árdua da educação, poder

resistir às imposições culturais da mídia, trabalhar a crítica do bom e ruim,

sem faltar com o respeito para a escolha do outro, nos leva a prática da

cidadania, poder escolher por conhecer a dança em toda sua

grandiosidade é uma ação de alegria, de superação de limites, de emoção

e ritmo, pois, faz parte de cada ser humano.

2.4 Entendendo e definindo a educação física

As diretrizes curriculares (SEED, 2008) mostram que a Educação

Física e sua prática metodológica surgem no final do século XVIII e início

do século XVIX, onde sua função principal era preparar o futuro homem

para o trabalho, assim, o princípio da individualidade levaria a competição

e superação.

Para a disciplina no Brasil, as primeiras práticas corporais, baseiam-

se nessas teorias, oriundas da Europa, então, surge à ginástica, na era

militar, onde homens fortes e moralistas defenderiam a nação com sua

vida e mulheres prontas para serem dona de casa e mães exemplares.

O conhecimento da medicina conduz essa história também para a

área da saúde, confundindo a Educação Física tão somente com a prática

da ginástica, pois, incluíam-se os exercícios físicos baseados nos moldes

médicos.

Educação Física no Brasil se confunde em muitos momentos de sua história com as instituições médicas e militares. Em diferentes

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momentos essas instituições definiram seu caminho, delineando e delimitando seu campo de conhecimento, tornando-a um valioso instrumento de ação e de intervenção na realidade educacional e social [...] (SOARES, 2004, p.69. apud Diretrizes Curriculares da Educação Básica, p.39).

Conceituar a Educação Física, não é tarefa fácil, numa tentativa de

definição, o Coletivo de Autores (1992, p.50) define ainda que

provisoriamente, a Educação Física como:

Uma prática pedagógica que, no âmbito escolar tematiza formas de atividades expressivas corporais como: jogo, esporte, dança e ginástica, formas estas que configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal.

No contexto referido acima, a Educação Física ganha espaço na

escola como uma disciplina pedagógica, com conteúdo a serem

aprendidos.

BRACH (1992) destaca a Educação Física como atividades

pedagógicas, que tem como tema o movimento corporal e que tornam o

seu lugar na instituição escolar, a verdadeira Educação Física, é aquela

que acontece concretamente.

RUI BARBOSA (apud Machado, 2000, p.03), forte contribuinte para

a Educação Física, influenciado pelas fortes discussões da época,

empenhado em modernizar o Brasil, ajudou a garantir a criação do

sistema nacional do ensino, gratuito e obrigatório. Suas ideias acerca

dessa questão estão claramente redigidas nos seus famosos pareceres

sobre Educação.

Conforme consta o próprio parecer:

[...] com a medida proposta, não pretendemos formar nem acrobatas nem Hércules, mas desenvolver na criança o quantum de vigor físico essencial ao equilíbrio da vida humana, a felicidade da alma, a preservação da pátria e a dignidade da espécie (QUEIRÓS apud CASTELLANI FILHO, 1994, p.53).

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Nas décadas de 30 e 40, o militarismo perde sua força e o esporte

por sua vez, começa a tomar preferência popular, sendo o conteúdo mais

trabalhado.

A psicomotricidade cresce perante os olhos do mundo baseada na

interdependência do desenvolvimento cognitivo e motor.

Para BRACHT (1992, p.27) ‘com a psicomotricidade temos um

deslocamento da polarização da educação do movimento para a educação

pelo movimento’.

Então o compreender a vivência física, motora do aluno e que o

mesmo tenha uma história significativa de movimento, leva a pesquisas

sobre práticas pedagógicas não limítrofes e sim com interesse em

crescimento ao conhecimento.

LE BOULCH (1987, p.26):

Atualmente, ao inverso desta atitude, é de bom tom conferir à educação psicomotora todas as virtudes no “desenvolvimento total” da pessoa. Se uma tal formulação, apesar de seu caráter excessivo, assume um certo cunho de veracidade, representa um ponto de partida para analisar com mais alcance o papel que a imagem do corpo desempenha no desenvolvimento da personalidade.

Com essa abertura o pensamento pedagógico renovou-se, a

Educação Física começou a criar identidade própria, diferentes correntes e

tendências progressistas surgiram,

falando sobre o movimento corporal, formação integral, cultura

corporal, movimento humano.

Ao observar um pouco sobre a evolução da Educação Física, em

seu histórico como matéria e ou disciplina da educação, percebe-se o

quanto a evolução humana, preocupa-se com a coerência, a civilidade de

sua raça e percebe-se que o comprometimento em estudar as tendências

que surgem é importante. Os ciclos para a identidade da Educação Física

Brasileira, vem procurando autonomia, sendo um processo complexo de

movimento não apenas corporal, mas sim social.

2.5 Compreendendo a dança como conteúdo estruturante

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Ao se trabalhar com dança na escola, deve se saber que o

conteúdo é especial, pois, ele é o responsável por apresentar a superação

dos limites sociais, corporais, afetivos e inclusivos, onde todos podem

participar.

O conteúdo está ligado diretamente a toda forma de manifestação

cultural e corporal. Assim pode-se discutir, pesquisar, procurar, indagar,

conversar, perguntar e responder sobre o conteúdo, onde todos estarão

juntos criando, socializando e praticando o movimento da dança.

BARRETO (2004, apud DCES, 2004, p.71) apresenta:

Dançar (...) um dos maiores prazeres que o ser humano pode desfrutar. Uma sensação de alegria, de poder, de euforia interna e principalmente de superação de limites dos seus movimentos. Algumas pessoas não se importam com o passo correto ou errado, e fazem o ato de dançar uma explosão de emoção e ritmo que comove quem assiste.

A dança é bem mais do que uma simples ou complexa coreografia,

o conteúdo é especial, porque é onde todos podem tentar serem felizes,

onde todos têm a liberdade de criar, de incluir sua identidade própria, seu

ritmo, seus desejos. A dança é o ato de movimentar-se para ser feliz.

3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para a elaboração deste artigo utilizou-se como metodologia a

aplicação de uma Unidade Didática no Colégio Estadual São João Bosco

E.F.M. com alunos das quintas séries do Ensino Fundamental, que é

também um projeto de ação, tendo como objetivo a

implementação na prática, que busca atender as necessidades de

melhorias da prática de dança, o qual foi desenvolvida em 20 horas aulas,

sendo estas intercaladas entre teóricas e práticas com os ensaios.

Foi usada uma sala de aula com espelhos, auxílio da TV pen-drive,

sala de informática, biblioteca da escola e quadra de esportes da escola

onde foi realizado os ensaios de danças.

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Realização de pesquisa bibliográfica para embasamento teórico

sobre a dança, expressão corporal e a diversidade de culturas,

manifestações e ritmos, conteúdo estruturante, como determinado pelas

Diretrizes Curriculares de Educação Física para o Ensino Fundamental.

Aplicação e desenvolvimento da Unidade Didática aos alunos do

Colégio Estadual São João Bosco, de Pato Branco, por meio da Unidade

Didática para a formação de uma consciência crítica da dança: Movimento

possível para todos.

Disponibilizar o material aos Professores de Educação Física para

que trabalhem com seus alunos os conceitos sobre a dança: Movimento

possível para todos.

Por meio de aulas dadas, apresentado e discutido com os alunos do

Colégio Estadual São João Bosco, enfatizando a pesquisa histórica,

conceitos sobre a dança e como diferentes etnias a usaram para expressar

sentimentos, desejos e anseios, o que deu início do trabalho, onde o

movimento não é apenas do corpo, mas, um movimento que pode mudar

a realidade escolar e sua comunidade, uma geração de conceitos e

atitudes, onde a pesquisa conquiste pela sua importância histórica e

relativa com a evolução.

Num segundo momento, a apresentação da pesquisa histórica, com

toda sua riqueza de material, seguido de perguntas e respostas por

colegas de turmas e para seus professores, familiares, colegas e vizinhos

com as seguintes questões: o que você conhece sobre dança? Qual a

diferença que a dança pode trazer para a sua vida? Após os alunos

realizaram trabalho histórico e bibliográfico, e construíram considerações

sobre o que pesquisaram relacionando com as entrevistas realizadas.

Também a realização da pesquisa de filmes temáticos escolhidos pelos

alunos, sendo estes relativos à dança.

Após, realizado as atividades acima os alunos escolheram alguns

tipos de dança de acordo com seus gostos e descobertas, estas escolhas

faram parte da dança a ser escolhida por eles para após ensaiarem, sendo

esta na conclusão dos ensaio exposta e apresentada para toda a escola.

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- Organização de um painel com dados relativos à pesquisa

realizada pelos alunos, entrevista e pesquisa bibliográfica, o qual será

exposto na escola.

- Elaboração e execução de curso à distância (GTR) para os

professores de Educação Física da rede de ensino pública paranaense, por

meio da plataforma moodle, abordando a dança, os conteúdos, discussões

e trabalhos de campo realizados por meio do Projeto de Intervenção,

sendo este uma Unidade Didática.

Ao apresentar na 1ª aula, o nome do tema, e o trabalho a serem

realizadas, as reações foram acentuados, tanto para aceitação, como de

negação, sendo de certo constrangimento para alguns, surgiu devido ao

gênero, religião, etnias e até mesmo por não ser um esporte ou jogo,

supostamente mais divertido do que a dança. Esse desconforto aumentou

quando o professor expôs que iria trabalhar o texto histórico e a aula seria

teórica.

Com a leitura do texto “História da Dança” e a exploração e

introdução da dança desde a pré-história, como a 1ª forma de

comunicação do ser humano, levantar os alunos e estimulá-los a repassar

uma ideia como movimentos e expressões ajudaram e incentivou a

incorporar em forma lúdica nossos ancestrais pré-históricos, assim, para

uma agradável surpresa, a Dança começou a conquistar a turma, todos

100% dos alunos descobriram a alegria, a diversão em começar a dançar

e demonstraram com suas opiniões e colocações.

Durante a 2ª aula o tema passou a valores, sociais e pessoais, onde

o respeito às escolas é acentuado e as diversidades étnicos, culturais,

sociais e de aptidões foram iniciados desde as diferenças entre as famílias,

bairros, cidades, estados e países. Conscientizando às relações em um

trabalho globalizado das culturas existentes, enfatizando que todos somos

seres-humanos, com erros e acertos, com escolhas e oportunidades à

serem geradas.

Na 3ª aula assistirmos o filme Billy Elliot, a história verídica de um

bailarino clássico, que deveria ter sido um minerador de carvão, que por

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escolher e tentar uma oportunidade diferente de sua comunidade rompeu

barreira e ultrapassou seus sonhos, transcendendo toda e qualquer forma

de obstáculo gerado durante sua vida.

Após assistirem ao filme, um debate de opiniões e descobertas, de

perguntas e respostas, de dúvidas, de suposições, de informações sobre

problemas encontradas durante a vida de cada um, entrelaçando com a

história assistida com as emoções afloradas por um drama real, de alguém

tão parecido, semelhante a qualquer um que estava na sala naquele

momento, foi como se estivéssemos vivendo o filme, a reflexão mexeu

com sentimentos, como a dor, dúvida, tristeza, alegria, compaixão e amor,

principalmente com o amor em família, ao próximo e a uma comunidade

inteira.

As perguntas geradas e contextualizadas foram demonstradas em

textos com riqueza de sentimentos, onde a dualidade de vivenciar e

experimentar contrapõe com os conceitos já

existentes, mas, o entendimento de sua importância cultural e

educacional já é uma realidade na turma.

Entrando na 5ª aula o texto “A Origem da Dança”, com uma leitura

representativa com desenhos, slides, e explicações no quadro,

acarretavam de informações históricas, do quanto à Dança foi e é

importante para as culturas mundiais, da valorização cultural, corporal,

social e cognitiva, onde pessoas que não dançavam eram consideradas

inferiores, fazendo assim um paralelo como os conceitos contrários de

nossa comunidade.

Ao reconhecerem a importância da dança, a indagação foi “Se no

passado ela tinha tanto valor, porque esse preconceito agora?”, a resposta

que a conclusão dos alunos foi que, nos mesmos inventamos essa história

de que “Dança é para meninos”, ou que é feio se expor.

O Laboratório de Informática na 6ª aula foi extremamente

esclarecedor, os alunos sozinhos, buscaram, pesquisaram, escreveram,

descobriram, assistiram e interagiram com a história dos ancestrais e

atuais, procuraram fotos de Billy Elliot, assistiram vídeos de diferentes

ritmos tiveram curiosidades e liberdade para suas descobertas e trocaram

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entre eles mesmos suas informações e com o professor, a generosidade

de trabalhos individuais e coletivos foi cheio de satisfação, assistir a

Educação na prática foi emocionante.

Durante a sétima aula diferente ritmos musicais, com artistas

atuais e não foram ouvidos, os alunos responderam se gostaram ou não,

falavam sobre as sensações que a musica causada, experimentaram e

começaram a sugerir os quais queriam ouvir.

Na 8ª aula o trabalho continuou com eles decidindo e trazendo

músicas que gostavam. A partir dessa aula houve o desafio para acharem

um ritmo que gostavam para tentar dançar. Onde o professor desafiou a

imitarem o esporte que gostavam, futebol, caçador, basquete, handebol e

voleibol, fazendo com que todos executassem movimentos juntos, após

pararem, colocou-se música e todos descobriram que os movimentos dos

esportes podem também se transformarem em dança, a surpresa deles foi

imensa quando constataram que todos os movimentos, inclusive do

futebol, que os meninos tanto gostam, também é um forma de expressão

corporal, utilizada na dança, a aula foi alegre e cheia de descobertas pois,

cada um neste momento quis construir com um movimento diferente.

Chegando na 9ª aula, o texto “O Desafio da Dança na Educação”,

foi extremamente rejeitada, todos queriam continuar com a seção

coreografia e movimentos de esportes, a brincadeira de dançar estava

fazendo efeito e o sentido em dançar já havia tomado outro rumo.

Contextualizar a importância da Dança na Educação Física e na

escola foi mexer com aulas de meninas, ouvir as reclamações de ambos os

lados sobre atitudes

comportamentais, que geram intrigas, brigas e discussões, com

acusações de ambos os lados, mas, o mais importante, chegarem à

conclusão de que todos precisam conviver, de superação e educação.

Descobriram que um trabalho em conjunto, com ideias e ideais

semelhantes tornam as expectativas melhores. Então, resolveram que

dançar também tem graus de dificuldade, mas, que todos podem

conseguir. Após essas conclusões, os alunos mais estruturados perante a

Dança, foram estimulados a perguntarem aos pais e a comunidade, “O

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que eles pensam sobre a Dança”? E se esta pode modificar ou não, sua

vida?

A chegada da 10° aula empolgou a todos, e surpreendeu ao

professos, pois, o ritmo escolhido e as musicas escolhidas foram,

natalinas, “Jingle Bells”, adaptada para o dancing, começado o ensaio com

movimentos diversos e globalizados, a coreografia produzida com

movimentos sugestionados pelos alunos e adaptados esteticamente com o

professor.

Trabalhando 14° aula, voltamos à teoria, não sei se foi erro ou

acerto misturar teoria e prática, pois, os alunos empolgados, estavam

apenas a prática, então ocorreram alguns desentendimentos. Ao trabalhar

o texto “Atendendo e definindo a Educação Física”, os alunos

compreenderam que durante a evolução da disciplina ela foi de receita

médica ate utilizada como defesa do país para se tornar hoje uma “arma”

fundamental da Educação. Descobriram o militarismo e o tecnicismo, onde

apenas os melhores poderiam participar, descobriram que na atualidade a

preocupação com o Bem comum é acentuada, que o passado teve muitas

lutas para conquista a facilidade em se ter uma escola agora, que para

existir a matéria de Educação Física, muitos estudos tiveram que serem

comprados para sua definição.

Com ensaio de coreografia na 12° aula alguns passos já estão

definidos, os alunos com maior facilidade já começam a querer mais,

alguns desentendimentos voltam a surgir, baseados no já se discutiu, eles

mesmos arranjam a solução, o sentimento de dever cumprido começa a

transparecer. Foi explorado que a próxima aula é teórica e que por já se

entendeu a importância, não deve-se exagerar em nosso desgosto.

A 13° aula o texto foi “Compreendendo a Dança como Conteúdo

Estruturante”. Explicar o porquê a Educação Física, tem a dança e os

demais conteúdos foi o inicio da explicação, falar sobre dança de épocas e

a relação com o sócio cultural foi simples e de fácil entendimento, nos

estávamos interagindo, os alunos participando e entendendo sobre a

cultura da dança e do corpo, na mídia e na Educação, fazendo

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comparações entre gafieira e funk, samba e axé, as aulas diferenciadas e

estudadas mostraram um caminho para a Educação no concreto.e

Como era de se esperar a 14° aula o ensaio foi cheio de energia e

alegria, já fazem os passos básicos, quiseram cada vez mais dificultar,

começaram a conversar sobre as roupas das apresentações.

Na 15° aula um banho de água fria para alguns, para outros um

estímulo extra, alguns, pois não responderam com a desculpa de que não

tinham tempo e que isso era bobagem, para que aprender dançar, outros

porém, cantaram como se divertiam dançando, suas festas, “dancinhas”

de festas juninas, saraus, matinês. Então, entre alunos tristes e

estimulados, existiu certo constrangimento para que as discussões

existissem.

Durante a 16° aula o mal estar de alguns ainda existia, o ensaio foi

devagar, sem novidades e desafios que ate então existiam, o professor

teve que intervir além de apenas conduzir, os movimentos acrobáticos

entraram na coreografia, estímulo feito resposta imediata, novamente

turma ativa e conquistando o espaço.

A 17° aula foi gratificante ao fazer comparação oral com a turma

entre a 1° aula e agora, todos queriam falar sobre os históricos sobre as

conclusões, sobre os movimentos, ao pedir para escreverem, descobrir

que a Dança é uma realidade conquistada nessa turma foi uma verdadeira

explosão em satisfação.

Na 18° e 19° aula, ansiedade em alta, ensaio da coreografia,

decidimos apresentarmos apenas para as outras quintas series ou sextos

anos, pois, o medo de que alguns pais não gostassem a falta de dinheiro

para roupas foram limites não superados.

Durante a 20° aula nos apresentamos, houve comentários, existiu

risadinhas, mas, os alunos que trabalharam estavam orgulhosos,

radiantes, para eles essa aula foi o máximo e para o professor um

espetáculo da Educação.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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No mundo da pesquisa, tantas e quantas hipóteses podem e deve

ser gerado, estar inserido no PDE foi entrar uma oportunidade de estudar

e constatar que a Educação Brasileira está procurando o caminho certo

pra sua melhoria. Verificar os interesses dos alunos, escolher um tema ao

qual a importância como conteúdo Estruturante é geralmente esquecido

na prática das aulas, foi extremamente edificante, esperar a negação dos

alunos e descobrir que ao contextualizar, elaborar práticas pedagógicas

diferenciadas, o resultado pode e é de crescimento pessoal e profissional

além do comprometimento com o aprendizado, ente professor e alunos. a

Durante o processo de intervenção, constatar as realidades, as

particularidades, de cada aluno, suas famílias, elaborar questões, produzir

ações e reações, estimular as críticas do que é bom e ruim, oportunizar e

vivenciar o que a Dança, como Conteúdo Estruturante tem a oferecer para

a Educação, foi sem dúvida uma ação Educacional Libertadora, um

processo educacional onde professor e alunos vivenciaram junta a alegria

de executar uma seleção de ideias, criando expectativas que forram

superadas e recriando outras a serem conquistadas.

Os textos foram lidos, mas, foram representados no concreto, os

alunos de 5ª série ou 6° ano, não possuíram peso ou dor, eles apenas se

soltaram após superarem seus medos e preconceitos, viveram as

histórias.

O Multiculturalismo, a globalização de planeta, é uma realidade,

promover o acesso sobre essa diversidade cultural, é trabalhar a

necessidade da aprendizagem que todos devem ter acesso.

A   dança   é   fundamental   para   a   diversidade   cultural   e   corporal.   Ela   possui   uma 

infinidade de possibilidades para aprendizagem. Mas o movimento social, de estrutura, é o 

mais complexo, conquistar esse lugar em nossa sociedade contemporânea é nosso desafio para 

esse conteúdo.

Constatou-se que a dança também deve ser colocada de forma

gradativa nos anos escolares, com conteúdos e passos para sua inclusão

educadora. Como o trabalho de intervenção comprovou, permitindo aos

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alunos experimentarem a dança, proporcionando leitura e vivência do

contexto escolhido, bem como, relações entre contexto principal e

subtextos escolhidos, possibilitando que esses subtextos coreológicos e

sócio-afetivos – culturais escolhidos fossem evidenciados e trabalhados,

adequadando às possibilidades físicas intelectuais e emocionais dos

alunos.

A melhor compreensão a respeitos dos valores formativos e

criativos da dança estimula a todos a aceitação nas aulas em sua

grandiosidade cultural, onde o corpo e a mente se juntam buscando uma

fusão, criando possibilidades com infinitas proporções de aprendizagem.

Alguns autores alertam sobre o terrível modismo das danças populares

que tanto atraem a juventude e permitem a deterioração de seu legítimo

impulso para a dança, se deixa usurpar perigosamente em veículo vital de

comunicação.

Assim, não se pode pensar na dança como um simples alvo

comercial, onde a mídia e o seu imediato glorioso momento, é o

verdadeiro foco de uma sociedade, onde todo o contexto expressado por

um povo poder perder seu foco, onde a cultura pode ser manipulada e

deturpada apenas pelo modismo, os sentimentos, os valores, a expressão

cultural e corporal

passa também a ser dominada pelos grandes valores econômicos

que hoje manipulam nossos valores, atitudes e costumes.

Constatou­se que por meio da dança pode­se explorar as mais diversas possibilidades 

da   expressão   corporal,   desde   as   formas   mais   simples   espontâneas   e   livres   até   as   mais 

elaboradas,  mas sempre respeitando a  individualidade de cada um. Isso possibilitará  num 

ensino­aprendizagem mais dinâmico e criativo, contribuindo não só para a sua formação, mas 

na importância que ocupa no contexto social.

Trabalhar  de forma  lúdica com a quinta  série,  os motivou a prática  diferenciada, 

querendo   aprender   sobre   a   história,   sobre   movimentos   além   do   movimento   corporal,   ao 

brincar com movimentos de luta, futebol, basquete, voleibol, handebol e histórias antigas, os 

alunos envolveram­se de tal modo, que quando usei toda essa ludicidade em cima de jogos, 

esportes e lutas no cotidiano, os mesmos descobriram que dançaram desde recém­nascidos, 

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que o homem desde que surgiu dança, a facilidade em que as barreiras foram sucumbindo foi 

de uma grata surpresa.

O professor de Educação Física que se prepõe a trabalhar com a dança na escola, não 

pode descartar a possibilidade de trabalhar junto a outras disciplinas, pois estará contribuindo 

para que o aluno  tenha um melhor  entendimento das disciplinas,  da dança e  do contexto 

cultural em que está inserido. Este aluno e até os professores de outras disciplinas passam a 

ressignificar a Educação Física para além de uma disciplina recreativa, sem preocupação com 

avaliação.  Interferindo e estimulando a educação vista  como um todo no processo ensino 

aprendizagem, promovendo assim, uma maior interação dos alunos e dos outros professores 

com relação a este tipo de atividade (dança). 

Assim, contando com o apoio e o incentivo de outras disciplinas a inclusão da dança 

na escola se fará mais forte, pois o que diferencia esta proposta de trabalho de outras que 

também envolvem a  dança,  é  a   forma de  abordagem.  Se  começarmos  a   resgatar  a  dança 

enquanto movimento natural do ser humano, estaremos contribuindo para este processo.

Dentro desta perspectiva, vale ressaltar que este resgate não é importante somente 

pelo aspecto de dinamizar  ou variar  as aulas  de Educação Física Escolar,  assim como as 

outras disciplinas também, a importância maior reside em suas consideráveis contribuições 

para a formação do cidadão autônomo, responsável, crítico e sem discriminações perante este 

ou aquele colega que dança.

As individualidades dos alunos contribuem nos processos

educacionais e coreográficos, quando Identificamos está questão durante

as discussões nas aulas de dança, queríamos conhecer melhor os

sentimentos, os significados, as sensações, enfim, os sentidos

que o ato de ensinar a dança pode ter para cada ser, sendo assim,

a necessidade de contextualizar o histórico é justificado pela necessidade

individual de cada indivíduo em apreender e assimilar o conhecimento

adquirido. Portanto, a partir dos discursos dos alunos, formados,

estruturados categorias e subcategorias é que se compõem os conteúdos

na área de dança, sendo possível aprofundar o significado deles e ainda

possibilitar uma compreensão mais ampla de cada um.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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