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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE Produção Didático-Pedagógica 2007 Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4 Cadernos PDE VOLUME II

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Page 1: DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2007 · sobre a história do personagem Tio Patinhas, desde sua criação em 1947 até hoje, e a ligação entre esse personagem e Ebenezer Scrooge,

O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

Produção Didático-Pedagógica 2007

Versão Online ISBN 978-85-8015-038-4Cadernos PDE

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IDENTIFICAÇÃO:

Professor PDE : Lucilena Aparecida Biscalchim

Disciplina / Área : Língua Portuguesa

IES: Universidade Estadual de Londrina

Orientador : Luiz Carlos Migliozzi Ferreira de Mello

Material Didático: OAC

Título : Leitura de Histórias em Quadrinhos em uma Perspectiva Semiótica

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RECURSO DE EXPRESSÃO

LEITURA DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS EM UMA PERSPECTIVA

SEMIÓTICA.

A universalização da Educação Básica trouxe para as salas de aula o

benefício de poder atender a todos, sem distinção. No entanto, trouxe também um

grande problema: a diversidade social, econômica, cultural, disciplinar. O professor

passou a gerenciar realidades múltiplas, para as quais o seu material didático -

quase sempre o livro didático - não se aplica satisfatoriamente, por distanciar-se da

linguagem infantil e por apresentar seqüências didáticas de difícil compreensão para

crianças não habituadas à leitura.

Neste contexto, cabe ao professor ir ao encontro das necessidades

pedagógicas dessas crianças. Para tanto, precisa buscar gêneros textuais que lhes

despertem interesse, envolva-os na leitura na tentativa de "fisgá-los”, de forma a

despertar nelas o gosto por uma atividade que, em princípio distanciada de sua

realidade, é das mais prazerosas. Espera-se que, uma vez que as crianças tenham

aprendido a reconhecer no texto escrito os sentidos construídos por sujeitos

socialmente ativos e que compreendam que também elas, leitoras, constroem

sentidos na interação com o texto, possam enxergar-se sujeitos socialmente ativos,

tal como aqueles com quem interagiram. Em resumo, o material de leitura que se

tem disponível, muitas vezes, é contrário ao gosto e ao interesse dos alunos,

principalmente na quinta série do ensino fundamental, o que torna necessária a

busca por materiais e estratégias alternativas para o trabalho com a leitura.

Este trabalho pretende investigar a eficácia da leitura de Histórias em

Quadrinhos, na perspectiva da Semiótica Discursiva, como estratégia de leitura nas

turmas de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental, a partir da compreensão de

Semiótica como uma das teorias derivadas das chamadas Teorias da Enunciação,

que se ocupa da busca pelos sentidos do texto. De acordo com uma análise à luz da

Semiótica, o percurso que leva ao sentido completo de um texto deve começar no

nível mais simples para o mais complexo (nível profundo). Isso porque o autor, ao

construir seu enunciado, baseia-se numa idéia, algo abstrato e amplo e, para

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expressá-la, explicita-a em figuras cada vez mais concretas e simples (nível

discursivo). O leitor deve fazer o percurso inverso ao apropriar-se dos sentidos do

texto: partir das figuras, para alcançar a idéia mais ampla que deu origem ao

enunciado. Um dos pressupostos mais importantes é que todo enunciado é

composto por temas e/ou figuras. Nos temas, estão idéias, abstrações; nas figuras,

as palavras da linguagem que remetem aos elementos concretos do mundo natural.

No texto mais figurativo, caso, por exemplo, das narrativas, as figuras são explícitas

e os temas, implícitos. O leitor competente deve saber encontrar temas por meio das

figuras.

Ao trabalhar com Histórias em Quadrinhos, na sala de aula, pretende-se

ensinar o aluno a perceber os conteúdos temáticos, tanto no texto verbal como nas

imagens que compõem as histórias. Segundo Antônio Vicente Pietroforte, no livro

Semiótica Visual - os percursos do olhar (Contexto, 2004), a linguagem gráfica

seqüencial faz uma articulação entre e coerência semântica e a coerência plástica, e

explica: elementos de sentido podem ser representados figurativamente na forma

visual dos personagens.

Outra autora, Valéria Rodrigues Silveira (2003), defende o status de gênero

discursivo, e não textual, para as Histórias em Quadrinhos. Clarícia Akemi Eguti

(Dissertação de 2001), procurou mostrar que as Histórias em Quadrinhos se

convertem em terreno fértil de representação da oralidade, visto esta dentro de uma

perspectiva abrangente, englobando a língua falada e os demais elementos que a

constituem como gestos e voz. Os quadrinhos simulariam várias características da

língua falada. Nos balões, em discurso direto, teríamos representados as

conversações, pausas, hesitações, truncamentos, sobreposições de vozes. O código

visual indicaria aspectos extra-verbais da conversação: expressões faciais e

movimentos do corpo. Formatos das letras, contornos, indicam tom de voz e

emoções do falante. Ou seja, seria uma atividade completa de leitura, tanto no plano

do conteúdo como no da expressão.

Uma boa opção para esse tipo de trabalho com os alunos é a escolha de

histórias com a turma do Tio Patinhas, composta de diversos personagens, cada

qual com suas características bem marcadas, que criam um simulacro bastante

lúdico de uma realidade inegável: o modelo capitalista de economia. Pode-se, então,

analisar a representatividade do dinheiro para cada personagem.

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Com o objetivo de tratar da materialidade deste trabalho, será necessário que

se faça uma posterior seleção de revistas em quadrinhos que tragam os

personagens da turma em situações que evidenciem suas características

intrínsecas. Para isso, o professor, ao se propor realizar tal tipo de atividade, deverá

empreender ampla pesquisa sobre o assunto, a partir dos materiais sugeridos nos

recursos deste OAC.

Espera-se, com este tipo de leitura, conquistar o leitor infanto-juvenil ao

mesmo tempo em que se procura mostrar que a leitura de Histórias em Quadrinhos

não precisa ser apenas um passatempo, embora cumpra muito bem tal papel, mas

pode ser também uma forma interessante de observar as relações humanas

permeadas por interesses, neste caso, o dinheiro, e desvelar assim o mundo dos

adultos sem perder a inocência da criança.

A estratégia escolhida para desenvolver o trabalho é a do uso de materiais

impressos originais, em que se leve para a sala de aula o gibi de verdade, e não

fotocópias ou fragmentos em livros didáticos, pois o manuseio da revista em

quadrinhos proporciona ao leitor um prazer extra, além de acrescentar a noção de

leitura da vida real e não de exercício de sala de aula. Este trabalho poderá ainda

programar futuramente a criação de uma Gibiteca na escola, com o objetivo de

proporcionar ao aluno a oportunidade de continuar suas leituras autonomamente.

Referências:

BARROS , Diana Luz Pessoa de. Teoria Semiótica do Texto. São Paulo,

Ática, 1990.

EGUTI, Clarícia Akemi. A representatividade da oralidade nas histórias em

quadrinhos. São Paulo, USP, 2001. Dissertação de Mestrado.

SILVEIRA, Valéria Rodrigues. A palavra-imagem nos gestos de leitura: os

quadrinhos em discussão. São Paulo, PUC, 2003. Dissertação de Mestrado.

PIETROFORTE, Antônio Vicente. Semiótica Visual – Os Percursos do Olhar.

São Paulo, Contexto, 2004.

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RECURSOS DIDÁTICOS

Sítios

Wikipédia

http://pt.wikipedia.org Acessado em 15/11/2007

Dentre os muitos assuntos deste site, há informações bastante completas

sobre a história do personagem Tio Patinhas, desde sua criação em 1947 até hoje, e

a ligação entre esse personagem e Ebenezer Scrooge, da obra Um Conto de Natal,

de Dickens. O site informa também sobre toda a família Pato e seus quadrinistas ao

longo do tempo. Traz ainda muitas informações sobre Histórias em Quadrinhos de

modo geral.

Planeta Educação

http://www.planetaeducação.com.br Acessado em 15/11/2007.

Revista eletrônica voltada para educadores. Suas seções e colunas trazem

notícias, reportagens e artigos que tratam dos temas mais atuais da Educação

brasileira. Funciona como um excelente suporte para a formação e informação de

professores de todas as áreas e níveis.

Nova Escola on-line

http://www.ensino.net/novaescola Acessado em 15/11/2007

O site da revista Nova escola on-line mostra a Edição Abril de1998 que, em

uma reportagem de capa, ensina a criar histórias em quadrinhos na escola, com

técnicas de desenho, criação de personagens, argumento e roteiro, como desenhar

as letras e colorização. Além disso, há, em link, muitas informações sobre o uso dos

gibis na sala de aula.

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Sons e vídeos

Vídeo: Um Conto de Natal (filme em VHS)

Diretor: David Hugh Jones. Produtora: Hallmark Entertainment. EUA. 1999. 01h35min.

Trata-se de uma adaptação para o cinema da obra de Charles Dickens, e

conta a história de Ebenezer Scrooge, um homem muito rico e muito avarento que,

em certa noite de natal, encontra-se solitário, pois, durante toda a vida, deu

importância apenas ao acúmulo de riquezas e afastou de si as pessoas.

A trama central do filme constrói-se na visita dos espíritos do natal passado,

do natal presente e do natal futuro, que aparecem ao velho naquela noite para

mostrar-lhe seus erros passados e presentes e como seu futuro será tenebroso,

morrendo sozinho. A partir dessa noite, Scrooge resolve corrigir seus erros e mudar

de vida.

A história de Dickens sofreu diversas adaptações para o cinema, para a

televisão, para o teatro e até para o desenho animado. A primeira adaptação ocorreu

em 1910 e era uma animação. O filme citado acima é de 1999.

Um Conto de Natal do Mickey

Diretor: Burny Mattinson. Produtora: Walt Disney Pictures. EUA. 1983. 00h49min.

Adaptação da obra homônima de Charles Dickens, para animação de curta-

metragem dos Estúdios Disney, traz o Tio Patinhas vivendo o personagem em que

foi inspirado quando de sua criação: Ebenezer Scrooge. Toda a turma de

personagens Disney participam do curta, que, inclusive, recebeu uma indicação ao

Oscar. O mesmo filme animado pode ser encontrado inserido em outra obra Disney,

O natal mágico do Mickey.

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PROPOSTA DE ATIVIDADES

As propostas deste OAC são dirigidas principalmente para o trabalho com

turmas de 5ª série. No entanto, podem ser estendidas também para as outras séries

do Ensino Fundamental.

A principal atividade recomendada é a leitura por prazer, das histórias em

quadrinhos em sala de aula, oportunidade para mostrar às crianças os recursos

utilizados em sua criação, com relevância, no primeiro momento, para os elementos

visuais: disposição dos quadros, seqüenciação, expressões faciais e corporais dos

personagens, indicadores de movimento, balões, onomatopéias. No segundo

momento, trabalhar-se com os recursos da linguagem, vocabulário, elementos que

garantem coesão lingüística de uma cena para outra, narratividade, falas do

narrador e dos personagens, elementos de oralidade.

A segunda atividade indicada é a interpretação da história a partir da análise do

conjunto formado pelos textos verbal e não-verbal. As contribuições da Semiótica

são importantes no momento de mostrar ao aluno as “pistas” que levam à

compreensão do que o texto diz, quem diz, porque, para quem e como diz. Somente

assim se poderá chegar ao sentido completo dos enunciados da história. Tome-se

como exemplo, a história “O bicho-preguiça adivinho”, publicada na revista Tio

Patinhas nº. 487, pela Editora Abril, em 2006. A história narra um episódio em que

Tio Patinhas, ao saber que foi descoberto uma espécie de bicho-preguiça que prevê

acontecimentos, reúne seus sobrinhos e parte em busca do animal, na esperança de

que, possuindo-o, saberá com antecedência os movimentos da bolsa de valores e

poderá ganhar mais dinheiro. É possível analisar com os alunos, nas expressões

faciais dos personagens, a intransigência do Tio Patinhas e o espanto seguido de

revolta dos sobrinhos, ao saberem que o tio não quer abrir mão do animal, e,quando

os sobrinhos lhe pedem que o deixe na selva, o Tio responde “Vocês têm que ser

mais duros! O dinheiro sempre vem primeiro! Não posso deixar uma fortuna dessas

para trás!” No texto, encontra-se uma oposição semântica fundamental que sustenta

uma das principais características do personagem e do capitalismo: ganância x

desapego na preservação das espécies naturais. Há algumas décadas, mais

modernamente, o personagem tem sido mostrado como um homem de negócios

aventureiro e ousado, sempre em busca de novos objetivos a alcançar, novos

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desafios a enfrentar. Seu lema é “Sempre há um novo arco-íris”. Ao saber que o

bicho-preguiça adivinho foi encontrado na América do Sul, ele não hesita em partir

em busca da raridade, e arrasta consigo os sobrinhos. Pode-se analisar a força de

comando desse personagem, a resistência do Pato Donald e como os sobrinhos do

Donald, Huguinho, Zezinho e Luisinho se parecem com o Tio-avô, Patinhas, não

hesitando nem diante do perigo. Há aqui a defesa de uma idéia de que para se dar

bem, é preciso não temer o desconhecido, estar sempre disposto a vencer qualquer

desafio. Originalmente, segundo concepção de seu criador, Carl Barcks, Patinhas

possuía senso de ética muito próxima à da época em que construiu sua fortuna, ou

seja, vale quase tudo para ganhar dinheiro, exceto ser desonesto ( mesmo que seu

conceito de honestidade seja bastante relativizado). Essa é uma filosofia que

defende o capitalismo, onde aqueles que têm “garra” incansável conseguem vencer

na vida, contrária à filosofia Marxista, defensora da igualdade em todos os aspectos.

Barcks não acreditava que todos possam ser iguais. Esse modo de defender o

capitalismo sofre críticas, no mundo todo, por parte daqueles que vêem nas histórias

do Tio Patinhas uma forma de imposição das idéias imperialistas dos Estados

Unidos aos países pobres. Na seqüência de história, percebe-se a ética disfarçada

do Tio Patinhas, que solta o bicho-preguiça às escondidas, para não demonstrar

enfraquecimento perante os sobrinhos.

Outra atividade interessante é a leitura das cartas dos leitores presentes em todas

as revistas de histórias em quadrinhos. São cartas que os leitores das revistinhas,

principalmente crianças, enviam para a editora como se falassem com seus

personagens preferidos, e recebem respostas no número seguinte da revista. Além

da leitura e análise das cartas, os alunos podem escrever também as suas próprias.

A leitura na perspectiva da Semiótica, no caso das histórias do Tio Patinhas,

levará à reflexão e ao debate sobre o modo de vida no capitalismo, à crítica da

acumulação de riquezas e da má distribuição de renda, ou outros temas percebidos

na análise das figuras textuais.

Como complementação, pode se propor reescrita das histórias em outros

formatos narrativos, a dramatização, a criação de outras histórias em quadrinhos...

Para efeitos de avaliação, seria interessante observar a participação do aluno

na leitura, seus comentários, as relações que conseguem fazer com a realidade,

suas próprias produções escritas, orais ou desenhos.

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IMAGEM

Fonte: Banco de Imagens

A leitura deve representar para a criança, antes de tudo, uma fonte de prazer, e,

somente depois, um meio para se atingir outros fins. Por esse motivo, as histórias

em quadrinhos devem ser vistas como importante instrumento para iniciar o aluno no

universo da leitura, a princípio pelo gosto ao lúdico e, aos poucos, pela percepção

das significações, implícitas ou explícitas, presentes na união do texto verbal com o

não-verbal.

As imagens, selecionadas do Banco de Imagens, ilustram os recursos visuais e

textuais passíveis de serem explorados na leitura de histórias em quadrinhos.

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RECURSOS DE INFORMAÇÃO

Sugestões de Leitura

Teoria Semiótica do Texto.

Diana Luz Pessoa de Barros

Essa obra traz os principais conceitos relacionados à Semiótica, em uma

linguagem clara e acessível, com exemplos em textos literários e outros. É uma

leitura recomendável a todos os professores, não somente os de Língua Portuguesa.

BARROS , Diana Luz Pessoa de. Teoria Semiótica do Texto. São Paulo,

Ática, 1990.

Editorial do sítio Planeta Educação “Releitura de um Conto de Natal”

João Luís Almeida Machado

O autor do editorial, João Luís Almeida Machado, doutorando pela PUC-SP,

Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana

Mackenzie-SP, professor universitário e pesquisador, faz, nessa releitura da obra

Um conto de Natal, uma crítica social e política ao sobrepor o personagem central,

Scrooge, a políticos corruptos e maus empresários brasileiros que enriquecem

ilicitamente.

MACHADO , João Luís Almeida. Um Conto de Natal (Releitura). Editorial Rev.

Planeta Educação. Dez. 2005.

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A Contribuição das Histórias em Quadrinhos na Formação de Leitores

Competentes.

Adriana Galvão Fogaça.

Neste artigo para a Revista PEC, de Curitiba, a professora Adriana Galvão

Fogaça, do Colégio Bom Jesus e pedagoga da Rede Municipal de Curitiba, trabalha

com a idéia de que o leitor de hoje deve ser capaz de encontrar os sentidos em

diversos gêneros de textos, para o que se faz necessário ultrapassar a simples

decodificação e extração de informações. A autora defende a tese de que as

histórias em quadrinhos são um ótimo material de leitura por aproximar-se do

universo da criança, seduzir sua imaginação e romper as barreiras que as afastam

dessa prática.

FOGAÇA , Adriana Galvão. A Contribuição das Histórias em Quadrinhos na

Formação de Leitores Competentes. Rev.PEC, Curitiba, v.3, n1, p.121-131, jul.

2002-jul. 2003.

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Notícias :

Professor precisa ser alfabetizado em quadrinhos, diz especialista.

RAMOS, Paulo. Blog dos Quadrinhos UOL.

No texto do blog, Paulo Ramos comenta as opiniões de Waldomiro Vergueiro,

professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. O

renomado professor afirma, em entrevistas e palestras, que os professores da

Educação Básica estariam despreparados para explorar os quadrinhos em sala de

aula, seja por falta de interesse,seja por não estarem familiarizados com a

linguagem desse tipo de material. Paulo Ramos comprova essa idéia, citando

resultados ruins de exames nacionais que utilizaram quadrinhos para interpretação,

e chama a atenção para a necessidade de que os professores preparem-se para

ensinar aos alunos esse tipo de leitura.

Professor precisa ser alfabetizado em quadrinhos, d iz especialista.

RAMOS, Paulo. Blog dos Quadrinhos UOL. 02/11/2007. (texto integral, com mesma formatação do original)

Só comprar histórias em quadrinhos e distribuir nas escolas do ensino fundamental, como faz o governo federal, não significa que a obra seja bem utilizada na sala de aula.

A opinião é de Waldomiro Vergueiro, professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e coordenador do Núcleo de Pesquisas de Histórias em Quadrinhos da USP.

"Chegar à escola e colocar na estante não é suficiente, mas é alguma coisa", diz.

"É preciso que os professores tenham seu projeto pessoal de aplicação dos quadrinhos."

No entender dele, os responsáveis pelo ensino precisam ser instruídos sobre a linguagem dos quadrinhos para, a partir daí, pensar as práticas pedagógicas.

"Eu diria que boa parte dos professores ainda não pensou seriamente a respeito", diz.

"Eles precisam se informar sobre as histórias em quadrinhos."

Esse "informar" é o que o pesquisador tem chamado de "alfabetização em quadrinhos".

O assunto foi pontuado por ele em "Como Usar as Histórias em Quadrinhos na Sala de Aula", livro organizado por ele e por Ângela Rama (e do qual sou um dos co-autores). A primeira edição da obra foi lançada em 2004.

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A falta de familiaridade com o tema pode resultar em práticas que usem os quadrinhos apenas de forma superficial.

Um exemplo disso foi visto no mês passado num colégio da cidade de São Paulo.

O professor do terceiro ano do ensino fundamental usou uma história curta de Suriá, personagem infantil desenhada por Laerte. A narrativa foi extraída de "Folha de S.Paulo" de 28 de setembro de 2002.

Havia dois balões na história, um no primeiro quadrinho e outro no terceiro.

A professora pediu aos alunos como lição de casa que reescrevessem "as falas dos balões usando travessões". E só.

A deficiência docente ecoa no processo de leitura dos alunos, em especial com textos que envolvem imagens, como os quadrinhos.

Pesquisa divulgada pelo jornal "Folha de S.Paulo" há um mês mostrava que alunos paulistas dos ensinos fundamental e médio apresentavam nível de leitura aquém da série que cursavam.

Os dados, baseados no Saeb (exame federal de averiguação de aprendizagem), indicavam, por exemplo, que 43,1% dos estudantes do terceiro ano do ensino médio demonstravam processo de leitura semelhante ao esperado dos alunos do oitavo ano do fundamental.

De cada dez estudantes do colegial, quatro não conseguiam entender o humor de uma tira cômica.

A inclusão dos quadrinhos na escola foi oficializada no PCN (Parâmetro Curricular Nacional), elaborado pela administração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O parâmetro sugeria conteúdos a serem usados pelos professores em sala de aula.

Os quadrinhos são citados especificamente nas disciplinas de artes e língua portuguesa.

Depois disso, tiras e charges têm sido tema de questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) desde a criação da prova.

No Enem deste ano, o exame usou uma charge de Angeli e uma tira de "Níquel Náusea", de Fernando Gonsales.

Na administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os quadrinhos têm sido vistos como forma de estímulo à leitura.

O raciocínio do governo é que os quadrinhos podem ser uma forma de os alunos ingressarem no mundo da leitura.

É por isso que os quadrinhos passaram a integrar a lista do PNBE (Programa Nacional Biblioteca na Escola), que distribui livros às escolas do ensino fundamental.

O PNBE incluiu quadrinhos pela primeira vez na lista de 2006. O material foi distribuído neste ano.

Na mais recente lista, referente às obras para 2008, figuram oito títulos em quadrinhos.

Leia os selecionados na postagem abaixo.

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Quadrinhos incluídos na lista do PNBE/2008

• A Turma do Xaxado - Volume 2 (Cedraz) • Courtney Crumrin & As Criaturas da Noite (Devir) • Hans Staden (Conrad) • Mitos Gregos - O Vôo de Ícaro e Outras Lendas (Clássicos em Quadrinhos /Ática) • Os Lusíadas em Quadrinhos (Peirópolis) • Pequeno Vampiro Vai à Escola (Jorge Zahar) • Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda (Clássicos em Quadrinhos/Ática) • 25 Anos do Menino Maluquinho (Globo)

Tio Patinhas e a Nova Economia

SARAMELLI, Alexandre. Hqmaniacs.com

Neste sítio, o economista e consultor de contabilidade Alexandre Saramelli

faz uma análise de histórias do Tio Patinhas e demonstra que uma simples história

em quadrinhos consegue aglutinar dezenas de informações a respeito das

transformações econômicas vivenciadas em todo o mundo nos últimos anos. Por

esse motivo, ele recomenda a leitura de quadrinhos, em especial, as do Tio

Patinhas.

Tio Patinhas e a Nova Economia

SARAMELLI, Alexandre. Hqmaniacs.com. 09/02/2006. (texto integral, com

mesma formatação do original)

As histórias em quadrinhos são excessivamente ligadas ao universo infantil

no Brasil. Nos últimos anos, com os mangás e com a introdução de novos títulos, as

editoras estão utilizando a tática de segmentar os títulos para fugir dessa ligação

histórica. Assim, temos as chamadas revistas adultas, as revistas para adolescentes

e as revistas infantis. Essa segmentação traz um efeito muito indesejado. As

pessoas ficam presas a um único universo e não conseguem comentar sobre esses

universos com as outras pessoas, o que é uma limitação.

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Mas com as revistas Disney nós temos um fenômeno diferenciado: não são revistas

infantis, não são teens, não são adultas, e muito menos as pessoas da terceira

idade deixam de ler. A mensagem que elas passam é universal e simples. Um

entretenimento com conteúdo que traz criatividade e emoção a todo mundo,

independente da idade.

Apesar disso, raramente alguém comenta as histórias Disney, o que apenas ajuda a

manter essa imagem de que são "coisas para crianças". Neste artigo, para quebrar

esse estado de coisas, eu comento uma das melhores histórias do Tio Patinhas dos

últimos anos e que passa uma mensagem que não tem nada de infantil.

Em 2002, o italiano Giorgio Pezzin produziu “Tio Patinhas e a Nova Economia”

(Zio Paperone e la New Economy), publicada no Brasil na revista Tio Patinhas nº. 465

em abril de 2004, pela Editora Abril. Na Itália, a aventura foi publicada na edição

#2440 da revista Topolino, de setembro de 2002. A história começa com os tradicionais

milionários reunidos no "Clube dos Milionários" e apresentados a um novo sócio que

em poucas semanas conseguiu chegar ao terceiro lugar na classificação do clube. E

se nada fosse feito, iria alcançar o primeiro lugar ainda naquele ano!

Esse sócio não tinha o perfil tradicional de um milionário. Tratava-se de um

adolescente, um menino, que a todos assustou e surpreendeu. O motivo de tanto

sucesso era uma pequena empresa de comércio eletrônico que teve suas ações

hipervalorizadas em pouquíssimo tempo. Quando perguntado sobre o que era esse

tal de "comércio eletrônico", esse menino arrogantemente disse que não tinha tempo

para explicar.

Esse foi o ponto inicial de uma vibrante aventura do Tio Patinhas com o Patacôncio . Com

a ajuda de Huguinho, Zezinho e Luisinho , que conheciam alguma coisa de informática e

de patonet (sim, a internet de Patópolis é a patonet), Tio Patinhas entra no ramo do

comércio eletrônico. E é seguido de perto pelo Patacôncio, que oferece um serviço

ainda melhor, e com a vantagem de ser gratuito.

Logo, Tio Patinhas se vê na necessidade de procurar por especialistas para

encontrar melhores alternativas para os seus negócios. E vê que precisa lançar mão

de novos profissionais, pessoas que entendam das novas tecnologias. Um desses

novos profissionais foi “João Kilobyte", um sujeito muito maluco que trabalhava on-line

dentro de um carro, um rapaz ultra-ocupado prestando serviços por um alto valor e

atendendo diversos clientes ao mesmo tempo.

E esse profissional aconselhou que Tio Patinhas lançasse novos e originais

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serviços, mas com a necessidade de serem novos, surpreendentes. Patinhas então

procura diversos pequenos empreendedores e obtém um sucesso muito grande.

Mas Patacôncio, atento ao que estava acontecendo, procurou tecnologias ainda

mais surpreendentes de patonet móvel, que superaram as empresas do Tio

Patinhas.

Em pouco tempo, as ações das empresas de tecnologia do Tio Patinhas estavam

nas alturas, mas as suas empresas da "velha economia" estavam perdendo valor.

Como o próprio Tio Patinhas disse, “o que eu ganho de um lado perco do outro".

Patacôncio teve a mesma percepção, e vendeu antes as suas empresas da "velha

economia”, transformando as ações do Patinhas em papel velho.

Exausto com os acontecimentos, Tio Patinhas se recolhe e toma uma das decisões

mais surpreendentes dos últimos anos. Lança um programa de televisão, "O Grande

Fardo" onde mostra ao vivo na televisão e na patonet a sua vida. Um programa ao

estilo Big Brother. Nesse programa, demonstra os prazeres que os produtos

produzidos pelas suas empresas da "velha economia" podem proporcionar para as

pessoas que os compram.

As pessoas, que já estavam esgotadas com tantas novidades do mundo frio e sem

emoções que se criou na patonet, se empolgaram com a novidade e voltaram a

consumir produtos da "velha economia", o que trouxe enormes prejuízos ao

Patacôncio.

Ao final da história Tio Patinhas diz que aprendeu com essa situação que deve usar

sim a patonet, mas não como um fim, mas como uma ferramenta. Nas suas

palavras: "A Patonet é uma ferramenta como um martelo ou uma furadeira!

Podemos usá-la pra construir coisas ótimas, mas não serve pra nada, se não tiver

por trás a mente e o trabalho de quem a usa!”

O que essa história tem a ver com a nossa vida real? O famoso incidente do “Estouro

da Bolha” é um dos grandes fatos na história da economia mundial, comparável ao

crack da bolsa de valores de 1929. Esse incidente deixou as suas marcas e

principalmente os seus ensinamentos. Numa situação muito parecida com uma

corrida ao ouro, os homens de negócios, em nome de uma rapidez nas operações

para aproveitar o momento, esqueceram fundamentos básicos do mundo dos

negócios e se lançaram a situações inaceitáveis:

- Bancos começaram a aceitar orçamentos de empresas que já eram planejadas

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intencionalmente desde o início para não dar lucro.

- Planejaram operações até possíveis, mas muito complexas até para a tecnologia

atual, como a possibilidade de um revendedor não manter estoques, apenas

intermediar operações de vendas, entregando pedidos aos produtores antes dos

produtos serem produzidos, e serem entregues individualmente pelo próprio

produtor ao consumidor.

- Disseram que pessoas com menor idade e menos experiência só porque sabiam

apertar alguns botões a mais, igualavam-se com pessoas que tinham maior

experiência profissional.

- Diversos especialistas produziram artigos onde acreditavam realmente que se

tratava de uma “nova economia”, e ingenuamente procuravam ouro em terrenos

imaginários em um ambiente sem limites.

- Os novos negócios, principalmente “as empresas.com”, esqueceram dos controles

tradicionais, que qualquer empresa deve manter, e passaram a gastar

desenfreadamente para atrair consumidores.

- Disseram que qualquer empresa poderia vender às pessoas de todo o mundo, mas

esqueceram que os produtos precisam ser transportados em navios ou aviões reais,

e que as aduanas de qualquer país cobram impostos.

- Esqueceram que as pessoas têm emoções, necessidades, cultura, e que são elas

que formam essa coisa complexa que chamamos de “economia”.

Esse fenônemo foi muito complexo. Assim como o “Crack da bolsa de Nova York”, em

1929, que ainda hoje é lembrado, o Estouro da Bolha será lembrado por muito

tempo.

No meio de tudo isso, vemos na obra de Giorgio Pezzin, uma história que comenta

esse fenômeno de uma maneira muito simples, descontraída e extremamente lúcida,

o que chama a atenção. O autor, além de escritor, é um engenheiro e especialista

em internet, por isso, ele conseguiu produzir um roteiro tão correto e criativo ao

mesmo tempo. O que particularmente me surpreendeu em sua história, é a exatidão

com que os fatos vão sendo apresentados ao leitor, e o relacionamento que ele

propõe com a retomada da nova economia através do fenômeno dos programas de

observação "Big Brothers”.

Essa história, intencionalmente ou não, também traz uma lição de atendimento ao

consumidor. Um desenho que chama muito a atenção é o Tio Patinhas ao entrar em

sua loja de queijos, ser recepcionado com um belo e generoso pedaço de queijo

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como amostra. Simplesmente, delicioso! É realmente maravilhoso você entrar numa

loja, ser bem recepcionado e tratado com todo o carinho. Uma visita a uma loja com

esse serviço é muito melhor que uma visita a um site, onde apenas pode-se ver uma

foto com o preço embaixo. As pessoas têm emoções, e o ato de comercializar

produtos é uma arte que não pode deixar as emoções humanas de lado.

Mas esse assunto, o estouro da bolha, é um assunto do mundo infantil? Não seria

uma trama extremamente sofisticada para essa faixa de idade? Para responder a

essas perguntas temos que lembrar que algumas obras de Carl Barcks , o criador da

Família Pato, também tratavam de assuntos sofisticados do mundo dos negócios e

da economia de uma maneira muito criativa.

Então a mensagem que essas histórias passam é muito maior do que a nossa

percepção de “coisa de criança”. Sem medo de incorrer em erro, eu classifico as

histórias como adultas, universais, que permitem que as crianças também possam

ler e se divertir, tanto quanto um adulto.

Quanto a isso, a diretora de redação da Disney Itália, Claretta Muci, diz que a intenção

é justamente a de fazer uma ponte entre o mundo infantil e o mundo dos adultos,

para que essa ponte possa trazer bons frutos no futuro. Meu colega italiano, Roberto

Grimaldi , que também escreveu um artigo sobre a história, disse que iria manter

sempre atualizada a

sua assinatura de “Topolino”, já avisando a seu jornaleiro para lhe ligar imediatamente

após a revista chegar na banca.

Eu não posso deixar de ler Tio Patinhas! E você?

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Destaque:

Importância dos Quadrinhos na Educação

NALIATO, Samir. Artigo do sítio Universo HQ. 17/06/2003.

Merece destaque neste trabalho a pesquisa feita pela Universidade de

Brasília chamada Retrato da Escola, cujos resultados foram divulgados em 2001,

que teve por objetivo analisar fatores que afetam a qualidade de ensino.

A pesquisa mostrou que os alunos leitores de quadrinhos têm melhor

desempenho escolar do que aqueles que usam apenas o livro didático, e, em alguns

casos, até melhor do que aqueles que têm contato com livros e revistas. Com isso

ficou comprovado que os quadrinhos colaboram com o desenvolvimento intelectual

dos alunos.

Paraná :

Gibiteca de Curitiba Comemora 25 anos com extensa programação

Guimarães , Lucília. Gazeta do Povo on-line, 07/10/2007.

A primeira biblioteca brasileira especializada em quadrinhos, foi a Gibiteca de

Curitiba, que completou 25 anos de existência em outubro de 2007. Possui 25 mil

títulos de revistas em quadrinhos, porém não é apenas um centro de leitura, mas um

espaço cultural que reúne ilustradores, designers, artistas plásticos, pesquisadores,

professores, estudantes e leitores. Lá são oferecidos cursos, oficinas de criação,

exposições, palestras e lançamentos. Durante todo o mês de outubro houve intensa

programação de eventos em comemoração ao aniversário da gibiteca.

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INVESTIGAÇÃO DISCIPLINAR

Os Quadrinhos e a Realidade Social

Com o objetivo de aprofundar o conteúdo tratado neste trabalho, sugere-se

que o professor, ao discutir com as crianças determinada história em quadrinhos, ou

personagem, ou tema da história, procure estabelecer relações entre o que se está

lendo e a realidade local ou a fatos acontecidos no país ou a conteúdos veiculados

na mídia e que torne mais fácil para o aluno compreender a atividade.

No caso da leitura das histórias do Tio Patinhas, é possível estabelecer um

paralelo entre esse personagem e o modo de vida no capitalismo, não apenas para

fazer a crítica social, que será muito oportuna, mas também para mostrar a

importância de se lutar e trabalhar para alcançar objetivos de vida, profissional ou

financeiramente, que, afinal, é a base do desenvolvimento na sociedade em que

vivemos.

Perspectiva Interdisciplinar

Quadrinhos: Uma Leitura Interdisciplinar

A proposta de trabalho com histórias em quadrinhos abre inúmeras

possibilidades de diálogo com outras áreas do conhecimento. É possível organizar

atividades relacionadas à disciplina de Arte, a partir da leitura de imagens, dos

planos, caracterização, cenários; da produção de imagens para compor histórias,

criação de balões, estudo de cores.

Propõe-se, ainda, no caso das histórias do Tio Patinhas, relacionar o

conteúdo à disciplina de História, por meio de pesquisa sobre o período

correspondente ao início do capitalismo, marcado pela Revolução Industrial e todas

as conseqüências positivas e negativas da urbanização que se iniciou no século XIX

na Europa, e que no Brasil, são relevantes ainda hoje. Essa temática histórica será

enriquecida com a leitura da obra do escritor inglês Charles Dickens, Um Conto de

Natal, onde se tem o exemplo de como se organizava desigualmente a sociedade na

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época ambientada. O conhecimento literário será complementado com o filme, ou se

for mais adequado às crianças, com o desenho animado Um Conto de Natal do

Mickey, em que o personagem Scrooge é representado pelo seu correspondente

nos quadrinhos, o próprio Tio Patinhas.

Contextualização

Histórias em Quadrinhos no Contexto Escolar

A leitura de histórias em quadrinhos está prevista tanto nos Parâmetros

Curriculares Nacionais quanto nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná para

a Educação Básica. Ela oferece uma das melhores ferramentas que se tem

disponível para desenvolver o gosto pela leitura em crianças que, em sua maioria,

provêm de grupos sociais pouco letrados, não tendo recebido estímulos de leitura e

escrita desde muito pequenos, como seria ideal, muitas vezes tendo estado à

margem dessas atividades na Educação Infantil e nos primeiros anos da

alfabetização.

Embutidos no casamento perfeito e lúdico, dos signos verbal e não-verbal que

constituem os quadrinhos, estão presentes elementos que podem remeter a

conhecimentos relevantes de diversas áreas, da ciência à filosofia, bastando que o

professor seja o intermediador, ajudando o pequeno leitor a descobrir os sentidos

desses conhecimentos, primeiramente por proporcionar o acesso a eles e depois por

oportunizar discussões e atividades que levem à compreensão da realidade.

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