d i s c i p l i n a metodologia científica · a ciência se torna o saber autorizado e legítimo...

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Célia Regina Diniz Iolanda Barbosa da Silva Metodologia Científica DISCIPLINA Ciência e conhecimento Autoras aula 02

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Célia Regina Diniz

Iolanda Barbosa da Silva

Metodologia CientíficaD I S C I P L I N A

Ciência e conhecimento

Autoras

aula

02

Aula 02  Metodologia CientíficaCopyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPEEliane de Moura Silva

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima (UFRN)

Revisora TipográficaNouraide Queiroz (UFRN)

IlustradoraCarolina Costa (UFRN)

Editoração de ImagensAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

DiagramadoresBruno de Souza Melo (UFRN)

Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)Ivana Lima (UFRN)

Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN) Mariana Araújo (UFRN)

Revisora de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisora de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

D585 Diniz, Célia Regina.

Metodologia científica / Célia Regina Diniz; Iolanda Barbosa da Silva. – Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.

ISBN: 978-85-87108-98-2

1. Metodologia científica I. Título.

21. ed. CDD 001.4

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

Aula 02  Metodologia Científica �

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Copyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.

Governo Federal

Presidente da RepúblicaLuiz Inácio Lula da Silva

Ministro da EducaçãoFernando Haddad

Secretário de Educação a Distância – SEEDCarlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

ReitorJosé Ivonildo do Rêgo

Vice-ReitoraÂngela Maria Paiva Cruz

Secretária de Educação a DistânciaVera Lúcia do Amaral

Universidade Estadual da Paraíba

ReitoraMarlene Alves Sousa Luna

Vice-ReitorAldo Bezerra Maciel

Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPEEliane de Moura Silva

Coordenador de EdiçãoAry Sergio Braga Olinisky

Projeto GráficoIvana Lima (UFRN)

Revisora TipográficaNouraide Queiroz (UFRN)

IlustradoraCarolina Costa (UFRN)

Editoração de ImagensAdauto Harley (UFRN)Carolina Costa (UFRN)

DiagramadoresBruno de Souza Melo (UFRN)

Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)Ivana Lima (UFRN)

Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN) Mariana Araújo (UFRN)

Revisora de Estrutura e LinguagemRossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Revisora de Língua PortuguesaMaria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

D585 Diniz, Célia Regina.

Metodologia científica / Célia Regina Diniz; Iolanda Barbosa da Silva. – Campina Grande; Natal: UEPB/UFRN - EDUEP, 2008.

ISBN: 978-85-87108-98-2

1. Metodologia científica I. Título.

21. ed. CDD 001.4

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

Apresentação

Viu-se na aula anterior que o homem tem a capacidade de pensar e explicar o mundo com o qual ele interage produzindo Conhecimento e que este saber é diverso e plural, pois ele cria tipos diferentes que ora se aproximam ora de distinguem na elaboração

de explicações sobre a vida e as necessidades humanas. Entre estes tipos destaca-se para o estudo desta aula o Conhecimento Científico que será abordado na perspectiva de sua construção, descobertas e implicações na vida social.

Na aula anterior foi visto, no estudo sobre o saber científico, o processo histórico das transformações que marcaram a consolidação do saber científico entre os séculos XV e XVIII. Nesta aula, serão enfocados os resultados desse processo ao longo do século XIX, até os dias atuais.

A aula será construída com fundamentos teóricos e fragmentos de pesquisas científicas, tópicos de reflexão e atividades de verificação da aprendizagem que buscam levá-lo a compreender a lógica da Ciência e de seu conhecimento. Desse modo:

n exercite o raciocínio científico na elaboração das atividades;

n busque ampliar sua interpretação da ciência, aprofundando-se nas leituras indicadas;

n realize sua auto-avaliação da aula.

ObjetivosPretende-se, ao final desta aula que você tenha compreendido que:

a ciência moderna é um saber datado historicamente;

o processo de elaboração do saber científico é racional, metódico e sistemático sendo suscetível à verificação; e

as aplicações e implicações da ciência estão presentes no seu cotidiano.

Aula 02  Metodologia Científica2 Aula 02  Metodologia Científica

Atividade 1

sua

resp

osta

A ciência se torna o saber autorizado e legítimo para ...

Pense nisto!!!Com a crise das explicações religiosas, a ciência destaca-se como conhecimento legítimo, se afirmando como verdade e progresso. As descobertas e os efeitos dos novos inventos, como o pára-raios e as vacinas, o desenvolvimento da mecânica, da química e da farmácia eram amplamente verificáveis, dando credibilidade às atividades científicas a partir do século XV, configurando o nascimento da ciência moderna.

Descreva e analise uma situação cotidiana, na qual os inventos da ciência estejam presentes. Na descrição procure identificar, também, as aplicações e implicações desse(s) invento(s).

Reflita!!!A situação narrada e analisada caracteriza a aplicabilidade do conhecimento científico no cotidiano; como também, apresenta elementos que se destacam na compreensão da funcionalidade e credibilidade desse saber para o homem.

Aula 02  Metodologia Científica Aula 02  Metodologia Científica 3

O triunfo da ciênciaNo século XIX, a ciência alcança o status de discurso instaurador de verdades. Isso se

deve ao domínio e o número crescente de descobertas, o ritmo das mudanças e as aplicações práticas das ciências da natureza em vários campos da vida social.

As aplicações práticas do conhecimento científico produzem novos olhares sobre o século XIX. Vários domínios da vida cotidiana são modificados com as descobertas e aplicações da ciência.

Na agricultura, as técnicas e instrumentos para arar, os adubos e defensivos agrícolas permitem o aumento e o planejamento da produção de alimentos. Enquanto que, a descoberta e o uso de novas fontes de energia, como a eletricidade, que aplicada às manufaturas, vem acelerar o ritmo da produção, possibilitando a industrialização e o processo de urbanização nos centros industriais. Já no campo da comunicação, a invenção do telégrafo e do telefone quebra as barreiras espaciais e temporais, aproximando os homens. Enquanto isso, a medicina moderna, com suas descobertas, formas de prevenção e de combate, desenvolve um controle sobre as epidemias no Ocidente. Vive-se o domínio da razão e da experimentação.

Com o advento da industrialização, a idéia de progresso se solidifica na expansão de mercados que irão comercializar os produtos industrializados e instituir novos domínios econômicos para o Capitalismo Industrial, utilizando-se das ferrovias e da navegação a vapor, por vários continentes, entre eles a Ásia e a África. A construção de um projeto de sociedade fundado na razão racionalizante marcou a ciência moderna e instituiu o progresso como a razão de ser dessas sociedades.

Aula 02  Metodologia Científica� Aula 02  Metodologia Científica

Atividade 2

Verificar o exemplo de procedimento para a inserção de nota de

rodapé, de acordo com as normas da ABNT.

Desde então, o conhecimento da ciência se afirma como verdade, ou como diria Trujillo (apud LAKATOS, 2000, p. 18) “aproximadamente exato”. Desse modo, buscando-se um outro olhar sobre a Verdade na ciência encontrou-se no fragmento de verso do Poema Lógica de Amélia Império Hamburger� o seguinte:

[...] A verdade, na ciênciaé fugidia como um relâmpago.Revelação na noite escura,verdade enquanto duraA luz.Sempre verdade, num quadro à luz do dia.Imagem de David Bohn que, em prosa,Já é poesia

Comente a suposta verdade científica, considerando o pensamento de Rubem Alves (1994, p.11) sobre os cientistas, em particular, os especialistas da Educação, considerados as autoridades na área.

[...]. Não precisamos pensar, por que acreditamos que há indivíduos especializados e competentes em pensar. Pagamos para que ele pense por nós. E depois ainda dizem por aí que vivemos numa civilização científica [...]. O que eu disse [...], se aplica a tudo. [...] tomam decisões e temos de obedecer [...].

� Fragmento extraído do Jornal on-line da USP. A autora é professora aposentada do Instituto de Física da USP. Disponível em <http:www.usp.br/jorusp/arquivo/2007/jusp799/pago809.htm> Acesso em: 22 ago. 2007.

Aula 02  Metodologia Científica Aula 02  Metodologia Científica �

Atividade 3

Reflita!!!

Sua compreensão e interpretação possibilitam o exercício do saber científico ao questionar um problema e buscar parâmetros para sua investigação e análise.

Pense nisto!!!

Nem todo conhecimento é científico, mas para que isto ocorra são necessários dois pré-requisitos: primeiro, que o campo do conhecimento seja delimitado com objeto de estudo definido e segundo, que existam métodos apropriados às investigações desse objeto.

Comente a citação a seguir, refletindo sobre o que é Ciência?

Conhecimento científico é conhecimento provado. As teorias científicas são derivadas de maneira rigorosa da obtenção e experimento. A ciência é baseada no que podemos ver, ouvir, tocar etc. Opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas não têm lugar na ciência. A ciência é objetiva. O conhecimento científico é conhecimento confiável porque é conhecimento provado objetivamente. (CHALMERS, 2000, p. 23)

Aula 02  Metodologia Científica� Aula 02  Metodologia Científica

Reflita!!!

Sua análise se aporta ao conhecimento comum da ciência, tanto que esse olhar focado no empírico, no observável, verificável pelos sentidos marcou a Ciência do século XVI e XVII com Galileu e Newton e popularizou-se após a Revolução Científica.

Como se constrói o saber científico?

Pode-se iniciar a construção de um discurso científico sobre essa elaboração do saber, considerando que ele registra fatos, observando-os e demonstrando-os, experimentando-os ou não pelas suas causas determinantes. Esse saber funda-se

num trinômio, conforme Bervian; Cervo (1996, p.12) “verdade _ evidência _ certeza”. A lógica desse saber reside no exercício de realizá-lo pela observação racional e sistemática e no controle dos fatos, na sua experimentação e explicação metódica. Isso ocorre na atividade intelectual do cientista. Nesse sentido, o fazer ciência acontece na atitude científica do investigador diante dos fenômenos investigados.

A ciência cria uma rede discursiva na qual tudo o que não cai nela é irreal. O filósofo Hebert Marcuse (apud ALVES, 2000, p. 113) ao falar sobre o homem unidimensional o caracteriza, como “[...] o homem que se especializou numa única linguagem e vê o mundo somente por meio dela [...]”. O pensador ao falar desse homem o situa no campo do sujeito que constrói o discurso instaurador de verdades.

Convidando Rubem Alves (op. cit., p.114) para o debate sobre Ciência criam-se inquietações para reflexão:

A ciência é um jogo. Um jogo com regras precisas. Como o xadrez. No jogo do xadrez, não se admite o uso das regras do jogo de damas. Nem do xadrez chinês. Ou truco. Uma vez escolhido um jogo e suas regras, todos os demais são excluídos. As regras do jogo da ciência definem uma linguagem. Elas definem, primeiro, as entidades que existem dentro dele. As entidades do jogo de xadrez são um tabuleiro quadriculado e as peças. As entidades que existem dentro do jogo lingüístico da ciência são, segundo Carnap, ‘coisas físicas’, isso é , entidades que podem ser ditas por meio de números. Esses são os objetos do léxico da ciência. Mas a linguagem define também uma sintaxe, isso é, a forma como suas entidades se movem. Os movimentos das peças do xadrez são definidos com rigor. E assim também são definidos os movimentos das coisas físicas do jogo da ciência.

Aula 02  Metodologia Científica Aula 02  Metodologia Científica �

Atividade 4

sua

resp

osta

Desafio

Exercite uma atitude científica diante dos problemas enfrentados pelo educador na atualidade. Elabore um texto localizando um problema, levantando suas possíveis causas, demonstrando como ele ocorre e verificando-o em outros contextos e situações.

Aula 02  Metodologia Científica� Aula 02  Metodologia Científica

Ciência e sociedade

A ciência está presente no cotidiano das pessoas. Os estudos e os resultados das pesquisas científicas retornam para sociedade; no entanto, são as relações entre classes e fragmentos de grupos sociais que irão definir os canais de acesso às

descobertas científicas e suas aplicações.

O conhecimento científico vem sendo organizado conforme Demo (1997, p. 62) “em dois sistemas conjugados [...], a partir do século XX (grifo nosso): o sistema de produção, com lugar apropriado nas universidades, e o sistema de socialização desse conhecimento, produzindo através, principalmente, da instituição eletrônica e da telemática”. As descobertas tecnológicas têm contribuído com a divulgação do conhecimento científico, os meios de comunicação vêm desempenhando o papel de intermediadores entre a população e os pesquisadores e têm pautado o debate em torno das descobertas, aplicações e implicações do saber científico.

No sistema de produção, algumas Universidades, em particular no Nordeste, vêm investindo em pesquisas científicas sobre a sustentabilidade no Semi-Árido e têm trazido contribuições para a desconstrução de paradigmas conservadores que fundamentam políticas públicas desenvolvidas na região. Nesse sentido, o resumo indicativo do artigo A articulação do semi-árido e o desenvolvimento sustentável: uma experiência do nordeste do Brasil, apresentado por Ghislaine Duque e Paulo César Diniz (2005) no Seminário Internacional sobre as transformações no mundo rural em Bogotá, sinaliza com os resultados de uma pesquisa no semi-árido paraibano. Veja-se:

O estudo apresenta uma experiência de mobilização da sociedade civil visando influenciar as políticas públicas. A Articulação do Semi-Árido Paraibano (ASA/PB), uma rede de associações diversas (sindicatos, igrejas, associações comunitárias etc.) se constitui na oportunidade da grande seca de 1993 para pensar e propor políticas públicas visando a convivência da agricultura familiar no Semi-Árido nordestino. O objetivo era_ e continua sendo _ superar os projetos assistencialistas e paternalistas para propor ações estruturantes de superação da fragilidade dos estabelecimentos rurais familiares. De lá para cá, a ASA/PB assumiu em comum um número considerável de iniciativas, algumas das quais já foram adotadas pelas autoridades governamentais, inclusive no Programa ‘Fome Zero’. Os outros Estados do Nordeste semi-árido do Brasil também criaram suas articulações estaduais, hoje integradas na Asa/Brasil, produzindo propostas comuns e ações integradas, com o mesmo objetivo: uma política orientada para a convivência da agricultura familiar no Semi-Árido.

Analisando o resumo do artigo, compreende-se que existem estudos científicos que orientam a formulação de políticas conservadoras ancorados em paradigmas positivistas; mas também, existem outros estudos que constroem novos olhares sobre o semi-árido, contribuindo com instituições que têm desenvolvido ações em conjunto com a sociedade civil. Desse modo, vê-se o quanto o conhecimento científico está em relação com a sociedade de seu tempo.

Aula 02  Metodologia Científica Aula 02  Metodologia Científica �

Verificar o exemplo de procedimento para a inserção de nota de

rodapé, de acordo com as normas da ABNT.

A pesquisa realizada pelas professoras de ensino médio Maria Lígia F. Santiago e Doris Siqueira Tavares (s. d., p. 54), socializada na Revista Discutindo Ciência, atesta “que a escassez d’água não é um problema exclusivo de regiões áridas, como o Sertão Nordestino”. A matéria traz um alerta dos cientistas acerca do cuidado com o aqüífero Guarani, conforme segue:

Em 2004, os países do Mercosul fizeram um acordo sobre a exploração da maior reserva de água subterrânea do mundo, o aqüífero Guarani. Ele prevê medidas de controle de extração da água, prevenção da poluição e criação de um banco de dados para sua proteção. Esse imenso reservatório tem 1, 6 milhão de quilômetros quadrados e dois terços estão no Brasil. Os cientistas alertam que é preciso muito cuidado para não prejudicar essa imensa reserva de água doce. Começando por evitar a exploração exagerada, como a perfuração de poços artesianos sem controle sanitário, ou barrando a poluição das águas da borda da bacia do Rio Paraná, local em que a água do aqüífero quase chega à superfície.

Percebe-se que as pesquisadoras trouxeram dados importantes para discussão da relação entre ciência e sociedade, na medida em que os resultados da pesquisa, socializados, alentam para um dos problemas mais complexos da sociedade contemporânea – a escassez de recursos hídricos.

O sistema de socialização do saber científico pode ser visto nesse fragmento da reportagem sobre os Campeões da Nutrição2 como estratégia de divulgação de descobertas científicas que ratificam experiências do conhecimento cotidiano. Veja-se

Qual o melhor alimento, o mais saudável? Na feira ou no mercado, essas são perguntas que todos fazem. Difícil decidir. Para ajudar na escolha, o Globo Repórter pediu que 12 centros de pesquisa em nutrição de universidades do país escolhessem os alimentos mais saudáveis para o brasileiro. Cada entidade enviou uma lista com dez itens. [...]. Da consulta, surgiram 12 listas diferentes, mas com muitos alimentos em comum. O resultado revela uma grande preocupação dos pesquisadores brasileiros em indicar alimentos simples, tradicionais e saudáveis. ’É possível ter uma alimentação equilibrada do ponto de vista nutritivo, que atenda a nossos padrões culturais de alimentação, que seja saudável e de baixo custo’, assegura a nutricionista Elizabeth Accioly, da UFRJ. Os 12 mais votados foram:1º lugar: feijão, 2ºlugar: arroz, 3ºlugar: leite 4ºlugar: laranja 5ºlugar: peixe 6º lugar: couve, carne vermelha, banana e milho 7ºlugar: tomate, pão e mandioca. Quem nunca ouviu falar, quando era criança, que para quer crescer e ficar forte tem de comer feijão? Agora, os cientistas confirmaram que o prato de que todo mundo gosta é também o mais saudável. A nutricionista Ana Vládia Moreira, pesquisadora da UFRN, estudou o feijão em laboratório e descobriu que ele pode ser mais bem aproveitado – até por quem segue dietas com restrições, como os hipertensos. A pesquisa mostrou que estamos perdendo a riqueza do grão na cozinha, na hora do preparo. O feijão nosso de cada dia é uma unanimidade entre os brasileiros. A professora Ana mostra como esse feijão pode ficar ainda mais saudável, mais nutritivo, sem mexer muito na receita que os brasileiros conhecem. ‘Primeiro, não é preciso aquele molho de um dia para o outro. Basta selecionarmos os grãos do feijão e adicionarmos de quatro a cinco proporções de água’, diz Ana.O feijão vai para

2 Disponível em: <http://globoreporter.globo.com/globoreporter/0,19125,VGCO-2703-17982-3-295588,00. html >. Acesso em 27 ago. 2007.

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Atividade 5

a panela de pressão. Quando começa a ferver, fica mais dois minutos e pronto. ’Uma hora em repouso na água quente é suficiente para que o feijão fique bem macio’, afirma a pesquisadora. Na receita tradicional, a água em que ele fica de molho é jogada fora e, junto com ela, perdemos vitaminas do complexo B, muito importantes para que o corpo absorva bem os alimentos. ‘Elas ajudam as calorias a entrarem melhor nas nossas células, a proteína ser bem utilizada nos músculos, as gorduras serem bem utilizadas. Otimizam nosso organismo, podemos falar assim. O metabolismo vai funcionar melhor com essas vitaminas’, diz Ana. Enquanto o feijão descansa, é preparado o tempero que vai dar sabor ao prato. ‘Você concentra mais fazendo um refogado à parte e adicionando depois de uma hora’, orienta a pesquisadora. O tempero pode variar de região para região do país. [...] O diferencial é a adição do sal de ervas e da farinha de linhaça, revela a pesquisadora. A farinha de linhaça é um pó feito da semente da linhaça. É só bater no liquidificador. Pesquisas mostram que as fibras estão mais presentes na farinha do que nos grãos de linhaça e que o cozimento não é prejudicial – ao contrário, torna os poderes da linhaça ainda mais ativos. [...]. ‘Basta você utilizar o próprio sal de cozinha’, Orienta. O sal de ervas é feito assim: são quatro porções, em quantidades iguais, de alecrim, manjericão, orégano e sal comum. É ideal para quem precisa diminuir o uso do sal e manter a pressão controlada, sem perder o gostinho do feijão. A mistura pode ser usada em qualquer alimento.[...].

Comente a reportagem acima, estabelecendo uma relação entre as descobertas da ciência em pesquisa realizadas nas Universidades e o papel dos meios de comunicação na divulgação do saber científico.

Aula 02  Metodologia Científica Aula 02  Metodologia Científica ��

Reflita!A ciência como saber sistemático tem uma dimensão política e ética. Desse modo, o

saber científico busca tanto encontrar respostas para problemas que comprometem a

organização da vida social quanto as implicações desse saber sobre a vida das pessoas.

Pense nisto!!!

O avanço da ciência está relacionado às renovações do saber, das tecnologias, das técnicas, ampliações de teorias, bem como à prática e à crítica persistente dos pesquisadores. Esse tipo de postura analítica e crítica diante da produção do saber científico é bem comum no ambiente acadêmico e vem contribuindo na identificação de problemas na sociedade contemporânea.

Desafios contemporâneos da ciência

A ciência enfrenta desafios e paradoxos no mundo contemporâneo, século XXI, seus avanços e descobertas podem contribuir com mudanças na ordem biológica e social dos seres; entretanto, esses imperativos da ciência causam conflitos éticos e morais na

sociedade. Pergunta-se: como a sociedade pode participar na definição e no estabelecimento de critérios éticos para as pesquisas científicas? Poder-se-ia sugerir que isso possa ocorrer com a definição de prioridades por meio do levantamento das necessidades humanas de seu tempo; como também, considerando os aspectos culturais e sociais de cada povo.

Conforme Alves (2000, p.115) a “ciência é muito boa _ dentro de seus precisos limites. Quando transformada na única linguagem para conhecer o mundo, entretanto, ela pode produzir dogmatismo, cegueira e, eventualmente, emburrecimento.” O emburrecimento da ciência pode ser compreendido como um modo de pensar e agir que atinge e nega as liberdades de criação e expressão do ser homem e da vida humana em sua dimensão ética e moral.

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Atividade 6

Verificar o exemplo de procedimento para a inserção de nota de

rodapé, de acordo com as normas da ABNT.

Esse debate pode ser visto na entrevista de André Marcelo M Soares3 (s.d., p. 55) a Revista Discutindo Ciência, na qual ele discute as células – tronco nos limites do benefício, afirmando que:

[...] quando foi comunicado ao mundo o processo de clonagem da ovelha Dolly (1997), vários setores da sociedade começaram a debater sobre a aplicação dessa técnica em seres humanos. Inicialmente, as discussões se davam em torno da possibilidade de produzir clones para a reposição de órgãos. Essa possibilidade, conhecida como clonagem humana reprodutiva, embora se apresente com preocupações terapêuticas é, sem dúvida, absolutamente repulsiva do ponto de vista ético. Em primeiro lugar, fere a estrutura ontológica do ser humano, que não se reduz a um meio terapêutico, e, segundo, a compreensão antropológica engloba muitas outras funções além da biológica. Diante dos problemas éticos impostos pela clonagem, o desenvolvimento de pesquisas com células-tronco, presentes no organismo já desenvolvidos, surge como uma possibilidade diante da utilização de embriões clonados. A técnica é, do ponto de vista bioético, plenamente admissível e não apresenta as interrogações existentes no processo de clonagem. Todavia, embora não se faça necessário o uso de embriões para a obtenção das células-tronco, para alguns especialistas, a eficiência terapêutica é maior quando essas células são extraídas durante o processo de embriogênesis. Os defensores do uso das células-tronco embrionárias entendem ser um desperdício o descarte dos embriões obtidos por meio da inseminação artificial. Para eles, a destruição dos embriões é inevitável, então por que não aproveitá-los para retirar o material que interessa? [...]

Qual é o seu posicionamento a respeito das pesquisas com células – tronco. Lembre-se de que há pontos de vista discordantes e diversos a serem considerados. Registre o seu ponto de vista sobre o debate.

3 André é Filósofo, Doutor em Teologia e Coordenador-Geral do Núcleo de Bioética Dom Hélder na PUC - Rio.

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Atividade 7

Verificar o exemplo de procedimento para a inserção de nota de

rodapé, de acordo com as normas da ABNT.

A produção do conhecimento científico nas universidades e o seu retorno para sociedade é um debate recorrente nos espaços de divulgação do saber científico. No entanto, alguns desafios emergem tanto de natureza ideológica quanto política sobre o papel das universidades, particularmente as públicas. Nesse contexto, as universidades buscam formalizar parcerias tanto para atender demandas específicas de exclusão quanto dar respostas a problemas ambientais e sociais.

Analise e comente a charge4, considerando os desafios da pesquisa científica aplicada às demandas contemporâneas da vida social. Observe o diálogo entre os personagens para fundamentar o seu comentário crítico.

� Jornal da Ciência nº 600, 22/06/2007. Disponível em < http://www.jornaldaciencia.org.br/charges.jsp> Acesso em: 02 set. 2007.

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Resumo

Concluindo a aula!!!!!Ao término dessa aula se deseja que você tenha adquirido conhecimentos sobre o

saber científico que possam orientá-lo na compreensão das implicações desse saber no seu cotidiano.

Até a próxima aula!!!!

Sugestões de LeituraOrienta-se como leituras complementares às discussões apresentadas nesta aula:

DIONNE, J.; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1999.

Os autores apresentam no capítulo 1 – O Nascimento do Saber Científico uma discussão teórica sobre o saber racional e o triunfo da ciência. Nesse capítulo, há um aprofundamento em torno da construção do saber científico e de seus procedimentos metódicos de pesquisa, sistematização e divulgação dos resultados. Já no capítulo 3 – Ciências Humanas e Sociedade, os autores abordam as expectativas da sociedade em relação ao saber científico, à responsabilidade do pesquisador e as contribuições das pesquisas no campo das ciências humanas, enfatizando entre as páginas 65-69 as contribuições da Geografia.

CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Brasiliense,1993.

O autor aborda no capítulo 1- Indutivismo: ciência como conhecimento derivado dos dados da experiência, um debate entre os métodos indutivistas na ciência, aprofundando as discussões sobre os parâmetros de verificabilidade e credibilidade do saber científico.

Nesta aula houve um aprofundamento das discussões em torno do saber científico, suas características e discursos instauradores de verdades. Ao debater-se a relação entre ciência e sociedade foram abordadas questões relativas à produção, socialização e aplicação do saber científico; mas também, foram enfocados os desafios éticos nas pesquisas científicas contemporâneas.

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Auto-avaliaçãoNesta aula, foram percorridos os caminhos da ciência. Elabore um texto contendo uma síntese das discussões construídas ao longo da aula. Na elaboração atente para: o processo histórico; as características da ciência moderna, as bases de construção do saber científico, a relação entre ciência e sociedade e os desafios enfrentados pela ciência na atualidade.

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Referências ALVES, R. Conversas com quem gosta de ensinar. 27. ed. São Paulo:

Cortez, 1993.

______. Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras. 20. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

______. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2000.

BERVIAN, P.A.; CERVO, A.L. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: MAKRON Books, 1996.

CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Brasiliense, 1993.

DIONNE, J. ; LAVILLE, C. A Construção do Saber. Tradução de Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

DUQUE, G.; DINIZ, P. C. A Articulação do Semi-Árido e o Desenvolvimento Sustentável: uma experiência no Nordeste do Brasil. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE AS TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO RURAL, 2003, Bogotá. Agricultura Familiar: a diversidade das situações rurais. Campina Grande, PB: GPAF/UFCG, 2005. 1 CD-ROM. Coletânea dos trabalhos apresentados.

LAKATOS, E. M; MARCONI, M. de A. Metodologia Científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2000.

SANTIAGO, M. L. F.; TAVARES, D. S. O que diz a conta d’água. Discutindo Ciência, São Paulo, ano 1, n. 2, p. 54-5, [entre 2005 e 2007]. ISSN1808-1002

SOARES, A. M. M. Células-tronco: os limites do benefício. Discutindo Ciência, São Paulo, ano 1, n. 1, p. 55, [entre 2005 e 2007]. ISSN 1808-1002

Aula 02  Metodologia Científica

EMENTA

Conhecimento e Saber; O Conhecimento Científico e Outros Tipos de Conhecimento; Principais Abordagens Metodológicas;

Contextualização da Ciência Contemporânea; Documentação Científica; Tipos de Trabalhos Acadêmico-Científicos; Tipos

de Pesquisa; Aplicações Práticas.

AUTORAS

AULAS

01 O saber humano e sua diversidade

02 Ciência e Conhecimento

03 O caminho da ciência: o método científico

04 Os tipos de métodos e sua aplicação

05 O método dialético e suas possibilidades reflexivas

06 Leitura: análise e interpretação

07 Como organizar e documentar a leitura: esquemas, fichamentos, resumos e resenhas

08 Normalização na redação de trabalhos científicos – parte I

09 Normalização na redação de trabalhos científicos – parte II

10 Normalização na redação de trabalhos científicos – parte III

11 A pesquisa e a iniciação científica na universidade

12 Redação do projeto de pesquisa

n Célia Regina Diniz

n Iolanda Barbosa da Silva

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Metodologia Científica – GEOGRAFIA