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  • DADOS DE COPYRIGHT

    Sobre a obra:

    A presente obra disponibilizada pela equipe Le Livros e seus diversos parceiros, com oobjetivo de oferecer contedo para uso parcial em pesquisas e estudos acadmicos, bem comoo simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura.

    expressamente proibida e totalmente repudavel a venda, aluguel, ou quaisquer usocomercial do presente contedo

    Sobre ns:

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    Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e no mais lutando pordinheiro e poder, ento nossa sociedade poder enfim evoluir a um novo nvel.

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  • Ttulo Original: Harry Potter and the Order of the Phoenix

    Traduzido do ingls por Lia Wyler

    Todos os direitos reservados; nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios, sejaeletrnico, mecnico, fotocpia ou outros meios, sem a prvia permisso da editora

    Esta edio digital foi primeiramente publicada por Pottermore Limited em 2013

    Primeira publicao em papel impresso no Brasil em 2003 por Editora Rocco Ltda.

    Direitos Autorais J.K. Rowling 2003

    Direitos Reservados Direitos para a lngua portugesa reservados com exclusividade para o Brasil Editora Rocco Ltda.,2003

    Ilustraes por Mary GrandPr 2003 por Warner Bros.

    Harry Potter characters, names and related indicia are trademarks of and Warner Bros. Ent.

    O direito moral da autora foi reconhecido

    www.pottermore.com

    Compartilhado por Baixelivros.org

  • de J.K. Rowling

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    autora sobre os personagens, lugares, criaturas e objetos encontrados no mundo que ela criou.

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  • A Neil, Jessica e David,que transformam o meu

    mundo em magia

  • Contedo

    CAPTULO UM CAPTULO DOIS CAPTULO TRS

    CAPTULO QUATRO CAPTULO CINCO

    CAPTULO SEIS CAPTULO SETE CAPTULO OITO CAPTULO NOVE CAPTULO DEZ

    CAPTULO ONZE CAPTULO DOZE CAPTULO TREZE

    CAPTULO CATORZE CAPTULO QUINZE

    CAPTULO DEZESSEIS CAPTULO DEZESSETE

    CAPTULO DEZOITO CAPTULO DEZENOVE

    CAPTULO VINTE CAPTULO VINTE E UM

    CAPTULO VINTE E DOIS CAPTULO VINTE E TRS

    CAPTULO VINTE E QUATRO CAPTULO VINTE E CINCO

    CAPTULO VINTE E SEIS CAPTULO VINTE E SETE CAPTULO VINTE E OITO CAPTULO VINTE E NOVE

  • CAPTULO TRINTA CAPTULO TRINTA E UM

    CAPTULO TRINTA E DOIS CAPTULO TRINTA E TRS

    CAPTULO TRINTA E QUATRO CAPTULO TRINTA E CINCO

    CAPTULO TRINTA E SEIS CAPTULO TRINTA E SETE CAPTULO TRINTA E OITO

  • CAPTULO UM Duda dementado

    O dia de vero mais quente do ano estava chegando ao fim e um silncio modorrento pairavasobre os casares quadrados da rua dos Alfeneiros. Os carros, em geral reluzentes, estavamempoeirados nas entradas das garagens, e os gramados, que tinham sido verde-esmeralda,estavam ressequidos e amarelos porque o uso de mangueiras fora proibido durante aestiagem. Privados das atividades de lavar carros e cortar gramados, os habitantes da rua dosAlfeneiros haviam se recolhido sombra de suas casas frescas, as janelas escancaradas naesperana de atrair uma brisa inexistente. A nica pessoa do lado de fora era um adolescentedeitado de costas em um canteiro de flores frente do nmero quatro.

    Era um garoto magricela, de cabelos pretos, a aparncia macilenta e meio doentia dealgum que cresceu muito em pouco tempo. Suas jeans estavam rotas e sujas, a camiseta largae desbotada, e as solas dos tnis se soltavam da parte de cima. A aparncia de Harry Potterno o recomendava aos vizinhos, que eram do tipo que achava que devia haver uma puniolegal para sujeira e desleixo, mas como ele se escondera atrs de uma repolhuda hortnsia,esta noite ele estava invisvel aos que passavam. De fato, a nica maneira de localiz-lo erase o tio Vlter ou a tia Petnia metessem a cabea pela janela da sala de estar e olhassemdiretamente para o canteiro embaixo.

    No todo, Harry achava que devia receber parabns pela ideia de se esconder ali. Noestava, talvez, muito confortvel, deitado na terra quente e dura, mas, por outro lado, ningumestava olhando para ele, rangendo os dentes to alto que o impedia de ouvir o noticirio, nemdisparando perguntas incmodas, como acontecera todas as vezes em que tentou se sentar nasala de estar para ver televiso com os tios.

    Quase como se tais pensamentos tivessem entrado pela janela aberta, repentinamente VlterDursley, o tio de Harry, falou:

    Fico contente de ver que o garoto parou de se meter aqui. Por falar nisso, onde ser queele anda?

    No sei respondeu tia Petnia, desinteressada. Aqui em casa no est.O tio grunhiu. Assistir ao noticirio... comentou com severidade. Gostaria de saber o que que ele

    est realmente aprontando. Como se um garoto normal se interessasse por noticirio; Duda notem a mnima ideia do que est acontecendo; duvido que saiba quem o primeiro-ministro!Em todo o caso, no h nada sobre gente da laia dele no nosso noticirio...

    Vlter, psiu! alertou tia Petnia. A janela est aberta! Ah... ... desculpe, querida.Os Dursley se calaram. Harry ouviu o anncio de um cereal com frutas para o caf da

    manh enquanto observava a Sra. Figg, uma velhota gag que adorava gatos e morava ali nobairro, na alameda das Glicnias, que ia passando vagarosamente. Ela franzia a testa e

  • resmungava baixinho. Harry ficou muito feliz de estar escondido atrs do arbusto, porqueultimamente a velhota dera para convid-lo para tomar ch todas as vezes que o encontrava narua. Ela acabara de virar a esquina e desaparecer de vista quando a voz do tio Vlter tornou asoar pela janela aberta.

    O Dudoca vai tomar ch fora? Na casa dos Polkiss respondeu tia Petnia com carinho. Ele tem tantos amiguinhos,

    to popular...Harry mal conseguiu abafar o riso. Os Dursley eram espantosamente burros quando se

    tratava do filho. Engoliam todas as mentiras capengas de Duda de que estava tomando ch comalgum da turma a cada noite das frias. Harry sabia perfeitamente bem que o primo noestivera tomando ch em parte alguma; ele e sua turma passavam as noites vandalizando oparque infantil, fumando nas esquinas e atirando pedras nos carros e crianas que passavam.Harry os vira durante seus passeios noturnos por Little Whinging; ele prprio passara amaioria das noites das frias perambulando pelas ruas, recolhendo jornais das lixeiras em seutrajeto.

    Os primeiros acordes da msica que anunciava o telejornal das sete horas chegaram aosouvidos de Harry e seu estmago revirou. Talvez aquela noite depois de um ms de espera fosse a noite.

    Um nmero recorde de turistas impedidos de prosseguir viagem lota os aeroportosnessa segunda semana de greve dos carregadores espanhis...

    Se fosse eu, mandava essa gente dormir a sesta pelo resto da vida rosnou tio Vlter malo locutor terminara a frase, mas no fez diferena: do lado de fora, no canteiro, o estmago dogaroto pareceu se descontrair. Se tivesse acontecido alguma coisa, com certeza seria aprimeira notcia; morte e destruio eram mais importantes do que turistas retidos emaeroportos.

    Ele deixou escapar um longo e lento suspiro e contemplou o cu muito azul. Todos os diasdeste vero tinham sido a mesma coisa: a tenso, a expectativa, o alvio temporrio, e maisuma vez a tenso crescente... e sempre, a cada dia com maior insistncia, a pergunta: por quenada acontecera ainda?

    O garoto continuou a ouvir, caso houvesse um pequeno indcio cujo significado os trouxasno tivessem percebido um desaparecimento inexplicado, talvez, ou algum acidenteestranho... mas, greve dos carregadores de bagagem, seguiram-se notcias sobre a seca noSudeste ( Espero que o vizinho esteja escutando! berrou tio Vlter. Ele e sua mania deligar os irrigadores do jardim s trs da manh!), depois a notcia de um helicptero que quasese acidentara em um campo no Surrey, o divrcio de uma famosa atriz de seu famoso marido( Como se estivssemos interessados em seus casos srdidos fungou tia Petnia, queacompanhara o caso obsessivamente em todas as revistas em que conseguiu pr as mosossudas).

    Harry fechou os olhos para se proteger do cu noturno, agora cintilante, enquanto o locutorcontinuava:

    ... e finalmente, Quito, o periquito australiano, encontrou um jeito novo de se refrescarneste vero. Quito, que mora em Five Feathers, em Barnsley, aprendeu a esquiar na gua!Mary Dorkins tem outras informaes.

    Harry abriu os olhos. Se tinham chegado a periquitos que esquiam, porque no havia mais

  • nada que valesse a pena ouvir. Virou-se cuidadosamente de barriga e se ergueu sobre osjoelhos e cotovelos, preparando-se para engatinhar para longe da janela.

    Andara uns cinco centmetros quando vrias coisas aconteceram em rpida sucesso.Um estalo alto e ressonante quebrou o silncio como um estampido; um gato saiu

    desabalado de baixo de um carro estacionado e desapareceu de vista; um grito, um palavroem voz alta e o rudo de loua se espatifando ecoou na sala de estar dos Dursley, e, como sefosse o sinal que estivera aguardando, Harry se ps de p com um salto ao mesmo tempo quepuxou uma fina varinha do cs da jeans, como se desembainhasse uma espada mas antes quepudesse erguer completamente o corpo, bateu com o cocuruto na janela aberta dos Dursley. Obarulho resultante fez tia Petnia dar um berro ainda maior.

    O garoto teve a sensao de que havia rachado a cabea ao meio. As lgrimas escorrendodos olhos, ele cambaleou, tentando focalizar a rua para descobrir a origem do barulho, masmal conseguira se endireitar quando duas enormes mos purpreas saram pela janela aberta eo agarraram pelo pescoo.

    Guarde... isso! rosnou tio Vlter no ouvido dele. Agora...! Antes... que... algum...veja!

    Tire... as... mos... de... cima... de mim! ofegou Harry. Durante alguns segundos os doispelejaram. O garoto puxando os dedos do tio, grossos como salsichas, com a mo esquerda,enquanto mantinha a varinha erguida com a direita; ento, quando a dor na cabea de Harrydeu mais um latejo particularmente forte, tio Vlter soltou um grito e largou o sobrinho comose tivesse recebido um choque eltrico. Uma fora invisvel parecia ter emanado do garoto,tornando impossvel segur-lo.

    Ofegante, Harry cambaleou por cima do p de hortnsia, ergueu-se e olhou a toda volta.No havia sinal do causador do forte estampido, mas havia muitos rostos espiando de vriasjanelas vizinhas. O garoto enfiou depressa a varinha no cs da jeans e tentou fazer uma carainocente.

    Bela noite! exclamou tio Vlter, acenando para a senhora do nmero sete, defronte, queo observava atentamente por trs das cortinas. A senhora ouviu o estouro do escape de umcarro agora h pouco? Petnia e eu levamos um grande susto.

    Ele continuou a sorrir daquele seu jeito horrvel e manaco at todos os vizinhos curiososterem desaparecido das vrias janelas, ento o sorriso virou um esgar de fria e ele mandouHarry se aproximar outra vez.

    O garoto deu uns passos frente, tomando o cuidado de parar a uma distncia em que asmos estendidas do tio no pudessem recomear a esgan-lo.

    Que diabos voc est pretendendo com isso, moleque? perguntou tio Vlter com a vozrouca tremendo de fria.

    Pretendendo com isso o qu? perguntou Harry com frieza. No parava de olhar para aesquerda e a direita da rua, na esperana de ver quem produzira o estampido.

    Fazer um barulho desses como se fosse um tiro de partida do lado de fora da nossa... No fui eu que fiz o barulho respondeu o garoto com firmeza.A cara magra e cavalar de tia Petnia apareceu agora ao lado da cara larga e vermelha do

    tio Vlter. Estava lvida. Por que voc estava escondido embaixo da nossa janela? ... , uma boa pergunta, Petnia. Que que voc estava fazendo embaixo da nossa

  • janela, moleque? Ouvindo o noticirio respondeu Harry, conformado.O tio e a tia trocaram olhares indignados. Ouvindo o noticirio! De novo? Bom, que ele muda todos o dias, entende? respondeu o garoto. No se faa de engraadinho comigo, moleque! Quero saber que que voc anda

    realmente tramando... e no me responda outra vez com essa histria de que esta va ouvindo onoticirio! Voc sabe muito bem que gente da sua laia...

    Cuidado, Vlter! cochichou tia Petnia, e o marido baixou tanto a voz que Harry malconseguiu ouvi-lo.

    ... que gente da sua laia no sai no nosso noticirio! s isso que o senhor sabe respondeu Harry.Os Dursley o encararam por alguns segundos, ento a tia falou: Voc um mentirozinho srdido. Que que aquelas... e a ela tambm baixou a voz, e

    Harry precisou fazer leitura labial para entender a palavra seguinte ... corujas andamfazendo que no lhe trazem notcias?

    Ah-ah! exclamou tio Vlter com um sussurro triunfante. Agora sai dessa, moleque!Como se no soubssemos que voc recebe todas as suas notcias por aqueles bichospestilentos!

    Harry hesitou um instante. Custou-lhe algum esforo dizer a verdade desta vez, embora ostios no pudessem saber como se sentia mal em faz-lo.

    As corujas... no esto me trazendo notcias respondeu com a voz inexpressiva. No acredito falou tia Petnia na mesma hora. Nem eu disse o marido, enftico. Sabemos que voc est tramando alguma coisa estranha retorquiu tia Petnia. No somos burros, sabe disse o tio. Bom, isso novidade para mim retrucou Harry, que comeava a se enraivecer, e antes

    que os Dursley pudessem cham-lo de volta, o garoto lhes deu as costas, atravessou a frenteda casa, pulou por cima da mureta do jardim e comeou a subir a rua.

    Agora ele estava em apuros e sabia disso. Teria de enfrentar os tios mais tarde e pagar opreo da grosseria, mas isso no o preocupava muito no momento; tinha assuntos maisurgentes na cabea.

    Harry tinha certeza de que o estampido fora produzido por algum aparatando oudesaparatando. Era exatamente o som que Dobby, o elfo domstico, fazia quando desapareciano ar. Ser que Dobby andava por ali, na rua dos Alfeneiros? Ser que o elfo o estavaseguindo naquele instante? Quando lhe ocorreu este pensamento, ele se virou para examinar arua, mas ela parecia completamente deserta e o garoto tinha certeza de que Dobby no eracapaz de ficar invisvel.

    Harry continuou a andar, sem prestar muita ateno ao caminho que estava seguindo, porquenos ltimos tempos batia essas ruas com tanta frequncia que seus ps o levavamautomaticamente aos lugares preferidos. A cada meia dzia de passos, olhava por cima doombro. Algum ser mgico estivera por perto quando ele estava deitado entre as begniasmoribundas de tia Petnia, tinha certeza. Por que no falara com ele, por que no fizeracontato, por que estava se escondendo agora?

  • Ento, quando sua frustrao atingiu o auge, sua certeza foi se esvaindo.Talvez no tivesse sido um rudo mgico, afinal. Talvez estivesse to desesperado para

    detectar o menor sinal de contato do mundo a que pertencia que simplesmente reagiaexageradamente a sons muito comuns. Ser que podia ter certeza de que no fora o som dealguma coisa quebrando na casa do vizinho?

    Harry teve a sensao surda de que seu estmago despencava e, antes que percebesse, adesesperana que o atormentara o vero inteiro tornou a se apoderar dele.

    Amanh o despertador o acordaria s cinco da madrugada para ele poder pagar corujaque entregava o Profeta Dirio mas fazia sentido continuar a receb-lo? Ultimamente Harryapenas corria os olhos pela primeira pgina e logo atirava o jornal para o lado; quando osidiotas que editavam o Profeta finalmente percebessem que Voldemort voltara dariam anotcia em grandes manchetes, e era s isso que interessava a Harry.

    Se tivesse sorte, chegariam tambm corujas com cartas dos seus melhores amigos, Rony eHermione, embora toda a esperana que alimentara de que essas cartas lhe trouxessemnotcias havia muito tinha sido riscada do mapa.

    No podemos dizer muita coisa sobre Voc-Sabe-Quem, bvio... Nos recomendarampara no dizer nada importante para o caso de nossas cartas se extraviarem... Estamosmuito ocupados, mas no posso lhe dar detalhes... Tem muita coisa acontecendo,contaremos quando a gente se vir...

    Mas quando que iam se ver? Ningum parecia muito preocupado em marcar datas.Hermione escrevera um Logo iremos nos ver no carto que lhe mandara de aniversrio, masquando era esse logo? Pelo que deduzia das vagas insinuaes nas cartas dos amigos,Hermione e Rony estavam no mesmo lugar, presumivelmente na casa dos pais de Rony. Malconseguia suportar a ideia dos dois se divertindo na Toca enquanto ele ficava encalhado narua dos Alfeneiros. De fato, ficara to zangado com os amigos que jogara fora, sem abrir, asduas caixas de bombons da Dedosdemel que haviam lhe mandado de presente de aniversrio.Arrependera-se depois ao ver a salada murcha que tia Petnia preparara para o jantar daquelanoite.

    E com o que Rony e Hermione estavam ocupados? Por que ele, Harry, no estava ocupado?No se mostrara capaz de dar conta de muito mais do que os amigos? Ser que tinham seesquecido do que fizera? No fora ele que entrara no cemitrio e vira matarem Cedrico, edepois fora amarrado a uma lpide de sepultura e quase morrera tambm?

    No pense nisso, Harry disse a si mesmo com severidade, pela milsima vez naquelevero. J era bem ruim no parar de revisitar o cemitrio em pesadelos, sem ficar remoendo acena nos momentos de viglia tambm.

    Ele virou a esquina e entrou no largo das Magnlias; no meio do caminho, passou a travessaestreita que margeava a garagem onde vira o padrinho pela primeira vez. Sirius, pelo menos,parecia compreender o que ele estava sentindo. Admitamos que as cartas do padrinho eramto vazias de notcias interessantes quanto as de Rony e Hermione, mas ao menos continhampalavras de alerta e consolo em lugar de insinuaes torturantes: sei como deve ser frustrantepara voc... No se meta em confuses e tudo dar certo... Tenha cuidado e no faa nadasem pensar...

    Bom, pensou Harry, ao atravessar o largo das Magnlias para tomar a rua de mesmo nomeem direo ao parque, onde j estava escurecendo, de um modo geral atendera

  • recomendao do padrinho. Pelo menos resistira tentao de amarrar a mala na vassoura epartir sozinho para a Toca. Achava que se comportara muito bem considerando sua granderaiva e frustrao por estar h tanto tempo encalhado na rua dos Alfeneiros, reduzido a seesconder em canteiros na esperana de ouvir alguma coisa que pudesse indicar o que LordeVoldemort andava fazendo. Contudo, era bem exasperante ser aconselhado a no se precipitarpor algum que cumprira doze anos na priso dos bruxos, Azkaban, fugira, tentara cometer ohomicdio pelo qual fora condenado injustamente e sumira no mundo montado em um hipogriforoubado.

    Harry saltou por cima do porto fechado do parque e saiu andando pelo gramadoressequido. O lugar estava to vazio quanto as ruas vizinhas. Quando chegou aos balanos,largou-se em um que Duda e os amigos ainda no tinham conseguido quebrar, passou o braopela corrente e ficou olhando, desanimado, para o cho. No poderia voltar a se esconder nocanteiro dos Dursley. Amanh, teria de inventar um novo jeito de ouvir o noticirio.Entrementes, no havia nada por que esperar, exceto mais uma noite inquieta e perturbada,porque, mesmo quando escapava dos pesadelos sobre Cedrico, tinha sonhos intranquilossobre longos corredores escuros, todos sem sada ou terminando em portas trancadas, que elesupunha estarem ligados mesma sensao de estar preso em uma armadilha queexperimentava quando acordado. Com frequncia, a velha cicatriz em sua testa formigavadesconfortavelmente, mas ele no se enganava que Rony ou Hermione ou Sirius aindaachassem isso muito interessante. No passado, a dor na cicatriz o avisava de que Voldemortestava recobrando foras, mas, agora que o bruxo voltara, os trs provavelmente lembrariam aele que essa irritao rotineira era esperada... no havia com o que se preocupar... no eranovidade...

    A injustia disso tudo crescia tanto em seu peito que lhe dava vontade de gritar de fria. Seno fosse por ele, ningum saberia que Voldemort voltara! E sua recompensa era ficarencalhado em Little Whinging quatro semanas inteiras, completamente isolado do mundo damagia, reduzido a se acocorar entre begnias secas para poder ouvir notcias de periquitosaustralianos que sabiam esquiar! Como Dumbledore podia t-lo esquecido com tantafacilidade? Por que Rony e Hermione tinham se reunido sem convidlo? Por quanto tempomais esperavam que ele aturasse Sirius a lhe dizer para ficar quieto e se comportar; ouresistisse tentao de escrever para aquela droga do Profeta Dirio informan doqueVoldemort voltara? Esses pensamentos indignados giravam em sua cabea, e suas entranhas secontorciam de raiva, enquanto a noite abafada e veludosa caa sua volta, o ar se impregnavacom o cheiro quente de grama seca, e o nico som que se ouvia era o ronco abafado do trfegona rua alm das grades do parque.

    Ele no sabia quanto tempo ficara sentado no balano quando o som de vozes interrompeuseus devaneios e o fez erguer os olhos. Os lampies das ruas nos arredores projetavam umaclaridade nevoenta suficientemente forte para delinear um grupo de pessoas que vinhamatravessando o parque. Uma delas cantava alto uma msica grosseira. Os outros riam. Ouvia-se o teque-teque suave das bicicletas caras que eles empurravam.

    Harry sabia quem eram. O vulto frente de todos era, sem dvida, o seu primo DudaDursley refazendo o lento caminho para casa, acompanhado por sua gangue fiel.

    Duda estava mais corpulento que nunca, mas um ano de dieta rigorosa e a descoberta de umnovo talento haviam produzido uma grande mudana em seu fsico. Como o tio Vlter

  • comentava com quem quisesse ouvir, Duda recentemente se tornara campeo de peso-pesadojnior no Torneio de Boxe Interescolar da Regio Sudeste. O nobre esporte, como o tiocostumava dizer, deixara Duda ainda mais formidvel do que parecera a Harry nos tempos doensino fundamental, quando servira de saco de pancadas para o primo. O garoto j no sentiao menor medo de Duda, mas continuava a achar que o fato de ele ter aprendido a socar commais fora e preciso no era motivo para comemoraes. A crianada do bairro tinha pavordele um pavor ainda maior do que sentia por aquele garoto Potter, sobre o qual haviamsido avisados de que era um delinquente da pior espcie e frequentava o Centro St. Brutuspara Meninos Irrecuperveis.

    Harry observou os vultos escuros que atravessavam o gramado e ficou imaginando quemteriam andado surrando aquela noite. Olhe para o lado, foi o pensamento que lhe passou pelacabea enquanto os observava. Vamos... olhe para o lado... estou sentado aqui sozinho...venha experimentar...

    Se os amigos de Duda o vissem sentado ali, com certeza traariam uma reta at ele, e o quefaria o primo ento? No iria querer fazer papel feio na frente da gangue, mas sentiria muitomedo de desafiar Harry... seria realmente divertido observar o dilema de Duda, provoc-lo,observar o primo impotente para reagir... e se um dos outros tentasse acert-lo, estariapreparado tinha sua varinha. Que experimentassem... adoraria extravasar um pouco de suafrustrao em garotos que no passado tinham infernizado sua vida.

    Mas eles no se viraram, no o viram, j estavam quase nas grades. Harry dominou oimpulso de cham-los... procurar briga no era muito inteligente... no devia usar magia...estaria se arriscando outra vez a ser expulso.

    As vozes dos companheiros de Duda foram morrendo, eles tinham desaparecido de vista,em direo rua das Magnlias.

    Pronto, Sirius, pensou Harry, desanimado. Nada de precipitaes. No me meti emencrencas. Exatamente o contrrio do que voc fez.

    Ele se levantou e se espreguiou. Tia Petnia e tio Vlter pareciam pensar que a hora queDuda chegasse era a hora certa para se voltar para casa, e qualquer minuto depois disso eratarde demais. O tio ameaara trancar Harry no barraco de ferramentas se ele tornasse a chegardepois de Duda, por isso, reprimindo um bocejo, e ainda mal-humorado, o garoto saiu emdireo ao porto do parque.

    A rua das Magnlias, como a dos Alfeneiros, era cheia de grandes casas quadradas comgramados perfeitamente cuidados, todas de propriedade de homens grandes e quadrados queguiavam carros muito limpos, iguais aos do tio Vlter. Harry preferia o bairro de LittleWhinging noite, quando as janelas protegidas por cortinas formavam retalhos de cores vivasno escuro, e ele no corria o risco de ouvir comentrios censurando sua aparnciadelinquente quando passava pelos donos das casas. Caminhou depressa, por isso, na metadeda rua das Magnlias tornou a avistar a turma de Duda; estavam se despedindo na entrada dolargo das Magnlias. Harry se abrigou sob a copa de um lilaseiro e esperou.

    ... guinchou feito um porco, no foi? ia dizendo Malcolm, arrancando risos dos colegas. Um bom gancho de direita, Dudo elogiou Pedro. Mesma hora amanh? perguntou Duda. L em casa, meus pais vo sair respondeu Grdon. Ento, at l concordou Duda.

  • Tchau, Duda. A gente se v, Dudo!Harry esperou o resto dos garotos continuar, antes de recomear a andar. Quando as vozes

    desapareceram na distncia, ele entrou de novo no largo das Magnlias e, apressando o passo,no tardou a chegar a uma distncia em que o primo, que caminhava descansadamente,desafinando uma cano, pudesse ouvi-lo.

    Ei, Dudo!Duda se virou. Ah resmungou. voc. Ento, h quanto tempo voc o Dudo? perguntou Harry. No chateia rosnou o primo dando-lhe as costas. Nome legal comentou Harry, rindo e acompanhando o passo do primo. Mas para mim

    voc sempre ser o Dudiquinho. J falei, NO CHATEIA! repetiu Duda, cujas mos, que mais pareciam presuntos,

    tinham se fechado. Os garotos no sabem que assim que a mame te chama? Cala essa boca. Voc no diz a ela para calar a boca. Ento posso usar Fofinho e Duduzinho?Duda no respondeu. O esforo para no bater no primo pareceu exigir todo o seu

    autodomnio. Ento quem que vocs andaram espancando esta noite? indagou Harry, parando de

    sorrir. Outro garoto de dez anos? Sei que acertaram o Marco Evans anteontem... Ele estava pedindo rosnou Duda. Ah, ? Ele me desacatou. Ah, foi? Disse que voc parecia um porco que aprendeu a andar nas patas traseiras?

    Porque isso no desacatar, Duda, isso verdade.Um msculo comeou a tremer no queixo de Duda. Harry sentiu uma enorme satisfao de

    ver que estava enfurecendo o primo; teve a sensao de que bombeava a prpria frustraopara dentro do primo, a nica vlvula de escape que tinha.

    Os dois viraram na travessa estreita onde Harry vira Sirius pela primeira vez, um atalhoentre o largo das Magnlias e a alameda das Glicnias. Estava deserta e muito mais escura doque as duas ruas que ligava, porque no tinha lampies. Os passos dos primos ficaramabafados entre as paredes de uma garagem, a um lado, e uma cerca alta, do outro.

    Voc se acha um grande homem carregando essa coisa, no ? disse Duda depois dealguns segundos.

    Que coisa? Essa... essa coisa que voc leva escondida.Harry tornou a rir. No que voc no to burro quanto parece, Duda? Mas acho que se fosse no seria

    capaz de andar e falar ao mesmo tempo.Harry puxou a varinha. Viu que o primo a olhava de esguelha. Voc no tem permisso disse Duda na mesma hora. Sei que no tem. Seria expulso

    daquela escola fajuta que voc frequenta.

  • Como que voc sabe que as regras no mudaram, Dudo? No mudaram disse o primo, embora no parecesse totalmente seguro.Harry riu baixinho. Voc no tem peito para me enfrentar sem essa coisa, no ? rosnou Duda. E voc precisa de quatro amigos s suas costas para atacar um garoto de dez anos. Sabe

    aquele ttulo de boxe que voc vive exibindo? Que idade tinha o seu adversrio? Sete? Oito? Para sua informao, ele tinha dezesseis anos e ficou desacordado vinte minutos depois

    que acabei com ele, e era duas vezes mais pesado do que voc. Espera s eu contar ao papaique voc puxou essa coisa...

    Vai correr para o papai agora, ? Ser que o Dudinha campeo do papai ficou com medoda varinha do Harry malvado?

    Voc no to valente noite, no ? caoou Duda. Estamos de noite, Dudiquinho. como a gente chama quando fica escuro assim. Estou falando quando voc est deitado vociferou Duda.Parara de andar. Harry parou tambm, encarando o primo. Do pouco que conseguia ver do

    rosto largo de Duda, ele parecia estranhamente triunfante. Como assim, no sou valente quando estou deitado? perguntou Harry inteiramente

    pasmo. Do que que voc acha que tenho medo, dos travesseiros ou de outra coisa assim? Eu ouvi voc noite passada disse Duda sem flego. Falando durante o sono.

    Gemendo. Como assim? repetiu Harry, mas com uma sensao de frio e afundamento no estmago.

    Tornara a visitar o cemitrio em sonhos, na noite anterior.Duda soltou uma gargalhada rouca, depois fez uma voz de falsete e lamria. No matem Cedrico! No matem Cedrico! Quem Cedrico... seu namorado? Eu... voc est mentindo contestou Harry maquinalmente. Mas sua boca secara. Sabia

    que o primo no estava mentindo; de que outra forma poderia saber o nome de Cedrico? Papai! Me ajude, papai! Ele vai me matar, papai! Buuuu! Cala a boca disse Harry em voz baixa. Cala a boca, Duda, estou te avisando! Vem me ajudar, papai! Mame, vem me ajudar! Ele matou Cedrico! Papai, me ajude! Ele

    vai... No aponta essa coisa pra mim!Duda recuou contra a parede da travessa. Harry estava apontando a varinha diretamente

    para o seu corao. Ele sentia catorze anos de dio ao primo palpitarem em suas veias o queno daria para atac-lo agora, enfeiti-lo de tal jeito que Duda precisaria rastejar at em casacomo um inseto, mudo, antenas brotando de sua cabea...

    Nunca mais volte a falar nisso rosnou Harry. Est me entendendo? Aponte essa coisa para outro lado! Eu perguntei, voc me entendeu? Aponte isso para outro lado! VOC ME ENTENDEU? AFASTE ESSA COISA DE...Duda soltou uma exclamao estranha e tremida, como se o tivessem mergulhado em gua

    gelada.Alguma coisa acontecera noite. O azul anil e estrelado do cu noturno de repente ficou

    negro e sem luz as estrelas, a lua, os lampies enevoados em cada extremo da travessa

  • haviam desaparecido. O ronco distante dos carros e o murmrio das rvores haviamdesaparecido. A tepidez da noite de repente se transformou em um frio cortante. Os garotos seviram envolvidos por uma escurido silenciosa, impenetrvel e total, como se a mo de umgigante tivesse atirado um manto gelado e espesso sobre a travessa, cegando-os.

    Por uma frao de segundo Harry pensou que tivesse feito alguma mgica involuntria,apesar de estar resistindo o mximo que podia em seguida o seu raciocnio emparelhou comos seus sentidos ele no tinha poder para apagar as estrelas. Virou, ento, a cabea para c epara l, tentando ver alguma coisa, mas as trevas cobriam seus olhos como um vu sem peso.

    A voz aterrorizada de Duda espocou nos ouvidos de Harry. Q-que que voc est f-fazendo? P-para com isso! No estou fazendo nada! Cala a boca e fica parado! No estou v-vendo nada! F-fiquei cego! Eu... Eu falei para voc calar a boca!Harry parou, imvel, virando os olhos enceguecidos para a direita e a esquerda. O frio era

    to intenso que ele tremia da cabea aos ps; arrepios brotaram em seus braos e os pelos desua nuca ficaram em p ele abriu os olhos o mais que pde, arregalando-os para todos oslados, sem ver.

    Era impossvel... eles no podiam estar ali... no em Little Whinging... Harry apurou osouvidos... pde ouvi-los antes de v-los.

    Vou contar ao papai! choramingou Duda. C-cad voc? Q-que que voc est f-fa...? Quer calar a boca? sibilou Harry. Estou tentando esc...Mas emudeceu. Acabara de ouvir exatamente o que estivera receando.Havia alguma coisa na travessa alm deles, alguma coisa que respirava em arquejos roucos

    e secos. Harry sentiu um pavor terrvel e instantneo parado ali na noite glida. P-para com isso. Para de fazer isso! Vou socar voc, juro que vou! Duda, cala...PAM.Um punho fez contato com o lado da cabea de Harry, erguendo-o do cho. Luzinhas

    brancas cintilaram diante dos seus olhos. Pela segunda vez em uma hora, ele sentiu a cabearachar ao meio; no momento seguinte, estatelou-se no cho e a varinha voou de sua mo.

    Seu lesado! berrou Harry, os olhos marejando de dor, ao mesmo tempo que tentavalevantar apoiado nas mos e nos joelhos, apalpando freneticamente a escurido. Ele ouviuDuda tentar se afastar, bater na cerca da travessa, tropear.

    DUDA, VOLTA AQUI! VOC EST CORRENDO DIRETO PARA A COISA!Ouviu-se um guincho horrvel e os passos de Duda pararam. No mesmo instante Harry

    sentiu um frio paralisante s costas que s podia significar uma coisa. E havia mais de uma. DUDA, FIQUE DE BOCA FECHADA! FAA O QUE QUISER, MAS FIQUE DE BOCA

    FECHADA! Varinha! murmurou Harry, nervoso, suas mos saltando pelo cho comoaranhas. Onde est... varinha... depressa... lumus!

    Ordenou o feitio automaticamente, desesperado por uma luz que o ajudasse em sua procura e, para seu alvio e descrena, a luz acendeu a centmetros de sua mo direita a ponta davarinha acendeu. Harry agarrou-a, ficou em p e se virou.

    Seu estmago deu voltas.Um vulto altaneiro, encapuzado, deslizava em sua direo, flutuando sobre o solo, sem ps

  • nem rosto visveis sob as vestes, sugando a noite medida que se aproximava.Cambaleando para trs, o garoto ergueu a varinha. Expecto patronum!Um fiapo de fumaa prateada disparou da ponta da varinha e o dementador retardou o

    passo, mas o feitio no funcionara direito; tropeando nos prprios ps, Harry recuou mais, medida que o dementador avanava para ele e o pnico anuviava seu crebro concentre...

    Um par de mos cinza, sarnentas e viscosas se estendeu para ele. Um rudo crescenteinvadiu seus ouvidos.

    Expecto patronum!Sua voz soou abafada e distante. Outro fiapo de fumaa prateada mais tnue que o anterior

    saiu da varinha no conseguiu mais do que isso, no conseguiu realizar o feitio.Harry ouviu uma risada em sua mente, uma risada desagradvel e aguda... sentiu o cheiro

    podre do dementador, um frio letal encheu seus pulmes, afogando-o pense... alguma coisaalegre...

    Mas no havia felicidade nele... os dedos enregelados do dementador comearam a seaproximar de sua garganta a risada aguda tornou-se cada vez mais alta e uma voz falou emsua mente:

    Curve-se para a morte, Harry... talvez ela seja indolor... eu no saberia dizer... Nuncamorri...

    Ele nunca reveria Rony e Hermione...E os rostos dos amigos surgiram com nitidez em sua mente enquanto ele lutava para

    respirar. EXPECTO PATRONUM!Um enorme veado de prata irrompeu da ponta de sua varinha; a galhada do animal atingiu o

    dementador na parte do corpo em que deveria estar o corao; o dementador foi atirado paratrs, impondervel como a escurido, e quando o veado avanou ele se precipitou para longe,como um morcego, derrotado.

    POR AQUI! gritou Harry para o veado. Dando meia-volta, ele saiu correndo pelatravessa, segurando no alto a varinha acesa. DUDA? DUDA!

    Harry deu apenas uns dez passos e j os alcanou: Duda estava enroscado no cho, osbraos cruzados sobre o rosto. Um segundo dementador agachava-se para ele, agarrando seuspulsos com as mos escorregadias, forando-as a se separarem lentamente, quasecarinhosamente, aproximando a cabea encapuzada do rosto de Duda como se fosse beij-lo.

    PEGA ELE! berrou Harry, e, com um rudo de fora e velocidade, o veado prateado queele conjurara passou a galope. A cara sem olhos do dementador estava a menos de trscentmetros de Duda quando a galhada de prata o atingiu; ele foi atirado para o ar e, como seucompanheiro, saiu voando e foi absorvido pela escurido; o veado se dirigiu a meio galopepara um extremo da travessa e se dissolveu em uma nvoa argentina.

    A luz, as estrelas e os lampies recobraram vida. Uma brisa morna varreu a travessa. Asrvores farfalharam pelos jardins dos arredores e o rudo abafado dos carros no largo dasMagnlias encheu mais uma vez o ar.

    Harry ficou muito quieto, todos os seus sentidos vibrando, procurando absorver o retorno normalidade. Passado um instante, ele percebeu que sua camiseta estava grudada ao corpo; eleestava alagado de suor.

  • No conseguia acreditar no que acabara de acontecer. Dementadores ali, em LittleWhinging.

    Duda continuava enroscado no cho, choramingando e tremendo. Harry se abaixou para verse o primo estava em condies de se levantar, mas neste instante ouviu algum correndo asuas costas. Instintivamente, ele tornou a erguer a varinha e girou nos calcanhares paraenfrentar o recm-chegado.

    A Sra. Figg, a velhota gag, sua vizinha, apareceu ofegante. Seus cabelos grisalhosescapavam por baixo da rede que usava, do seu pulso pendia uma saca de compras de fiometlico e seus calcanhares sobravam para fora nas pantufas de tecido xadrez. Harry procurouesconder rapidamente a varinha, mas...

    No guarde isso, menino idiota! gritou ela, esganiada. E se houver mais deles poraqui? Ah, eu vou matar o Mundungo Fletcher!

  • CAPTULO DOIS Uma revoada de corujas

    Qu? exclamou Harry sem entender. Ele saiu respondeu a Sra. Figg, torcendo as mos. Saiu para ver algum a propsito de

    uma remessa de caldeires que caiu da garupa de uma vassoura! Eu disse que o esfolaria vivose ele fosse, e agora veja o que aconteceu! Dementadores! Foi uma sorte eu ter posto o Sr.Tibbles no caso! Mas no temos tempo para ficar parados! Corra agora, voc tem de voltarpara casa! Ah, a confuso que isso vai provocar! Eu vou matar aquele homem!

    A revelao de que sua vizinha gag com mania de gatos sabia o que eram dementadores foiquase um choque to grande para Harry quanto encontrar dois deles na travessa.

    A senhora bruxa? No consegui ser, e Mundungo sabe muito bem disso, ento como que eu ia poder ajudar

    a espantar os dementadores? Ele deixou voc completamente descoberto e eu o avisei... Esse tal Mundungo andou me seguindo? Espere a... foi ele! Desaparatou na frente da

    minha casa! Isso mesmo, mas por sorte eu tinha mandado o Sr. Tibbles ficar debaixo de um carro, s

    por precauo, e ele veio me avisar, mas quando cheguei voc j tinha sado de casa... eagora... ah, que que o Dumbledore vai dizer? Voc! gritou ela para Duda, ainda inerte nocho da travessa. Levanta essa bunda gorda do cho, anda logo!

    A senhora conhece Dumbledore? perguntou Harry olhando fixamente para a velhota. Claro que conheo Dumbledore, quem no conhece Dumbledore? Mas vamos logo. No

    vou poder ajudar voc se eles voltarem. Eu nunca consegui transfigurar nem um saquinho dech.

    Ela se abaixou, agarrou o brao macio de Duda com as mos enrugadas e puxou. Levanta, seu monte de carne intil, levanta!Mas Duda ou no podia ou no queria se mexer. Continuou no cho, trmulo, de cara plida,

    a boca hermeticamente fechada. Eu fao isso. Harry agarrou Duda pelo brao e puxou. Com enorme esforo, conseguiu

    p-lo de p. Duda parecia prestes a desmaiar. Seus olhos midos giravam nas rbitas e o suorgotejava em seu rosto; no momento em que Harry o largou, ele balanou precariamente.

    Anda depressa! disse a Sra. Figg, nervosa.O garoto passou um dos braos macios de Duda por cima dos prprios ombros e arrastou-

    o em direo rua, ligeiramente curvado sob o peso. A Sra. Figg acompanhou-os com passosvacilantes, espiando, ansiosa, pela esquina.

    Mantenha a varinha preparada recomendou a Harry ao entrarem na alameda dasGlicnias. No se preocupe com o Estatuto de Sigilo agora, de qualquer jeito vai haver umaconfuso dos diabos, e melhor sermos enforcados por causa de um drago do que por umovo. E ainda falam da Restrio Prtica de Magia por Menores... era exatamente disso que

  • o Dumbledore tinha medo... Que aquilo ali no fim da rua? Ah, s o Sr. Prentice... noguarde a sua varinha, menino, quantas vezes j lhe disse que no sirvo para nada?

    No era fcil empunhar a varinha com firmeza e ao mesmo tempo arrastar Duda. Harry deuuma cotovelada impaciente nas costelas do primo, mas ele parecia ter perdido toda a vontadede se movimentar sozinho. Estava derreado no ombro de Harry, arrastando os ps enormespelo cho.

    Por que a senhora no me contou que era quase bruxa, Sra. Figg? perguntou Harry,ofegando com o esforo de continuar andando. Todas aquelas vezes que fui sua casa... porque a senhora no falou nada?

    Ordens do Dumbledore. Era para eu ficar de olho em voc, mas sem dizer nada, voc eramuito criana. Desculpe ter sido to chata, Harry, mas os Dursley nunca o teriam deixado mevisitar se achassem que voc estava se divertindo. No foi fcil, sabe... mas, minha nossa! exclamou ela tragicamente, torcendo as mos , quando Dumbledore souber... como que oMundungo pde sair, devia ter ficado de servio at a meia-noite... onde que ele se meteu?Como que vou contar ao Dumbledore o que aconteceu? No sei aparatar.

    Eu tenho uma coruja, posso lhe emprestar. Harry gemeu, receando que sua coluna separtisse sob o peso do primo.

    Harry, voc no entende! Dumbledore vai precisar agir o mais rpido possvel, oMinistrio tem meios prprios de detectar mgicas realizadas por menores, eles j sabem,pode escrever o que estou dizendo.

    Mas eu estava me livrando dos dementadores, tinha de usar magia: com certeza estariammais preocupados se os dementadores estivessem andando pela alameda das Glicnias.

    Ah, querido, eu gostaria que fosse assim, mas receio... MUNDUNGO FLETCHER, EUVOU MATAR VOC!

    Ouviu-se um grande estalo, e um forte cheiro de bebida misturado ao de fumo curtidoimpregnou o ar quando um homem atarracado, com a barba por fazer, e vestindo um casacoesfarrapado, se materializou diante do grupo. Tinha pernas curtas e arqueadas, cabelos ruivose desgrenhados, olhos empapuados e vermelhos que lhe davam a aparncia triste de um code caar lebres. Trazia tambm nas mos um embrulho prateado que Harry reconheceu namesma hora como uma Capa da Invisibilidade.

    Alguma novidade, Figgy? perguntou ele olhando da velhota para Harry e deste paraDuda. Que aconteceu com a sua vigilncia secreta?

    Vou lhe mostrar a vigilncia secreta! exclamou a Sra. Figg. Dementadores, seuladrozinho imprestvel e golpista!

    Dementadores? repetiu Mundungo, horrorizado. Dementadores, aqui? Aqui, seu monte intil de bosta de morcego, aqui! gritou ela. Dementadores atacando

    o garoto no seu turno de servio! Pombas praguejou Mundungo baixinho, olhando da Sra. Figg para Harry e de volta

    mulher. Pombas, eu... E voc solta pelo mundo comprando caldeires roubados! Eu no lhe disse para no ir?

    No disse? Eu... bem... Mundungo parecia profundamente constrangido. Era um timo negcio,

    entende...A Sra. Figg ergueu o brao em que trazia pendurada uma saca metlica, deu impulso e

  • meteu-a na cara e no pescoo do bruxo; a julgar pelo barulho que a saca fez, estava cheia decomida de gato.

    Ai... para com isso... para com isso, sua velha caduca! Algum vai ter de contar aoDumbledore!

    E... vai... mesmo! berrou a Sra. Figg, batendo com a saca de comida de gato em todas aspartes do corpo de Mundungo ao seu alcance. E... ... melhor... que... seja... voc... e podecontar a ele... por... que... no... estava... aqui... para... ajudar!

    No precisa se descabelar! disse Mundungo, erguendo os braos para proteger a cabeae encolhendo o corpo. Eu vou, eu vou!

    E, com outro estalo forte, ele desapareceu. Espero que o Dumbledore mate ele! exclamou a Sra. Figg, furiosa. Agora vamos,

    Harry, que que voc est esperando?Harry decidiu no gastar o flego que lhe restava para explicar que mal conseguia andar

    sob o peso de Duda. Puxou o primo semi-inconsciente mais para cima e prosseguiucambaleando.

    Vou levar voc at a porta disse a Sra. Figg, quando entraram na rua dos Alfeneiros. Para o caso de haver mais deles por a... ah, minha nossa, que catstrofe... e voc precisouenfrent-los sozinho... e Dumbledore disse que tnhamos de impedi-lo de fazer mgicas a todocusto... bem, no adianta chorar a poo derramada... agora o gato est solto no meio dosdiabretes.

    Ento ofegou Harry Dumbledore... mandou... gente me seguir? claro respondeu a velhota, impaciente. Voc esperava que o deixasse andar por a

    sozinho depois do que aconteceu em junho? Meu Deus, garoto, me disseram que voc erainteligente... certo... agora entre em casa e no saia mais recomendou ela, quando chegaramao nmero quatro. Imagino que no vai demorar muito para algum entrar em contato comvoc.

    Que que a senhora vai fazer? perguntou Harry depressa. Vou direto para casa respondeu a velhota, correndo o olhar pela rua e estremecendo.

    Preciso aguardar mais instrues. No saia de casa. Boa-noite. No v, fique mais um pouco. Eu quero saber...Mas a Sra. Figg j se fora, apressada, as pantufas batendo contra os calcanhares, a saca

    retinindo. Espere! gritou o garoto. Tinha mil perguntas para fazer a quem estivesse em contato com

    Dumbledore; mas em segundos a velhota foi engolida pela escurido. Contrariado, ele tornoua ajeitar Duda sobre os ombros e continuou, lenta e penosamente, em direo entrada decasa.

    A luz do hall estava acesa. Harry tornou a guardar a varinha no cs das jeans, tocou acampainha e observou a silhueta de tia Petnia ir crescendo, estranhamente distorcida pelovidro ondulado da porta.

    Duzinho! At que enfim, eu j estava ficando muito... muito... Duzinho, que que voctem?

    Harry olhou de esguelha para Duda e saiu de baixo dele bem a tempo. O primo oscilou porum momento no mesmo lugar, o rosto verde-plido... ento abriu a boca e vomitou no capachoda entrada.

  • DUZINHO! Duzinho!, que que voc tem? Vlter? VLTER!O tio de Harry acorreu da sala de estar, gingando o corpo pesado, bigodo de morsa

    sacudindo para c e para l como sempre fazia quando estava agitado.Vlter apressou-se a ajudar Petnia a manobrar o filho de joelhos bambos pelo portal, ao

    mesmo tempo que evitava pisar na poa de vmito. Ele est passando mal, Vlter! Que foi, filho? Que aconteceu? A Sra. Polkiss lhe serviu alguma coisa extica para o ch? Por que que voc est todo sujo, querido? Andou deitando no cho? Espere a: voc no foi assaltado, foi, filho?Tia Petnia gritou: Chame a polcia, Vlter! Chame a polcia! Duzinho, querido, fale com a mame! Que foi

    que fizeram com voc?Durante todo esse alvoroo, ningum pareceu ter reparado em Harry, o que lhe convinha

    perfeitamente. Conseguiu deslizar pela porta pouco antes do tio Vlter bat-la e, enquanto osDursley avanavam atropeladamente pelo corredor da cozinha, Harry prosseguiu, cauteloso eem silncio, em direo escada.

    Quem fez isso, filho? Diga os nomes. Vamos peg-los, no se preocupe. Psiu! Ele est tentando falar alguma coisa, Vlter! Que foi, Duzinho? Conte pra mame!O p de Harry estava no primeiro degrau da escada quando Duda recuperou a voz. Ele.Harry congelou, o p na escada, o rosto contrado, preparando-se para a exploso. MOLEQUE! VENHA J AQUI!Com uma sensao em que se misturavam o medo e a raiva, Harry tirou o p da escada e se

    virou para acompanhar os Dursley.A cozinha escrupulosamente limpa tinha um brilho irreal depois da escurido da rua. Tia

    Petnia levou Duda para uma cadeira; ele continuava verde e suado. Tio Vlter parou diantedo escorredor de pratos e encarou Harry com seus olhos midos apertados.

    Que foi que voc fez com o meu filho? perguntou com um rosnado ameaador. Nada respondeu o garoto, sabendo perfeitamente bem que o tio no acreditaria. Que foi que ele fez com voc, Duzinho? indagou Petnia com a voz trmula, agora

    limpando o vmito da frente do bluso de couro do filho. Foi... foi voc-sabe-o-qu,querido? Ele usou... a coisa dele?

    Lenta e tremulamente, Duda concordou com a cabea. No usei! disse Harry com rispidez, enquanto tia Petnia deixava escapar um guincho e

    o marido erguia os punhos. Eu no fiz nada com ele, no fui eu, foi...Mas, naquele exato momento, uma coruja-das-torres adentrou a janela da cozinha. Passando

    de raspo por cima da cabea do tio Vlter, a ave voou pela cozinha, largou aos ps de Harryum grande envelope de pergaminho que trazia no bico, fez uma volta graciosa, as pontas dasasas apenas roando o topo da geladeira, e, em seguida, tornou a sair para o jardim.

    CORUJAS! urrou tio Vlter, a grossa veia em sua tmpora pulsando de clera ao bater ajanela da cozinha. CORUJAS OUTRA VEZ! NO VOU MAIS PERMITIR CORUJAS EMMINHA CASA!

    Mas Harry j estava abrindo o envelope e puxando a carta que havia dentro, seu coraopalpitava com fora como se estivesse no pomo de ado.

  • Prezado Sr. Potter,Chegou ao nosso conhecimento que V. S executou o Feitio do Patrono s vinte e umahoras e vinte e trs minutos de hoje em uma rea habitada por trouxas e em presena de umdeles.

    A gravidade dessa violao do Decreto de Restrio Prtica de Magia por Menoresacarretar sua expulso da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Representantes doMinistrio iro procur-lo em sua residncia nos prximos dias para destruir sua varinha.

    Como V. S j recebeu um aviso oficial por uma infrao anterior Seo 13 do Estatutode Sigilo em Magia da Confederao Internacional de Bruxos, lamentamos informar quedever comparecer a uma audincia disciplinar no Ministrio da Magia s nove horas dodia doze de agosto.

    Fazemos votos que esteja bem,Atenciosamente,Mafalda HopkirkSeo de Controle do Uso Indevido de MagiaMinistrio da Magia

    Harry leu a carta inteira duas vezes. Tinha apenas uma vaga conscincia de que os tioscontinuavam falando. Em sua cabea, tudo ficou congelado e insensvel. Um nico fatopenetrara sua conscincia como um dardo paralisante. Fora expulso de Hogwarts. Tudoterminara. Nunca mais poderia voltar.

    Ele ergueu os olhos para os Dursley. O tio, de cara prpura, gritava com os punhos aindaerguidos. A tia passara os braos em torno de Duda, que voltara a vomitar.

    O crebro temporariamente estupidificado de Harry pareceu despertar. Representantes doMinistrio iro procur-lo em sua residncia nos prximos dias para destruir sua varinha.S havia uma soluo. Teria de fugir agora. Para onde, ele no sabia, mas estava certo deuma coisa: em Hogwarts ou fora da escola, precisava da varinha. Em um estado de quasedevaneio, puxou a varinha e virou-se para sair da cozinha.

    Aonde que voc pensa que vai? berrou o tio Vlter. Como o garoto no respondesse,ele avanou decidido pela cozinha para bloquear a sada para o corredor. Ainda noterminei com voc, moleque!

    Sai do meu caminho disse Harry com a voz controlada. Voc vai ficar aqui e explicar por que o meu filho... Se o senhor no sair do meu caminho vou lhe lanar um feitio ameaou Harry,

    erguendo a varinha. No pense que me engana com essa conversa vociferou o tio. Eu sei que voc no tem

    permisso de usar magia fora daquele hospcio que chama de escola! O hospcio acaba de me expulsar. Por isso posso fazer o que bem entender. O senhor tem

    trs segundos. Um... dois...Um forte estampido ecoou na cozinha. Tia Petnia gritou. Tio Vlter berrou e se abaixou, e

    pela terceira vez naquela noite Harry ficou procurando a fonte de um rudo que no fizera.Localizou-a imediatamente: uma corujadas-igrejas, tonta e arrepiada, estava pousada do ladode fora do peitoril da cozinha, pois acabara de colidir com a janela fechada.

    Sem se importar com o berro angustiado do tio, CORUJAS!, Harry atravessou correndo o

  • aposento e escancarou a janela. A ave esticou a perna, qual estava preso um pequeno rolo depergaminho, sacudiu as penas e levantou voo assim que Harry desprendeu a carta. As mostrmulas, o garoto desenrolou esta segunda mensagem, escrita apressadamente, a tinta pretameio borrada.

    Harry,Dumbledore acabou de chegar ao Ministrio e est tentando resolver o problema. NODEIXE A CASA DOS SEUS TIOS. NO FAA MAIS NENHUMA MGICA. NO ENTREGUESUA VARINHA.

    Arthur Weasley

    Dumbledore estava tentando resolver o problema... que significava isso? Que poder tinhaDumbledore para se sobrepor ao Ministrio da Magia? Havia talvez uma chance de voltar aHogwarts? Um brotinho de esperana comeou a nascer no peito de Harry, mas quaseimediatamente foi sufocado pelo pnico como iria se negar a entregar a varinha sem usar amagia? Teria de duelar com os representantes do Ministrio e, se fizesse isso, teria sorte deno acabar em Azkaban, isso sem falar na expulso.

    Seus pensamentos voavam... poderia tentar fugir e se arriscar a ser capturado peloMinistrio ou ficar parado e esperar que o encontrassem ali. Sentia-se muito mais tentado pelaprimeira hiptese, mas sabia que o Sr. Weasley queria o seu bem... e, afinal de contas,Dumbledore j resolvera antes problemas muito piores.

    Tudo bem disse Harry , mudei de ideia, vou ficar.Largou-se ento mesa da cozinha e encarou Duda e a tia. Os Dursley pareciam surpresos

    com sua repentina mudana de ideia. A tia olhou desesperada para o marido. A veia natmpora do tio Vlter pulsava mais que nunca.

    De quem so todas essas corujas? rosnou ele. A primeira era do Ministrio da Magia, comunicando minha expulso explicou Harry

    calmamente. Apurava os ouvidos para os rudos l fora, tentando identificar se osrepresentantes do Ministrio estariam chegando, e era mais fcil e mais silencioso responders perguntas do tio do que faz-lo se enfurecer e berrar. A segunda foi do pai do meu amigoRony, que trabalha no Ministrio.

    Ministrio da Magia? berrou o tio. Gente de sua laia no governo? Ah, isso explicatudo, tudo mesmo, no admira que o pas esteja indo para o brejo.

    Como Harry no reagiu, o tio olhou-o zangado e bufou: E por que que voc foi expulso? Porque usei a magia. Ah-ah! rugiu o tio, dando um murro em cima da geladeira, que se abriu; vrios

    lanchinhos de baixa caloria de Duda caram e se espatifaram no cho. Ento voc admite!Que foi que voc fez com o Duda?

    Nada falou Harry um pouco menos calmo. No fui eu... Foi murmurou Duda inesperadamente e, na mesma hora, os pais fizeram acenos para

    Harry calar a boca, curvando-se para o filho. Vamos, filho disse tio Vlter , que foi que ele fez? Diga pra gente, querido sussurrou tia Petnia. Apontou a varinha para mim balbuciou o garoto.

  • Foi, fiz isso sim, mas no a usei... Harry comeou a dizer aborrecido, mas... CALE A BOCA! berraram os tios em unssono. Continue, filho repetiu o tio Vlter, sua bigodeira esvoaando furiosamente. Tudo ficou escuro disse Duda, estremecendo. Tudo escuro. Ento eu ouv-vi... coisas.

    Dentro da minha c-cabea.Tio Vlter e tia Petnia se entreolharam cheios de horror. Se a coisa de que menos

    gostavam na vida era a magia seguida de perto por vizinhos que burlavam mais do que eles aproibio de usar mangueiras , gente que ouvia vozes decididamente ficava entre as dezltimas. Obviamente acharam que Duda estava perdendo o juzo.

    Que tipo de coisas voc ouviu, fofinho? sussurrou tia Petnia, o rosto muito plido elgrimas nos olhos.

    Mas Duda parecia incapaz de responder. Estremeceu de novo e sacudiu sua enorme cabealoura e, apesar da sensao entorpecida de pavor que se instalara em Harry desde a chegadada primeira coruja, ele sentiu uma certa curiosidade. Os dementadores faziam a pessoareviver os piores momentos da vida. Que que o mal-acostumado, mimado, implicante Dudafora obrigado a ouvir?

    Como foi que voc caiu, filho? perguntou tio Vlter, em um tom calmo e anormal, o tomque se adotaria cabeceira de algum muito doente.

    T-tropecei gaguejou Duda. E a...Ele apontou para o peito macio. Harry compreendeu que o primo estava revivendo o frio

    pegajoso que invadira seus pulmes quando a esperana e a felicidade foram arrancadas dele. Horrvel comentou com a voz rouca. Frio. Realmente frio. Tudo bem disse o pai, esforando-se para falar com calma, enquanto sua mulher,

    ansiosa, levava a mo testa de Duda para sentir sua temperatura. Que aconteceu ento,Duda?

    Senti... senti... senti... como se... como se... Como se jamais fosse voltar a ser feliz completou Harry sem emoo. Foi sussurrou o primo, ainda tremendo. Ento! disse tio Vlter, a voz recuperando seu completo e sonoro volume, endireitando-

    se. Voc lanou um feitio maluco no meu filho para que ele ouvisse vozes e acreditasse queestava... condenado a ser infeliz ou outra coisa do gnero, foi isso que fez?

    Quantas vezes vou precisar repetir? disse Harry, a voz e a raiva aumentando. No fuieu! Foram dois dementadores!

    Dois o qu?... que tolice essa? De-men-ta-do-res disse o garoto lenta e claramente. Dois. E que diabo so dementadores? So os guardas da priso dos bruxos, Azkaban disse tia Petnia.Dois segundos de retumbante silncio seguiram-se a essas palavras antes que tia Petnia

    levasse a mo boca como se tivesse deixado escapar um palavro. Tio Vlter arregalou osolhos para a mulher. O crebro de Harry rodopiou. A Sra. Figg era uma coisa mas a tiaPetnia?

    Como que voc sabe disso? perguntou-lhe o marido, perplexo.Tia Petnia pareceu muito espantada consigo mesma. Olhou para o marido num pedido

    mudo de desculpas, depois baixou um pouquinho a mo mostrando seus dentes cavalares.

  • Ouvi... aquele rapaz horrvel... contando a ela sobre os guardas... h muitos anos respondeu sem jeito.

    Se a senhora est se referindo minha me e ao meu pai, por que no diz o nome deles? protestou Harry em voz alta, mas a tia no lhe deu ateno. Parecia extremamente embaraada.

    Harry ficou aturdido. Exceto por um desabafo h muitos anos, durante o qual a tia gritaraque a me dele era anormal, o garoto nunca a ouvira mencionar a irm. Espantava-se que elativesse guardado durante tanto tempo essa pequena informao sobre o mundo da magia,quando em geral concentrava todas as suas energias em fingir que ele no existia.

    Tio Vlter abriu a boca, tornou a fech-la, depois, aparentemente se esforando para selembrar de como falar, abriu-a uma terceira vez e disse, rouco:

    Ento... ento... eles... hum... eles... hum... eles realmente existem, esses... hum... esses taisde dementis ou l o que sejam?

    Tia Petnia concordou com um aceno de cabea.Vlter olhou da mulher para o filho e dele para o sobrinho, como se esperasse algum gritar

    Primeiro de abril!. Mas como ningum gritou, ele tornou a abrir a boca, mas foi-lhepoupado o trabalho de encontrar palavras pela chegada da terceira coruja da noite. Ela entroucom a velocidade de um blide emplumado pela janela ainda aberta e pousou comestardalhao na mesa da cozinha, fazendo os trs Dursley pularem de susto. Harry puxou umsegundo envelope de aspecto oficial do bico da coruja e abriu-o, enquanto a ave arrancava devolta noite.

    Chega... pombas... dessas corujas resmungou o tio distrado, dirigindose decidido janela e fechando-a com violncia.

    Prezado Sr. Potter,Em aditamento a nossa carta enviada h aproximadamente vinte e dois minutos, oMinistrio da Magia revisou a deciso de destruir a sua varinha imediatamente. V. Spoder conserv-la at a audincia disciplinar marcada para o dia doze de agosto, ocasioem que tomaremos uma deciso oficial.

    Aps discutir o assunto com o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, oMinistrio concordou que a questo de sua expulso ser igualmente decidida na mesmaoportunidade. V. S dever, portanto, considerar-se suspenso da escola at o trmino dasinvestigaes.

    Com os nossos melhores votos,Atenciosamente,Mafalda HopkirkSeo de Controle do Uso Indevido de MagiaMinistrio da Magia

    Harry leu esta carta do princpio ao fim trs vezes seguidas. O aperto de infelicidade emseu peito diminuiu um pouquinho ao saber que no estava definitivamente expulso, embora osseus temores no estivessem de modo algum extintos. Tudo parecia estar dependendo dessa talaudincia do dia doze de agosto.

    E ento? perguntou o tio Vlter, chamando o sobrinho de volta cozinha. E agora?Eles o condenaram a alguma coisa? Gente de sua laia tem sentena de morte? perguntouesperanoso.

  • Tenho de comparecer a uma audincia respondeu Harry. E l voc vai receber a sentena? Imagino que sim. Ento ainda tenho esperanas comentou o tio perversamente. Bom, se j acabou disse Harry se levantando. Estava doido para se isolar, pensar,

    talvez mandar cartas a Rony, Hermione e Sirius. NO, CLARO QUE NO ACABEI, POMBAS! berrou o tio. SENTESE OUTRA

    VEZ! E agora o qu? perguntou Harry impaciente. DUDA! vociferou o tio. Quero saber exatamente o que aconteceu com o meu filho! TIMO! berrou Harry, e era tanta a raiva que centelhas vermelhas e douradas

    dispararam da ponta da varinha que ainda segurava na mo. Os trs Dursley se encolheram,parecendo aterrorizados. Duda e eu amos pela travessa entre o largo das Magnlias e aalameda das Glicnias contou Harry depressa, procurando no se zangar. Duda achou quepodia se fazer de engraadinho comigo, saquei a minha varinha, mas no a usei. Entoapareceram dois dementadores...

    Mas o que SO dementoides? perguntou o tio, agressivo. Que que eles FAZEM? Eu j disse: chupam a felicidade que a pessoa traz dentro dela e, se tm uma chance, lhe

    do um beijo... Do um beijo? repetiu o tio, com os olhos saltando ligeiramente. Do um beijo? como se diz quando eles sugam a alma de uma pessoa pela boca.Tia Petnia deixou escapar um gritinho. A alma de Duda? Eles no tiraram... ele ainda tem a alma...Ela agarrou o filho pelos ombros e sacudiu-o, como se quisesse verificar se ainda

    conseguia ouvir o barulho da alma chocalhando dentro dele. claro que no tiraram a alma dele, a senhora veria se tivessem feito isso disse Harry,

    exasperado. Voc os afugentou, no foi, filho? falou tio Vlter muito alto, passando a impresso de

    algum que lutava para trazer a conversa de volta a um plano que pudesse entender. Meteu-lhes dois socos seguidos, no foi?

    No se pode meter dois socos seguidos em um dementador disse Harry cerrando osdentes.

    Ento por que que ele continua normal? esbravejou o tio Vlter. Por que que noficou completamente oco?

    Porque eu usei o Patrono...VUUUUUUM. Com um estrpito, um bater de asas e uma chuva fina de poeira, uma quarta

    coruja precipitou-se da chamin da cozinha. PELO AMOR DE DEUS! rugiu tio Vlter, arrancando grandes chumaos de pelos do

    bigode, coisa que no o compeliam a fazer havia muito tempo. NO QUERO CORUJASAQUI DENTRO, NO VOU TOLERAR ISSO, J DISSE!

    Mas Harry j estava soltando um rolo de pergaminho da perna da coruja. Estava toconvencido de que a carta s podia ser de Dumbledore, explicando tudo os dementadores, aSra. Figg, o que o Ministrio ia fazer, como ele, Dumbledore, pretendia resolver tudo quepela primeira vez na vida ficou desapontado ao reconhecer a letra de Sirius. Ignorando o

  • sermo do tio sobre as corujas e apertando os olhos para se proteger de uma segunda nuvemde poeira quando esta ltima coruja tornou a subir pela chamin, Harry leu a mensagem dopadrinho.

    Arthur acabou de nos contar o que aconteceu. Faa o que quiser, mas no saia mais decasa.

    Harry achou a mensagem to insuficiente depois de tudo que acontecera aquela noite quevirou o pergaminho, procurando o resto da mensagem, mas no havia mais nada.

    E agora sua irritao recomeava a crescer. Ser que ningum ia dizer muito bem por eleter afugentado sozinho dois dementadores? Tanto o Sr. Weasley quanto Sirius estavam agindocomo se ele tivesse se comportado mal e estavam guardando a bronca at se certificarem dosestragos que ele fizera.

    ... Uma vorreada, quero dizer, uma revoada de corujas entrando e saindo da minha casa.No quero isso, moleque, no quero...

    No posso impedir as corujas de virem retrucou Harry com rispidez, amarrotando acarta de Sirius.

    Quero saber a verdade sobre o que aconteceu hoje noite! gritou o tio. Se foram osdemendores que atacaram Duda, como ento que voc foi expulso? Voc mesmo admitiu quefez voc-sabe-o-qu!

    Harry inspirou profundamente para se controlar. Sua cabea estava comeando a doer outravez. Mais do que tudo no mundo, ele queria sair da cozinha e ficar longe dos Dursley.

    Executei o Feitio do Patrono para me livrar dos dementadores respondeu, fazendofora para manter a calma. a nica coisa que funciona contra eles.

    Mas o que que os dementoides estavam fazendo em Little Whinging? perguntou tioVlter indignado.

    No sei lhe responder disse o menino desgostoso. No fao ideia.Sua cabea agora latejava luz neon. Sua raiva ia desaparecendo. Sentiase vazio, exausto.

    Os Dursley tinham os olhos fixos nele. voc disse o tio com firmeza. Tem alguma coisa a ver com voc, moleque, eu sei

    que tem. Por que outra razo apareceriam aqui? Por que outra razo estariam naquelatravessa? Voc deve ser o nico... o nico... Evidentemente ele no conseguia se forar adizer a palavra bruxo. O nico voc-sabe-o-qu em um raio de quilmetros.

    Eu no sei por que eles estavam aqui.Mas, ao ouvir as palavras do tio, o crebro exausto de Harry voltou lentamente a entrar em

    ao. Por que os dementadores tinham vindo a Little Whinging? Como poderia sercoincidncia que tivessem chegado travessa em que Harry estava? Algum os teriamandado? O Ministrio da Magia teria perdido o controle sobre os dementadores? Eles teriamabandonado Azkaban e se juntado a Voldemort, como Dumbledore previra que fariam?

    Esses demembrados guardam uma priso de gente esquisita? perguntou o tio Vlter,seguindo penosamente o raciocnio de Harry.

    Guardam.Se ao menos sua cabea parasse de doer, se ao menos ele pudesse simplesmente sair da

    cozinha e ir para o seu quarto escuro e pensar... Ahh! Eles vieram prender voc! disse o tio, com o ar triunfante de um homem que chega

  • a uma concluso incontestvel. isso, no , moleque? Voc um fugitivo da justia! Claro que no sou respondeu Harry, sacudindo a cabea como se quisesse espantar uma

    mosca, o raciocnio agora em pleno funcionamento. Ento por qu...? Ele deve ter mandado os dementadores disse o menino em voz baixa, mais para si

    prprio do que para o tio. Que foi que voc disse? Quem deve ter mandado os dementadores? Lorde Voldemort.Ele registrou vagamente como era estranho que os Dursley, que faziam caretas e estrilavam

    quando ouviam palavras como bruxo, magia ou varinha, pudessem ouvir o nome dobruxo mais diablico de todos os tempos sem o mnimo tremor.

    Lorde... espere a disse tio Vlter, o rosto contrado, uma expresso de lentoentendimento aparecendo em seus olhinhos sunos. J ouvi esse nome... no foi esse que...

    Matou meus pais, foi respondeu Harry. Mas ele j se foi disse tio Vlter impaciente, sem a menor indicao de que a morte dos

    pais de Harry pudesse ser um assunto doloroso. Aquele gigante falou. Ele se foi. Ele voltou explicou o garoto, triste.Era estranho estar parado ali na cozinha cirurgicamente limpa da tia Petnia, ao lado de

    uma geladeira de ltimo tipo e uma enorme tela de televiso, conversando calmamente com otio sobre Lorde Voldemort. A chegada dos dementadores a Little Whinging parecia terrompido o grande muro invisvel que separava o mundo implacavelmente no mgico da ruados Alfeneiros e o mundo alm. As duas vidas de Harry de alguma forma haviam se fundido etudo virara de cabea para baixo; os Dursley estavam pedindo detalhes sobre o mundomgico, e a Sra. Figg conhecia Dumbledore; os dementadores estavam circulando por LittleWhinging, e ele talvez nunca mais voltasse a Hogwarts. Sua cabea latejou com mais fora,doendo ainda mais.

    Voltou? sussurrou tia Petnia.Ela olhou para Harry como nunca o fizera antes. E, de repente, pela primeira vez na vida,

    Harry pde apreciar inteiramente o fato de que Petnia era irm de sua me. Ele no sabiadizer por que isto o atingia com tanta fora neste momento. S sabia que no era a nicapessoa naquele aposento a suspeitar o que poderia significar a volta de Lorde Voldemort. TiaPetnia jamais o olhara assim na vida. Seus grandes olhos claros (to diferentes dos da irm)no estavam apertados de contrariedade nem de raiva, estavam arregalados e cheios de medo.O fingimento inabalvel que mantivera at ali de que no havia magia e nenhum outro mundoalm daquele que habitava com o marido parecia ter rudo.

    Voltou respondeu, dirigindo-se agora tia. Faz um ms que voltou. Eu o vi.As mos dela procuraram os ombros compactos do filho sob o bluso de couro e os

    apertaram. Espere a disse o tio, olhando da mulher para o sobrinho e mais uma vez para ela,

    aparentemente aturdido e confuso pela compreenso sem precedentes que parecia ter nascidoentre eles. Espere a. Voc est dizendo que esse tal Lord Vol das quantas voltou?

    . O que matou seus pais? .

  • E agora est mandando dementadores atrs de voc? o que parece. Entendo disse o tio, olhando de Petnia para Harry e puxando as calas para cima.

    Parecia estar inchando, seu enorme rosto prpura comeou a dilatar diante dos olhos dosobrinho. Ento est decidido disse, a frente da camisa se esticando medida que eleinchava , pode sair desta casa, moleque!

    Qu?! exclamou Harry. Voc me ouviu: SAIA! berrou o tio, e at tia Petnia e Duda pularam. FORA! FORA!

    Eu devia ter feito isso h muito tempo! As corujas tratam esta casa como se fosse um asilo, opudim explode, metade da sala fica destruda, Duda cria rabo, Guida balana pelo teto e temFord Anglia voando... FORA! FORA! Acabou para voc! Voc agora pertence ao passado!No vai continuar aqui se tem um maluco caando voc, no vai pr em perigo a vida daminha mulher e do meu filho, no vai criar problemas para ns. Se vai seguir o mesmocaminho que aqueles inteis dos seus pais, terminamos AQUI!

    Harry ficou pregado no cho. As cartas do Ministrio, do Sr. Weasley e de Siriusamarrotadas em sua mo. Faa o que quiser, mas no saia de casa outra vez. NO SAIA DACASA DOS SEUS TIOS.

    Voc me ouviu! disse tio Vlter, curvando-se para o sobrinho e aproximando tanto oenorme rosto prpura que Harry chegou a sentir gotas de saliva baterem em seu rosto. Agorav andando! H meia hora voc estava muito ansioso para ir embora! Pois estou bem atrs devoc! Saia e nunca mais volte a pisar a soleira desta casa! No sei por que aceitamos voc,para comear. Guida tinha razo, voc deveria ter ido para um orfanato. Tivemos o coraomole demais para o nosso prprio bem, pensamos que podamos arrancar essa coisa de dentrode voc, que podamos transform-lo em um garoto normal, mas voc estava bichado desde ocomeo, e para mim chegou... corujas!

    A quinta coruja entrou to vertiginosamente pela chamin que bateu no cho e soltou um pioforte antes de voltar ao ar. Harry ergueu a mo para agarrar a carta em um envelope vermelho,mas a ave passou por cima dele e voou at tia Petnia, que deixou escapar um berro e seabaixou protegendo o rosto com os braos. A coruja soltou o envelope na cabea dela, fez acurva e tornou a voar direto para a chamin.

    Harry correu para apanhar a carta, mas Petnia chegou primeiro. A senhora pode abrir, se quiser, mas de qualquer maneira eu vou ouvir o que a carta diz.

    um berrador. Largue isso, Petnia! rugiu o tio. No toque, pode ser perigoso. Est endereada a mim disse ela com a voz trmula. Est endereada a mim, Vlter,

    olhe! Sra. Petnia Dursley, rua dos Alfeneiros, Nmero Quatro, Cozinha...Ela prendeu a respirao, horrorizada. O envelope vermelho comeara a fumegar. Abre! apressou-a Harry. Acaba logo com isso! O envelope vai se abrir mesmo. No.A mo de tia Petnia tremia. Ela olhava a esmo pela cozinha como se procurasse uma sada

    para fugir, mas tarde demais o envelope pegou fogo. Com um grito, tia Petnia largou-o nocho.

    Uma voz horrvel saiu da carta em chamas e ecoou pelo aposento fechado. Lembre-se da ltima, Petnia.

  • Petnia pareceu que ia desmaiar. Afundou na cadeira ao lado de Duda, o rosto nas mos. Acarta se consumiu silenciosamente e s restaram cinzas.

    Que foi isso? perguntou tio Vlter rouco. Qu... eu no... Petnia?Tia Petnia no respondeu, Duda olhou abobado para a me, boquiaberto. O silncio

    parecia subir em espirais. Harry observou a tia, atnito, sua cabea latejando tanto queparecia que ia explodir.

    Petnia, querida? chamou tio Vlter timidamente. Petnia?Ela ergueu a cabea. Ainda tremia. Engoliu em seco. O garoto... o garoto ter de ficar, Vlter disse ela com a voz fraca. Q-qu? Ele fica disse Petnia sem olhar para Harry. Ps-se de p. Ele... mas, Petnia... Se ns o atirarmos na rua, os vizinhos vo falar. Depressa ela foi recuperando os seus

    modos secos e meio rspidos, embora continuasse muito plida. Vo fazer perguntasembaraosas, vo querer saber que fim levou. Teremos de ficar com ele.

    Tio Vlter comeou a murchar como um pneu velho. Mas, Petnia, querida...Petnia no lhe deu ateno. Virou-se para Harry. Voc vai ficar no seu quarto disse. No pode sair de casa. Agora v se deitar.Harry no se mexeu. De quem era o berrador? No faa perguntas retorquiu asperamente a tia. A senhora tem contato com os bruxos? Eu disse para voc ir se deitar! Que queria dizer o berrador? Lembre-se da ltima o qu? V se deitar! Como...? VOC OUVIU O QUE SUA TIA FALOU, AGORA V SE DEITAR!

  • CAPTULO TRS A guarda avanada

    A abei de ser atacado por dementadores e poderei ser expulso de Hogwarts. Quero saber oque est acontecendo e quando vou sair daqui.

    Harry copiou essas palavras em trs folhas de pergaminho separadas, no instante em quechegou escrivaninha de seu quarto s escuras. Endereou a primeira a Sirius, a segunda aRony e a terceira a Hermione. Sua coruja, Edwiges, estava fora caando; a gaiola sobre aescrivaninha estava vazia. O garoto ficou andando para l e para c esperando a ave voltar, acabea latejando, o crebro acelerado demais para adormecer, mesmo que seus olhosardessem e coassem de cansao. Suas costas doam pelo esforo de carregar Duda para casa,e os dois galos em sua cabea, onde a janela e o primo haviam batido, estavam latejando commuita intensidade.

    Ele andava para a frente e para trs, rodo de raiva e frustrao, rilhando os dentes efechando os punhos, lanando olhares furiosos para o cu vazio, exceto pelas estrelas, todasas vezes que passava pela janela. Os dementadores enviados para apanh-lo, a Sra. Figg eMundungo Fletcher seguindo-o em segredo, depois a suspenso de Hogwarts e a audincia doMinistrio da Magia e ainda assim ningum lhe contava o que estava acontecendo.

    E o qu, o que queria dizer aquele berrador? Que voz horrvel era aquela que ecoou, deforma to ameaadora, pela cozinha?

    Por que ele continuava preso ali sem informaes? Por que todos o estavam tratando comouma criana malcomportada? No faa mais mgicas, no saia de casa...

    Deu um pontap no malo da escola ao passar, mas, em vez de aliviar a raiva, ele ficoupior, pois agora sentia uma dor aguda no dedo, para somar s outras no resto do corpo.

    Ao passar mancando pela janela, Edwiges entrou farfalhando suavemente as asas, como umfantasminha.

    J no era sem tempo! rosnou Harry, quando a ave pousou com leveza em cima dagaiola. Pode largar isso a, tenho trabalho para voc!

    Os grandes olhos redondos e mbar da coruja o miraram, com uma expresso de censura,por cima do sapo morto que trazia ao bico.

    Vem c disse-lhe o dono, apanhando os trs rolinhos de pergaminho e uma correia decouro para amarr-los perna escamosa da ave. Leve estas mensagens diretamente a Sirius,Rony e Hermione e no volte aqui sem respostas longas e completas. Se for preciso, no parede dar bicadas neles at escreverem respostas de tamanho decente. Entendeu?

    Edwiges soltou um pio abafado, seu bico ainda cheio de sapo. Ento vai andando falou Harry.Ela partiu imediatamente. No momento em que se foi, Harry se atirou na cama sem se despir

    e ficou olhando para o teto. Alm de todos os outros sentimentos infelizes, ele agora sentiaremorso por ter sido to rabugento com Edwiges; era a nica amiga que tinha no nmero

  • quatro da rua dos Alfeneiros. Mas ele a compensaria quando voltasse com respostas de Sirius,Rony e Hermione.

    Seus amigos com certeza iriam responder depressa; no podiam ignorar um ataque dedementadores. Ele provavelmente acordaria no dia seguinte e encontraria trs grossas cartasrecheadas de solidariedade e planos para sua imediata remoo para A Toca. E com essaideia reconfortante, o sono o venceu, sufocando outros pensamentos.

    Mas Edwiges no regressou na manh seguinte. Harry passou o dia no quarto, saindo apenaspara ir ao banheiro. Trs vezes naquele dia, tia Petnia empurrou comida para dentro doquarto pela aba que tio Vlter instalara trs veres passados. Todas as vezes que Harry aouvia se aproximar, tentava interrog-la sobre o berrador, mas teria sido melhor interrogar amaaneta, porque no obtinha resposta alguma. Afora isso, os Dursley se mantiveram bemlonge do seu quarto. Harry no via sentido em impor a eles sua companhia; mais uma brigano resolveria nada, exceto, talvez, deix-lo to aborrecido que acabaria apelando para amagia proibida.

    As coisas continuaram nesse ritmo durante trs dias inteiros. Harry sentia-se invadido poruma energia excessiva que o impedia de se concentrar em qualquer coisa, momentos em quecaminhava pelo quarto furioso com todo o mundo, por deixarem-no remoendo seus problemassozinho; essa energia se alternava com uma letargia to absoluta que era capaz de ficardeitado na cama uma hora inteira, olhando atordoado para o teto, sofrendo s de pensar,apavorado, na audincia no Ministrio.

    E se o condenassem? E se ele fosse expulso e sua varinha partida ao meio? Que iria fazer,aonde iria? No poderia voltar a viver o tempo todo com os Dursley, no agora que conheciao outro mundo, aquele ao qual pertencia. Ser que poderia ir morar com Sirius, como opadrinho oferecera havia um ano, antes de ser forado a fugir do Ministrio? Ser que dariampermisso a Harry para morar sozinho, sendo ainda menor de idade? Ou ser que decidiriampor ele o local aonde ir? Ser que sua infrao do Estatuto Internacional de Sigilo forasuficientemente grave para mand-lo a uma cela em Azkaban? Sempre que tal pensamento lheocorria, Harry invariavelmente se levantava da cama e recomeava a caminhar.

    Na quarta noite depois da partida de Edwiges, o garoto estava deitado em uma de suas fasesde apatia, mirando o teto, a mente exausta e vazia, quando seu tio entrou no quarto. Harryvirou lentamente a cabea e olhou para ele. Vlter estava usando seu melhor terno e tinha umaexpresso de enorme presuno.

    Vamos sair anunciou. Como disse? Ns, isto , sua tia, Duda e eu, vamos sair. timo respondeu Harry inexpressivamente, voltando a mirar o teto. Voc no dever sair do seu quarto enquanto estivermos fora. O.k. Voc no dever ligar a televiso, nem o som, nem nada que nos pertence. Certo. Voc no dever roubar comida da geladeira. O.k. Vou trancar sua porta.

  • Pode trancar.Tio Vlter encarou Harry, abertamente desconfiado dessa falta de oposio, em seguida

    saiu pisando forte e fechou a porta ao passar. Harry ouviu a chave girar na fechadura e ospassos do tio descerem pesadamente a escada. Alguns minutos depois, ouviu as portas docarro baterem, o rudo de um motor e o som inconfundvel de um carro deixando rapidamentea entrada da garagem.

    Harry ficou indiferente sada dos Dursley. Tanto fazia os tios estarem ou no em casa.No conseguia sequer dirigir suas energias para se levantar e acender a luz. O quarto iaescurecendo depressa, mas ele continuava deitado, apurando os ouvidos para escutar osrudos da noite pela janela que mantinha o tempo todo aberta, esperando o momentoabenoado em que Edwiges voltaria.

    A casa vazia rangia por inteiro. Os canos de gua gargarejavam. Harry permaneceu nessaespcie de estupor, sem pensar em nada, imerso em infelicidade.

    Ento, com toda a clareza, ele ouviu um estrondo l embaixo, na cozinha.Sentou-se imediatamente, escutando com ateno. Os Dursley no poderiam ter voltado, era

    cedo demais, e, de todo o jeito, ele no ouvira barulho de carro.Fez-se silncio por alguns segundos, em seguida vozes.Ladres, pensou, deslizando para fora da cama e ficando em p mas, uma frao de

    segundo depois, lhe ocorreu que ladres falariam em voz baixa, e quem estava andando pelacozinha certamente no estava preocupado com isso.

    Ele apanhou a varinha sobre a mesa de cabeceira e ficou de frente para a porta do quarto,escutando com a mxima ateno. No momento seguinte, Harry se sobressaltou ao ouvir umforte estalo e ver sua porta se escancarar.

    O garoto ficou parado, imvel, olhando atravs da porta aberta para o patamar escuro,fazendo fora para ouvir, mas no houve nenhum outro som. Ele hesitou um instante, depoissaiu rpida e silenciosamente do quarto e foi at a escada.

    Seu corao parecia ter disparado para a garganta. Havia gente parada no hall escuroembaixo, cujas silhuetas a luz da rua recortava ao entrar pelo vidro da porta; oito ou novepessoas, todas, at onde Harry conseguia ver, olhando para cima.

    Baixe a varinha, garoto, antes que voc arranque os olhos de algum disse uma vozbaixa e rouca.

    O corao de Harry bateu descontrolado. Reconhecia aquela voz, mas no baixou a varinha. Professor Moody? perguntou hesitante. No sei bem quanto a Professor rosnou a voz , nunca cheguei a ensinar muito tempo,

    no mesmo? Vem at aqui, queremos ver voc direito.Harry baixou ligeiramente a varinha, mas no afrouxou a mo, nem se mexeu. Tinha muito

    boas razes para desconfiar. Recentemente passara nove meses em companhia de algum queachava que era Olho-Tonto Moody e acabou descobrindo que no era ele, mas um impostor,que ainda por cima tentara mat-lo antes de ser desmascarado. Mas, antes que pudesse decidiro que fazer, uma segunda voz, ligeiramente rouca, flutuou at o alto da escada.

    Tudo bem, Harry. Viemos buscar voc.O corao do garoto deu um salto. Reconheceu aquela voz tambm, embora no a ouvisse

    havia mais de um ano. Professor Lupin?! exclamou incrdulo. o senhor?

  • Por que estamos todos parados no escuro disse uma terceira voz completamentedesconhecida, de uma mulher. Lumus.

    A ponta de uma varinha acendeu, iluminando o hall com luz mgica. Harry piscou. Aspessoas embaixo estavam amontoadas ao p da escada, olhando-o com ateno, algumas atesticando o pescoo para v-lo melhor.

    Remo Lupin era quem estava mais prximo de Harry. Embora ainda jovem, Lupin pareciacansado e bem doente; tinha mais cabelos brancos do que quando o garoto se despedira dele, esuas vestes estavam mais remendadas e gastas que nunca. Ainda assim, ele olhava para Harrycom um grande sorriso, que o garoto tentou retribuir apesar do seu estado de choque.

    Ahhh, ele igualzinho ao que eu imaginei disse a bruxa que segurava no alto a varinhaacesa. Parecia a mais jovem do grupo; tinha um rosto plido em feitio de corao, olhosescuros e cintilantes e cabelos curtos e espetados, roxo berrante. E a, beleza, Harry!

    , vejo o que quis dizer, Remo disse um bruxo negro e careca parado no crculo maisexterno do grupo; tinha uma voz grave e lenta e usava um nico brinco de ouro na orelha , ele a cara do Tiago.

    Exceto pelos olhos disse a voz asmtica de um bruxo de cabelos prateados mais aofundo. So os olhos de Llian.

    Olho-Tonto Moody, que possua longos cabelos grisalhos e um nariz a que faltava umpedao, observava Harry, desconfiado, apertando os olhos dspares. Um era muito pequeno,escuro e arisco, o outro, grande, redondo, azul eltrico o olho mgico que podia ver atravsde paredes, portas e da nuca do prprio Moody.

    Voc tem certeza que ele, Lupin? Seria uma grossa mancada se levssemos umComensal da Morte fazendo-se passar por Harry. Devamos perguntar a ele alguma coisa ques o verdadeiro Potter saiba. A no ser que algum tenha trazido um pouco de soro daverdade.

    Harry... que forma assume o seu Patrono? perguntou Lupin. De veado respondeu Harry, nervoso. ele mesmo, Olho-Tonto confirmou Lupin.Muito consciente de que todos continuavam de olhos fixos nele, Harry desceu as escadas,

    guardando a varinha no bolso traseiro das jeans enquanto descia. No guarde a varinha a, garoto! berrou Moody. E se pegar fogo? Bruxos mais sabidos

    que voc j perderam as ndegas, sabe! Quem que voc ouviu dizer que perdeu a ndega? perguntou interessada a bruxa de

    cabelos roxos. No se preocupe com isso, e voc guarde a varinha longe do bolso traseiro! vociferou

    Olho-Tonto. Medidas de segurana elementares para o uso da varinha, ningum se preocupamais com elas. E saiu mancando para a cozinha. E estou vendo voc disse, irritado,quando a mulher girou os olhos para o teto.

    Lupin estendeu a mo e apertou a de Harry. Como que voc tem andado? perguntou, examinando Harry atentamente. -timo...Harry mal podia acreditar que aquilo estivesse mesmo acontecendo. Quatro semanas sem

    nada, nem o menor indcio de um plano para remov-lo da rua dos Alfeneiros e, de repente,um bando de bruxos inesperados em sua casa como se isso j estivesse combinado h sculos.

  • O garoto correu os olhos pelas pessoas que rodeavam Lupin; todos continuavam a observ-locom avidez. Sentia-se muito consciente de que no penteava os cabelos havia quatro dias.

    Eu... vocs esto realmente com sorte que os Dursley tenham sado... murmurou. Sorte nada! disse a mulher de cabelos roxos. Fui eu que os tirei do caminho. Mandei

    uma carta pelo correio dos trouxas dizendo que estavam entre os finalistas do Concurso doGramado Mais Bem Cuidado da Gr-Bretanha. Eles esto a caminho da festa de entrega doprmio neste momento... ou pensam que esto.

    Harry teve uma viso passageira da cara do tio Vlter quando descobrisse que no haviaconcurso algum.

    Vamos embora, no vamos? perguntou ele. Logo? Quase imediatamente disse Lupin , vamos s aguardar o sinal verde. Aonde vamos? Para A Toca? perguntou Harry, esperanoso. No, no para A Toca respondeu Lupin, conduzindo Harry para a cozinha; o grupinho de

    bruxos os acompanhou, ainda examinando o garoto, cheios de curiosidade. Arriscadodemais. Montamos o quartel-general em um lugar difcil de encontrar. Levou algum tempo...

    Olho-Tonto Moody agora estava sentado mesa da cozinha, tomando goles de um frasco debolso, seu olho mgico girava em todas as direes, apreciando os muitos aparelhos que osDursley usavam para poupar trabalho.

    Este o Alastor Moody, Harry continuou Lupin, apontando para o bruxo. , eu sei respondeu Harry pouco vontade. Dava uma sensao esquisita ser

    apresentado a algum que ele achava que conhecia havia um ano. E essa Ninfadora... No me chame de Ninfadora pediu a jovem bruxa com um arrepio , sou Tonks. Ninfadora Tonks, que prefere ser conhecida apenas pelo sobrenome concluiu Lupin. Voc tambm iria preferir se a tonta da sua me tivesse lhe dado o nome de Ninfadora

    murmu rouTonks. E esse Quim Shacklebolt disse ele indicando o bruxo negro e alto, que fez uma

    reverncia. Elifas Doge. O bruxo de voz asmtica fez um aceno com a cabea. DdaloDiggle...

    J nos encontramos antes esganiou-se o excitvel Diggle, deixando cair a cartola roxa. Emelina Vance. Uma bruxa de ar imponente acenou a cabea coberta por um xale verde-

    gua. Estrgio Podmore. Um bruxo de queixo quadrado e chapu cor de palha deu umapiscadela. E Hstia Jones. Perto da torradeira, uma bruxa, de faces coradas e cabelosnegros, deu um adeusinho.

    Harry cumprimentou com um aceno de cabea cada bruxo, medida que foramapresentados. Desejou que olhassem para outra coisa ou pessoa que no fosse ele; era comose repentinamente o tivessem feito subir a um palco. Ficou imaginando tambm por que haviatantos bruxos presentes.

    Um nmero surpreendente de pessoas se apresentaram como voluntrias para vir busc-lo disse Lupin, como se tivesse lido os pensamentos de Harry; os cantos de sua boca mexeramligeiramente.

    Ah, foi, quanto mais melhor disse Moody sombriamente. Somos a sua guarda, Potter. Estamos s esperando o sinal de que podemos partir sem perigo disse Lupin, espiando

    pela janela da cozinha. Temos uns quinze minutos.

  • Muito limpos, no so, esses trouxas? comentou a bruxa chamada Tonks, que corria osolhos pela cozinha com grande interesse. Meu pai nasceu trouxa e um velho porcalho.Suponho que isto varie como acontece entre os bruxos?

    Hum... respondeu Harry. Escute... comeou virando-se para Lupin que que estacontecendo, no recebi uma palavra de ningum, que que o Vol...?

    Vrios bruxos soltaram estranhos assobios; Ddalo Diggle deixou cair a cartola outra vez eMoody vociferou:

    Cale-se. Qu! exclamou Harry. No vamos falar nada aqui, arriscado demais disse Moody virando o olho normal

    para o garoto.