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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE CIÊNCIAS SOBRE O CONTEÚDO ESTRUTURANTE ASTRONOMIA

VERA LUCIA ZARDO ANSOLIN1

ONILDES MARIA TASCHETTO2

RESUMO

Por ocasião da inscrição para entrada no Programa de Desenvolvimento

Educacional no início de 2009, nossa preocupação maior foi estudar um assunto que

necessitava de uma compreensão de maior abrangência. Sendo assim, propusemos

um projeto totalmente voltado para o ensino de Astronomia, tendo em vista que os

professores de Ciências apresentam deficiências na formação nesta área. Passada

a primeira fase dos cursos na Universidade, referentes ao PDE continuamos com o

propósito firme de trabalhar com professores, no sentido de minimizar as

dificuldades de trabalhar com o conteúdo Astronomia, pois é um conteúdo

estruturante e deve ser trabalhado em todas as séries do Ensino Fundamental.

Propomos um Curso de Formação Continuada para professores de Ciências do

Núcleo Regional de Educação de Toledo. Este artigo tem o objetivo de analisar e

destacar algumas dificuldades que o professor de Ciências enfrenta quando tem que

trabalhar com o conteúdo Astronomia no seu dia a dia em sala de aula.

PALAVRAS CHAVE: Formação do professor, Astronomia

ABSTRACT

1 Professora PDE/20092 Professora orientadora UNIOESTE – Cascavel.

CONTINUING EDUCATION FOR SCIENCE TEACHERS ON ASTRONOMY STRUCTURAL CONTENTS

At the time of registration for entry into the Educational Development Program in

early 2009, our main concern was to study a subject that required a more

comprehensive understanding. Therefore, we proposed a project entirely dedicated

to the teaching of astronomy in order that science teachers have deficiencies in

training in this area. Following the first phase of the courses at the university,

referring to the PDE continue with the firm determination to work with teachers in

order to minimize the difficulties of working with the astronomy content, therefore, is a

content structuring and should be worked on all series of Elementary School. We

offer a Continuing Education Course for Teachers of Science Regional Education

Center in Toledo. This article aims to analyze and highlight some difficulties that the

Science teachers face when they have to work with the astronomy content in their

day to day in the classroom.

KEY WORDS: teacher training, Astronomy

1. INTRODUÇÃO

Segundo as Diretrizes Curriculares de Ciências, a Astronomia tem um papel

importante no Ensino Fundamental, pois é uma das ciências de referência para os

conhecimentos sobre a dinâmica dos corpos celestes. Numa abordagem histórica

traz as discussões sobre o modelo geocêntrico e heliocêntrico, bem como sobre os

métodos e instrumentos científicos, conceitos e modelos explicativos que

envolveram tais discussões. Além disso, os fenômenos celestes são de grande

interesse dos estudantes porque por meio deles buscam-se explicações alternativas

para acontecimentos regulares da realidade, como o movimento aparente do sol, as

fases da lua, as estações do ano, as viagens espaciais, entre outros.

O conteúdo estruturante Astronomia possibilita estudos e discussões sobre a

origem e a evolução do Universo.

Nas Diretrizes Curriculares Estaduais da disciplina de Ciências conceituam-

se conteúdos estruturantes como conhecimentos de grande amplitude que

identificam e organizam os campos de estudo de uma disciplina escolar,

considerados fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo e ensino.

São construções históricas e estão atrelados a uma concepção política de

educação, por isso não são escolhas neutras. E, na página 64, “a seleção dos

conteúdos de Ciências deve considerar a importância dos mesmos para: entender o

mundo no atual período histórico, a constituição da identidade da disciplina, além de

facilitar a integração conceitual dos saberes científicos na escola”.

As diretrizes curriculares de Ciências apresentam cinco conteúdos

estruturantes fundamentados na história da ciência, para a disciplina de Ciências no

Ensino Fundamental. São eles: astronomia, matéria, sistemas biológicos, energia e

biodiversidade. Por isso, propõe-se que o professor trabalhe com os cinco

conteúdos em todas as séries do Ensino Fundamental, a partir da seleção de

conteúdos específicos da disciplina e adequados ao nível de desenvolvimento de

cada série. É preciso que o ensino de Ciências estabeleça relações entre os

conceitos científicos escolares de diferentes conteúdos estruturantes da disciplina,

entre estes e os conteúdos estruturantes das outras disciplinas e ainda entre os

conteúdos científicos escolares e o processo de produção do conhecimento

científico. Estas são as relações conceituais, interdisciplinares e contextuais, das

quais tratam a diretriz curricular da disciplina de Ciências.

O desenvolvimento da docência não pode ser visto como um processo

isolado e sim compartilhado pela comunidade educacional no qual todos somos

aprendizes. É necessário que haja ações desafiadoras, tanto para o professor,

quanto para o aluno, para que ambos possam iniciar um processo de busca

orientada e atingir maiores compreensões e realização pessoal.

Segundo Caniato (1990), muitas razões justificam a importância dada ao

ensino de Astronomia: ela é a mais antiga das ciências, nenhum outro conhecimento

tem estado desde a antiguidade tão ligada ao desenvolvimento do pensamento

humano, além de possuir o conteúdo altamente motivador, exerce um grande

fascínio.

“Atualmente, no ensino de Ciências, o professor se depara constantemente

com conhecimentos alternativos, tanto pela banalização na divulgação científica,

quanto pelo uso de linguagem simplificada do conhecimento científico, inclusive nos

livros didáticos. Dificuldades na formação inicial ou a carência de formação

continuada do professor podem tornar-se obstáculos ao processo de ensino-

aprendizagem, pois a falta de fundamentos teórico-metodológicos dificulta uma

seleção coerente de conteúdos, bem como um trabalho crítico-analítico com o livro

didático”. (DCE, página 60).

É necessário, aos professores de ciências em contínuo processo de

formação, saber selecionar conteúdos científicos escolares adequados ao ensino

considerando o nível de desenvolvimento cognitivo dos estudantes. (DCE, página

61). Não basta ensinar o conteúdo específico para os professores, a formação inicial

deveria incluir “sugestões e orientações didáticas organizadas e definidas em função

das diferentes realidades e necessidades dos docentes”. (NARDI; LANGUI, 2005, P.

80). Devido a ausência de preparação e conhecimento dos professores de Ciências

sobre conteúdos de Astronomia, convivemos com a insegurança para trabalhar com

esse conteúdo em nossas aulas.

Segundo Canalle e Trevisan,

A formação inadequada dos professores, leva a inquietações, inseguranças e dificuldades que os conduzem a buscar informações em outras fontes, muitas vezes questionáveis, talvez procurando concepções alternativas, ou acabam seguindo orientações e sugestões dos autores de livros didáticos utilizados em sala de aula, os quais trazem muitos problemas quanto ao conteúdo de Astronomia. (CANALLE Et.all. 1997; TREVISAN Et.all.: 1997).

Muitos professores do Ensino Fundamental apresentam receio de levar

Astronomia para a sala de aula, sentindo-se incapazes de suprir as expectativas

tanto suas quando de seus alunos, pois pouco sabem sobre os conceitos científicos

envolvidos nos estudos sobre as estrelas, galáxias, o Universo, ou até mesmo sobre

o Sistema Solar, pois, em sua formação, conhecimentos dessa natureza não fizeram

parte do currículo escolar.

Os professores enfrentam muitos obstáculos, em relação ao conteúdo, ao

planejamento, as estratégias de ensino, ao conhecimento da proposta curricular do

Estado do Paraná e utilizam como recurso principal o livro didático. Nota-se também

que a disponibilidade de materiais para pesquisa do professor, é muito precária.

Diante disso, é notório que os professores de Ciências do Ensino Fundamental,

necessitam urgentemente de cursos de formação continuada para que consigam

vencer todos os obstáculos que se apresentam no seu dia-a-dia.

A Astronomia sempre desperta muito interesse e curiosidade nas crianças e

nos adultos desde a Antigüidade. Mas somente isso não é suficiente para entender

os avanços tecnológicos e científicos do qual vivenciamos no nosso cotidiano. O

entendimento desse processo todo conduz ao objetivo principal da escola que é

formar o cidadão para atuar na sociedade de forma crítica e consciente.

Este conteúdo estruturante muitas vezes não é desenvolvido como deveria

ser, e até “colocado de lado” pelo professor para evitar constrangimentos, pois se

depara com um conteúdo completamente desconhecido. O professor enfrenta

obstáculos em relação ao conteúdo, ao planejamento, às estratégias de ensino e até

mesmo ao conhecimento da Proposta Curricular do Estado do Paraná.

Segundo as DCEs/2008, página 65, a “Astronomia tem um papel importante,

pois é uma das ciências de referência para o conhecimento sobre a dinâmica dos

corpos celestes. Numa abordagem histórica traz as discussões sobre o modelo

geocêntrico e heliocêntrico, bem como sobre os métodos e instrumentos científicos,

conceitos e modelos explicativos que envolvem tais discussões. Além disso, os

fenômenos celestes são de grande interesse dos estudantes porque por meio deles

buscam-se explicações alternativas para acontecimentos regulares da realidade,

como o movimento aparente do sol, as fases da lua, as estações do ano, as viagens

espaciais, entre outros”.

Nas aulas de astronomia, devemos buscar a cooperação entre os alunos,

independentemente de suas idades ou conhecimentos, de forma a permitir que o

tema seja um elo a somar na corrente das interações sociais do jovem. Na

astronomia, o que vale não é o que o aluno sabe ou não acerca do assunto, mas o

anseio por aprender mais, por se enveredar no estudo de tão encantador assunto.

Uma das formas de se incentivar esta característica é permitir ao aluno que tenha

um contato “material” com a Astronomia através de atividades experimentais.

Por aguçar a curiosidade desde tempos remotos, a Astronomia é a

motivação ideal para introduzir uma vasta gama de conceitos em todas as áreas do

conhecimento. Falar sobre Astronomia atrai a atenção de qualquer pessoa, mesmo

que esta não tenha grandes conhecimentos científicos, gerando uma enorme

curiosidade, requisito fundamental para o sucesso de um processo de

aprendizagem.

2. DESENVOLVIMENTO

Levando-se em consideração que a formação inicial dos professores não

consegue satisfazer todas as questões pedagógicas e diante de todas as

dificuldades apresentadas anteriormente, o nosso objetivo como professora

participante do PDE na disciplina de Ciências era de possibilitar a capacitação de

professores do Ensino Fundamental no ensino de Astronomia, usando materiais

didáticos simples de serem confeccionados, de baixo custo e de alto potencial

didático, contribuindo com elementos que auxiliem os professores de Ciências a

promover um ensino do conteúdo de Astronomia de maneira mais significativa

buscando atender às necessidades pedagógicas mais imediatas dos professores, na

tentativa de minimizar essas dificuldades.

Primeiramente percebemos a necessidade de buscar cursos de capacitação,

nos preparando para a implementação do programa PDE com os professores de

Ciências do Núcleo Regional de Educação de Toledo.

Para tanto, em novembro de 2009, participamos do XII ENAST – Encontro

Nacional de Ensino de Astronomia, no município de Londrina, onde tivemos a

oportunidade de conhecer o trabalho realizado no Brasil para divulgação do Ensino

de Astronomia e todas as dificuldades existentes.

Em abril de 2010, participamos do V EREA – Encontro Regional de Ensino

de Astronomia, no município de Iepê – SP. O evento reuniu grandes nomes da

Astronomia contribuindo com palestras e oficinas para professores do ensino

fundamental e médio.

Em setembro de 2010, participamos também do VIII EREA, no município de

Foz do Iguaçu, com palestras e oficinas. Uma delas: Construção de Espectroscópio

Didático, ministrada pelo Prof. Dr. Rodolfo Langhi da UFMS/MS. Com materiais tais

como DVDs, CDs, papel e cola se monta um espectroscópio que permite ver as

linhas de emissão dos elementos químicos contidos em lâmpadas fluorescentes.

Tais instrumentos são fundamentais nas identificações dos elementos químicos das

estrelas.

Os EREAs nasceram no Ano Internacional de Astronomia (AIA), como um

subprograma das comemorações do AIA. O responsável por este programa junto ao

CNPq é o Prof. Dr. Jaime Fernando Villas da Rocha (UNIRIO), membro do Comitê

Brasileiro organizador do AIA. Também atuam diretamente na organização dos

eventos o Prof. Dr. João Batista Garcia Canalle (UERJ) bem como os membros dos

comitês locais.

O objetivo dos EREAS é promover a capacitação de professores do ensino

fundamental e médio e aproximar estes dos astrônomos profissionais e amadores da

região, apresentar métodos práticos de ensino de astronomia e também de

astronáutica, doar aos participantes materiais didáticos de ensino de astronomia,

doar lunetas às escolas participantes no evento, capacitar os professores para as

observações astronômicas, etc.

No âmbito das comemorações do AIA (Ano Internacional da Astronomia), em

2009, o comitê brasileiro adquiriu 20.000 Galileuscópios, com os recursos obtidos

junto ao MCT/CNPQ. Nos EREAS, cada escola representada recebe um

Galileuscópio que é montado numa das oficinas e esse instrumento deve ficar à

disposição de qualquer professor daquela instituição para utilização em observações

noturnas com alunos e comunidade escolar.

Realizou-se no município de Toledo o Curso de Formação Continuada:

Astronomia Básica para o Ensino Fundamental e Médio - “IX EREA – Encontro Regional de Ensino de Astronomia”. O curso foi oferecido para professores de

Ciências e Física da rede estadual e municipal de educação, e, amplamente

divulgado em todos os núcleos regionais.

O curso foi organizado com o seguinte formato: no período matutino

aconteceram 02 palestras e, no período vespertino os professores participaram de

oficinas nas quais construíram materiais aprofundando conhecimentos.

Além dos galileuscópios que cada escola representada recebeu e montou,

todos os professores participantes do EREA em Toledo receberam o seguinte

material para seu uso pessoal, pesquisa e preparo de aulas: livro: Fascínio do

Universo, de Augusto Damineli e João Steiner; livro: Ombros de Gigantes (História

da Astronomia em Quadrinhos) de Annibal Hetem Junior, Jane Gregório – Hetem,

Marlon Tenório; livro: Formação Continuada de Professores – Curso Astronáutica e

Ciências no Espaço” de João Batista Garcia Canalle (UERJ) e Oscar Toshiaki

Matsuura (Astronomy Brasil); material de divulgação da Agência Estadual Brasileira;

01 DVD “De Olho no Céu”, distribuído por ocasião das comemorações do AIA.

As palestras ministradas foram as seguintes: “Gravitação e Escalas e

Estruturas Astronômicas" com o Prof. Dr. Jaime Fernando Villas da Rocha, “LHC

-Uma Fronteira da Ciência e Tecnologia” com o Prof. Dr. Marcelo Fernandes;

“Astronomia e o Cidadão do Mundo” com o Prof. Dr. Rodolpho Caniato, autor de

muitos livros de Astronomia e precursor nos estudos de Astronomia no Brasil;

“Principais Ideias de Senso Comum no Ensino da Astronomia”com o Prof. Dr.

Rodolfo Langhi; “Fases da Lua e Eclipses” com o Prof. Dr. Paulo Sergio Bretones e a

palestra “Satélites Artificiais e Observações a Olho Nu” com o Prof. Ms. Marcos Calil.

No período vespertino da quarta feira todos os professores participaram da

oficina com duração de 4 horas com o professor Dr. João Batista Garcia Canalle,

“Montagem e Utilização dos Galileuscópios”. Na quinta feira foram propostas as

seguintes oficinas: Oficina 1: A Terra em que Vivemos, com o Prof. Dr. Rodolpho

Caniato, carga horária de 4 horas. Oficina 2: Astronomia Básica para o Ensino

Fundamental e Médio, com o Prof. Dr. João Batista Garcia Canalle, carga horária 4

horas. Oficina 3: Movimento Aparente do Sol (MAS) com o Prof. Dr. Francisco

Catelli, carga horária de 4 horas; Oficina 4: Construção de foguetes – prof. Nilson

Silva Santos e Vicente Mateus Santana, com carga horária de 4 horas; Oficina 5: O

uso do software Sttelarium, com o professor Julio Cesar Campagnolo, com carga

horária de 2 horas, e, Oficina 6: Os Movimentos do Sistema Sol – Terra – Lua com o

professor Newton Cesar Florencio, com carga horária de 2 horas. Na quinta-feira

contamos com as seguintes oficinas: Oficina 1: Astronomia Básica para o Ensino

Fundamental e Médio, com o Prof. Dr. João Batista Garcia Canalle (UERJ), com

duração de 4 horas ; Oficina 2: Planetário de Pobre, com o Prof. Dr. Rodolpho

Caniato, duração de 4 horas; Oficina 3: O uso do software Sttelarium, com o

professor Julio Campagnolo (UEM), com duração de 2 horas; Oficina 4: Projeção

de imagens do Sol com o Prof. Dr. Francisco Catelli, (UERS) com duração de 2

horas; Oficina 5: Desafio de Lógica, Astros, Twister, Dominó, Pulando Corda com

Planetinhas” com a professora Juliana Romanzini, (UEL) com duração de 4 horas;

Oficina 6: Construção de foguetes, com os professores Nilson Silva Santos e

Vicente Mateus Santana, com duração de 4 horas.

No final da tarde, após as 17h30min, tivemos o lançamento de foguetes

confeccionados pelos professores durante a oficina “Construção de Foguetes” e,

posteriormente todos os cursistas participaram das observações noturnas orientadas

pelo professor João Batista Garcia Canalle.

Propôs-se também a realização de oficinas nas escolas cujo objetivo foi

destacar práticas pedagógicas que podem facilmente serem usadas para o ensino

de Astronomia nas séries finais do Ensino fundamental; Motivar o aluno ao ensino de

ciências, a fim de tornar mais significativa a aprendizagem de conceitos e a

compreensão de fenômenos ligados a astronomia; Propor a construção de materiais

didáticos que facilitem o ensino de Astronomia nas séries finais do Ensino

Fundamental; Despertar a curiosidade científica de estudantes e seu interesse pelas

ciências; Oportunizar momentos para que o estudo da Astronomia seja socializado e

discutido por professores de Ciências do Núcleo Regional de Educação de Toledo.

Nessas oficinas, foi trabalhado o conteúdo Movimento Aparente do Sol,

apresentando um Modelo3 Prático para visualização e entendimento deste

Movimento para qualquer latitude da Terra e época do ano, numa perspectiva

geocêntrica. Nesta oficina todos os professores confeccionaram o modelo que

permite identificar o Movimento Aparente do Sol (MAS) bem como estimar o

intervalo de tempo em que este fica acima do horizonte (dia claro), em qualquer

lugar do planeta e em qualquer época do ano. Juntamente com o modelo

apresentamos um recurso tecnológico - o “software Stellarium”, que simula o céu em

qualquer horário, local ou época. Os professores aprenderam a trabalhar com o

recurso para utilizá-lo em sala de aula. É um recurso disponível e grátis, para

downloads em qualquer computador. Nessas oficinas, os professores conseguiram

entender os Solstícios de Verão e de Inverno, assim como os equinócios de

primavera e de outono. Que quando acontece o Solstício de Verão no hemisfério Sul

(dezembro), acontece o solstício de Inverno no hemisfério Norte (dezembro), e

quando acontece o Solstício de Inverno no hemisfério Sul (junho), acontece o

solstício de verão no hemisfério Norte (junho). E, quando acontece o equinócio de

primavera no hemisfério Sul (setembro), acontece o equinócio de outono no

hemisfério Norte (setembro), quando quando acontece o equinócio de outono no

hemisfério Sul (março), acontece o equinócio de primavera no hemisfério Norte

(março).

A partir das avaliações dos professores relativas ao curso de formação

proposto, podemos destacar os pontos abaixo:

2.1 Falta de conteúdos de Astronomia na formação inicial dos professores

3 Professores Fernando Siqueira da Silva, Francisco Catelli e Odilon Giovannini – Universidade do Rio Grande do Sul - RS

Analisando as prováveis razões do desaparecimento da astronomia como

disciplina curricular, Tignanelli propõe a falta de metodologias de ensino que

enfatizem a experiência direta e a formação dos docentes, na qual os conteúdos de

astronomia são quase inexistentes. Este autor observa ainda que, atualmente, os

temas de astronomia aparecem diluídos em outros conteúdos de interesse dos

programas e das estruturas curriculares da educação formal.

Diversos professores, em seus depoimentos, destacaram (...) considerando

que os professores da disciplina de Ciências, graduados nos diferentes cursos para

ministrar aulas de ciências (Química, Física, Biologia e Matemática) não tiveram

formação em astronomia. A realização deste curso foi uma oportunidade impar de

participar de um curso com atividades teóricas e práticas sobre o ensino da

Astronomia, palestras informativas e discussões sobre o ensino da Astronomia.(...)

Segundo estudos, a formação dos professores de Ciências consiste em uma

formação acadêmica que não contempla a Astronomia e, muito menos, as

estratégias de como torná-la acessível aos alunos do Ensino Fundamental.

(LANGHI, 2004; BRETONES, 1999; PUZZO et al., 2005).

Poderíamos destacar ainda que os professores desconhecem ou não têm

consciência das concepções alternativas que os alunos utilizam para explicar os

fenômenos astronômicos e estas acabam por influenciar no processo de

aprendizagem, dificultando assim o trabalho do professor. (NARDI, 1989; PANZERA

E THOMAZ 1995; BISCH, 1998; LEITE, 2002; LANGHI, 2004; PUZZO, 2005; LIMA,

2006). O termo concepção alternativa faz referência a uma idéia sobre qualquer

fenômeno natural previamente concebida por alunos e/ou professores e que é

posteriormente trazida para a sala de aula. Na literatura da área de pesquisa em

ensino de Ciências encontram-se outros termos com significados semelhantes:

“conceitos intuitivos”, “concepções espontâneas”, “idéias ingênuas”, “concepções

prévias”, “pré-conceitos” e “idéias de senso comum”, conforme explica Teodoro

(2000). As concepções alternativas podem ser formadas ainda pela atribuição dos

significados às palavras. Podem adquirir significados diferentes entre os sujeitos que

as falam e aqueles que as ouvem. Deve-se então, atentar que em uma sala de aula,

pode ocorrer um mau entendimento entre as informações que estão sendo trocadas,

já que durante a fala cada sujeito atribui significado ao que está ouvindo de acordo

com sua rede de conhecimento.

Mesmo antes de iniciar sua formação, algumas concepções alternativas sobre fenômenos astronômicos estão firmemente arraigadas no futuro docente, que podem ter tido sua origem na própria educação que recebeu enquanto criança, nos seus anos iniciais do Ensino Fundamental. Atingindo a formação, essas concepções normalmente persistem, em parte resultado de um curso de graduação falho ou isento de conteúdos em ensino de Astronomia. (LANGHI, 2004)

Várias pesquisas na área de ensino de astronomia têm apontado

dificuldades conceituais apresentadas pelos professores e livros didáticos (LANGUI,

2004; LEITE, 2006; LIMA, 2006; BRETONES, 2006).

Leite, (2006) em um trabalho que relaciona espacialidade e formação de

professores em astronomia, verifica dificuldades nas representações das dimensões

espaciais e temporais dos elementos astronômicos e seus movimentos tanto em

professores de ciências quanto em alunos do ensino fundamental.

Lima, em um trabalho sobre as estações do ano e a visão do professor de

ciências, constatou dificuldades no ensino de astronomia pelos professores. Em

muitos casos, as concepções alternativas apresentadas pelos alunos, não são

oriundas deles mesmos, e sim enraizadas e repassadas por seus professores

(LIMA, 2006).

Caniato constatou problemas com alunos de licenciatura e bacharelado de

Física. A maioria dos alunos de licenciatura e bacharelado de Física achava que:

[...] é meio-dia quando o Sol passa a pino. A maioria absoluta não se dava conta de que o Sol a pino é coisa rara mesmo ao meio dia. Ninguém sabia que em grande parte do território brasileiro o Sol jamais passa a pino. Em todos os casos, os estudantes haviam “aprendido” o assunto no primeiro grau; recordava-se de haver estudado isso. A nenhum havia ocorrido olhar a própria sombra e verificar por si mesmo e facilmente que a afirmação é falsa. (CANIATO, 1987).

2.2 Mudanças na prática pedagógica do professor na formação continuada

Professores destacaram nas avaliações, (...) O curso de formação para

professores de Ciências foi um evento muito importante para nossa prática

pedagógica, uma vez que aprendemos e revisamos conteúdos, os quais

trabalhamos no dia a dia com nossos alunos. (...) Queremos destacar a importância

das palestras e práticas desenvolvidas durante o evento por palestrantes (...) o que

possibilitou uma troca de experiências e conhecimentos riquíssima, motivando-nos

no processo de ensino aprendizagem... “As oficinas propostas no curso permitiram

grande aproveitamento e possibilidade de rever como trabalhar Astronomia em sala

de aula, principalmente por propor práticas para diversos conteúdos de Astronomia”.

Com relação às atividades práticas no ensino de Ciências, entende-se que

partir da prática é partir dos conhecimentos prévios dos participantes para a

construção de novos saberes nas aulas e reuniões do projeto e na sua própria

realidade como professores, Perrenoud aponta que:

Quando o ponto de partida é o das práticas, isso não significa necessariamente que devamos realizar um seminário de análise de práticas no sentido canônico. Trata-se apenas de saber de onde partimos, incitar todos a verbalizar suas representações e suas formas de ação. Aproximamo-nos do raciocínio da didática das ciências quando ela afirma que é preciso partir dos conhecimentos prévios do aprendiz, fundamentados ou não, para construir novos saberes. Chegamos, assim, aos trabalhos de transferência de conhecimentos, os quais tentam elucidar as condições em que os saberes podem ser mobilizados em novos contextos. Se partirmos das práticas, temos de ter tempo para escutar relatos, justificativas e itinerários. (PERRENOUD, 2002).

Quando falamos em formação de professores, logo associamos aos cursos

que preparam para o exercício da profissão. Durante esta preparação formal, obtêm-

se conhecimentos básicos e indispensáveis para a atuação, mas é certo também

afirmar, que a formação docente não se dá exclusivamente no âmbito acadêmico.

Diversas pesquisas apontam para mudanças acontecidas no decorrer da vida

profissional dos professores em relação à prática educativa, conforme Rech:

Nos primeiros anos de suas carreiras tinham uma postura bastante “tradicional”. A maneira “tradicional” que elas se referiam, decorria da situação real em que viviam: pouca instrução e bastante insegurança. Isto, levou-as a nortearem suas práticas com o modelo que conheciam, basearam-se na educação que tiveram de seus professores. Por outro lado, ao longo de suas trajetórias, foram percebendo que a escola estava mudando, que os estudantes já não eram os mesmos e que a sociedade que estes estavam inseridos transformava-se, assim, importava reconhecer que era necessário construir práticas pedagógicas condizentes com a nova

realidade. (COLOGNESE RECH, 2006).

Adequar a prática à necessidade de ensino requer uma mudança de

mentalidade e uma percepção que estamos sempre em construção. É a consciência

do “inacabado”, dispostos à mudança. De certa forma, isto impulsiona os

professores para a busca, a partir deste momento começam as tomadas de

consciência e as grandes transformações na suas práticas. “O sujeito que se abre

ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialógica em que se

confirma como inquietação e curiosidade, como inconclusão em permanente

movimento na História”. (FREIRE, 1996)

Assim, “os professores se utilizam de vários saberes para a construção de

sua prática. Porém, os saberes provindos das experiências, da prática, não são

saberes iguais aos outros, mas sim, formados de todos os outros, pois é em prol da

própria prática que os demais saberes são articulados”. (TARDIF, 2002)

Para Alves, “a mudança no ensino depende de nossa formação e da

transformação das nossas práticas em sala de aula. Esta transformação se dá de

várias formas na esfera acadêmica, governamental, prática pedagógica e política”

(ALVES, 1998).

Aos professores é necessário um trabalho reflexivo e uma reconstrução

permanente de nossas identidades pessoais e profissionais. Pessoal, porque só é

possível mudar o meio, as nossas práticas, quando aprendemos a mudar nós

mesmos, o nosso jeito de olhar e viver as coisas do dia-a-dia.

Professores participantes do curso destacam:

(...) percebi que esse tipo de atividade sensibiliza a grande maioria dos professores participantes, e que manifesta necessidade de mudanças nas práticas pedagógicas.(...) A partir das oficinas realizadas no EREA, pude rever alguns conceitos importantes de Astronomia. As oficinas possibilitam explicação de fenômenos, o que os torna interessantes. O professor que usa experimentos,oficinas em suas aulas passa a ser diferente do outro que nada faz, motiva os alunos a participar de suas explicações, consolida seu próprio conhecimento. (PROFESSORA X, 2010).

Neste sentido, é importante considerar que para toda nova proposta, o

professor pode filtrar, modificar e pensar na melhor forma de adaptar a sua prática

pedagógica.

2.3 Cursos de formação continuada de curta duração

Ao se elaborar uma proposta de formação continuada de professores, pode-

se apoiar em três motivos principais, apontados geralmente como justificativa,

conforme descritas abaixo:

- a necessidade de contínuo aprimoramento profissional e de reflexões críticas sobre a própria prática pedagógica, pois a efetiva melhoria do processo ensino-aprendizagem só acontece pela ação do professor;- a necessidade de se superar o distanciamento entre contribuições da pesquisa educacional e a sua utilização para a melhoria da sala de aula, implicando que o professor seja também pesquisador de sua própria prática;- em geral, os professores têm uma visão simplista da atividade docente, ao conceberem que para ensinar basta conhecer o conteúdo e utilizar algumas técnicas pedagógicas. (ROSA e SCHNETZLER (2003)

SCHNETZLER refere-se aos cursos para professores apontando sérias

limitações.

Justamente a formação continuada tem-se limitado usualmente, às ações de “reciclagem” ou de “capacitação” de professores, geralmente em cursinhos de curta duração, nos quais não se rompe com a racionalidade técnica. Nestes são apresentadas abordagens de ensino ou tratados conteúdos específicos (para tentar “sanar” as deficiências da formação inicial) com o propósito de os professores aplicarem em suas aulas as idéias e propostas que a academia considera eficazes. Além de conceber erroneamente a formação continuada, tais ações mantêm o professor atrelado ao papel de “simples executor e aplicador de receitas” que, na realidade, não dão conta de resolver os complexos problemas da prática pedagógica. SCHNEZTLER (2000, p.23)

Ainda sobre a Formação Continuada de Professores, Garcia (1999) salienta

que:

Alguns autores referem-se à formação continuada de professores como

toda a “atividade que o professor em exercício realiza com uma finalidade formativa – tanto de desenvolvimento profissional como pessoal, individualmente ou em grupo – para um desempenho mais eficaz de suas tarefas ou que o preparem para o desempenho de novas tarefas. (GARCÍA ÀLVAREZ, 1987 apud GARCIA, 1999, p. 136).

Segundo Langhi, não são os cursos de curta duração que garantirão a

contínua formação docente.

[...], formação continuada não é sinônimo de cursos breves, como apontam também os resultados, portanto, partindo dos pressupostos de que a) há a praticamente total inexistência da abordagem da astronomia na formação inicial, b) a inserção de conteúdos desta natureza dificilmente ocorrerá em curto prazo nesta trajetória formativa docente; e subsidiando-nos na fundamentação sobre formação continuada de professores [...]. Neste sentido, o ensino da astronomia conta com um potencial pouco explorado em nosso país: os estabelecimentos dedicados à astronomia (planetários, observatórios, sociedades, universidades). Assim, parece-nos plausível a união dos seus esforços, os quais, atualmente, constituem-se como pontos isolados e distribuídos pelo território nacional. Caso este potencial, rarefeito em todo o Brasil, pudesse ser aproximado mais à escola, talvez se constituísse em um pilar triplo: comunidade astronômica profissional, comunidade astronômica semi-profissional (amadores) e comunidade escolar (professores e alunos), sobre o qual estariam embasadas futuras discussões relacionadas à atuação destas instâncias em promover mudanças ativistas na estrutura curricular, de forma a proporcionar mais efetivamente a educação em astronomia na formação inicial e continuada de professores, bem como nos bancos escolares (um trabalho voltado nesta linha, e que levantou subsídios nesta direção, é o relatado em Langhi (2004a e 2009), que exemplificou, mediante um eclipse lunar total, como a educação em astronomia e a importância da colaboração de amadores podem ser incentivadas desde o ensino fundamental e médio, com atividades que podem despertar a motivação e a cultura científica, através de aproximações entre as comunidades científica, amadora e escolar). Cimentando a base da atuação destas três instâncias, haveria o papel do pesquisador (mediador), proporcionando a mediação e tutoria na formação continuada de professores através desta tripla aproximação. (LANGHI, 2009)

Os professores foram unânimes em solicitar que cursos de formação

continuada sobre o conteúdo Astronomia aconteçam com mais frequência. “(...) Os

professores de Ciências necessitam urgente de capacitação no conteúdo

Astronomia. Não tivemos na nossa formação inicial e temos que trabalhar os

conteúdos nas quatro séries finais do Ensino Fundamental. Esse curso foi muito

importante para o nosso trabalho. Até o momento não tínhamos tido nenhum curso

específico nesta área”.

Entende-se que os professores se tornam cada vez mais experientes

durante suas vidas profissionais, e a procura por cursos de formação contribui para

o desenvolvimento de suas capacidades. Não obstante, os conteúdos e as práticas

evoluem com o passar dos anos, exigindo dos professores um estudo contínuo

durante toda sua carreira profissional.

Reconhece-se que os conteúdos específicos são fundamentais e

necessários para serem trabalhados em programas de formação continuada de

professores, como atestam autores da área de formação docente (GARCIA, 1992 e

1999; 2002; TARDIF, 2004), mas já existem pesquisas que mostram que o conteúdo,

por si só, não basta para que o professor sinta-se apto a mudar a sua prática

pedagógica.

É importante que futuras elaborações de programas de formação continuada para professores, que contemplem a área de astronomia, norteiem-se em resultados de pesquisas na área de educação em astronomia, do ensino de ciências e da formação de professores, o que poderá proporcionar, além de processos formativos docentes adequados às suas reais necessidades, fontes seguras de informações para que os professores possam ter acesso, não apenas a temas e conteúdos específicos de astronomia, mas também, a metodologias e técnicas adequadas para o ensino deste tema, bem como à produção da pesquisa em ensino de astronomia. (LANGHI, 2009).

São exigidos do professor de Ciências conhecimentos e habilidades no

conteúdo Astronomia, que na maioria das vezes, não são ensinados durante o curso

da sua formação, como já foi mencionado anteriormente. Por conta disso, faz-se

necessário e urgente criar formas de reverter esse processo. Uma dessas formas

são os cursos de formação continuada, que podem ser desenvolvidos com pequena,

média e longa duração, que devem ser analisados e estudados, principalmente no

que diz respeito a mudanças de comportamento na prática docente.

O Curso de formação continuada proposto foi de curta duração, atendendo

professores do ensino fundamental com atividades relacionadas ao assunto

Astronomia, elaborado em forma de palestras e oficinas. Sensibilizou de alguma

forma a grande maioria dos participantes, porém é impossível precisar, sem um

estudo profundo e detalhado se os professores participantes transformaram de

alguma maneira aquele momento de sensibilização em mudança de comportamento

docente, seja ela conceitual, na prática pedagógica e no questionamento da

veracidade das fontes de informação.

Conforme notícia publicada no portal dia a dia educação, em 18 de fevereiro,

já temos professores colocando em prática os conhecimentos adquiridos no curso:

“A professora propôs esta reflexão aos alunos da 5ª série da Escola Estadual

Romualdo Peiter, em Ouro Verde do Oeste. Ela aplicou a atividade que demonstra a

proporção do tamanho dos planetas em comparação com o Sol, e viu os alunos se

surpreenderem com a grandeza do Sistema Solar.” (portal dia a dia educação).

Nós estávamos vendo a questão do tamanho dos planetas. Para eles terem uma ideia da dimensão, a gente fez em tamanho proporcional, seguindo uma escala. Nós confeccionamos os planetas com jornal e papel alumínio, para que eles tivessem noção da dimensão, do tamanho em relação ao sol. Depois disso, nós trabalhamos com os números, porque aí eles vão entender as distâncias, os tamanhos, que são em milhões, bilhões de quilômetros”, explicou a professora. “No momento que eles perceberam o tamanho real dos planetas e colocaram um perto do outro, foi aquele espanto. Porque eles têm noção pelos livros, pelos desenhos, mas no momento em que eles fazem na prática é diferente. O Sol principalmente eles se encantaram, quando era colocado do lado da Terra, era aquele susto, comenta a professora.

Para ela, valeu a pena trazer a atividade aprendida em um curso de

capacitação para a sala de aula.

3. FOTOS

A seguir, algumas fotos do IX EREA – Encontro Regional de Ensino de

Astronomia realizado no período de 06 a 09 de outubro de 2011, no município de

Toledo.

Ilustração 1: material doado a todos os professores participantes do EREA. Créditos da Imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin.

Ilustração 2: Créditos da Imagem: Anna Carolina de Oliveira.

Ilustração 3: Créditos da Imagem: Teresinha Gayardi Magnabosco.

Ilustração 4: Créditos da Imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin.

Ilustração 5: Créditos da Imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin.

Ilustração 6: Créditos da Imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin.

Ilustração 7: Créditos da Imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin.

Ilustração 8: Créditos da Imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin.

Ilustração 9: Créditos da Imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin.

Ilustração 10: Créditos da Imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin.

4. CONCLUSÃO

Apesar de toda a problemática enfrentada pelos professores de Ciências

das séries finais do Ensino Fundamental (má formação, falta de material para aulas

práticas, falta de boas referências, etc.), deve-se ter em mente uma formação dos

futuros professores que avance para uma Astronomia tridimensional, dinâmica e de

relações, como ela realmente é. Acredita-se que esse pode ser um começo, e que

nesta direção, os cursos de formação inicial têm importante papel a desenvolver,

propiciando formas de articulação dos conhecimentos de Astronomia.

Explorar os principais elementos formativos em um programa de formação

docente em Astronomia, utilizando uma metodologia de palestras e oficinas com

astrônomos profissionais torna possível um repensar sobre a formação de

professores em relação ao ensino deste conteúdo nos anos finais do Ensino

Fundamental.

De acordo com o professor Rodolfo Langhi, cursos de curta duração em

Astronomia nomeados de “formação continuada” procuram minimizar a problemática

Ilustração 11: Créditos da Imagem: Vera Lucia Zardo Ansolin.

da falta do conteúdo Astronomia na formação inicial do professor, principalmente sob

uma abordagem expositiva de conteúdos, sem levar em conta, muitas vezes, se

houve a efetiva mudança da prática do professor em sala de aula durante momentos

posteriores ao curso, a fim de verificar a sua atuação com relação ao ensino

adequado de conteúdos tão fundamentais quanto à Astronomia. E, na

implementação deste projeto, o que tentamos foi: minimizar as dificuldades dos

professores neste momento, diante de tantas dificuldades encontradas.

Constatamos a necessidade de melhoria na qualificação profissional

docente, não apenas em relação aos conteúdos, mas também em metodologias de

ensino e demais saberes docentes.

A caminhada em busca de renovação de conhecimentos é constante e deve

acontecer durante toda a vida profissional. É preciso partir do pressuposto de que o

ensino de um nível tem estreita correlação com outros níveis e que um complementa

o outro. O desenvolvimento deste processo é marcado por desafios, procurando

rupturas com práticas deficientes e cristalizadas ao longo dos anos, por angústias

de alguns por não saberem como mudar, mas marcado, também, pelo desejo de

mudanças buscando a construção de práticas inovadoras para o ensino da

Astronomia.

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