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_>>> Enxerto Jornal Valor Econômico - CAD D - EU - 20/2/2014 (17:58) - Página 1- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW Quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014 | D1 EU & Pressões consumistas no escritório também podem afetar o bolso De São Paulo Além do endividamento, ou- tro fator de pressão com poten- cial para desequilibrar as finan- ças pessoais pode vir do escritó- rio. “O ambiente de trabalho ge- ra um padrão de consumo. Se a pessoa não estiver na mesma si- tuação do que outra, isso pode provocar frustração”, afirma o economista Richard Rytenband. Se um colega de trabalho tro- ca de carro regularmente, ou- tros vão querer fazer o mesmo, exemplifica o especialista. Ry- tenband chama esse comporta- mento de “efeito manada do consumo”, em alusão ao tradi- cional conceito de “efeito ma- nada”, aplicado ao universo de investimentos, principalmente em bolsa de valores. No ambiente profissional, as pessoas acabam se sentindo fra- cassadas ou tentam esconder os problemas financeiros, afirma Jurandir Macedo, consultor de fi- nanças pessoais do Itaú Uniban- co. “Dificilmente, as pessoas abrem o assunto no trabalho.” Para Macedo, não são só as dívi- das que causam dor de cabeça e, consequentemente, redução do desempenho dentro das empre- sas. Qualquer outro problema re- lacionado a dinheiro que a pes- soa tenha vai afetar o que ela faz, segundo o especialista. “É o caso de quem está com medo, por exemplo, de que chegue a fatura do cartão de crédito”, diz. Além da queda na produtivi- dade, o educador financeiro Rei- naldo Domingos destaca que o estresse financeiro pode dimi- nuir o engajamento e tirar o fo- co dos profissionais. “Entra uma ligação ou uma mensagem. O funcionário também fica cons- trangido porque recebe uma li- gação de uma empresa de co- brança. Tudo isso faz com que a pessoa recue e se reserve. Com isso, a participação nas reuniões e a criação também são compro- metidas”, diz Domingos, que faz palestras e comanda programas de educação financeira em di- versas empresas. (DM) Estresse Financeiro S/A Preocupadas com o impacto dos problemas relacionados a dinheiro sobre os funcionários, empresas oferecem programas de apoio, que vão de aulas sobre orçamento a suporte para a tomada de crédito. Por Danylo Martins , de São Paulo Quatro anos atrás, as dívidas costumavam tirar o sono de Gil- mara Ota, 43, engenheira-chefe na área de projetos da HP do Brasil. “A gente nunca faz conta”, destaca. Para quitar dívidas no cartão e no cheque especial, ela contratou três empréstimos pes- soais e um empréstimo consig- nado. “Tudo isso também para a conta corrente não ficar no bu- raco”, lembra. A situação só co- meçou a mudar, diz, quando ela assistiu a algumas palestras do programa de educação financei- ra desenvolvido pela HP. “Parei de gastar, começou a sobrar di- nheiro, e eu usava essa ‘sobra’ para pagar mais de uma parcela dos empréstimos. Meu consumo pessoal foi cortado, como gastos com roupas, sapatos e joias.” A engenheira conta que os empréstimos foram pagos e, atualmente, seu dinheiro é rigo- rosamente planejado. Ela garan- te um colchão financeiro para emergências. “Tenho bastante dinheiro na poupança porque preciso de liquidez. Consigo se- parar em torno de 30% da minha renda mensal. Em alguns meses, consigo subir para 40%.” No caso de Gilmara, as dívidas não prejudicaram diretamente suas atividades no trabalho. “Ter dívidas era algo que me preocu- pava, mas não atrapalhava meu desempenho”, conta. Diferente- mente da engenheira, há exem- plos de pessoas que até pedem demissão para utilizar o dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para pagar as dívidas, exemplifica Jurandir Ma- cedo, consultor de finanças pes- soais do Itaú Unibanco. Para ele, não são somente os débitos que causam o chamado estresse fi- nanceiro; os investimentos, tam- bém. “Imagine uma pessoa que não lide bem com a volatilidade. Isso leva a um desgaste”, afirma. Contas em atraso, nome sujo e outras preocupações com o di- nheiro provocam estresse, de acordo com alguns levantamen- tos. O estudo “Financial Wellness Survey”, da PricewaterhouseCoo- pers (PwC), realizado em 2013 com 1.600 pessoas nos Estados Unidos, mostrou que 52% dos empregados enfrentaram ao me- nos uma situação financeira es- tressante. Além disso, 23% dos entrevistados disseram que pen- sam nos problemas financeiros durante o expediente. No Brasil, o principal levanta- mento sobre o assunto foi de- senvolvido em 2008 pela Funda- ção Getúlio Vargas (FGV-SP), com 135 funcionários da facul- dade. “O cara estressado finan- ceiramente é aquele que se atra- sa, falta mais, pede mais abono sem justificativa”, diz o professor William Eid Junior, coordenador do Centro de Estudos em Finan- ças da FGV. Os resultados mos- traram que 10% dos funcioná- rios tinham altíssimo estresse fi- nanceiro e 32% foram classifica- dos com alto estresse. Para che- gar aos percentuais, foram co- lhidas notas dadas pelos entre- vistados de 0 (baixo estresse) a 10 (altíssimo estresse). Segundo o economista Ri- chard Rytenband, a principal saída para o problema é cons- truir um projeto individual de riqueza — e isso deve ser estimu- lado pelas empresas. “É preciso ter esse apoio para aspirar a no- vas posições dentro da compa- nhia e até criar novas fontes de renda”, destaca. De olho nisso, grandes empresas oferecem pro- gramas de educação e orienta- ção financeira para seus profis- sionais. É o caso da HP, que tem desde 2010 um programa glo- bal focado em três pilares: saú- de física, bem-estar financeiro e gerenciamento do estresse. “A gente começou a perceber que as dívidas afetavam o dia a dia do funcionário. Sem contar que tivemos alguns problemas de saúde em função do endivida- mento”, conta Claudia Giusti, gerente de remuneração e be- nefícios da HP do Brasil. A empresa de tecnologia con- ta com um ciclo de palestras, presenciais ou online, realizadas duas vezes por ano para os 8 mil funcionários da companhia. “O assunto ‘Como administrar suas finanças pessoais’ é o tema de maior interesse entre as pes- soas”, diz Claudia. O programa também orienta os funcionários a organizar o orçamento fami- liar, montar planos para a apo- sentadoria e começar a investir. Além das palestras, é possível pedir apoio por meio de um nú- mero de telefone. “A pessoa con- versa com uma psicóloga para ver se o único problema é finan- ceiro. Depois, a solicitação é en- caminhada para um consultor financeiro”, explica. Para ajudar profissionais que estão com diversos problemas, como aqueles ligados às finan- ças, algumas prestadoras de ser- viços, como a espanhola Alben- REGIS FILHO/VALOR Endividada, Gilmara só viu sua situação melhorar quando passou a assistir a palestras de educação financeira na empresa ture, oferecem um pacote de as- sistência às empresas. “As com- panhias contratam os serviços para ajudar os funcionários. Com base em nossa experiência, 15% de todas as consultas estão relacionadas a temas financei- ros”, conta Alberto García Fran- cos, sócio-fundador da empresa. “Os consultores orientam a montar o orçamento familiar e os psicólogos também estão à disposição para ajudar na ques- tão da saúde financeira.” No Bra- sil, a empresa, trazida ao país há dois anos, atende 15 compa- nhias, entre elas as seguradoras Allianz e Mapfre. A DSOP, fundada pelo educa- dor financeiro Reinaldo Domin- gos, também comanda progra- mas de educação financeira em grandes empresas. “Fizemos um trabalho no Magazine Luiza, for- mando educadores financeiros [funcionários do RH da empresa] para atuar com os colaborado- res”, conta Domingos. Todos os profissionais contratados rece- bem, segundo ele, palestras so- bre como administrar as finan- ças e evitar dívidas. “No ano pas- sado, foram mais de 3 mil funcio- nários que tiveram educação fi- nanceira na admissão.” Os educa- dores também ficam à disposi- ção dos colaboradores para aju- dar em questões financeiras, co- mo contratação de empréstimos. O apoio ao crédito é mais um benefício que as empresas co- meçam a garantir aos funcioná- rios. Atualmente, é comum que grandes companhias façam con- vênios com instituições finan- ceiras para oferecer o crédito consignado aos profissionais. A modalidade, que possui taxas atrativas em relação ao emprés- timo pessoal e, assim, pode ser- vir como opção para troca de dí- vidas mais caras, vincula a con- tratação do crédito ao salário, com o débito feito diretamente na folha de pagamento. Só para ter uma ideia, as taxas mensais variam de 1,45% até 6,83%, de acordo com dados do Banco Central referentes ao fim de janeiro. Os seis grandes ban- cos do varejo — Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Fede- ral, Itaú Unibanco, HSBC Brasil e Santander —, por exemplo, apre- sentam taxas inferiores a 3% ao mês, sendo a menor cobrada pela Caixa, de 1,92%, e a maior encon- trada no Itaú, de 2,70%. No crédi- to pessoal, as taxas mensais che- gam a 10,54% e no cheque espe- cial alcançam 22,01%. Além dessa opção, há empre- sas que também oferecem um cartão de crédito com consigna- ção em folha. Criado dois anos pela Sorovale — empresa do grupo Sorocred —, o “Cartão Pague Certo” já é usado por 380 companhias. O produto não tem anuidade, juros ou encar- gos financeiros; uma taxa de R$ 4,99 é cobrada no primeiro uso do cartão. “É uma modalidade de crédito, com limite de até 30% do salário, que o funcioná- rio pode usar na rede creden- ciada — da Rede e da Cielo”, ex- plica Giovanni Santini, diretor da administradora de benefí- cios. O valor utilizado é descon- tado da folha de pagamento do salário seguinte, sendo que o prazo para o desconto pode ser estendido em até 40 dias. “É o que ajuda algumas pessoas a chegar ao fim do mês. Hoje, muita gente acaba usando che- que especial com esse objetivo e acaba pagando juros e encar- gos financeiros”, enfatiza. Executivos como Molina enfrentam o desafio de conduzir mudanças culturais em suas companhias D3

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Enxerto

Jornal Valor Econômico - CAD D - EU - 20/2/2014 (17:58) - Página 1- Cor: BLACKCYANMAGENTAYELLOW

Quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014 | D1

EU&

Pressões consumistas no escritóriotambém podem afetar o bolsoDe São Paulo

Além do endividamento, ou-tro fator de pressão com poten-cial para desequilibrar as finan-ças pessoais pode vir do escritó-rio. “O ambiente de trabalho ge-ra um padrão de consumo. Se apessoa não estiver na mesma si-tuação do que outra, isso podeprovocar frustração”, afirma oeconomista Richard Rytenband.

Se um colega de trabalho tro-ca de carro regularmente, ou-tros vão querer fazer o mesmo,

exemplifica o especialista. Ry-tenband chama esse comporta-mento de “efeito manada doc o n s u m o”, em alusão ao tradi-cional conceito de “efeito ma-n a d a”, aplicado ao universo deinvestimentos, principalmenteem bolsa de valores.

No ambiente profissional, aspessoas acabam se sentindo fra-cassadas ou tentam esconder osproblemas financeiros, afirmaJurandir Macedo, consultor de fi-nanças pessoais do Itaú Uniban-co. “Dificilmente, as pessoas

abrem o assunto no trabalho.”Para Macedo, não são só as dívi-das que causam dor de cabeça e,consequentemente, redução dodesempenho dentro das empre-sas. Qualquer outro problema re-lacionado a dinheiro que a pes-soa tenha vai afetar o que ela faz,segundo o especialista. “É o casode quem está com medo, porexemplo, de que chegue a faturado cartão de crédito”, diz.

Além da queda na produtivi-dade, o educador financeiro Rei-naldo Domingos destaca que o

estresse financeiro pode dimi-nuir o engajamento e tirar o fo-co dos profissionais. “Entra umaligação ou uma mensagem. Ofuncionário também fica cons-trangido porque recebe uma li-gação de uma empresa de co-brança. Tudo isso faz com que apessoa recue e se reserve. Comisso, a participação nas reuniõese a criação também são compro-metidas”, diz Domingos, que fazpalestras e comanda programasde educação financeira em di-versas empresas. (DM)

Est re s s eFinanceiro S/APreocupadas como impacto dosp ro b l e m a srelacionados adinheiro sobreos funcionários,empresas oferecemprogramas de apoio,que vão de aulassobre orçamentoa suporte paraa tomada decrédito. PorDanylo Martins,de São Paulo

Quatro anos atrás, as dívidascostumavam tirar o sono de Gil-mara Ota, 43, engenheira-chefena área de projetos da HP doBrasil. “A gente nunca faz conta”,destaca. Para quitar dívidas nocartão e no cheque especial, elacontratou três empréstimos pes-soais e um empréstimo consig-nado. “Tudo isso também para aconta corrente não ficar no bu-r a c o”, lembra. A situação só co-meçou a mudar, diz, quando elaassistiu a algumas palestras doprograma de educação financei-ra desenvolvido pela HP. “Pa r e ide gastar, começou a sobrar di-nheiro, e eu usava essa ‘s o b r a’para pagar mais de uma parcelados empréstimos. Meu consumopessoal foi cortado, como gastoscom roupas, sapatos e joias.”

A engenheira conta que osempréstimos foram pagos e,atualmente, seu dinheiro é rigo-rosamente planejado. Ela garan-te um colchão financeiro paraemergências. “Tenho bastantedinheiro na poupança porquepreciso de liquidez. Consigo se-parar em torno de 30% da minharenda mensal. Em alguns meses,consigo subir para 40%.”

No caso de Gilmara, as dívidasnão prejudicaram diretamentesuas atividades no trabalho. “Te rdívidas era algo que me preocu-pava, mas não atrapalhava meud e s e m p e n h o”, conta. Diferente-mente da engenheira, há exem-plos de pessoas que até pedemdemissão para utilizar o dinheirodo Fundo de Garantia por Tempode Serviço (FGTS) para pagar asdívidas, exemplifica Jurandir Ma-cedo, consultor de finanças pes-soais do Itaú Unibanco. Para ele,não são somente os débitos quecausam o chamado estresse fi-nanceiro; os investimentos, tam-bém. “Imagine uma pessoa quenão lide bem com a volatilidade.Isso leva a um desgaste”, afirma.

Contas em atraso, nome sujo eoutras preocupações com o di-nheiro provocam estresse, deacordo com alguns levantamen-tos. O estudo “Financial WellnessSurvey ”, da PricewaterhouseCoo -pers (PwC), realizado em 2013com 1.600 pessoas nos EstadosUnidos, mostrou que 52% dosempregados enfrentaram ao me-nos uma situação financeira es-tressante. Além disso, 23% dosentrevistados disseram que pen-sam nos problemas financeirosdurante o expediente.

No Brasil, o principal levanta-mento sobre o assunto foi de-

senvolvido em 2008 pela Funda-ção Getúlio Vargas (FGV-SP),com 135 funcionários da facul-dade. “O cara estressado finan-ceiramente é aquele que se atra-sa, falta mais, pede mais abonosem justificativa”, diz o professorWilliam Eid Junior, coordenadordo Centro de Estudos em Finan-ças da F G V. Os resultados mos-traram que 10% dos funcioná-rios tinham altíssimo estresse fi-nanceiro e 32% foram classifica-dos com alto estresse. Para che-gar aos percentuais, foram co-lhidas notas dadas pelos entre-vistados de 0 (baixo estresse) a10 (altíssimo estresse).

Segundo o economista Ri-chard Rytenband, a principalsaída para o problema é cons-truir um projeto individual deriqueza — e isso deve ser estimu-lado pelas empresas. “É precisoter esse apoio para aspirar a no-vas posições dentro da compa-nhia e até criar novas fontes der e n d a”, destaca. De olho nisso,grandes empresas oferecem pro-gramas de educação e orienta-ção financeira para seus profis-sionais. É o caso da HP, que temdesde 2010 um programa glo-bal focado em três pilares: saú-de física, bem-estar financeiro egerenciamento do estresse. “Agente começou a perceber queas dívidas afetavam o dia a diado funcionário. Sem contar quetivemos alguns problemas desaúde em função do endivida-m e n t o”, conta Claudia Giusti,gerente de remuneração e be-nefícios da HP do Brasil.

A empresa de tecnologia con-ta com um ciclo de palestras,presenciais ou online, realizadasduas vezes por ano para os 8 milfuncionários da companhia. “Oassunto ‘Como administrar suasfinanças pessoais’ é o tema demaior interesse entre as pes-soas”, diz Claudia. O programatambém orienta os funcionáriosa organizar o orçamento fami-liar, montar planos para a apo-sentadoria e começar a investir.Além das palestras, é possívelpedir apoio por meio de um nú-mero de telefone. “A pessoa con-versa com uma psicóloga paraver se o único problema é finan-ceiro. Depois, a solicitação é en-caminhada para um consultorf i n a n c e i r o”, explica.

Para ajudar profissionais queestão com diversos problemas,como aqueles ligados às finan-ças, algumas prestadoras de ser-viços, como a espanhola Alben -

REGIS FILHO/VALOR

Endividada, Gilmara só viu sua situação melhorar quando passou a assistir a palestras de educação financeira na empresa

ture, oferecem um pacote de as-sistência às empresas. “As com-panhias contratam os serviçospara ajudar os funcionários.Com base em nossa experiência,15% de todas as consultas estãorelacionadas a temas financei-ros”, conta Alberto García Fran-cos, sócio-fundador da empresa.“Os consultores orientam amontar o orçamento familiar eos psicólogos também estão àdisposição para ajudar na ques-tão da saúde financeira.” No Bra-sil, a empresa, trazida ao país hádois anos, atende 15 compa-nhias, entre elas as seguradorasAllianz e Mapfre.

A D S O P, fundada pelo educa-dor financeiro Reinaldo Domin-gos, também comanda progra-mas de educação financeira emgrandes empresas. “Fizemos umtrabalho no Magazine Luiza, for-mando educadores financeiros[funcionários do RH da empresa]para atuar com os colaborado-res”, conta Domingos. Todos osprofissionais contratados rece-bem, segundo ele, palestras so-bre como administrar as finan-ças e evitar dívidas. “No ano pas-sado, foram mais de 3 mil funcio-nários que tiveram educação fi-nanceira na admissão.” Os educa-dores também ficam à disposi-

ção dos colaboradores para aju-dar em questões financeiras, co-mo contratação de empréstimos.

O apoio ao crédito é mais umbenefício que as empresas co-meçam a garantir aos funcioná-rios. Atualmente, é comum quegrandes companhias façam con-vênios com instituições finan-ceiras para oferecer o créditoconsignado aos profissionais. Amodalidade, que possui taxasatrativas em relação ao emprés-timo pessoal e, assim, pode ser-vir como opção para troca de dí-vidas mais caras, vincula a con-tratação do crédito ao salário,com o débito feito diretamentena folha de pagamento.

Só para ter uma ideia, as taxasmensais variam de 1,45% até6,83%, de acordo com dados doBanco Central referentes ao fimde janeiro. Os seis grandes ban-cos do varejo — Banco do Brasil,B r a d e s c o, Caixa Econômica Fede-ral, Itaú Unibanco, HSBC Brasil eSantander —, por exemplo, apre-sentam taxas inferiores a 3% aomês, sendo a menor cobrada pelaCaixa, de 1,92%, e a maior encon-trada no Itaú, de 2,70%. No crédi-

to pessoal, as taxas mensais che-gam a 10,54% e no cheque espe-cial alcançam 22,01%.

Além dessa opção, há empre-sas que também oferecem umcartão de crédito com consigna-ção em folha. Criado há doisanos pela Sorovale — empresado grupo Sorocred —, o “CartãoPague Certo” já é usado por 380companhias. O produto nãotem anuidade, juros ou encar-gos financeiros; uma taxa de R$4,99 é cobrada no primeiro usodo cartão. “É uma modalidadede crédito, com limite de até30% do salário, que o funcioná-rio pode usar na rede creden-ciada — da Rede e da C i e l o”, ex-plica Giovanni Santini, diretorda administradora de benefí-cios. O valor utilizado é descon-tado da folha de pagamento dosalário seguinte, sendo que oprazo para o desconto pode serestendido em até 40 dias. “É oque ajuda algumas pessoas achegar ao fim do mês. Hoje,muita gente acaba usando che-que especial com esse objetivoe acaba pagando juros e encar-gos financeiros”, enfatiza.

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