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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

JOGANDO É QUE SE APRENDE: comparação do método global e parcial no

processo ensino-aprendizagem do basquetebol na escola

Autor: Carlos Daniel Gonçalves de Oliveira 1

Orientador: Erivelton Fontana de Laat 2

ResumoDentre os diversos conteúdos da Educação Física, o esporte é inegavelmente parte da história da área e se faz presente em todas as instituições escolares. O principal problema que abordamos relaciona-se à carência de planejamento do professor no oferecimento de práticas desportivas na iniciação, utilizando-se de métodos tradicionais por consequência monótonos de ensino dos esportes coletivos. Através deste trabalho buscamos formular uma proposta metodológica que oriente o processo de iniciação dos jogos desportivos na escola comparando os dois métodos de iniciação esportiva na modalidade basquetebol durante um determinado período e desenvolver mudanças na infraestrutura na escola com possibilidades de aplicação da metodologia do ensino do basquete baseado na Teoria dos Jogos Desportivos. Como resultado constatamos que as inter-relações constituídas pelos alunos, pais e professores com o ambiente no qual interatuam poderão ser favoráveis se estes promoverem intervenções positivas no processo ensino-aprendizagem, conscientizando a entenderem a complexidade do ambiente desportivo e a buscarem o diálogo constante independentemente de seu nível de atuação. A repercussão da participação dos alunos submetidos pelo método global alcançou 90% de frequência no festival pedagógico, já com relação aos alunos que receberam o conteúdo de forma baseada na técnica, apenas 20 % se apresentaram no Festival. Demostrando que a capacidade de aprendizado pelo jogo potencializou a vontade de jogar e aplicar os conteúdos repassados pelo método global. Sugerimos a existência de maior numero de eventos e discussões sobre os sistemas de competições adaptados como método de ensino. Diante do exposto, verificamos a necessidade do fortalecimento das ações como esta, através de esforços coletivos que levem o envolvimento da comunidade, gestão e alunos com a transformação da realidade do ensino do basquete na escola.

Palavras Chave: método global, jogo, basquetebol.

1 Prof. da Rede Pública Estadual , Área Educação Física do Colégio Estadual Estadual Duque

de Caxias, Irati-PR

2 Prof. Dr. do Departamento de Educação Física da UNICENTRO - Irati-PR.Orientador do PDE

na área de Educação Física

1 IntroduçãoNos últimos anos, tem-se constatado um aumento considerável nas

discussões sobre as metodologias de ensino dos Jogos Desportivos, com inúmeros

assuntos em debate, principalmente nas abordagens pedagógicas utilizadas com

crianças e jovens, o que tem ocasionado, em muitos casos, aos professores e

treinadores se perceberem “numa rua sem saída” (BAYER, 1994, p.8).

Dentre os diversos conteúdos da Educação Física, o esporte é inegavelmente

parte da história da área e se faz presente em todas as instituições escolares. Por

essa razão, se faz necessário contextualizar o esporte enquanto prática social na

aula de Educação Física, procurando enfocá-lo como uma fonte de conhecimento a

ser apropriada pelo aluno, em toda a sua magnitude (MONTAGNER, 1993).

Corroborando neste aspecto, Tavares (2006) afirma que o treinador, ao

estruturar a relação existente entre os elementos técnico-táticos no processo de

ensino-aprendizagem-treinamento dos esportes coletivos como o basquete, deve

proceder de modo que o jogador entenda o que deve fazer (intenção tática), antes

de conhecer como é que deve ser feito (execução técnica).

De acordo com Garganta (1998), deve-se buscar um método de ensino

funcional, adaptando a técnica às situações reais de jogo, colocando o aluno frente a

situações-problema que requerem, além do bom uso da técnica, capacidade para

decidir sobre o que fazer. Porém, o quem executa a técnica necessita de um bom

domínio da mesma para poder direcionar seu foco de atenção ao ambiente. Caso

contrário, sua atenção estará voltada ao processo, isto é, ao “como fazer” de cada

gesto técnico. Então, para o ensino de habilidades motoras de ambiente aberto, a

melhor abordagem deve ser baseada no problema, o que consiste em proporcionar

aos indivíduos a capacidade de fazer boas escolhas e criar soluções rápidas; fazer

boas escolhas envolve percepção, tomada de decisão e quantidade de prática, que

com o tempo leva ao controle motor aperfeiçoado.

Este trabalho discutirá diferentes metodologias para o ensino dos esportes

coletivos, com foco nos processos de ensino-aprendizagem parcial e global. A

sistematização baseada no ensino global refere-se ao esforço de operacionalização

das contribuições de Claude Bayer e de Julio Garganta, autores que têm estudado

criativamente o ensino das modalidades esportivas coletivas. Em contraponto do

ensino tradicional dos esportes coletivos nas escolas, pois estes advêm de uma

formação acadêmica baseada no processo de ensino dos esportes individuais.

A consequência desse tipo de trabalho era o ensino da técnica separado do

ensino da tática, ou, o “como fazer” desvinculado das “razões do fazer”

(GARGANTA, 1998). Dessa forma, o aluno não possuía a compreensão dos

objetivos do jogo, de sua lógica interna, sendo apenas estimulado a reproduzir

movimentos padronizados. Além disso, podem ocorrer o risco de especialização

precoce, muitas vezes antes do aluno compreender a lógica das modalidades

esportivas coletivas (PAES, 2002). Com isso a discussão do processo de ensino-

aprendizagem dos jogos desportivos partirá de suas semelhanças, com o objetivo

durante o trabalho de campo comparar os dois métodos de ensino na iniciação em

turmas do ensino fundamental.

O principal problema que pretendemos abordar relaciona-se à carência de

planejamento do professor no oferecimento de práticas desportivas na iniciação. A

ausência de planejamento tem causado uma série de outros problemas, os quais

também, direta ou indiretamente, serão abordados, como, por exemplo, o não

respeito às fases sensíveis da aprendizagem segundo as teorias

desenvolvimentistas; a especialização desportiva precoce; a ausência de praticantes

na modalidade de basquetebol; o ensino tecnicista proposto de forma fragmentada;

o treinamento tático realizado somente por jogadas, não valorizando as capacidades

cognitivas, ou seja, a tomada de decisão frente às ações dos adversários, fazendo a

leitura do jogo e agindo de acordo com a imprevisibilidade.

A consequência esperada com a utilização dessa metodologia consiste em

melhor compreensão por parte do aluno dos princípios operacionais (BAYER,1994)

que regulam o jogo. As técnicas vão surgindo em função da tática, de forma

orientada e provocada, uma vez que é a tática que dá sentido à lógica do jogo, e não

a técnica. Os alunos desenvolvem a inteligência tática, sendo estimulados à correta

interpretação e aplicação dos princípios do jogo, desenvolvendo suas ações de

forma mais criativa. Dessa forma, todos os alunos tendem a participar do jogo de

forma ativa e decisiva, uma vez que não se valoriza somente a realização motora da

técnica, mas também a participação tática dos jogadores, por meio de

movimentações e posicionamentos que influenciam o sucesso de sua equipe. Outro

fator importante é a possibilidade inclusiva dessa metodologia, valorizando a

participação de todos os alunos e fazendo com que cada um deles, à sua maneira,

torne-se importante para o sucesso do grupo.

Através deste trabalho buscamos formular uma proposta metodológica que

oriente o processo de iniciação dos jogos desportivos na escola comparando os dois

métodos de iniciação esportiva na modalidade basquetebol durante um determinado

período e desenvolver mudanças na infraestrutura na escola com possibilidades de

aplicação da metodologia do ensino do basquete baseado na Teoria dos Jogos

Desportivos.

2 Desenvolvimento

Foram ministradas aulas no componente curricular de Educação Física

durante o primeiro semestre de 2011 em duas turmas de quinta série, utilizando dois

modelos distintos de ensino-aprendizagem do basquetebol, na Escola Estadual

Duque de Caxias da cidade de Irati, para estabelecer qual melhor metodologia para

aderência ao esporte.

Para maior uniformidade do grupo, e tendo em vista o caráter especial dos

alunos envolvidos, primariamente os alunos participantes receberam o conteúdo

através de palestras, seminários e oficinas, com temas como: filmagem dos jogos de

basquete, situações de ataque e defesa e o processo de ensino focado no jogo

como conhecimento a ser construído, e ensinado a partir da indagação, da

colocação de problemas, e da estimulação do professor.

Com isso tendo uma prática esportiva contribuinte para a formação de

cidadãos, abrangendo não só as características relacionadas ao desenvolvimento

motor, mas também nas esferas cognitivas, afetivas e sociais, essenciais para a

educação de indivíduos pensada de forma integral.

A seguir aparecem os princípios empregados na Metodologia de ensino

baseada no jogo:

2.1 Características desta faixa etária quanto à compreensão do jogo:

Alunos com 11 e 12 anos entenderam que o jogo é centrado na bola, logo, a

ideia de efetuar cestas e proteger sua tabela é secundária à intenção de ter a bola.

Dessa forma, compreendemos que as crianças não jogam o basquete em sua ideia

inicial, mas sim um jogo de bola com as mãos em que ter a bola é o objetivo

primário.

2.2 Objetivos Gerais de Aprendizagem:

Foi desenvolvida nos alunos a compreensão de que o basquete é uma

relação entre bola e os alvos do jogo, de forma que ter a bola é bom, mas deixá-la

aproximar-se muito de sua tabela não é o ideal, ao mesmo tempo em que tentar ter

a bola o mais próximo do alvo adversário facilita que se atinja vantagem.

2.3 Princípios Ofensivos Ensinados:

• Gostar de ter a bola;

• Gostar de estar livre para receber a bola;

• Gostar de estar próximo ao seu companheiro quando estiver livre;

• Gostar da ajuda de seus companheiros;

• Aprender a buscar espaços vazios para receber a bola, estando em

progressão

• Aprender a ultrapassar adversários quando estiver em posse de bola

• Ser objetivo com a bola – buscar a cesta

2.4 Princípios Defensivos a serem Ensinados:

• Tentar ter a bola a todo o momento;

• Proteger o alvo afastando a bola de perto dele;

• Aprender que para ter a bola deve ao mesmo tempo proteger seu alvo (ficar

entre a bola e a cesta);

• Ao perder a posse da bola, colocar-se rapidamente à frente de seu adversário

mais próximo (deslocar-se para trás, ocupando o espaço que o adversário

quer percorrer);

• Aprender a lidar com contato físico

• Aprender a defender com o tronco à frente do adversário;

• Não estimular a violência na defesa, evitando faltas sem sentido tático;

2.5 Aspectos Técnico-Táticos Ofensivos a serem Explorados:

• Ocupar espaços vazios sem bola;

• Ocupar espaços vazios em progressão sem bola;

• Aprender a parar rapidamente sua trajetória sem bola caso receba a bola e

tenha um adversário estiver à sua frente;

• Arremessar estando em progressão ao alvo corrigindo o corpo sempre em

direção a cesta;

• Aprender a arriscar na finalização

2.6 Aspectos Técnico-Táticos Defensivos a serem Explorados:

• Equilibrar-se com seu adversário

• Antecipar passes, controlando seu adversário

• Aprender a alinhar seu tronco ao do adversário quando este tentar ultrapassá-

lo com bola

• Aprender a recuar o mais rápido possível em direção ao espaço desejado

pelo adversário com bola, caso o adversário o ultrapasse

• Aprender a não fazer faltas quando a bola estiver longe de seu alvo, pois a

falta desnecessária beneficia o atacante;

A seguir apresentaremos algumas sugestões de exercícios para o ensino dos

fundamentos do basquete seguindo o princípio do método parcial.

Para iniciar o desenvolvimento de qualquer fundamento com os alunos, foi

necessário que o professor inicialmente explique o que é cada um deles e qual é a

forma correta para realizá-lo.

2.7 Passes/recepção:

Com as duas mãos em direção a parede , aonde o exercício será realizado

individualmente, ficando o jogador de frente para a parede, a qual realizará o passe.

Deverá lançar a bola contra a parede e recebê-la novamente.

2.8 Arremesso:

Todos os alunos parados e espalhados e cada vez um deve arremessar a

bola para a cesta. Uma coluna de alunos nas posições do pivô, cada um com uma

bola. Sendo que deverá realizar o arremesso, de forma livre.

2.9 Drible:

Cada aluno com uma bola, espalhados pela quadra, com intuito de realizar o

drible numa sequência que será descrita pelo professor, ao mesmo tempo em que

ele realiza as correções sobre a posição da mão e do braço em relação a bola.

Como fechamento ocorreu a realização de um Festival de Basquetebol com

as turmas que receberam a intervenção, para o momento de avaliação do ensino-

aprendizagem entre os participantes.

As instalações também sofreram alterações, já que as quadras habituais nas

escolas são em via de regra no sentido longitudinal, com isso houve mudanças no

sentido transversal para melhor aproveitamento do método global. Também foi

confeccionada e adaptadas 4 tabelas para que fossem usadas em 2 quadras

transversais.

Abaixo se observa a estrutura da tabela adaptada para realização de mais

jogos com altura regulável.

Figura 1 – Tabela adaptada

Fonte: Dados primários

Observa-se a seguir a divisão da quadra clássica em 2 quadras menores para execução

com a participação de maior numero possível de alunos em jogo nas aulas.

Figura 2 – Quadras transversais

Fonte: Dados primários

Com relação aos equipamentos, a bola também é de tamanho reduzido quando

comparado a medidas oficiais, a seguir figura 03:

Figura 3 – Bola mini basquete

Fonte: Dados primários

Já os resultados e reflexos positivos desta metodologia na formação contínua,

podem ser percebidos nas falas de alguns alunos:

— Para mim a formação pelo jogo foi um momento importante, porque eu posso

expor dúvidas, posso tomar conhecimento de informações do jogo.

— A maneira é muito boa, porque todos participam de forma organizada.

— Creio que é a ideal, dessa maneira todos jogam e aprendemos os fundamentos

sem pensar

— A maneira de dividir as quadras é ótimo para ajudar o professor a crescer, buscar,

e nós podermos jogar mais tempo.

Já aqueles que receberam a formação parcial tiveram uma discussão mais

voltada a técnica, como visto a seguir:

— Este jeito de aprender foi muito chato, mas tem aprender.

— A maneira é muito boa, porque todos fazem o que o esporte pede, mas não tem

jogo.

— Peguei na bola apenas 3 vezes, jogando a coisa é mais complicada.

A prática de formação parcial adotada, não valorizou a identidade de cada

aluno integrado ao coletivo, e por isso não foi construída a autonomia coletivizada,

integrando todos os processos técnicos em um conjunto tático.

Já com o método baseado no jogo, os resultados do processo formativo

possibilitaram reflexos significativos nas práticas pedagógicas do professor e uma

construção coletiva na escola e consequentemente na melhoria do processo ensino-

aprendizagem.

2.10 Realização do Festival Pedagógico

Na avaliação dos métodos de ensino foi proposto um festival de basquetebol,

cujo evento foi sem conotação competitiva, aonde os alunos tiveram a oportunidade

de vivenciar diversas situações de maneira lúdica, de forma que os objetivos da

filosofia da atividade foram colocados em prática a todo instante.

A programação de um festival foi diversificado, pois além dos jogos coletivos

foi interessante aplicar atividades onde as crianças puderam se divertir, socializar,

aprender e compreender os conteúdos propostos.

Foi passado aos envolvidos que a palavra “competição” estava fora de

cogitação e que o mais importante, para o projeto é congratular os objetivos gerais e

específicos da intervenção do PDE para a faixa etária utilizada nas atividades

aplicadas.

O planejamento que contou com o jogo em si visou unir esporte, educação e

cidadania durante todo o decorrer do festival, e fatores como a socialização,

inclusão, cooperação, ampliação e construção de novos conhecimentos, o gosto

pela prática de esportes, desenvolvimento cognitivo, psicológico e motor são alguns

dos aspectos que foram atingidos.

Foram definidas junto aos alunos as comissões organizadoras e todas as

crianças que participaram das aulas e do festival foram autorizadas pelos pais ou

responsáveis. Participaram do evento 42 crianças das quintas séries de da escola e

que foram submetidas a intervenção pedagógica proposta,

No dia da realização do festival, que teve inicio as 09 h e término as

15h30min na tarde de sábado do dia 04 de junho de 2011, e todas as crianças

jogaram no mínimo 5 vezes e no máximo 7 vezes. Algumas crianças contaram com

a presença dos familiares prestigiando o evento, o que repercutiu de forma positiva,

pois além de motivá-las, fomentou nos pais e também nas escolas uma reflexão

sobre quão importante a realização de eventos que proporcionem lazer e diversão

para a comunidade.

Como o objetivo não era a classificação, todas as crianças participantes

foram premiadas com medalhas iguais. De acordo com Sobanski e Martins (2008)

acredita-se que uma competição que a premiação ocorra de certa forma para todos

e não com o objetivo de enaltecer “o melhor”, mas sim a superação individual, a

integração, a cooperação; possa satisfazer uma maior parte dos participantes.

Como a inscrição era voluntária, a repercussão da participação dos alunos

submetidos pelo método global alcançou 90% de frequência no festival, já com

relação aos alunos que receberam o conteúdo de forma baseada na técnica, apenas

20 % se apresentaram no Festival. Demostrando que a capacidade de aprendizado

pelo jogo potencializou a vontade de jogar e aplicar os conteúdos repassados pelo

método global.

Tendo, como premissa fundamental, desenvolver o processo de aprendizado

lúdico pelo jogo, de forma coletiva e participativa, o processo de ensino-

aprendizagem preconizou formar grupos autônomos para construírem e organizarem

suas equipes, levando-se em conta o contexto e as mudanças esperadas pelo

desenvolvimento das habilidades do esporte.

Após o evento, foram realizadas discussões entre os participantes, pais de

alunos e o professor coordenador, com o objetivo de apontar os principais erros,

dificuldades e pontos positivos encontrados por todos durante o festival.

2.11 Pontos positivos

“Achei muito legal jogamos várias vezes no dia” (Aluno 1)

“As crianças se divertiram e aprenderam que existe um esporte diferente

daquilo que elas estão habituadas a ver.” (Pai de aluno 1)

“Foi importante realizar um evento para comunidades de variadas classes

sociais, onde existe muita carência de lazer e esporte” (Pai de aluno 2)

“A vivência dentro da escola, é ver como é o comportamento das crianças, ter

um contato direto com elas, ser tratado com respeito por elas. (...) A satisfação e a

alegria das crianças em participarem dos jogos e se envolverem completamente

com o esporte” (Professor coordenador)

A partir das falas, vários aspectos positivos foram identificados. Como a

aproximação dos alunos com os esportes coletivos, acesso das crianças ao esporte,

momentos de lazer para a comunidade, levando a atingir o objetivo traçado na

organização e no ensino.

2.12 As dificuldades encontradas

Deve-se destacar que as dificuldades encontradas foram as que geraram

maiores discussões entre as crianças, pois algumas estão ligadas a falta de costume

com o mini-basquete.

“Não gostei porque tinha meninas jogando junto.” (Aluno 3)

Pode-se perceber a partir da fala do aluno, que não entendimento por parte

dos alunos de uma interação de gêneros, diferente do que é proposto nas

engessadas regras mundiais das Federações e Confederações.

Entende-se que independente do gênero e limitações apresentada pela

criança, todo estudante devem ser inclusos em atividades de Educação Física nas

escolas.

O reflexo direto da vivência de uma situação problema, foi o que Cruz (2003)

pessoas que apresentam necessidades especiais deve receber mais oportunidades

e estímulos no processo ensino-aprendizagem ao qual serão submetidas, com

especial atenção à adequação didático-pedagógica da intervenção proposta.

“Queríamos jogar o tempo inteiro, aí tinha alterações para gente sair”

(Aluno 5)

Então passar a existir uma compreensão das regras do mini-basquete, mas a

falta de entendimento sobre a dinâmica das oportunidades que todos devem ter no

jogo independente do resultado.

De acordo com AYOUB (2001) existe uma forte hierarquização dos

professores “especialistas” em relação à área de formação: educação física e artes

são áreas consideradas menos “nobres” e, portanto, são desvalorizadas no rol das

disciplinas escolares. Sendo assim esquecidos alguns princípios da cultura corporal.

“A falta de equipamentos fez com que diminuísse o número de jogos”

(Pai de aluno 3)

Sabe-se que as escolas enfrentam muitas dificuldades em relação à falta de

materiais e infra-estrutura adequada para a prática das aulas. Portanto, sem material

essencial como o caso da tabela adaptada, para se trabalhar o jogo, de acordo com

a característica desta modalidade.

4 Considerações finais

Ao concluir evidenciamos as idéias propostas inicialmente neste artigo, com a

esperança de contribuir para alternativas e novas discussões na área da iniciação

esportiva, onde nesse caso apresentamos uma proposta de ensino aprendizagem

baseada no jogo.

Também a adaptação de equipamentos como quadra, tabela e bola que

norteiam a execução do jogo com condições mínimas, além do festival pedagógico

através da cooperação que oriente o ensino do basquetebol.

As inter-relações constituídas pelos alunos, pais e professores com o

ambiente no qual interatuam foram favoráveis no processo ensino-aprendizagem,

conscientizando a entenderem a complexidade do ambiente desportivo e a

buscarem o diálogo constante independentemente de seu nível de atuação.

Sugerimos que as intervenções realizadas no campo da pedagogia da

iniciação no basquete possam complementar nossa intervenção e aumentar os

debates, pois consideramos nossa proposta a união de esforços para contribuir com

o ensino dos esportes coletivos na escola.

No entanto, necessitamos de mais discussões sobre os métodos de ensino,

sistemas de competições adaptados e adaptações nas instalações e equipamentos

em uma escola.

A importância de se realizar estudos como este, para que possamos

identificar a melhor maneira de se trabalhar, e assim pensar em estratégias

significativas capazes de proporcionar uma melhor aprendizagem, está baseada no

fato que não basta apenas propiciar a prática, e sim uma prática com qualidade. Por

isso considera-se necessária que futuras pesquisas possam investigar estudos

sobre métodos de ensino, que ainda é um termo pouco investigado principalmente

no que diz respeito à área do basquete na escola. Sugere-se a utilização de uma

amostra maior para encontrarmos um resultado mais significativo, além de controle

de variáveis que não foram possíveis nesta intervenção.

Diante do exposto, verificamos a necessidade do fortalecimento das ações

como esta, através de esforços coletivos que levem o envolvimento da comunidade,

gestão e alunos com a transformação da realidade do ensino do basquete na escola,

utilizando métodos que priorizem o jogo para aprender o esporte.

5 Referências

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MONTAGNER, P.C. Esporte de competição x Educação “O caso do Basquetebol” Universidade Metodista de Piracicaba: Dissertação de Mestrado de pós-graduação, 1993.

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TAVARES, F. Analisar o jogo nos esportes coletivos para melhorar a performance: uma necessidade para o processo de treino. In: DE ROSE JUNIOR, D. (Ed.). Modalidades esportivas coletivas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

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