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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

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ME I

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RESGATANDO O USO DAS PLANTAS MEDICINAIS NA PRESERVAÇÃO DA

SAÚDE HUMANA: PERPASSANDO PELA LEITURA CRÍTICA DE TEXTOS

VERBAIS, NÚMEROS E GRÁFICOS ÀS DIFICULDADES NA ESCRITA -

MATEMÁTICA

Antonio Fernando Haas1 Cledina Regina Lonardan Acorsi2

Resumo

O presente artigo aborda a importância do conhecimento estatístico dando especial relevância ao seu uso na construção, leitura e interpretação de dados, tabelas e gráficos, ressaltando o seu papel como linguagem de descrição da realidade. O objetivo de resgatar e valorizar o conhecimento sobre plantas medicinais acumulado por inúmeras gerações, perpassando pela leitura crítica de textos verbais, números e gráficos às dificuldades na escrita são trabalhados de forma interdisciplinar, por meio de atividades que visam uma integração entre as disciplinas de matemática, português, ciências e equipe pedagógica, delineando um viés pedagógico no tema plantas medicinais, permitindo assim a construção do saber matemático sistematizado a partir do cotidiano do aluno. A mudança da rotina na sala de aula possibilitou uma formação reflexiva fazendo com que o aluno percebesse a importância do saber estatístico nas diferentes situações vivenciadas no dia a dia. As relações entre professores e alunos, mostraram que a matemática também é uma disciplina determinante na construção de trabalhos interdisciplinares.

Palavras-chave: Estatística; Gráficos; Tabelas; Interdisciplinaridade; Plantas medicinais.

1. INTRODUÇÃO

A Estatística é o conjunto de métodos utilizados para resumir, organizar e

analisar dados, viabilizando uma descrição clara e utilitária de diversos acontecimentos

da natureza. A importância deste tratamento de informações é reconhecida hoje em

1 Professor PDE, Colégio Estadual Rui Barbosa – Ensino Fundamental e Médio, Pós-graduado em Metodologia do

Ensino Superior

2 Professora Doutora do Departamento de Estatística da Universidade Estadual de Maringá

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todas as áreas do conhecimento humano e científico, constituindo, assim, uma

importante ferramenta para o desenvolvimento e compreensão de fatos e fenômenos

que permeiam o cotidiano do educando.

A importância do estudo da Estatística fez com que os Parâmetros Curriculares

Nacionais - PCN’s (1997), a incluísse nos conteúdos a serem ministrados nas aulas de

matemática do Ensino Fundamental e Médio.

Segundo LOPES & MORAN (1999), os PCN’s enfocam que o conhecimento

estatístico faz-se necessário uma vez que os meios de comunicação de massa utilizam

a Estatística para demonstrarem resultados oriundos de pesquisas, e estas podem

interferir nas decisões a serem tomadas de forma direta na vida pessoal ou no coletivo

de uma comunidade.

Para FLEMMING (2003), nos dias atuais só é considerado alfabetizado quem

além de saber ler e escrever apresentar conhecimentos estatísticos, pois nos

deparamos com esta forma de leitura constantemente no cotidiano. Os jornais,

revistas e demais meios de comunicação utilizam a Estatística para transmitirem as

informações em uma linguagem mais simples, atingindo um maior número de pessoas,

por que esse tipo de leitura onde a visualização é valorizada agrega um maior número

de compreensão por se tratar de uma leitura mais ágil, fácil e agradável. Assim como o

mundo que nos rodeia é apresentado com dados estatísticos, é indispensável que cada

um de nós saiba selecioná-los e interpretá-los para desenvolver a capacidade de

análise, crítica e intervenção.

Ao homem moderno é exigido que tenha consigo desenvolvidas aptidões e

competência para ler, estabelecer relações, levantar e verificar hipóteses e defender

suas opiniões. Portanto, é preciso subsidiar os alunos por meio do conhecimento

adquirido a fazerem leitura mais crítica de pesquisas que circulam nas diferentes

instâncias sociais.

2 DESENVOLVIMENTO:

Segundo Rego (1995), para se explicar o papel da escola no procedimento de

formação do indivíduo, Vygotsky faz uma distinção entre o conhecimento adquirido no

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cotidiano através da vivencia da criança e aqueles que são sistematizados na escola,

por meios das interações escolares. A pedagogia histórico-crítica tem em vista uma

interação entre conteúdo e a realidade, visando à transformação da sociedade através

da ação-compreensão-ação do educando, que focaliza os conteúdos como produção

histórico-social de todos os homens.

Segundo Saviani (2008), os interesses da educação estão articulados aos

interesses da sociedade e a escola é utilizada como agente de mudanças da mesma.

Esta pedagogia não deixa de lado os conteúdos significativos, clássicos, a construção e

apropriação cognitiva dos mesmos, em detrimento de conteúdos que atendem apenas

o interesse do governo.

De acordo com Saviani (2008), o ponto de partida para a formação de uma

criança é a prática social, onde o conhecimento é construído no dia a dia, e cabe ao

professor organizar e sistematizar este conhecimento.

As DCEs (2008), sita WODEWOTZKI e JACOBINI (2004), para quem o

conhecimento é selecionado pelo estudante que o analisa, faz conclusões sobre as

informações contidas em determinado assunto para depois repassar estas aos demais

alunos de sua classe ou a sua comunidade. Baseando-se nas informações acima

entendemos que o conhecimento estatístico deve ser trabalhado nas escolas desde as

séries iniciais, a partir do cotidiano do aluno, de maneira que o mesmo venha a ser

instigado e perceba que a Estatística está presente nas relações sociais, econômicas,

políticas, percebendo sua importância no mundo real. De acordo com os PCNs

(1997), a Estatística busca agregar várias áreas do conhecimento, motivando os alunos

a criarem um ambiente favorável à aprendizagem, com atividades propostas, que

buscam relacionar o conteúdo com o cotidiano do aluno.

As DCEs (2008) apresentam como conteúdo estruturante o Tratamento da

Informação, sendo a Estatística um conteúdo a ser trabalhado desde as séries iniciais

do ensino fundamental, assim o aluno começa a perceber a importância de se observar

informações contidas no seu cotidiano e que poderiam passar desapercebidas. Muitas

vezes estas informações são essenciais para o desenvolvimento de uma leitura crítica

dos fatos ocorridos na sociedade.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais de Matemática (2008).

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Os conceitos estatísticos devem servir de aporte aos conceitos de outros conteúdos específicos, com os quais sejam estabelecidos vínculos para quantificar, qualificar, selecionar, analisar e contextualizar informações, de maneira que sejam incorporadas ás experiências do cotidiano. Ao final do Ensino Fundamental é importante o aluno, conhecer fundamentos básicos de Matemática que permitam ler e interpretar tabelas e gráficos, conhecer dados estatísticos. (PARANÁ, 2008).

As Diretrizes Curriculares de Matemática (2008) sugerem ainda que os

conteúdos estatísticos devam ser abordados de forma a instigarem os alunos a

formularem hipóteses e chegarem a conclusões articulando o conhecimento estatístico

às demais área do conhecimento.

Segundo Lopes (2003), a sociedade da informação e conhecimento, na qual nos

encontramos inseridos, apresenta-nos exigências que não são futuras, mas imediatas.

Concordamos com a autora e vimos que este conhecimento se faz presente a cada dia

de forma mais exigente em nossa sociedade.

De acordo com Lopes (2008), o conhecimento estatístico e matemático é

essencial na vida das pessoas, na tomada de decisões quer no campo individual ou

profissional, mostrando à escola que ela deve se preocupar com esta área do

conhecimento para não correr o risco de patrocinar a exclusão social, ao não propiciar

ao aluno um conhecimento expressivo sobre Matemática e Estatística.

Sob esta visão o desenvolvimento do projeto deu-se numa perspectiva

interdisciplinar, envolvendo, além da disciplina de Matemática, a disciplina de Ciências,

Português e um membro da Equipe Pedagógica. A elaboração do projeto deu-se após

reunião entre os professores PDEs e seus respectivos orientadores. A partir de então,

todos os planos de trabalho docente foram realizados após discussões entre os

professores envolvidos no projeto e com o acompanhamento do professor pedagogo.

O quadro abaixo, sobre o aproveitamento escolar dos alunos do Colégio

Estadual Rui Barbosa - Ensino Fundamental e Médio no ano de 2008, demonstra que a

6ª série apresentou em 2008 o maior índice de reprova, Quadro 1, portanto definiu-se

que a série em questão seria escolhida para desenvolver o projeto.

Decidiu-se o tema a ser trabalhado: Plantas Medicinais, por ser um conteúdo

visto na série em questão pela disciplina de Ciências e, concomitantemente, as demais

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disciplinas também poderiam trabalhá-lo sem prejuízo na qualidade dos conteúdos

básicos da série.

Decidiu-se o tema a ser trabalhado: Plantas Medicinais, por ser um conteúdo visto na

série em questão pela disciplina de Ciências e, concomitantemente, as demais

disciplinas também poderiam trabalhá-lo sem prejuízo na qualidade dos conteúdos

básicos da série.

Quadro 1: Aproveitamento dos alunos do Colégio Estadual Rui Barbosa – Ensino Fundamental e Médio 2008.

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5ª série 158 01 - 7 152 127 25 83.6 16.4 0.0

6ª série 164 02 06 12 148 107 41 69.5 26.6 3.9

7ª série 120 02 01 05 116 93 23 79.5 19.7 0.9

8ª série 127 00 05 11 111 94 17 81.0 14.7 4.3

Total 569 5 12 35 527 421 106 78.1 19.7 2.2

Fonte: Dados fornecidos pela secretaria do Colégio “Rui Barbosa”.

Os projetos então elaborados e apresentados junto ao programa PDE foram

adequados de forma a atenderem a interdisciplinaridade pré estabelecida, sob o título

de “Resgatando o uso das plantas medicinais na preservação da saúde humana:

perpassando pela leitura crítica de textos verbais, números e gráficos às dificuldades na

escrita”.

Depois de cumprida essa etapa, novas reuniões foram realizadas para se

elaborar os planos de trabalho docente do projeto. A cada plano de trabalho proposto

buscou-se contemplar a interdisciplinaridade.

O primeiro plano de trabalho estabelecido foi à prática da oralidade, pois

segundo as DCEs (2008), no dia a dia da maioria das pessoas, a fala é a prática

discursiva mais utilizada. Nesse sentido, desenvolveu-se atividades orais que

oferecessem aos alunos condições de falar com fluência em situações formais. Esta

prática proporcionou aos alunos conhecerem algumas das características e funções de

uma entrevista. Realizou-se atividades que ressaltassem a postura de um

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entrevistador. Mostrou-se diferentes tipos de pesquisas que circulam nos meios de

comunicação de massa e exercitou-se a oralidade em situações formais.

O contato direto com a comunidade escolar deu-se na aplicação de um

questionário piloto, onde os alunos foram a campo na realização de pesquisa e, quando

voltaram, as sensações demonstradas foram as mais variadas possíveis: do medo a

euforia.

O próximo plano de trabalho a ser desenvolvido, foi sobre os vegetais, para tanto

realizou-se um experimento observando e comparando algumas fases da germinação

das plantas em condições normais e adversas de luminosidade e irrigação.

Comparando-se os experimentos os alunos notaram com facilidade que para uma

planta se desenvolver bem é necessário que a mesma receba água, luminosidade,

além de nutrientes e gases atmosféricos para a realização da fotossíntese e respiração

celular. As observações feitas foram anotadas e apresentadas em um relatório. Nas

demais disciplinas enfocaram-se à diversidade dos vegetais, produção de texto

argumentativo e a organização de um documentário.

De acordo com Vieira (1985), variável é o aspecto a ser estudado, observado ou

medido em cada elemento da amostra. As variáveis podem ser: qualitativas e

quantitativas. O conceito de variável neste plano de trabalho deu-se por meio da leitura

de textos.

Segundo Júnior (2006), antigamente a pessoa para ser considerada totalmente

alfabetizada precisava apenas ler e escrever, nos dias atuais, é considerado

alfabetizado quem domina além da leitura e escrita conhecimentos de

informática/tecnologia e possuem noções básicas de Estatística. Neste terceiro plano

de trabalho na disciplina de português abordou-se textos ficcionais e não ficcionais,

textos mitológicos como “Lenda da Mentha”. A partir destes textos, em matemática,

listou-se algumas características específicas das plantas medicinais, as quais foram

utilizados para inserir os conceitos de variáveis estatísticas. Os alunos identificaram

com facilidade as características das plantas citadas nos textos.

Para Pagano (2004), a Estatística Descritiva se preocupa em aferir medidas

numéricas de tendência central (média, mediana e moda), sendo assim, através das

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observações feitas anteriormente, os alunos efetuaram o cálculo de média aritmética,

observaram a moda e a mediana de um conjunto de plantas.

Na visão de Lopes (1999), os Parâmetros Curriculares Nacionais sugerem que a

coleta, a organização e a descrição de dados são métodos utilizados com frequência na

resolução de problemas e instigam as crianças a fazerem perguntas, analogias,

construir justificativas e desenvolver o espírito de investigação. Sendo asssim, o

próximo plano de trabalho desenvolvido foi o levantamento de dados onde professores

e alunos saíram a campo com o objetivo de coletar informações sobre as plantas

medicinais no distrito de Iguatemi. A realização deste plano de trabalho foi, a princípio,

um pouco tímida, com os alunos demonstrando comportamento acanhado. Após

algumas residências visitadas, a timidez foi deixada de lado proporcionando a prática

de um ótimo trabalho, mostrando assim que haviam compreendido muito bem como

realizar uma pesquisa, conforme consta na figura 1 .

Figura 1: Pesquisa realizada no distrito de Iguatemi- Pr Autor foto: Antonio Fernando Haas, 2010

Para mostrar de forma lúdica a importância da Estatística, fez-se a leitura do livro

infantil “Que rei sou eu? ”, que vem reforçar, de forma divertida a preocupação do rei

da floresta.

A pesquisa bibliográfica foi o quinto plano de trabalho desenvolvido, por ser uma

etapa fundamental no processo de aquisição do saber, pois ela é um dos meios para se

construir o conhecimento. Os alunos pesquisaram conceitos de termos do universo

estatístico em diferentes livros, internet, para se apropriarem do conhecimento, o qual

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foi utilizado posteriormente. A professora de Português e a de Ciências trabalharam

textos sobre fitoterapia, nomenclatura popular e científica das plantas medicinais.

Para Pagano (2004), a Estatística Descritiva se preocupa em organizar e resumir

as observações, oriundas de um conjunto de dados e podem ser representados de

várias formas, entre as quais tabelas. Desta forma, na aplicação do sexto plano de

trabalho, apresentou-se aos alunos a tabela da ANVISA, órgão que regulamenta o uso

de medicamento no Brasil. Os alunos manusearam a mesma observando: o nome

popular da planta, a nomenclatura botânica, as partes utilizadas, a forma de utilização,

posologia, alegações, contra indicações, efeitos adversos, informações adicionais em

embalagem e referências bibliográficas. Aproveitando a tabela que os alunos tinham em

mãos, o professor trabalhou os múltiplos de um número natural observando a posologia

de alguns medicamentos citados na tabela.

Comparou-se a tabela da ANVISA com a tabela proposta pelo IBEG

identificando-se as diferenças estruturais. Observou-se os elementos que compõem

uma tabela, tais como: título, cabeçalho e fonte, definindo-se formalmente cada um

desses elementos. Coletou-se dados na sala de aula, tais como: cor dos olhos dos

alunos (Figura 2), idade, plantas medicinais que possuem em casa e a partir destas

informações construiu-se tabelas no caderno. Em paralelo, na disciplina de Português

trabalhou-se a produção de textos dos gêneros receita e panfleto e na disciplina de

Ciências realizou-se algumas experiências no laboratório como práticas de infusão,

decocção e maceração de plantas medicinais.

Os alunos a princípio montaram tabelas sem observar as normas do IBGE, mas

perceberam ao longo das atividades a importância de se estabelecer regras ao

construi-la.

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Figura 2: Construção de tabela em sala de aula Autor foto: Antonio Fernando Haas, 2010

Os PCNs (1997), no bloco determinado Tratamento da Informação, recomendam

o trabalho com Estatística com a finalidade de fazer com que o aluno venha a adquirir

conhecimentos para coletar, organizar, comunicar e interpretar dados, utilizando

tabelas, gráficos e representações que aparecem frequentemente em seu dia a dia.

Os meios de comunicação de massa recorrem à Estatística diariamente para

avaliar e traduzir o assunto abordado numa linguagem que agiliza a leitura e torna a

sua visualização mais fácil, compreensível e agradável. Sendo assim, no sétimo plano

de trabalho oportunizou-se a construção e interpretação de gráficos. Os alunos

construíram gráficos no caderno, utilizando de forma adequada alguns instrumentos

como correta régua, compasso e transferidor (Figura 3 e 5). Foram levados ao

laboratório de informática do colégio para construírem gráficos na planilha

BrOffice.orgCalc. Os mesmos demonstraram-se maravilhados com a facilidade de

construção e número de recursos que possibilitavam colorir e personalizar o gráfico

(Figura 4 e 6) que haviam construído manualmente. Perceberam que a informática é

uma forte aliada na construção de gráficos, agilizando desse modo o trabalho

estatístico.

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Figura 3: Construção de gráfico coluna em sala de aula Autor foto: Antonio Fernando Haas, 2010

Figura 4: Construção de gráfico de setor em laboratório de informática Autor foto: Antonio Fernando Haas, 2010

Figura 5: Construção de gráfico de setor em sala de aula Autor foto: Antonio Fernando Haas, 2010

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Figura 6: Construção de gráfico de setor em laboratório de informática Autor foto: Antonio Fernando Haas, 2010

Para as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática (PARANÁ,

2008), a Educação Básica propõe que o trabalho com Estatística se faça por meio de

um processo investigativo, pelo qual o estudante manuseie dados desde sua coleta,

até os cálculos finais. Portanto, o oitavo plano de trabalho docente desenvolveu-se de

forma investigativa, com uma visita ao Horto de Plantas Medicinais Professora Irenice

Silva – UEM da Universidade Estadual de Maringá (Figura 7). Os alunos durante a visita

tiveram a oportunidade de conhecer vários tipos de plantas que não são de seu

cotidiano. Dividiu-se os alunos em equipes para realizarem algumas atividades como,

medir as dimensões de alguns canteiros e contarem quantas plantas havia por metro

quadrado.

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Figura 7: Visita Horto de Plantas Medicinais Professora Irenice Silva – UEM Autor foto: Antonio Fernando Haas, 2010

Ao chegarem à escola, realizou-se um experimento: semeadura da Ruta

graveolens (arruda). A semeadura foi feita em canteiro e o transplantio realizado 25 a

30 dias após a germinação com espaçamentos variados, (15cm, 25cm, 40cm), para

observar o seu desenvolvimento. Os alunos fizeram relatórios e chegaram à conclusão

de que é necessário obedecer aos espaçamentos estabelecidos nas embalagens para

que as plantas tenham um melhor desenvolvimento.

Como nono plano de trabalho, realizou-se o plantio em diferentes tipos de solo

(Figura 8), para que pudesse ser analisado se o solo interfere na germinação da planta

escolhida.

O plantio das mudas possibilitou que todos os alunos construíssem um gráfico de

crescimento de uma planta medicinal em função do tempo. Os alunos observaram e

mediram a estatura da planta durante cinco semanas e construíram tabela e o gráfico

com essas informações. Fez-se observações e anotações que serviram de dados na

elaboração de um relatório. Os alunos constataram que é possível se construir gráficos

utilizando os elementos da natureza.

As medidas agrárias foram abordadas neste momento.

Figura 8: Plantio de plantas medicinais Autor foto: Antonio Fernando Haas, 2010

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Na décima etapa do plano de trabalho, os participantes do projeto construíram um horto

medicinal no colégio, fazendo uso de pneus (como medida ecológica) e plantaram as

mudas adquiridas no viveiro de mudas da Universidade Estadual de Maringá – UEM

(Figura 9). Essa prática despertou em muitos alunos o interesse em cultivar em casa

uma planta medicinal e os incentivou a preservação de diferentes espécies vegetais.

Figura 9: Construção do horto no Col. Est. Rui Barbosa, Ensino Fundamental e Médio Autor foto: Antonio Fernando Haas, 2010

A professora de Português trabalhou as orientações presentes nas embalagens

das sementes de plantas medicinais e a importância de se observar que o texto

instrucional tem estrutura própria. A professora de Ciências enfocou o cultivo das

plantas.

3 CONCLUSÃO

O desenvolvimento deste projeto de forma interdisciplinar e com a integração:

prática/teoria/prática, busca romper com a formalidade na relação conhecimento

popular/conhecimento científico.

O planejamento das atividades desenvolvidas de forma conjunta com as demais

disciplinas, os momentos de estudo entre os componentes do grupo e o

acompanhamento efetivo pela equipe pedagógica no desenvolvimento das atividades

possibilitou aos alunos a construção do conhecimento a partir das relações sociais que

os mesmos estabelecem no seu cotidiano.

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O diálogo entre as disciplinas, a prática pedagógica diferenciada, a integração

aluno/comunidade possibilitou um melhor envolvimento dos alunos, estreitando o

relacionamento entre aluno/aluno, aluno/professor, professor/ professor,

professor/equipe pedagógica e professor/equipe pedagógica/aluno.

As diferentes leituras e enfoques sobre um mesmo tema facilitaram a

compreensão dos conteúdos matemáticos.

O trabalho interdisciplinar veio contribuir de forma significativa para que os

alunos pudessem perceber que a Estatística é uma ciência que se faz presente no

cotidiano, que existem relações entre o dia a dia e o conhecimento sistematizado,

proporcionando assim aos alunos habilidades de ler, compreender, analisar, construir e

interpretar tabelas e gráficos.

REFERÊNCIAS ANVISA.http://download.baixatudo.globo.com/JN/tabela_drogas_vegetais.pdf .acessado em : 10/08/2010. BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL, Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática (1º e 2º ciclos do Ensino Fundamental).Brasília: SEF/MEC, 1997. BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática (3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental). Brasília: SEF/MEC, 1997.

FLEMMING, D. Alfabetização Estatística. Revista Nova Escola, ed. 159, 2003.

JÚNIOR, Hélio Rosseti. Educação Estatística no Ensino Básico: Uma Experiência do Mundo do Trabalho. Vitória- ES. 29/08/2006 Disponível em: recitec.cefetes.br/artigo/documentos/.pdf - acessado em 15/09/2009. IBGE. www.sei.ba.gov.br/images/releases_mensais/pdf/norma_tabular/normas_ apresentacao_tabular.pdf acessado em 15/09/2010. LOPES, Celi A. & MORAN, Regina. A Estatística e a Probabilidade através de atividades propostas em alguns livros didáticos brasileiros recomendados para o ensino fundamental. Anais da conferência Internacional: Experiências e Perspectivas do Ensino da Estatística, Florianópolis, SC, 1999.

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LOPES, Celi A. O Conhecimento Profissional dos Professores e suas Relações com Estatística e Probabilidade na Educação Infantil. Campinas: FE/UNICAMP. Tese de Doutorado, 2003. LOPES, Celi.E.; “Reflexões teórico-metodológicas para a Educação Estatística”, in LOPES, C. E.; CURRI. E. Pesquisas em educação Matemática: um encontro entre a teoria e a prática. São Carlos, Pedro & João Editores, 2008. OLIVEIRA, Aurélio de; Que Rei sou Eu? São Paulo: Seed Editorial Ltda. PAGANO, Marcelo; GAUVREAU, Kimberlee. Princípios de Bioestatística. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica. Curitiba, 2008. REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ: vozes, 1995. ( Educação e conhecimento). SAVIANI, Demerval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política. 40. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. VIEIRA, Sônia. WADA, Ronaldo Estatística – Introdução ilustrada. São Paulo: Atlas, 1985.

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ANEXO 1

Questionário a ser aplicado na população de Iguatemi sobre PLANTAS MEDICINAIS. 1- Renda familiar: ( ) abaixo de 1 salário mínino ( R$ 464,00 ) ( ) de 1 a 3 salários mínimos ( R$ 465,00 à R$ 1394,00) ( ) de 3 a 6 salários mínimos ( R$ 1393,00 à R$ 2789,00) ( ) de 6 a 10 salários mínimos ( R$ 2790,00 à R$ 4639,00) ( ) acima de 10 salários mínimos (R$ 4640,00 ) 2- Grau de escolaridade da mãe ou responsável: ( ) analfabeto ( ) 1ª a 4ª série ( ) 5ª a 8ª série ( ) ensino médio ( ) superior 3- Casa: ( ) própria ( ) alugada ( ) cedida 4- A sua família costuma utilizar plantas medicinais? ( ) não ( ) sim. Cite as três mais usadas e para que doenças. __________________________ _______________________________ __________________________ _______________________________ 5- Vocês cultivam alguma planta medicinal ( plantas utilizadas como remédio). ( ) não ( ) sim. Qual(is)? Que parte utiliza? ________________ ( ) raízes ( ) casca ( ) folhas ( ) flores ( ) frutos ________________ ( ) raízes ( ) casca ( ) folhas ( ) flores ( ) frutos _________________ ( ) raízes ( ) casca ( ) folhas ( ) flores ( ) frutos 6- As plantas medicinais também possuem contra indicação? ( ) não ( ) sim

PESQUISA A SER UTILIZADA COMO MATERIAL DE ESTUDO POR PROFESSORES PDE DO COLÉGIO RUI BARBOSA IGUATEMI. O ENTREVISTADO NÃO SERÁ IDENTIFICADO. CADA QUESTÃO DEVERÁ TER UMA ÚNICA ALTERNANTIVA ASSINALADA.