d screening esi-ms confirmaÇÃo por gc-ms

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UFMG 654 D 400 Patrícia Luísa de Souza Bergo DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO DE SCREENING PARA ANFETAMINAS EM URINA EMPREGANDO ESI-MS COM CONFIRMAÇÃO POR GC-MS Dissertação apresentada ao Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Química - Química Analítica. Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte 2007

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Page 1: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

UFMG 654 D 400

Patrícia Luísa de Souza Bergo

DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO DE SCREENING PARA ANFETAMINAS EM URINA EMPREGANDO ESI-MS COM

CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

Dissertação apresentada ao Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Química - Química Analítica.

Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte

2007

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i

“The intrusion of politics into sports, the increasingly venal attitude towards championship, the excessive worshipping of sport, which leads to a belief in the wrong values, chauvinis,

brutality, overworking, overtraining, and doping.”

Pierre de Coubertin, 1923, Roma

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ii

Este trabalho é dedicado a Andrei Leitão

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iii

Agradecimentos A Deus. À minha família, pelo incentivo e apoio em todas as minhas decisões. À Joane, o meu braço direito no laboratório, sempre. Aos professores Clésia, Rodinei e Tanus pela orientação e oportunidade trabalhar com o que sempre quis. Aos professores Luiz Carlos de Mário Guerreiro e à Maraísa, pela oportunidade e receptividade no Laboratório de EC-MS e LC-MS da Universidade Federal de Lavras. A Sergio Lisboa, Juçara Gomes, Allan Lisboa e Cristian Bologa, pela valiosa colaboração prestada. Aos meus amigos, em especial, Arlesienne, Rose-Marie e Frank pelo apoio em todas as horas. Aos professores Cláudio Donnici e Leiliane Amorim, pelos esclarescimentos técnicos prestados ao longo do trabalho. Aos peritos Marcelo Lasmar e Washington, pela parceria e pelo enriquecimento do trabalho. À Renata e Henrique do Laboratório de Controle de Dopagem (LADETEC), pelo material fornecido. Ao Laboratório de Cromatografia da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA-MG), pelo material fornecido. A todos os colegas de laboratório e de sala de aula, pela troca de experiências. Aos meus ex-orientadores, pelos ensinamentos e oportunidades dadas. À Capes, pelo apoio financeiro. E, em especial, a Andrei, por estar sempre ao meu lado, em todos os momentos.

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iv

Sumário

Lista de Figuras................................................................................................................. vi Lista de Tabelas................................................................................................................ viii Lista de Abreviaturas........................................................................................................ ix Resumo............................................................................................................................. xi Abstract.............................................................................................................................. xii 1. Introdução ..................................................................................................................... 1

1.1 Aspectos Gerais dos Estimulantes......................................................................... 1 1.1.1 Definição......................................................................................................... 1 1.1.2 Mecanismo de ação dos estimulantes............................................................. 1

1.2 A Dopagem Esportiva............................................................................................. 4 1.2.1 A origem do termo “dopagem”....................................................................... 4 1.2.2 A dopagem por estimulantes ao longo do tempo............................................ 6 1.2.3 O uso de estimulantes como agentes dopantes no esporte.............................. 8

1.2.3.1 Cafeína....................................................................................................... 9 1.2.3.2 Cocaína...................................................................................................... 11 1.2.3.3 Anfetaminas............................................................................................... 12

1.2.4 O Combate Oficial à Dopagem Esportiva....................................................... 14 1.2.4.1 A lista de substâncias banidas................................................................... 14

1.2.5 As análises de Controle de Dopagem.............................................................. 15 1.2.5.1 As matrizes biológicas ....... ...................................................................... 15 1.2.5.2 Os métodos de screening .......................................................................... 17 1.2.5.3 Os métodos confirmatórios ...................................................................... 31

2. Objetivos ....................................................................................................................... 41 3. Parte Experimental ....................................................................................................... 42

3.1 Reagentes e Materiais ............................................................................................. 42 3.2 Preparo de Soluções................................................................................................. 43

3.2.1 Síntese do Éster Metílico da Fenilalanina ...................................................... 43 3.2.2 Preparo das Soluções Estoque ........................................................................ 43

3.3 Amostras .................................................................................................................. 44 3.4 Instrumentação ........................................................................................................ 45

3.4.1 Método de screening ...................................................................................... 45 3.4.2 Método de Confirmação ................................................................................. 45

3.5 Desenvolvimento dos métodos de screening e de confirmação ............................. 46 3.5.1 Método de screening ...................................................................................... 46

3.5.1.1 Otimização ................................................................................................ 47 3.5.1.2 Simulação de um screening .................................................................... 48 3.5.1.3 Estudo com amostras reais .................................................................... 48 3.5.1.4 Tratamento dos dados ............................................................................... 48

3.5.2 Método confirmatório ..................................................................................... 52 3.5.2.1 Otimização ................................................................................................ 52

Page 6: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

v

3.5.2.2 Validação .................................................................................................. 54 3.5.2.3 Confirmação do screening – análise de amostras reais ............................ 58

3.6 Estudo de cinética de excreção/ Estudo comportamental ........................................ 59 4 Resultados ...................................................................................................................... 61

4.1 Método de screening ............................................................................................... 61 4.1.1 Otimização ...................................................................................................... 61 4.1.2 Simulação de um screening .................................................................... 67 4.1.3 Estudo com amostras reais ............................................................................. 73

4.2 Método Confirmatório ............................................................................................. 80 4.2.1 Otimização ...................................................................................................... 80

4.2.1.1 Condições Cromatográficas ...................................................................... 80 4.2.1.2 Extração .................................................................................................... 83 4.2.1.3 Derivatização ............................................................................................ 84

4.2.2 Validação ........................................................................................................ 84 4.2.2.1 Linearidade e Sensibilidade ...................................................................... 86 4.2.2.2 Precisão Intra-dia e Precisão Inter-dia ...................................................... 89 4.2.2.3 Recuperação ............................................................................................. 92 4.2.2.4 Estabilidade da amostra (congelamento / descongelamento) ................... 94 4.2.2.5 Considerações Finais ................................................................................ 96

4.2.3 Análise confirmatória do screening: aplicação do método CG-EM para análises de amostras reais .................................................................................................

96

4.3 Estudo de cinética de excreção/ Estudo comportamental ....................................... 98 4.3.1 Estudo de cinética de excreção ....................................................................... 98 4.3.2 Estudo comportamental .................................................................................. 100

5 Conclusão ...................................................................................................................... 101 6 Referências Bibliográficas ............................................................................................. 102

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vi

Lista de Figuras Figura 1. Barreira hematoencefálica .................................................................................. 1 Figura 2. Aspecto bastante ampliado da junção de duas células nervosas ........................ 2 Figura 3. Estruturas químicas dos neurotransmissores que são influenciados pelos estimulantes .........................................................................................................................

3

Figura 4. Estruturas químicas dos principais estimulantes que atuam sobre o SNC ......... 3 Figura 5. Estrutura química das metilenodioxianfetaminas ............................................... 4 Figura 6. Distribuição dos casos positivos de doping até os Jogos de Inverno de 2002 conforme o tipo de substância encontrada e a modalidade esportiva .................................

8

Figura 7. Estrutura química da cafeína .............................................................................. 10 Figura 8. Estrutura química da cocaína .............................................................................. 11 Figura 9. Estrutura química das efedrinas .......................................................................... 13 Figura 10. Esquema representativo do metabolismo das anfetaminas ............................... 16 Figura 11. Esquema do EMIT ........................................................................................... 19 Figura 12. Conjugados utilizados em imunoensaios para anfetaminas em urina .............. 19 Figura 13. Estruturas químicas de algumas anfetaminas .................................................. 20 Figura 14. Estruturas químicas da quetamina e norquetamina........................................... 23 Figura 15. Esquema representando a formação do eletrospray ......................................... 25 Figura 16. Fontes de ionização do tipo eletrospray. ........................................................... 26 Figura 17. Esquema representativo de um espectrômetro de massas com fonte de ionização eletrospray e analisador ion trap .........................................................................

27

Figura 18. Esquema representativo de um analisador ion trap .......................................... 28 Figura 19. Espectro de varredura completa de amostras de urina contendo a) anfetamina e b) efedrina. O íon quasi-molecular está indicado para cada uma………………………..

28

Figura 20. Representação esquemática dos diferentes modos de análise sequencial......... 30 Figura 21. Análise de efedrina usando Espectrometria de Massas Seqüencial de 3ª ordem ..................................................................................................................................

30

Figura 22. Espectro MS/MS para detecção de anfetamina em urina.................................. 31 Figura 23. Representação esquemática de uma extração em fase sólida ........................... 33 Figura 24. Espectros de massas da anfetamina não derivatizada (a) e acetilada (b) ......... 34 Figura 25. Espectros de massas da efedrina (a), artefato (b) e fenmetrazina (c) ............... 35 Figura 26. Estruturas químicas dos isômeros da metanfetamina e a embalagem do inalante Vick® ....................................................................................................................

37

Figura 27. Representação esquemática de uma fonte de ionização por impacto por elétrons ................................................................................................................................

38

Figura 28. Análise cromatográfica de pseudoefedrina em urina (forma acetilada) realizada nos modos de (a) varredura completa e (b) SIM (íons monitorados: 58, 100, 148). Em (c) é apresentado o espectro de massas associado ao pico cromatográfico com tr = 16,03 ..............................................................................................................................

40 Figura 29. Esquema da montagem utilizada na síntese do éster metílico da fenilalanina . 43 Figura 30. Equipamento LC-MSD Trap series 1100 ...................................................................... 45

Page 8: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

vii

Figura 31. Equipamento Trace GC Ultra – Polaris Q ..................................................................... 46 Figura 32. Software “Gerador de Arquivos Completos” ................................................... 50 Figura 33. Análise de Cluster baseada em espectrometria de massas utilizando distância euclidiana. ...........................................................................................................................

51

Figura 34. Matriz representativa do conjunto de dados obtidos na simulação do screening...............................................................................................................................

51

Figura 35. Espectros de massa de uma mistura de anfetaminas considerando a estabilidade dos íons igual a a) 80% e b) 20%. Concentração de cada analito: 500 ng/mL em metanol ..........................................................................................................................

62 Figura 36. Efeito da diluição da urina nas análises de anfetaminas por EM (modo full scan): (a) sem diluição, (b) diluição 1:1, (c) diluição 1:5, (d) diluição 1:10........................

64

Figura 37. Espectros MS/MS de cada um dos padrões de anfetamina em estudo ............. 65 Figura 38. Espectros MS/MS/MS para os pares de isômeros: (a) catina e (b) norefedrina; e (c) pseudoefedrina e (d) efedrina .................................................................

66

Figura 39. Dendogramas com os resultados das análises de simulação do screening para a) anfetamina e b) metanfetamina...............................................................................

68

Figura 40. Dendogramas com os resultados das análises de simulação do screening para a) norefedrina e b) carina. ...................................................................................................................

69

Figura 41. Dendogramas com os resultados das análises de simulação do screening para a) efedrina e b) pseudoefedrina...................................................................................

70

Figura 42. Dendogramas com os resultados das análises de simulação do screening para a) MDA e b) MDMA..................................................................................................

71

Figura 43. Dendogramas com os resultados das análises do screening para a) anfetamina e b) metanfetamina....................................................................................................

75

Figura 44. Dendogramas com os resultados das análises do screening para a) norefedrina e b) catina..........................................................................................................

76

Figura 45. Dendogramas com os resultados das análises do screening para a) efedrina e b) pseudoefedrina.............................................................................................................

77

Figura 46. Dendogramas com os resultados das análises do screening para a) MDA e b) MDMA...........................................................................................................................

78

Figura 47. Espectros obtidos em modo full scan para os padrões de anfetaminas derivatizados com anidrido acético / piridina ....................................................................

81

Figura 48. Cromatogramas obtidos em modo SIM para os padrões de anfetaminas derivatizados com anidrido acético/piridina ......................................................................

82

Figura 49. Esquema geral da reação do anidrido acético com uma anfetamina ............... 84 Figura 50. Cromatograma obtidos em modo SIM para as amostras de referência negativa...............................................................................................................................

85

Figura 51. Estudo de linearidade para a) anfetamina, b) metanfetamina, c) norefedrina, d) catina, e) efedrina, f) pseudoefedrina, g) MDA e h) MDMA .......................................

87

Figura 52. Estudo de estabilidade dos derivados acéticos das anfetaminas...................... 95 Figura 53. Estudo de cinética de excreção de pseudoefedrina em urina .......................... 99

Page 9: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

viii

Lista de Tabelas Tabela 1. Faixa de preços dos espectrômetros mais utilizados ....................................... 24 Tabela 2. Valores de pKa de algumas anfetaminas ....................................................... 46 Tabela 3. Condições experimentais do Espectrômetro de Massas LC-MSD Trap series 1100 ..................................................................................................................................

47

Tabela 4. Concentração de cada analito nas amostras utilizadas para simulação do screening ..........................................................................................................................

49

Tabela 5. Condições experimentais otimizadas para o método de confirmação baseado em CG-EM .......................................................................................................................

53

Tabela 6. Proporções de anidrido acético e piridina testadas como reagente derivatizante .....................................................................................................................

53

Tabela 7. Quantidade de metanol utilizado como eluente, na extração das anfetaminas........................................................................................................................

54

Tabela 8. Volumes de solução padrão utilizados no estudo de linearidade..................... 55 Tabela 9. Resultados obtidos para simulação do screening............................................. 72 Tabela 10. Limite Mínimo de Desempenho obtido para o método desenvolvido .......... 73 Tabela 11. Resultados obtidos para o screening ............................................................. 79 Tabela 12. Tempo de retenção obtido para cada analito ................................................. 83 Tabela 13. Linearidade e Sensibilidade para os derivados acéticos das anfetaminas estudadas............................................................................................................................

88

Tabela 14. Estudos de linearidade para anfetaminas encontrados na literatura.............. 88 Tabela 15. Dados de LD e LQ para anfetaminas encontrados na literatura..................... 89 Tabela 16. Precisões intra-dia e inter-dia para os derivados acéticos das anfetaminas estudadas............................................................................................................................

90

Tabela 17. Dados de precisão intra-dia para anfetaminas encontrados na literatura........ 91 Tabela 18. Dados de precisão inter-dia para anfetaminas encontrados na literatura........ 91 Tabela 19. Índices de recuperação para os derivados acéticos das anfetaminas estudadas............................................................................................................................

92

Tabela 20. Dados de recuperação para anfetaminas encontrados na literatura................ 93 Tabela 21. Curvas de calibração utilizadas para a quantificação das anfetaminas .......... 96 Tabela 22. Concentrações das anfetaminas encontradas em amostras reais de urina (em ng/mL) .......................................................................................................................

97

Page 10: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

ix

Lista de abreviaturas AMA, WADA = Agência Mundial Anti-Doping

ANAD = Agência Nacional de Controle de Dopagem

ANF = anfetamina

APCI = ionização química à pressão atmosférica

AVC = Acidente Vascular Cerebral

CAT = catina

CBF = Confederação Brasileira de Futebol

CBV = Confederação Brasileira de Voleibol

CCD = cromatografia em camada delgada

CEDIA = imunoensaio por doação de enzima clonada

CGAR = cromatografia a gás de alta resolução

CLAE = cromatografia líquida de alta eficiência

CLCD = Comissão Local de Controle de Dopagem

CMCOI = Comissão Médica do Comitê Olímpico Internacional

CNCD = Comissão Nacional de Controle de Dopagem

COB = Comitê Olímpico Brasileiro

COEP = Comitê de Ética em Pesquisa

COI = Comitê Olímpico Internacional

CV = coeficiente de variância

DESI = dessorção por eletrospray

DNP = detector de nitrogênio – fósforo

EC = eletroforese capilar

EFE = efedrina

EFS = extração em fase sólida

ELL = extração líquido-líquido

EM = espectrometria de massas

EMIT = técnica de imunoensaio multiplicada por enzima

ESI = ionização por eletrospray

FIFA = Federação Internacional de Futebol

FNCA = Formulário de Notificação e Coleta de Amostra

FPIA = imunoensaio por fluorescência polarizada

FRM = Formulário de Relação de Medicamentos

Page 11: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

x

HFBA = anidrido hexafluorobutírico

HFBCl = cloreto hexafluorobutírico

IE, EI = Ionização por impacto elétrons

IQ, CI = Ionização química

KIMS = interação cinética de micropartículas em solução

LADETEC = Laboratório Nacional de Controle de Dopagem

LD = Limite de Detecção

LMD = Limite Mínimo de Desempenho

LQ = Limite de Quantificação

MALDI = dessorção de matriz assistida por laser

MAO = Monoaminoxidase

MBDB = N-metil-metilenodioxifenilbutanamina

MDA = metilenodioxianfetamina

MDMA = metilenodioximetanfetamina

MEFS = microextração em fase sólida

MET = metanfetamina

MRM = Modo de reação monitorada

MSn = espectrometria de massas seqüencial

MSTFA = N-metil-N(trimetilsili)-trifuoroacetamida

NOR = norefedrina

PCP = propilcolroformato

PMK = Psicodiagnóstico Miocinético

PS = Planilha de Sorteio

PSE = pseudoefedrina

RCD = Regulamento de Controle de Dopagem

RI = radioimunoensaio

SIM = Monitoramento de íon único

SNC = Sistema Nervoso Central

TCLE = Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TECP= 2,2,2, tricloetilcloroformato

TOF = tempo de vôo

TSIM = trimetilsililimidazol

Page 12: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

xi

Resumo

Todas as vezes em que duas pessoas se encontram em uma disputa, cada uma

sempre pensará em sair em vantagem em relação a seu adversário. Isso acontece em

qualquer situação: na escola, no trabalho, na política, nos negócios, nas guerras. No

esporte, não é diferente. Hoje o esporte tornou-se uma verdadeira indústria, com

premiações na maioria das vezes bastante valiosas, além de grandes investimentos por

parte de patrocinadores. Na corrida pela superação ao adversário, atletas recorrem a

meios ilegais para melhorar o próprio desempenho. Com o avanço da ciência, esses

meios estão cada vez mais sofisticados. Por causa disso, também há uma exigência de

que os métodos para a triagem de tais fraudes evoluam com igual ou maior velocidade.

Os métodos utilizados com essa finalidade são chamados métodos de screening

e fornecem uma resposta do tipo “sim” ou “não”. Devem apresentar como

características principais a rapidez na análise, baixo custo, fácil operação e acima de

tudo, confiabilidade. Os métodos mais utilizados, principalmente para estimulantes são

os imunoensaios, as cromatografias em camada delgada, líquida ou a gás, e a

eletroforese capilar, esses últimos acoplados ou não à espectrometria de massas. Na

prática, nenhuma técnica analítica consegue atender a todos os requisitos acima. Por

isso, todo método de screening é acompanhado de um método confirmatório. Como tal,

são utilizadas as cromatografias à gás e líquidas acoplada à espectrometria de massas.

Nesse trabalho foram desenvolvidos: um método de screening utilizando

espectrometria de massas com injeção direta e um método confirmatório utilizando

cromatografia a gás acoplada à espectrometria de massas. O primeiro, inédito,

apresentou excelente confiabilidade, alta seletividade, boa sensibilidade, além da

rapidez nas análises e na preparação das amostras. O segundo apresentou alta

sensibilidade, ampla linearidade e bons índices de precisão e recuperação. No entanto, o

seu diferencial está na preparação das amostras. Utilizando extração em fase sólida e

derivatização com anidrido acético em piridina (ambos reagentes de grau analítico), foi

possível obter resultados tão bons quantos os alcançados por métodos descritos na

literatura mais recente que utilizam os reagentes específicos para derivatização.

Page 13: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

xii

Abstract

Every time that two people dispute something, each one always thinks about

how get an advantage against the opponent. This occurs in any kind of situation: at

school, at work, in politics, on business, in the war. In the sport, it is not different.

Nowadays, sport has become a real industry, with great prizes and big financial

investments. In the quest to get the better of the opponent, the athletes appeals to illicit

ways to improve their performance. These resources are more and more sophisticated in

the pace of scientific advances. Because of this, there is also a requirement that the

screening methods to unveil “frauds” must be improved in the same speed or even

faster.

A screening method is one that gives only “yes/no” answer. Their principal

characteristics are rapidness, low cost, easiness to handle and, over all, realiability. The

most used ones, especially for stimulants, are (i) immunoassays, (ii) thin-layer, liquid

and gas chromatography and (iii) capilar electrophoresis. The last ones do not have to

be coupled to a mass spectrometer. In practice, there is no technique that can fullfil all

the requirements. Therefore, every screening method has to be followed by a

confirmatory one. For this purpose, gas or liquid chromatography mass spectrometry are

the most used methods.

In this work, two methods were developed, one for screening and the other for

confirmation. The first, not yet described on the literature, was based on mass

spectrometry with direct injection and showed very good reliability, high selectiveness,

good sensitivity, fast and simple sample preparation. The second showed high

sensitivity, wide linearity and good values for precision and recovery. However, its

differential point is in the sample preparation. Using solid phase extraction (SPE) and

derivatization with acetic anhydride / pyridine (both in analytical grade) it was possible

to get results as good as those standard methods described in the recent literature, which

use specific reagents for derivatization.

Page 14: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

1

1. Introdução

1.1 Aspectos Gerais dos Estimulantes

1.1.1 Definição

Os estimulantes compreendem uma classe de substâncias capazes de aumentar um

nível inicial baixo de atividade fisiológica (FOYE, 1995). Quando se insere os estimulantes

no contexto esportivo, a definição ganha nova roupagem, como se pode observar na

interpretação do Comitê Olímpico Norte-Americano (U. S. OLYMPIC COMMITTEE,

1989), “estimulantes incluem vários tipos de substâncias que aumentam a vigilância,

reduzem a fadiga e que podem aumentar a competitividade e a hostilidade”.

1.1.2 Mecanismo de ação dos estimulantes

Os estimulantes entram no organismo por meio de ingestão, inalação, aspiração ou

injeção e, independentemente da via de acesso, eles sempre caem na corrente sanguínea. A

partir daí, em um intervalo de 10 a 15 segundos, essas substâncias fluem pela carótida até

alcançar a barreira hemato-encefálica que envolve o sistema nervoso central (SNC) (Figura

1).

Figura 1. Barreira hematoencefálica

Os neurônios, células que constituem o sistema nervoso, são estruturalmente formados

pelos dendritos (receptores dos sinais elétricos), corpo da célula (responsável pela

manutenção da atividade celular) e axônio (responsável pela transmissão dos sinais

Page 15: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

2

provenientes dos dendritos e do corpo celular para os dendritos do neurônio seguinte) (Figura

2). A transmissão de sinal entre dois neurônios ocorre quimicamente, por meio de

neurotransmissores, na fenda sináptica, espaço existente entre o terminal do axônio de um

neurônio e os dendritos de outro.

Figura 2. Aspecto bastante ampliado da junção de duas células nervosas

A produção dos neurotransmissores ocorre da seguinte forma: o precursor

correspondente é liberado no sistema nervoso e absorvido pelo neurônio. Ao ser absorvido,

esse precursor inicia a síntese do neurotransmissor, que é armazenado em vesículas no

terminal do axônio. Os neurônios se comunicam por meio da liberação de impulso elétrico, o

qual recebe o nome de potencial de ação, ao longo do axônio. Quando o impulso elétrico

atinge uma freqüência limite no terminal do axônio, as vesículas se deslocam até a superfície

do neurônio. O terminal nervoso torna-se então polarizado, as vesículas que se encontram na

superfície do axônio se rompem e os neurotransmissores são liberados em pequenas

quantidades na fenda sináptica (INABA, 1991). Uma vez na fenda sináptica, a molécula do

neurotransmissor interage com uma proteína transportadora e por meio desta, ela pode (i)

interagir com receptores específicos na terminação do neurônio adjacente (ou em células de

outros tecidos), ou (ii) ser recapturadas pelo mesmo neurônio do qual foram liberadas.

A maioria dos estimulantes influencia o processo de ação de alguns

neurotransmissores específicos: a dopamina, a serotonina e a noradrenalina (Figura 3).

Os principais estimulantes do Sistema Nervoso Central (SNC) são: cafeína,

anfetaminas e cocaína (Figura 4). Os principais mecanismos pelo qual essas substâncias

interferem na ação dos neurotransmissores acima são (i) aumento da liberação do

neurotransmissor no receptor, (ii) estímulo direto dos receptores pós-sinápticos, (iii) inibição

da recapturação do neurotransmissor (BOUCHARD, 2002).

Page 16: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

3

Cafeína

N

N

N

N

O

O

Cocaína

NH

OO

H

O

O

Anfetaminas

NHR

R

Figura 4. Estruturas químicas dos principais estimulantes que atuam sobre o SNC

Dos estimulantes mencionados, a cafeína é o único que não influencia a ação dos

neurotransmissores mencionados. A cafeína inibe a isoenzima fosfodiesterase, mas como

estimulantes do SNC, atua como antagonista dos receptores A1, A2 e A3 (DALY, 1983). A

cocaína, por sua vez, inibe a recapturação da dopamina e da noradrenalina. Em relação à

dopamina, ela o faz ligando-se fortemente ao transportador desse neurotransmissor, uma

proteína responsável pelo processo de recapturação (WILLIAMS, 2006).

De um modo geral, as anfetaminas podem agir por meio de quatro mecanismos

diferentes: (i) inibição da atividade da monoaminoxidase (MAO), (ii) inibição da recapturação

dos neurotransmissores, (iii) ação direta sobre os receptores dos neurotransmissores e,

principalmente, (iv) liberação dos neurotransmissores dopamina, serotonina e noradrenalina,

sendo que o potencial de ação sobre esse último é maior em relação aos dois primeiros

(ROTHMAN, 2001). A presença de grupos metóxi altera significativamente o mecanismo de

ação das anfetaminas. Quanto maior for a substituição do anel aromático por grupos metóxi,

em especial os metilenodióxi, menor é a atuação dos mesmos sobre a inibição da recapturação

da noradrenalina e sobre a liberação desta nos sítios de ligação. Dessa forma, pode-se dizer

que esses derivados de anfetamina agem principalmente por meio de interação direta com o

receptor. Grupos substituintes metóxi em posições meta do anel aromático (Figura 5) são os

responsáveis pelos efeitos alucinógenos desses compostos (SYKES, 1996).

Dopamina

OH

OH

NH2

Serotonina

NH

OH

NH2

Noradrenalina

OH

OH

NH2

OH

Figura 3. Estruturas químicas dos neurotransmissores que são influenciados pelos estimulantes.

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4

O

O NHR

R

Figura 5. Estrutura química das metilenodioxianfetaminas

Experimentos pré–clínicos (em animais) e clínicos sugerem que os efeitos das

anfetaminas são mediados pela liberação de noradrenalina e dopamina. Experimentos em

ratos sugerem que a tolerância às anfetaminas está relacionada à liberação de serotonina

(SILVERSTONE, 1985), enquanto a inibição do apetite estaria relacionada com a

neurotransmissão da dopamina e da noradrenalina (CHEN, 2001).

1.2 A Dopagem Esportiva

1.2.1 A origem do termo “dopagem”

Não se sabe ao certo de onde vem o termo doping, ou dopagem. Antigamente, entre os

árabes, o uso de alguma substância por atletas com o intuito de obter vantagens em uma

competição esportiva era chamado cat. Esse termo vem da palavra assíria catina (ou cathine),

uma planta com propriedades estimulantes. Os italianos utilizavam termos como drogaggio,

ergogenia medicamentosa, melassanera ou bombe chimiche. Já os franceses atribuíram vários

termos que ia desde topethe, passando por dynamite, até chegar em dopage, como é conhecido

hoje.

No dialeto africano Kafir, falado na África do Sul, a palavra dop já existia e

significava uma infusão de plantas medicinais com propriedades estimulantes utilizadas em

cerimônias tribais.

No inglês, o verbo to dope há algum tempo é um termo conhecido no mundo do

esporte para indicar administração de drogas a cavalos a fim de melhorar o seu desempenho.

Entretanto, o termo doping apareceu pela primeira vez em dicionários da língua inglesa em

1889 e novamente fazia referência a esportes com participação de eqüinos (VERROKEN,

2000):

“mistura de narcóticos utilizadas para diminuir o rendimento de cavalos de corrida (dos

adversários).”

Nos dicionários holandeses mais antigos, as palavras dooper (batizar) e under dooper

Page 18: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

5

(uso de drogas) eram usadas para descrever o uso de substâncias no meio esportivo.

Nos compêndios franceses é possível encontrar a palavra duper, que significa trapaça

ou pequena fraude e da qual, provavelmente veio a palavra dopage, utilizada hoje.

Com o passar do tempo, as atividades esportivas foram se desenvolvendo, e com elas,

os meios que os atletas utilizam para obter vantagens em uma competição esportiva também

ficaram cada vez mais sofisticados. Por isso o termo doping (dopagem) hoje não faz uma

alusão apenas às substâncias utilizadas por um atleta para melhorar o seu rendimento, mas

engloba também os métodos utilizados para tal fim.

A primeira definição de dopagem apresentada pelo Comitê Olímpico Internacional

(COI) foi publicada durante os Jogos Olímpicos do México em 1968:

“Administração ou uso de agentes estranhos ao organismo ou de substâncias fisiológicas em

quantidade anormal, capazes de provocar no atleta, no momento da competição, um

comportamento anormal, positivo ou negativo, sem correspondência com a sua real

capacidade orgânica e funcional.”

Na época o COI queria, por meio da definição, algo que abrangesse farmacologia,

toxicologia, clínica, ética, educação e regionalismo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

ESTUDOS E COMBATE DO DOPING, 2002). Entretanto, a definição proposta era muito

complexa, o que, diante de um resultado positivo, poderia levar muitos atletas a recorrem de

suas sentenças com grandes possibilidades de ganho de causa. No sentido de evitar que isso

acontecesse, os comitês olímpicos nacionais e/ou as federações esportivas individualmente

criaram as suas próprias definições para dopagem.

Somente em 1999, com a criação da Agência Mundial de Combate ao Doping a

Comissão Médica do Comitê Olímpico Internacional pronuncia-se oficialmente no Olympic

Movement Anti-Doping Code (INTERNATIONAL OLYMPIC COMMITTEE MEDICAL

COMISSION, 1990; MOCTAR, 2005):

Entende-se por dopagem:

1 - O uso de um recurso (substância ou método) o qual é potencialmente prejudicial à saúde

do atleta e/ou capacidade de melhorar a sua performance, ou

2 - A presença no corpo do atleta de uma Substância Proibida ou evidência do uso da mesma

ou de um Método Proibido.

Os Métodos e Substâncias Proibidos são aqueles listados pela Agência Mundial de

Controle de Dopagem (WADA) e serão apresentados aqui posteriormente.

Page 19: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

6

1.2.2 A dopagem por estimulantes ao longo do tempo

As substâncias estimulantes já são conhecidas da humanidade há muito tempo

(YESALIS, 2002). Há quase 4.800 anos atrás, os chineses mastigavam e faziam extratos e

infusões de plantas que apresentavam efeitos estimulantes como a efedra (de onde é extraída a

efedrina). Um pouco mais tarde, em 1000 a.C., os árabes descobriram tais efeitos em outras

plantas, como a que chamavam de catina1 e o ginseng (usado para estimular guerreiros).

Caminhando em direção ao ocidente, por volta de 300 a.C., os berserkers, segundo a

mitologia nórdica, faziam uso de bufoteína, uma substância estimulante extraída de um fungo.

Enquanto isso, na África, a cola acuminata e a cola nítida eram usadas como estimulantes em

marchas e corridas. No mesmo período, o ópio e seus derivados eram muito utilizados na

Grécia e na Ásia, principalmente na China e na Turquia. Nesses locais, era muito comum o

uso de opiáceos em batalhas no sentido de amenizar as dores dos ferimentos e ao mesmo

tempo encorajar os atletas para os confrontos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS

E COMBATE DO DOPING, 2002).

Na Grécia é possível encontrar registros de que nos Jogos Olímpicos Antigos, de 300

a.C., os atletas preparavam uma cocção de plantas cujo principal produto era um alucinógeno

extraído de cogumelos.

Já em solo americano, um pouco antes de Cristo, os latinos mascavam a coca para

aumentar o desempenho, diminuir o cansaço e fome nos trabalhos forçados e nas marchas.

Nessa mesma época, na América do Norte, os nativos ingeriam uma planta, o peyote, que

contém um alcalóide estimulante bastante conhecido, a mescalina.

Entretanto, o que pode ser dito como ponto de partida (ou marco zero) da dopagem

esportiva aconteceu no século XVI com o surgimento na Europa das drogas à base de cafeína.

Em 1806 foi isolado o primeiro alcalóide do ópio, a morfina, que, uma década depois, estava

sendo utilizada em cavalos na Inglaterra. Na inauguração do Canal do Norte em Amsterdã,

vários nadadores participaram de uma prova após ingerirem drogas estimulantes (cafeína,

cocaína, estriquinina), álcool e éter, sozinhos ou em combinações (GOLDMAN, 1986). Na

Corrida Ciclística dos Seis Dias, em 1879 na França, para fins anestésicos, os franceses

consumiam misturas à base de cafeína e os belgas, cubos de açúcar imersos em bebidas

alcoólicas ou éter. Além desses, outros ciclistas utilizavam a nitroglicerina como um

vasodilatador.

1 trata-se de uma planta na qual se extraía a dextronorisoefedrina. A catina, como é conhecida hoje, é o nome popular da norpseudoefedrina, a qual é uma droga ilícita e/ou um dos principais metabólitos da pseudoefedrina (TSENG, 2006)

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7

No final do século XIX, o uso indiscriminado de estimulantes já era tal que, em 1896,

era noticiado o primeiro caso de óbito por uso de estimulantes. O ciclista inglês Arthur Linton

faleceu durante a Corrida dos 600 km entre Bordeaux e Paris, depois de usar uma mistura de

cocaína, estriquinina e nitroglicerina.

Por volta de 1900, no boxe, usava-se de tabletes de estriquinina misturados com

cocaína e conhaque, uma vez que era comum debilitar o adversário com drogas dopantes

acondicionadas em garrafas de água.

O crescimento da dopagem esportiva aconteceu mesmo com a primeira síntese de

anfetamina, pelo farmacêutico japonês Ogata em 1919. Durante a Segunda Guerra Mundial, o

medicamento Pervitin (metanfetamina) era usado por soldados para eliminar o sono durante

as marchas e vôos noturnos. Mais tarde, os mesmos soldados passaram a utilizá-lo nos jogos

do exército. Quando a guerra acabou e os jogadores-soldados retornaram a seus países, muitos

já estavam dependentes da anfetamina e continuaram suas práticas desportivas sob efeito do

medicamento, principalmente aqueles que praticavam o futebol americano. Essa foi uma das

principais causas para a disseminação do uso de anfetaminas entre esportistas

(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS E COMBATE DO DOPING, 2002).

É da década de 1960, a descrição dos primeiros óbitos por uso abusivo de estimulantes

em Jogos Olímpicos. Foram dois durante os Jogos Olímpicos de Roma: um ciclista

dinamarquês (Knut Enemark Jensen, 15 tabletes de anfetaminas e 8 tabletes de um

vasodilatador coronariano – nitrato de nicotinila, misturados a uma garrafa de café), um

ciclista alemão (Dirck Howard, overdose de heroína). Na mesma década, em 1967, na mais

famosa competição mundial de ciclismo, o Tour de France, o ciclista inglês Tommy Simpson

faleceu após ingerir anfetaminas (metanfetamina, anfetamina e conhaque).

Até então, os métodos para a detecção de dopagem eram bastante limitados. Os

primeiros foram desenvolvidos na Áustria, no início do século XX (décadas de 10 e 20) e

eram baseados em análises de urina. Os métodos de cromatografia a gás e delgada, criados e

desenvolvidos nas décadas de 1940 e 1950, aos poucos foram sendo acoplados a outras

técnicas analíticas, como a espectrometria de massas. Com esses novos métodos, tornou-se

possível detectar e quantificar, nas análises feitas em urina, a maioria das substâncias

proibidas para os atletas (VERROKEN, 2000).

O combate oficial à dopagem começou em 1964, durante os Jogos Olímpicos de

Tóquio, nos quais a UNESCO, junto com o COI, esboçou as primeiras leis, controles e

punições, embora os países participantes não reconhecessem tais deliberações.

Page 21: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

8

Essas deliberações e leis só começaram a ser aceitas quatro anos depois, quando uma

comissão de cinco médicos e um químico, formada pelo COI, unificou-as. Durante os Jogos

do México de 1968, o controle foi muito pequeno e sem punições. Nessa época estavam

proibidos os estimulantes do Sistema Nervoso Central, os narcóticos analgésicos e as aminas

simpaticomiméticas. Mais tarde foram acrescentados os hormônios esteróides anabolizantes

(em 1976) e as substâncias mascarantes como diuréticos e a probenecida (em 1984).

Nas décadas de 1960 e 1970, as anfetaminas estavam presentes na maioria dos casos

positivos de dopagem por substâncias estimulantes. Aos poucos elas foram perdendo espaço

para outros estimulantes ilícitos como a cocaína, o crack e o ecstasy (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DE ESTUDOS E COMBATE DO DOPING, 2002).

1.2.3 O uso de estimulantes como agentes dopantes no esporte

A dopagem no esporte consiste no uso de meios artificiais para a melhoria do

rendimento esportivo e por isso, vai contra um dos princípios fundamentais da competição

esportiva: competir de igual para igual em um jogo limpo (Fair Play) (CONSELHO DA

EUROPA, 1985). Desde o início dos Jogos Olímpicos Modernos de Verão e de Inverno até os

Jogos de Inverno de Salt Lake City em 2002, foram registrados 70 casos positivos de doping.

Segundo um levantamento realizado por Prendergast e colaboradores (PRENDERGAST,

2003), os estimulantes conFiguram a segunda classe de substâncias dopantes mais utilizadas

por atletas em Jogos Olímpicos (Figura 6a). O salto em distância é a segunda modalidade

esportiva em número de casos positivos de doping (Figura 6b). Esses dois fatos não

constituem uma simples coincidência. Há uma relação direta entre essa modalidade e a

dopagem por uso de estimulantes.

(a) (b)

Figura 6. Distribuição dos casos positivos de doping até os Jogos de Inverno de 2002 conforme a) o

tipo de substância encontrada e b) a modalidade esportiva

esteróides estimulantes

diuréticos beta-2 antagonistas

betabloqueadores

levantamento de peso salto em distância

esqui luta livre

vôlei pentatlon

ciclismo natação

ginástica remo

Page 22: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

9

Uma pesquisa realizada na França em 2001 com 402 médicos (clínicos gerais)

mostrou que apesar de 73% deles possuírem a lista das substâncias banidas no esporte, apenas

34,5% seguem a legislação francesa de combate ao doping. Durante um ano, 11% dos

médicos entrevistados afirmaram ter sido pagos para prescrever agentes dopantes,

principalmente esteróides anabolizantes, estimulantes e corticoesteróides. No mesmo período,

10% dos médicos disseram ter atendido algum atleta que fez uso de substâncias dopantes

(LAURE, 2003).

Os estimulantes são procurados por atletas para diminuir o cansaço e ao mesmo tempo

aumentar o estado de alerta, a competitividade e a agressividade (SEGURA, 2000). Por isso,

as maiores incidências dessas substâncias aparecem em esportes que exploram a resistência

física e o poder “explosivo”, uma vez que as mesmas propiciam um ganho de energia e

reduzem a sensibilidade à dor. Geralmente, os estimulantes são mais utilizados no dia da

competição, entretanto em alguns casos os atletas os utilizam durante os treinamentos com a

finalidade de suportarem uma carga de treinamento mais pesada, por meio da redução da

fadiga. Como também podem aumentar a agressividade dos atletas, o uso de estimulantes em

esportes de combate, como as lutas, torna-se mais perigoso (VERROKEN, 2000). A escolha

do estimulante varia com a modalidade esportiva (MOCTAR, 2005). A cafeína, a cocaína e as

anfetaminas (incluindo os derivados sintéticos) estão sendo utilizadas de forma abusiva por

atletas do mundo inteiro e são freqüentemente mencionadas pelos laboratórios de controle de

dopagem (CLARKSON, 1997; AVOIS, 2006). Entretanto, quando utilizados de forma

abusiva, os estimulantes podem trazer conseqüências bastante graves para a saúde do atleta.

Muitos óbitos repentinos que ocorrem durante ou após atividades esportivas têm origem

cardiovascular (cardiomiopatias e distúrbios coronarianos, principalmente) ou estão

relacionados ao uso abusivo de estimulantes (JAEGER, 1990).

1.2.3.1 Cafeína

O uso da cafeína (Figura 7) por esportistas está relacionado com o aumento de

resistência física (SPRIET, 2002). Esses efeitos podem aparecer em atividades curtas, que

durem 60 segundos, ou em atividades longas, com duração de 2 horas. Estudos recentes

sugerem que a ação da cafeína no organismo não está relacionada a um aumento na força

física, mas a um aumento na tolerância e na resistência à fadiga (PATON, 2001). Não há

evidências de que a cafeína, quando ingerida antes de exercícios físicos provoque

desidratação ou desequilíbrio iônico (PALUSKA, 2003), mas ela pode, em parte, criar um

Page 23: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

10

meio iônico intracelular favorável no músculo ativo. O que já foi comprovado é que a cafeína

pode apresentar uma ação sinérgica com outras substâncias, como a efedrina ou alguns

antiinflamatórios (GRAHAM, 2001). Vários estudos têm sido realizados ao longo dos últimos

quarenta anos no tocante ao efeito da cafeína no organismo de um atleta. Até a década de 80,

muitos deles sugeriam que a cafeína favorecia a liberação e o metabolismo de ácidos graxos e

glicerol, levando assim à conservação do carboidrato (IVY, 1979). Estudos realizados

posteriormente sugeriram que a cafeína é capaz de melhorar o desempenho esportivo por

meio da (i) estimulação do SNC, (ii) liberação aumentada de catecolaminas, (iii) mobilização

dos ácidos graxos livres e (iv) utilização aumentada de triglicérides nos músculos, reduzindo a

utilização do glicogênio muscular (DODD, 1993).

N

N

N

N

O

O

Figura 7. Estrutura química da cafeína

Um estudo realizado por Stuart e colaboradores (STUART, 2005) com 9 jogadores de

rugby mostrou que a cafeína, quando ingerida cerca de uma hora antes da competição

aumenta em aproximadamente 3% a velocidade na corrida e 9,5% a exatidão do passe.

Segundo os autores, a melhora no desempenho foi devida em parte à redução da fatiga gerada

durante a prova. Além disso, a cafeína produziu um aumento de 51% na concentração média

de adrenalina. No entanto, ainda não está claro se existe uma correlação entre a adrenalina e

alterações no desempenho dos atletas. Há correlações positivas muito fortes entre a

concentração desse neurotransmissor e a velocidade da corrida. Entretanto, também existem

correlações negativas muito fortes entre tal concentração e a exatidão do passe.

Outro estudo mais recente, realizado por Schneiker e colaboradores (SCHNEIKER,

2006), mostrou que, além da ação ergogênica em esportes de longa duração, a cafeína também

pode apresentar tal efeito em modalidades envolvendo corrida de forma intermitente. Dez

atletas amadores do sexo masculino constituíram um grupo no qual alguns indivíduos

ingeriram 6 mg de cafeína/kg de peso corpóreo, enquanto os demais ingeriram placebo.

Decorridos 60 minutos a contar da ingestão da substância (ou placebo), os atletas foram

submetidos a uma seqüência de exercícios em esteira ergométrica, que foi repetida após um

intervalo de 7 dias. Cada seqüência era dividida em 2 séries de 36 minutos. Cada série

Page 24: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

11

consistia de 18 corridas de 4s com intervalos de 2 min. Após a realização de cada série, foram

medidas as concentrações urinárias de cafeína. Em relação ao desempenho, os autores

concluíram que o efeito da cafeína foi 8,5% maior que o do placebo, e 7,6% maior na

primeira série de 36 min em relação à segunda.

Nem só vantagens o uso da cafeína proporciona aos atletas. Esse estimulante também

apresenta vários efeitos colaterais que podem ser bastante prejudiciais não apenas ao

desempenho esportivo, mas também à saúde do atleta (SINCLAIR, 2000): (i) aumento das

secreções gástricas e de pepsina, além de um aumento de secreção no duodeno, (ii) aumento

da freqüência cardíaca e da pressão arterial (essa última quando em repouso), (iii) taquicardia

e outros tipos de arritmia, (iv) aumento da lipólise, (v) aumento da capacidade de contração

dos músculos esqueléticos (vi) aumento do consumo de oxigênio e da taxa metabólica, (vii)

aumento da diurese. Outros efeitos podem aparecer devido ao uso constante ou abusivo:

nervosismo, irritabilidade, insônia, delírio, coma e a mais crônica de todas, elevação da taxa

de colesterol no plasma (GEORGE, 1996).

1.2.3.2 Cocaína

A cocaína (Figura 8) foi utilizada durante muitos anos com finalidades terapêuticas,

principalmente como anestésico de uso local. O seu uso por atletas está relacionado à

sensação de euforia e de diminuição da fadiga. É uma substância bastante perigosa para

atletas de modalidades esportivas envolvendo corrida, uma vez que ela contribui para o

aquecimento corpóreo e formação de ácido láctico, os quais associados com o efeito

vasoconstritor da mesma podem contribuir para o aparecimento de problemas cardíacos fatais

(sobretudo quando é utilizada na forma de crack) (GEORGE, 2000; VERROKEN, 2000).

NH

OO

H

O

O

Figura 8. Estrutura química da cocaína

De todos os estimulantes, a cocaína é certamente a substância que apresenta o maior

potencial de dependência. Os efeitos psicológicos que surgem devido ao uso abusivo de

cocaína vão desde os sintomas psicóticos (paranóia, delírio e confusão) à irracionalidade,

além daqueles que resultam da sensação de euforia que a mesma provoca. O uso abusivo de

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12

cocaína também está associado com acidentes vasculares cerebrais (AVC). Em relação aos

efeitos fisiológicos, a cocaína contribui consideravelmente para o aumento da degradação do

glicogênio, levando a um aumento da concentração de lactato no plasma, sem que isso

provoque uma mudança significativa concentração plasmática de catecolaminas (GEORGE,

2000).

Embora a cocaína apresente tantos efeitos que prejudiquem não apenas o desempenho

esportivo, mas também a saúde do atleta, esse estimulante ainda está presente em muitos

casos positivos de dopagem. Isso pode ser explicado pelo fato de a cocaína apresentar um

efeito positivo em atividades de curta duração, as quais requerem uma “explosão” intensa de

energia, como por exemplo, no basquete, vôlei ou futebol. Nesse caso, os efeitos dessa

substância relacionados à estimulação do SNC (sobretudo o aumento do estado de “alerta”)

tornam-se mais importantes que a ação da mesma sobre o metabolismo periférico (GEORGE,

1996; CONLEE, 2002).

1.2.3.3 Anfetaminas

No Brasil, o consumo de anfetaminas tem aumentado continuamente em academias

(UNITED NATIONS, 2003). As anfetaminas (Figura 10), de uma forma geral, são utilizadas

para “apurar” os reflexos e reduzir o cansaço. Além disso, esses estimulantes aumentam

momentaneamente a velocidade de aprendizagem. Por isso, além dos atletas, são utilizadas

por médicos, estudantes, motoristas de caminhão e pilotos, entre os quais elas são mais

conhecidas como “rebite” (MURAD, 1982; CENTRE FOR ADDICTION AND MENTAL

HEALTH, 2004). Por outro lado, as anfetaminas distorcem ligeiramente a percepção do

tempo, o que pode ser um problema para motoristas e pilotos. As anfetaminas também são

prescritas clinicamente como moderadores de apetite (MARIZ, 2004) e para o tratamento da

narcolepsia (HODOBA, 2005).

Em relação às mudanças comportamentais, esses estimulantes agem positivamente: (i)

aumentam a energia física e a disposição mental, (ii) o usuário torna-se mais falante, agitado,

excitado e bem humorado. Pessoas que utilizam anfetaminas se sentem mais confiantes,

eficientes, com ambições e relatam também que perdem parcialmente o apetite, ingerindo

menor quantidade de alimentos durante as refeições. Quando esse uso passa a ser constante,

os olhos tornam-se lacrimejantes e vermelhos, a vista torna-se embaçada, e o usuário também

apresenta reflexos exagerados e fala distorcida (JONES, 2005). As anfetaminas também

levam à tolerância (consumo crescente) e dependência (consumo constante), de acordo com a

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dose e a forma de ingestão, e o processo ocorre mais lentamente que para a cocaína. Quando a

dose consumida é muito elevada, o indivíduo pode desenvolver psicose da anfetamina, na

qual comumente apresenta esquizofrenia do tipo paranóica (KIM, 2004).

As anfetaminas atuam principalmente sobre o metabolismo anaeróbico, por isso

favorecem atividades que requerem bastante resistência física, justificando assim o seu uso

abusivo por ciclistas (WYNDHAM, 1971). No entanto, os motivos que levam um atleta a

consumir anfetaminas são variados. Um estudo realizado com jogadores de futebol americano

mostrou que a quantidade consumida variava com a posição de cada uma na equipe. Como os

atletas “passadores” tinham que ficar mais atentos, as doses consumidas por eles eram mais

baixas. Os atletas “defensores”, por sua vez, precisavam ser mais agressivos e, por isso,

utilizavam doses mais altas (MANDELL, 1979).

As metilenodioxianfetaminas, por sua vez, são procuradas principalmente devido ao

efeito alucinógeno que provocam. Por isso, o uso destas por atletas é mais uma questão social,

não tendo relação com a melhora do desempenho esportivo.

Muitos casos de óbitos no esporte estão relacionados ao uso indevido de anfetaminas,

uma vez que a mesma leva a um aumento na pressão arterial. Como o atleta se sente “menos

cansado”, ele intensifica a atividade física, levando a um aumento da temperatura corpórea.

Essa sobrecarga de atividade, juntamente com o aumento da pressão arterial e com ação

vasoconstritora das anfetaminas dificultam o resfriamento do organismo. Se o corpo está

superaquecido, desidrata e a circulação sangüínea diminui. Com isso, o coração e outros

órgãos deixam de funcionar corretamente (VERROKEN, 2000).

As efedrinas (Figura 9) constituem um conjunto de anfetaminas que merecem um

destaque especial. São aminas simpaticomiméticas (mimetizam os efeitos dos

neurotransmissores) utilizadas em tratamentos de sintomas de distúrbios respiratórios, muito

comumente encontradas em formulações de antialérgicos e descongestionantes nasais (DEF

2006/2007, 2006).

NHR

OH

Figura 9. Estrutura química das efedrinas

No início, as efedrinas eram prescritas como broncodilatadores para asma. Hoje são

consideradas menos indicadas para essa finalidade, uma vez que estão associadas com

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arritmias cardíacas (DABISCH, 2003). No entanto, o que mais tem chamado a atenção da

sociedade é aumento do consumo de efedrinas sem qualquer prescrição médica. Isso acontece

porque esses estimulantes estão presentes em muitas formulações de produtos ditos “naturais”

(nos quais estão incluídos os emagrecedores) (RAWSON, 2002; U.S. DEPARTMENT OF

HEALTH AND HUMAN SERVICES, 2003) ou “suplementos alimentares”, vendidos

principalmente no mercado negro (PIPE, 2002; MAUGHAN, 2005). O uso de suplementos

naturais está crescendo entre os atletas de forma abusiva. Esse hábito, além de causar a

punição do atleta após um resultado positivo em um exame de controle de dopagem, pode

trazer conseqüências ao atleta tão graves quanto àqueles devidas ao uso das substâncias

“puras”. Outras conseqüências graves podem ser a intolerância à substância e a ingestão de

compostos cuja ação no organismo ainda seja desconhecida pela ciência e que podem

provocar sérias reações adversas (CAPRINO, 2005).

1.2.4 O Combate Oficial à Dopagem Esportiva

1.2.4.1 A Lista das Substâncias Banidas

O principal critério para julgar se uma substância deve ser proibida ou permitida na

prática esportiva é a sua influência positiva sobre o desempenho do atleta. Para isso, deve

levar-se em consideração conhecimentos de farmacologia, toxicologia, farmacocinética e

metabolismo das drogas (SEGURA, 1996; GRENIER-LOUTALOT, 1998). Com base nisso,

a Agência Mundial de Controle de Dopagem (AMA, WADA) elaborou uma lista de

substâncias e métodos utilizados com finalidades dopantes, que é revisada anualmente e

sempre leva em consideração as evidências científicas mais recentes. Muitas substâncias de

uso terapêutico também estão incluídas devido aos efeitos ergogênicos. As drogas ilícitas,

como a maconha e a cocaína também fazem parte da lista de substâncias proibidas, não tanto

pelos efeitos sobre o desempenho dos atletas, mas principalmente pelo fato de irem contra o

comportamento desejável para um atleta. No entanto, a explicação para as mesmas estarem

entre as substâncias banidas é o fato de irem contra o comportamento desejável para um

atleta. Por isso quando um esportista é acusado de usar substâncias ilícitas, ele é julgado por

um regulamento que extrapola a lista oficial de substâncias proibidas no esporte

(KINDERMANN, 2004). Na atual legislação vigente, de todas as substâncias banidas pela

Agência Mundial de Controle de Dopagem (AMA, WADA) e pela Agência Nacional de

Controle de Dopagem (ANAD), 60 são classificadas como estimulantes. Além deste, há um

segundo documento, contendo uma lista de substâncias monitoradas, para as quais um

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15

resultado positivo em uma análise de dopagem não implica em punição do atleta. Na lista

vigente do programa de monitoramento da AMA, há 7 substâncias estimulantes monitoradas

em competição e 39 monitorados fora da competição. (WORLD ANTI-DOPING AGENCY,

2006).

1.2.5 As análises de Controle de Dopagem

Não existe um método oficial para screening de estimulantes. O que a Agência

Mundial de Controle de Dopagem (WADA) exige é que o Limite Mínimo de Desempenho do

Método seja alcançado. Para os estimulantes esse valor é 500 ng/mL. Os métodos mais

utilizados para esse tipo de análise são o imunoensaio, a eletroforese capilar e as

cromatografias a gás e líquida, acopladas ou não a um espectrômetro de massas. Como

método confirmatório, apenas as cromatrografias a gás e líquida são aceitas e, nesse caso, a

detecção por espectrometria de massas é obrigatória (WORLD ANTI-DOPING AGENCY,

2006).

1.2.5.1 As matrizes biológicas

As matrizes mais utilizadas para detecção dos agentes dopantes são urina

(preferencial), sangue e cabelo. Nas análises toxicológicas além destas também existem as

matrizes ditas “alternativas”, que são utilizadas em casos mais específicos: mecônio

(primeiras fezes do recém-nascido) (GARERI, 2006), unha (YONAMINE, 2006), suor

(ABERL, 2005), saliva (SAMYN, 2002), conteúdo gástrico (MELO, 1992), leite materno

(STEINER, 1984), ar expirado (STATHEROPOULOS, 2006) e mais recentemente, humor

vítreo (FUCCI, 2006).

Discutiremos aqui apenas as matrizes que são utilizadas para análises de controle de

dopagem.

a) Urina

A urina é a matriz mais utilizada em análises de controle de dopagem. Sua coleta é

não-invasiva e de fácil execução. Em geral, é possível coletá-la em grandes quantidades e a

sua análise, desde o preparo da amostra, é mais fácil de ser processada quando comparada à

de outras matrizes (GAILLARD, 2000). É considerada uma matriz complexa, uma vez que é

constituída por compostos orgânicos e inorgânicos, principalmente sais. Na urina, as drogas e

os respectivos metabólitos são geralmente encontrados em concentrações relativamente altas.

Page 29: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

16

Além disso, os analitos são bastante estáveis em caso de congelamento da amostra, o que

permite o armazenamento das amostras positivas por um período de tempo maior.

Como a maioria dos agentes dopantes, incluindo os estimulantes, utilizados pelos

atletas são metabolizados no fígado em substâncias mais polares, os mesmos são facilmente

eliminados através da urina (EWALD, 2006; SHIMA, 2006; SIPES, 1993) (Figura 10).

O processo é relativamente rápido, por isso, a urina é uma matriz que permite detectar

o uso recente de alguma substância. O tempo de excreção varia conforme a substância,

podendo ser horas (para as efedrinas), ou dias (para as metilenodioxianfetaminas) (ENSSLIN,

1996; OYLER, 2002). Em alguns casos, a concentração dos metabólitos nessa matriz pode

ser mais alta que a das substâncias não biotransformadas. Por isso, a maioria dos métodos de

screening em urina é desenvolvida para detectar tanto os metabólitos, quanto as substâncias

inalteradas (SCHEIDWEILER, 2006).

NHR

NH2

OHONH2OH

OH

O

NH

OOH

O

NH2OH

OH

NH2

NH2

OH

O

Metil-anfetamiinas: metanfetamina, (pseudo)efedrina, metilenodioximetanfetamina (MDMA)

α

desalquilação

Anfetaminas: anfetamina, nor(pseudoefedrina),metilenodioxianfetamina (MDA)

desaminação oxidativa (N-oxidação)hidroxilação do carbono β

hidroxilação do anel aromático

p-hidroxianfetaminanor(pseudo)efedrina

fenilacetona

ácido benzóico

ácido hipúrico

p-hidroxinor(pseudo)efedrina

hidroxilação do anel aromático

β

a parir dessa sãoformados álcoois e ácidos que conjugamcom o ácido glicurônico

hidroxilação do carbono β

+

glicina

Figura 10. Esquema representativo do metabolismo das anfetaminas

Page 30: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

17

b) Sangue

Diferentemente da urina, o sangue é uma matriz de coleta invasiva. Inicialmente é

necessária a centrifugação do sangue e geralmente se utiliza o soro e o plasma como matrizes

biológicas. Os estimulantes, de um modo geral, apresentam a concentração plasmática

máxima algumas horas após o uso. Por isso, a detecção dessas substâncias, assim como de

seus respectivos metabólitos restringe-se ao uso recente da mesma (ASGHAR, 2003; OGA,

2003). Um resultado positivo em sangue no exame de controle de dopagem “em competição”

indica que o atleta competiu sob o efeito daquela substância.

c) Cabelo

O fio de cabelo também é uma matriz de coleta não invasiva que tem despertado muito

interesse nessa área. A raiz do fio é formada pelo bulbo, que por sua vez é revestido pelo

folículo capilar, o qual está em contato com uma densa rede de vasos capilares. Esses vasos

sangüíneos têm a função de regular a temperatura corpórea e nutrir o folículo. É por meio

desse contato que as substâncias utilizadas pelo indivíduo, assim como os metabólitos, são

transportadas da circulação sangüínea para o folículo, sendo incorporadas então na matriz de

queratina (RIVIER, 2000). O crescimento médio mensal do fio de cabelo é 1 cm. Isso

significa que quanto mais distante do bulbo é encontrada a substância, mais antigo é o uso da

mesma. Dessa forma, pode-se dizer que o cabelo é a matriz é a mais adequada para consumo

freqüente e em longo prazo de alguns agentes dopantes, sobretudo nas análises “fora-de-

competição” (THIEME, 2000).

1.2.5.2 Os métodos de screening

Em uma análise toxicológica (incluindo a análise de controle de dopagem), em geral, o

analista tem que pesquisar, em uma mesma amostra, a presença ou ausência de substâncias de

naturezas diferentes. Inicialmente, faz-se uma triagem sem fins quantitativos apenas para

tentar separar as amostras, conforme as substâncias encontradas inicialmente. A essa triagem

dá-se o nome de “screening sistemático” (MAURER, 1992; LINDEN, 2006).

Métodos de screening são ferramentas analíticas que fornecem respostas do tipo “sim

ou não”. Essas respostas indicam se o analito pesquisado está presente (ou não) e se a sua

concentração é superior ou inferior a um valor de referência pré-determinado (cut-off)

(VALCÁRCEL, 1999).

Um método de screening ideal deve ser rápido, com elevada especificidade, boa

Page 31: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

18

sensibilidade e reprodutibilidade, tecnicamente de fácil operação, com baixo custo. Na prática

é muito difícil encontrar uma técnica analítica que atenda a todos esses requisitos. Por isso,

todo método de screening deve estar associado a um método confirmatório (ANDERSON,

2005). O método confirmatório deve ser quantitativo, apresentar alta especificidade e boa

sensibilidade. Como a análise confirmatória requer mais precisão e exatidão, os métodos

utilizados para essa finalidade apresentam maior custo, muitas vezes requerem tratamento

prévio da amostra, demandam um tempo maior para uma análise e nem sempre são de fácil

operação (LOWE, 2006).

A alta sensibilidade é fundamental no método de screening para que sejam evitados

possíveis resultados falso-negativos. Em uma análise de controle de dopagem, tais resultados

são falhas muito graves, uma vez que atletas que usaram alguma substância proibida ficariam

impunes. Por outro lado, uma alta sensibilidade associada a uma baixa especificidade poderia

levar a resultados falso-positivos, embora essa não seja uma falha tão grave quanto a primeira.

Isso porque a amostra passaria pela análise confirmatória que esclareceria o resultado obtido.

No caso de um resultado falso-negativo, a amostra, seguramente, seria descartada após a

triagem inicial (RIVIER, 2000).

As técnicas mais utilizadas nos métodos de screening para detecção de agentes

dopantes são imunoensaios (NIHO, 2003), cromatografia em camada delgada (CCD)

(BECKETT, 1967; MACHATA, 1977), cromatografia a gás (CG) (VIAU, 1990),

cromatografia líquida (CL) (BASKIN, 1997) e eletroforese capilar (EC) (HUDSON, 1999).

Esses últimos podem ser utilizados de forma independentes ou hifenados com outras técnicas,

dentre as quais se destaca a espectrometria de massas (EM) (BOATTO, 2005; STRANO-

ROSSI, 2005). Mais recentemente, alguns métodos têm sido desenvolvidos utilizando a

espectrometria de massas como técnica isolada (SU, 2005).

a) Imunoensaio

Os métodos baseados em imunoensaio são os mais utilizados para screening. No

esporte, foram utilizados como métodos oficiais de triagem nos Jogos Olímpicos de Los

Angeles (CATLIN, 1987). Baseiam-se em interações do tipo antígeno - anticorpo. Nesses

ensaios, o analito compete com outra substância análoga a ele (marcador) pela interação com

o anticorpo (Figura 11). Esses marcadores são o que caracteriza cada técnica de imunoensaio.

Quando o marcador é um isótopo radioativo, fala-se em radioimunoensaio (WARD, 1994;

KUNSMAN, 1996). Quando apresenta fluorescência, fala-se em imunoensaio com

Page 32: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

19

polarização fluorescente (FPIA).

Algumas vezes, o marcador é um complexo conjugado de uma enzima com um

hapteno (Figura 12) (MAGGIO, 1988)e se trata da técnica de imunoensaio por multiplicação

de enzima (EMIT) (BOLAND, 2005) ou ao ensaio de imunosorção por ligação enzimática

(ELISA) (KUPIEC, 2002). Além desses, mais recentemente foram desenvolvidos os

imunoensaios baseados em doação de enzima clonada (CEDIA) (LOOR, 2002) e em interação

cinética de micropartículas em solução (KIMS). Os mais utilizados para screening de

estimulantes, em especial anfetaminas, são os imunoensaios EMIT e FPIA e, em geral,

apresentam boa sensibilidade.

Além de apresentarem boa sensibilidade (HINO, 2003), esses métodos dispensam uma

etapa preliminar de extração da amostra, são geralmente semi-quantitativos e permitem

analisar simultaneamente um grande número de amostras e/ou diferentes analitos (KYLE,

2003; STOUT, 2004). Embora os reagentes utilizados têm um custo elevado, o maior ponto

negativo está relacionado a um dos critérios mais importantes para a escolha do método de

screening. A especificidade varia conforme a técnica e o método apresenta falhas

a)

b)

Anticorpo Enzima ligada ao hapteno (análogo à droga) Substrato da enzima

Droga Reação enzima-substrato Produto Figura 11. Esquema do EMIT

Na ausência da droga (1), o complexo enzima-hapteno liga-se ao anticorpo que produz alterações no mesmo. Com isso, o complexo não consegue se ligar ao substrato. Na presença da droga (2), essa liga-se prefencialmente ao anticorpo. O complexo livre permanece na forma inalterada, sendo, portanto, capaz de interagir com o substrato. Quando isso acontece, forma-se um produto que absorve energia na região do ultravioleta.

a) NHOH

O

b)

N

O

O

O

Figura 12. Conjugados utilizados em imunoensaios para anfetaminas em urina. A N-carboximetilanfetamina (a) é acoplada à lisoenzima e à glicose 6-fosfato-desigrogenasepor meio do anidrido de Leuch (b), formado a partir do aminoácido, por tratamento com a fosfogenase (MAGGIO, 1988).

Page 33: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

20

(VERSTRAETE, 2005; SCHWETTMANN, 2006). Pelo fato de trabalharem com anticorpos

específicos para um determinado tipo de substância, com um método de imunoensaio é

possível separar os analitos em classe, o que significaria boa especificidade. Por outro lado,

dentro de uma mesma classe (por exemplo, a das anfetaminas), há muitas substâncias que

apresentam estruturas químicas com extrema similaridade (Figura 13).

Muitas delas interagem com o anticorpo da mesma forma e, muitas vezes, com a

mesma intensidade (reações cruzadas) (MURA, 1998; STOUT, 2004; WOODWORTH, 2006).

Conseqüentemente, a quantidade de resultados falso-positivos aumenta, caracterizando o

método como pouco específico. Por isso, quando o imunoensaio é utilizado para screening, a

confirmação é fundamental.

b) Cromatografia em Camada Delgada (CCD)

A cromatografia em camada delgada é uma técnica muito utilizada para screening

sistemático (LINDEN, 2006). Para as análises de controle de dopagem ela foi muito utilizada

nas décadas de 60 e 70 (BECKETT, 1967; MACHATA, 1977).

A cromatografia em camada delgada atende a alguns requisitos para um método de

screening: baixo custo, simplicidade de operação, rapidez na análise (SCHUETZ, 1994).

Entretanto, algumas substâncias endógenas interagem fortemente com a sílica, levando à

formação de manchas na superfície e conseqüentemente dificultando a interpretação dos

resultados da análise. Alem disso, alguns compostos, como a cocaína, podem migrar muitas

vezes de forma inadequada, resultando em interpretações equivocadas (falso-positivo ou

falso-negativo) (KELLY, 1988).

c) Cromatografia a Gás de Alta Resolução (CGAR)

A cromatografia a gás começou a ser utilizada em métodos de screening para

NH2 NH NH2

OH

NH2

OH

NH

OH

NH2

OH

O

O NH

O

O NH2

anfetamina metanfetamina norefedrina

norpseudoefedrina (catina)

efedrina pseudoefedrina

metilenodioxianfetamina (MDA)

metilenodioximetanfetamina (MDMA)

Figura 13. Estruturas químicas de algumas anfetaminas

Page 34: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

21

estimulantes nos anos 40 e 50 (VIAU, 1990). A cromatografia a gás de alta resolução (CGAR)

é, atualmente, uma das técnicas mais sensíveis para detecção de substâncias em fluidos

biológicos (HIDVEGI, 2006). Entretanto, para ser analisado por CGAR, o composto tem que

ser volátil e termicamente estável. Como a grande maioria dos agentes dopantes e seus

metabólitos são compostos polares, a etapa de extração é essencial no screening por CG. A

derivatização, embora não seja imprescindível (CHIA, 1987; PELLEGRINI, 2002; SONG,

2004), é muito utilizada para aumentar a estabilidade do analito (KANKAANPAEAE, 2004).

A sensibilidade e a seletividade do método estão diretamente relacionadas ao detector

utilizado. O mais simples e mais antigo é o detector de ionização por chama (CGAR-DIC),

também chamado detector “universal”, pelo fato de conseguir ionizar compostos com as mais

diferentes estruturas químicas (JAIN, 1975; BURROWS, 2004). Ainda assim é uma técnica

com boa sensibilidade (TSUCHIHASHI, 1990). Quando são utilizados detectores mais

seletivos, como o de captura de elétrons (CGAR-DEC) (SCHWETTMANN, 2006) ou o de

nitrogênio e fósforo (CGAR-DNP) (SORIANO, 2001), a sensibilidade do método aumenta,

tornando-o mais confiável. Em todos esses casos, a identificação dos constituintes da amostra

é feita por comparação com um cromatograma de uma solução padrão daquele analito. De

todos os detectores, o que aumenta consideravelmente a sensibilidade e a seletividade da

técnica de CGAR é o espectrômetro de massas (CGAR-EM). Com o uso da espectrometria de

massas como método de detecção, a identificação dos constituintes da amostra passa a ser

feita a partir da interpretação do espectro de massas, dispensando assim a análise preliminar

de soluções padrões (BATTU, 1998; GENTILI, 2004).

Ainda que sejam sensíveis e seletivas, as técnicas de CGAR não são as mais indicadas

para métodos de screening de estimulantes, pois consomem bastante tempo no preparo e

análise da amostra, além de terem um custo relativamente alto, devido aos reagentes

utilizados em tais etapas (ISHIDA, 2006).

d) Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE)

A CLAE começou a ser utilizada para screening de estimulantes no final da década de

70 (TRINLER, 1976). Foi desenvolvida para separar substâncias não-voláteis, tornando

possível a análise de substâncias muito polares e termicamente instáveis (MAURER, 2005;

MUELLER, 2005). Com isso, a derivatização deixa de ser uma etapa fundamental, passando a

ser um recurso a mais no sentido de melhorar a sensibilidade e a seletividade do método (DI

PIETRA, 2001). Dessa forma, a preparação das amostras torna-se muito mais simples (SLAIS,

Page 35: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

22

1987; SCHWETNER, 2005).

Assim como na cromatografia a gás, a sensibilidade e a especificidade de um método

de screening baseado em CLAE estão relacionadas ao tipo de detecção utilizado. Muitos

equipamentos utilizam um detector de ultravioleta (HPLC-UV). Esse é considerado um

detector universal, porém é pouco sensível, uma vez que várias substâncias absorvem energia

com um mesmo comprimento de onda (BURROWS, 2005). O detector de arranjo de diodos

(HPLC-DAD) permite a obtenção de um espectro completo de absorbância para o analito

(LAI, 1997). Com esse tipo de detector, a sensibilidade do equipamento aumenta

consideravelmente (SAARINEN, 1995). Outro detector utilizado é o de quimioluminescência

(HPLC-CL). Por ser mais seletivo, o número de substâncias que se consegue detectar

simultaneamente é limitado. No entanto, a sua sensibilidade é muito maior e em alguns casos

consegue superar um CG-EM (TAKAYAMA, 1997). Assim como na cromatografia a gás, um

dos detectores que permitem maior sensibilidade e seletividade para análises toxicológicas e

de controle de dopagem é o Espectrômetro de Massas (HPLC-MS) (STANLEY, 2006).

Quando esta técnica é utilizada, o uso de padrões de referência torna-se muitas vezes

desnecessário, uma vez que existem bancos de dados de espectros de massa correspondentes

às substâncias analisadas (DRESEN, 2006). Quando estes não existem, por meio de uma

análise de massas seqüencial é possível obter o espectro de fragmentação do íon molecular do

composto separado pela cromatografia e a partir dele chegar à estrutura química do composto

(DEVENTER, 2006).

Embora a CLAE seja uma técnica muito sensível (SAVOCA, 2004), ela ainda

apresenta um custo elevado (SKELTON, 1998; BELSON, 1999), nem todos os equipamentos

são de fácil operação e o tempo de análise é relativamente longo (SKELTON, 1998;

DEVENTER, 2006).

e) Eletroforese Capilar

Na década de 90, a eletroforese capilar despontou como uma ferramenta promissora,

efetiva e econômica para a separação de uma gama de diferentes compostos de interesse

toxicológico, incluindo os agentes dopantes (HUDSON, 1995; HYOETYLAEINEN, 1996).

Assim como CGAR e CLAE, a sensibilidade e a seletividade da EC varia conforme o detector.

Os dois mais utilizados são arranjo de diodos (EC-DAD) (LURIE, 2004) e espectrometria de

massas (EC-EM) (TSAI, 2000). Embora não apresente uma seletividade tão alta como as

técnicas cromatográficas, a EC apresenta outras vantagens que a tornam uma técnica

Page 36: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

23

adequada para screening de estimulantes: preparação mínima da amostra (BOATTO, 2005),

baixa interferência de matriz (NIEDDU, 2005), baixo custo das colunas capilares, consumo

reduzido de solventes (LURIE, 2001), simples operação e rapidez nas análises (DAHLEN,

2006).

f) Espectrometria de Massas

A espectrometria de massas (EM) é uma técnica analítica que há pouco tempo

começou a ser utilizada em métodos de screening para estimulantes (BAKHTIAR, 1999). As

grandes vantagens da EM relação às outras técnicas, inclusive à CLAE-EM estão relacionadas

ao preparo de amostra e o tempo de análise. Lua e Lin (LUA, 2004) desenvolveram um

método rápido e simples para screening de quetamina e norquetamina (Figura 14) em

amostras de urina utilizando espectrometria de massas com fonte de ionização eletrospray

(ESI). Após adicionar o padrão interno, a preparação constituiu-se apenas de uma extração em

hexano com posterior injeção no espectrômetro de massas. O tempo médio gasto em cada

análise foi de aproximadamente 1 minuto. A sensibilidade e a especificidade do método foram

97,1 e 85, 7% respectivamente.

a) NH

Cl

O

b) NH2

Cl

O

Figura 14. Estruturas químicas da quetamina (a) e norquetamina (b)

Como as amostras biológicas mais utilizadas para screening em controle de dopagem

estão em fase líquida, as fontes mais utilizadas nos espectrômetros de massas são o

eletrospray (ESI) (THEVIS, 2005) e a ionização química à pressão atmosférica (APCI)

(NORDGREN, 2003). Entretanto, outras formas de ionização são utilizadas em caso de matriz

sólida com o objetivo de eliminar a extração da amostra. Su e colaboradores (SU, 2005)

desenvolveram um método de screening para estimulantes presentes em cápsulas

comercializadas no mercado negro, utilizando dessorção em matriz assistida por laser

(MALDI). Recentemente, Leuthold e colaboradores (LEUTHOLD, 2006) desenvolveram um

método de screening para estimulantes presentes em cápsulas baseada em dessorção por

eletrospray (DESI). Em relação à MALDI, essa última é ainda mais vantajosa, por ser uma

técnica não destrutiva.

Os métodos de screening podem ser baseados em espectrometria de massas simples

Page 37: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

24

(MS) ou seqüencial (MSn). Nessa última, os íons de interesse são isolados e, em seguida,

fragmentados. Com isso, cria-se uma “impressão digital” do analito pesquisado. Para se obter

espectros de massa seqüenciais são utilizados os sistemas Tandem, os quais são formados por

dois diferentes analisadores (EICHHORST, 2004) ou um analisador de massas do tipo ion

trap (BALDACCI, 2003). Esse último é um dos poucos analisadores que fazem tanto o

isolamento quanto a fragmentação do íon (KOELLIKER, 2004). O mesmo será descrito

posteriormente em maiores detalhes.

Como a espectrometria de massas é uma técnica relativamente recente, os

equipamentos ainda apresentam um custo bastante elevado (Tabela 1), o que muitas vezes

restringe as suas utilizações.

Tabela 1. Faixa de preços dos espectrômetros mais utilizados

Faixa de preço (em US$)

Quadrupolo Ion Trap MS/MS MSn 45.000 – 100.000

(triplo quadrupolo) 200.000 – 500.000

200.000 – 900.000

300.000 – 900.000

(fonte: HUESTIS, 2006)

- Espectrometria de Massas com fonte de Ionização Eletrospray

Para que seja analisado por EM, o analito tem que estar ionizado. Na espectrometria

de massas clássica, a ionização ocorre a pressões muito baixas, o que é possível apenas em

fase gasosa, restringindo assim a técnica à análise de moléculas voláteis. Para moléculas não

voláteis, são necessários procedimentos quer possam conferir-lhe tal propriedade (GUNNAR,

2005). Um grande avanço apresentado em relação a essa técnica analítica ocorreu com a

introdução de novas formas de ionização nas quais o analito é ionizado à pressão atmosférica,

o que permitiu a utilização de amostras em fase líquida (soluções). Uma dessas novas formas

de ionização muito utilizada atualmente é Ionização Eletrospray (ESI). Em um espectrômetro

que utiliza fonte ESI, os íons são formados por adsorção ou dessorção de prótons (íons

positivos ou negativos respectivamente). Para favorecer a protonação (ou a desprotonação)

dos analitos, um pequeno volume de um ácido ou uma base fraca é geralmente adicionado à

solução da amostra.

A Figura 15 esquematiza a formação do eletrospray. A amostra é introduzida em um

capilar em um fluxo muito baixo (geralmente 1 - 20μL/min). Entre o capilar e a lente

focalizadora, aplica-se uma diferença de potencial de aproximadamente 3 – 6kV, gerando um

campo elétrico muito forte. Devido à presença desse campo, as gotas formadas na saída do

capilar apresentam excesso de carga (positiva ou negativa) na superfície.

Page 38: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

25

Figura 15. Esquema representando a formação do eletrospray (adaptado de DE HOFFMANN, 2002)

Um gás inerte (N2) é injetado, em vazão alta, coaxialmente ao capilar e tem como

finalidade reduzir o volume das gotas formadas, por meio da evaporação do solvente. Com o

volume reduzido, a força de repulsão entre íons de mesma carga aumenta substancialmente e,

as gotículas, que tinham um formato esférico inicial, começa a afunilar, formando o “Cone de

Taylor”. Quando isso acontece, devido à alta repulsão entre partículas de mesma carga, os

íons são expelidos da gotícula para a fase gasosa, formando assim o eletrospray. Após passar

pela lente focalizadora, o spray atravessa uma região aquecida, que tem como finalidade

remover as últimas moléculas de solventes que interagem com o íon. Em alguns

equipamentos, essa região consiste em uma “cortina” de um gás inerte (geralmente N2 ou Ar)

aquecido. Em outros, trata-se de um capilar aquecido (DE HOFFMANN, 2002). Em seguida,

os íons chegam ao analisador de massas. Até aqui todo o processo acontece à pressão

atmosférica. Entretanto, para que não ocorram interações entre os íons durante a análise, os

analisadores de massa operam em pressões muito baixas. Para conduzir os íons durante a

transição da pressão atmosférica para baixa pressão, uma lente focalizadora com abertura

muito pequena, chamada skimmer, é colocada na interface. Além disso, uma bomba de vácuo

controla a baixa pressão no analisador (Figura 16).

Page 39: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

26

Uma vez formados, os íons são separados conforme a sua relação massa/carga e a

forma como ocorre a separação varia conforme o analisador de massas utilizado.

Equipamentos com fonte de ionização ESI são geralmente construídos com analisadores de

massa do tipo tempo-de-vôo (TOF), triplo-quadrupolo, armadilha de íons (ion trap), ou ainda

com uma combinação de dois ou mais desses analisadores (Espectrometria Sequencial ou

Tandem) que podem ser iguais (KRONSTRAND, 2004) ou diferentes (JOYCE, 2004). A

espectrometria de massas seqüencial é muito utilizada em estudos de elucidação de estrutura

química e/ou de mecanismo de reação (SPRINGER, 2003).

Em um espectrômetro de massas com um analisador do tipo ion trap, os íons formados

no eletrospray são focalizados pelo skimmer e por dois octopolos, enquanto uma bomba de

vácuo garante a manutenção da baixa pressão no analisador. Uma lente regulável (lente

“reguladora”) controla a quantidade de íons que entra no trap dentro de um intervalo ótimo de

tempo. O excesso de íons pode levar à perda de resolução, enquanto a escassez pode levar à

perda de sensibilidade (Figura 17).

a)

b)

Figura 16. Fontes de ionização do tipo eletrospray.

Em ambas, a focalização dos íons é feita utilizando o skimmer, entretanto, a dessolvatação das gotículas pode ocorrer com o auxílio de um fluxo de N2 aquecido (a) ou com um capilar aquecido (b) (adaptado de DE HOFFMANN, 2002)

Page 40: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

27

Figura 17. Esquema representativo de um espectrômetro de massas com fonte de ionização eletrospray e analisador ion trap (adaptado de DE HOFFMANN, 2002)

Quando a finalidade é analisar íons positivos, durante a entrada desses no trap, uma

diferença negativa de potencial de radiofreqüência é aplicada nos eletrodos que formam a

câmara, em um intervalo fixo de tempo (Figura 18). Assim, os íons positivos ficam “presos”

na câmara, enquanto os negativos e eventuais moléculas neutras são eliminados. Quando a

câmara está repleta de íons positivos, uma diferença de potencial de radiofreqüência positiva é

aplicada nos eletrodos. Como esse potencial tem freqüência constante e amplitude variável, os

íons ficam “presos” ao plano xy, movimentando-se apenas ao longo do eixo z. Portanto, uma

pequena variação na amplitude e conseqüentemente no potencial faz com que íons com uma

determinada razão m/z sejam eliminados da câmara, capturados pelo “contador de íons” e

registrados no espectro (DE HOFFMANN, 2002). O mesmo acontece quando a análise é feita

com íons negativos. Porém com uma diferença de potencial aplicada inversamente.

Por meio de pequenas variações na diferença de potencial, é possível detectar (ou

varrer) diferentes razões massa/carga (m/z) e com isso, obter o espectro de varredura

completa (full scan) para um determinado analito. Como dito anteriormente, na ionização ESI,

os íons positivos são formados pela adsorção de prótons na molécula do analito. Para

moléculas pequenas como as anfetaminas, apenas um próton é adsorvido para cada molécula

(analito monoprotonado).

Page 41: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

28

Como a ESI é considerada uma forma branda de ionização, geralmente observa-se um

sinal no espectro de massas correspondente à massa molecular do composto (Figura 19a).

Entretanto o íon que deu origem a esse sinal corresponde à molécula protonada, por isso ele

recebe o nome de íon quasi-molecular. O íon quasi-molecular é representado como [MH]+ e a

razão m/z associada a ele corresponde à soma da massa de uma molécula do analito com a

massa de um próton. Mesmo a ESI sendo uma técnica de ionização suave, algumas vezes é

possível observar sinais correspondentes a íons-fragmento em um espectro de massas de

varredura completa, principalmente quando os analitos são moléculas pequenas (Figura 19b).

Juntamente com os íons provenientes da fonte de ionização, há também um fluxo contínuo de

gás inerte (He ou N2) entrando no trap. Como os íons contêm certa energia interna, essa pode

ser alta o suficiente para que, nas colisões com as moléculas do gás, íons-fragmento sejam

gerados.

Figura 18. Esquema representativo de um analisador ion trap (adaptado de DE HOFFMANN, 2002)

a)

b)

Figura 19. Espectro de varredura completa de amostras de urina contendo a) anfetamina e b) efedrina. O íon quasi-molecular está indicado para cada uma.

Page 42: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

29

Utilizando-se um único analisador ion trap é possível fazer análise seqüencial

(MS/MS ou MS2) (FUH, 2006). Esse tipo de análise pode ser feito em diferentes modos

(Figura 20) e o mais comum (Figura 20a) está descrito a seguir.

Uma diferença de potencial é aplicada nos eletrodos de forma a reter na câmara apenas

os íons de uma determinada razão m/z, eliminando todos os demais do espectrômetro.

Aumenta-se ligeiramente o potencial aplicado aos eletrodos o suficiente para aumentar a

energia cinética dos íons, sem que isso faça com que os mesmos sejam expelidos do trap. A

energia cinética é convertida em energia interna e, devido a colisões aleatórias com moléculas

de He, os íons são fragmentados em outros de menor razão m/z. O potencial aplicado aos

eletrodos é agora variado para que esses fragmentos sejam eliminados da câmara conforme as

razões m/z, sendo em seguida capturados pelo “contador” de íons e registrados no espectro.

Um outro modo bastante utilizado também recebe o nome de “múltiplas reações

monitoradas” (MRM) (Figura 20d). A diferença deste para o modo anterior está na detecção

dos íons-fragmentos. Enquanto no primeiro, todos os fragmentos gerados são capturados e

registrados, no MRM, apenas os fragmentos de interesse (geralmente duas ou três razões m/z

distintas) são capturados pelo “contador” e registrados no espectro. Isso é possível ajustando-

se a diferença de potencial aplicada aos eletrodos após as colisões de forma que os fragmentos

de interesse fiquem retidos no trap enquanto os outros sejam eliminados do espectrômetro.

Com um analisador do tipo ion trap, é possível obter espectros de massa seqüenciais

de ordem superior a 2 (MS/MS ou MS2), como o ilustrado na Figura 21 (SHPAK, 2005).

Nesse caso, após a primeira fragmentação, uma nova diferença de potencial é aplicada nos

eletrodos, de modo que apenas o íon-fragmento de interesse fique retido no trap e todos os

demais sejam eliminados. Esse íon é novamente fragmentado e os íons gerados são

capturados pelo “contador” de íons e registrados no espectro. O número de fragmentações

utilizadas, acrescido de uma unidade (que corresponde à análise inicial), determina a ordem

da análise seqüencial:

- fragmentações MS/MS/MS ou MS3,

- fragmentações MS/MS/MS/MS ou MS4,

- fragmentações MS/MS/MS/MS/MS ou MS5, ...

Para um método de screening, a espectrometria de massas seqüencial pode ser

bastante útil, principalmente se for utilizada em modo de múltiplas reações monitoradas

(MRM). Por meio de uma análise do tipo MS/MS, monitora-se os principais fragmentos

gerados (geralmente 2 ou 3 íons) para um determinado analito e, conforme o resultado obtido,

Page 43: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

30

Figura 21. Análise de efedrina usando Espectrometria de Massas Seqüencial de 3ª ordem

a)

b)

c)

d

d)

Figura 20. Representação esquemática dos diferentes modos de análise sequencial.

Em (a), uma razão m/z é mantida fixa. Essa é fragmentada e faz-se a varredura completa dos íons gerados. Em (b), uma razão m/z correspondente a um fragmento é fixada. Faz-se a varredura completa no primeiro analisador, mas somente os íons precursores da razão m/z selecionada no segundo analisador são identificados. Em (c), ambos analisadores operam em modo de varredura completa, porém com uma diferença de m/z entre as faixas de massas analisadas. Somente serão reconhecidos pelo segundo analisador os íons que, na fragmentação, apresentarem uma perda em massa igual à diferença pré-estabelecida. Essa diferença corresponde a um fragmento neutro. Finalmente, em (d), tanto as razões m/z dos íons precursores quanto as dos íons-fragmentos são fixadas. Apenas os sinais correspondentes às mesmas são detectados. (adaptado de HUESTIS, 2006)

Page 44: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

31

é possível afirmar a presença ou ausência do mesmo na amostra. Para exemplificar, considere-

se a detecção de anfetamina em urina, que é muito comum em exames de controle de

dopagem. No espectro de massas de uma amostra “limpa” de urina, ou seja, sem a presença de

anfetaminas, há uma razão m/z igual a 136 (Figura 22a). No entanto, esse é o mesmo valor da

razão m/z atribuído ao íon quasi-molecular da anfetamina ([MH]+) (Figura 22b). Na prática

esportiva, a anfetamina é uma substância proibida. Se a análise fosse feita apenas em modo de

varredura completa, haveria uma grande probabilidade de um resultado falso-positivo, se o

atleta não tivesse utilizado anfetamina ou algum de seus muitos derivados.

1.2.5.3 Os métodos confirmatórios

Os métodos confirmatórios são métodos quantitativos de análise. Como o objetivo

principal é confirmar o resultado obtido com o método de screening, alta sensibilidade e alta

especificidade são fundamentais. Por outro lado, a rapidez e o baixo custo da análise deixam

de ser requisitos para a escolha da técnica. Atualmente, a maioria dos métodos confirmatórios

é baseada em cromatografia a gás acoplada à espectrometria de massas.

a) (b)

Figura 22. Espectro MS/MS para detecção de anfetamina em urina.

Em (a) tem-se uma amostra negativa para anfetamina. Em (b) a amostra é positiva. Em uma análise em MRM, os íons monitorados para a anfetamina correspondem à m/z 91 e m/z 119

Page 45: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

32

Em 2003, Tseng e colaboradores (TSENG, 2003) utilizaram um método de screening baseado

em cromatografia a gás com detector de N/P para estudar a origem de efedrinas utilizadas por

atletas taiwaneses em competições nacionais. Os autores selecionaram 91 medicamentos para

resfriado encontrados no mercado negro. Analisaram também 1803 amostras de urinas de

atletas coletadas em competições entre os anos de 1999 e 2001. Após a triagem por CG-DNP,

as amostras foram submetidas à confirmação por CG-EM. A análise confirmatória mostrou

que 80% dos medicamentos apresentaram em sua composição ao menos uma das efedrinas

banidas no esporte. Enquanto as análises de CG mostravam que a metilefedrina era a efedrina

mais comumente encontrada (52%), as análises de CG-EM apontaram a efedrina como tal

(35,4%). Nas análises realizadas nas amostras de urina, aproximadamente 2,8% apresentaram

resultados positivos para efedrinas, mas somente 1,8% desses casos foram considerados sob

dopagem, uma vez que ultrapassaram o valor máximo permitido (5 μg/mL). Desses últimos,

44% foram por uso de pseudoefedrina, 28% por uso de efedrina, 17% por uso de

fenilpropanolamina e apenas 11% por metilefedrina.

Como dito anteriormente, a técnica de CG-EM é limitada a análises de substâncias

voláteis e termicamente estáveis. Essa técnica será descrita brevemente com maiores detalhes.

Para ampliar a sua aplicabilidade e melhorar a sensibilidade, durante o preparo da amostra,

duas etapas são fundamentais:

a) extração

A extração líquido-líquido (ELL) é a mais antiga forma de extrair substâncias

orgânicas de matrizes biológicas (HUWYLER, 1990; CARABIAS-MARTINEZ, 2005).

Como utiliza reagentes de grau analítico, seu custo é relativamente baixo, mas a quantidade

de resíduos gerados é grande. Além disso, envolve várias etapas, principalmente de filtração,

o que pode levar à perda de analito e conseqüentemente, baixo índice de recuperação

(TAKESHI, 2007).

A microextração em fase sólida (MFES) é uma técnica de extração mais recentemente

desenvolvida. Assim como a EFS, a MEFS também pode ser utilizada para pré-concentração

(CITOVA, 2006). Além disso, é a única técnica que dispensa completamente o uso de

solventes durante o processo (BALAKRISHNAN, 2006), diminuindo significativamente a

quantidade de rejeitos gerados. Com isso, o efeito de matriz torna-se bastante reduzido,

aumentando a sensibilidade e o índice de recuperação do método utilizado (JURADO, 2000).

São ideais para análises em concentrações muito baixas, porém o condicionamento das fibras

Page 46: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

33

de MEFS consome um tempo razoável (no mínimo 30 minutos) e requer condições drásticas

de temperatura (SUPELCO, 2006).

- Extração em fase sólida (EFS)

A extração em fase sólida (EFS) que tem como base os princípios da Cromatografia

Líquida Clássica (de baixa pressão). Os dispositivos utilizados para a extração são cartuchos

ou discos contendo uma fase sólida, semelhante à fase estacionária da cromatografia. O

processo é rápido e a amostra é manipulada apenas uma vez. Em todas as etapas, o líquido é

aspirado através da fase sólida por meio de pequeno vácuo (Figura 23). Inicialmente faz-se o

condicionamento da fase, com um solvente, como se fizesse ambiente. Em seguida, adiciona-

se a amostra e, à medida que passa por essa, os analitos interagem com a fase sólida, ficando

retidos. Lava-se então fase para retirar algum resíduo. Após a completa drenagem do líquido,

os analitos que ficaram retidos são eluídos com um pequeno volume de solvente e o eluato já

pode ser analisado imediatamente (LANÇAS, 2004).

Figura 23. Representação esquemática de uma extração em fase sólida

A extração em fase sólida (EFS) é uma boa opção como técnica de extração,

principalmente no que diz respeito ao tempo. Enquanto uma ELL pode levar horas, uma EFS

dura apenas alguns minutos (HUANG, 2003), além de envolver apenas algumas etapas

(TAYLOR, 1989). Os métodos que a utilizam apresentam um índice de recuperação em torno

de 80 a 90% (BUDZINSKI, 2006). O condicionamento, ou pré-tratamento, da fase

estacionária (cartucho ou disco) é rápido e simples, porém as mesmas apresentam um custo

relativamente alto.

Page 47: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

34

b) derivatização

A derivatização é um recurso muito utilizado quando se deseja analisar compostos

polares e/ou termicamente instáveis (WILLE, 2004). Também é utilizada quando se deseja

aumentar a detectabilidade de um composto, a fim de obter um espectro de massas com maior

abundância de íons e presença de íons diagnósticos. Um exemplo é apresentado na Figura 24.

a)

b)

Figura 24. Espectros de massas da anfetamina não derivatizada (a) e acetilada (b)

No caso específico de análises de anfetaminas por CG-EM, a derivatização torna-se

obrigatória quando os analitos são efedrinas. Segundo estudos recentemente descritos na

literatura (WILLE, 2004), a efedrina não-derivatizada (Figura 25a), na temperatura em que o

injetor trabalha (geralmente entre 230 e 250ºC) sofre uma reação de ciclização, gerando um

produto cíclico (artefato, Figura 25b). Os bancos de dados de espectros de massas reconhecem

este como sendo fenmetrazina (Figura 25c). Na dopagem esportiva, isso é uma falha grave,

uma vez que a fenmetrazina também é um estimulante que consta na lista das substâncias

banidas do esporte. A efedrina somente é considerada um agente dopante se a sua

concentração na matriz tiver um valor superior a 5 µg/mL (WORLD ANTI-DOPING

AGENCY, 2006).

Para que a derivatização seja eficiente, os reagentes utilizados devem atender a alguns

critérios: (i) um único derivado deve ser formado para cada analito; (ii) as reações de

derivatização devem ser simples, rápidas e feitas em condições brandas; (iii) devem ser

quantitativas (um rendimento alto e reprodutivo) e (iv) os produtos devem termica e

quimicamente estáveis (BLAU, 1993).

As principais reações de derivatização são (i) sililação, (ii) acilação, (iii) alquilação,

(iv) formação de derivados cíclicos e (v) derivatização quiral.

Page 48: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

35

A sililação, em especial a (tri)metilsililação, é o procedimento de derivatização mais

utilizado (DUMASIA, 2003). Isso se deve ao alto poder de sililação e alta volatilidade desses

compostos e os derivados formados, além dessa última característica e da facilidade no

preparo, também são química e termicamente estáveis (SEGURA, 1998). Como os reagentes

derivatizantes e os respectivos produtos são sensíveis à umidade, as reações devem ser

conduzidas sob condições anidras. Além disso, a adição de um catalisador aumenta o poder

sililante dos reagentes em relação a uma derivatização de funções com impedimento

esteroquímico (PIRNAY, 2004).

A acilação pode ser obtida usando principalmente haletos de acila (FRISON, 2005) ou

anidridos de ácidos (STAERK, 2000). Os primeiros são os mais reativos, porém, como

durante a reação forma-se um ácido halogenado (HCl, HF ou HBr), é necessária a presença de

um receptor de prótons para neutralizá-lo. Também é importante que se elimine o excesso

desse reagente antes da injeção no cromatógrafo, visto que os haletos podem reagir com a

sílica, danificando a coluna cromatográfica. Os anidridos de ácido, muitas vezes em presença

de um receptor de prótons (piridina), podem ser uma boa opção, pois tais reagentes são

a)

b)

c)

Figura 25. Espectros de massas da efedrina (a), artefato (b) e fenmetrazina (c)

Page 49: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

36

facilmente removidos do meio e, caso os mesmos sejam injetados no cromatógrafo, isso não

danificaria a coluna cromatográfica. Entre os derivatizantes acilados, os haloalquilacilados

merecem destaque, por aumentarem a afinidade eletrônica dos derivados, levando a análises

ainda mais sensíveis, principalmente se a ionização por elétrons (IE) for substituída pela

ionização química em modo negativo (IQN) (MARTINS, 2006).

A alquilação, em especial a metilação, é interessante nas análises por CG-EM porque

leva por um lado, a um pequeno acréscimo na massa molecular e por outro, a um significativo

aumento na volatilidade dos derivados (RANZ, 2006), principalmente quando os compostos

apresentam mais de um tipo de função.

Para compostos com mais de uma função, a formação de derivados cíclicos é uma boa

opção. Derivatizantes específicos podem ser utilizados para reagir com dois sítios ativos

simultaneamente. Para que essa reação aconteça, a distância entre os grupos deve ser tal que o

anel formado apresente alta estabilidade (EL-HAJ, 2003).

A maioria dos agentes tóxicos (incluindo os dopantes) contém centros quirais em sua

estrutura química e, portanto apresentam mais de um isômero para um mesmo composto. São

os isômeros que determinam a ação destes agentes no organismo. Tratando-se de substâncias

estimulantes, em alguns casos, apenas um dos enantiômeros apresenta tal efeito no organismo.

Em outros, um dos enantiômeros é utilizado em formulações terapêuticas, enquanto o outro é

usado como entorpecente (droga ilícita). Nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2002, realizados

em Salt Lake City (EUA), um esquiador britânico perdeu a medalha de bronze depois que o

seu exame de controle de dopagem apresentou resultado positivo para uma substância

proibida pela ANA: a metanfetamina (Figura 26) (COTTON, 2006). Essa anfetamina

apresenta isomeria óptica. O isômero S-(+)-metanfetamina apresenta maior potencial para

esse efeito. O outro, a R-(-)-metanfetamina, é utilizado em medicamentos descongestionantes

nasais (como o US Vick®) (PROCTER & GAMBLE, 2006) e a sua ação estimulante era

praticamente nula (HOLLER, 2005).

Na atual lista da ANA, ambos isômeros são classificados como proibidos (WORLD

ANTI-DOPING AGENCY, 2006). Os procedimentos utilizados para separação de

enantiômeros seguem basicamente duas direções: (i) por meio de uma reação com um

derivatizante opticamente puro, os enantiômeros são convertidos em diasteroisômeros e então

separados em uma coluna cromatográfica de fase estacionária aquiral; ou (ii) os enantiômeros

são separados diretamente em uma fase estacionária quiral. Para a cromatografia a gás, é

muito difícil encontrar colunas quirais disponíveis no mercado. Já os reagentes quirais,

quando não são comerciais, podem ser sintetizados no laboratório (PETERS, 2002).

Page 50: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

37

Além da CG-EM, CLAE e EC também são utilizadas como método confirmatório,

sempre acopladas a um espectrômetro de massas. São métodos de análise simples,

principalmente quando se trata de compostos polares e/ou termicamente instáveis, uma vez

que a etapa de derivatização passa a ser opcional e não mais imprescindível. De forma geral,

essas três técnicas, quando acopladas a um espectrômetro de massas seqüencial (Tandem ou

Ion Trap), aumentam consideravelmente a seletividade e a especificidade da detecção

(BOATTO, 2005; VERSTRAETE, 2005), porém os equipamentos que as utilizam ainda

apresentam custos elevados.

f) Cromatografia a Gás acoplada à Espectrometria de Massas

A cromatografia é uma técnica de separação baseada na partição de compostos entre

duas fases em contato: fase móvel e fase estacionária. Na cromatografia a gás, a fase móvel é

um gás inerte (geralmente He), já a fase estacionária pode ser sólida ou líquida.

Um cromatógrafo a gás é constituído basicamente por 7 componentes: fonte de gás,

controlador de fluxo, injetor, forno, coluna, detector e registrador. Como a separação dos

compostos ocorre em fase gasosa, o injetor, o forno e o detector operam em temperaturas altas,

a amostra tem que ser volatilizada imediatamente após a injeção. Por isso, o injetor de um

cromatógrafo a gás sempre opera em temperaturas altas (200 - 300ºC, geralmente 50ºC acima

da temperatura de ebulição do composto menos volátil). Há dois modos de injeção de amostra:

(i) modo splitless, para análises de traços em amostras muito diluídas (LIU, 2001); e (ii) modo

split muito utilizado quando se têm amostras concentradas, para se evitar a contaminação do

NH

R-(-)-metanfetamina (Levmetanfetamina)

NH S-(+)-metanfetamina

Figura 26. Estruturas químicas dos isômeros da metanfetamina e a embalagem do inalante Vick®

Page 51: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

38

injetor e o efeito memória nas análises (LUHUA, 2005). Saindo do injetor, a amostra entra na

coluna cromatográfica, onde ocorrerá a separação dos compostos presentes na amostra. A

coluna cromatográfica fica no interior do forno que pode estar a uma temperatura constante

(análise isotérmica) ou sofrer um aquecimento programado. A separação acontece por meio

de interações entre os analitos e a fase estacionária. Quando a fase estacionária é sólida, os

analitos são adsorvidos na mesma. Quando a fase estacionária é líquida, o fenômeno

envolvido é a partição dos analitos pela fase. Como os analitos apresentam pressões de vapor

diferentes, as interações terão intensidades diferentes e, com isso pode se obter a completa

separação dos componentes da amostra. À medida que se aumenta a temperatura do forno, os

compostos menos voláteis (pressões de vapor menores) são dessorvidos da coluna e

arrastados pelo gás até o espectrômetro de massas. O aquecimento do forno e o fluxo do gás

de arraste são os principais responsáveis por uma boa resolução do cromatograma. Nos

espectrômetros de massas acoplados utilizados como detector para cromatografia a gás, as

formas de ionização mais utilizadas são por elétrons (EI) ou ionização química (CI). Na fonte

de ionização EI há um filamento metálico (W ou Re) que, ao ser aquecido, emite elétrons,

formando um feixe. Esse feixe de elétrons é acelerado por uma diferença de potencial

(geralmente 70 eV) aplicada entre o filamento e o anodo. As moléculas em fase gasosa, ao

entrarem no espectrômetro, percorrem uma trajetória perpendicular à do feixe. Por isso,

quando essas trajetórias se interceptam, ocorrem colisões entre os elétrons e as moléculas. Por

repulsão eletrostática, as moléculas perdem elétrons, formando os íons moleculares (Figura 27)

(BERGO, 2005).

Figura 27. Representação esquemática de uma fonte de ionização por impacto por elétrons

Page 52: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

39

Como a energia interna desses íons é muito elevada, durante a colisão, eles atingem

estados vibracional e rotacional bastante excitados. Por causa desse excesso de energia, outras

ligações químicas são quebradas e o íon molecular é fragmentado em íons positivos de massas

menores (íons secundários). Em algumas situações, essa energia é alta o suficiente para que o

íon molecular seja completamente fragmentado. Nesse caso, o sinal correspondente ao íon

molecular não é visto no espectro de massas, o que leva a uma perda de informações a

respeito da massa molecular do analito.

Tendo como base os sinais dos íons-fragmento e/ou do íon molecular, é possível

utilizar a CG-EM para análises quantitativas em um modo de análise conhecido como

monitoramento de um único íon (SIM). Inicialmente uma análise da substância de interesse é

feita em modo full scan. No cromatograma, verifica-se o tempo de retenção da mesma. No

espectro de massas, identifica-se o espectro associado ao pico visto no cromatograma. Do

espectro, os íons característicos (geralmente dois ou três íons) com os sinais mais intensos são

selecionados para as análises em modo SIM. Nesse modo, apenas os íons selecionados são

monitorados e identificados no espectro (Figura 28) para casa tempo de retenção no

cromatograma. Tais íons, assim como o tempo de retenção, são específicos para cada analito,

aumentando assim a confiabilidade e a sensibilidade da análise (BERGO, 2005).

Page 53: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

40

a)

b)

c)

Figura 28. Análise cromatográfica de pseudoefedrina em urina (forma acetilada) realizada nos modos de (a) varredura completa e (b) SIM (íons monitorados: 58, 100, 148). Em (c) é apresentado o espectro de massas associado ao pico cromatográfico com tr = 16,03

Page 54: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

41

2. Objetivos

O objetivo principal desse trabalho foi desenvolver um método de screening, baseado

em ESI-MS, para estimulantes do tipo anfetaminas encontrados em urina de esportistas.

Também foram objetivos desse estudo a otimização e a validação de um método para

quantificação dos estimulantes por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas

(método de confirmação) e a aplicação dos métodos desenvolvidos em estudos de casos de

indivíduos que utilizam anfetaminas regularmente.

Page 55: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

42

3. Parte Experimental

3.1 Reagentes e Materiais

Os seguintes reagentes foram utilizados:

- Cloridrato de (-) Norpseudoefedrina (cloridrato de catina), pureza 99% (Sigma-

Aldrich);

- Cloridrato de (+/-) Norefedrina (cloridrato de (+/-) fenilpropanolamina), pureza 99%

(Sigma-Aldrich);

- Cloridrato de Efedrina, pureza 99% (Sigma-Aldrich);

- Cloridrato de metanfetamina, pureza 98% (Sigma-Aldrich);

- L-Fenilalanina, pureza 99% (Sigma-Aldrich);

- Pseudoefedrina ( (+)-Ψ-Efedrina), pureza 98% (Sigma-Aldrich);

- Solução metanólica 1 mg/mL de Metilenodioxianfetamina (MDA) (Radian Inc.);

- Solução metanólica 1 mg/mL de Metilenodioximetanfetamina (MDMA) (Radian

Inc.);

- Solução metanólica 1 mg/mL de N-metil-metilenodioxifenil-2-butanamina (MBDB)

(Radian Inc.);

- Sulfato de Anfetamina, 98% (Sigma-Aldrich);

- Ácido Sulfúrico, grau analítico (Micorquimica);

- Anidrido Acético, grau analítico (FMaia);

- Bicarbonato de sódio, pureza 98% (Synth);

- Carbonato de sódio, pureza 98% (Synth);

- Diclorometano, grau analítico (CRQ);

- Gás Hélio, pureza 99,999% (White Martins);

- Gás Nitrogênio, comercial (95%) e 99,9999% (White Martins);

- Metanol, grau analítico (FMaia);

- Metanol, grau HPLC (JTB, Merck e Vertec);

- Piridina, grau analítico (Merk);

- Cartuchos de Extração em Fase Sólida AccuBondII ODS-C18, 500 mg, 6 mL

(Agillent Technologies); e

- Fita indicadora universal Universalindikator pH 0 - 14 (Merck).

Page 56: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

43

3.2 Preparo das Soluções

3.2.1 Síntese do Éster Metílico da Fenilalanina

Nas análises por CG-EM foram utilizados como padrões internos o MBDB e o éster

metílico da fenilalanina. Esse último foi sintetizado no laboratório a partir da fenilalanina.

A síntese foi realizada conforme as metodologias descritas por Ajinomoto

(AJINOMOTO, 1993) e Viana (VIANA, 2004) com modificações. A montagem utilizada

para essa síntese está esquematizada na Figura 29.

Foram pesados 5,0002g de L-fenilalanina e transferidos para um balão 3 bocas de

fundo redondo de 125 mL, ao qual foram acrescentados 9,70 mL de metanol e 1,81 mL de

H2SO4. Ao balão foi acoplado um funil de adição do qual 44,18 mL de metanol foram

gotejados continuamente à mistura reacional. Essa, por sua vez, foi mantida em banho-maria a

85Co, durante 4 horas, sob agitação constante. Simultaneamente o excesso de metanol era

destilado. Ao término desse período formou-se uma fase oleosa, à qual adicionou-se a solução

tampão Na2CO3 / NaHCO3 até que o pH da mistura fosse aproximadamente 10. A mesma foi

lavada 3 vezes com 20 mL de diclorometano. Após a separação das fases, descartou-se a fase

aquosa e adicionou-se Na2SO4 à fração orgânica para remover possíveis traços de água e em

seguida, filtrou-se. O diclorometano foi evaporado à pressão reduzida. Foram obtidos 3,4675g

do éster metílico da fenilalanina, o qual solubilizado em metanol de forma que a solução final

tivesse a concentração aproximada de 500 μg/mL.

Figura 29. Esquema da montagem utilizada na síntese do éster metílico da fenilalanina

3.2.2 Preparo das soluções estoque

Para cada analito (anfetamina, metanfetamina, norefedrina, catina, efedrina,

Page 57: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

44

pseudoefedrina, MDA, MDMA) e para os padrões internos (MBDB e éster netílico da

fenilalanina) foram preparadas soluções estoque na concentração de 500 μg/mL em metanol.

A partir dessas soluções estoque, foram preparadas, para cada um dos analitos, também em

metanol, soluções padrão nas concentrações 0,5 (exceto padrões internos) e 5 μg/mL. Todas

as soluções foram mantidas sob congelamento a -20oC até o momento da análise.

Durante o preparo das amostras para análise por CG-EM foi utilizada uma solução

tampão em pH 11. Para se obter esse tampão, 8,426g de NaHCO3 e 53,2615g de Na2CO3

foram dissolvidos em 1 L de água deionizada.

3.3 Amostras

Nos estudos de otimização e validação dos métodos de screening e de confirmação,

amostras de urina sem a presença de drogas foram utilizadas como referência negativa

(brancos). Essas amostras foram fornecidas por 31 voluntários sadios (16 homens e 15

mulheres) com idade entre 20 e 35 anos, residentes na Grande Belo Horizonte. Os voluntários

foram selecionados após uma entrevista em que cada indivíduo foi questionado sobre o uso de

medicamentos. Somente aqueles que não faziam uso de qualquer medicamento (exceto

anticoncepcionais) foram selecionados para o estudo.

Os métodos desenvolvidos foram utilizados para análises de casos reais que foram

divididos em dois grupos:

a) indivíduos usuários:

Para compor o grupo, amostras de urina foram obtidas de indivíduos que fazem uso

contínuo de algum estimulante do tipo anfetamina com ou sem fins terapêuticos. Esse

estimulante pode ser uma das substâncias estudadas ou um derivado de anfetamina que

apresente no mínimo uma dessas substâncias como metabólito (MUSSHOFF, 2000; CODY,

2001; RODRIGUEZ, 2004; TAKAYAMA, 2005; BEYER, 2006; YASAR, 2005). Também

foram incluídas amostras de urina fornecidas pelo Instituto de Medicina Legal (IML) da

Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, em que se suspeitava uso abusivo de anfetaminas.

Todas as amostras foram mantidas refrigeradas a -20oC até o momento da análise.

b) indivíduos voluntários:

Esse grupo foi formado por dez voluntários sadios (5 homens e 5 mulheres). A seis

deles foram administradas cápsulas de Dimetapp Gelcápsula (DIMETAPP, 2006), Esse

Page 58: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

45

medicamento contém 60 mg de cloridrato de pseudoefedrina, um dos estimulantes estudados.

Aos outros 4 voluntários, foram administradas cápsulas de placebo à base de amido. Cada

voluntário recebeu uma única cápsula de estimulante ou placebo. Amostras de urina foram

coletadas de cada voluntário em intervalos de 2 horas, sendo a primeira colhida

imediatamente após a ingestão da cápsula e a última, 10 horas após a ingestão. Todas as

amostras foram mantidas refrigeradas a -20oC até o momento da análise.

Como o trabalho envolveu estudos com amostras humanas, foi obtido previamente o

parecer favorável junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas

Gerais (COEP – UFMG, processo número 0233.0.203.000-06). Além disso, cada voluntário

assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) requerido pelo mesmo

Comitê.

3.4 Instrumentação

3.4.1 Método de screening

O método de screening desenvolvido neste trabalho foi baseado na técnica de

espectrometria de massas com fonte de ionização eletrospray (ESI-MS). Foi utilizado um

espectrômetro de massas, modelo LC-MSD Trap series 1100 de fabricação da Agilent (Figura

30). Embora esse equipamento permitisse um acoplamento a um HPLC, ele foi utilizado no

modo de injeção direta em fluxo (FIA). As análises foram realizadas nos modos de varredura

completa (full scan) e de reação monitorada (MRM). Essa etapa foi desenvolvida no

laboratório de LC-MS e EC-MS da Universidade Federal de Lavras, em parceria com os

professores Mário César Guerreiro e Luiz Carlos Oliveira.

Figura 30. Equipamento LC-MSD Trap series 1100

3.4.2 Método de Confirmação

No desenvolvimento do método de confirmação realizado nesse trabalho foi utilizado

um cromatógrafo a gás, modelo Trace GC Ultra acoplado a um espectrômetro de massas com

Page 59: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

46

analisador Ion Trap, modelo Polaris Q, com injetor automático de amostras, modelo AI 3000

(Figura 31) de fabricação da Finnigam (Thermoelectron Corporation). Em todos os

experimentos foi utilizada uma coluna cromatográfica capilar RTx-5MS, com 30 m de

comprimento e 0,25 mm de diâmetro interno. A fase estacionária tinha 0,25 μm de espessura

e era composta na seguinte proporção: 95 % dimetil e 5 % difenilsiloxano, em ligação cruzada.

Figura 31. Equipamento Trace GC Ultra – Polaris Q

3.5 Desenvolvimento dos métodos de screening e de confirmação

3.5.1 Método de screening

Quando as análises de espectrometria de massas são realizadas utilizando-se matrizes

biológicas, como a urina, o ajuste do pH das amostras torna-se um recurso opcional, uma vez

que em condições fisiológicas, a maioria dos analitos já se apresenta na forma de íons. Nesse

estudo, a acidificação da amostra foi dispensada em todas as etapas de desenvolvimento do

método de screening, uma vez que todas as amostras de urina foram utilizadas em condições

fisiológicas (pH ~5,5), nas quais todas as anfetaminas estão na forma protonada (Tabela 2).

Tabela 2. Valores de pKa de algumas anfetaminas Substância pKa Condição em meio fisiológico (5 < pH < 7) Anfetamina 9.94±0.10 Protonada

Metanfetamina 10.38±0.10 Protonada Norefedrina 8.47±0.10 Protonada

Catina 8.47±0.10 Protonada Pseudoefedrina 9.38±0.10 Protonada

Efedrina 9.38±0.10 Protonada MDA 9.94±0.10 Protonada

MDMA 10.32±0.10 Protonada Fonte: SciFinder Scholar 2006

Page 60: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

47

3.5.1.1 Otimização

Nessa etapa foram otimizadas as condições experimentais: (i) parâmetros de ajuste do

equipamento; (ii) fluxo de injeção; e (iii) diluição da amostra.

A otimização de (i) foi feita com soluções padrão em metanol de cada analito na

concentração de 5 μg/mL. Para a otimização de (ii), foi preparado um pool (mistura) com

amostras de urina de referência negativa (brancos). Esse pool foi contaminado com soluções

padrões dos analitos em estudo, de forma que a concentração de cada um na urina fosse 500

ng/mL. Na otimização de (iii), alíquotas do pool contaminado foram diluídas 0, 1, 5 e 10

vezes em metanol. Todas as análises foram feitas em modos de full scan, usando um intervalo

de m/z de 50 a 220 Da, e reação monitorada (MRM).

Otimizadas as condições do equipamento, uma análise MS/MS foi realizada para cada

analito individualmente a fim de selecionar os íons utilizados nas análises em MRM. As

melhores condições obtidas com a otimização estão apresentadas na Tabela 3 e foram

utilizadas nos experimentos descritos a seguir.

Tabela 3. Condições experimentais do Espectrômetro de Massas LC-MSD Trap series 1100 Parâmetros otimizados Condições obtidas

Fluxo de injeção de amostra 20 μL/min Modo de ionização Positivo

Temperatura do gás secante 200ºC Fluxo do gás secante 5.00 L/min

Pressão do gás nebulizador 15.00 psi Potencial aplicado na entrada do capilar 3500 V Potencial aplicado na saída do capilar 72.9 V

Potencial aplicado nos skimmers 100.0 V (skimmer 1) 300.0 V (skimmer 2)

m/z de referência 130 Estabilidade dos compostos 20%

Trap drive level 100% Tempo de acúmulo de íons no trap 300 ms

Potencial aplicado no detector 1686 V (multiplicador de íons) 7.0 kV (diodo)

Número médio de espectros por análise 5 espectros Faixa de m/z selecionada para as análises em modo de full scan 50 - 220 m/z

Tempo para fragmentação 40 ms Amplitude utilizada na fragmentação 1.0 V

Razões m/z selecionadas para fragmentação nas análises em modo MRM

136 (anfetamina) 150 (metanfetamina)

152 (norefedrina e catina) 166 (efedrina e pseudoefedrina)

180 (MDA) 194 (MDMA)

Software utilizado: LC/MSD Trap Software Versão 4.2

Page 61: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

48

3.5.1.2 Simulação de um screening

Dez amostras de urina de referência negativa (5 masculinas e 5 femininas) foram

subdivididas, cada uma, em 10 partes, totalizando 100 novas amostras. Estas foram então

contaminadas aleatoriamente com quantidades conhecidas de alguns dos analitos estudados.

Cada amostra poderia conter entre 1 e 5 analitos diferentes ou poderia continuar sendo um

branco. A concentração de cada analito variava de 1 a 100 ng/mL, como especificado na

Tabela 4.

Alíquotas de 1 mL de amostra contaminada foram diluídas 10 vezes em metanol.

Volumes de 25 µL foram injetados no espectrômetro e analisados nos modos full scan e

MRM.

3.5.1.3 Estudo com amostras reais

Nesse experimento foram utilizadas as amostras dos grupos de indivíduos usuários

(item a da seção 3.3) e de indivíduos voluntários (item b da seção 3.3). De cada amostra, uma

alíquota de 1mL foi diluída 10 vezes em metanol e 25 μL dessa solução diluída foram

injetados no espectrômetro. As análises foram feitas nos modos de full scan e MRM.

3.5.1.4 Tratamento dos dados

Para tratar os dados experimentais obtidos nas análises por espectrometria de massas,

foram utilizados os aplicativos descritos abaixo. O primeiro, em linguagem Delphi, foi

desenvolvido pelo estudante Allan Lisboa, aluno do curso de Engenharia de Controle e

Automação da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). O segundo, uma

ferramente de análise quimiométrica, é parte integrante do software Statistica versão 6.0. Em

ambos, foi necessário, inicialmente, converter os conjuntos de dados para um arquivo do tipo

texto (*.txt, *.csv, *.asc, ...), no qual a primeira coluna corresponde às razões m/z e a segunda

corresponde às respectivas intensidades relativas. Para o screening, foram utilizados apenas os

conjuntos de dados obtidos nas análises em modo MRM.

a) “Gerador de Arquivos Completos”

Os arquivos texto gerados pelo software do espectrômetro de massas não

correspondem a espectros contínuos (m/z 50, 51, 52, 53, ...). Para se utilizar uma ferramenta

quimiométrica no tratamento dos dados experimentais, é necessário uniformizar as Tabelas de

Page 62: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

Tabela 4. Concentração de cada analito nas amostras utilizadas para simulação do screening Amostra ANF MET NOR CAT EFE PSE MDA MDMA Amostra ANF MET NOR CAT EFE PSE MDA MDMA

1 - 100 100 - - 25 - - 51 - - - - - - 25 50 2 100 - - 5 25 - 1 - 52 50 - - 10 - 50 - - 3 - - - - - - - - 53 - - - - - - - - 4 100 - - 25 100 - 10 - 54 5 - - - 1 - - 25 5 - - - - 10 - - - 55 - 100 1 25 - - 10 - 6 - - 10 - 1 10 100 - 56 - - - - 1 10 - - 7 25 10 - - - - - - 57 10 10 - - 1 1 - - 8 50 - 100 - 25 - 100 10 58 50 25 - - - - - - 9 - - 5 1 5 - - - 59 - 100 - - 50 - 5 - 10 - - - - - - - - 60 - - - - - - 25 - 11 25 25 - - - - 5 - 61 - - 10 1 - - - - 12 5 - - 1 - 25 50 - 62 - 50 25 - - - 50 - 13 - - - - - - - - 63 100 - - - 5 - - 5 14 - - - 50 - - 25 - 64 - - 10 10 50 - - 1 15 - 25 5 - - - - - 65 - 100 - - - - - - 16 - 10 - 25 100 - - 5 66 - - - - - 10 100 50 17 - - - - 5 50 50 1 67 - 50 25 - 100 25 - 25 18 - - 10 - 50 - - - 68 - 10 - 10 - - - 10 19 - 25 10 5 50 50 - - 69 - - 10 5 - 1 - 5 20 1 1 - 25 - 100 - - 70 50 - 100 - - - - 5 21 10 - - - - - 10 - 71 - - - - - - - - 22 - - - 10 - - - - 72 100 - - - 25 25 - - 23 - - - - - - - - 73 - - - - - - - 100 24 - - - - - 25 - - 74 - 25 - 50 25 - - 1 25 - - - - - - - - 75 10 - 25 10 50 - - - 26 50 - - - - - - - 76 - - - - 100 100 1 - 27 - 5 - 5 - 5 - - 77 50 - - 5 1 - 25 - 28 - - - - - - 5 - 78 5 - 25 1 - - 5 - 29 25 - - - 10 50 - - 79 25 - - 25 100 - - - 30 1 - - - 10 10 - - 80 - - 1 - - - - - 31 - - 100 1 - 100 - - 81 1 - 25 50 5 - - - 32 1 5 - 1 - - - - 82 10 - 5 - - - 10 100 33 - - 1 - - 1 - 10 83 - 50 5 - 100 - 50 25 34 - - 1 100 5 100 100 - 84 - - - - - - - - 35 100 - - 25 - 5 - - 85 - - - 1 - - - - 36 - - - - - - 25 25 86 - 25 50 - - 1 - - 37 - 25 - - - - - - 87 25 - - 100 - - 1 100 38 - 1 - - - - - - 88 - - 100 100 - - 5 10 39 - - 10 - - 5 - - 89 - - 50 - - - - 100 40 - - - - 25 - - - 90 10 5 - 25 1 - 10 - 41 5 - 50 - - - - 1 91 1 - - - 10 - 100 50 42 - - 1 - - 50 1 - 92 - - - 5 - 1 1 - 43 - 5 - - 25 - - - 93 5 1 100 50 - - - - 44 - 10 - - - 5 - - 94 - - - - - - - - 45 - - 5 1 - - 50 - 95 - 1 25 100 - - - - 46 25 - - 10 10 25 - - 96 - - - 50 5 10 - - 47 1 - 5 - - 1 - - 97 - - 1 - - - - - 48 - - - 50 - 5 25 100 98 5 50 50 - - - - - 49 10 - - 100 - 50 - - 99 - 1 - 10 - - - - 50 1 - - 5 10 - - - 100 - - - 50 - - - -

ANF = anfetamina; MET = metanfetamina; NOR = norefedrina; CAT = catina; EFE = efedrina; PSE = pseudoefedrina; MDA = metilenodioxianfetamina; MDMA = metilenodioximetanfetamina.

Page 63: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

50

Dados. Para isso, foi desenvolvido o programa mostrado na Figura 32.

Figura 32. Software “Gerador de Arquivos Completos”

Inicialmente abre-se o arquivo contendo os dados do espectro. Cabe ressaltar aqui que

o arquivo deve conter apenas algarismos e, em caso de decimais, deve-se utilizar apenas “.”.

Em seguida, determina a faixa de razões m/z na qual o espectro deverá estar contido. No caso,

optou-se por manter o mesmo intervalo utilizado no espectrômetro: m/z de 50 a 220 Da. O

aplicativo gera, então, uma Tabela, na qual a primeira coluna corresponde às razões m/z e a

segunda, às intensidades. À medida que a Tabela é preenchida, com intervalos de m/z de 0.1

Da, os dados do arquivo relativos à intensidade são analisados. Caso seja encontrado um valor

para a intensidade associada à razão m/z, o mesmo é mantido. Caso contrário, é atribuído o

valor “0” àquela razão m/z. Gerado o conjunto completo de dados, o aplicativo o salva no

formato *.txt.

b) Análise quimiométrica de agrupamento (cluster)

Os métodos quimiométricos (supervisionados ou não) são de grande valia à química

analítica, sendo aplicados em diversos contextos, inclusive na interpretação dos resultados de

um screening. A análise de agrupamento (cluster), por ser um método não supervisionado,

pode fornecer informações importantes a partir do agrupamento das amostras (objetos)

conforme os analitos presentes. Como o agrupamento é baseado em dados experimentais, os

espectros de massas destacam-se como uma boa opção, principalmente quando se utiliza

fragmentação (TOUE, 2006).

O agrupamento dos objetos (amostras) pode ser efetuado usando: (i) a distância média

entre os pontos, (ii) a distância entre os pontos mais próximos, ou ainda (iii) a distância entre

os pontos mais distantes. Entretanto, o agrupamento também é dependente do tipo de

algoritmo utilizado para detectar o grau de proximidade entre os pontos, sendo neste caso

muito usada a distância Euclidiana ou Manhatan. O procedimento de agrupamento (também

denominado amalgamento) no esquema aglomerativo parte dos pontos próximos, agrupados

inicialmente, que leva a formação de grupos a partir de subconjuntos de objetos, até alcançar

Page 64: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

51

os pontos considerados mais distantes, de forma que todos os elementos sejam enfim

classificados em um único grupo (Figura 33) (EVERITT, 2001).

Neste trabalho, a análise de cluster foi estabelecida a partir de uma coleção de 10

espectros MS/MS obtidos em modo MRM para cada analito. A abundância relativa média foi

calculada para cada razão m/z em cada coleção. Para as análises de agrupamento, uma matriz

foi construída com os valores de abundância relativa dos espectros de todas as 100 amostras

(Tabela 4), na qual cada linha corresponde a uma amostra e cada coluna a uma razão m/z

(Figura 34).

Figura 34. Matriz representativa do conjunto de dados obtidos na simulação do screening.

Uma matriz como essa foi obtida para cada anfetamina estudada. A partir dessa matriz foi realizada a análise de agrupamento (cluster)

Um vetor foi então criado para representar o conjunto de variáveis para cada objeto e

as amostras foram agrupadas de acordo com a distância entre esses vetores (distância de

amalgamento) (Figura 33c-d). O modo de associação utilizado nesse trabalho foi complete

linkage, que usa o conceito do vizinho mais distante e tem como referência a distância

Euclidiana.

Nas análises de screening, tomou-se como referência o vetor que representa o padrão

da anfetamina em estudo. O agrupamento das demais amostras foi feito de acordo com a

Figura 33. Análise de Cluster baseada em espectrometria de massas utilizando distância euclidiana.

A) representação dos vetores para cada objeto (amostra). B) Representação do primeiro agrupamento hierárquico identificado pela distância euclidiana. C) e D) Representações do segundo e terceiro agrupamentos hierárquicos identificados pela distância euclidiana. E) Dendograma completo do agrupamento dos objetos mostrados em B). Adaptado de JANES, 2006.

Page 65: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

52

distância de amalgamento entre o vetor de referência e o vetor da amostra. Essa distância

também pode ser entendida como uma medida da similaridade entre duas amostras. Quanto

menor a distância de amalgamento, mais similares são as amostras. Em outras palavras,

quanto menor a distância de amalgamento, maior a probabilidade de a amostra conter aquela

anfetamina. Isso significa que amostras com os conjuntos de dados mais semelhantes foram

agrupadas inicialmente (menor distância de amalgamento). Esses grupos (clusters) foram

então consecutivamente associados, até que o vetor da última amostra fosse associado ao de

referência (maior distância de amalgamento).

3.5.2 Método confirmatório

3.5.2.1 Otimização

a) Condições do CG-EM

Para realizar a otimização das condições do equipamento, 200 μL de cada solução

padrão na concentração de 5 μg/mL, incluindo os padrões internos, foram secos sob atmosfera

de N2, a 40oC. Para a derivatização, 200 μL de mistura anidrido acético/piridina foram

adicionados na proporção de 3:2 a cada resíduo. As misturas foram sonicadas por 30 minutos

a 50oC. Em seguida, o reagente derivatizante foi evaporado sob atmosfera de N2 a 40oC. Ao

resíduo final foram adicionados 200 μL de metanol. Após agitação vigorosa em vórtex, 1 μL

foi injetado no cromatógrafo em duplicata, por meio de injeção automática.

Inicialmente cada espécie derivatizada foi analisada individualmente. Em seguida foi

analisada uma mistura contendo todas as espécies derivatizadas. Todas as amostras foram

preparadas em duplicata. As análises foram feitas inicialmente do modo full scan e depois,

otimizadas no modo SIM. As melhores condições experimentais obtidas estão apresentadas

na Tabelas 5 e foram utilizadas nas análises.

b) Derivatização

Estabelecidas as melhores condições cromatográficas, diferentes proporções de

reagentes derivatizantes foram avaliadas. Para tal, a partir das soluções padrões, foram

preparadas misturas contendo 1 μg de cada analito e dos padrões internos. Essas misturas

foram secas até resíduo sob atmosfera de N2. A cada um desses foram adicionados 200 μL de

alguma das proporções de reagentes derivatizantes estudadas, as quais são apresentadas na

Tabela 6.

Page 66: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

53

As misturas foram sonicadas a 50oC por 30 minutos e completamente secas sob

atmosfera de N2 a 40oC. Os resíduos foram solubilizados em 200 μL de metanol. Todas as

amostras foram preparadas em duplicata. Volumes de 1 μL foram injetados também em

duplicata e analisados nos modos de full scan e SIM.

Tabela 5. Condições experimentais otimizadas para o método de confirmação baseado em CG-EM Parâmetro otimizado Condições obtidas Temperatura do injetor 250ºC

Modo de injeção Splitless (5 min) Gás e fluxo de arraste He, 1,0 mL.min-1

Programação do forno

70ºC (4 min) 70 - 160ºC, 20ºC.min-1 160 - 185ºC, 5ºC.min-1 185 - 198ºC, 1ºC.min-1 198 - 220ºC, 5ºC.min-1

220ºC (5 min) Temperatura da interface 275ºC

Temperatura da fonte de ionização 200ºC Tempo de delay 9 min

Faixa de m/z selecionada para as análises em modo de full scan 50 - 400 m/z

Íons selecionados para as análises em modo (SIM)

86, 91, 134 (anfetamina) 58, 91, 133 (metanfetamina)

120, 131, 162 (éster da fenilalanina) 44, 134, 175 (norefedrina e catina)

58, 100, 146 (efedrina) 58, 100, 148 (pseudoefedrina)

135, 162, 221 (MDA) 58, 162, 235 (MDMA) 72, 135, 176 (MBDB)

Software utilizado: Xcalibur versão 1.4

Tabela 6. Proporções de anidrido acético e piridina testadas como reagente derivatizante Anidrido Acético Piridina

100 % 0 % 50 % 50 % 60 % 40 % 80 % 20 %

c) Extração

Para a otimização do processo de extração. O efeito do volume de solvente na eluição

dos analitos foi avaliado. Para tal, volumes de 1 mL do pool de urina de referência negativa

foram contaminados com as soluções padrão de forma que a concentração de cada espécie

estudada, assim como a dos padrões internos, fosse igual a 500 μg/mL. O procedimento de

extração foi baseado no trabalho desenvolvido por Boatto e colaboradores (BOATTO, 2005),

com adaptações.

Os cartuchos de EFS foram condicionados com 1 mL de metanol e 1 mL do tampão

pH 11. As amostras contaminadas foram tamponadas em pH 11 (1 mL da solução tampão),

Page 67: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

54

fortemente agitadas em vórtex e adicionadas aos cartuchos. Após completa drenagem das

mesmas, os cartuchos foram lavados 2 vezes com 1 mL de água deionizada e secos durante 5

minutos sob vácuo (~20 mmHg). Os analitos foram eluídos com metanol, cuja quantidade

variou conforme mostrado na Tabela 7.

Tabela 7. Quantidade de metanol utilizado como eluente, na extração das anfetaminas. Experimento Volume de Metanol

1 1 x 1 mL 2 2 x 1 mL 3 3 x 1 mL

Uma vez extraídos, os analitos foram secos sob atmosfera de N2 a 40oC. A cada

resíduo foram adicionados 200 μL da mistura anidrido acético/piridina na proporção 3:2.

Após breve agitação, as misturas foram sonicadas a 50oC por 30 minutos e completamente

secas sob atmosfera de N2 a 40oC. Os resíduos foram solubilizados em 200μL de metanol.

Todo esse procedimento foi realizado em duplicata. Volumes de 1μL foram injetados e

analisados também em duplicata.

3.5.2.2 Validação

Em todos os ensaios relativos à validação do método confirmatório desenvolvido foi

utilizado um pool de urina, o qual foi preparado com 10 “brancos” de urinas, sendo 5

masculinas e 5 femininas. Todas as amostras de urina utilizadas apresentaram pH

aproximadamente 6,0.

a) Linearidade

Volumes de 1 mL do pool de urina foram contaminados com soluções padrão dos

analitos e padrões internos. As concentrações dos analitos na urina variaram de 1 a 2000

ng/mL e a dos padrões internos foram fixadas em 250 ng/mL . Para cada concentração foram

preparadas 5 replicatas e os volumes de solução padrão adicionados em cada uma estão

mostrados na Tabela 8.

Cada amostra foi brevemente agitada em vórtex e extraída em fase sólida, conforme

procedimento descrito no item c da seção 3.5.2.1. Os analitos foram eluídos com 2 mL de

metanol (1 mL, 2 vezes). Os eluatos foram secos completamente sob atmosfera de N2, a 40oC

e derivatizados de acordo com o procedimento otimizado. Volumes de 1 μL foram injetados

no CG-EM e analisados em duplicata. Os resultados foram analisados utilizando-se um

Page 68: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

55

modelo de regressão linear, ajustado com base no método dos mínimos quadrados ordinário.

As razões áreaanalito/áreapadrão interno correspondiam ao eixo das coordenadas (y) e as

concentrações ao eixo das abscissas (x).

Tabela 8. Volumes de solução padrão utilizados no estudo de linearidade.

Concentração (ng/mL)

Volume de cada analito adicionado (μL) Volume de cada padrão interno adicionado (μL)

Solução Padrão Conc. 0,5 μg/mL

Solução Padrão Conc. 5,0 μg/mL

Éster metílico da fenilalanina

MBDB

0 - - 50 50 1 2 - 50 50 5 10 - 50 50 10 20 - 50 50 25 50 - 50 50 50 100 - 50 50

100 - 20 50 50 250 - 50 50 50 500 - 100 50 50 1000 - 200 50 50 2000 - 400 50 50

b) Sensibilidade

Os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) foram calculados a partir dos

resultados obtidos com as análises dos brancos preparados no estudo de linearidade (item a

dessa seção). Para tanto, as 5 replicatas de cada branco foram analisadas 3 vezes (3 replicatas

de injeção) cada uma. Os cálculos foram feitos tendo como base os valores de desvio-padrão

obtidos para as razões áreaanalito/áreapadrão interno correspondentes ao branco nas análises de

linearidade. As equações utilizadas nos cálculos de LD e LQ foram respectivamente

3 x s e 10 x s , a a

Onde,

s = desvio-padrão absoluto para todas replicatas

a = inclinação da reta, coeficiente angular da equação de ajuste do modelo linear (y = ax + b)

c) Precisão intra-dia

Esse estudo foi realizado em três níveis de concentração: 25, 100 e 250 ng/mL de

urina. Volumes de 1 mL do pool de urina foram contaminados com as soluções padrão de

forma que as concentrações dos analitos na matriz correspondessem a esses valores. A

Page 69: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

56

concentração de cada padrão interno foi 250 ng/mL. Ao longo de um dia, foram preparadas 7

replicatas para cada nível de concentração acima. O intervalo médio entre as replicatas de

cada nível foi aproximadamente duas horas. Os procedimentos de extração e derivatização

foram os mesmos descritos no item c da seção 3.5.2.1. Os resíduos foram solubilizados em

200 μL de metanol. Uma alíquota de 1 μL de cada replicata foi injetada em duplicata e

analisada por CG-EM. Os resultados foram expressos em porcentagem, como Coeficiente de

Variação (CV), calculado a partir da equação:

% CV = s x 100 ,

| x

Onde,

s = desvio-padrão absoluto para as razões áreaanalito/áreapadrão interno de cada replicata, e

x = valor médio das áreas áreas sob os picos

d) Precisão inter-dia

Esse estudo também foi realizado em três níveis de concentração: 25, 100 e 250

ng/mL de urina. Volumes de 1 mL do pool de urina foram contaminados com as soluções

padrão de forma que as concentrações dos analitos na matriz correspondessem a esses valores.

A concentração de cada padrão interno foi 250 ng/mL. Uma vez por dia, ao longo de 7 dias

consecutivos, cinco replicatas foram preparadas para cada nível acima. Os procedimentos de

extração e derivatização foram os mesmos descritos no item c da seção 3.5.2.1. Os resíduos

foram solubilizados em 200 μL de metanol. Uma alíquota de 1 μL de cada replicata foi

injetada em duplicata e analisada por CG-EM. Os resultados foram expressos em

porcentagem, como Coeficiente de Variação (CV), calculado a partir da equação:

% CV = s x 100 ,

| x

Onde,

s = desvio-padrão absoluto para as razões áreaanalito/áreapadrão interno de cada replicata, e

x = valor médio das áreas sob os picos

e) Recuperação

Esse estudo também foi realizado em três níveis de concentração: 25, 100 e 250

ng/mL de urina. Volumes de 1 mL do pool de urina foram contaminados com as soluções

Page 70: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

57

padrão de forma que as concentrações dos analitos na matriz correspondessem a esses valores.

A concentração de cada padrão interno foi 250 ng/mL. Para cada nível, foram preparadas 7

replicatas. O procedimento de extração foi o mesmo descrito no item a dessa seção.

Volumes de 1mL de soluções metanólicas contendo todos os analitos, além dos

padrões internos, também foram preparadas em 7 replicatas. Tanto os eluatos quanto as

soluções metanólicas foram completamente secas sob atmosfera de N2. Os procedimentos de

extração e derivatização foram os mesmos descritos no item c da seção 3.5.2.1. Os resíduos

foram solubilizados em 200 μL de metanol. Uma alíquota de 1 μL de cada replicata (tanto

extraída quanto solução em metanol) foi injetada em duplicata e analisada por CG-EM.

Quando as replicatas do “branco” (item a dessa seção) foram analisadas, nenhum

registro proveniente da matriz foi detectado em qualquer um dos tempos de retenção

associados aos analitos estudados. Uma vez que não houve interferência da matriz, a

recuperação, expressa em porcentagem, foi calculado a partir da proporção entre as razões

áreaanalito/ áreapadrão interno para a solução em metanol e para a amostra extraída:

% recuperação = (áreaanalito/áreapadrão interno) extraído x 100 , (áreaanalito/áreapadrão interno) metanol

Onde,

áreaextraído = área sob o pico correspodente à replicata extraída por EFS, e

áreametanol = área sob o pico correspodente à replicata preparada em solução metanólica.

f) Estabilidade da amostra (congelamento / descongelamento)

Esse estudo também foi realizado em três níveis de concentração: 25, 100 e 250

ng/mL de urina. Volumes de 5 mL do pool de urina foram contaminados com as soluções

padrão de forma que as concentrações dos analitos na matriz correspondessem a esses valores.

A concentração de cada padrão interno foi 250 ng/mL. Para cada nível, foram preparadas 5

replicatas.

Após a preparação, uma alíquota de 1 mL foi retirada de cada replicata. Essas

alíquotas foram extraídas e derivatizadas de acordo com os procedimentos descritos

anteriormente. Após a solubilização em 200 μL de metanol, volumes de 1 μL foram injetados

e analisados em duplicata. O restante das amostras foi guardado no congelador.

Após um período de 21 horas de congelamento e 3 horas de estabilização térmica, uma

nova alíquota de 1 mL foi retirada de cada replicata. O tratamento e a análise dessas novas

amostras foi exatamente como antes da etapa de congelamento. O restante das amostras foi

Page 71: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

58

novamente guardado no congelador. Essa rotina foi executada mais duas vezes, após outros

dois ciclos de 21 horas de congelamento e 3 horas de estabilização.

Os resultados foram expressos como uma curva das razões áreaanalito/áreapadrão interno em

função do número de ciclos. O Coeficiente de Variação (CV), expresso em porcentagem foi

obtido a partir da equação:

% CV = s x 100 ,

| x

Onde,

s = desvio-padrão absoluto para as razões áreaanalito/áreapadrão interno de cada replicata, e

x = valor médio das áreas sob os picos

Esse coeficiente foi calculado para cada concentração após cada ciclo. Para avaliar a

estabilidade geral, um coeficiente de variação total (%CVtotal) foi calculado para cada

concentração após todos os ciclos.

3.5.2.3 Confirmação do screening – análise de amostras reais

Todas as amostras analisadas pelo método de screening foram submetidas à

confirmação e quantificação pelo método de CG-EM desenvolvido. Antes da análise

quantitativa, uma curva de calibração foi construída na faixa de concentração de 50 a 500

ng/mL. Na construção dessa curva, volumes de soluções padrão foram adicionados a alíquotas

do pool de urina, de forma que a concentração final dos analitos fosse aquela mencionada

acima.

De cada amostra real, foi retirada uma alíquota de 1 mL. A cada alíquota, foram

adicionados 50 μL de cada padrão interno. O tratamento e a análise das amostras foram

realizados exatamente como descrito anteriormente (item a, seção 3.5.2.2).

Para a análise quantitativa, foi utilizado um modelo de regressão linear, ajustado com

base no método dos mínimos quadrados ordinário. A razão áreaanalito/áreapadrão interno estava fora

da curva de calibração, uma nova alíquota da amostra era diluída, extraída, derivatizada e

analisada novamente. Esse procedimento se repetia até que razão das áreas estivesse dentro da

faixa de trabalho do modelo.

Page 72: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

59

3.6 Estudo de cinética de excreção / Estudo comportamental

Utilizando-se os resultados das análises quantitativas (seção 3.5.2.3) realizadas com as

amostras coletadas junto ao grupo de voluntários que ingeriram o medicamento/placebo (item

b, seção 3.3), foram construídas curvas das razões áreaanalito/áreapadrão interno em função do

tempo em que as amostras foram coletadas. Como essa razão está diretamente relacionada

com a quantidade de composto eliminado pela urina, foi possível realizar um estudo simples

de cinética da excreção de pseudoefedrina. Nesse estudo foram monitoradas não apenas a

pseudoefedrina, mas também a norefedrina (metabólito majoritário), efedrina e catina.

Paralelamente, foi realizado um estudo no qual procurou-se identificar alterações

comportamentais em decorrência do uso da pseudoefedrina. Para tal, utilizou-se a técnica de

diagnóstico miocinético que é descrita a seguir. Esse estudo foi desenvolvido em parceria com

o psicólogo Neivaldo Sérgio dos Santos (CRP-04 17.365 MG).

Em local que oferecia condições adequadas de isolamento acústico e luminosidade,

foram recebidos 8 colaboradores voluntários que ingeriram o medicamento/placebo. Cada

voluntário, depois de submetido à anamnese – que valorizou condições físicas atuais e

históricas do colaborador – ingeriu o medicamento, realizou a primeira avaliação e, após o

intervalo de 2 horas e 30 minutos da ingestão (período de concentração máxima da substância

no organismo), participou de uma nova avaliação, que contou com a mesma técnica utilizada

na primeira aplicação. Todos os tempos foram adequadamente computados, dentre os quais

constam o início da anamnese, horário de ingestão do medicamento, início do exame e início

(após intervalo de 2:30 h) do reexame.

a) Psicodiagnóstico Miocinético (PMK)

O Exame Psicodiagnóstico Miocinético é uma prova de expressão que propõe explorar

a personalidade, estudando sua fórmula atitudinal, mediante a análise das tensões musculares

involuntárias que revelam as tendências fundamentais de reação, constituída por suas

peculiaridades temperamentais e caracterológicas.

Trata-se de uma prova psicomotora baseada na simbiose dos músculos (Mio, de

origem latina) com os movimentos (Kinesão, de origem grega). Daí a sigla PMK.

Técnica vastamente utilizada nas clínicas de exames psicológicos, empresas,

DETRAN e serviços de saúde, o PMK realiza a medição dos níveis de elação, depressão,

tensão, ansiedade, nível ideomotor, equilíbrio, coerência, controle, estes lidos tanto em suas

Page 73: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

60

características genotípicas (estruturais, permanentes e imutáveis) quanto fenotípicas

(situacionais, mutáveis) (MIRA, 2004).

Page 74: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

61

4 Resultados

4.1 Método de screening

4.1.1 Otimização

Na otimização das condições do equipamento, as variáveis mais importantes foram a

temperatura e o fluxo do gás secante, a pressão do gás nebulizador, a estabilidade dos analitos

e a janela de análise. Essa última, apenas no modo de MRM.

O gás secante é injetado coaxialmente à amostra e tem como função, reduzir o volume

das gotículas provenientes da mesma. Ele o faz por meio da evaporação do solvente, a qual,

por sua vez, acontece a partir de colisões entre moléculas do gás e do solvente. Se o gás é

injetado em um fluxo e/ou temperatura baixos, as moléculas não terão energia suficiente para

colidir eficientemente com as do solvente, pois a energia da interação das partículas do

solvente com as do analito é consideravelmente alta. A pressão no gás nebulizador é uma

variável importante, pois é esse gás o responsável por remover as últimas moléculas de

solvente que estiverem interagindo com o analito.

A estabilidade dos analitos foi uma variável muito importante para o desenvolvimento

desse método. Quando se analisou uma mistura de padrões, utilizando-se valores de 100% ou

80% para esse parâmetro, não foi possível observar as razões m/z dos íons quasi-moleculares

dos compostos (Figura 35a). Isso acontece porque as moléculas das anfetaminas e efedrinas

estudadas apresentam massa molecular relativamente baixas e energia interna relativamente

alta, o que favorece a fragmentação da molécula. É por isso que no espectro mostrado na

Figura 34a, estão presentes apenas íons fragmentos como, por exemplo, as razões m/z 148,

principal íon-fragmento para efedrina/pseudoefedrina (perda de uma molécula de água de

m/z 18), e m/z 163, principais íons-fragmento para MDA (perda de uma molécula de amônia

de m/z 17) e MDMA (perda de uma molécula de metilamina de m/z 31). A observações dos

sinais correspondentes aos íons quasi-moleculares apenas tornou-se possível quando utilizou-

se 20% de estabilidade (Figura 35b). Por outro lado, valores baixos como esse propiciam a

detecção de íons provenientes de outras fontes que não os analitos de interesse. É o caso por

exemplo da razão m/z 114, que está associada a um interferente presente no metanol que foi

utilizado na diluição das amostras. No entanto, como nenhum dos analitos apresenta um íon

com razão m/z próxima a desse interferente, a confiabilidade das análises não foi

comprometida e o valor de 20% foi utilizado para os demais experimentos.

Page 75: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

62

a)

b)

Figura 35. Espectros de massa de uma mistura de anfetaminas considerando a estabilidade dos íons igual a a) 80% e b) 20%. Concentração de cada analito: 500 ng/mL em metanol

Nas análises em modo MRM, além dos parâmetros acima, também foi muito

importante definir qual seria a janela de análise utilizada. A janela de análise está associada

com a precisão do instrumento durante o isolamento do íon. Nesse método, trabalhou-se com

a menor variação que o equipamento permite: m/z de ± 1,0, visto que, entre as anfetaminas

estudadas, 3 delas (metanfetamina, norefedrina e catina) apresentam íons quasi-moleculares

com uma diferença entre as razões m/z de apenas 2.0 Da. Se uma janela maior fosse utilizada,

durante o isolamento dos íons da metanfetamina (m/z 150), parte dos íons da norefedrina e da

catina (ambas com m/z 152) também seria incluída. Com isso, o método perderia seletividade

e a análise ficaria prejudicada.

Outro parâmetro otimizado para o método de screening foi o fluxo de injeção de

amostra. Um fluxo de injeção baixo (5–10 μL/min) é especialmente interessante para um

estudo mais complexo da amostra, como uma determinação estrutural. As vantagens de se

trabalhar dessa forma são a menor quantidade de íons chegando simultaneamente na fonte e a

maior quantidade de varreduras que o equipamento faz para uma mesma amostra. Para um

método de screening, um fluxo baixo, torna-se bastante indesejável, por tornar a análise mais

lenta. A utilização de um fluxo mais alto, como o que foi utilizado neste trabalho, além da

rapidez na análise, permite que mais moléculas atinjam a fonte ao mesmo tempo. Em outras

palavras, permite uma “pré-concentração” na fonte. Utilizando um fluxo de 20 μL/min, o

tempo médio necessário para cada análise era de 1 minuto e meio. Embora não fosse possível

fazer tantas varreduras como quando se utiliza o fluxo mais baixo, para cada amostra

analisada, uma coleção de 10 espectros em MRM foi obtida para cada íon monitorado, o

suficiente para uma análise bastante satisfatória. Vale ressaltar que a análise de matrizes mais

complexas como a urina também apresenta inconvenientes. Como as amostras foram injetadas

Page 76: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

63

sem qualquer tratamento prévio, salvo a diluição, parte dos sais e conteúdo protéico presente

na urina também eram injetados no espectrômetro. Em relação aos espectros obtidos, esse

material não causou nenhuma interferência. Por outro lado, a quantidade de sal presente na

urina, muitas vezes, foi suficiente para obstruir o capilar e conseqüentemente interromper as

análises. Quando isso acontecia, geralmente após 30 análises consecutivas, passava-se um

solvente (geralmente metanol) pelo capilar em um fluxo alto (maior que o utilizado nas

análises) até o eletrospray ser novamente visualizado.

Para reduzir a freqüência com que essa manutenção era realizada, diferentes diluições

para as amostras foram testadas: 0, 1, 5 e 10 vezes em metanol (Figura 36). A diluição de 10

vezes foi a que apresentou o resultado mais satisfatório, com sinais bastante intensos para

todos os íons quasi-moleculares, embora tenha apresentado sinais com intensidade

significativa para alguns íons-fragmento (m/z 119 e 163) (Figura 36d). Embora a diluição de 5

vezes tenha resultado em um espectro mais limpo, com sinais intensos e sem a presença de

fragmento, durante as análises foi possível observar um “efeito memória”, principalmente

devido aos interferentes presentes na urina. Para as outras diluições (Figuras 36a e 36b), a

obstrução do capilar devido à injeção de sais em excesso ocorria mais freqüentemente. Por

outro lado, diluições maiores (superiores a 10 vezes) favoreceriam os interferentes presentes

na urina, os quais teriam um efeito dominante em relação à resposta dos analitos. Como o ion

trap é um analisador que opera no tempo, uma vez atingida a quantidade máxima de íons

armazenados, o restante da amostra (o que inclui parte dos analitos”- os que não foram

“capturados”) seria descartado do equipamento, levando à perda de sensibilidade na análise.

Sendo assim, durante o desenvolvimento e aplicação do método de screening, foi utilizada a

diluição de 10 vezes.

Nas análises MS/MS dos padrões, observou-se que a fragmentação do íon quasi-

molecular produzia espectros com poucos íons-fragmento, por sua vez muito estáveis (Figura

37). Embora esses íons fossem comuns a mais de uma anfetamina, os íons precursores não o

eram. Por isso, os íons-fragmento, bem como seus íons precursores foram monitorados nas

análises para o método de screening. A maior dificuldade encontrada nessas análises se

referia aos pares de isômeros efedrina/pseudoefedrina e catina/norefedrina. Sendo

estruturalmente muito semelhantes, distinguir dois diasteroisômeros em uma análise de

espectrometria de massas apenas com a primeira fragmentação torna-se praticamente

impossível (Figura 37c-f). Esse problema pode ser contornado se uma segunda (ou sucessivas)

fragmentação(ões) (MS3, MS4, ...) forem utilizadas (Figura 38). Entretanto, o modo de MRM

limita-se à primeira fragmentação somente, o que restringe a confiabilidade do método de

Page 77: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

64

screening para casos de diasteroisômeros. Nesse caso, um método confirmatório capaz

identificar ambos isômeros, como a CG-EM torna-se fundamental.

a)

b)

c)

d)

Figura 36. Efeito da diluição da urina nas análises de anfetaminas por EM (modo full scan): (a) sem diluição, (b) diluição 1:1, (c) diluição 1:5, (d) diluição 1:10. m/z 136: [M-H]+

anfetamina; m/z 150:[M-H]+metanfetamina; m/z 152:[M-H]+

norefedrina e catina; m/z 166: [M-H]+

efedrina e pseudoefedrina; m/z 180: [M-H]+MDA; m/z 194: [M-H]+

MDMA

Page 78: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

65

a)

b)

c)

d)

e)

f)

g)

h)

Figura 37. Espectros MS/MS de cada um dos padrões de anfetamina em estudo.

a) anfetamina, b) metanfetamina, c) norefedrina, d) catina, e) efedrina, f) pseudoefedrina; g) MDA, h) MDMA. A partir desses resultados foram selecionados os íons para as análises em modo MRM

Page 79: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

66

d)

Figu

ra 3

8. E

spec

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S/M

S/M

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b)

a)

Page 80: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

67

4.1.2 Simulação de um screening

Os dendogramas contendo os resultados das análises de agrupamento são apresentados

nas Figuras 40, 41, 42 e 43. A análise de agrupamento foi baseada no espetro de massas

contínuo, de m/z 50 até m/z 220, considerandos assim tantos os íons presentes (e a respectiva

intensidade), como os íons ausentes (Figura 34).

Na Figura 39a, as amostras am58, am04, am08, am72, am63, am35 e am02 foram

agrupadas juntamente com o padrão de anfetamina. Isso significa que tais amostras

apresentaram um perfil de fragmentação bastante similaridade ao da anfetamina padrão, não

apenas em relação à presença, mas também intensidade dos sinais dos íons característicos. As

demais amostras apresentaram um perfil de fragmentação com íons e/ou intensidade que não

correspondem aos da anfetamina padrão e, portanto, foram classificadas em outros grupos.

Conforme apresentado na Tabela 4, todas as amostras mencionadas continham anfetamina,

demonstrando assim que a análise foi capaz de formar adequadamente um grupo apenas com

“casos positivos”. As amostras am79 e am96 seriam as próximas associadas ao padrão de

anfetamina na análise de agrupamento. Entretanto, é conhecido que não havia anfetamina na

amostra am96, o que conFiguraria um caso “falso-positivo” na análise. Por isso, determinou-

se a distância de amalgamento igual a 100 como critério para separar o grupo de “casos

positivos” das demais amostras na análise de screening para anfetamina.

Analogamente podem-se explicar os agrupamentos observados nas análises de

screening para os outros analitos (Figuras 39b, 40, 41 e 42). Nesses casos, as distâncias de

amalgamento utilizadas como critério de separação dos “casos positivos” foram 100 para

norefedrina, pseudoefedrina e MDMA, e 150 para metanfetamina, catina, efedrina e MDA.

Uma análise interessante que se pode fazer a partir das análises de agrupamento está

relacionada com os resultados obtidos para os pares de isômeros. Embora eles apresentem as

mesmas razões m/z para os fragmentos, as abundâncias relativas dos mesmos variam

discretamente. Ainda sim, essa variação é suficiente para que a maioria das amostras seja

agrupada corretamente conforme o isômero presente. Apenas algumas amostras foram

classificadas como “casos positivos” mesmo não contendo qualquer quantidade do analito de

referência: am95 para norefedrina; am08 e am70 para catina; am20 e am31 para efedrina;

am04, am16, am64 e am79 para pseudoefedrina.

A partir dos resultados mostrados nos dendogramas e associando-os com os dados

apresentados na Tabela 4, foi possível classificar as 100 amostras utilizadas para simular um

screening como “casos positivos” (+) ou “casos negativos” (-) (Tabela 9).

Page 81: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

68

Figu

ra 3

9. D

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Page 82: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

69

Figu

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0. D

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gram

as c

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s cor

resp

onde

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b)

a)

Page 83: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

70

Figu

ra 4

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gram

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Page 84: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

71

Figu

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2. D

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b)

a)

Page 85: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

Tabela 9. Resultados obtidos para simulação do screening Amostra ANF MET NOR CAT EFE PSE MDA MDMA Amostra ANF MET NOR CAT EFE PSE MDA MDMA

1 - (0) + (100) + (100) + (0) - (0) - (25) - (0) - (0) 51 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (25) + (50) 2 + (100) - (0) - (0) - (5) - (25) - (0) -(1) - (0) 52 - (50) - (0) - (0) - (10) - (0) - (50) - (0) - (0) 3 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 53 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 4 + (100) - (0) - (0) - (25) + (100) + (0) - (10) - (0) 54 - (5) - (0) - (0) - (0) - (1) - (0) - (0) - (25) 5 - (0) - (0) - (0) - (0) - (10) - (0) - (0) - (0) 55 - (0) + (100) - (1) - (25) - (0) - (0) - (10) - (0) 6 - (0) - (0) - (10) - (0) - (1) - (10) + (100) - (0) 56 - (0) - (0) - (0) - (0) - (1) - (10) - (0) - (0) 7 - (25) - (10) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 57 - (10) - (10) - (0) - (0) - (1) - (1) - (0) - (0) 8 + (50) - (0) + (100) + (0) - (25) - (0) + (100) + (10) 58 + (50) - (25) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 9 - (0) - (0) - (5) - (1) - (5) - (0) - (0) - (0) 59 - (0) + (100) - (0) - (0) + (50) - (0) + (5) - (0) 10 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 60 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (25) - (0) 11 - (25) - (25) - (0) - (0) - (0) - (0) - (5) - (0) 61 - (0) - (0) - (10) - (1) - (0) - (0) - (0) - (0) 12 - (5) - (0) - (0) - (1) - (0) - (25) +(50) - (0) 62 - (0) - (50) - (25) - (0) - (0) - (0) + (50) - (0) 13 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 63 + (100) - (0) - (0) - (0) - (5) - (0) - (0) - (5) 14 - (0) - (0) - (0) - (50) - (0) - (0) - (25) - (0) 64 - (0) - (0) - (10) - (10) + (50) + (0) - (0) - (1) 15 - (0) - (25) - (5) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 65 - (0) + (100) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 16 - (0) - (10) - (0) - (25) + (100) + (0) - (0) - (5) 66 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (10) + (100) + (50) 17 - (0) - (0) - (0) - (0) + (5) + (50) + (50) - (1) 67 - (0) - (50) - (25) - (0) + (100) + (25) - (0) - (25) 18 - (0) - (0) - (10) - (0) - (50) - (0) - (0) - (0) 68 - (0) - (10) - (0) - (10) - (0) - (0) - (0) - (10) 19 - (0) - (25) - (10) - (5) - (50) - (50) - (0) - (0) 69 - (0) - (0) - (10) - (5) - (0) - (1) - (0) - (5) 20 - (1) - (1) - (0) - (25) + (0) + (100) - (0) - (0) 70 - (50) - (0) + (100) + (0) - (0) - (0) - (0) - (5) 21 - (10) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (10) - (0) 71 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 22 - (0) - (0) - (0) - (10) - (0) - (0) - (0) - (0) 72 + (100) - (0) - (0) - (0) + (25) + (25) - (0) - (0) 23 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 73 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) + (100) 24 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (25) - (0) - (0) 74 - (0) - (25) - (0) - (50) - (25) - (0) - (0) - (1) 25 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 75 - (10) - (0) - (25) - (10) - (50) - (0) - (0) - (0) 26 - (50) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 76 - (0) - (0) - (0) - (0) + (100) + (100) - (1) - (0) 27 - (0) - (5) - (0) - (5) - (0) - (5) - (0) - (0) 77 - (50) - (0) - (0) - (5) - (1) - (0) - (25) - (0) 28 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (5) - (0) 78 - (5) - (0) - (25) - (1) - (0) - (0) - (5) - (0) 29 - (25) - (0) - (0) - (0) - (10) - (50) - (0) - (0) 79 - (25) - (0) - (0) - (25) + (100) + (0) - (0) - (0) 30 - (1) - (0) - (0) - (0) - (10) - (10) - (0) - (0) 80 - (0) - (0) - (1) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 31 - (0) - (0) + (100) + (1) + (0) + (100) - (0) - (0) 81 - (1) - (0) - (25) - (50) - (5) - (0) - (0) - (0) 32 - (1) - (5) - (0) - (1) - (0) - (0) - (0) - (0) 82 - (10) - (0) - (5) - (0) - (0) - (0) - (10) + (100) 33 - (0) - (0) - (1) - (0) - (0) - (1) - (0) - (10) 83 - (0) - (50) - (5) - (0) + (100) - (0) + (50) - (25) 34 - (0) - (0) + (1) + (100) + (5) + (100) + (100) - (0) 84 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 35 + (100) - (0) - (0) + (25) - (0) - (5) - (0) - (0) 85 - (0) - (0) - (0) - (1) - (0) - (0) - (0) - (0) 36 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (25) - (25) 86 - (0) - (25) - (50) - (0) - (0) - (1) - (0) - (0) 37 - (0) - (25) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 87 - (25) - (0) + (0) + (100) - (0) - (0) - (1) + (100) 38 - (0) - (1) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 88 - (0) - (0) + (100) + (100) - (0) - (0) - (5) - (10) 39 - (0) - (0) - (10) - (0) - (0) - (5) - (0) - (0) 89 - (0) - (0) - (50) - (0) - (0) - (0) - (0) + (100) 40 - (0) - (0) - (0) - (0) - (25) - (0) - (0) - (0) 90 - (10) - (5) - (0) - (25) - (1) - (0) - (10) - (0) 41 - (5) - (0) - (50) - (0) - (0) - (0) - (0) - (1) 91 - (1) - (0) - (0) - (0) - (10) - (0) + (100) + (50) 42 - (0) - (0) - (1) - (0) - (0) - (50) - (1) - (0) 92 - (0) - (0) - (0) - (5) - (0) - (1) - (1) - (0) 43 - (0) - (5) - (0) - (0) - (25) - (0) - (0) - (0) 93 - (5) - (1) + (100) + (50) - (0) - (0) - (0) - (0) 44 - (0) - (10) - (0) - (0) - (0) - (5) - (0) - (0) 94 - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 45 - (0) - (0) - (5) - (1) - (0) - (0) + (50) - (0) 95 - (0) - (1) + (25) + (100) - (0) - (0) - (0) - (0) 46 - (25) - (0) - (0) - (10) - (10) - (25) - (0) - (0) 96 - (0) - (0) - (0) - (50) - (5) - (10) - (0) - (0) 47 - (1) - (0) - (5) - (0) - (0) - (1) - (0) - (0) 97 - (0) - (0) - (1) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 48 - (0) - (0) - (0) - (50) - (0) - (5) - (25) + (100) 98 - (5) - (50) - (50) - (0) - (0) - (0) - (0) - (0) 49 - (10) - (0) - (0) + (100) - (0) - (50) - (0) - (0) 99 - (0) - (1) - (0) - (10) - (0) - (0) - (0) - (0) 50 - (1) - (0) - (0) - (5) -(10) - (0) - (0) - (0) 100 - (0) - (0) - (0) - (50) - (0) - (0) - (0) - (0)

ANF = anfetamina; MET = metanfetamina; NOR = norefedrina; CAT = catina; EFE = efedrina; PSE = pseudoefedrina; MDA = metilenodioxianfetamina; MDMA = metilenodioximetanfetamina. Em negrito: amostras classificadas como “positivas” embora não contivessem o analito de interesse. Os valores em itálico indicam qual a concentração (em ng/mL) do analito na amostra (seção 3.5.1.2)

Page 86: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

73

Analisando-se os dados apresentados na Tabela 9, nota-se que, para algumas anfetaminas

(metanfetamina, norefedrina e catina,), apenas os analitos que estavam na concentração de

100 ng/mL foram detectados. Outros analitos (anfetamina, efedrina e pseudoefedrina) também

foram detectados algumas vezes na concentração de 50 ng/mL. No entanto, apenas as

metilenodioxianfetaminas (MDA e MDMA) foram detectadas em ambas concentrações em

todas as amostras nas quais estavam presentes. Portanto, a partir desses resultados, foi

possível estabelecer o Limite Mínimo de Desempenho (cut-off) para o método desenvolvido

(Tabela 10).

Tabela 10. Limite Mínimo de Desempenho obtido para o método desenvolvido Analito Limite Mínimo de Desempenho

Anfetamina 100 ng/mL

Metanfetamina 100 ng/mL

Norefedrina 100 ng/mL

Catina 100 ng/mL

Efedrina 100 ng/mL

Pseudoefedrina 100 ng/mL

MDA 50 ng/mL

MDMA 50 ng/mL

A Agência Mundial de Controle de Dopagem (AMA, WADA) exige que o método

utilizado para screening tenha um Limite Mínimo de Desempenho igual a 500 ng/mL. Logo,

o método de screening baseado em espectrometria de massas aqui desenvolvido atenderia

satisfatoriamente como um método para triagem de estimulantes nas análises de controle de

dopagem. Esse método também cumpre outros requisitos para um método de screening:

rapidez da análise, boa sensibilidade, boa especificidade e, reprodutivo. Além disso, o

espectrômetro de massas é tecnicamente de fácil operação e dispensa quase por completo a

preparação da amostra. Entretanto, essa técnica ainda apresenta um ponto negativo: o custo de

um equipamento como o utilizado aqui ainda é elevado.

4.1.3 Estudo com amostras reais

Assim como na simulação de um screening (seção 4.1.2), as análises de agrupamento

realizadas para as amostras reais (objetos) também foram baseadas na abundância relativa de

cada razão m/z (variáveis) apresentada nos espectros MS/MS, usando como referência os

espectros dos padrões. As distâncias de amalgamento, utilizadas como critério para a

Page 87: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

74

formação do grupo de “casos positivos” foram mantidas em 100 (anfetamina, norefedrina,

pseudoefedrina e MDMA) ou 150 (metanfetamina, catina, efedrina e MDA).

Analisando-se os dendogramas obtidos para as análises das amostras reais, observa-se

um grupo de amostras associado à anfetamina de referência por uma distância de

amalgamento inferior à distância-limite estabelecida (Figuras 43, 44, 45 e 46), o que indica

que tais amostras apresentam uma “alta similaridade” em relação ao analito padrão. Tendo

como base os dados apresentados, foi possível classificar as amostras reais analisadas como

“casos positivos” (+, contem alguma anfetamina) ou “casos negativos” (-, não contem a

substância ou a mesma encontra-se abaixo do Limite Mínimo de Desempenho da técnica)

(Tabela 11).

Quando se analisam especificamente os dados obtidos para o screening das efedrinas,

observa-se que os dendogramas são idênticos para os pares de isômeros (Figuras 44 e 45),

levando a um resultado inconclusivo sobre qual é o isômero presente na amostra. Nesse caso,

um bom método confirmatório capaz de reconhecer e diferenciar diasteroisômeros torna-se

essencial.

Embora as análises de cluster, de forma geral, sugerissem uma boa classificação,

somente com os resultados apresentados, nada se pode predizer a respeito da confiabilidade

do método (falsos-positivos, falsos-negativos) sem o suporte de uma análise confirmatória.

Por isso, todas as 58 amostras foram submetidas à análise confirmatória por CG-EM.

Page 88: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

75

Figu

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Page 89: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

76

Figu

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Page 90: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

77

Figu

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Page 91: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

78

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a)

Page 92: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

Tabela 11. Resultados obtidos para o screening

Amostra ANF MET NOR CAT EFE PSE MDA MDMA Amostra ANF MET NOR CAT EFE PSE MDA MDMA 1 + - - - - - - - 30 - - - - - - - - 2 - - + + + + - - 31 - - + + + + - - 3 - - + + + + - - 32 + - - - + + + + 4 - - + + + + - - 33 - - - - - - - + 5 - - + + + + - - 34 - - + + + + - + 6 - - + + + + - - 35 - - + + + + - - 7 - - - - - - - - 36 - - + + + + - - 8 - - - - - - - - 37 - - - - + + - - 9 - - - - - - - - 38 - - - - + + - -

10 - - - - - - - - 39 - - + + + + - - 11 - - + + + + - - 40 - - + + + + - - 12 - - - - - - - - 41 - - + + + + - - 13 - - - - - - - - 42 - - + + + + - - 14 - - - - - - - - 43 - - + + + + - - 15 - - - - - - - - 44 - - + + + + - - 16 - - + + + + - - 45 - - + + + + - - 17 - - - - - - - - 46 - - - - - - - - 18 - - + + + + - - 47 - - + + + + - - 19 - - + + + + - - 48 + - - - + + + + 20 - + + + + + - - 49 - - - - + - - - 21 - - + + + + - - 50 - - - - - - - + 22 - - - - - - - - 51 - - + + + - - - 23 - - + + + + - - 52 - - - - + - - - 24 - - - - - - - - 53 - - + + + + - - 25 - - - - - - - - 54 - - + + + + - + 26 - - + + + + - - 55 - - + + + + - - 27 - - - - - - - - 56 - - + + + + - - 28 - - + + + + - - 57 - - - - - - - - 29 - - + + + + - - 58 - - + + + + - -

ANF = anfetamina; MET = metanfetamina; NOR = norefedrina; CAT = catina; EFE = efedrina; PSE = pseudoefedrina; MDA = metilenodioxianfetamina; MDMA = metilenodioximetanfetamina

Page 93: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

80

4.2 Método Confirmatório

4.2.1 Otimização

4.2.1.1 Condições Cromatográficas

O ponto chave na otimização das condições cromatográficas foi a escolha dos íons

monitorados. Nas análises dos espectros obtidos no modo full scan, observou-se que, em

quase todos, o sinal correspondente ao íon molecular estava ausente ou apresentava baixa

intensidade. Como o analisador de massas utilizado no experimento do tipo Ion Trap, não foi

possível correlacionar diretamente os espectros de massa obtidos com os bancos de dados do

software, visto que esses foram adquiridos com o uso de um detector do tipo quadrupolo. Por

isso, a partir dos espectros obtidos, foram propostas fragmentações, as quais justificassem as

principais atribuições feitas aos sinais apresentados (Figura 47).

A partir das atribuições mostradas, não é possível observar substancialmente íons que

sejam específicos para uma ou outra anfetamina (íons diagnósticos). Por se tratar de derivados

estruturais, na maioria das vezes o processo de fragmentação leva a quebras de ligações nos

mesmos pontos, gerando, assim, os mesmos fragmentos. Nesse caso, selecionar íons

diagnósticos para análises em modo SIM, torna-se bastante complexo e a análise pode perder

em sensibilidade. Uma alternativa consiste em escolher íons que, embora comuns a (quase)

todas, apresentem abundâncias relativas diferentes. Por isso, nesse estudo, a escolha dos íons

para o modo SIM foi baseada na abundância relativa.

Com a otimização das condições do equipamento foi possível obter o perfil

cromatográfico mostrado na Figura 48. O tempo de retenção para cada anfetamina está

apresentado na Tabela 12.

Page 94: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

81

Figura 47. Espectros obtidos em modo full scan para os padrões de anfetaminas derivatizados com anidrido acético / piridina

Page 95: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

82

Figura 48. Cromatogramas obtidos em modo SIM para os padrões de anfetaminas derivatizados com anidrido acético/piridina

Page 96: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

83

Tabela 12. Tempo de retenção obtido para cada analito Analito Tempo de retenção (min) Resolução

Anfetamina 11,44 9,18

Metanfetamina 12,32 4,69

Éster da fenilalanina 14,01 -

Norefedrina 14,59 -1,90

Catina 14,79 -1,70

Efedrina 15,73 -5,64

Pseudoefedrina 16,03 -4,64

MDA 17,68 5,56

MDMA 19,31 2,57

MBDB 21,07 -

Uma corrida cromatográfica que consuma um tempo superior a 30 minutos para uma

análise de controle de dopagem não é muito satisfatória. Na tentativa reduzir o tempo da

análise, aumentando a taxa de aquecimento, observou-se que ocorria a sobreposição dos sinais

correspondentes aos pares de isômeros, sobretudo norefedrina/catina. Como os íons

monitorados foram os mesmos para ambas, a análise, nesse caso, tornou-se inconclusiva. Por

isso, optou-se por manter a análise com o tempo total de 35,9 minutos, uma vez que os

cromatogramas apresentaram boa resolução. No modo SIM, limitou-se a trabalhar com apenas

3 íons por analito, uma vez que o tempo de isolamento é proporcional ao número de íons. Se

esse tempo aumenta, enquanto os íons de uma substância ficam retidos, os de outra são

eliminados e, portanto, a sensibilidade do equipamento fica reduzida.

4.2.1.2 Extração

Quando os compostos foram eluídos com 1,0 mL de metanol, verificou-se que nem

todos os analitos (MDA e norfedrina) apresentaram sinais no cromatograma. Isso sugere que

o volume de metanol era insuficiente para interagir com os analitos e retirá-los da fase

estacionária. Quando foram utilizados volumes de 2,0 mL e 3,0 mL observou-se que os sinais

nos cromatogramas eram bons e bastante próximos para ambos volumes. No entanto, 3,0 mL

de metanol é um volume relativamente grande para secar sob atmosfera de N2 e esse processo

levaria um tempo considerável para terminar. Por isso, optou-se por trabalhar como o volume

de 2,0 mL, que levava em média 15 minutos para a evaporação completa.

Page 97: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

84

4.2.1.3 Derivatização

Quando somente o anidrido acético foi utilizado como reagente derivatizante (Figura

50) observou-se que os pares de isômeros norefedrina/catina e pseudoefedrina/efedrina foram

coeluidos. Quando a derivatização foi conduzida em presença de piridina, a resolução dos

cromatogramas para cada um dos analitos melhorou significativamente, sendo possível

observar 4 sinais cromatográficos independentes, que puderam se atribuídos para cada

isômero. A piridina é um composto de caráter básico e por isso, interage preferencialmente

com hidrogênio amínico das anfetaminas (Figura 49a). A posição desse átomo varia de acordo

com o isômero em questão e pode favorecer ou dificultar a interação da molécula com a

piridina. Por isso, durante a reação de derivatização (Figura 49b), o ataque nucleofílico da

anfetamina fica condicionado a interação entre o isômero e a piridina.

N

R2

R1

O

O O

RN

R

O

O

O

N N H

R1 R2

+ +H

a)

b)

Figura 49. Esquema geral da reação do anidrido acético com uma anfetamina

Nesse estudo, procurou-se avaliar ainda como a quantidade de piridina no meio

reacional influenciava na derivatização. Utilizando-se uma mistura 20% piridina, 80%

anidrido, foram obtidos cromatogramas com boa resolução, porem com picos de baixa

intensidade. Cromatogramas com boa resolução e sinais com boa intensidade e baixo valor

para a razão sinal-ruído (do inglês signal-to-noise ratio, ou S/N) foram obtidos utilizando-se

tanto uma mistura 60% anidrido, 40% piridina, quanto uma mistura 50% anidrido, 50%

piridina. No entanto, optou-se pela primeira (60%, 40%), devido à menor quantidade de

piridina envolvida, que é uma substância bastante tóxica.

4.2.2 Validação

Nesse trabalho, optou-se por utilizar amostras de pool de urina ao invés de amostras

individuais no sentido de reduzir ou eliminar qualquer efeito da matriz. As análises das

Page 98: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

85

amostras de referência negativa (os “brancos”) não revelaram a presença de qualquer

composto interferente co-eluindo com os analitos em estudo e/ou padrões internos (Figura 51).

Figura 50. Cromatograma obtidos em modo SIM para as amostras de referência negativa. As

marcações em pontilhado indicam os tempos de retenção para cada analito

Page 99: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

86

4.2.2.1 Linearidade e Sensibilidade

A partir das análises feitas com as concentrações descritas anteriormente, notou-se um

comportamento cromatográfico bastante similar para as anfetaminas (Figura 51). Quando a

faixa de concentração é muito baixa (1–5 ng/mL), observa-se uma diminuição na intensidade

do sinal cromatográfico. No entanto, à medida que a concentração dos analitos aumenta, a

intensidade dos picos aumenta significativamente. Esse aumento é linear para uma ampla

faixa de concentração, aproximadamente 50 a 1000 ng/mL. Para concentrações mais elevadas

(acima de 1000 ng/mL), com exceção das metilenodioxianfetaminas, a intensidade dos sinais

apresenta um aumento bastante discreto. Essa queda na linearidade sugere que tais

concentrações já estariam extrapolando a faixa óptima de trabalho para os analitos em questão.

Além disso, trabalhar com concentração na ordem de ppm como modo de injeção splitless

pode não ser muito aconselhável, principalmente quando se trata de matrizes complexas como

a urina. Um dos principais motivos para isso é o aparecimento de um efeito memória, devido

a um acúmulo de material proveniente da matriz, que ocorre principalmente no injetor do

equipamento. Quando há muito material acumulado no injetor, a entrada dos analitos na

coluna cromatográfica fica comprometida, levando à perda de resposta nas análises, que por

sua vez terão de ser interrompidas para uma manutenção no equipamento.

Nas análises em matrizes biológicas, para um método quantitativo apresentar boa

linearidade, é necessário que o valor do coeficiente de correlação (R2) seja superior a 0,99

(HARTMANN, 1998). Nesse trabalho, os valores obtidos para esses coeficientes são muito

superiores a esse mínimo, indicando que os modelos lineares estão bem ajustados (Tabela 13).

O método aqui desenvolvido apresentou uma ampla faixa linear para todos os analitos

estudados. Comparando essa com algumas já publicadas na literatura (Tabela 14), nota-se que

o método aqui desenvolvido apresentou uma linearidade tão boa (ou até melhor) quanto a de

outros métodos que utilizam outras técnicas de extração e/ou derivatização. Dessa forma,

pode-se dizer que o método proposto torna-se uma alternativa muito interessante para análise

de anfetaminas, principalmente devido ao menor custo dos reagentes utilizados.

A sensibilidade do método foi avaliada, baseando-se nos valores de Limite de

Detecção (LD) e Limite de Quantificação (LQ) calculados a partir das análises realizadas com

as amostras de referência negativa. Em relação a esse parâmetro, pode-se se dizer que o

método apresentou uma sensibilidade muito boa para todos os analitos estudados, como

limites de detecção e de quantificação variando de 0,0140 mg/mL a 15,33 ng/mL, e 0, 0466

ng/mL a 51,10 ng/mL, respectivamente (Tabela 13). Em relação a outros trabalhos publicados

Page 100: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

87

a)

b)

c)

d)

e)

f)

g)

h)

Figura 51. Estudo de linearidade para a) anfetamina, b) metanfetamina, c) norefedrina, d) catina, e) efedrina, f) pseudoefedrina, g) MDA e h) MDMA

Page 101: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

88

na literatura, o método desenvolvido aqui se apresentou tão ou, para alguns casos, ainda mais

sensível que outros já consagrados, o que o coloca como uma boa alternativa para análises

quantitativas, principalmente em controle de dopagem (Tabela 15).

Tabela 13. Linearidade e Sensibilidade para os derivados acéticos das anfetaminas estudadas.

Analito Linearidade (ng/ mL)

Equação de ajuste para o modelo linear R2 LD

(ng/ mL) LQ

(ng/ mL) Anfetamina 25-1000 y=(0.00408±0.0001)x + (0.95±0.05) 0.99777 6.14 20.45

Metanfetamina 50-1000 y=(0.00152±0.00004)x + (0.50±0.02) 0.99827 10.05 33.49 Norefedrina 10-1000 y=(0.00455±0.00007)x - (0.07±0.03) 0.99896 2.45 8.17

Catina 10-1000 y=(0.00258±0.00005)x + (0.54±0.02) 0.99828 3.01 10.05 Efedrina 50-2000 y=(0.00087±0.00001)x + (0.3±0.01) 0.99928 15.33 51.10

Pseudoefedrina 10-1000 y=(0.044±0.001)x – (1.4±0.5) 0.99712 0.0140 0.0466 MDA 5-2000 y=(0,00459±0,00004)x + (0,11±0,03) 0,99955 0.411 1.37

MDMA 10-2000 y=(0.00465±0.00005)x + (0.06±0.04) 0.99923 2.23 7.45 y= áreaanalito/áreapadrão interno e x= concentração do analito

Tabela 14. Estudos de linearidade para anfetaminas encontrados na literatura

Referência SPYRIDAKI, 2001

HUANG, 2002

NISHIDA, 2003

FORSDAHL, 2004

KANKAANPAEAE, 2004

FRISON, 2005

PIRNAY, 2006

Extração ELL SPME SPE SPE ELL SPE SPE

Derivatização MSTFA / TSIM

HFBCl / HFBA PCP MSTFA HFBA TECP HFBA

Anfetamina Não analisa

1,0–1700 ng/mL

12,5–2000 ng/mL

Não analisa 20–5000 ng/mL 10–2000

ng/mL Não

analisa

Metanfetamina Não analisa

1,0–1700 ng/mL

12,5–2000 ng/mL

Não analisa 20–5000 ng/mL 10–2000

ng/mL Não

analisa

Norefedrina 10000–50000 ng/mL

Não analisa Não analisa 750–50000

ng/mL Não

analisa Não

analisa Não

analisa

Catina 3000–20000 ng/mL

Não analisa Não analisa 250–10000

ng/mL 20–5000 ng/mL 10–2000 ng/mL

Não analisa

Efedrina 10000–50000 ng/mL

Não analisa Não analisa 5000–20000

ng/mL 20–5000 ng/mL 10–2000 ng/mL

Não analisa

Pseudoefedrina 5000–30000 ng/mL

Não analisa Não analisa 750–50000

ng/mL 20–5000 ng/mL 10–2000 ng/mL

Não analisa

MDA Não analisa

Não analisa Não analisa Não

analisa 20–5000 ng/mL 10–2000 ng/mL

25–5000 ng/mL

MDMA Não analisa

Não analisa Não analisa Não

analisa 20–5000 ng/mL 10–2000 ng/mL

25–5000 ng/mL

MSTFA = N-metil-N(trimetilsili)-trifuoroacetamida; TSIM = trimetilsililimidazol; PCP = propilcolroformato; TECP= 2,2,2, tricloetilcloroformato; HFBCl = cloreto hexafluorobutírico; HFBA = anidrido hexafluorobutírico .

Page 102: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

89

Tabela 15. Dados de LD e LQ para anfetaminas encontrados na literatura

Referência HUANG, 2002

NISHIDA, 2003

FORSDAHL, 2004

KANKAANPAEAE, 2004

FRISON, 2005

PIRNAY, 2006

Extração SPME SPE SPE ELL SPE SPE

Derivatização HFBCl / HFBA PCP MSTFA HFBA TECP HFBA

Anfetamina

0,3 ng/mL (LD)

1,0 ng/mL (LQ)

5,0 ng/mL (LD)

12,5 ng/mL (LQ)

Não analisa 20 ng/mL (LQ) 2,0 – 5,0

ng/mL (LD)

Não analisa

Metanfetamina

0,3 ng/mL (LD)

1,0 ng/mL (LQ)

5,0 ng/mL (LD)

12,5 ng/mL (LQ)

Não analisa 20 ng/mL (LQ)

Não analisa

Norefedrina Não analisa Não analisa 7400 ng/mL (LQ) Não analisa Não analisa Não

analisa

Catina Não analisa Não analisa 1100 ng/mL (LQ)

20 ng/mL (LQ)

2,0 – 5,0 ng/mL (LD)

Não analisa

Efedrina Não analisa Não analisa 1700 ng/mL (LQ)

20 ng/mL (LQ)

Não analisa

Pseudoefedrina Não analisa Não analisa 6900 ng/mL (LQ)

20 ng/mL (LQ)

Não analisa

MDA Não analisa Não analisa Não analisa

20 ng/mL (LQ)

10 ng/mL (LD)

25 ng/mL (LQ)

MDMA Não analisa Não analisa Não analisa

20 ng/mL (LQ)

10 ng/mL (LD)

25 ng/mL (LQ)

MSTFA = N-metil-N(trimetilsili)-trifuoroacetamida; TSIM = trimetilsililimidazol; PCP = propilcolroformato; TECP= 2,2,2, tricloetilcloroformato; HFBCl = cloreto hexafluorobutírico; HFBA = anidrido hexafluorobutírico .

4.2.2.2 Precisão Intra-dia e Precisão Inter-dia

A precisão intra-dia está relacionada principalmente com o cuidado no preparo das

amostras e com a estabilidade do equipamento. Os resultados apresentados na Tabela 16

indicam uma precisão intra-dia média superior a 95% (CV inferior a 5%) com poucas

exceções, o que é bastante satisfatório para análises realizadas em matrizes biológicas. Isso

sugere que as amostras foram cuidadosamente preparadas, minimizando o erro experimental.

A precisão inter-dia reflete a variabilidade de um método de um dia para outro. Por

isso, está associada com a preparação das amostras de a flutuação da resposta do equipamento.

Nesse estudo, o método apresentou uma precisão inter-dia média de 95% também com poucas

exceções (Tabela 16). Uma variação de aproximadamente 5% no inter-ensaio para análises

biológicas é considerada muito baixa (até 10% é aceitável) e está associada ao erro

sistemático.

Comparando os coeficientes obtidos tanto para a precisão intra-dia como para precisão

inter-dia com alguns encontrados na literatura mais recente (Tabelas 17 e 18), pode-se dizer

Page 103: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

90

que o método desenvolvido aqui apresentou resultados tão satisfatórios quanto outros já

validados. Isso faz do método desenvolvido nesse trabalho uma boa opção para análises em

urina.

Tabela 16. Precisões intra-dia e inter-dia para os derivados acéticos das anfetaminas estudadas

Analito Concentração (ng/mL)

Precisão Intra-dia (% CV)

Precisão Inter-dia (% CV)

Anfetamina

25 5.87 3.15 100 4.64 4.66 250 2.52 2.77

Metanfetamina 25 n.a. n.a.

100 3.43 3.92 250 2.51 2.55

Norefedrina 25 5.43 1.96

100 3.99 5.02 250 3.21 1.78

Catina 25 5.95 5.24

100 3.42 2.28 250 2.82 3.99

Efedrina 25 n.a. n.a.

100 5.11 5.34 250 3.57 5.67

Pseudoefedrina 25 5.49 5.29

100 2.29 3.64 250 1.61 1.76

MDA 25 5.22 6.19

100 3.63 3.63 250 3.15 4.94

MDMA 25 4.34 4.69

100 4.78 4.07 250 3.10 4.77

n.a. = não se aplica

Page 104: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

91

Tabela 17. Dados de precisão intra-dia para anfetaminas encontrados na literatura

Referência SPYRIDAKI, 2001

HUANG, 2002

NISHIDA, 2003

FORSDAHL, 2004

PIRNAY, 2006

Extração ELL SPME SPE SPE SPE

Derivatização MSTFA / TSIM HFBCl / HFBA PCP MSTFA HFBA

Anfetamina Não analisa

4,55% (50) 2,27% (500)

0,68% (200) 1,84% (1000)

Não analisa Não analisa

Metanfetamina Não analisa

2,29% (50) 1,56% (500)

3,60% (200) 1,28% (1000)

Não analisa Não analisa

Norefedrina 2,0-7,0% (10000) Não analisa Não analisa 3,2% (2500, 5000, 10000) Não analisa

Catina 2,0-7,0% (10000) Não analisa Não analisa 1,2% (2500, 5000, 10000) Não analisa

Efedrina 2,0-7,0% (10000) Não analisa Não analisa 2,3% (2500, 5000, 10000) Não analisa

Pseudoefedrina 2,0-7,0% (10000) Não analisa Não analisa 4,1% (2500, 5000, 10000) Não analisa

MDA Não analisa Não analisa Não analisa Não

analisa < 6% MDMA Não

analisa Não analisa Não analisa Não analisa

MSTFA = N-metil-N(trimetilsili)-trifuoroacetamida; TSIM = trimetilsililimidazol; PCP = propilcloroformato; TECP= 2,2,2, tricloetilcloroformato; HFBCl = cloreto hexafluorobutírico; HFBA = anidrido hexafluorobutírico . As demais referências foram omitdas pois não informam os valores da precisão intra-dia. Entre parênteses está(ao) especificado(s) a(s) concentração(ões), em ng/mL na(s) qual(is) o estudo foi realizado.

Tabela 18. Dados de precisão inter-dia para anfetaminas encontrados na literatura

Referência SPYRIDAKI, 2001

HUANG, 2002

NISHIDA, 2003

KANKAANPAEAE, 2004

FORSDAHL, 2004

PIRNAY, 2006

Extração ELL SPME SPE ELL SPE SPE

Derivatização MSTFA / TSIM

HFBCl / HFBA PCP HFBA MSTFA HFBA

Anfetamina Não analisa

3,76% (50)

2,38% (500)

1,35% (200) 1,11% (1000)

5,4% (200) 9,1% (500)

Não analisa

Não analisa

Metanfetamina Não analisa

2,44% (50)

2,83% (500)

1,85% (200) 2,91% (1000)

6,3% (200) 10,5% (500)

Não analisa

Não analisa

Norefedrina 3,3-9,4% (10000)

Não analisa Não analisa 8,2% (200)

9,7% (500) 10,7% (2500, 5000, 10000)

Não analisa

Catina 4,0-14% (10000)

Não analisa Não analisa Não

analisa 10,6% (2500, 5000, 10000)

Não analisa

Efedrina 1,6-2,9% (10000)

Não analisa Não analisa 10,1% (200)

16,1% (500) 5,7% (2500, 5000, 10000)

Não analisa

Pseudoefedrina 2,1-3,8% (10000)

Não analisa Não analisa 9,2% (200)

14,13% (500) 7,6% (2500, 5000, 10000)

Não analisa

MDA Não analisa

Não analisa Não analisa 5,3% (200)

12,8% (500) Não

analisa 3,5 -12,9% MDMA Não

analisa Não

analisa Não analisa 7,9% (200) 7,6% (500)

Não analisa

MSTFA = N-metil-N(trimetilsili)-trifuoroacetamida; TSIM = trimetilsililimidazol; PCP = propilcloroformato; TECP= 2,2,2, tricloetilcloroformato; HFBCl = cloreto hexafluorobutírico; HFBA = anidrido hexafluorobutírico. Entre parênteses está(ão) especificado(s) a(s) concentração(ões), em ng/mL na(s) qual(is) o estudo foi realizado.

Page 105: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

92

4.2.2.3 Recuperação

O método desenvolvido nesse trabalho também apresentou excelentes índices de

recuperação (Tabela 19). Um dos pontos fundamentais para isso foi a etapa de extração dos

compostos. Os cartuchos de EFS continham uma quantidade de fase estacionária

relativamente alta (100 mg), resultando em uma maior área superficial em contato com a

amostra, o que permitiu uma maior interação entre a fase e os analitos. Com isso, a retenção

dos compostos de interesse foi maior. Outro ponto importante na etapa de extração foi a

otimização da velocidade do eluente. O fluxo para a aspiração dos solventes e da amostra

também foi essencial para um bom índice de recuperação. Se um vácuo mais forte fosse

utilizado, a amostra seria aspirada muito rapidamente, dificultando as interações dos analitos

com a fase estacionária. O mesmo aconteceria durante a passagem do eluente. Esse seria

aspirado muito rapidamente e interagiria pouco (ou não interagiria) com os compostos,

deixando os mesmos retidos no cartucho. Se fosse aplicado um vácuo mais fraco, a eficiência

da extração poderia ser também muito boa. Entretanto, o processo de extração se tornaria

mais lento, o que o inviabilizaria em casos de grandes quantidades de amostras.

Tabela 19. Índices de recuperação para os derivados acéticos das anfetaminas estudadas

Analito Concentração (ng/mL)

Recuperação (%)

Anfetamina 25 92.24 100 93.30 250 94.66

Metanfetamina 25 n.a. 100 91.87 250 92.47

Norefedrina 25 90.51 100 91.50 250 92.40

Catina 25 90.76 100 91.09 250 93.46

Efedrina 25 n.a. 100 89.44 250 90.20

Pseudoefedrina 25 87.39 100 88.76 250 89.14

MDA 25 89.37 100 91.67 250 94.98

MDMA 25 90.49 100 93.00 250 95.89

n.a. = não se aplica

Page 106: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

93

Um outro ponto que pode interferir no índice de recuperação de método está

relacionado às condições de operação do equipamento. Quando ocorre acúmulo de material

contaminante (geralmente proveniente da matriz) no equipamento, os ensaios de recuperação

podem ser facilmente comprometidos. Se esse acúmulo de material ocorre na fonte de

ionização, a ionização dos analitos torna-se menos eficiente e, conseqüentemente, a detecção

fica prejudicada. Se o acúmulo ocorre no injetor no cromatógrafo, a entrada dos analitos na

coluna cromatográfica e, conseqüentemente, a separação fica prejudicada. Para evitar que

essas situações interferissem negativamente na validação do método, procurou-se fazer a

manutenção do equipamento periodicamente. O liner (tubo de vidro presente no injetor,

responsável por “conduzir” a amostra até a entrada da coluna) era trocado após 150 injeções,

aproximadamente, e, o íon volume (onde ocorre a ionização dos compostos provenientes do

cromatógrafo), após um mês de uso ininterrupto.

Comparando os resultados obtidos com aqueles da literatura (Tabela 20), pode-se

dizer que o método desenvolvido apresentou índices de recuperação tão bons ou ainda

melhores que aqueles obtidos por outros métodos validados recentemente.

Tabela 20. Dados de recuperação para anfetaminas encontrados na literatura

Referência SPYRIDAKI, 2001

HUANG, 2002

NISHIDA, 2003

FORSDAHL, 2004

KANKAANPAEAE, 2004

FRISON, 2005

PIRNAY, 2006

Extração ELL SPME SPE SPE ELL SPE SPE

Derivatização MSTFA / TSIM

HFBCl / HFBA PCP MSTFA HFBA TECP HFBA

Anfetamima Não analisa

7,87% (50)

10,39% (500)

88,2% (1000)

Não analisa 99% (500) 80-87%

(100) Não

analisa

Metanfetamina Não analisa

8,61% (50)

11,56% (500)

92,5% (1000)

Não analisa 90% (500) 80-87%

(100) Não

analisa

Catina

86-119% (10000)

Não analisa Não analisa 91% (2500,

5000, 10000) Não

analisa Não

analisa Não

analisa

Norefedrina Não analisa Não analisa 93% (2500,

5000, 10000) Não

analisa 80-87% (100)

Não analisa

Pseudoefedrina Não analisa Não analisa 84% (2500,

5000, 10000) Não

analisa 80-87% (100)

Não analisa

Efedrina Não analisa Não analisa 85% (2500,

5000, 10000) Não

analisa 80-87% (100)

Não analisa

MDA Não analisa

Não analisa Não analisa Não

analisa 98% (500) 80-87% (100) 90-117%

MDMA Não analisa

Não analisa Não analisa Não

analisa 89% (500) 80-87% (100)

MSTFA = N-metil-N(trimetilsili)-trifuoroacetamida; TSIM = trimetilsililimidazol; PCP = propilcolroformato; TECP= 2,2,2, tricloetilcloroformato; HFBCl = cloreto hexafluorobutírico; HFBA = anidrido hexafluorobutírico . Entre parênteses está(ao) especificado(s) a(s) concentração(ões), em ng/mL na(s) qual(is) o estudo foi realizado.

Page 107: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

94

4.2.2.4 Estabilidade da amostra (congelamento / descongelamento)

No estudo de estabilidade da amostra, observou-se que, após o primeiro

descongelamento das amostras, houve uma redução significativa na concentração dos analitos

(Figura 52). Isso se deve principalmente ao fato de que, quando uma amostra de urina é

descongelada, parte do muco e das proteínas presentes na mesma precipitam e, possivelmente,

parte dos analitos presentes na matriz precipitam junto com esse material. Isso justificaria a

queda da concentração após o primeiro descongelamento. Após o segundo e o terceiro

descongelamentos, como há pouca precipitação de material biológico, a quantidade de analito

que precipitaria seria insignificante, o que explicaria a pequena variação após os demais ciclos.

Embora tenha ocorrido uma redução inicial significativa na concentração dos analitos

(refletida na razão áreaanalito/áreapadrão interno), analisando-se a variação total da concentração de

cada um ao final do ensaio, observa-se que tal variação encontra-se dentro do limite aceitável

de trabalho (inferior a 20%) (HARTMANN, 1998). Portanto, pode-se dizer que mesmo

quando as amostras já foram congeladas mais de uma vez, ainda é possível realizar as análises,

embora esse não seja o procedimento mais aconselhável.

Na literatura, apenas o trabalho realizado por Pirnay e colaboradores (PIRNAY, 2006)

apresentou um estudo de estabilidade da amostra e nesse, o valor encontrado foi inferior a

20%.

Page 108: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

95

Figura 52. Estudo de estabilidade dos derivados acéticos das anfetaminas

Page 109: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

96

4.2.2.4 Considerações Finais

1- Nos estudos de precisão intra- e inter-dia, recuperação e estabilidade das amostras,

as amostras cobriram apenas concentrações baixas e médias (relativas à faixa de linearidade).

Isso aconteceu porque, durante as análises das replicatas em concentrações mais elevadas

(500 ou 1000 ng/mL), observou-se um alargamento do sinal cromatográfico e, ao mesmo

tempo, uma redução na razão sinal/ruído correspondente a esse pico. Sempre que isso

acontecia, a bateria de análises tinha que ser interrompida para que se fizesse uma

manutenção preventiva no equipamento. Esse procedimento de “emergência” prejudicava

muito os estudos como o de Precisão Intra-dia e de Recuperação, os quais envolviam um

número maior de replicatas.

2 - Os resultados obtidos com o método apresentado nesse trabalho são coerentes com

aqueles obtidos por outros métodos descritos na literatura recente. Isso sugere que o novo

método proposto é tão eficiente como outros já publicados. Entretanto, ele ainda apresenta

uma grande vantagem no que se refere à redução de custos relacionados com a etapa de

preparação de amostra, uma vez que usa reagentes comuns em grau analítico como

derivatizantes.

4.2.3 Análise confirmatória do screening: aplicação do método de CG-EM para análises de amostras reais

Todas as amostras analisadas pelo método de screening foram submetidas à

confirmação e quantificação por CG-EM. As curvas de calibração, na faixa de 50 a 500

ng/mL, utilizadas para os cálculos de quantificação apresentaram as equações mostradas na

Tabela 21.

Tabela 21. Curvas de calibração utilizadas para a quantificação das anfetaminas Analito Equação da reta R2

Anfetamina (0,0041±0,0001)x + (1,01±0,03) 0,99862 Metanfetamina (0,00148±0,00009)x + (0,50±0,03) 0,99237

Norefedrina (0,0046±0.0002)x - (0,07±0.03) 0,99476 Catina (0,00268±0.00005)x + (0,54±0.02) 0,99197

Efedrina (0,00082±0.00001)x + (0,310±0.003) 0,99961 Pseudoefedrina (0.042±0.002)x – (1.54±0.7) 0,99408

MDA (0,00437±0,00008)x + (0,14±0,02) 0,99930 MDMA (0,0044±0.0002)x + (0,08±0.07) 0,99422

Com os resultados obtidos nas análises e, utilizando as equações acima, as

concentrações de cada anfetamina nas amostras foram calculadas (Tabela 22). Confrontando

os valores obtidos aqui com os resultados apresentados na Tabela 11, foi possível avaliar a

confiabilidade do método de screening proposto nesse trabalho.

Page 110: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

Tabela 22. Concentrações das anfetaminas encontradas em amostras reais de urina (em ng/mL) Amostra ANF MET NOR CAT EFE PSE MDA MDMA Amostra ANF MET NOR CAT EFE PSE MDA MDMA

1 0 (+) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 30 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 2 0 (-) 0 (-) 0 (+) 401 (+) 352 (+) 10735 (+) 0 (-) 0 (-) 31 0 (-) 0 (-) 0 (+) 395 (+) 2668 (+) 8638 (+) 0 (-) 0 (-) 3 0 (-) 0 (-) 0 (+) 0 (+) 0 (+) 0 (+) 0 (-) 0 (-) 32 110000 (+) 0 (-) 0 (-) 89 (-) 25292 (+) 447 (+) 198000 (+) 436700 (+) 4 0 (-) 0 (-) 0 (+) 358 (+) 944 (+) 4928 (+) 0 (-) 0 (-) 33 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 5 0 (-) 0 (-) 0 (+) 620 (+) 3821 (+) 17496 (+) 0 (-) 0 (-) 34 0 (-) 0 (-) 0 (+) 125 (+) 844 (+) 4921 (+) 0 (-) 0 (+) 6 0 (-) 0 (-) 0 (+) 413 (+) 1229 (+) 13313 (+) 0 (-) 0 (-) 35 0 (-) 0 (-) 0 (+) 512 (+) 4657 (+) 33703 (+) 0 (-) 0 (-) 7 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 36 0 (-) 0 (-) 0 (+) 963 (+) 4307 (+) 14495 (+) 0 (-) 0 (-) 8 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 37 0 (-) 0 (-) 0 (-) 82 (-) 1917 (+) 5186 (+) 0 (-) 0 (-) 9 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 38 0 (-) 0 (-) 0 (-) 90 (+) 837 (+) 509 (+) 0 (-) 0 (-) 10 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 39 0 (-) 0 (-) 0 (+) 2967 (+) 3746 (+) 18529 (+) 0 (-) 0 (-) 11 0 (-) 0 (-) 0 (+) 412 (+) 1917 (+) 5186 (+) 0 (-) 0 (-) 40 0 (-) 0 (-) 0 (+) 2761 (+) 4512 (+) 13085 (+) 0 (-) 0 (-) 12 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 41 0 (-) 0 (-) 0 (+) 469 (+) 485 (+) 4580 (+) 0 (-) 0 (-) 13 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 42 0 (-) 0 (-) 0 (+) 150 (+) 516 (+) 389 (+) 0 (-) 0 (-) 14 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 43 0 (-) 0 (-) 0 (+) 997 (+) 189 (+) 10340 (+) 0 (-) 0 (-) 15 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 44 0 (-) 0 (-) 0 (+) 496 (+) 216 (+) 4921 (+) 0 (-) 0 (-) 16 0 (-) 0 (-) 0 (+) 0 (+) 533 (+) 2460 (+) 0 (-) 0 (-) 45 0 (-) 0 (-) 0 (+) 125 (+) 1817 (+) 8270 (+) 0 (-) 0 (-) 17 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 46 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 18 0 (-) 0 (-) 0 (+) 2083 (+) 13681 (+) 16 750 (+) 0 (-) 0 (-) 47 0 (-) 0 (-) 0 (+) 725 (+) 584 (+) 14851 (+) 0 (-) 0 (-) 19 0 (-) 0 (-) 0 (+) 2547 (+) 11809 (+) 28757 (+) 0 (-) 0 (-) 48 126000 (+) 0 (-) 0 (-) 73 (-) 20522 (+) 406 (+) 193200 (+) 501600 (+) 20 0 (-) 0 (+) 0 (+) 640 (+) 384 (+) 1854 (+) 0 (-) 0 (-) 49 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 298 (+) 0(-) 0 (-) 0 (-) 21 0 (-) 0 (-) 0 (+) 1292 (+) 4210 (+) 6795 (+) 0 (-) 0 (-) 50 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 16548(-) 22 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 51 0 (-) 0 (-) 0 (+) 670(+) 1565 (+) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 23 0 (-) 0 (-) 0 (+) 640 (+) 384 (+) 1854 (+) 0 (-) 0 (-) 52 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (+) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 24 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 53 0 (-) 0 (-) 0 (+) 515 (+) 1785 (+) 19650 (+) 0 (-) 0 (-) 25 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 54 0 (-) 0 (-) 0 (+) 3279 (+) 1167 (+) 8485 (+) 0 (-) 0 (-) 26 0 (-) 0 (-) 0 (+) 111 (+) 356 (+) 5575 (+) 0 (-) 0 (-) 55 0 (-) 0 (-) 0 (+) 5127 (+) 1411 (+) 4169 (+) 0 (-) 0 (-) 27 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 56 0 (-) 0 (-) 0 (+) 327 (+) 1173 (+) 6582 (+) 0 (-) 0 (-) 28 0 (-) 0 (-) 0 (+) 162 (+) 199 (+) 10202 (+) 0 (-) 0 (-) 57 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 0 (-) 29 0 (-) 0 (-) 0 (+) 1395 (+) 922(+) 16437 (+) 0 (-) 0 (-) 58 0 (-) 0 (-) 0 (+) 145 (+) 216 (+) 7795 (+) 0 (-) 0 (-)

ANF = anfetamina; MET = metanfetamina; NOR = norefedrina; CAT = catina; EFE = efedrina; PSE = pseudoefedrina; MDA = metilenodioxianfetamina; MDMA = metilenodioximetanfetamina Em negrito: amostras classificadas como “positivas”embora não contivesse o analito de interesse. Os valores entre parênteses indicam o resultado do screening. Em negrito itálico: amostras que foram confirmadas como negativas porque a concentração encontrada foi inferior ao limite mínimo de desempenho. Em itálico, a única amostra que foi considerada um “falso-positivo”porque a concentração encontrada está abaixo do limite mínimo de desempenho.

Page 111: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

98

Enquanto para a norefedrina, muitos casos foram considerados falso-positivos, para a

catina foram poucos, sendo apenas um devido ao valor de corte do método. Isso aconteceu

porque o método de screening baseado em espectrometria de massas MS/MS não é seletivo o

suficiente para distinguir diasteroisômeros. Para anfetamina, metanfetamina e catina, o

método se mostrou bastante confiável, uma vez que apresentou apenas um resultado falso-

positivo. Em relação às efedrinas, ele também o foi: apenas dois casos falsos-positivos para a

efedrina e três para a pseudoefedrina. Em relação às metanfetaminas, o método de screening

tamém apresentou boa cofiabilidade, pois houve apenas um caso falso-positivo para MDMA.

De forma geral, pode-se dizer que o método de screening desenvolvido apresentou

uma confiabilidade muito boa, uma vez que, apesar da quantidade relativamente alta de

resultados falso-positivos, não houve nenhum caso de resultado falso-negativo.

4.3 Estudo de cinética de excreção / Estudo comportamental

4.3.1 Estudo de cinética de excreção

As análises das amostras dos voluntários que ingeriram placebo não apresentaram

traços de anfetaminas. Com os resultados das análises quantitativas das amostras obtidas de

voluntários que ingeriram placebo, construiu-se uma curva da excreção de pseudoefedrina

e/ou metabólitos em função do tempo (Figura 53). Entretanto, deve-se ressaltar aqui que o

número de amostras utilizadas para se fazer esse estudo de cinética de excreção não é

suficiente para permitir um estudo conclusivo quanto ao metabolismo de efedrinas (TSENG,

2006).

A pseudoefedrina é eliminada na urina principalmente na forma ativa e não

metabolizada (a própria pseudoefedrina). O nível mais alto de pseudoefedrina na urina

aconteceu 6 horas após a ingestão do medicamento, exceto em um caso (voluntário 2), no qual

a maior quantidade de pseudoefedrina foi encontrada 2 horas mais tarde. Esses resultados

estão de acordo com dados já consagrados na literatura (BENEZRA, 1979). A catina, o

metabólito majoritário da pseudoefedrina, apresentou um comportamento diferente quanto à

excreção: uma curva ligeiramente ascendente para todos os voluntários.

Page 112: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

99

Figura 53. Estudo de cinética de excreção de pseudoefedrina em urina

Page 113: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

100

Em algumas situações em particular (voluntários 3 e 7), a concentração de efedrina foi

relativamente alta. Na presença de quantidades catalíticas de anidrido acético glacial e

piridina, a pseudoefedrina pode ser facilmente convertida em efedrina, especialmente em altas

condições de temperatura (BENTLEY, 2003). Dessa forma, esse “excesso” de efedrina deve

ser classificado como um artefato, formado durante a etapa de preparação e injeção da

amostra no cromatógrafo.

4.3.2 Estudo Comportamental

Após minuciosa análise quantitativa, qualitativa, interpretação global de cada exame e,

subseqüentemente, a análise comparativa dos exames de cada voluntário que ingeriu

pseudoefedrina em relação àqueles que ingeriram placebo, foi verificado que todos aqueles

que fizeram uso do medicamento sofreram alterações em seus níveis de tônus vital,

agressividade e emotividade:

• tônus vital: os níveis endógenos e reacionais subiram em níveis consideráveis e, ao final

do teste, evidenciaram uma tendência à fadiga, uma vez que sofreram quedas bruscas em seus

escores.

• agressividade: os níveis endógenos e reacionais diminuíram notadamente e mantiveram

seus escores do início ao fim do teste.

• emotividade: os níveis endógenos e reacionais subiram de maneira expressiva e mais

evidente em relação às duas mensurações anteriores. Tal emotividade deve ser compreendida

não na ordem de vivência de sentimentos, mas como a capacidade do sujeito de sentir com

profundidade as impressões e, quando percebidas intensamente, ocasionam o choque emotivo

que desencadeia uma reação global, tanto orgânica quanto psíquica.

Assim, a partir da análise conjunta desses dados, pode-se inferir que a pseudoefedrina

promove um aumento importante do tônus postural do indivíduo e tem sua ação

potencializada graças à captação dos níveis de agressividade (por isso seus escores

diminuídos) e o aumento considerável dos níveis de emotividade, que dão ao indivíduo mais

“vitalidade” para a ação. Entretanto, após essa “explosão energética”, tem-se uma queda

rápida desse tônus e subseqüente fadiga.

Page 114: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

101

5 Conclusões

Em relação ao método de screening, baseado em espectrometria de massas e

desenvolvido nesse trabalho, pode-se dizer que o mesmo é uma boa opção para triagem

sistemática em análises de controle de dopagem, pois atende aos principais requisitos. O

tempo de análise é curto (aproximadamente 2 minutos), o que torna possível a sua aplicação a

uma grande quantidade de amostra, como acontece em procedimentos de rotina. A preparação

das amostras limita-se a um simples processo de diluição, o que reduz consideravelmente, não

apenas o tempo gasto nessa etapa como também a quantidade de solventes a serem

descartados. E o mais importante, esse método apresentou uma boa confiabilidade (exceto

para o par de isômeros norefedrina/catina), haja vista a baixa incidência de resultados “falso-

positivos” e “falso-negativos”. Por outro lado, a utilização da espectrometria de massas como

técnica para screening ainda está longe de se tornar uma realidade, porque os bons

equipamentos ainda apresentam um custo elevado.

Em relação ao método confirmatório baseado em cromatografia a gás, acoplada à

espectrometria de massas, conclui-se que o mesmo consiste em uma ótima opção para

análises de controle de dopagem. As etapas de preparação de amostra foram bastante simples.

A extração em fase sólida (EFS) é eficiente, rápida (necessita de apenas alguns minutos),

dispensa muitas etapas (evitando, assim, a manipulação excessiva das amostras), e utiliza

pequena quantidade de solvente, reduzindo a quantidade de material a ser descartado. A

derivatização com anidrido acético em piridina, além de eficiente, apresenta custo reduzido,

por utilizar reagentes em grau analítico, que podem ser encontrados na maioria dos

laboratórios de pesquisa e análises de rotina. A análise, por sua vez, não é um processo

considerado rápido para cromatografia. Entretanto, o método desenvolvido apresentou

elevada sensibilidade, além de bons índices de precisão e recuperação. Embora não tenha sido

feito qualquer estudo de seletividade, pode-se dizer que, nas condições de trabalho em que foi

desenvolvido (utilizando pool de urina e analisando em modo SIM), o mesmo foi bastante

seletivo, pois apresentou pouco ou quase nenhum interferente.

Finalizando, pode-ser dizer que tanto o método de screening quanto o método

confirmatório que foram desenvolvidos nesse trabalho se equiparam aqueles apresentados

recentemente na literatura.

Page 115: D SCREENING ESI-MS CONFIRMAÇÃO POR GC-MS

102

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