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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
Página | 1
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL –
PDE
MARIA BERNADETE DA ROZA
UNIDADE DIDÁTICA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM O GÊNERO
TEXTUAL “CONTO”, SEGUNDO A METODOLOGIA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Francisco Beltrão – Agosto/2010
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MARIA BERNADETE DA ROZA
UNIDADE DIDÁTICA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM O GÊNERO
TEXTUAL “CONTO”, SEGUNDO A METODOLOGIA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Produção Didático-Pedagógica constituída na forma
de Unidade Didática, apresentada como um dos
requisitos do PDE – Programa de Desenvolvimento
Educacional 2009/2010, ofertado pela Secretaria de
Estado da Educação do Paraná, em parceria com a
Secretaria de Tecnologia e Desenvolvimento
Orientadora: Profa. Dra. Terezinha da Conceição
Costa-Hübes (UNIOESTE – Cascavel/PR)
Francisco Beltrão - Agosto/2010
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“Por último, quero dizer que há, no escrever,
um componente lúdico. Colocar as palavras
uma ao lado da outra é um jeito de organizar o
pensamento, mas é sobretudo um jogo, como
aqueles jogos de armar. Tudo isso para dizer
que escrever tem de ser sinônimo de prazer e
emoção. Dar prazer e emoção ao leitor é a
primeira tarefa do escritor."
Moacyr Scliar
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SUMÁRIO
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO ........................................................................................05
2 TÍTULO ..............................................................................................................................05
SEQUENCIA DIDÁTICA COM O GÊNERO CONTO 5ª SÉRIE/6º ANO
1 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E SELEÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO/
TEXTUAL................................................................................................................................06
2 RECONHECIMENTO DO GÊNERO...................................................................................06
2.1 Pesquisa sobre o gênero................................................................................................07
3 TRABALHANDO O CONTO...............................................................................................13
3.1 Atividades de leitura para reconhecimento do Gênero Conto.......................................22
3.2 Seleção de um texto do gênero.....................................................................................23
3.3 Atividades de leitura responsiva...................................................................................26
3.4 Análise Linguística contextualizada..............................................................................28
4- SOCIALIZAÇÃO DOS CONTOS......................................................................................33
5- CIRCULAÇÃO DO GÊNERO............................................................................................33
REFERÊNCIAS........................................................................................................................33
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UNIDADE DIDÁTICA
1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professora PDE: Maria Bernadete da Roza
Área: Língua Portuguesa
NRE: Francisco Beltrão
Professora Orientadora IES: Profª Drª Terezinha da Conceição Costa-Hübes
IES vinculada: UNIOESTE – Cascavel
Escola de Implementação: Escola Estadual João Paulo II–EF – Francisco Beltrão
Público objeto da intervenção: 5ª série/6º ano do Ensino Fundamental
2 TÍTULO
UNIDADE DIDÁTICA: UMA PROPOSTA DE TRABALHO COM O GÊNERO
TEXTUAL “CONTO”, SEGUNDO A METODOLOGIA DA SEQUÊNCIA
DIDÁTICA
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SEQUÊNCIA DIDÁTICA COM O GÊNERO CONTO
5ª SÉRIE/6º ANO
Profa. Maria Bernadete da Roza (Francisco Beltrão)
1 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E SELEÇÃO DO GÊNERO
DISCURSIVO/TEXTUAL
Professor(a):
A linguagem se faz presente em todo processo de interação, pois é nas atividades
humanas e sociais que ela se materializa, formando os gêneros discursivos/textuais, e esses,
por sua vez, são produzidos e articulados conforme a necessidade de interação. Pensando
nessa perspectiva de linguagem dialógica e social, é que focalizamos nosso estudo no gênero
conto, de tipologia predominantemente narrativa.
O conto, por pertencer à ordem do narrar, conforme explica Dolz e Schneuwly (2004),
e por ter origem na esfera literária, que focaliza o mundo da ficção, é capaz de cativar e
envolver o aluno, principalmente de 5ª série(6ºano), por se tratar de textos curtos, os quais
abordam uma única trama, bem articulada, situada no tempo e no espaço, prendendo o leitor
no acontecimento ali presente. Possui um número reduzido de personagens, e assim como
toda a literatura, leva os alunos à reflexão, misturando a realidade à fantasia.
Com o intuito da formação do aluno leitor é que propiciaremos atividades de leituras,
visando à responsividade, ao prazer e ao gosto de aprender por meio da leitura de contos. Para
maior envolvimento, oportunizaremos, ao final do trabalho com este gênero, uma “contação”
de contos para outras turmas de 5ª série da Educação Básica, cativando-os, de modo geral, a
compartilhar o gosto pela leitura.
2 RECONHECIMENTO DO GÊNERO
Se a presente unidade didática traz como objeto de ensino o gênero conto, então
convém criar situações de aprendizagem para que os alunos conheçam esse gênero mais
detalhadamente, para tornar a leitura mais prazerosa, reflexiva e responsiva.
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Para iniciarmos esse trabalho, questionaremos os alunos sobre o que eles conhecem
sobre o gênero conto, fazendo as seguintes perguntas:
Logo após essa sondagem com os alunos, escolheremos um conto dos que foram
levados a sala e leremos para eles, destacando, antes da leitura, o contexto de produção (autor,
data de publicação, local, editora etc), a fim de chamar a atenção para o caráter sócio-histórico
do gênero. Despois de lido, solicitaremos que recontem, oralmente a história narrada.
2.1 Pesquisa sobre o gênero
Professor(a):
Como o conto pertence à esfera literária, convém aguçar o aluno a fazer uma leitura,
na qual ele possa descobrir formas de pensar e de se surpreender com o mundo literário. Essa
leitura ocorre porque muitos dos sentidos que se constrói ao ler um texto dessa esfera permite
ao leitor a produção de inferências. Por isso, muitas vezes, deve-se ler o que está nas
entrelinhas, nos intervalos entre as palavras, naquilo que não está escrito. É como se o texto,
não somente o literário, apresentasse lacunas a serem preenchidas pelo leitor. O ato de ler
Vocês sabem o que significa a palavra conto? Que tal buscarmos no dicionário?
E textos chamados conto, vocês conhecem? Ou já ouviram falar, ou já leram ou já ouviram
alguém contar ou ler um conto?
(Neste momento convém mostrar aos alunos vários livros que trazem o conto literário, bem
como textos avulsos, para que eles possam manuseá-los e lê-los). E após esse primeiro
contato:
Vocês já tinham lido textos como esses?
Onde? E quem leu para vocês?
Vocês sabem, ou conhecem algum escritor que escreve textos desse gênero?
Onde se pode encontrar esse gênero? Só em livros, em jornais, em revistas? Onde que eles
circulam?
E quem é que geralmente lê esse tipo de texto narrativo, pertencente ao gênero conto?
Por que será que eles existem, ou seja, qual a finalidade desse gênero?
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pode ir muito além de decifrar e de decodificar o que está escrito, ainda mais se tratando do
gênero conto.
Informações ao(à) professor(a)
Antes de adentrarmos nas especificidades do conto, convém observarmos aspectos
relevantes da leitura. Iniciamos apontando Orlandi (1996) a qual explica que a leitura, pode
ser classificada em três níveis: o inteligível, o interpretável e o compreensível. A leitura
inteligível ocorre quando o leitor apenas busca, no texto, seu significado restrito, ou seja,
resume-se no ato de codificar, de ler a linearidade do texto; já no nível interpretável, leva em
consideração o contexto linguístico, as marcas, as pistas deixadas pelo autor, a partir das quais
infere, lendo as entrelinhas; o compreensível está relacionado com a leitura que faz do todo
(decodificação e interpretação), extrapolando para a sua realidade, para o contexto da leitura.
Segundo a autora, é no ato de compreender que as letras e outros sinais gráficos significam. O
leitor constrói sentido(s), dialogando com o autor.
Orlandi explicita que:
A relação entre o sujeito-leitor e o texto não é, pois, nem direta nem mecânica. Ela passa por mediações, por determinações de muitas e variadas
espécies que são a sua experiência da linguagem.
Nem tampouco se pode separar, de forma estanque, a historicidade do texto e do leitor. Elas são relativas (entre si) e se entrecruzam de várias maneiras
no processo de leitura. Os pontos de entrada e os de fuga não existem
independentemente dessa relação (a priori). (ORLANDI,1996,p.115)
Neste trecho percebemos um encontro com a teoria bakhtiniana, quando aponta
que não se pode separar a historicidade do texto e do leitor. Ambas se completam no ato da
leitura, pois são os três aspectos apontados por Bakhtin (conteúdo temático, contexto de
produção e o estilo) que torna possível a compreensão, juntamente com as experiências de
leituras que já possui o leitor, tornando a leitura responsiva, portanto compreensiva.
Levando em consideração os pressupostos bakhtinianos e as reflexões de Orlandi,
convém retomarmos a sócio-histórica do conto.
Os contos surgem em um contexto muito antigo, quando eram apenas contados na
linguagem oral, como é apontado por Goés (1991). A autora explica que a palavra “contar
vem do latim computare, que evoluiu para comptare, cujo vocábulo francês é compter. Contar
é o cômputo dos fatos ou conto de fatos” Goés aponta ainda que:
O processo se fez simplesmente assim: da palavra viva e animada surgiu o
mito, e deste nasceu o conto. Problemas como de riqueza, trabalho, poder
estão na base de todos os contos. Isto demonstra que essas histórias não são apenas criação da imaginação, mas nasceram de acontecimentos reais que o
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povo recolheu e guardou e que mais tarde formaram, na base, a moral das sociedades. Nos contos já se percebe a necessidade que o homem sente de
subjugar seus semelhantes. A criação popular não é uma atividade estética
gratuita, mas sim uma atividade útil, necessária à conservação e andamento
de organização social. (GOÉS, 1991, p.66).
Já Cascudo (1998) apresenta os contos fazendo uma divisão: contos de
encantamento (estórias de fadas e duende, caracterizadas pelo sobrenatural e maravilhoso);
contos de exemplo (sempre com ação doutrinária); contos de animais (são as fábulas, em que
os animais são dados de qualidades, defeitos e sentimentos humanos); contos religiosos
(caracterizam-se pela presença ou interferência divina); contos etiológicos (explicam a origem
de um aspecto, forma, hábito); contos acumulativos (os episódios são sucessivamente
encadeados, com ações e gestos que se articulam em longa seriação); contos de adivinhação
(apresentam um enigma sob a forma de estória, resultante do processo de associar e comparar
as coisas pela percepção de semelhanças e diferenças); anedotas ou popularmente piadas
(relatos sintéticos, cujas características principais se acham na sua comicidade ou
inesperabilidade do desfecho); e os causos (episódios acontecidos enfeitados pela fantasia,
contados sobretudo por caçadores e pescadores famosos pelas suas lorotas).
Azevedo (1999) aponta outra visão do conto, buscando uma proximidade com a
formação do leitor, por meio da literatura, com a qual possui muitos pontos em comum,
principalmente o caráter eminentemente narrativo, e a capacidade de abordar a vida humana,
nos mais variados aspectos reflexivos, de suas buscas, de seus conflitos, transformados em
temas centrais da estrutura e formação dos contos, o que o torna excelente objeto de ensino,
na escola. Veja:
...a escola tem sido, indiscutivelmente, o grande e mais importante espaço mediador da leitura e da formação de leitores. Nela, grande parte das
pessoas tem sua primeira chance de estabelecer contato com textos de ficção
e poesia. (AZEVEDO, 1999 - online)
E vale a pena observar o que Azevedo (1999) diz sobre a ficção literária no aspecto do
ensino, para frisar a importância do efetivo trabalho com a literatura e, no nosso caso,
especificamente com o conto:
Através da ficção e da linguagem poética, os assuntos subjetivos, assuntos
que não implicam nem são passíveis de lições, sistemas de controle e
soluções unívocas, mas sim de opiniões pessoais, emoções, conflitos, discussões e controvérsias, podem vir à tona. São temas que não supõem
“uma” verdade, mas sim, a pluralidade da verdade, pois, diante deles,
opiniões opostas e excludentes podem ser igualmente válidas. (AZEVEDO,1999 - online)
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Mas é Bosi que vem nos apresentar o conto e o contista (escritor) nos seus aspectos
mais significativos. Ele define o conto e o seu papel, bem como os focos de interesses que
deve ser observados pelo contista ao escrever:
O conto cumpre a seu modo o destino da ficção contemporânea. Posto entre as exigências da narração realista, os apelos da fantasia e as seduções do
jogo verbal, ele tem assumido formas de surpreendente variedade. Ora é
quase documento-folclórico, ora a quase-crônica da vida urbana, ora o
quase-drama do cotidiano burguês, ora o quase-poema do imaginário às soltas, ora, enfim, grafia brilhante e preciosa votada às festas da linguagem.
(BOSI, 1974, p.07)
E comparando com outras narrativas literárias, Bosi salienta:
Na verdade, se comparada à novela e ao romance, a narrativa curta condensa
e potencia no seu espaço todas as possibilidades da ficção. E mais, o mesmo modo breve de ser compele o escritor a uma luta mais intensa com as
técnicas de invenção, de sintaxe compositiva, de elocução: daí ficarem
transpostas depressa as fronteiras que no conto separam o narrativo do lírico, o narrativo do dramático. (BOSI, 1974,p.07)
O conto pertence, portanto à esfera literária, com tipologia predominantemente
narrativa, e é caracterizado pela sua brevidade, pois no seu interior é desenvolvido apenas
uma trama, com um número reduzido de personagens. O espaço geralmente reduz-se a um
único lugar e possui uma brevidade de tempo, oportunizando ao aluno a possibilidade de
prestar mais atenção, bem como uma melhor compreensão do mesmo. Isso pode ser
observado nesta fala:
Do ponto de vista discursivo, acreditamos que ele constitui-se, segundo uma
visão bakhtiniana, em uma atividade de leitura e de escrita concreta e histórica; com características relativamente estáveis, vinculada a uma
situação típica da comunicação social; e com traços temáticos, estilísticos e
composicionais concernentes a enunciados individuais, dessa forma, ligados à atividade humana. (KRAEMER, 2009, p.04)
Diante do exposto, salientamos a importância do trabalho com o conto na sala de aula, pois
trata-se de um gênero que possibilita ao aluno estar em contato com a realidade e a ficção ao mesmo
tempo, refletindo sobre as várias possibilidades interpretativas que o tema abordado oferece. Em se
tratando do aspecto da formação do leitor, observamos que o conto, por ter uma narrativa curta, com
poucas personagens, bem como espaços e tempo reduzidos, facilita a compreensão do contexto,
introduzindo o aluno em um processo de formação leitora, a fim de que se torne um leitor assíduo,
reflexivo e principalmente responsivo.
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Informações gerais sobre o gênero Conto: suas especificidades
Na maioria dos contos há predominância da tipologia narrativa, que vem acompanhada
por sequências descritivas. É um gênero da esfera literária, que possui como suporte de
veiculação principalmente o livro.
A construção do enredo nasce a partir de uma única trama e o cenário (espaço único)
está voltado para essa trama, que acontece em um curto espaço de tempo, envolvendo poucas
personagens, o que faz com que os textos sejam breves, mas sem perder a originalidade e a
objetividade do texto, porque é através dos enlaces do enredo que se percebe a magnitude da
construção desse gênero.
O enredo do conto, já no início do texto, vai sendo articulado com a intenção de
cativar o leitor para permanecer na leitura até o seu término. Portanto, todas as palavras que
constitui sua construção composicional estão interligadas, trabalho árduo do contista que
consegue, a partir de um assunto amplo, retirar apenas uma situação real ou imaginária do
contexto geral, com tamanha habilidade de abordar aspectos da vida concreta e também
especular sobre ela, situação essa que prende a atenção do leitor.
São variados os tipos de contos, uns mais antigos que foram passados de
geração a geração através da oralidade, outros mais conhecidos como é o caso dos contos de
fada. Além desses, temos os contos de humor, de mistério, os religiosos, os psicológicos,
dentre outros.
Elementos de estruturação do Conto
Geralmente os contos possuem os mesmos elementos constituintes, de modo geral, da
tipologia narrativa. Segundo Nicola (2005), sua estrutura conta com os seguintes elementos:
Título;
Narrador ou foco narrativo (aquele que conta a história, este pode ser personagem ou
não);
Tempo (são marcas linguísticas de apontam quando ocorre à história, às vezes
claramente, e outras de forma implícita);
Espaço (onde ocorre a história, dependendo do conto esse espaço não vem com
localização geográfica (em um lugar bem longe daqui...), mas essa forma de escrita nos
traz a impressão de verdade;
Personagens (principais e secundários): são poucos personagens que atuam sempre ao
redor do mesmo assunto, ou seja, da trama que constitui o enredo do conto;
Enredo (é a própria história contada no texto);
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Trama (é o assunto entrelaçado no enredo, onde os personagens estão voltados a ele, bem
como o tempo e o espaço se remetem a ele);
Desfecho (é o desenrolar da situação apontada desde o início do texto);
Professor(a):
Em cada escola de ensino fundamental e médio, o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), através do Programa Nacional Biblioteca da
Escola (PNBE) distribuiu livros de literatura, e o Estado do Paraná, através do “venha ler”,
também disponibilizou livros literários. Dentre eles, selecionamos alguns de contos, os quais
você poderá apresenta aos seus alunos, como reconhecimento do gênero. Inclusive, esses que
estão como sugestões de leitura, logo em seguida, pertencem a esses livros, cujas capas está
em destaque.
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Sugestões de leituras de alguns contos que estão nesses livros:
Contos: Autor(a)
Felicidade Clandestina Clarice Lispector
Elefantes Marcelo Coelho
Nas asas do condor Milton Hatoum
Na traseira do caminhão Drauzio Varella
Engano Moacyr Scliar
Macacos Clarice Lispector
Uma amizade sincera Clarice Lispector
3 TRABALHANDO O CONTO
Depois de reconhecermos as especificidades históricas do conto e de relembrarmos
aspectos de sua organização, chegou o momento de trabalharmos alguns textos do gênero.
Para este estudo, selecionamos contos do autor Moacyr Scliar, sobre os quais
conduziremos, junto com os alunos, algumas reflexões.
Texto 01
O CONTO SE APRESENTA
Olá!
Não, não adianta olhar ao redor: você não vai me enxergar. Não sou uma pessoa como
você. Sou, vamos dizer assim, uma voz. Uma voz que fala com você ao vivo, como estou
fazendo agora. Ou então que lhe fala dos livros que você lê.
Não fique tão surpreso assim: você me conhece. Na verdade, somos até velhos amigos.
Você já me ouviu falando de Chapeuzinho Vermelho e do Príncipe Encantado, de reis, de
bruxas, do Saci-Pererê. Falo de muitas coisas, conto muitas histórias, mas nunca falei de mim
próprio. É o que eu vou fazer agora, em homenagem a você. E começo me apresentando: eu
sou o Conto. Sabe o conto de fadas, o conto de mistério? Sou eu. O Conto.
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Vejo que você ficou curioso. Quer saber coisas sobre mim. Por exemplo, qual a minha
idade.
Devo lhe dizer que sou muito antigo. Porque contar histórias é uma coisa que as
pessoas fazem há muito, muito tempo. É uma coisa natural, que brota de dentro da gente. Faça
o seguinte: feche os olhos e imagine uma cena, uma cena que se passou há muitos milhares de
anos. É de noite e uma tribo dos nossos antepassados, aqueles que viviam nas cavernas, está
sentada em redor da fogueira. Eles têm medo do escuro, porque no escuro estão as feras que
os ameaçam, aqueles enormes tigres, e outras mais. Então alguém olha para a lua e pergunta:
por que é que às vezes a lua desaparece? Todos se voltam para um homem velho, que é uma
espécie de guru para eles. Esperam que o homem dê a resposta. Mas ele não sabe o que
responder. E então eu apareço. Eu, o Conto. Surjo lá da escuridão e, sem que ninguém note,
falo baixinho ao ouvido do velho:
_Conte uma história para eles.
_E ele conta. É uma história sobre um grande tigre que anda pelo céu e que de vez em
quando come a lua. E a lua some. Mas a lua não é uma coisa muito boa para comer, de modo
que lá pelas tantas o grande tigre bota a lua para fora de novo. E ela aparece no céu, brilhante.
Todos escutam o conto. Todo mundo: homens, mulheres, crianças. Todos estão
encantados. E felizes: antes, havia um mistério: por que a lua some? Agora, aquele mistério
não existe mais. Existe uma história que fala de coisas que eles conhecem: tigre, lua, comer _
mas fala como essas coisas poderiam ser, não como elas são. Existe um conto. As pessoas vão
lembrar esse conto por toda a vida. E quando as crianças da tribo crescerem e tiverem seus
próprios filhos, vão contar a história para explicar a eles por que a lua some de vez em
quando. Aquele conto.
No começo, portanto, é assim que eu existo: quando as pessoas falam em mim, quando
as pessoas narram histórias _ sobre deuses, sobre monstros, sobre criaturas fantásticas.
Histórias que atravessam os tempos, que duram séculos. Como eu.
Aí surge a escrita. Uma grande invenção, a escrita, você não concorda? Com a escrita,
eu não existo mais somente como uma voz. Agora estou ali, naqueles sinais chamados letras,
que permitem que pessoas se comuniquem, mesmo à distância. E aquelas histórias – sobre
deuses, sobre monstros, sobre criaturas fantásticas _ vão aparecer em forma de palavra escrita.
E é neste momento que eu tenho uma grande idéia. Uma inspiração, vamos dizer
assim. Você sabe o que é inspiração? Inspiração é aquela descoberta que a gente faz de
repente, de repente tem uma idéia muito boa. A inspiração não vem de fora, não; não é uma
coisa misteriosa que entra na nossa cabeça. A boa idéia já estava dentro de nós; só que a gente
não sabia. A gente tem muitas boas idéias, pode crer.
E então, com aquela boa idéia, chego perto de um homem ainda jovem. Ele não me vê.
Como você não me vê. Eu me apresento, como me apresentei a você, digo-lhe que estou ali
com uma missão especial _ com um pedido:
_Escreva uma história.
Num primeiro momento, ele fica surpreso, assim como você ficou. Na verdade, ele já
havia pensado nisso, em escrever uma história. Mas tinha dúvidas: ele, escrever uma história?
Como aquelas histórias que todas as pessoas contavam e que vinham de um passado? Ele,
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pessoas contavam e que vinham de um passado? Ele, escrever uma história? E assinar seu
próprio nome? Será que pode fazer isso? Dou força:
_Vá em frente, cara. Escreva uma história. Você vai gostar de escrever. E as pessoas
vão gostar de ler.
Então ele senta, e escreve uma história. É uma história sobre uma criança, uma história
muito bonita. Ele lê o que escreveu. Nota que algumas coisas não ficaram muito bem. Então
escreve de novo. E de novo. E mais uma vez. E aí, sim, ele gosta do que escreveu. Mostra
para outras pessoas, para os amigos, para a namorada. Todos gostam, todos se emocionam
com a história.
E eu vou em frente. Procuro uma moça muito delicada, muito sensível. Mesma coisa:
_Escreva uma história.
Ela escreve. E assim vão surgindo escritores. Os contos deles aparecem em jornais, em
revistas, em livros.
Já não são histórias sobre deuses, sobre criaturas fantásticas. Não, são histórias sobre
gente comum _ porque as histórias sobre as pessoas comuns muitas vezes são mais
interessantes do que histórias sobre deuses e criaturas fantásticas: até porque deuses e
criaturas fantásticas podem ser inventados por qualquer pessoa. O mundo da nossa
imaginação é muito grande. Mas a nossa vida, a vida de cada dia, está cheia de emoções. E
onde há emoção, pode haver conto. Onde há gente que sabe usar as palavras para emocionar
pessoas, para transmitir idéias, existem escritores.
Alguns deles _ grandes escritores _ você vai conhecer agora. O José Paulo Paes, que já
morreu, escrevia poemas, escrevia artigos, escrevia contos... Ele adorava crianças e adorava
palavras: e, por causa disso, escreveu A Revolta das Palavras. Você já imaginou isso, as
palavras se revoltando? Pois é. Se o Conto pode falar, as palavras podem se revoltar, não é
verdade? Isso é o que José Paulo Paes diz. E depois tem o Milton Hatoum. Ele é do Norte, de
Manaus. E escreve uma linda história que se passa em Xapuri, no Acre. E o Marcelo Coelho,
que é jornalista, fala sobre o primeiro dia de aula na escola. Lembram do primeiro dia na
escola? O Marcelo vai ajudar vocês a lembrar. Já o Drauzio Varella é médico, um grande
médico que é também escritor. Mas os médicos, e os escritores, também tiveram infância,
também fizeram travessuras, e é disso que o Drauzio vai falar para vocês.
E, já que eles estão aqui, posso ir embora, porque agora vocês estão em muita boa
companhia. Vou em busca de outros garotos e outras garotas. Para quem vou me apresentar:
_Eu sou o Conto.
Fonte: SCLIAR, Moacyr. Era uma vez um conto. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2002, p.5-
9. (Coleção Literatura em minha casa)
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Texto 02
O TIO PRÓDIGO
Um rico empresário está em sua mansão vendo TV com a família quando o criado
vem anunciar: há um moço à porta querendo falar com ele.
_ Diz que é seu sobrinho.
O homem levanta-se e vai até lá, à porta está um rapaz de uns dezessete anos,
modestamente vestido, barbudo e com uma expressão ansiosa no rosto. Como vai, tio, ele diz;
o homem vacila; quem é você, pergunta. Sou seu sobrinho Mílton, diz o rapaz.
_ Mílton? Aquele garotinho?
_ Eu mesmo, tio. O tempo passou.
O homem abre os braços:
_ Venha de lá um abraço, Mílton!
Abraça-o demoradamente. Fá-lo entrar, leva-o até onde está a família, apresentá-o:
este é o filho do meu irmão João, que eu não via desde pequeno. Todos levantam-se e vêm
cumprimentar o recém-chegado; Aline, a filha mais velha (dezoito anos) sorri, tímida. Depois
dos cumprimentos, o homem faz com que o rapaz se sente a seu lado, no grande sofá,
pergunta se ele já jantou; quando o rapaz diz que não está com fome, insiste para que tome
algo, um uísque, um refrigerante; o rapaz aceita um pouco de suco, e, enquanto o criado vai
providenciar, o homem volta-se para ele, os olhos brilhando:
_ Vamos lá, agora me fala de teus pais. Faz anos que não os vejo.
Uma sombra de tristeza tolda o rosto do rapaz: voz embargada, conta que o pai morreu
e que a mãe está num asilo de alienados. Não sabia diz o homem, consternado. Diz que
gostava muito do irmão, recorda cenas da infância de ambos, num sítio cheio de árvores
frutíferas. A conversa se prolonga; notando que o rapaz dá sinais de cansaço, o homem
pergunta onde ele está morando; em lugar nenhum, é a resposta; acabou de chegar à cidade, o
jovem, não arranjou ainda alojamento. O homem insiste em hospedá-lo. O rapaz,
aparentemente com alguma relutância, aceita. O criado é chamado e leva-o ao quarto dos
hóspedes.
Os dias se passam e o rapaz vai ficando. Para encanto da família, aliás; a esposa do
empresário gosta de conversar com ele; o filho de oito anos descobriu um companheiro de
folguedos; e Aline, bem, Aline está claramente apaixonada. Os pais notam e, à mesa, se
olham, sorrindo.
O empresário oferece-lhe um emprego em sua firma. O rapaz aceita. Daí por diante
saem juntos pela manhã; o jovem agora veste-se decentemente. Na gerência dos negócios
revela-se dinâmico, empreendedor, inteligente; os assessores do empresário estão encantados
com ele. Prevê-se que, após o noivado com Aline, o rapaz será empossado oficialmente no
cargo de diretor-executivo.
Uma noite ele pede para falar com o futuro sogro. Tem algo reservado a lhe falar.
Retiram-se para a biblioteca; tão logo o empresário fecha a porta, o rapaz, num impulso,
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ajoelha-se e beija-lhe as mãos. Que é isso, diz o homem, surpreso e comovido, mas o jovem,
em prantos, não consegue sequer lhe responder. Por fim acalma-se; e diz então que está grato,
muito grato, mas não pelas razões que o empresário imagina; por outras, bem diferentes.
Conta, então, que, deixando o colégio, vagabundeou muito tempo pelo país, dormindo em
barracas e em casas abandonadas, até que se juntou a um bando de marginais. Juntos,
conceberam o plano de sequestrar o empresário, pedindo por ele um grande resgate.
Encarregado dessa missão, ele estava, a princípio, firmemente determinado a cumpri-la. Não
pelo dinheiro; também pelo dinheiro; mas principalmente porque acreditava estar fazendo
justiça. Estudou cuidadosamente todos os detalhes da operação...
Mas o carinho com que foi recebido, o clima que encontrou na casa, de genuíno amor
familiar; e mais, o dinamismo, a inteligência, a bondade do empresário (a contrastar com a
errônea idéia que fazia dos homens de negócios), tudo isso faz com que mudasse de idéia.
Renunciando à violência, ele agora quer esquecer o passado e começar vida nova. Percebi,
diz, que vivia num mundo de fantasias exaltadas, num mundo de ilusões perigosas; menos
mal que recuei a tempo, não me tornando um criminoso. Tudo o que quero agora é construir
um lar cheio de amor e de conforto para minha esposa e meus filhos. Esse bom propósito
devo-o ao senhor. A lição de vida que aqui recebi não poderei esquecer, e por ela lhe serei
grato para todo o sempre.
O empresário ouve em silêncio. Mas você é mesmo meu sobrinho? Pergunta, por fim.
O rapaz hesita, hesita muito, antes de dizer que a histórias foi toda forjada. Ele conheceu o
verdadeiro sobrinho do empresário; desse rapaz, falecido num acidente, obteve todas as
informações de que precisava para se apresentar como falso sobrinho.
O homem então se levanta, diz que precisa fazer algo, pede que o rapaz aguarde na
biblioteca. Sai. Dez minutos depois volta, acompanhado de dois guardas de sua segurança
pessoal. Prendam este homem, diz, seco. O rapaz olha-o, incrédulo; horrorizado mesmo;
lentamente, porém, seu rosto se abre num sorriso. Obrigado, titio, diz, por fim. Torna a beijar
as mãos do homem e sai, escoltado pelos guardas.
Fonte: SCLIAR, Moacyr .Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras,1995, p.30-32.
Texto 03
O CLUBE DOS SUICIDAS
A senhora – o que foi que tomou mesmo? Valium. Muitos? Cuidado com o fio do
microfone. A rádio é pobre, não tem dinheiro para comprar microfone sem fio, então tem de
cuidar. Quantos comprimidos de Valium? Doze? Cuidado com o fio. Doze é brincadeira, não
dá nem para curar insônia. Sente ali, por favor. Cuidado com o fio, pelo amor de Deus. E a
senhora? Chegue mais perto, por favor, mas cuidado com o fio, estou sempre avisando, não
adianta nada. Então, o que foi que a senhora tomou? Cuidado com o fio, minha amiga,
cuidado com o fio. Quais comprimidos minha senhora? Não sabe? Mas como minha senhora?
Ia partir, partir para sempre, sem essa informação? E se lá no céu lhe perguntassem o nome
dos comprimidos, o que é que a senhora ia responder? Hein? O que é que responder? Não
sabe, não é? Não sabe o nome dos comprimidos, não sabe o que vai dizer no céu... Quê?
Lembrou? Era Valium também? Vinte? Vinte de uma vez? Olha o fio, dona, olha o fio. E o
que sentiu? Tontura? Tontura gostosa? Muito boa, essa. Tontura gostosa. Palmas, gente!
Tontura gostosa _ palmas! Sente ali, faz favor, junto com a outra do Valium. O brinde?
18
Depois recebe o brinde. Agora sente. Cuidado com o fio, já disse. Pelo amor de Deus, cuidado
com o fio. Fio velho, remendado, rebenta por nada. Sente, sente. A senhora, por favor.
Aproxime-se. Cuidado com o fio, diabo! Desculpe a explosão, saiu sem querer. É que o cara
fica meio nervoso. O dono da rádio me mata se o programa sair do ar por causa do fio. O que
foi que a senhora tomou? Ah não foi a senhora, foi a menina. Que idade tem? Onze? Miúda.
Muito miúda. E o que foi que ela tomou? Querosene? Mas que coisa, tão novinha, tão miúda.
Ah, tomou querosene porque a senhora batia nela? E por que a senhora batia nela? Não bata
mais, ouviu? Olha o fio, merda! Desculpe. Tomou querosene, filha? E é ruim, o querosene?
Deve ser ruim. Eu nunca tomei, mas acho que deve ser ruim. Ah, tomou com guaraná? Essa é
uma boa. Bem-venda ao nosso clube, filha. Vai ali, senta com as outras, aquelas do Valium.
Anda, senta. Cuidado com o fio, porra! O próximo quem é? O senhor? O primeiro homem
hoje, pessoal. Palmas! Mais palmas! Precisamos fazer os homens comparecerem, é o que eu
digo sempre. O dono reclama, diz que falta homem. Bom, aqui está um. O que foi que tomou?
Raticida? Pouco raticida? Ah, não deu para comprar mais. E por quê? Olha o fio, caralho,
olha o fio. Porque está desempregado. Ah, mas está cheio de desempregados por aí. Eu
mesmo posso perder o emprego. É só vocês me rebentarem esse fio. Senta ali, meu caro, junto
com as mulheres. Bendito é o fruto. E essa moça? Se jogou na frente de um carro? Qual
carro? Olha o fio. Saco! Olha o fio. Carro pequeno? Não mata. Dificilmente mata. Senta ali. E
a senhora, tão velhinha? Quis se enforcar? Com o fio do ferro elétrico? Nossa! O fio do ferro
elétrico, quem diria. E daí? Dá para se enforcar? Mostra pra gente. Pode usar o fio do
microfone.
Fonte: SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.426-427.
Informações ao(à) professor(a)
Conhecendo vida e obra do escritor:
Ao conversar sobre o contexto de produção, é importante retomar algumas
informações sobre a vida do autor.
Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom Fim, bairro que até hoje
reúne a comunidade judaica, a 23 de março de 1937, filho de José e Sara Scliar.
Sua mãe, professora primária, foi quem o alfabetizou. Cursou, a partir de 1943, a
Escola de Educação e Cultura, daquela cidade, conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-
se, em 1948, para o Colégio Rosário, uma escola católica. Em 1963, após se formar pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, iniciou sua vida como médico, fazendo
residência médica. Especializou-se no campo da saúde pública como médico sanitarista.
Iniciou os trabalhos nessa área em 1969. Em 1970, frequentou curso de pós-graduação em
medicina, em Israel. Posteriormente, tornou-se doutor em Ciências pela Escola Nacional de
Saúde Pública. Já foi professor na faculdade de medicina da Universidade Federal de Ciências
da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
19
Como escritor publicou seu primeiro livro, “Histórias de um Médico em Formação”,
em 1962. A partir daí, não parou mais. Escreveu mais de 67 livros abrangendo o romance, a
crônica, o conto, a literatura infantil, o ensaio, pelos quais recebeu inúmeros prêmios
literários. Sua obra é marcada pelo flerte com o imaginário fantástico e pela investigação da
tradição judaico-cristã. Algumas delas foram publicadas na Inglaterra, Rússia, República
Tcheca, Eslováquia, Suécia, Noruega, França, Alemanha, Israel, Estados Unidos, Holanda e
Espanha e em Portugal, entre outros países.
Scliar publicou crônicas, contos, ensaios, romances e literatura infanto-juvenil. Seu
estilo leve e irônico lhe garantiu um público bastante amplo de leitores, e em 2003 foi eleito
para a Academia Brasileira de Letras, tendo recebido antes uma grande quantidade de prêmios
literários como o Jabuti (1988, 1993 e 2009), o Associação Paulista de Críticos de Arte
(APCA) (1989) e o Casa de las Americas (1989).
Suas obras frequentemente abordam a imigração judaica no Brasil, mas também
tratam de temas como o socialismo, a medicina (área de sua formação), a vida de classe média
e vários outros assuntos. O autor já teve obras suas traduzidas para doze idiomas.
Em 2002 ele se envolveu em uma polêmica com o escritor canadense Yann Martel,
cujo famoso romance A Vida de Pi, vencedor do prêmio Man Booker, foi acusado de ser um
plágio da sua novela Max e os felinos. O escritor gaúcho, no entanto, diz que a mídia
extrapolou ao tratar do caso, e que ele nunca teve o intuito de processar o escritor canadense.
Entre suas obras mais importantes estão os seus contos e os romances O ciclo das
águas, A estranha nação de Rafael Mendes, O exército de um homem só e O centauro no
jardim, este último incluído na lista dos 100 melhores livros de temática judaica dos últimos
200 anos, feita pelo National Yiddish Book Center nos Estados Unidos.
É o sétimo ocupante da cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito em 31
de julho de 2003, na sucessão de Geraldo França de Lima, e recebido em 22 de outubro de
2003 pelo acadêmico Carlos Nejar.
Obras:
Contos:
O carnaval dos animais. Porto Alegre, Movimento, 1968.
A balada do falso Messias. São Paulo, Ática, 1976.
Histórias da terra trêmula. São Paulo, Escrita, 1976.
O anão no televisor. Porto Alegre, Globo, 1979.
Os melhores contos de Moacyr Scliar. São Paulo, Global, 1984.
Dez contos escolhidos. Brasília, Horizonte, 1984.
20
O olho enigmático. Rio, Guanabar, 1986.
Contos reunidos. São Paulo, Companhia das Letras, 1995.
O amante da Madonna. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1997.
Os contistas. Rio, Ediouro, 1997.
Histórias para (quase) todos os gostos. Porto Alegre, L&PM, 1998.
Pai e filho, filho e pai. Porto Alegre, L&PM, 2002.
Histórias Que Os Jornais Não Contam. Rio de Janeiro, Agir, 2009 .
Romances
A guerra no Bom Fim. Rio, Expressão e Cultura, 1972. Porto Alegre, L&PM.
O exército de um homem só. Rio, Expressão e Cultura, 1973. Porto Alegre, L&PM.
Os deuses de Raquel. Rio, Expressão e Cultura, 1975. Porto Alegre, L&PM.
O ciclo das águas. Porto Alegre, Globo, 1975; Porto Alegre, L&PM, 1996.
Mês de cães danados. Porto Alegre, L&PM, 1977.
Doutor Miragem. Porto Alegre, L&PM, 1979.
Os voluntários. Porto Alegre, L&PM, 1979.
O centauro no jardim. Rio, Nova Fronteira, 1980. Porto Alegre, L&PM (Tradução
francesa:"Le centaure dans le jardin" ),Presses de la Renaissance,Paris, 1985, ISBN 2-264-
01545-4
Max e os felinos. Porto Alegre, L&PM, 1981.
A estranha nação de Rafael Mendes. Porto Alegre, L&PM, 1983.
Cenas da vida minúscula. Porto Alegre, L&PM, 1991.
Sonhos tropicais. São Paulo, Companhia das Letras, 1992.
A majestade do Xingu. São Paulo, Companhia das Letras, 1997.
A mulher que escreveu a Bíblia. São Paulo, Companhia das Letras, 1999.
Os leopardos de Kafka. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
Na Noite do Ventre, o Diamante. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2005.
Ciumento de carteirinha Editora Ática, ISBN 8508101104, 2006.
Manual da Paixão Solitária. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
Ficção infanto-juvenil
Cavalos e obeliscos. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1981; São Paulo, Ática, 2001.
A festa no castelo. Porto Alegre, L&PM, 1982.
Memórias de um aprendiz de escritor. São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1984.
No caminho dos sonhos. São Paulo, FTD, 1988.
21
O tio que flutuava. São Paulo, Ática, 1988.
Os cavalos da República. São Paulo, FTD, 1989.
Pra você eu conto. São Paulo, Atual, 1991.
Uma história só pra mim. São Paulo, Atual, 1994.
Um sonho no caroço do abacate. São Paulo, Global, 1995.
O Rio Grande farroupilha. São Paulo, Ática, 1995.
Câmera na mão, o Guarani no coração. São Paulo, Ática, 1998.
A colina dos suspiros. São Paulo, Moderna, 1999.
Livro da medicina. São Paulo, Companhia das Letrinhas, 2000.
O mistério da Casa Verde. São Paulo, Ática, 2000.
O ataque do comando P.Q. São Paulo, Ática, 2001.
O sertão vai virar mar. São Paulo, Ática, 2002.
Aquele estranho colega, o meu pai. São Paulo, Atual, 2002.
Éden-Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 2002.
O irmão que veio de longe. Idem, idem.
Nem uma coisa, nem outra. Rio, Rocco, 2003. Aprendendo a amar - e a curar. São
Paulo, Scipione, 2003.
Navio das cores. São Paulo, Berlendis & Vertecchia, 2003.
Livro de Todos - O Mistério do Texto Roubado. São Paulo, Imprensa Oficial do
Estado de São Paulo, 2008. Obra coletiva (Moacyr Scliar e vários autores).
Crônicas
A massagista japonesa. Porto Alegre, L&PM, 1984.
Um país chamado infância. Porto Alegre, Sulina, 1989.
Dicionário do viajante insólito. Porto Alegre, L&PM, 1995.
Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar. Porto Alegre, L&PM, 1996. Artes e
Ofícios, 2001.
O imaginário cotidiano. São Paulo, Global, 2001.
A língua de três pontas: crônicas e citações sobre a arte de falar mal. Porto Alegre.
Ensaios
A condição judaica. Porto Alegre, L&PM, 1987.
Do mágico ao social: a trajetória da saúde pública. Porto Alegre, L&PM, 1987; SP,
Senac, 2002
Cenas médicas. Porto Alegre, Editora da Ufrgs, 1988. Artes&Ofícios, 2002.
Enígmas da Culpa. São Paulo, Objetiva, 2007.
22
Fonte: http://www.releituras.com/mscliar-bio.asp.Acesso em 24/05/2010.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Moayr-scliar. Acesso em 24/05/2010.
3.1 Atividades de leitura para reconhecimento do Gênero Conto
Professor(a):
Depois de conhecer um pouco mais sobre o gênero e especificamente sobre o autor
Moacyr Scliar, selecionado para este trabalho, é momento de propor, aos alunos, algumas
atividades que os façam olhar para o contexto de produção e para a função social de alguns
contos desse autor:
Questões: Texto 01 O conto se apresenta
Texto 02 Tio Pródigo
Texto 03 O clube dos suicidas
Quando foram publicados
esses contos?
Onde foram publicados?
Por que foram produzidos e
publicados?
Em qual suporte de
veiculação eles se
encontram?
Qual o conteúdo temático de
cada um deles?
Qual a predominância
tipológica de cada conto?
Narrativa ou descritiva?
Para quem foram publicados?
O narrador participa da
história ou apenas conta os
fatos sem participar da
história?
Quantos e quais são as
personagens em cada um dos
contos?
Em que lugar acontece o
enredo?
23
3.2 Seleção de um texto do gênero
Texto o4
TREM FANTASMA
Afinal se confirmou: era leucemia mesmo, a doença de Matias, e a mãe dele mandou
me chamar. Chorando, disse-me que o maior desejo de Matias sempre fora passear de trem
fantasma; ela queria satisfazê-lo agora, e contava comigo. Matias tinha nove anos. Eu, dez.
Cocei a cabeça.
Não se poderia levá-lo ao parque onde funcionava o trem fantasma. Teríamos de fazer
uma improvisação na própria casa, um antigo palacete nos Moinhos de Vento, de móveis
escuros e cortinas de veludo cor de vinho. A mãe de Matias deu-me dinheiro; fui ao parque e
andei de trem fantasma. Várias vezes. E escrevi tudo num papel, tal como escrevo agora. Fiz
também um esquema. De posse desses dados, organizamos o trem fantasma.
A sessão teve lugar a 3 de julho de 1956, às vinte e uma horas. O minuano assobiava
entre as árvores, mas a casa estava silenciosa. Acordamos o Matias. Tremia de frio. A mãe o
envolveu em cobertores. Com todo o cuidado colocamo-lo num carrinho de bebê. Cabia bem,
tão mirrado estava. Levei-o até o vestíbulo da entrada e ali ficamos, sobre o piso de mármore,
à espera.
As luzes se apagaram. Era o sinal. Empurrando o carrinho, precipitei-me a toda
velocidade pelo longo corredor. A porta do salão se abriu; entrei por ela. Ali estava a mãe de
Matias, disfarçada de bruxa (grossa maquilagem vermelha. Olhos pintados, arregalados.
Vestes negras. Sobre o ombro, uma coruja emparelhada. Invocava deuses malignos).
Dei duas voltas pelo salão, perseguido pela mulher. Matias gritava de susto e de
prazer. Voltei ao corredor.
Outra porta se abriu – a do banheiro, um velho banheiro com vasos de samambaia e
torneiras de bronze polido. Suspenso do chuveiro estava o pai de Matias, enforcado: língua de
fora, rosto arroxeado. Saindo dali entrei num quarto de dormir onde estava o irmão de Matias,
como esqueleto (sobre o tórax magro, costelas pintadas com tintas fosforescentes; nas mãos,
uma corrente enferrujada). Já o gabinete nos revelou as duas irmãs de Matias, apunhaladas
(facas enterradas nos peitos; rostos lambuzados de sangue de galinha. Uma estertorava).
Assim era o trem fantasma, em 1956.
Matias estava exausto. O irmão tirou-o do carrinho e, com todo o cuidado, colocou-o
na cama.
Os pais choravam baixinho. A mãe quis me dar dinheiro. Não aceitei. Corri para casa.
Matias morreu algumas semanas depois. Não me lembro de ter andado de trem
fantasma desde então.
Fonte: SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p.316-
317.
Para esse momento de estudo, selecionamos o conto “Trem fantasma” (Texto 04),
sobre o qual faremos uma análise mais aprofundada de seu conteúdo temático (conteúdo do
texto atrelado ao contexto de produção). Para isso, elaboramos algumas atividades para serem
desenvolvidas com os alunos.
24
ATIVIDADES AOS ALUNOS
1- Esse texto apresenta certas características específicas, como: texto curto, com poucas
personagens, uma única trama, tempo e espaço reduzido; Então podemos considerá-lo
do Gênero:
( ) carta ( ) reportagem ( ) conto ( ) bilhete ( ) poético
2- O gênero provém de uma esfera social, ou seja, ele é produzido a partir da interação
verbal (oral ou escrita) entre as pessoas que exercem uma mesma atividade com a
linguagem. Então, assinale a alternativa que indica a esfera a que pertence o texto “O
trem fantasma” de Moacyr Scliar.
( ) esfera cotidiana
( ) esfera publicitária
( ) esfera literária
( ) esfera escolar
( ) esfera jurídica
3- A partir das informações dadas sobre o gênero conto, defina com suas próprias
palavras, como esse gênero se organiza. Observe o conto Trem fantasma, para
perceber como os personagens, o enredo, o tempo e o espaço, constroem o formato
neste gênero.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4- Qual o autor desse texto?________________________________________________
5- Você conhece outros contos desse autor?_________________________________
Quais? Cite alguns.____________________________________________________
____________________________________________________________________
6- Você já leu outros textos do gênero Conto?
Quais?________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
Lembra o nome dos autores dos textos lidos?_________________________________
_____________________________________________________________________
7- Explique, com suas palavras, por que este texto é considerado Conto?_____________
_____________________________________________________________________
25
_____________________________________________________________________
8- O autor, ao escrever o conto, pensou em quem iria lê-lo, ou seja, em seus
interlocutores. Para quem você acha que o conto foi
produzido?____________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9- Em sua opinião, por que se escreve Contos? _______________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
10- Os textos do gênero conto, no decorrer de sua narrativa, sempre estão ligados a
alguma temática do cotidiano. Identifique qual é o assunto desse
conto.________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
11- Contemporâneo é o tempo atual. Nesse caso, você considera esse conto como
contemporâneo? Explique o porquê a partir do contexto do texto e de sua temática._
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
12- Esse conto traz ensinamentos. Em sua opinião quais?_________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
13- Observando a estrutura textual aponte:
a) Título:________________________________________________________________
b) Quantos parágrafos compõem o conto?______________________________________
c) O narrador participa ou não da história? Retire um trecho do texto, para comprovar sua
resposta.________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
d) Escreva o nome das personagens.__________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
e) Quando as personagens “falam” no texto, onde há sinais de pontuação que marcam
essas falas, como travessão, dois pontos etc, chamamos de discurso direto; quando o
narrador reproduz a fala de um personagem discurso indireto, então que tipo de
discurso possui esse Conto? Exemplifique com um trecho do texto.______________
26
____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
f) O texto apresenta uma sequência de fatos, com certa ordem cronológica dos
acontecimentos. Sendo assim esse texto pertence a qual sequência tipológica?
( ) expositiva ( ) narrativa ( ) descritiva ( ) injuntiva ( ) argumentativa
Retire do texto um trecho que comprove sua resposta:_______________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Professor(a):
Agora que já identificamos e nos apropriamos do gênero do texto, partiremos para
atividades mais detalhadas, do próprio contexto do conto, focalizando aspectos de
decodificação, interpretação e compreensão, conforme Orlandi (1996).
3.3 Atividades de leitura responsiva
1) Releia atentamente o conto e responda:
a) Quem é o narrador do texto?
( ) um menino de 10 anos
( ) uma menina de 10 anos
( ) uma criança de 10 anos
b) Como você percebe esse narrador no texto? Exemplifique com um trecho do
texto______________________________________________________________
c) Quem tinha leucemia? _____________________________________________
d) Você sabe o que significa a palavra leucemia? Vamos procurar seu significado no
dicionário, ler o significado e depois registrar aqui o que foi compreendido, com
suas palavras, sem copiar do dicionário.__________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
e) Quem é a personagem principal do texto?_______________________________
27
_________________________________________________________________
f) Qual era o maior desejo de Matias? E por que ele não podia realizá-lo
sozinho?__________________________________________________________
_________________________________________________________________
g) O que o narrador precisou fazer para ajudar o Matias a realizar o seu sonho?____
_________________________________________________________________
h) Quem pediu ao narrador ajuda para realizar o sonho de Matias? Por que ele foi
escolhido, em sua opinião? ___________________________________________
i) Descreva como era a casa do menino Matias?_____________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
j) Quando ocorreu a sessão trem fantasma para
Matias?___________________________________________________________
_________________________________________________________________
k) E qual era o sinal para iniciar a sessão do trem
fantasma?__________________________________________________________
__________________________________________________________________
l) Descreva com suas palavras como foi essa realização do sonho de
Matias?___________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
m) De acordo com o contexto do texto, o que você acha que significa a palavra
“minuano”?
( ) É um vento suave que ocorre nas praias do Rio de Janeiro, em dias quentes,
chamado brisa.
( ) É um vento com chuva e trovoadas, que ocorre no Nordeste do Brasil,
chamado tempestade.
( ) É um vento que sopra das regiões meridionais da Argentina e pode alcançar
o Rio Grande do Sul, chamado pampeiro.
n) Como o narrador descreve Matias?___________________________________
________________________________________________________________
28
3.4 Análise Linguística contextualizada
1) Podemos considerar:
a) Partindo desse conceito, verifique se este conto é construído com frases curtas ou
longas? E qual a sua opinião para esse modelo de construção
frasal._______________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
b) Sabemos que o parágrafo comporta uma ideia central, agregada por outras que se
rementem a ela, ligadas entre si, e que também a própria estrutura estética do texto
aponta para a formação dos parágrafos. Com base nessas informações quantos
parágrafos possui o Conto “O trem fantasma”? _______________________________
c) Os parágrafos estruturados dessa maneira facilita ou dificulta a compreensão?
Explique por quê?_____________________________________________________
_____________________________________________________________________
2) Releia o primeiro parágrafo do texto e responda:
Afinal se confirmou: era leucemia mesmo, a doença de Matias, e a mãe dele mandou me chamar.
Chorando, disse-me que o maior desejo de Matias sempre fora passear de trem fantasma; ela queria
satisfazê-lo agora, e contava comigo. Matias tinha nove anos. Eu, dez. Cocei a cabeça.
a. Neste primeiro parágrafo, quando se escreve “Afinal se confirmou”. O que
tinha se confirmado? ______________________________________________
b. Observe os pronomes que estão sublinhados e enumere-os de acordo com a
referência que exercem no texto.
( 1 ) mãe ( ) dele, -lo;
( 2 )Matias ( ) me, comigo,eu;
FRASE: é todo e qualquer enunciado concreto constituído por uma palavra ou um conjunto de
palavras, com a intenção de comunicação. Inicia-se, na escrita, com letra maiúscula e termina
com um sinal de pontuação.
Fonte: COSTA, Cibele Lopresti. Para viver juntos: português, 7ºano:ensino fundamental. São Paulo:
Edições SMl, 2009.
29
( 3 )Narrador ( ) ela.
c. Relacione as colunas, apontando para quem os verbos destacados no parágrafo
se referem:
(1) confirmou ( ) narrador
(2) mandou ( ) mãe
(3) disse ( ) leucemia
(4) contava ( ) Mathias
(5) tinha
(6) cocei
d. A que tempo esses verbos se referem:
( ) presente ( ) passado ( ) futuro
e. Dos verbos listados na atividade “c”, quais deles se referem ao narrador? Em
que pessoa estão conjugados? Por quê?________________________________
f. Como você explica a expressão “Cocei a cabeça”, que aparece no texto?A
quem ela se refere?________________________________________________
g. Além de indicar uma ação, os verbos indicam, ainda, a duração dessa ação.
Nesse caso, aponte que durabilidade esses verbos indicam:
(1) ação concluída, acabada
(2) ação rotineira, ou que se estendeu no passado
( ) confirmou ( ) mandou ( ) disse
( ) cantava ( ) tinha ( ) cocei
h. Quando no texto se diz: “Afinal se confirmou... a mãe dele mandou me
chamar”. Os verbos indicam ações concluídas. Portanto são chamados de:
( ) pretérito perfeito
( ) pretérito imperfeito
( ) pretérito mais que perfeito
( ) futuro do pretérito
i. Explique: “...e contava comigo”. Por que o verbo sublinhado nos passa uma ideia de
ação rotineira.______________________________________________________
Professor(a): se for
necessário consulte a
gramática e explique
tais nomenclaturas.
30
E na expressão “Cocei a cabeça”. Por que o verbo sublinhado nos dá a ideia de ação
concluída._____________________________________________________________
j. Qual dos verbos em destaque se refere ao narrador?____________________________
l. Em qual pessoa ele está conjugado? Assinale a resposta correta:
( ) você ( ) nós ( ) eu ( ) eles
3) Observe o 2º e 3º parágrafos:
Não se poderia levá-lo ao parque onde funcionava o trem fantasma. Teríamos de fazer uma
improvisação na própria casa, um antigo palacete nos Moinhos de Vento, de móveis escuros e cortinas de veludo
cor de vinho. A mãe de Matias deu-me dinheiro; fui ao parque e andei de trem fantasma. Várias vezes. E
escrevi tudo num papel, tal como escrevo agora. Fiz também um esquema. De posse desses dados, organizamos
o trem fantasma.
A sessão teve lugar a 3 de julho de 1956, às vinte e uma horas. O minuano assobiava entre as árvores,
mas a casa estava silenciosa. Acordamos o Matias. Tremia de frio. A mãe o envolveu em cobertores. Com todo
o cuidado colocamo-lo num carrinho de bebê. Cabia bem, tão mirrado estava. Levei-o até o vestíbulo da
entrada e ali ficamos, sobre o piso de mármore, à espera.
a) Copie, do 2º parágrafo, três verbos que indicam ações concluídas. Por que eles foram
empregados?__________________________________________________________
____________________________________________________________________
b) Qual o verbo do 2º parágrafo que indica uma ação prolongada e, portanto, é chamado
de pretérito imperfeito? Por que ele foi empregado?___________________________
____________________________________________________________________
c) Ainda no 2º parágrafo há um único verbo no tempo presente. Por que o autor utiliza-se
desse tempo verbal?____________________________________________________
_____________________________________________________________________
d) Também no 2º parágrafo, o autor emprega alguns adjetivos (qualidades/características)
para descrever a casa. Aponte como era:
O palacete:___________________________________________________________
Professor(a): se for necessário consulte a
gramática e explique tais nomenclaturas.
31
_____________________________________________________________________
e) Os móveis:___________________________________________________________
_____________________________________________________________________
f) As cortinas:___________________________________________________________
_____________________________________________________________________
g) Esses adjetivos nos passam qual impressão da casa?___________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
h) Observe a frase “Com todo o cuidado, colocamo-lo num carrinho de bebê.” E a frase:
“Levei-o até o vestíbulo...”O pronome lo e o pronome o estão se referindo a
quem?________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
i) Agora voltemos ao texto completo “O trem fantasma”e observamos que a maioria dos
verbos se encontram no pretérito perfeito, sendo essa a marca lingüística predominante
no texto que aponta ele como narrativo. Se observarmos as partes, cuja as marcar
lingüísticas estão voltadas ao pretérito imperfeiro, perceberemos que ele descreve o
ambiente. Então retire do texto um trecho, no qual os verbos se encontram no pretérito
imperfeito que demonstrem características
descritivas:____________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
4) Releia o 4º parágrafo:
As luzes se apagaram. Era o sinal. Empurrando o carrinho, precipitei-me a toda velocidade pelo longo
corredor. A porta do salão se abriu; entrei por ela. Ali estava a mãe de Matias, disfarçada de bruxa (grossa
maquilagem vermelha. Olhos pintados, arregalados. Vestes negras. Sobre o ombro, uma coruja emparelhada.
Invocava deuses malignos).
a) Nele encontramos outros adjetivos. Aponte quais foram usados para caracterizar:
•maquiagem:________________________________________________________
•olhos:_____________________________________________________________
•vestes:____________________________________________________________
•coruja:____________________________________________________________
•deuses:____________________________________________________________
b) Esses adjetivos foram empregados por quê?_______________________________
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___________________________________________________________________________
5) Veja agora o 6º parágrafo:
Outra porta se abriu – a do banheiro, um velho banheiro com vasos de samambaia e torneiras
de bronze polido. Suspenso do chuveiro estava o pai de Matias, enforcado: língua de fora, rosto
arroxeado. Saindo dali entrei num quarto de dormir onde estava o irmão de Matias, como esqueleto
(sobre o tórax magro, costelas pintadas com tintas fosforescentes; nas mãos, uma corrente enferrujada). Já o gabinete nos revelou as duas irmãs de Matias, apunhaladas (facas enterradas nos
peitos; rostos lambuzados de sangue de galinha. Uma estertorava).
a) Quais os adjetivos empregados para as palavras:
•banheiro:__________________________________________________________
•torneiras:__________________________________________________________
•língua do pai:______________________________________________________
•rosto:_____________________________________________________________
b) Como estava o irmão de Mathias?_______________________________________
__________________________________________________________________
c) E suas duas irmãs?_________________________________________________
__________________________________________________________________
d) Todas essas características apresentadas pelo autor contribui para construir o
sentido do texto. Que sentido você construiu?____________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
e) Por que Mathias “estava exausto”?
( ) de emoção
( ) de cansaço
( ) de medo
f) Por que os pais “choravam baixinho”?___________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
g) O narrador não aceitou o dinheiro que a mãe de Mathias quis lhe dar. E você
aceitaria? Por quê?_________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
h) Você acha que a ação do narrador foi importante? Por quê?_________________
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__________________________________________________________________
_________________________________________________________________
4 SOCIALIZAÇÃO DOS CONTOS
Professor(a):
Chegou a hora de socializarmos todo o aprendizado sobre a leitura de contos, através
de um momento especial de Contação de contos, no saguão da escola, para alunos, também do
6º ano, que não participaram da aplicação do projeto.
Com o intuito de despertar nos demais colegas o gosto pela leitura, mas uma leitura
responsiva, significativa, que ajude nossos alunos a despertarem para o conhecimento, tanto
científico como pelo prazer de estar em contato com o conhecimento literário, que tanto nos
ajuda a pensar em nossas atitudes na construção de nossa história pessoal, tornando-nos
personagem reflexivos, analíticos, em um contexto social e histórico real.
E pensando em cativar outros alunos à prática da leitura, após a contação de contos,
que será realizada espontaneamente por alguns dos alunos do 6º ano, faremos também a
dramatização de um dos contos, escolhido por eles, através de fantoches.
5 CIRCULAÇÃO DO GÊNERO
Concluido a contação de Contos, no saguão da escola, será afixado no mural do
mesmo os contos trabalhados em sala, bem como os contos que foram oralmente expostos e o
dramatizado pelos alunos, através de fantoches. Além de outros que serão pré selecionados
pelo próprios alunos do 6º ano.
Também no mural terá um convite, para que os alunos visitem a biblioteca e estejam
escolhendo textos do gênero Conto, bem como de outros gêneros que mais lhe agradem,
sendo persistente nas primeiras leituras, para adquirir o gosto pela mesma.
REFERÊNCIAS
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de (Org). O que é qualidade em literatura infantil e juvenil - Com a palavra o escritor.
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Pesquisado: 24 de maio de 2010.
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GÓES, Lúcia Pimentel. Introdução à literatura infantil e juvenil. 2.ed. São Paulo: Pioneira,
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(Coleção passando a limpo).
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http://www.releituras.com/mscliar-bio.asp. Acesso em 24/05/2010.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Moacyr-scliar. Acesso em 24/05/2010.