da remoção do veículo ctb

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Da Remoo do Veculo CTB - PRFDa Remoo Do VeculoArt. 271. O veculo ser removido, nos casos previstos neste Cdigo, para o depsito fixado pelo rgo ou entidade competente, com circunscrio sobre a via.

Pargrafo nico. A restituio dos veculos removidos s ocorrer mediante o pagamento das multas, taxas e despesas com remoo e estada, alm de outros encargos previstos na legislao especfica.Aps a emisso do auto de infrao, dever do agente aplicar a medida administrativa de remoo, tomando as medidas cabveis como o guincho para execuo do ato. H discusso sobre a legalidade do prprio agente conduzir o veculo removido ao depsito fixado pelo rgo com circunscrio sobre a via. Em nosso sentir, como o ato se fundamenta no Poder de Polcia administrativo, o atributo da auto-executoriedade favorece a legalidade do ato.De fato, habitualmente ocorre do condutor se apresentar no momento da lavratura do auto de infrao ou da prtica da medida administrativa de remoo do veculo, tentando impedir a execuo do ato. Nesse caso, o agente de trnsito deixaria de aplicar a medida administrativa em face da regularizao do local da infrao?Com certeza, no. O agente deve ter cincia de que o ato administrativo constitudo entre outros, pelo requisito da finalidade, bem jurdico objetivado pelo agente, sempre vinculado e aplicado em dois sentidos, nos dizeres da excelentssima Maria Sylvia Zanella Di Pietro: Em sentido amplo, a finalidade sempre corresponde consecuo de um resultado de interesse pblico; nesse sentido, diz-se que o ato administrativo tem que ter sempre finalidade pblica.Em sentido restrito, finalidade o resultado especfico que cada ato deve produzir, conforme definido na lei. Nesse diapaso, diz-se que a finalidade do ato administrativo sempre a que decorre explcita ou implicitamente da lei. o legislador quem define a finalidade que o ato deve alcanar, no havendo liberdade de opo para a autoridade administrativa. Se a lei qualifica a remoo como ato inserido no poder-dever do administrador pblico, a finalidade restrita constante no ato, no deve ser afastada pelo agente, mesmo invocando a razoabilidade e proporcionalidade, em vista da ausncia da discricionariedade constante neste requisito.Assim, o agente deve ter cincia de que a no aplicao da medida administrativa de remoo do veculo impede consequentemente todos os seus efeitos. Um deles a obrigao do proprietrio em pagar todas as dvidas vinculadas ao veculo pelas multas j definitivamente julgadas.A falta da referida medida administrativa, nesse caso, provoca, evidentemente, o retardo de ingresso de valores ao errio pblico, importncia s depositada, eventualmente, por ocasio do licenciamento do veculo.Noutro sentido, o mestre Arnaldo Rizzardo em sua respeitosa obra Comentrios ao Cdigo de Trnsito Brasileiro, fulmina de inconstitucionalidade o dispositivo legal em anlise, por entender que essa regra produz a antecipao da punio administrativa, in verbis:(...) pelo pargrafo nico do art. 271, opera-se a restituio depois de pagas a multa, a taxa e as despesas com a remoo ou estada. Pode-se concluir que o dispositivo encerra uma eiva de inconstitucionalidade, porquanto antecipa a punio, retendo o bem como forma de constranger o pagamento, com prejuzo ao devido processo legal (art. 5, XXXV e LV, da CF).Sua ideia referendada pelo Dr. Geraldo de Farias Lemos (2007:76), ao no admitir o recolhimento do veculo ao depsito, quando presente o condutor para regularizao.No entanto, vnia os doutrinadores, no se constata qualquer espcie de antecipao punitiva, porquanto a remoo do veculo resulta a exigibilidade da antecipao de multas decorrentes de infraes j anteriormente julgadas, mas no aquela motivadora da medida administrativa. Ou seja, a anlise do auto de infrao referente remoo do veculo ser objeto de processo administrativo, no qual ser assegurada ampla defesa e contraditrio, nos moldes do devido processo legal. Contudo, as multas vinculadas ao veculo decorrentes de infraes j cometidas e processadas nos termos da lei, sero objeto de cobrana administrativa como condio para liberao do veculo removido por determinao legal.Nesse sentido, o grande mestre em Direito Administrativo, Jos dos Santos Carvalho Filho (2009:465):Se a lei fez expressamente a previso, no h fundamento para impugnar a exigncia. O que no se admite que o rgo de trnsito imponha o pagamento da multa que ainda no tenha sido objeto de notificao, pois que com esta que a sano se torna exigvel. Todavia, se est vencida porque o infrator no a impugnou oportunamente, deixando transcorrer in albis o prazo de impugnao, ou, se impugnou, seu recurso foi improvido: nesse caso, seu pagamento pode ser normalmente imposto como condio de liberao do veculo. Ademais, ao julgarem o Resp 1104775, os ministros da Primeira Seo do Superior Tribunal de Justia decidiram que as autoridades de trnsito s podem exigir o pagamento de multas J VENCIDAS E REGULARMENTE NOTIFICADAS aos infratores de veculos removidos, cujos termos merecem transcrio:A reteno do veculo como forma de coagir o proprietrio a pagar a pena de multa no legal, entretanto, diferente a hiptese de apreenso do veculo como forma autnoma de sano em que a sua reteno pode prolongar-se at que sejam quitadas multas e demais despesas decorrentes da estada no depsito. Esse foi o entendimento da ministra Eliana Calmon, relatora do Resp 1088532, acompanhado pela Segunda Turma do Tribunal em julgamento que determinou SER LEGAL O CONDICIONAMENTO DA LIBERAO DO VECULO RETIDO POR CONTA DE INFRAO DE TRNSITO AO PAGAMENTO DA MULTA E DEMAIS DESPESAS DECORRENTES DA APREENSO DO AUTOMVEL.Sobre o tema em geral, a CESPE o props em duas questes de prova; a primeira, no curso de formao da PRF em 2005, houve o entendimento de que deveria haver o pagamento de multas, taxas, despesa com remoo e estada. S no foi considerada como verdadeira a assertiva, por ser prescindvel (desnecessrio) o licenciamento do veculo:(CESPE/UNB) A liberao de um veculo que tenha sido recolhido ao depsito aps a aplicao da penalidade, fica condicionada ao licenciamento, ao pagamento de multas, taxas, despesa com remoo e estada e condio de funcionamento de equipamentos obrigatrios.Na segunda, do curso de formao da PRF em 2004, a CESPE/UnB entendeu que a remoo no se consuma com a conduo do veculo para o depsito, mas com a simples desobstruo do trnsito no local da infrao: No conjunto das situaes a que seja aplicvel a medida administrativa de remoo do veculo, esta consuma-se com a conduo do veculo para depsito fixado pelo rgo ou entidade competente.De fato, esse o posicionamento do mestre Arnaldo Rizzardo: Em suma, a remoo no importa sempre em recolhimento, mas significa mais retirar, afastar, arrecadar o bem que est em lugar indevido.

JEAN DINIZPgina 1