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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

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ME I

I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE NÚCLEO REGIONAL DE IRATI

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE ÁREA: LÍNGUA PORTUGUESA

MARIA DO CARMO DA SILVA REZENDE

LITERATURA E CINEMA: UM DIÁLOGO POSSÍVEL

IRATI 2010

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MARIA DO CARMO DA SILVA REZENDE

LITERATURA E CINEMA: UM DIÁLOGO POSSÍVEL

Produção Didática pedagógica em forma de Unidade Didática, apresentada como um dos requisitos do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional 2009/2010, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, em parceria com a Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento.

Orientadora: Profa. Dra. Mariléia Gartner

IRATI 2010

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SUMÁRIO

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO.............................................................. 03

2. TEMA DE ESTUDO.............................................................................. 03

3. TÍTULO.................................................................................................. 03

4. APRESENTAÇÃO................................................................................ 04

5. ROTEIRO DE ATIVIDADES................................................................. 07

5.1. ATIVIDADE 01: (Des)cobrimento(s) ................................................. 07

5.2. ATIVIDADE 02: A Arte e o (des)cobrimento..................................... 09

5.3. ATIVIDADE 03: Cruzando as artes.................................................... 11

5.4. ATIVIDADE 04: O texto fílmico na sala de aula............................... 13

5.5. ATIVIDADE 05: O texto literário na sala de aula.............................. 15

5.6. ATIVIDADE 06: Literatura e cinema: o diálogo entre as artes....... 18

6. CONSIDERAÇÕES............................................................................... 33

7. REFERÊNCIAS..................................................................................... 35

7.1. REFERÊNCIAS DA INTERNET........................................................... 36

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1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Professora PDE: Maria do Carmo da Silva Rezende

Área de atuação: Língua Portuguesa

NRE: Irati

Orientadora da IES: Prof. Dra. Mariléia Gartner

IES Vinculada : UNICENTRO

Escola de Implantação: Col. Est. Estadual São Vicente de Paulo – Ensino Fundamental,

Médio e Normal

Público Objeto de Intervenção: 2º ano do Ensino Médio da Educação Básica

2. TEMA DE ESTUDO: Práticas Leitoras no Ensino Médio: (re) vendo o texto literário

3. UNIDADE DIDÁTICA: LITERATURA E CINEMA : Um Diálogo Possível

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Apresentação

A formação de leitores competentes constitui-se, atualmente, num dos principais

problemas a serem enfrentados na educação brasileira e isso preocupa a todo educador.

Porém, como professores de Língua portuguesa, sentimos um peso ainda maior quanto à

necessidade de buscarmos desenvolver competências leitoras e, consequentemente,

discursivas em nossos alunos.

Formar leitores competentes e autônomos, em sala de aula e fora dela, pressupõe

partir do princípio de que um dos objetivos da escola é mediar, por meio das esferas de

atividades humanas de linguagem, a inserção de nossos alunos em práticas sociais de

sua comunidade.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica, do Estado do Paraná,

recentemente reformulada (2008), fundamentam em Bakhtin, entre outros autores, o

ensino de Língua Portuguesa/Literatura e propõem um avanço teórico-metodológico no

trabalho com os gêneros textuais. Esse avanço, além dos Parâmetros Curriculares

Nacionais, considera que todo texto, no processo de interação social, deve levar em conta

seu contexto, ao mesmo tempo em que configura uma resposta ativa a outros textos,

postulando que:

A verdadeira substância da Língua não é constituída por um sistema abstrato de formas lingüísticas nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua (Bakhtin/Volochinov, 1999, p.123).

O ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa/Literatura, nesta perspectiva,

valoriza além dos aspectos sociais e históricos em que o sujeito está inserido, o contexto

de produção do enunciado.

Dessa forma, a palavra assume significados na relação com o outro, no contexto

de produção. Carregadas de conteúdo ideológico, as palavras “são tecidas a partir de

uma multidão de fios ideológicos e servem de trama a todas as relações sociais em todos

os domínios” (Bakhtin/Volochinov,1999, p.41).

Nesta perspectiva, a escola tem como função preparar o educando para atingir o

maior número possível de domínios em todas as esferas de suas relações, buscando,

dessa forma, romper com o ensino passivo, massificado, dissimulador das diferenças

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sociais, centrado em alunos que, por não conhecerem/compreenderem a realidade que os

cerca, não possuem senso crítico.

Sendo assim, faz-se necessário que o aluno tenha contato com a pluralidade de

textos que circulam em esferas distintas da atividade humana, reconhecendo, nos textos,

a organização temática, composicional e estilística. Isso exige de nós, professores,

principalmente os de Língua Portuguesa, pelo trabalho específico com a

Língua/linguagem, como propõem as DCE, ampliar o conceito de letramento para

multiletramentos, ou seja, proporcionar ao educando, pelas práticas educativas e

discursivas, ir além dos textos escritos e falados, integrando a linguagem verbal a outras

linguagens.

É indispensável desenvolver a capacidade de leitura de múltiplos textos, visto que

circulam, socialmente, um volume infinito de informações, nos mais variados suportes e

em diferentes linguagens, destacando-se, na atualidade, as midiáticas. Nossas escolas,

tradicionalmente, limitam a leitura à linguagem verbal embora a linguagem não-verbal

constitua-se, também, em objeto de leitura de valor, numa abordagem diferenciada.

Nesse processo, valendo-se das mídias, é que percebemos a viabilidade da

proposta de trabalho com o cinema em sala de aula, como um dos suportes possíveis

para aproximar nossos alunos do texto literário, atendendo as tendências da educação

contemporânea quanto à utilização dos recursos midiáticos, como ferramentas didáticas,

disponíveis em nosso meio social.

Para trabalhar com o texto literário temos que, em primeiro lugar, enfocar a

importância da Literatura, na multiplicidade de vozes que emprega, pela possibilidade que

ela nos dá de compreender a construção de nossa cultura, em épocas passadas e, pelas

relações que estabelece, entender o presente. Nesta perspectiva, o professor de língua e

literatura, na atualidade, deve perceber a educação como uma ação capaz de promover o

desenvolvimento integral e a interação com o meio social do educando.

O uso do texto fílmico, como ferramenta didática, no ensino de Língua

Portuguesa/Literatura além de suprir a necessidade de diversificarmos as formas de

contextualização, de conteúdos, em sala de aula, proporciona uma aproximação do texto

literário numa nova abordagem, uma experiência cultural mais prazerosa. Isso é

novidade? Com certeza, não. Já há algum tempo, muitos professores se valem deste

recurso em suas aulas. No entanto, constatamos que a maioria o faz com abordagens

superficiais, não dando à linguagem fílmica o devido valor, ou seja, além do lazer, do

lúdico, percebendo-a como uma rica possibilidade de leitura.

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Reconhecemos no cinema um recurso midiático riquíssimo, onde podemos

explorar diversas possibilidades de leitura, dialógicas, intertextuais, a começar pela

imagem que, inegavelmente, chama mais atenção do que a leitura do texto escrito.

É notório que na mediação ao acesso do educando às leituras dessas múltiplas

linguagens, estaremos possibilitando-lhe perceber as relações dialógicas, polifônicas,

intertextuais, propostas por Bakhtin (1992, p.354), “mesmo enunciados separados um do

outro no tempo e no espaço e que nada sabem um do outro, se confrontados no plano de

sentido, revelarão relações dialógicas”. Neste ponto, a linguagem cinematográfica nos

proporciona releituras que, embora ficcionais, nos levam ou aproximam de fatos reais,

passados, atuais e até previsões de futuro, assim como a linguagem literária.

Como produção humana, a literatura está intrinsecamente ligada à vida social

(Paraná, 2008, p.57). E, é pela função social que os diversos segmentos da sociedade

são retratados, literariamente, constituindo-se, dessa forma, na representação social e

humana.

No entanto, nada disso é perceptível sem a participação ativa do leitor, uma vez

que é ele quem, pela interação, atribui sentidos à obra literária, às produções artísticas.

Entendendo a leitura como ato individual de construção de sentidos entre autor e

leitor, cabe a nós, educadores, apontar ao leitor possibilidades de contextualização,

principalmente, no caso de leituras longas que, pela seleção inicial de partes da obra,

possa levar à compreensão do todo. Para tanto é essencial, para o professor, o

conhecimento prévio do texto, bem como, apoiar-se em estratégias metodológicas de

leitura.

A construção de sentidos nos textos experienciada, dialogicamente, na prática de

leitura em diferentes contextos requer a compreensão das esferas discursivas e de

circulação em que os textos são produzidos e circulam.(Paraná, 2008, p.57)

Nestes aportes teóricos fundamentamos esta Unidade Didática, tendo como

finalidade demonstrar algumas das possibilidades de práticas leitoras dentro do projeto de

Intervenção Pedagógica, LITERATURA E CINEMA: Um Diálogo Possível.

O desenvolvimento da Unidade tem como proposição atividades com a finalidade

de demonstrar práticas de leitura que possibilitem a aproximação do texto literário, no que

concerne à construção de sentidos, por uma turma de alunos do 2º ano do Ensino Médio

do Colégio Estadual São Vicente de Paulo – Ensino Fundamental, Médio e Normal, em

Irati - Pr.

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Este trabalho centra-se na construção de significados que deem relevância à obra

do Neoclassicismo brasileiro, Caramuru: Poema Épico do Descobrimento da Bahia

(1781), de José de Santa Rita Durão, tendo como principal subsídio, entre outras

referências, a leitura do texto fílmico: Caramuru: A Invenção de Brasil (2001) de Guel

Arraes, por ocasião dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, numa proposta de estudos

interartes.

A leitura da imagem como propomos, numa perspectiva interartes, tem como

propósito um instrumento de aproximação e reflexão entre criações artísticas, literárias ou

não, atribuindo-lhes sentidos.

Professor, para o desenvolvimento desta Unidade Didática faz-se necessário o

conhecimento, o contato prévio com o texto fílmico e o texto literário, para ter melhor

clareza das atividades propostas.

Neste contexto, é importante lembrar que a leitura reflexiva, crítica, embora lúdica

pela carnavalização no texto fílmico, centrada em estudos interartes e no princípio

dialógico bakhtiniano, pela intertextualidade, oferece outras possibilidades de

aproximação, com textos literários, além da obra em estudo, Caramuru.

Dessa forma, num primeiro momento, antes de se trabalhar com o filme e a obra,

propostos, cabe ao professor, fazer o marketing, das linguagens, do(s) texto(s)

abordado(s), no trabalho de leitura a ser desenvolvido em sala de aula. Sabemos que é

papel do professor instigar, levar o aluno a fazer inferências, contextualizar, dialógica ou

intertextualmente, para dar sentido, sustentação ao que lê.

As abordagens sugeridas como estratégias de trabalho prático, com a leitura, em

sala de aula, podem ser adaptadas, reformuladas ou redimensionadas de acordo com a

situação de uso de cada educador.

Roteiro de Atividades

Atividade 1

(Des)cobrimento(s)

Para iniciarmos as atividades práticas de leitura, em sala de aula, sugerimos como

motivação e contextualização da proposta, um PowerPoint com algumas imagens

selecionadas, a critério do professor, porém devem ser relacionadas ao Brasil, onde os

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alunos possam visualizar contextos histórico/sociais diferentes e, de alguma forma tentar

identificá-las.

Nesta prática devemos lembrar nossos educandos que estamos fazendo leitura e

instigá-los, pela interação, com os elementos que constituem as imagens, a reconhecê-

las. Podemos nos valer como complemento dessa atividade, da música, por entendermos

ser esta, também, uma importante ferramenta de apoio didático/pedagógico.

Sugerimos, por fazer referência ao Brasil, a música “Que País é Este?”, álbum do

mesmo nome, do grupo, Legião Urbana, disponível em

http://sonora.terra.com.br/#/cd/37111/que_pais_e_este caracterizando, ao ouvi-la, uma

prática de leitura na perspectiva interartes, ao buscarmos possíveis inter-relações entre as

imagens e a música, observando que os modos de leitura, ou recepção de textos verbais,

visuais ou musicais dependem da formação, da cultura de cada indivíduo, além do

contexto de recepção.

O processo de intertextualidade, nas leituras, se estabelece ao reconhecermos no

papel do leitor a importância do ler como buscando as relações, intertextuais, que dão

sentido aos textos, de forma a perceber que não são autônomos, ou seja, dialogam com

outros textos. Propomos, nesse processo, após a leitura sugerida, para percebermos o

modo de ler dos alunos, utilizar-se de alguns questionamentos, tais como:

� Você reconhece as imagens apresentadas?

� Reconhecendo-as, você saberia dizer a que (lugares) elas se referem?

� Pela visualização das imagens você poderia dizer que descobriu algo?

� Ouvindo a música “Que País é Este”, do grupo Legião Urbana, você é capaz de

estabelecer alguma relação com as imagens visualizadas?

� Você consegue perceber a crítica implícita na música? A quem ou a que ela se

refere?

� A música, “Que País é Este”, não é uma gravação recente, porém você consegue

estabelecer alguma relação crítica com a atualidade?

Nesta prática de leitura, ao visualizar, observar e interpretar as imagens e ouvir a

música pretendemos explorar uma leitura interativa para sentir até que ponto a percepção

foi aguçada, pela leitura dos recursos utilizados, quanto a descobrir algo, atribuir sentido

aos textos.

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Entendemos que, dessa forma, o processo de leitura torna-se dinâmico, levando o

aluno, pela interpretação, a desvelar significados e assumir uma relação dialética, crítica

com o que lê.

Analisando as respostas, podemos encerrar a aula perguntando:

� Para vocês o Brasil foi descoberto?

� Hoje, que país é esse? Como você o vê?

Proposta de produção: Transcrever, no caderno, as respostas das perguntas obtidas

oralmente.

Atividade 2

A Arte e o (des)cobrimento

Tendo como suporte a prática anterior, relativa ao descobrimento, propomos, para

dar sequência às estratégias de leitura, o trabalho com o mesmo tema sob diferentes

enfoques. Para esta atividade, usaremos como apoio a Arte, outro importante recurso

didático/pedagógico, considerando que para reconhecê-la, interpretá-la, atribuir

significados ao ato criativo, temos que passar pela leitura.

Sugerimos para esta prática, a leitura da pintura em tela, de Oscar Pereira da Silva,

disponível em

http://www.forumnumismatica.com/viewtopic.phpf=54&t=26605ep.bloghttp://1.bspot.com/_

MzbIgS4JWdw/Sul1KjTHlSI/AAAAAAAAABU/pkJ7pXTVAQY/s1600-h/Image.jpg e da

obra contemporânea da artística plástica, Carmem Florá, em:

http://www.manolosaez.com.br/site.php?mod=ct&obra=49&artista=25 tendo como objetivo

analisar, nos alunos, a produção de sentidos perante a leitura de composições artísticas,

com o mesmo tema, de modo a levá-los a buscarem, intertextualmente, em diferentes

contextos as relações dialógicas entre os textos artísticos.

Assim, nesta aula, enfatizaremos a importância da Arte, enquanto ato humano e

criativo e da proximidade, interartes, entre elas, destacando, neste trabalho, a música, as

artes visuais, a literatura e o cinema, como formas de linguagens e suportes para

sensibilizar, aproximar o homem, em todos os tempos, pela criação artística, de

realidades em diferentes esferas sociais.

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Para Katia Helena Pereira (2008, p.23), interpretar a produção artística,

contemporaneamente, exige do público leitor diferentes formas de interação, “requer um

leitor mais preparado e mais atento aos contextos de produção para compreender ou

estabelecer diálogos com as obras de arte”. Entendemos, assim, a necessidade de

trabalharmos em sala de aula com as artes como linguagens que dialogam entre si e,

sendo assim, demandam leitura.

É o que apontaremos como resultado das leituras das obras de arte sugeridas, aqui

configuradas como texto I, a obra de Carmem Florá; e texto II, a obra de Oscar Pereira da

Silva, dando sequência à prática da aula anterior, com base nos questionamentos que

seguem:

Texto I – Carmem Florá

� Quais os elementos visuais que compõem esta obra de arte?

� Observando a composição artística, da obra de Carmem Florá, você consegue

estabelecer relações com algo ou fatos do(s) qual(is) já tenha conhecimento?

� Ao observar, atentamente, as linhas, as cores, os elementos utilizados pela artista

plástica, que sentido essa obra de arte tem ou faz para você?

Texto II – Oscar Pereira

� Que elementos visuais fazem parte desta composição artística?

� Analisando os elementos de composição da obra de Oscar Pereira, você consegue

estabelecer relação com algum acontecimento?

� Que interpretação você faz dessa obra de arte?

Comparando os textos artísticos I e II podemos inferir que:

� Existe alguma relação entre os dois textos artísticos analisados?

� Pela visualização, é possível perceber que as obras de arte foram criadas em

diferentes contextos temporais? Por quê?

� É possível dizer que entre as obras de arte e o que ambas representam existem

metáforas, ou seja, sugerem uma comparação, pela imagem, com alguma

referência histórica conhecida?

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Após as leituras das telas artísticas e dependendo da motivação, e isso só será

perceptível na prática, podemos solicitar aos alunos uma representação artística, do

descobrimento do Brasil na concepção atual. Esse trabalho poderá ser realizado em

duplas pensando que sempre há alunos que necessitam trocar ideias, apesar de termos,

também, grandes talentos, adormecidos, em sala de aula.

Exemplificando, sugerimos como atividade prática, para a representação artística

proposta, um desenho ou a composição de uma paródia musical, tendo como tema o

Brasil, na atualidade. Nesta prática devemos respeitar, no processo do ato criativo, a

sensibilidade, a reflexão, a maneira própria de cada dupla atribuir significados à criação.

Acompanhar, observar, o processo de criação artística dos alunos, nos permite

compreender, pela reorganização do pensamento, como pensam e interferem na busca

do novo, ampliando as possibilidades de leitura, como sujeitos do mundo contemporâneo.

Se houver necessidade podemos avançar mais uma aula para não tolher, no

processo, a criatividade, elemento fundamental na produção artística.

O resultado das produções, desenho ou música, deverão compor um mural na escola. As

paródias poderão ser apresentadas na semana da Pátria.

Atividade 3

Cruzando as artes

Nesta aula usaremos como prática a leitura de diferentes artes, cuja estratégia é

conduzir um diálogo entre os alunos levando-os, pela observação, a perceber e explorar

aspectos técnicos, formais e contextuais, pela leitura das obras de arte, utilizadas como

recurso didático/pedagógico.

Nesta prática, lembrando o enfoque interartes, propomos uma leitura comparativa,

pela imagem, entre duas obras de arte: uma pintura em óleo sobre tela (1866), de Victor

Meirelles, disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Vitor_meirelles_-

_moema02.jpg e uma escultura em bronze (1894/1895), de Rodolfo Bernardelli, em

exposição na Pinacoteca do Estado de São Paulo, disponível em

http://blogs.myspace.com/index.cfm?fuseaction=blog.viewcustom&friendId=105209747&bl

ogId=424577107&swapped=true ambas representando a morte de Moema, personagem

da obra literária em estudo, Caramuru, descrita por Santa Rita, no Canto VI, estrofe XLII,

nos seguintes versos:

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Perde o lume dos olhos, pasma e treme, Pálida a cor, o aspecto moribundo;

Com a mão já sem vigor, soltando o leme, Entre as salsas escumas desce ao fundo:

Mas na onda do mar, que irado freme, Tornando a aparecer desde o profundo,

Ah Diogo cruel! Disse com mágoa, E sem mais ser vista ser, sorveu-se n'água.

(DURÃO, 2003, p.147)

Na atualidade, nossos alunos têm acesso a uma grande quantidade de imagens,

mas, especificamente, em relação às artes apenas, as veem, não estando acostumados a

pensar criticamente sobre elas.

Nesta prática, algumas informações sobre a arte, criação artística, os autores,

épocas, os processos de produção, podem ser importantes para estabelecer um diálogo,

com os educandos, estimulando-os a refletir, de modo criativo e crítico sobre o que veem

representado, nas imagens das obras de arte, relacionando-as a outros textos.

Para iniciar o diálogo podemos levá-los a perceberem que estamos tratando do

mesmo tema, a morte de Moema, porém, em contextos e obras de arte diferentes,

partindo dos seguintes questionamentos:

� O que vemos representado nesta(s) imagem(s)?

� Você consegue estabelecer relações entre as duas criações artísticas,

representadas pela pintura e pela escultura?

� Considerando tratar-se de artes diferentes como você analisa a representação da

morte de Moema, em cada uma delas, tendo como referência os versos de Santa

Rita Durão?

� Após a análise crítica, para você, qual das duas obras de arte melhor representa o

fato descrito no poema épico Caramuru? Justifique.

Das respostas dos alunos, mediar a continuidade do diálogo, centrado na

observação, percepção dos sentidos nas imagens analisadas. Esta análise deve, em

princípio, observar que são criações artísticas em artes diferentes gerando, pelo suporte

em que estão inseridas, linguagens com características próprias, resultado das

construções simbólicas estabelecidas, pelos artistas no processo da criação, embora

enfocando o mesmo tema.

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Expor uma imagem à leitura exige, do professor, ao conduzir o diálogo, que pode

ter acordos e desacordos, garantir que todos os alunos possam compartilhar, debater

suas impressões de maneira prazerosa, porém, conscientes do valor criativo do objeto em

análise.

Podemos, para finalizar esta prática leitora, fazer aos participantes o seguinte

questionamento:

� Nesta atividade, após as reflexões finais sobre as leituras realizadas e, consciente

do valor criativo de cada obra, você mudaria algum posicionamento anterior?

Ressaltamos que todas as respostas às práticas leitoras devem ser registradas,

com o intuito de fazer parte da avaliação do processo de aplicação, receptividade e

evolução da Unidade Didática em proposição.

Atividade 4

O texto fílmico na sala de aula

Nesta prática, retomando o tema descobrimento podemos usar, como estratégia de

leitura, um texto fílmico. Lançado em 2001, sob a direção de Guel Arraes, em

comemoração aos 500 anos do Brasil, propomos assistir Caramuru: A invenção do Brasil,

disponível, para alugar, em locadoras e para aquisição em muitas livrarias, entre outros

locais de compra.

Lembramos que, embora, atuando como mediadores, entre a obra e os alunos,

neste primeiro contato com a leitura fílmica, não devemos nos aprofundar nos objetivos do

trabalho com este tipo de texto, para percebermos a fruição, que relações de sentido

fariam com suas leituras prévias, literárias ou não, ou seja, com seus conhecimentos,

anteriores, de mundo.

Napolitano, (2009 p.14) diz que o cinema: “além de fazer parte do complexo da

comunicação e da cultura de massa, também faz parte da cultura do lazer e constitui

ainda obra de arte coletiva”.

É importante ressaltar que o texto fílmico, por sua natureza, dialoga com outros

textos e, possivelmente, em vários contextos. O filme, na sala de aula, constitui um

valioso instrumento didático se soubermos usá-lo de forma a explorar as informações nele

contidas, explícita ou implicitamente, nas diferentes áreas da experiência humana: “O

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cinema é e sempre será um jogo de arte, humanismo e sedução[...] Uma obra de arte,

através de uma linguagem particular, põe em questão as verdades sociais adquiridas,

convidando o espectador a uma nova visão de mundo”. (Trevisan, 1998, p.97 e 98).

Para Trevisan (1998), todo filme embasa-se em uma história, com personagens e

situações próximas ao mundo real, porém, sua qualidade artística vai além da

credibilidade da história, centrando-se na linguagem, na forma como atinge o espectador,

estabelecendo diferentes formas de comunicação, entre elas: a intelectual, filosófica,

psicológica e emocional.

Para melhor entender esta prática, interartes é importantíssimo que os alunos

possuam conhecimentos prévios sobre o conceito de intertextualidade, o que vale ser

retomado, para que possam, durante a sessão, contextualizar o filme a outros momentos,

ou realidades, no filme, ficcionais.

Antes de iniciarmos a sessão cinematográfica é valido lembrar, aos educandos,

que se tratando de leitura a atenção faz-se necessária como meio para a fruição. É válido

também, questioná-los sobre:

� Com que frequência costumam ver filmes? Vão ao cinema ou preferem assistir na

TV?

� Quais os gêneros preferidos?

� Dentre os filmes já assistidos, qual o que mais gostou?

Ao finalizar a sessão fílmica, podemos promover uma interação entre os alunos e

dirigir-lhes alguns questionamentos como:

� Você já havia assistido ao filme?

� Você gostou, ou não, do filme? Justifique.

� Você consegue estabelecer relações do filme com outras realidades? Descreva-as.

� Caso não tenha conseguido, tente justificar por quê.

� Você percebe o filme como um texto?

� De que forma devemos fazer a leitura de um filme?

� Você consegue perceber os elementos de composição de um filme? Cite alguns.

� Quais são as finalidades desses elementos?

� Algum outro momento, em que foi utilizado um filme, como estratégia pedagógica,

foi feito um trabalho reflexivo, quanto a esse recurso didático como produção

artística?

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Essas respostas, discutidas oralmente, devem ser registradas, por escrito,

considerando, além da avaliação da proposta, o fato de termos que trabalhar com a

oralidade, leitura e escrita, os três eixos do conteúdo estruturante em Língua Portuguesa:

“O discurso como prática social” (Paraná, 2008, p.63).

Pretendemos viabilizar, também como prática social, a sessão cinematográfica no

CINE-UNICENTRO, com a participação da professora Dra. Mariléia Gartner, orientadora

da proposta. Ao término da sessão, mediaremos um debate tendo como objetivo

compartilhar as opiniões sobre o filme, na percepção de sentidos, nas colocações feitas,

pelos alunos, oralmente, pela participação no debate, e, por escrito, ao responderem aos

questionamentos, referentes à prática leitora do texto fílmico, em sala de aula.

Atividade 5

O texto literário na sala de aula

Nas aulas anteriores, as práticas de leitura fundamentaram-se em diferentes

linguagens, representadas por imagens, música, escultura, pintura em tela e no texto

fílmico, configurando experiências diferenciadas de leitura como forma de atribuir

sentidos, significados, a esses gêneros textuais.

Nesta, enfocaremos o texto literário, outro gênero, porém não atrelado às práticas

focadas na historiografia, convencionalmente, usadas.

Ao enfocarmos o texto literário em sala de aula, na maioria das vezes, cumprimos

um ritual nem sempre agradável aos alunos e, sejamos sinceros, em alguns casos, nem a

nós, professores! E por que isto acontece? Talvez, porque acreditamos que temos que

cumprir este ritual, na ânsia de explorar todas as informações que o texto possa oferecer.

Pensamos na formação e, no caso de alunos do Ensino Médio, na preparação para

os concursos, vestibular entre outros, exigidos pelo mercado de trabalho. Neste ritual,

falamos de contexto histórico, estilo de época, escola literária, características do período,

autor, obras...e vai por aí a fora!

Mas o e o texto? O que fazemos com seu valor artístico e estético, enquanto

linguagem representativa da condição social e humana? Diante de tantos itens a serem

abordados e o número, cada vez mais, reduzido de aulas acaba, geralmente, sendo

usado como um pretexto para o reconhecimento da autoria, gênero, estilo de época ou,

ainda, para abordagens de conteúdos gramaticais.

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Como trabalhar a leitura como fruição, ou na proposta das DCE “como ato

dialógico, interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas,

pedagógicas e ideológicas de determinado momento” (Paraná, 2008, p.56)? Como

trabalhar a Literatura em sua função social e dimensão artística?

Neste sentido, como propõem as DCE, devemos experienciar práticas leitoras, em

diferentes contextos, privilegiando as relações dialógicas entre o leitor e o texto, deste

com outros textos, observando as relações de produção e recepção.

Com este propósito, nesta prática leitora, em que abordaremos um dos cânones da

literatura brasileira, Caramuru: Poema Épico do Descobrimento da Bahia (1781), obra de

José de Santa Rita Durão, nem sempre bem recebido por nossos alunos, vamos

trabalhar, inicialmente, com excertos da obra, pois se tratando de uma epopéia exige, por

parte dos leitores, um pouco mais de atenção.

Fizemos, nas aulas anteriores, leituras com recursos e focos diferentes. Nesta aula,

vamos instigar os alunos a procurarem, estabelecer relações entre o texto, agora em

estudo, com seus conhecimentos prévios, incluindo as aulas anteriores, principalmente o

texto fílmico e além dele, com outros textos que possam ter conhecimento.

É importante retomar que esta Unidade Didática propõe-se a aproximar os alunos

do texto literário, renegado por muitos. Aprofundar-se na leitura integral desses textos vai

depender de como eles, leitores/receptores, vão lhes atribuir sentidos.

Com este propósito, no primeiro contato com a obra literária, sugerimos partir do

título lembrando-os de que é uma epopeia e, sendo assim, tem como característica

“contar/cantar” sobre algo relevante, um grande feito. Nesta obra, o descobrimento da

Bahia, por Caramuru. Esta foi a intenção/proposição de José de Santa Rita Durão, autor

brasileiro, ao imitar Camões, quando este escreveu sua obra de exaltação ao povo

português, Os Lusíadas, (1572), o mais importante texto épico português.

José de Santa Rita Durão, considerado cronista do descobrimento, introdutor do

indianismo no Brasil e um grande mestre da narrativa, escreveu sua epopeia porque

acreditava que os acontecimentos do Brasil, assim como Camões os da Índia, mereciam

exaltação. Sua obra foi a primeira a abordar os habitantes nativos da terra, seus costumes

e tradições, além de ser uma descrição riquíssima do solo, da flora e fauna brasileira.

O autor conta, em versos, a lenda de Diogo Álvares Correia, o Caramuru, que ao

naufragar nas costas da Bahia, fica prisioneiro de uma tribo de índios antropófagos mas,

doente, consegue escapar da morte, até se recuperar. Nesse ínterim, conquista a

admiração e a amizade dos Tupinambás, graças à perplexidade causada, entre os

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indígenas, ao disparar sua arma de fogo contra uma ave e, a partir desse fato, passa a

ser considerado quase uma divindade. Caramuru, na versão de Santa Rita, significa “Filho

do Trovão”.

Pela importância e arte na descrição, a obra literária, é um dos cânones da

literatura brasileira e muito recomendada para leitura, porém, por apresentar-se como

poema épico, exigindo maior reflexão, é rejeitado por uma grande parte dos alunos.

Buscando minimizar esse problema trabalharemos com excertos do texto épico, com o

objetivo de levá-los a proximidade do texto literário.

Como exemplo, destacamos, nesta prática, a analogia do diálogo intertextual entre

os primeiros versos dos dois grandes poemas épicos: Caramuru (1781), de José de Santa

Rita Durão e Os Lusíadas (1572), de Camões, ambos compostos por dez cantos, com

estrofes de oito versos, decassílabos, o que fica evidente, na proposição, na leitura da 1ª

estrofe do canto I dos dois poemas:

Os Lusíadas Caramuru

Canto I Canto I

Ao imitar Camões, na exaltação dos feitos portugueses, grandes navegações e

descobertas, Santa Rita Durão (1781), na exaltação ao descobrimento da Bahia,

estabeleceu, pela intertextualidade, a relação entre os dois textos o que, pelo dialogismo,

constitui condição para a produção de sentidos. Temos que chamar a atenção de nossos

alunos para o valor estético dos textos, da representatividade de cada um dentro do

contexto de produção.

Ler uma epopeia exige um leitor mais experiente, maduro, que perceba além das

relações internas do texto, as relações deste com outros textos, ou contextos históricos

sociais, culturais, ideológicos, enfim a necessidade de, muitas vezes, buscar subsídios

para entender o que ela propõe, para poder construir significados.

As armas e os barões assinalados Que, da Ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes Navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino, que tanto sublimaram;

(CAMÕES, 1572)

De um varão em mil casos agitado, Que as praias discorrendo do Ocidente, Descobriu o Recôncavo afamado Da Capital brasílica potente; De filho do Trovão denominado, Que o peito domar soube a fera gente; O valor cantarei na adversa sorte, Pois só conheço herói quem nela é forte.

(DURÃO, 1781)

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No texto fílmico, isto também acontece, mas, temos, além da linguagem, outros

elementos, como subsídios, na construção de significados: a imagem, as cores, música,

sons, entre outros. São muitas as obras literárias representadas em filmes, mas uma

representação na linguagem cinematográfica será sempre uma releitura, como vimos, na

aula anterior, segundo Trevisan (1998), “um jogo de arte, humanismo e sedução que,

numa linguagem particular, convida o espectador à nova visão de mundo.”

Com o objetivo de fazer os alunos perceberem no jogo de arte, o convite proposto

por Trevisan, retomaremos o texto fílmico para fazermos mais algumas inferências com a

obra literária. A literatura por não constituir uma arte fechada, mas integrada às relações

com outras artes rompe com códigos estabelecidos em busca do novo.

Pelo jogo lúdico, torna-se mais agradável a abordagem do texto literário, pois, no

filme em comemoração aos 500 anos do Brasil, em 2001, fica visível a contextualização

contemporânea da obra literária.

Atividade 6

Literatura e cinema: o diálogo entre as artes

Nesta prática, retomaremos a perspectiva interartes, onde as possibilidades de

verbalização fazem, na maioria das vezes, conexão com outras artes. No campo de

estudos interartes e dentre as possibilidades de abordagem estão as ilustrações, auto-

ilustrações, adaptações cinematográficas de textos. A leitura de um texto não é a mesma

da obra em vídeo ou cinema e nem estas substituem a leitura de um livro, são leituras

diferentes que ora se negam, ora se completam em suas relações dialógicas.

Imaginação, técnica, imagem, som, textos articulados reconstroem obras mediadas

pelo tempo gerando ainda, para muitos, dificuldade de percepção na adaptação de novas

realidades, desta nova leitura de mundo. Adaptação é o termo usado para a conversão de

novelas em peças teatrais, contos de fadas em balés, contos especiais de televisão ou

filmes, adquirindo na reelaboração o sentido de algo novo, uma nova criação.

É o que buscaremos enfocar, nesta prática leitora, ao observarmos a construção de

significados para o texto épico do Arcadismo brasileiro, Caramuru, 1781, de José de

Santa Rita Durão e a leitura, atual, do texto fílmico de Guel Arraes, 2001, Caramuru: A

Invenção do Brasil.

Iniciamos esta atividade, lembrando que já assistimos ao filme, porém sem uma

análise mais profunda quanto a percebê-lo enquanto linguagem, como um novo texto.

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Para uma análise, um pouco mais crítica, decidimos partir do documentário interativo,

narrado por Marco Nanini e, na sequência, pela seleção de algumas das principais cenas,

para percebemos, pela intertextualidade, as inúmeras possibilidades de inferências com a

obra literária de Santa Rita Durão (publicada em 1781), referindo-se, explicitamente, a

fatos relativos ao descobrimento da Bahia, mas, implicitamente, ao do Brasil.

O filme é uma narrativa, numa linguagem lúdica e bem-humorada, que conta a

lenda de Caramuru e Paraguaçu, tendo como cenário a beleza da paisagem tropical das

terras do Brasil na época do seu descobrimento. Conta a lenda, no texto fílmico, que

Diogo, degredado, sofre um naufrágio, em costas brasileira e chega, a nado, na ilha de

Itaparica, onde se encontra com a jovem e sedutora Paraguaçu, dando início a uma

história de amor, em forma de comédia histórica.

Lembramos que a narrativa do poema épico de Santa Rita Durão gira em torno do

descobrimento da Bahia, metade do século XVI, por Diogo Álvares Correia, português da

região de Viana do Castelo, compreendendo em vários episódios a história do Brasil, o

rito, as tradições dos indígenas que aqui habitavam, e algumas referências à política das

colônias.

Dentre as possibilidades de aproximação entre os dois textos artísticos, literatura e

cinema, percebemos, inicialmente, a relevância em destacar para os alunos, no

documentário:

� A viagem para a Índia, causa do descobrimento do Brasil, no início do

documentário. (02min57s)

� A importância dos mapas, além dos astros, usados na época, como um dos mais

avançados meios de localização geográfica, comparando-os aos satélites, na

atualidade. (1min)

� O destaque às caravelas como o mais desenvolvido meio de transporte marítimo

comparado, hoje, aos transatlânticos proporcionando aos navegadores

aventurarem-se em longas viagens, na época dos descobrimentos. (04min90s)

� Apresentação de Diogo Álvares (Caramuru) e Paraguaçu, os dois principais

personagens do texto fílmico. (02min19seg)

Dessas referências ao documentário do filme, iniciamos a análise intertextual, entre

o texto fílmico e o literário, relembrando aos alunos que ao buscarmos, nos textos, a

abordagem do mesmo tema, estaremos diante de releituras, de um, sobre o outro texto.

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(DURÃO, 2003, p. 18)

É constatado, historicamente, o fato de que o Brasil antes de ser descoberto era

habitado por nativos, povos indígenas. Este fato também é evidenciado por Santa Rita,

logo no início de seu poema épico, entre outras citações ao longo da narrativa, onde ao

descrever os bárbaros, referindo-se à antropofagia, à rudez, relata os costumes, rituais,

até então nada cristãos, praticados pelos silvícolas, Canto I, estrofes IV e V:

Nele vereis nações desconhecidas, Que em meio dos sertões a fé não doma;

E que puderam ser-vos convertidas Maior império que houve em Grécia ou Roma:

Gentes vereis e terras escondidas, Onde, se um raio da verdade assoma,

Amansando-as, tereis uma turba imensa Outro reino maior que a Europa extensa.

Devora-se a infeliz, mísera gente, E sempre reduzida a menos terra, Virá toda extinguir-se infelizmente,

Sendo, em campo menor, maior a guerra. Olhai, Senhor, com reflexão clemente

Para tantos mortais que a brenha encerra, E que, livrando desse abismo fundo, Vireis a ser monarca de outro mundo.

É importante destacar, para os alunos, a relação intertextual, nos textos em

análise, entre a descrição literária, do trágico naufrágio da nau portuguesa em navegava

Diogo Álvares Correia, Canto I, estrofes XI e XII, e a cena, no filme, visualizada aos

24min50s, parodiada de forma hilária, porém muito bem representada, artisticamente,

pelos recursos sonoros e de cor.

O Filho do Trovão, que em baixel ia Por passadas tormentas, ruinoso,

Vê que do grosso mar na travessia Se sorve o lenho pelo pego undoso;

Bem que , constante a morte não temia, Invoca no perigo o Céu piedoso,

Ao ver que a fúria horrível da procela Rompe a nau, quebra o leme e arranca a vela.

Lança-se ao fundo o ignívomo instrumento, Todo o peso se alija; o passageiro,

Para nadar no túmido elemento,

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A tábua abraça, que encontrou primeiro: Quem se arroja no mar temendo o vento,

Qual se afia a um batel, quem a um madeiro, Até que sobre a penha, que o embaraça,

A quilha bate e a nau se despedaça.

(DURÃO, 2003, p.20)

Para conhecer um pouco mais ver referências em:

http://www.casadatorre.org.br/alvares.htm (acesso em 13/03/2010).

Na obra literária, Santa Rita retoma, em vários momentos, a ferocidade

antropofágica dos nativos, percebida, na crueldade com que executavam suas vítimas

nos excertos abaixo:

Canto I, estrofe XVII Correm depois de crê-lo ao pasto horrendo;

E retalhando o corpo em mil pedaços, Vai cada um famélico trazendo,

Qual um pé, qual a mão, qual outro os braços: Outros na carne crua iam comendo,

Tanto na infame gula eram devassos; Tais há que os assam nos ardentes fossos, Alguns torrando estão na chama os ossos.

(DURÃO, 2003, p.22)

(Canto IV, estrofes XV e XVII) Cupaíba, que impunha a feral maça,

Guia o bruto esquadrão da crua gente; Cupaíba, que os míseros que abraça,

Devora vivos na batalha ardente: À roda do pescoço um fio enlaça,

Onde, de quantos come enfia um dente, Cordão que em tantas voltas traz cingido, Que é já mais que cordão longo vestido

Fogem todo o comércio da mais gente;

Ou se se vissem a tratar forçados, Que lhe possam chegar nenhum consente,

Senão trinta ou mais passos apartados: Se alguns se chegam mais, por imprudentes,

Como leões ou tigres esfaimados, Mordendo investem os que incautos foram,

E a carne crua, crua lhes devoram.

(DURÃO, 2003, p.96 e 97)

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Arraes estabelece esta relação, em cenas aos 29min11s e 38min do texto fílmico,

abordando, de forma lúdica e carnavalizada, a bárbara antropofagia literária.

Outra importante referência feita por Santa Rita é o tipo de habitação, moradia dos

indígenas, no Canto II, estrofes LVIII e LIX:

No Recôncavo ameno um posto havia De troncos imortais cercado à roda, Trincheira natural com que impedia

A quem quer penetrá-lo a entrada toda: Um plano vasto em seu centro abria

Aonde, edificando à pátria moda, De troncos, varas, ramos, vimes, canas

Formaram, como em quatro, oito cabanas.

Qualquer delas com mole volumosa Corre direta em linhas paralelas;

E mais comprida aos lados que espaçosa, Não tem paredes ou colunas belas: Um ângulo no cume a faz vistosa,

E coberta de palmas amarelas, Sobre árvores se estriba, altas e boas, De seiscentas capaz, ou mil pessoas.

(DURÃO, 2003, p.58)

No texto fílmico a moradia dos nativos é, parodicamente, enfocada pelo diretor aos

43min, privilegiando a figura do chefe da família, referenciada também, intertextualmente,

na obra literária, fazendo uma analogia a Noé, personagem bíblico, no Canto II, estrofes

LX e LXI:

Qual o velho Noé na imensa barca, Que a bárbara cabana em tudo imita,

Ferozes animais próvido embarca, Onde a turba brutal tranquila habita:

Tal o rude tapuia na grans' arca; Ali dorme, ali come, ali medita,

Ali se faz humano e, de amor mole, Alimenta a mulher e afaga a prole.

Dentro da grã choupana a cada passo Pende de lenho a lenho a rede extensa;

Ali descanso toma o corpo lasso, Ali se esconde a marital licença:

Repousa a filha no materno abraço Em rede especial, que tem suspensa;

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Nenhum se vê (que é raro) em que tal vivenda Que a mulher de outrem nem que à filha ofenda.

(DURÃO, 2003, p. 59).

O episódio que dá origem ao nome Caramuru - filho do trovão – está presente nos

dois textos, no literário e no fílmico, em diferentes contextos.

Parodiado por Guel Arraes no filme aos 42min, mas, também, como na obra

literária, é a partir dele que surge a submissão dos indígenas a Diogo Álvares Correia,

principal personagem na epopeia de José de Santa Rita Durão. O personagem passa de

destinado à morte antropofágica, por saber manusear uma espingarda, a ser tratado,

pelos nativos, com respeito digno de um herói, nas descrições do Canto II das seguintes

estrofes:

II

Parecia-lhe ver da gente insana O bárbaro furor, a fome crua,

A agonia dos seus na ação tirana, E temendo a dos mais, presume a sua: Quisera opor-se à empresa desumana,

Pensa em arbítrios mil com que conclua: Se fugirá? Mas onde? Se os invada? Porém, enfermo e só, não vale nada.

(DURÃO, 2003, p.43)

XLIV

Estando a turba longe de cuidá-lo, Fica o bárbaro ao golpe estremecido

E cai por terra no tremendo abalo Da chama, do fracasso e do estampido: Qual do hórrido trovão com raio e estalo

Algum junto aquém cai fica aturdido, Tal Gupeva ficou, crendo formada

No arcabuz de Diogo uma trovoada.

XLV

Toda em terra prostrada exclama e grita A turba rude em mísero desmaio, E faz o horror que estúpida repita

“Tupá, Caramuru”, temendo um raio. Pretendem ter por Deus, quando o permita,

O que estão vendo em pavoroso ensaio, Entre horríveis trovões do márcio jogo, Vomitar chamas e abrasar com fogo.

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XLVI

Desde esse dia, é fama que por nome Do grão Caramuru foi celebrado

O forte Diogo; e que escutado dome Este apelido o bárbaro espantado: Indicava o Brasil no sobrenome,

Que era um dragão dos mares vomitado; Nem doutra arte entre nós a antiga idade,

Tem Jove, Apolo e Marte por deidade.

(DURÃO, 2003, p.54 e 55)

Na obra literária, Paraguaçu, filha do chefe Itaparica, é destacada pelo autor, em

vários momentos. Primeiro, em sua apresentação, deixando transparecer, pela delicadeza

da descrição, a docilidade, submissão e ao mesmo tempo encantamento, sedução, no

Canto II, estrofes:

LXXVIII

Paraguaçu gentil (tal nome teve), Bem diversa de gente tão nojosa,

De cor tão alva como a branca neve, E donde é neve, era de rosa:

O nariz natural, boca mui breve, Olhos de bela luz, testa espaçosa,

De algodão tudo o mais, com manto espesso, Quanto honesta encobriu, fez ver-lhe o preço.

LXXIX

Um principal das terras do contorno

A bela americana tem por filha; Nobre sem fasto, amável sem adorno,

Sem gala encanta e sem concerto brilha: Servia aos carijós que tinha em torno,

Mais que de amor, de objeto a maravilha; De um desdém tão gentil, que quem a olhava,

Se mirava imodesto, horror causava.

(DURÃO, 2003, p. 64)

Em outro momento, Paraguaçu destaca-se, na obra literária, como um importante

elo de comunicação, pela linguagem, entre sua tribo e o náufrago, estrangeiro, Diogo

Álvares, o Caramuru, principal personagem, pois, a jovem indígena, de ouvir entendia,

segundo o autor, “boa parte” da língua lusitana. Surge, desse primeiro encontro, uma forte

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atração que logo a seguir se transformaria em um grande amor entre os dois, o que é

perceptível no Canto II, estrofes:

LXXVII

Perguntá-lo dos bárbaros quisera; Mas como o aceno e a língua mais engana,

Acaso soube que a Gupeva viera Certa dama gentil brasiliana:

Que em Taparica um dia compreendera Boa parte da língua lusitana,

Que o português escravo ali tratara, De quem a língua, pelo ouvir, tomara.

LXXXI

Desejava vê-la o forte lusitano,

Porque interprete a língua que entendia, E toma por mercê do céu sob' rano

Ter como entenda o idioma da Bahia: Mas quando esse prodígio avista humano,

Contempla no semblante a louçania, Pára um vendo o outro, mudo e quedo, Qual junto de um penedo outro penedo.

(DURÃO, 2003, p.63 e 64)

A personagem de Paraguaçu é também muito evidenciada no texto fílmico desde a

sua primeira cena aos 30min, quando surge como uma mulher sedutora, segura de si,

superando a dificuldade de comunicação pela língua com seu o seu interlocutor, o

personagem de Diogo Álvares.

Nesta abordagem vale ressaltar a riqueza do filme no jogo intertextual entre as

palavras, linguagem verbal e não-verbal, a denotação e a conotação, como meio para a

produção de sentidos, de significados na comunicação entre os dois principais

personagens.

Destacamos ainda, intertextualmente, dentre as cenas que referenciamos uma, na

qual, que Diogo recita para Paraguaçu o soneto de Camões tentando definir o amor e ela,

em reposta, comunicativa, o define por meio de gestos. Esta cena ocorre aos 33min, no

texto fílmico.

Literária e contextualmente, estas cenas do filme relativas ao início da relação

entre o amor e a razão, levando em conta os costumes, principalmente religiosos, dos

dois principais personagens são perceptíveis, no texto épico, nos seguintes excertos do

Canto I, estrofes:

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LXXXIII

Mas desde o céu, a santa inteligência Com doce inspiração mitiga a chama,

Onde a amante paixão ceda à prudência E a razão pode mais que a ardente flama: Em Deus, na natureza e na consciência

Conhece que quer mal quem assim ama, E que fora sacrílego episódio

Chamar à culpa amor, não chamar-lhe ódio.

LXXXIV

No raio deste heroico pensamento Enquanto Diogo refletiu consigo,

Ser para a língua um cômodo instrumento Do Céu mandado, na donzela amigo: E por ser necessário ao santo intento,

Estuda no remédio do perigo; Que pode ser? Sou fraco; ela é formosa... Eu sou livre... ela donzela... será esposa.

LXXXV

Bela (lhe disse então) gentil menina,

(tornando a si do pasmo, em que estivera) Sorte humana não é , mas é divina,

Ver-me a mim, ver-te a ti na nova esfera: Ela a frase, em que falo, aqui te ensina,

Ela, se não me engana o que a alma espera, Um fogo em que nós acende, que de resto

Eterno haja de arder, se arder honesto.

(DURÃO, 2003, p. 65 e 66)

Na sequência do texto épico, ainda no Canto II, temos outra importante descrição,

das juras de amor, em versos belíssimos, que selam a união do primeiro casal, depois

que o Brasil foi descoberto. Dessa união, tem início pela miscigenação dos costumes,

inclusive religiosos, das raças, nativa e lusitana, a origem do povo, tipicamente brasileiro,

nas seguintes estrofes:

LXXXIX

E esta fé (diz-lhe), esposa em Deus querida, Guardar-te hoje prometo em laço eterno,

Até banhar-se n'água prometida, Por cândida afeição de amor fraterno:

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Amor que sobreviva à própria vida, Amor que preso em laço sempiterno,

Arda depois da morte em maior chama, Que assim trata de amor quem por Deus ama.

XC

Esposo (a bela diz), teu nome ignoro;

Mas não teu coração, que no meu peito Desde o momento em que te vi, que o adoro:

Não sei se era amor já, se era respeito; Mas sei do que então vi, do que hoje exploro,

Que de dous corações um só foi feito. Quero o batismo teu, quero a tua igreja, Meu povo seja o teu, teu Deus meu seja.

XCI

Ter-me-ás, caro, ter-me-ás sempre a teu lado;

Vigia tua, se te ocupa o sono; Armada sairei, vendo-te armado;

Tão fiel nas prisões como num trono: Outrem não temas, que me seja amado;

Tu só serás, Senhor, tu só meu dono; Tanto lhe diz Diogo, e ambos juraram;

E em fé de juramento, as mãos tocaram.

(DURÃO, 2003, p.67)

A descrição, na obra literária de Durão, do ritual que sela, respeitosamente, a união

dos dois personagens no filme, de Arraes, é parodiada em momentos lúdicos destacados

pelo embate, do casal, entre valores culturais, morais, religiosos e sociais, em relação ao

casamento, bigamia ou triângulo amoroso.

Neste contexto, optamos por destacar para os alunos as seguintes cenas: Diogo

em sua dupla relação com Moema e Paraguaçu, no Brasil, aos 38min15s; Diogo em seu

relacionamento com Paraguaçu e Isabelle, na França, à 1h10min do filme e, finalmente, à

1h14min a cena que confirma a união entre Diogo e Paraguaçu, graças à esperteza da

índia que, no filme, já politizada, engana Isabelle e passa a ter o amor de Diogo.

Santa Rita Durão ressalta com maestria, na epopeia, em vários momentos, a

exuberância da paisagem, da flora e da fauna brasileira. Nos seguintes fragmentos, o

autor, pela voz do personagem Diogo, exalta as riquezas encontradas nas terras do

Brasil. É evidente o respeito e a admiração, pela terra como veremos em seu relato, em

diversas estrofes, das quais destacamos os seguintes versos, a partir do Canto VII:

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Estrofe XXIII - ressalta a extensão geográfica da costa brasileira;

Mil e cinquenta e seis léguas de costa, De vales e arvoredos revestida, Tem a terra brasílica composta

De montes de grandeza desmedida: Os Guararapes, Borborema posta

Sobre as nuvens acima recrescida, a serra de Aimorés, que ao polo é raia,

As de Ibo-ti-Catu e Itatiaia.

(DURÃO, 2003, p.l63)

Estrofe XXVIII – descreve e enaltece o valor de um dos mais conhecidos alimentos,

em todas as regiões do Brasil, a mandioca.

É sustento comum, raiz prezada, Donde se extrai com arte útil farinha,

Que saudável ao corpo, ao gosto agrada, E por delícia dos Brasis se tinha.

Depois que em bolandeiras foi ralada, No tapiti se espreme e se convinha;

Fazem a puba então e a tapioca, Que é todo o mimo e flor da mandioca.

(DURÃO, 2003, p. 164)

Estrofe XXX – ressalta, como na carta de Caminha, a fertilidade da terra.

Ervilhas, feijão, favas, milho e trigo, Tudo a terra produz, se se transplanta; Fruto também, o pomo, a pera, o figo Com bífera colheita e em cópia tanta:

Que mais que no país que o dera antigo, No Brasil frutifica qualquer planta;

Assim nos deu a Pérsia e Líbia ardente Os que a nós transplantamos de outra gente.

(DURÃO, 2003, p. 165)

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Estrofe XXXIII – destaca as propriedades e o uso, pelos habitantes da terra, de

ervas medicinais nativas.

D’ervas medicinais cópia tão rara Tem no mato o Brasil e na campina,

Que quem toda a virtude lhe explorara, Por demais recorrera à medicina. Nasce a gelara ali, a sene amara,

O filopódio, a malva, o pau da China, A Caroba, a capeba, e mil que agora

Conhece a bruta gente e a nossa ignora.

(DURÃO, 2003, p.165)

A partir da estrofe XXXV – percebe-se a riqueza da descrição das flores,

reconhecendo a rosa como rainha e fazendo referência à Clície, figura mitológica,

transformada em girassol:

Das flores naturais pelo ar brilhante É com causa entre as mais rainha a rosa,

Branca saindo a aurora rutilante, E ao meio-dia tinta em cor lustrosa: Porém crescendo a chama rutilante, É purpúrea de tarde a cor formosa; Maravilha que a Clície competira,

Vendo que muda a cor, quando o Sol gira.

(DURÃO, 2003, p. 166)

Belíssima é também a descrição, metafórica, da flor do maracujá, onde em nenhum

momento é citado pelo nome mas, referenciado, por passagens religiosas, nas estrofes

XXXVII, XXXVIII e XXXIX, nos versos:

Nem tu me esquecerás, flor admirada, Em quem não sei se a graça, se a natura

Fez da Paixão do Redentor sagrada Uma formosa e natural pintura:

Pende com pomos mil sobre a latada, Áureos na cor, redondos na figura, O âmago fresco, doce e rubicundo

Que o sangue indica que salvará o mundo.

Com densa cópia a folha se derrama, Que muito à vulgar hera é parecida,

Entressachando pela verde rama

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Mil quadros da Paixão do Autor da vida: Milagre natural que a mente chama

Com impulsos da graça, que a convida, A pintar sobre a flor aos nossos olhos

A cruz de Cristo, as chagas e os abrolhos.

É na forma redonda, qual dilema De pontas, como espinhos, rodeada,

A coluna no meio, e um claro emblema Das chagas santas e da cruz sagrada:

Veem-se os três cravos e na parte extrema Com arte a cruel lança figurada,

A cor é branca, mas de um roxo exangue, Salpicada recorda o pio sangue.

(DURÃO, 2003, p. 166 e 167)

Destacamos, pela clareza da descrição, no relato sobre a variedade e sabor das

frutas, as estrofes XLIII e XLV:

Das frutas do país a mais louvada É o régio ananás, fruta tão boa,

Que a mesma natureza namorada Quis como a rei cingi-la da coroa:

Tão grato cheiro dá, que uma talhada Surpreende o olfato de qualquer pessoa; Que a não ser do ananás distinto aviso.

Bragância a cuidará do paraíso.

Distingue-se entre as mais na forma e gosto, Pendente de alto ramo o coco duro,

Que em grande casca no exterior composto, Enche o vaso interior de um licor puro: Licor que a competência sendo posto, Do antigo néctar fora o nome escuro;

Dentro tem carne branca como amêndoa, Que a alguns enfermos foi vital, comendo-a.

(DURÃO, 2003, p. 168 e 169)

São muitos, também, os versos que descrevem a riqueza da diversidade de

madeiras existentes no Brasil, dentre os quais elegemos os da estrofe LIII:

Troncos vários em cor e qualidade, Que inteiriças nos fazem as canoas,

Dando a grossura tal capacidade, Que andam remos quarenta e cem pessoas:

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E há por todo o Brasil em quantidade Madeiras para fábricas tão boas,

Que trazendo-as ao mar por vastos rios, Pode encher toda a Europa de navios.

(DURÃO, 2003, p. 171)

Referenciamos, na sequência, algumas das muitas espécies de animais, aves e

peixes encontrados no Brasil, nos seguintes fragmentos:

Estrofe LIV – animais domésticos -

Nutre a vasta região raros viventes

Em número sem conto e sem natureza Dos nossos animais tão diferentes,

Que enchem a vista da maior surpresa. Os que têm mais comuns as nossas gentes

Ignora esta porção de redondeza; O boi, o cavalo, a ovelha, a cabra e o cão;

Mas, levados ali, sem conto são.

(DURÃO, 2003, p.171)

Estrofe LV – animais ferozes

Todo o animal é fero ali, levado Donde tinha o seu pasto competente; Nem era lugar próprio ao nosso gado, Que fora o bruto manso e fera a gente: Como entre nós o tigre é arrebatado,

Cruel a onça, o javali fremente, Feras as antas são americanas,

E próprias do Brasil as suraranas.

(DURÃO, 2003, p.171)

Estrofe LXIV – algumas espécies de aves –

Vão pelo ar loquazes papagaios, Como nuvens voando em cópia ingente, Iguais na formosura aos verdes maios,

Proferindo palavras como a gente; Os periquitos com iguais ensaios,

O Canindé, qual íris reluzente; Mas falam menos, da pronúncia avaras,

Gritando as formosíssimas araras.

(DURÃO, 2003, p. 174)

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Estrofe LXVII – algumas espécies de peixes –

Piscoso o mar de peixes mais mimosos, Entre nós conhecidos abunda,

Linguados, sáveis, meros preciosos, A agulha, de que o mar todo se inunda:

Robalos, salmonetes deliciosos, O cherne, o voador, que n’água afunda,

Pescadas, galo, arraias e tainhas, Carapaus, encharrocos e sardinhas.

(DURÃO, 2003, p. 174 e 175)

O autor, pela voz de Diogo, valoriza, dentre as espécies de peixes, a baleia,

dedicando-lhe vários versos dos quais pela importância da espécie, atualmente, em

ameaça de extinção, destacamos:

Estrofes LXIX e LXXIII – referência à baleia e sua caça -

De junho a outubro para o mar se alarga,

Qual gigante marítimo a baleia, Que palmos vinte e seis conta de larga, Setenta de comprido, horrenda e feia: Oprime as águas com a horrível carga,

E de oleosa gordura em roda cheia, Convida o pescador que ao mar se deite,

Por fazer, derretendo-a, útil azeite.

Brilha o materno amor no monstro horrendo, Que, vendo prevenida a gente armada,

Matar se deixa n'água combatendo, Por dar fuga, morrendo, à prole amada: Onde no filho o arpão caçam metendo,

Com que atraindo a mãe dentro à enseada, Desde a longa canoa se alanceia,

Ao lado de seus filhos a baleia.

(DURÃO, 2003, p. 175 e 176)

Finalizando, nesta prática de leitura, a exposição, pelos excertos, desta pequena

parte da epopeia em que Santa Rita Durão exalta o Brasil, devemos retomar, com os

alunos, o valor do texto literário pela linguagem, mas, principalmente, como produção

artística. Neste sentido, é importante contextualizar, para que entendam que todo o texto,

ao ser analisado tem que levar em conta, além da recepção, sua esfera de produção.

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No filme, de Guel Arraes, a beleza dos versos, acima citados, está explícita na

criação da linguagem fílmica das cenas, no conteúdo, imagens que referenciam,

artisticamente, a obra literária de José de Santa Rita Durão, proporcionando aos

espectadores outras formas de leitura.

Enfatizamos, nesta prática, que ao trabalharmos com fragmentos, estaremos

aproximando os alunos de produções artísticas em linguagens diferentes, numa proposta

de leitura que acreditamos ser produtiva no ensino de leitura de textos artísticos.

Ao abordamos um texto literário por meio de outras linguagens, a exemplo desta,

estabelecendo relações com o texto fílmico, entre as outras práticas de leitura realizadas,

devemos enfatizar, sempre, que estamos fazendo releituras que, por sua vez, resultarão

em diferentes interpretações.

Para finalizar a proposta desta Unidade Didática que tem como principal objetivo,

aproximar os alunos do texto literário pela interação com criações artísticas em outras

linguagens, sugerimos para a avaliação das práticas de leitura realizadas a seguinte

questão:

� O trabalho com a leitura de criações artísticas em diferentes linguagens contribuiu,

de alguma forma, para que você, a partir das atividades realizadas, tenha um olhar

diferenciado para o texto literário, percebendo-o, também, como uma produção artística?

Justifique.

Considerações

A proposta da Unidade Didática, Literatura e Cinema: um diálogo possível

pretende, por meio de experiências de leitura, buscar algumas das possibilidades, pela

intertextualidade, de aproximação dialógica entre o texto literário e o fílmico e destes com

outros textos.

A intenção da proposta em relação ao ensino/aprendizagem de literatura é apontar

caminhos para práticas leitoras aliadas, intertextualmente, a estudos interartes e a outras

linguagens.

Entendemos que as práticas propostas, constituem-se em recursos

didáticos/pedagógicos na tentativa de aproximar os alunos da obra literária, atualmente,

rejeitada por muitos, de forma lúdica e prazerosa.

Entre as práticas de leitura realizadas, destacamos a relevância no uso do texto

fílmico, como meio de aproximação do texto literário, pela possibilidade de diálogo, pelo

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prazer da fruição, pelo lúdico, porém intencionalmente, para perceber com criticidade o

valor artístico dessas formas de linguagem.

Esta proposta apóia-se na constatação de que mesmo com o cinema, hoje,

acessível a todos, fazendo parte do nosso cotidiano, inclusive em nossas casas, ainda

não o percebemos como uma forma de linguagem que se relaciona, dialoga, com outras,

neste caso, como buscamos enfatizar, com a linguagem literária.

Os alunos serão avaliados pela interação, participação, oral, escrita e criativa, em

relação às práticas de leitura realizadas. No entanto, salientamos que a intenção, final,

deste trabalho é possibilitar um olhar diferenciado para o texto literário, usando como

meio o texto fílmico, além das outras formas de leitura praticadas.

Conforme o explicitado, tivemos neste trabalho o propósito de minimizar as

dificuldades encontradas em sala de aula, no trabalho com a literatura e, sinalizar para

experiências de leitura, fundamentadas, em recursos contemporâneos de estudos da

linguagem, além da teoria para o ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa/Literatura,

proposta nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica (Paraná, 2008).

Cabe a cada educador aprofundar, buscar novas experiências no uso do cinema

como ferramenta didática, adequando-a as situações de construção do conhecimento não

só literário, mas em outras áreas, ampliando, pelas práticas realizadas as possibilidades

de leitura. Dessa forma, acreditamos poder contribuir para a melhoria da qualidade da

educação e na formação de leitores independentes, com maior senso crítico, sujeitos do

mundo contemporâneo.

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Referências:

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BARROS, D. L. P. & FIORIN, J. L. (orgs). Dialogismo, Polifonia, Intertextualidade em torno de Bakhtin. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.

CAMÕES, L. In: VIEGAS, A. (Org.). Os Lusíadas. 6 ed. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1951.

CEREJA, W. R. Ensino de Literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com a literatura. São Paulo: Atual, 2005.

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Referências da Internet:

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http://www.forumnumismatica.com/viewtopic.phpf=54&t=26605ep.bloghttp://1.bspot.com/_MzbIgS4JWdw/Sul1KjTHlSI/AAAAAAAAABU/pkJ7pXTVAQY/s1600-h/Image.jpg < acesso em 25/03/2010>

http://www.manolosaez.com.br/site.php?mod=ct&obra=49&artista=25 <acesso em 25/03/2010>

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Vitor_meirelles_-_moema02.jpg < acesso em 20/04/2010>

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