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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÀ

ENY PEREIRA RIBEIRO

A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO

ENSINO-APRENDIZAGEM

.

Unidade Didática apresentada por Eny Pereira Ribeiro à SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO como parte dos quesitos do Programa de Desenvolvimento Educacional-2009. Orientadora: Profº. Dra. Leonor Dias Paini

MARINGÁ 2009

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 2

A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM. .... 3

A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NA APRENDIZAGEM.......................................... 7

CARACTERÍSTICAS DE MOTIVAÇÃO: intrínseca x extrinseca. ...................................... 9

DIVERSIDADE NA SALA DE AULA: UM DESAFIO AO ATO DE ENSINAR E

APRENDER............................................................................................................................ 15

O PROFESSOR COMO MEDIADOR NA SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM ............... 19

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 21

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 23

INTRODUÇÃO:

Este trabalho parte do pressuposto que é necessária uma reflexão em relação às

ações pedagógicas no processo educativo e discutir suas implicações no fazer

pedagógico e na prática docente.

Mais especificamente, o propósito deste estudo consiste em compreender a

relação professor-aluno e como a motivação influencia no processo de ensino e

aprendizagem. Verificará também se as práticas pedagógicas podem ser implementadas

para o despertar o interesse em aprender no aluno.

Levando em consideração que a falta de interesse dos alunos para

desenvolverem as atividades escolares pode estar relacionada ao fato de os mesmos

serem obrigados a permanecer na sala de aula sem entender o porquê e para quê das

tarefas e atividades que realizam. Esses educandos muitas vezes não percebem o valor

de aprender determinados conteúdos escolares, e também não compreendem bem para

que servem e qual a utilidade das atividades realizadas.

Nesse sentido, abordaremos nesta unidade didática questões de motivação e de

aprendizagem, a relação professor-aluno, a diversidade na sala de aula e o professor

como organizador da aprendizagem. É, portanto, um material dirigido a todos os

professores que buscam configurar sua ação docente como uma atividade humana

transformadora.

Disponível em: criancolandia.blogspot.com/ Acesso em 19-07-2010

A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO E O PROCESSO ENSINO-

APRENDIZAGEM

Disponível em: pedagogia.seed.pr.gov.br

Acesso em 19-07-2010

Antes de analisar a importância da relação professor e aluno, é pertinente refletir

sobre a aprendizagem, a qual não deve ser concebida como um processo pronto e

acabado, pois esta se desenvolve e se transforma durante toda a vida.

Segundo Oliveira (2002) aprendizagem é:

Aprendizado ou aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos fatores inatos [...] justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de aprendizado, inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. O termo que ele utiliza em russo (obuchenie) significa algo como ‘processo de ensino-aprendizagem’, incluindo sempre aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre essas pessoas (Vigotsky apud OLIVEIRA, 2002, p.57).

A teoria de Vygotsky considera que o desenvolvimento humano se da a partir

das relações sociais estabelecidas pelo sujeito durante sua vida. E o processo de ensino-

aprendizagem acontece nas interações que surgem em diversos contextos sociais.

Para explicar o desenvolvimento psicológico humano, Vygotsky afirma que

todas as funções superiores originam-se das relações reais entre os indivíduos, e que

“todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no

nível social, e, depois no nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica), e,

depois, no interior da criança (intrapsicológica).” ( 1994, p. 75).

VYGOTSKY (1984) coloca a aprendizagem como "um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas".

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Diante do exposto, a importância do outro no processo de ensino e

aprendizagem torna-se essencial . Onde, a mediação do educador escolar e a qualidade

das interações sociais desenvolvidas tornam-se fundamental para o sucesso do ensinar e

o aprender.

Vygotsky explica que a aprendizagem não é, em si mesma, desenvolvimento,

mas uma correta organização da aprendizagem da criança conduz ao desenvolvimento

mental, ativa todo um grupo de processos de desenvolvimento, e esta ativação não

poderia produzir-se sem a aprendizagem. Por isso, a aprendizagem é um momento

intrinsecamente necessário e universal, para que se desenvolvam na criança essas

características humanas não naturais, mas formadas historicamente (VYGOTSKY,

1998, p. 115).

A educação escolar garante um desenvolvimento que amplia as potencialidades

dos sujeitos tanto dos professores quanto dos alunos, é importante destacar que este

processo se dá a partir das relações que se estabelecem na sala de aula. A sala de aula

passa a ter grande destaque por ser considerada um lugar onde acontece a

sistematização do conhecimento e o professor um mediador na construção do

conhecimento.

No contexto escolar pode-se dizer que a interação professor-aluno é

imprescindível para que ocorra o sucesso no processo ensino aprendizagem. E essa

interação tornou-se uma das principais preocupações no contexto escolar. Para

Vygotsky a aprendizagem acontece essencialmente através das relações sociais, numa

perspectiva histórico-cultural. A criança apropria-se dos instrumentos culturais através

da interação com os outros.

Pode se considerar que é na sala de aula que o professor estabelece relações que

contribui para o sucesso do ensino e aprendizagem.

Nessa perspectiva, Coll e Solé (1996, p. 294) alertam para a complexidade da

sala de aula com sua realidade permeada por conhecimentos, habilidades, valores e

expectativas de seus atores, afirmando que “a aula configura um espaço comunicativo

regido por uma série de regras cujo respeito permite que os participantes, o professor e

os alunos possam comunicar-se e alcançar os objetivos a que se propõem”.

Considerando que todo aprendizado inicia antes da criança frequentar a escola,

Vygotsky chama a atenção no que diz respeito à relação entre o desenvolvimento e a

aprendizagem. Toda experiência vivida pelo sujeito relacionará com o que vivenciará na

escola. Sendo assim o professor passa a ter um papel imprescindível, pois ele tem

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autonomia para determinar ações, selecionar as atividades e conteúdos e a metodologia

de ensino que mais lhe convém.

Outro aspecto importante segundo Vygotsky, é a relação entre adultos e crianças

na escola, relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem. O que a crianças

vivenciam na escola estão relacionados com os conhecimentos prévios adquiridos antes

de se frequentar a escola. O professor passa a ter um papel fundamental a partir do

pressuposto de que o desenvolvimento mental da criança deve ser entendido não apenas

pelos processos que ela já dominou, considerado como nível de desenvolvimento real

mas, pelos processos que ainda estão em formação que é o nível de desenvolvimento

potencial. "O único bom ensino é o que se adianta ao desenvolvimento" (Vygotsky,

1988, p. 114).

Vygotsky (1984) considera um conceito fundamental para compreender o

progresso cognitivo humano que é a zona de desenvolvimento proximal. Define dois

níveis de desenvolvimento, o real e o potencial. No desenvolvimento real considera-se

aquilo que o sujeito já sabe, o que já aprendeu e no desenvolvimento potencial,

considera aquilo que o sujeito tem potencial para aprender.

O espaço existente entre os dois níveis é denominado de Zona de

Desenvolvimento Proximal onde o aprendizado acontece através da mediação de outro

sujeito. No caso escolar é onde o educador interfere para que o aluno construa seu

conhecimento. É nessa distância em que se deve trabalhar aquilo que o aluno sabe e

aquilo que ele é capaz de aprender com ajuda, orientação e estimulo de um outro sujeito

mais experiente. Então a função do educador escolar, seria a de oportunizar esta

aprendizagem, servindo de mediador entre a criança e o aprendizado. Nesse momento a

atuação do professor faz a diferença e (VYGOTSKY, 1991) explica:

O professor desafia o nível em que o sujeito aluno está, não desrespeitando seus conhecimentos e experiências anteriores, mas tendo um olhar para o futuro, para as capacidades que desenvolverá, possibilitando a socialização das experiências culturais acumuladas historicamente pela humanidade e, consequentemente, responsáveis pela promoção do acionamento das “zonas de desenvolvimento proximal” dos alunos.

Ao considerar que aprendizagem torna-se a razão de ser da atividade escolar é

importante que todos educadores reflitam sobre sua ação como educador dentro de uma

sala de aula.

6

É importante que o professor entenda que ele não é apenas aquele que ensina,

mas sim aquele que proporciona ao seu aluno condições de adquirir conhecimentos

tornando-os capazes de intervir na realidade em todas as áreas da vida.

Para isso, é de fundamental importância que o professor esteja consciente de sua

prática docente que busque intervenções para a efetivação de um trabalho que promova

a produção do conhecimento. Deve-se considerar ainda, as condições de vida familiar e

social de seus alunos, a experiência de cada um e seu próprio nível de desenvolvimento.

Assim, acreditando que o professor faz a diferença, não podemos deixar de

reconhecer que a escola deve voltar-se para a qualidade de suas ações e relações, para o

desenvolvimento do aluno como um todo. É evidente que as ações do professor

influenciam o desenvolvimento e a aprendizagem. Para Freire (1992, p; 11):

“É na fala do educador, no ensinar (intervir, devolver, encaminhar), expressão do seu desejo, casado com o desejo que foi lido, compreendido pelo educando, que ele tece seu ensinar. Ensinar e aprender são movidos pelo desejo e pela paixão”.

Podemos considerar que todo o aprendizado é necessariamente mediado. Nessa

perspectiva como a mediação do professor deve ser efetuada de modo a contribuir

para o desenvolvimento dos estudantes?

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A IMPORTÂNCIA DA MOTIVAÇÃO NO PROCESSO ENSINO E

APRENDIZAGEM

Disponível em: sininhosoparacriancas.blogspot.com : Acesso em 20-07-2010

Considerando que a motivação para a aprendizagem escolar representa um

desafio para nós educadores, faz-se necessário compreender as razões da ausência da

motivação do aluno para a aprendizagem, analisá-las, e buscar ações adequadas que

ajudem a minimizar esse problema que afeta os ambientes escolares.

Para apresentar a temática ‘motivação’, faz-se necessário retomar na literatura

alguns conceitos buscando compreender os seus significados nas últimas duas décadas.

Para Bzuneck (2000) a “motivação, ou motivo, é aquilo que move uma pessoa

ou que põe em ação ou a faz mudar de curso, a motivação tem sido entendida ora como

um fator psicológico, ou conjunto de fatores, ora como um processo” (BZUNECK

2000, p.9).

Segundo este mesmo autor existe um consenso generalizado entre a literatura

das últimas duas décadas em relação à dinâmica desses fatores psicológicos ou do

processo, em qualquer atividade humana. Os motivos “levam a uma escolha, instigam,

fazem iniciar um comportamento direcionado a um objetivo...”(BZUNECK, 2004, p. 9).

A ação docente define-se como uma ação em que se tem de agir na urgência, decidir na incerteza e intervir com competência. (Perrenoud, 2001).

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Para Balancho e Coelho (1996) a motivação pode ser entendida como um

processo e, como tal, é aquilo que suscita ou incita uma conduta, que sustenta uma

atividade progressiva, que canaliza essa atividade para um dado sentido.

Campos (1987) compreende que a palavra “motivar significa provocar

movimento, atividade no indivíduo” (CAMPOS, 1987, p.108).

Já para Nérici (1993) o processo que se desenvolve no interior do indivíduo e o

impulsiona a agir, mental ou fisicamente, em função de algo. O indivíduo motivado

encontra-se disposto a despender esforços para alcançar seus objetivos (NÉRICI, 1993,

p. 75).

Segundo Sisto (2001), a motivação é uma variável-chave para a aprendizagem.

Para ele sem motivação não se aprende. Estar preparado para aprender não quer dizer,

necessariamente, que isto irá acontecer significativamente, e é fundamental a presença

do incentivo no aprendiz.

Moraes (2006), tendo como conceito de motivação como um estado subjacente

inferido que energiza o comportamento provocando sua ocorrência.

Huertas (2001, p. 54) enfatiza que, por “motivação humana deve entender-se

como um processo de ativação e orientação da ação”.

De acordo com Fita (2001, p.77) “a motivação é um conjunto de variáveis que

ativam a conduta e a orientam em determinado sentido para poder alcançar um

objetivo”.

A motivação no contexto escolar tem sido avaliada como um determinante

crítico do nível e da qualidade e do desempenho. Um estudante motivado mostra-se

ativamente envolvido no processo de aprendizagem, engajando-se e persistindo em

tarefas desafiadoras (GUIMARÃES & BORUCHOVITCH, 2004).

Na sua opinião quais os motivos que levam os alunos a perderem o interesse

pela aprendizagem escolar?

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CARACTERÍSTICAS DE MOTIVAÇÃO: intrínseca x extrinse ca

Disponível em: macacommel.wordpress.com/page/2/?archives-list=1: Acesso em 21- 07-2010

A diferença entre motivação extrínseca e motivação para aprender, está na

relação entre aprendizagem e desempenho, sendo o primeiro ao processamento

cognitivo que ocorre enquanto está ocorrendo a internalização de novos conhecimentos.

O segundo diz respeito a demonstração de novas habilidades ou conteúdos adquiridos.

E a diferença entre motivação intrínseca e a motivação para aprender está na prioridade

que a primeira dá ao envolvimento afetivo do aluno nas atividades. E a segunda dá uma

ênfase maior ao envolvimento cognitivo deste aluno na aprendizagem (BROPHY

APUD RUIZ, 2004).

Na maioria das vezes os problemas motivacionais estão relacionados com a

dificuldade que o aluno apresenta em realizar naturalmente as atividades propostas pelo

professor. A motivação é um dos aspectos mais relevantes para que o aluno seja capaz

de realizar o trabalho com qualidade. De acordo com Boruchovitch (2001, p. 49), é

evidente que, muitas vezes, dificuldades de aprendizagem “são agravadas por problemas

motivacionais e que problemas motivacionais também se traduzam direta e

indiretamente com dificuldades de aprendizagem, tornando-se, com frequência, muitas

vezes, a discriminação correta dos problemas, uma tarefa árdua, mesmo para os

especialistas” (BORUCHOVITCH, 2001, p. 49).

Conforme Bzuneck (2000, p. 10) “toda pessoa dispõe de certos recursos

pessoais, que são tempo, energia, talentos, conhecimentos e habilidades, que poderão

ser investidos numa certa atividade”.

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Infelizmente não é novidade para os educadores a dura realidade das salas de

aula. Muitos alunos mostram-se desmotivados a participarem das atividades escolares

cotidianas, parece que lhes falta entusiasmo e disposição para enfrentar os desafios que

são exigidos para se apropriarem dos saberes escolares.

Muitas vezes o professor leva a culpa quando o aluno não tem um bom

desempenho no processo de aprendizagem. E o professor, acredita que o aluno é o

responsável pelo seu mau desempenho, e não se empenha em motivá-lo para a

aprendizagem. Os professores enfrentam dificuldades para motivar seus alunos, pois os

conteúdos a serem ensinados nem sempre são agradáveis é nem sempre estão de acordo

com seus interesses individuais. O currículo escolar determina objetivos e prazos a

serem cumpridos, impossibilitando assim a total autonomia para um trabalho voltado

para atender os diferentes tipos de alunos. No entanto, os professores podem

proporcionar um ensino planejado e organizado para que os alunos percebam quanto é

significativo e busquem o aprendizado.

A aprendizagem está relacionada a diversos fatores e ligada às condições

internas e externas. A motivação do aluno depende das características individuais e de

fatores relacionados ao meio em que vive. A motivação para a aprendizagem pode ser

denominada em intrínseca e extrínseca. “A motivação intrínseca é compreendida como

sendo uma propensão inata e natural dos seres humanos para envolver o interesse

individual e exercitar suas capacidades, buscando e alcançando desafios ótimos”

(GUIMARÃES, 2001 p.38-39). E a motivação extrínseca, segundo a mesma autora é

“motivação para trabalhar em resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para

obtenção de recompensas materiais ou sociais, reconhecimento, objetivando atender aos

comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências e

habilidades” (Id ibid, p.46). Se esta for a única presente no processo ensino

aprendizagem, a possibilidade do fracasso escolar será maior.

O professor configura-se como principal agente que irá possibilitar um clima de

sala de aula favorável ou não ao desenvolvimento das orientações motivacionais

(GUIMARÃES; BORUCHOVITCH, 2004).

Para compreenderem a personalidade e a motivação humana, Deci e

colaboradores (DECI & RYAN, 1985) desenvolveram a Teoria da Autodeterminação.

Eles acreditam que a autodeterminação é uma necessidade humana inata que está

relacionada à motivação intrínseca. Sendo assim, as pessoas têm uma tendência natural

para a realização das atividades que desafia as habilidades que já existem. Desse modo,

11

as pessoas agiriam espontaneamente, por vontade própria e não a partir de pressões

externas.

A Teoria da Autodeterminação favorece a compreensão da motivação dos alunos

e é composta por quatro subteorias: a) Teoria da Avaliação Cognitiva que explica como

reguladores externos podem apoiar ou não a motivação intrínseca; b) Teoria da

Integração Organísmica, que propõe que os processos motivacionais extrínsecos podem

ser internalizados, podendo gerar uma motivação auto-regulada; c) Teoria das

Orientações de Causalidade que menciona a influência das orientações duradouras de

personalidade sobre a qualidade motivacional dos alunos; d) Teoria das Necessidades

Básicas que aponta as necessidades de autonomia (as pessoas acreditam naturalmente

que são capazes de realizar uma atividade por vontade própria e não por pressões

externas); necessidade de competência (capacidade de a pessoa interagir

satisfatoriamente com o seu meio); c) necessidade de pertencer ou de estabelecer

vínculos (percepção de pertencer ou de fazer parte) como três necessidades psicológicas

essenciais para o desenvolvimento da motivação intrínseca. (REEVE; DECI; RYAN,

2004).

Nessa perspectiva Guimarães (2004b) salienta que a interação entre professor e

aluno na sala de aula é fundamental para favorecer o estabelecimento de vínculos

seguros. A intencionalidade do professor é muito importante para transformar a sala de

aula num ambiente acolhedor onde o aluno sinta que faz parte de todo processo de

ensino e aprendizagem. Segundo a mesma autora (2004), situações de aprendizagem

escolar, envolvendo desde a interação aluno-professor e aluno-aluno precisam ser fontes

de satisfação dessas três necessidades psicológicas básicas (autonomia, pertencer e

competência), para que a motivação intrínseca e as metodologias que utilizam da

motivação extrínseca possam ocorrer.

Para Guimarães (2001), diversos fatores podem influenciar na motivação do

aluno em sala de aula.

Quem observa um aluno pouco interessado nos conteúdos e atividades escolares pode, à primeira vista, atribuir essa falta de motivação a fatores emocionais, familiares, econômicos, a características de personalidade, preferências por outras situações não ligadas à escola, como jogos, cinema, música, entre outros. No entanto, a motivação do aluno e suas causas não é um assunto que se limite à família, a ele próprio ou a outras condições fora da situação escolar. O que ocorre normalmente é uma combinação de fatores, resultando num sistema de interações multideterminadas. De maior relevância é o que ocorre dentro da escola e da própria classe. (2001, p.78).

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No contexto escolar a falta de motivação ou desmotivação pode estar

relacionada a vários fatores e sua falta contribui para que o aluno não desempenhe suas

tarefas com eficácia.

Motivar os alunos para a aprendizagem não é fácil. A tarefa do professor no

seu dia a dia em sala de aula é desenvolver a motivação de seus alunos, é preciso

entusiasmo e criatividade para buscar novas técnicas e recursos metodológicos

diversificados para convencê-los a enfrentar e se dispor de esforço para o desafio

proposto.

De acordo com Boruchovitch, quando se pensa em estratégias para facilitar a

aprendizagem, torna-se evidente que elas têm que atuar em dois níveis

simultaneamente. “Isto equivale a dizer que as estratégias precisam ser específicas a

ponto de auxiliar o processo cognitivo (sublinhar, resumir, prover exemplos, etc.), mas

também devem ajudar na promoção e manutenção de condições internas adequadas no

aprendiz, atuando estados psicológicos que interferem com a aprendizagem". (2001, p.

53).

Quando o aluno se sente motivado, acha as tarefas escolares prazerosas e se

esforça para realizá-las com qualidade. “Um aluno motivado mostra-se ativamente

envolvido no processo de aprendizagem, engajando-se e persistindo em tarefas

desafiadoras, despendendo esforços, usando estratégias adequadas, buscando

desenvolver novas habilidades de compreensão e domínio” (GUIMARÃES;

BORUCHOVITCH, 2004, p. 143). O aluno precisa ser orientado para que aprenda a

buscar objetivos adequados e eficazes para atingir a motivação que leve a realização de

algo desejado.

Segundo Bzuneck (2002, p. 30) “para que se tenha êxito na tarefa de motivar

adequadamente sua classe, todo professor deve dominar uma grande variedade de

técnicas e saber usá-las com flexibilidade e criatividade”. O contexto da sala de aula

deve ser considerado de forma diferente de outras atividades em que o aluno deve estar

motivado, pois para a sala de aula o aluno deve executar tarefas que são maximamente

de natureza cognitiva, que incluem atenção e concentração, processamento e elaboração

e integração da informação, raciocínio e resolução de problemas (BZUNECK, 2001).

Considerando que a função da escola é fazer com que o aluno se aproprie dos

conhecimentos construídos ao longo dos tempos pela humanidade. No processo ensino

aprendizagem o objetivo principal do professor é o de possibilitar situações que levem o

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aluno a adquirir uma aprendizagem significativa. A aprendizagem dos conteúdos ocorre

quando é atribuído a eles um significado, e para que isso aconteça os conteúdos

precisam ser ensinados de forma que o aluno enxergue um elo com sua realidade.

Gasparin embasado na teoria histórico-crítica de Saviani afirma que:

A aprendizagem somente é significativa a partir do momento em que os educandos introjetam, incorporam ou, outras palavras, apropriam-se do objeto do conhecimento em suas múltiplas determinações e relações, recriando-o e tornando-o “seu”, realizando ao mesmo tempo a continuidade e a ruptura entre o conhecimento cotidiano e o científico. (2007, p.52).

O professor deve orientar e estimular seu aluno para conseguir sucesso no

processo ensino aprendizagem. E também incentivá-lo para a busca de novos

conhecimentos. A motivação envolve:

Um conjunto de variáveis que ativam a conduta e orientam um determinado sentido para poder alcançar um objetivo e que estudar a motivação consiste em analisar os fatores que fazem as pessoas empreender determinadas ações dirigidas a alcançar objetivos (TAPIA E FITA, 2001, p.77).

Todo conhecimento nas relações humanas é considerado social segundo a

abordagem de Vygotsky e seus colaboradores. Essa teoria afirma que o

desenvolvimento do indivíduo é resultado de um processo sócio-histórico, o papel da

linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento é considerado histórico-cultural.

De acordo com Vygotsky (1987, p. 101), “O aprendizado adequadamente

organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em movimento vários processos

de desenvolvimento que, de outra forma, seriam impossíveis de acontecer”.

A aprendizagem é essencial para o ser humano que precisa estar na busca

constante por novos conhecimentos. Conhecimentos que ajudem na percepção e

compreensão de sua capacidade ou habilidade para resolver uma determinada situação

ou problema. Para Vygotsky (2001) a aquisição de conhecimentos se dá pela interação

do sujeito com o contexto cultural.

Vygotski (2001) enfatizou sobre o aspecto motivador ou desmotivador da emoção no comportamento humano:

Toda emoção é um chamamento à ação ou uma renúncia a ela. [...] Se fizermos alguma coisa com alegria, as reações emocionais de Alegria não significam nada, senão que vamos continuar tentando fazer a mesma coisa. Se fizermos algo com repulsa, isto significa que no futuro procuraremos por todos os meios interromper essas ocupações. Por outras palavras, o novo

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momento que as emoções inserem no comportamento consiste inteiramente na regulagem das reações pelo organismo. (VIGOTSKI, 2001, p. 138-9)

As práticas motivadoras constituem-se numa importante ferramenta

para a efetivação da aprendizagem, pois os alunos demonstram um maior interesse

quando neles é despertada a vontade de querer aprender. Cabe ao professor, não apenas

orientar a aprendizagem, mas buscar compreender e interpretar as diferentes situações

que permitam ao aluno integrar novos conhecimentos.

Quais os recursos que você utiliza para despertar o interesse de seus alunos para a

aprendizagem?

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DIVERSIDADE NA SALA DE AULA: UM DESAFIO AO ATO DE E NSINAR E APRENDER

Disponível em: historicofilosoficas.blogspot.com: Acesso em 21-07-2010

No cotidiano escolar ouvimos falar muito em práticas como bullying, agressões

verbais (psicológicas) e físicas dentro da escola e outras atitudes preconceituosas. E isso

está relacionado com a não aceitação das diferenças individuais. Então direcionam as

agressões para aqueles que não seguem os estereótipos considerados aceitáveis.

Japa, Gordão, Balofo, Zarolho, Quatro-olhos, Bundão [...] são tantos apelidos que apontam exatamente para a diferença, para aquela característica que distingue alguém do resto do grupo... Por que rotulamos as pessoas? Talvez porque tenhamos receio daqueles que são diferentes de nós (MARTINS, 2001, p.21).

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo.

Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-

los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser

pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são

pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo,

isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não

pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Rubem Alves

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É evidente a dificuldade que a escola tem para trabalhar com a diversidade, as

diferenças encontradas na escola e principalmente nas salas de aula tornam-se

problemas ao invés de oportunizar os saberes. A escola é o lugar em que todos os alunos

devem ter as mesmas oportunidades para aprendizagem, mas é necessário compreender

que a aprendizagem ocorre de diversas formas e em diferentes tempos.

É preciso que o educador atente para as diferentes formas de ensinar, pois, há

diferentes maneiras de aprender.

No contexto escolar, trabalhar na perspectiva da diversidade é uma ação que

exige o reconhecimento de que os alunos de uma sala de aula são diferentes, possuem

características individuais e pertencem a grupos sociais diferentes.

Vygotsky considera que “as crianças são o resultado de suas experiências e da

troca com o outro”. Portanto é preciso considerar o ambiente em que elas vivem, como

constroem seus significados para compreender seu desenvolvimento.

É papel da escola oferecer uma educação de qualidade para todos, considerando

a diferença dos alunos e aproveitando-as para transformar o ambiente escolar num

lugar de respeito e aceitação com atividades diferenciadas e significativas.

Neste sentido, Freire diz:

Aceitar e respeitar a diferença é uma dessas virtudes sem o que a escuta não se pode dar. Se discrimino o menino ou menina pobre, a menina ou o menino negro, o menino índio, a menina rica; se discrimino a mulher, a camponesa, a operária, não posso evidentemente escutá-las e se não as escuto, não posso falar com eles, mas a eles, de cima para baixo. Sobretudo, me proíbo entendê-los. Se me sinto superior ao diferente, não importa quem seja, recuso-me escutá-lo ou escutá-la. O diferente não é o outro a merecer respeito é um isto ou aquilo, destratável ou desprezível. (FREIRE, 2002, p. 136).

A aprendizagem se dá através das interações sociais ocorridas dentro do

ambiente escolar. Deste modo, neste processo considera-se fundamental importância a

relação educador-educando.

O cotidiano escolar tem enfrentado muitas dificuldades, apresentando um aluno

cada vez mais desinteressado, disperso e um professor muitas vezes despreparado para

enfrentar à diversidade encontrada na sala de aula.

Com a implementação das Diretrizes Curriculares Estaduais (DCEs), os

educadores foram colocados frente a frente com questionamentos , presentes na sua

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prática docente, que passaram a exigir uma maior reflexão e uma tomada de posição

diante das novas necessidades e desafios à prática pedagógica.

De acordo com Freire, o ato de ensinar e de aprender é tarefa difícil, mas é muito

prazeroso. Sendo assim a escola deve oportunizar a todos independente de sua condição

uma educação que contribua para o desenvolvimento e que o aprendizado sirva para que

exerça plenamente sua cidadania. Sua função segundo o autor , é com a formação

global dos alunos. Mas para que isso aconteça, é preciso que a escola trabalhe às

diferenças individuais, culturais e sociais. É importante salientar que:

Ensinar é assim a forma como toma o ato de conhecimento que o (a) professor (a) necessariamente faz na busca de saber o que ensina para provocar nos alunos seu ato de conhecimento também. Por isso, ensinar é um ato criador, um ato crítico e não mecânico. A curiosidade do (a) professor (a) e dos alunos, em ação, se encontra na base do ensinar-aprender (FREIRE, 2002, p. 81).

Cotidianamente somos invadidos por inúmeras informações, avanço crescente da

ciência, das tecnologias e dos meios de comunicação que exigem cada vez mais

coerência nos conteúdos e discursos apresentados em sala de aula.

A escola, inserida nessa sociedade em constante transformação, não pode mais

abordar o conhecimento de forma estática. A complexidade das diferenças devem ser

consideradas importantes e aproveitadas para enriquecer nosso trabalho em sala de aula.

Como nos coloca Freire, é preciso “trabalhar as semelhanças entre si e não só

com as diferenças e assim, criar a unidade na diversidade”. (1992, p.154). Só se

consegue essa unidade referida pelo autor numa escola em que todos tenham acesso

ao conhecimento, e que possam utilizar os conhecimentos construidos em práticas

sociais fora da escola.

As instituições de ensino muitas vezes mantêm-se fortemente seletivas e

excludentes, uma vez que se utilizam modelo classificatório, uniforme e homogêneo,

não estando aberta para a diversidade.

A escola deve estar atenta à valorização da diversidade é a compreensão de que

promover a diversidade é preparar o indivíduo para ser livre, respeitando cada um com

sua característica, livres de estereótipos e idéias pré-concebidas.

Para que a escola seja um ambiente que saiba reconhecer e, acima de tudo,

respeitar e valorizar os fatores que singularizam o indivíduo é necessário segundo

Hoffmann (2005, p.42) :

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“Compreendendo os diferentes jeitos de viver e de aprender de cada aluno, estaremos propondo espaços e tempos educativos adequados às suas possibilidades cognitivas e às suas necessidades afetivas. Significa compreendê-los e valorizá-los no que apresentam de diferente, de único e peculiar como aprendizes e atendê-los com base nesse conhecimento, oferecendo-lhes o direito a melhores e mais dignas oportunidades de aprendizagem no ambiente escolarizado. (...) a justiça de valorizar as diferenças, de desejar, principalmente, que os alunos pensem de maneiras diferentes, de pensar de jeito diferente sobre os alunos, de buscar meios de dialogar com eles, de inventar estratégias pedagógicas diferentes diante das encruzilhadas, de ser um professor, uma professora diferente a cada dia a partir do que aprender com tudo isso. Significa incluir o aluno verdadeiramente no contexto de diversidade que caracteriza toda sala de aula, sem desrespeitar, para isso, o seu jeito próprio de aprender, de expressar-se, de vestir-se, de pensar, de ser. É procurar aprender com cada um deles novos jeitos de ensinar e de agir”.

A instituição escolar deve proporcionar uma educação que respeite as diferenças

existentes nos indivíduos, valorizando-os em toda a sua diversidade.

Se concordarmos que a educação é um processo em construção, temos que

refletir sobre nossa prática educativa e reconstruir ações que nos levem ao atendimento

desta diversidade tão presente nas salas de aulas, respeitando e valorizando todos os

saberes existentes na escola.

Como você tem oportunizado a aprendizagem na sala de aula?

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PROFESSOR COMO MEDIADOR NA SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM Disponível em: zazzle.com. br ; Acesso em 22-07-2010

Atualmente no contexto escolar é bastante discutido as mudanças nas formas de

aprender e de ensinar, a prática pedagógica, a mediação do professor que podem ser

considerados facilitadores da aprendizagem escolar.

Considera-se a principal finalidade do ato educativo fazer com o sujeito

apropria-se dos elementos culturais necessários à sua formação como ser humano e

necessários à sua humanização.

O trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Assim, o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo. (SAVIANI, 1995, p. 17)

Se a escola é o lugar onde desencadeia o processo ensino-aprendizagem e se a

finalidade da ação docente é interferir nesse processo no sentido de dar condições para

que todos os seus alunos se desenvolvam e apropriem dos bens culturais produzidos

Ninguém educa ninguém, como tão pouco ninguém se ed uca sozinho. Os homens se educam em comunhão mediados p elo mundo.

Paulo Freire

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pela humanidade, ela deve garantir que todos tenham condição de acesso permanência e

sucesso no meio escolar.

Saviani (1992) aponta que os educadores devem nortear sua ação a partir de três

objetivos fundamentais: a identificação das formas mais desenvolvidas em que se

exprime o saber objetivo socialmente produzido, a transformação deste saber objetivo

em saber escolar que possa ser assimilado pelo conjunto dos alunos e a garantia das

condições necessárias para que estes não apenas se apropriem do conhecimento, mas

ainda possam elevar seu nível de compreensão sobre a realidade.

Considera-se que a aprendizagem é um processo complexo que inclui aluno,

professor, contexto escolar, família, concepção teórica, organização curricular, entre

outros. Sendo o professor o principal responsável pela promoção da aprendizagem do

aluno, deve atentar-se sobre quem é o sujeito que aprende, oportunizando um ambiente

propício, motivando-o, encorajando-o, estabelecendo vínculos, gerando confiança,

utilizando recursos adequados, promovendo sua auto-estima, respeitando as diferenças

individuais e seu ritmo de desenvolvimento.

Segundo Coll (1994), o processo ensino-aprendizagm se dá no domínio da

interação interpessoal, pelas formas como o professor oportuniza ao aluno interagir com

o objeto do conhecimento, tendo sempre claro que:

A aprendizagem escolar não pode ser entendida nem explicada como o resultado de uma série de “encontros” felizes entre o aluno e o conteúdo da aprendizagem; é necessário, além disso, levar em conta as atuações do professor que, encarregado de planejar sistematicamente estes “encontros”, aparece como um verdadeiro mediador e determina, com suas intervenções, que as tarefas de aprendizagem ofereçam uma maior ou menor margem para a atividade auto-estruturante do aluno. (COLL,1994, p. 103),

A aprendizagem escolar é a razão de ser do processo educativo e as relações

estabelecidas no âmbito escolar devem oportunizar o desenvolvimento do educando

como um todo, fortalecendo os vínculos, para a construção de uma escola cidadã.

É possível realizar um trabalho com vistas à reorganização da prática pedagógica, de

modo a garantir aos alunos a apropriação de conteúdos das diferentes áreas do

conhecimento?

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo constatou que os problemas encontrados em sala de aula são de uma

complexidade, que incita mais pesquisas e estudos nessa área.

Vale assinalar que “não há docência sem discência...”, pois “... quem ensina

aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 1996, p. 25). Para

este autor, é essa interação dialética professor-aluno, aluno-professor que torna a prática

pedagógica um desafio maior e muito mais prazeroso, na qual se passa a estabelecer

vínculos de amizade e respeito favoráveis ao processo ensino-aprendizagem.

A escola não pode ser considerada a única que oportuniza o saber ao aluno, mas

é a principal responsável pela mediação do saber sistematizado.

Como se partilha o saber? “Os alunos formam seu próprio conhecimento por

diferentes meios: por sua participação em experiências diversas, por exploração

sistemática do meio físico ou social, ao escutar atentamente um relato ou uma exposição

feita por alguém sobre um determinado tema, ao assistir um programa de televisão, ao

ler um livro” (COLL, 1996, p.95) e complementa o autor: ao observar os demais e os

objetos com certa curiosidade e ao aprender conteúdos escolares propostos por seu

professor na escola.

Portanto, torna-se relevante que o educador tenha clareza dos objetivos que se

propõem a ensinar, verificar as necessidades específicas de seus educandos, bem como

do tipo de aluno que pretendem formar, pois só assim poderão contribuir para melhoria

da qualidade de ensino.

Portanto, esta unidade didática constitui-se como um roteiro de estudos e tem

como objetivo contribuir para a formação docente. E não temos a pretensão de trazer

receitas prontas de como trabalhar com os problemas que dificultam a aprendizagem

escolar, apenas poderá apontar caminhos para o fazer pedagógico.

Não se pretende ensinar novas metodologias de ensino, a nossa intenção é

encontrar formas que possibilitem ao professor a reflexão para um feeed back de sua

prática pedagógica, e que construam alternativas concretas e possíveis de ação, voltadas

para a melhoria da aprendizagem, permanência e sucesso do aluno na escola.

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1- Os alunos estão perdendo o interesse pela aprendizagem?

2- As metodologias utilizadas para ensinar não são adequadas?

3- Os estudos não correspondem com as expectativas dos alunos?

4- Na sala de aula tem se oportunizado a interação em relação ao processo de ensino

aprendizagem?

Questões para reflexão:

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